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Cinco Dias

Diretor
Otto Bathurst, Simon Curtis
Elenco
David Oyelowo, Christine Tremarco, Hugh Bonneville
Ano
2007
País
Reino Unido

Drama Max ml-real ml-investigação ml-relacoes ml-crime ml-livro ml-casal ml-pf

Cinco Dias

Essa é para você que está com saudade de uma minissérie HBO raiz - daquelas angustiantes, onde a complexidade não necessariamente está no conceito narrativo, mas sim na história que ela se propõe a contar. Estou falando da indicada ao Globo de Ouro e ao BAFTA de 2008, “Cinco Dias”. Essa minissérie em cinco partes criada por Gwyneth Hughes em parceria com a BBC inglesa, é um exemplo elegante e eficaz de como o suspense criminal pode ser explorado por vias mais psicológicas e menos convencionais. Lançada originalmente em 2007, a produção britânica é menos sobre a resolução de um crime e mais sobre o impacto que esse crime causa em cada esfera emocional, institucional e midiática. Com um estilo que remete a obras como "Garota Exemplar", “Cinco Dias” se ancora em um realismo mais contido, de ritmo deliberadamente lento, mas emocionalmente tenso - o que a diferenciou de thrillers mais acelerados da época e que certamente serve até hoje como referência para quem busca um desenvolvimento mais introspectivo e sociológico de uma trama investigativa.

Quando Leanne Wellings (Christine Tremarco) desaparece misteriosamente com seus dois filhos pequenos durante um passeio de rotina, a vida de todos ao seu redor entra em colapso. Com os dias passando, o caso se torna cada vez mais confuso, e a investigação policial se entrelaça com dramas familiares, pressões da imprensa e falhas do sistema. A minissérie acompanha os efeitos da busca por Leanne ao longo de cinco dias não consecutivos, cobrindo diferentes momentos cruciais dessa confusa investigação.

“Cinco Dias”, é preciso ressaltar, trouxe para TV um formato episódico interessante para época, dividindo sua narrativa por dias específicos - Dia 1, Dia 3, Dia 28, Dia 33 e Dia 79. A criadora Gwyneth Hughes (de "Vanity Fair") usa dessa estrutura para explorar com mais profundidade os ecos emocionais do desaparecimento de Leanne e seus desdobramentos com os diferentes personagens - sejam eles os familiares em profundo sofrimento, os policiais envolvidos na investigação ou os jornalistas que acompanham o caso e acabam sofrendo forte pressão da sociedade. Ao privilegiar esses saltos temporais, a minissérie evita o desgaste da repetição típica do gênero e acaba priorizando focar em momentos emocionais e de forte angustia, permitindo uma construção de tensão mais subjetiva, mas não menos relevante.

A direção de Otto Bathurst e Simon Curtis aposta numa estética fria, com uma fotografia pouco saturada e sempre com enquadramentos muito próximos dos rostos dos personagens - tudo isso para reforçar a atmosfera opressiva e misteriosa que se instala desde o primeiro episódio. Sim, essa é daquelas histórias onde criamos uma série de teorias e que sua resolução pode acabar por nos surpreender - existe uma sensação constante de vazio e de espera que, sinceramente, vai nos corroendo aos poucos. Christine Tremarco, em sua breve mas impactante participação, oferece um retrato sensível de uma personagem capaz de servir de base para um mistério bem construído. Já David Oyelowo e Hugh Bonneville apresentam atuações contidas, mas sempre impactantes - especialmente Oyelowo, eu diria . Além deles, há ainda excelentes desempenhos e aqui vale citar os veteranos Penelope Wilton e Edward Woodward, que representam as camadas familiares em suas diferentes formas de luto e, claro, de incredulidade.

Saiba que “Cinco Dias” não é sobre pistas, reviravoltas ou soluções mirabolantes. “Cinco Dias” é sobre o desgaste, sobre as fraturas emocionais e sociais que se instalam lentamente diante do desaparecimento de uma mulher e do vácuo que isso provoca em todas as direções. A minissérie se permite desacelerar para escutar o silêncio da ausência e o barulho que a sociedade faz diante da incerteza: de uma cobertura sensacionalista da mídia até a burocracia de uma investigação sem credibilidade, passando por uma opinião pública faminta por respostas. Nesse contexto, o roteiro é muito feliz ao ir revelando suas camadas morais com uma paciência que recompensa aquele disposto a mergulhar na trama. Para quem busca uma abordagem mais sutil e emocionalmente realista, com um mistério bem pontuado e suas consequências melhor ainda desenvolvidas, “Cinco Dias” é uma experiência comovente e, acima de tudo, profundamente humana.

Vale seu play!

PS: “Cinco Dias” acabou virando uma série antológica, mas sua segunda temporada (com uma nova história) nunca foi disponibilizada no Brasil.

Assista Agora

Essa é para você que está com saudade de uma minissérie HBO raiz - daquelas angustiantes, onde a complexidade não necessariamente está no conceito narrativo, mas sim na história que ela se propõe a contar. Estou falando da indicada ao Globo de Ouro e ao BAFTA de 2008, “Cinco Dias”. Essa minissérie em cinco partes criada por Gwyneth Hughes em parceria com a BBC inglesa, é um exemplo elegante e eficaz de como o suspense criminal pode ser explorado por vias mais psicológicas e menos convencionais. Lançada originalmente em 2007, a produção britânica é menos sobre a resolução de um crime e mais sobre o impacto que esse crime causa em cada esfera emocional, institucional e midiática. Com um estilo que remete a obras como "Garota Exemplar", “Cinco Dias” se ancora em um realismo mais contido, de ritmo deliberadamente lento, mas emocionalmente tenso - o que a diferenciou de thrillers mais acelerados da época e que certamente serve até hoje como referência para quem busca um desenvolvimento mais introspectivo e sociológico de uma trama investigativa.

Quando Leanne Wellings (Christine Tremarco) desaparece misteriosamente com seus dois filhos pequenos durante um passeio de rotina, a vida de todos ao seu redor entra em colapso. Com os dias passando, o caso se torna cada vez mais confuso, e a investigação policial se entrelaça com dramas familiares, pressões da imprensa e falhas do sistema. A minissérie acompanha os efeitos da busca por Leanne ao longo de cinco dias não consecutivos, cobrindo diferentes momentos cruciais dessa confusa investigação.

“Cinco Dias”, é preciso ressaltar, trouxe para TV um formato episódico interessante para época, dividindo sua narrativa por dias específicos - Dia 1, Dia 3, Dia 28, Dia 33 e Dia 79. A criadora Gwyneth Hughes (de "Vanity Fair") usa dessa estrutura para explorar com mais profundidade os ecos emocionais do desaparecimento de Leanne e seus desdobramentos com os diferentes personagens - sejam eles os familiares em profundo sofrimento, os policiais envolvidos na investigação ou os jornalistas que acompanham o caso e acabam sofrendo forte pressão da sociedade. Ao privilegiar esses saltos temporais, a minissérie evita o desgaste da repetição típica do gênero e acaba priorizando focar em momentos emocionais e de forte angustia, permitindo uma construção de tensão mais subjetiva, mas não menos relevante.

A direção de Otto Bathurst e Simon Curtis aposta numa estética fria, com uma fotografia pouco saturada e sempre com enquadramentos muito próximos dos rostos dos personagens - tudo isso para reforçar a atmosfera opressiva e misteriosa que se instala desde o primeiro episódio. Sim, essa é daquelas histórias onde criamos uma série de teorias e que sua resolução pode acabar por nos surpreender - existe uma sensação constante de vazio e de espera que, sinceramente, vai nos corroendo aos poucos. Christine Tremarco, em sua breve mas impactante participação, oferece um retrato sensível de uma personagem capaz de servir de base para um mistério bem construído. Já David Oyelowo e Hugh Bonneville apresentam atuações contidas, mas sempre impactantes - especialmente Oyelowo, eu diria . Além deles, há ainda excelentes desempenhos e aqui vale citar os veteranos Penelope Wilton e Edward Woodward, que representam as camadas familiares em suas diferentes formas de luto e, claro, de incredulidade.

Saiba que “Cinco Dias” não é sobre pistas, reviravoltas ou soluções mirabolantes. “Cinco Dias” é sobre o desgaste, sobre as fraturas emocionais e sociais que se instalam lentamente diante do desaparecimento de uma mulher e do vácuo que isso provoca em todas as direções. A minissérie se permite desacelerar para escutar o silêncio da ausência e o barulho que a sociedade faz diante da incerteza: de uma cobertura sensacionalista da mídia até a burocracia de uma investigação sem credibilidade, passando por uma opinião pública faminta por respostas. Nesse contexto, o roteiro é muito feliz ao ir revelando suas camadas morais com uma paciência que recompensa aquele disposto a mergulhar na trama. Para quem busca uma abordagem mais sutil e emocionalmente realista, com um mistério bem pontuado e suas consequências melhor ainda desenvolvidas, “Cinco Dias” é uma experiência comovente e, acima de tudo, profundamente humana.

Vale seu play!

PS: “Cinco Dias” acabou virando uma série antológica, mas sua segunda temporada (com uma nova história) nunca foi disponibilizada no Brasil.

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