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Segunda, 12 Agosto 2019 15:19

Primeiras Impressões - "Pico da Neblina" é mais um acerto da HBO?

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Só com dois episódios disponíveis, ainda soa um pouco arriscado dizer que a HBO acertou na estratégia com "Pico da Neblina". Mas, do que eu assisti até agora, já me faz acreditar que, finalmente, teremos uma série mais autoral que não esquece do seu principal objetivo: entreter com qualidade! A trama me pareceu muito interessante, os episódios estão bem dinâmicos e os alívios cômicos bem colocados. Confira nesse post porque ficamos tão animados com a série:

O receio de que a Netflix pudesse se tornar uma HBO antes que a HBO viesse a se tornar uma Netflix parece cada vez mais distante. A estratégia de produção da HBO em nada lembra o caminho que a Netflix vem trilhando nos últimos tempos e isso só me faz acreditar na seguinte afirmação: "A HBO não quer ser uma Netflix"! Venho acompanhando o crescimento do mercado de streaming há alguns anos e, categorizando seus players por estratégias, uma das características que mais me chama a atenção é a qualidade de produção/conteúdo que um serviço oferece! Esse, para mim, é o maior ativo que uma empresa criativa pode ter - e essa foi a razão que me levou assinar Netflix, lá atrás, quando surgiu "House of Cards". Imagine um Serviço de Streaming eficiente com um Conteúdo de altíssima qualidade! A HBO sentiu o golpe!

O problema é que é humanamente impossível manter um alto nível de qualidade, produzindo tanto como a Netflix vem fazendo hoje em dia! Simplesmente não se dá tempo para o desenvolvimento ou ficaria muito caro com tantas frentes abertas - e aí a HBO recuperou o fôlego! "Pico da Neblina" é o exemplo mais recente dessa diferença de estratégias! Ao comparar "Pico da Neblina" da HBO com "Sintonia" da Netflix, fica perceptível como a HBO está anos luz à frente da Netflix na entrega final. São produtos diferentes, para públicos diferentes? Talvez, mas ambos estão na lista de sugestões dos serviços que eu assino, então, sim, é passível de comparação - pelo menos como consumidor!

"Pico da Neblina" tem conceito, identidade, personalidade e roteiro. 

Quando a própria HBO lançou "Preamar" em 2012, seu maior desafio era construir uma jornada de transformação de um protagonista frágil em um respeitável, e temido, criminoso improvável. A premissa era genial, tinha o Rio de Janeiro como cenário, uma trilha sonora show e era muito bem dirigido - mas ainda carregava o peso dos 13 episódios. Resultado: série se perdeu sozinha até ser cancelada com apenas uma temporada. Claro que existiam defeitos (eram outros tempos), a sombra (de uma injusta comparação) de 4 anos de Breaking Bad e uma certa inexperiência da Pindorama (produtora responsável pelo projeto), mas a história era muito boa, consistente. "Pico da Neblina" me trouxe a lembrança do melhor de "Preamar" só que com a maturidade de 7 anos a mais. A jornada do protagonista Biriba (excelente Luis Navarro) parece tão espinhosa quanto a do finado João Ricardo Velasco, embora em cidades e com motivações diferentes, a angustia e torcida pelo "sucesso" de ambos é a mesma para quem assiste. Biriba é um jovem vendedor de maconha, mas que é reconhecido por seus métodos únicos de cuidar da erva - com ele não existe só a “prensada”, tem aquela peneirada, lavada, separada e isso faz muita diferença para seus clientes. Acontece que a comercialização e consumo recreacional de maconha é legalizada no Brasil e com isso Biriba é obrigado a se reinventar. Ele então deixa a posição passional de "fornecedor" para se tornar uma espécie de empreendedor, se juntando com um antigo cliente e criando uma "loja de maconha" e isso passa a incomodar muita gente que via em Biriba uma fonte absurda de lucro.

"Pico da Neblina" é bom demais! Muito bem dirigida pelo Kiko Meirelles e equipe, com um conceito estético muito interessante: No Rio2C desse ano, o próprio Diretor comentou que um dos desafios foi definir uma dinâmica de gravação que impedisse que a câmera ficasse parada. Esse movimento é muito orgânico - o que deve ter deixado o diretor de fotografia maluco para iluminar as cenas. A montagem também funciona bem e a finalização dos episódios, com aquele ajuste de cor mais contrastado, criou um visual incrível, de uma São Paulo diferente, mas com um mood bastante interessante. Eu não gosto muito de uns tipos de enquadramentos que vi, tipo aquela câmera de ponta cabeça - achei um pouco gratuito, mas tem que se respeitar o trabalho conceitual da série e as escolhas do diretor - funciona!!!

Vale muito a pena ficar atento por tudo isso e pelo que virá pela frente. O trailer dá uma boa amostra do que é "Pico da Neblina" (esse nome ficou muito bom...rs):

 

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