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Táxi Teerã

Diretor
Jafar Panahi
Elenco
Jafar Panahi, Nasrin Sotoudeh
Ano
2015
País
Irã

Comédia ml-dramedia ml-relacoes ml-independente ml-cannes ml-wood-allen ml-mk ml-asghar-farhadi Imovision

Táxi Teerã

"Táxi Teerã" é essencialmente provocador, onde o principal objetivo é retratar a realidade de um país afogado em regras e restrições democráticas (e religiosas) que impactam, inclusive, na liberdade (e por que não na vida) do indivíduo. Antes de mais nada, é preciso alertar que o filme não tem uma narrativa convencional, na forma clássica de se contar uma história e muito menos no seu conteúdo. Não se trata de uma trama com começo, meio e fim, e sim um manifesto, independente - um recorte social e uma crítica sobre a censura institucional.

Jafar Panahi é um diretor favorável à democracia, o que resultou em uma longa perseguição por parte do regime iraniano que restringiu muito dos seus filmes em nome do "bom senso" e que chegou ao ponto de o levar para prisão. Proibido de fazer filmes pelo governo, Panahi, ao melhor estilo Wood Allen, se apresenta como um simples motorista de táxi e resolve gravar os desafios sociais no Irã personificados através de seus passageiros. Confira o trailer:

Panahi é uma pessoa real, um cineasta conhecido no seu país e isso sugere que, inicialmente, "Táxi Teerã" seja um documentário. De fato sua estrutura se assemelha muito mais ao reality do que ao ficcional, porém o filme começa a mostrar ao que veio quando a dinâmica entre os personagens vai se construindo naturalmente com a mediação discreta de Panahi - em vários momentos fica impossível definir se uma situação é real ou encenada. Essa proposta traz um certo charme ao filme, mas são os assuntos discutidos que fortalecem a narrativa: um homem e uma mulher, cada um com seu ponto de vista, usando, inclusive, argumentos divertidos sobre a validade da pena de morte, dão o tom ao que parece ser uma esquete de um "Late Night". Imediatamente esse mood se transforma quando somos surpreendido por um passageiro acidentado que ao entrar no taxi pede para Panahi gravar seu depoimento como forma de validar um testamento para sua mulher caso algo pior lhe aconteça. E assim as histórias vão sendo construídas e desconstruídas com a mesma velocidade que um passageiro entra e sai de um táxi.

Quando um vendedor de filmes piratas, reconhece Panahi e começa a conversar sobre o cinema alternativo e questionar se os passageiros que estavam no táxi eram atores, temos a exata noção do que o diretor quer entregar: uma crítica criativa, porém fantasiada de testemunhal.  Com um ritmo ágil, "Táxi Teerã" tem um refinamento técnico  e artístico peculiar já que a qualidade da imagem indica uma certa precariedade, mas sua montagem em nada remete à uma obra caseira feita por um diretor filmando escondido para não ser preso. Veja, um simples táxi se transforma em uma espécie de palco onde, para nós ocidentais, o absurdo das situações pode chocar e a ironia do texto serve justamente para criar uma linha tênue entre a lástima e o humor - que é perfeitamente transformada em ação na última cena do filme.

"Táxi Teerã" levou dois prêmios no Festival de Berlin em 2015 - o "FIPRESCI" e o "Urso de Ouro" para Jafar Panahi; mas tenha muito claro que o filme é quase experimental, completamente autoral e sem nenhuma preocupação de seguir qualquer conceito narrativo usual. Posso garantir que esse é um filme extremamente nichado, onde a mensagem por traz de cada cena tem um peso muito maior do que realmente pode parecer, então se você não estiver disposto a mergulhar nessa proposta, não dê o play; por outro lado, entender uma realidade tão distante chega a ser fascinante e se essa for sua vontade, você está de frente com uma obra importante, criativa e provocadora.

Assista Agora

"Táxi Teerã" é essencialmente provocador, onde o principal objetivo é retratar a realidade de um país afogado em regras e restrições democráticas (e religiosas) que impactam, inclusive, na liberdade (e por que não na vida) do indivíduo. Antes de mais nada, é preciso alertar que o filme não tem uma narrativa convencional, na forma clássica de se contar uma história e muito menos no seu conteúdo. Não se trata de uma trama com começo, meio e fim, e sim um manifesto, independente - um recorte social e uma crítica sobre a censura institucional.

Jafar Panahi é um diretor favorável à democracia, o que resultou em uma longa perseguição por parte do regime iraniano que restringiu muito dos seus filmes em nome do "bom senso" e que chegou ao ponto de o levar para prisão. Proibido de fazer filmes pelo governo, Panahi, ao melhor estilo Wood Allen, se apresenta como um simples motorista de táxi e resolve gravar os desafios sociais no Irã personificados através de seus passageiros. Confira o trailer:

Panahi é uma pessoa real, um cineasta conhecido no seu país e isso sugere que, inicialmente, "Táxi Teerã" seja um documentário. De fato sua estrutura se assemelha muito mais ao reality do que ao ficcional, porém o filme começa a mostrar ao que veio quando a dinâmica entre os personagens vai se construindo naturalmente com a mediação discreta de Panahi - em vários momentos fica impossível definir se uma situação é real ou encenada. Essa proposta traz um certo charme ao filme, mas são os assuntos discutidos que fortalecem a narrativa: um homem e uma mulher, cada um com seu ponto de vista, usando, inclusive, argumentos divertidos sobre a validade da pena de morte, dão o tom ao que parece ser uma esquete de um "Late Night". Imediatamente esse mood se transforma quando somos surpreendido por um passageiro acidentado que ao entrar no taxi pede para Panahi gravar seu depoimento como forma de validar um testamento para sua mulher caso algo pior lhe aconteça. E assim as histórias vão sendo construídas e desconstruídas com a mesma velocidade que um passageiro entra e sai de um táxi.

Quando um vendedor de filmes piratas, reconhece Panahi e começa a conversar sobre o cinema alternativo e questionar se os passageiros que estavam no táxi eram atores, temos a exata noção do que o diretor quer entregar: uma crítica criativa, porém fantasiada de testemunhal.  Com um ritmo ágil, "Táxi Teerã" tem um refinamento técnico  e artístico peculiar já que a qualidade da imagem indica uma certa precariedade, mas sua montagem em nada remete à uma obra caseira feita por um diretor filmando escondido para não ser preso. Veja, um simples táxi se transforma em uma espécie de palco onde, para nós ocidentais, o absurdo das situações pode chocar e a ironia do texto serve justamente para criar uma linha tênue entre a lástima e o humor - que é perfeitamente transformada em ação na última cena do filme.

"Táxi Teerã" levou dois prêmios no Festival de Berlin em 2015 - o "FIPRESCI" e o "Urso de Ouro" para Jafar Panahi; mas tenha muito claro que o filme é quase experimental, completamente autoral e sem nenhuma preocupação de seguir qualquer conceito narrativo usual. Posso garantir que esse é um filme extremamente nichado, onde a mensagem por traz de cada cena tem um peso muito maior do que realmente pode parecer, então se você não estiver disposto a mergulhar nessa proposta, não dê o play; por outro lado, entender uma realidade tão distante chega a ser fascinante e se essa for sua vontade, você está de frente com uma obra importante, criativa e provocadora.

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