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(500) Dias com Ela

Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

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2 Outonos e 3 Invernos

"2 Outonos e 3 Invernos" é um premiado filme francês dirigido pelo Sébastien Betbeder que fala, basicamente, sobre os ciclos de um relacionamento. Com um conceito narrativo e visual bem particular, Betbeder nos entrega um filme leve, mas não por isso superficial, que nos provoca a entender como cada um dos personagens se relaciona com o amor.

Na história, Arman, um jovem de  33 anos, está querendo mudar seu estilo de vida e para começar, ele resolve correr no parque aos sábados. É lá que ele conhece Amélie, uma linda parisiense que parece não ser muito, digamos, feliz na escolha de seus relacionamentos. Ao se esbarrem, a primeira impressão causa um choque, porém é no segundo encontro casual que eles realmente se dão uma chance. Benjamin, melhor amigo de Arman, também está no inicio de relacionamento depois de se recuperar de um AVC e ambos vão trocando experiências para tentar encontrar o caminho da felicidade. Entre dois outonos e três invernos, as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se cruzam em encontros, desencontros, acidentes e muitas memórias, em um cenário belíssimo! Confira o trailer:

Embora "2 Outonos e 3 Invernos" tenha muitos elementos que o confundem com uma comédia romântica, eu diria que sua história está mais para um leve drama com toques de romance e bem pouco de comédia - um típico filme francês de relações, eu diria: simpático e muito gostoso de assistir! Vale muito o seu play se você estiver no clima, se gostar do estilo Woody Allen e se curtiu a série da Prime Video, "Modern Love"!

Não por acaso citei o estilo Woody Allen de fazer um filme, pois  "2 Outonos e 3 Invernos" claramente bebe da mesma fonte que "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), principalmente ao permitir que os personagens quebrem a quarta parede, encarando diretamente a audiência, para comentar várias das circunstâncias que o filme está mostrando, quase como um narrador onipresente, com o intuito de facilitar o entendimento das complexidades sentimentais que estão vivendo. Ao escolher o aspecto 4:3 (que nos remete ao antigo estilo das telas de TV quadradas), a câmera na mão e uma quantidade enorme de grãos, praticamente "sujando" várias cenas, o diretor Sébastien Betbeder ao lado do fotógrafo Sylvain Verdet, trás um conceito muito documental para o filme - tanto que ele chegou a filmar algumas passagens com uma câmera 16mm. Esse conceito visual nos dá a ideia de se tratar de testemunhos pessoais dos casais, contrastando com uma espécie de "esquetes" que pontuam os três atos do filme. Enquanto assistia, em vários momentos tive a impressão que o roteiro mais parceria ser de uma peça de teatro do que cinema em si - e isso não é demérito, apenas um estilo narrativo que aqui funcionou perfeitamente.

Betbeder também assina o roteiro e com isso fica claro o alinhamento entre o estilo visual e o narrativo. Basicamente o que encontramos é uma história focada nos atores, no texto e com pouquíssima ação - o que para muitos pode dar a impressão de uma certa verborragia. Não foi o meu caso! Porém é preciso dizer que 90 minutos é pouco tempo de tela para abordar com profundidade as nuances e detalhes de dois casais. Quando o roteiro escorrega para os coadjuvantes, Benjamin (Bastien Bouillon) e Katia (Audrey Bastien), o filme perde força - não pela qualidade dos atores, mas pela dispersão, pela falta de foco. Tanto Vincent Macaigne (Arman), quanto Maud Wyler (Amélie) tinham qualidades suficientes para segurar a história tranquilamente - a impressão que ficou é que algo se perdeu nesse vai e volta de tramas e sub-tramas (que pouco acrescentam uma na outra, diga-se de passagem).

"2 Outonos e 3 Invernos" foi bem em bons festivais como Torino e RiverRun - o que já justificaria sua atenção, caso você tenha uma inclinação para filmes independentes, Mas essa produção francesa trás um pouco mais: ela vem para provar que é possível discutir assuntos pesados sem a necessidade vital de nos destruir emocionalmente, mesmo que em alguns momentos possamos sentir o vazio de uma relação fadada ao término, o resultado é extremamente agradável - um ótimo entretenimento!

"2 Outonos e 3 Invernos" é um premiado filme francês dirigido pelo Sébastien Betbeder que fala, basicamente, sobre os ciclos de um relacionamento. Com um conceito narrativo e visual bem particular, Betbeder nos entrega um filme leve, mas não por isso superficial, que nos provoca a entender como cada um dos personagens se relaciona com o amor.

Na história, Arman, um jovem de  33 anos, está querendo mudar seu estilo de vida e para começar, ele resolve correr no parque aos sábados. É lá que ele conhece Amélie, uma linda parisiense que parece não ser muito, digamos, feliz na escolha de seus relacionamentos. Ao se esbarrem, a primeira impressão causa um choque, porém é no segundo encontro casual que eles realmente se dão uma chance. Benjamin, melhor amigo de Arman, também está no inicio de relacionamento depois de se recuperar de um AVC e ambos vão trocando experiências para tentar encontrar o caminho da felicidade. Entre dois outonos e três invernos, as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se cruzam em encontros, desencontros, acidentes e muitas memórias, em um cenário belíssimo! Confira o trailer:

Embora "2 Outonos e 3 Invernos" tenha muitos elementos que o confundem com uma comédia romântica, eu diria que sua história está mais para um leve drama com toques de romance e bem pouco de comédia - um típico filme francês de relações, eu diria: simpático e muito gostoso de assistir! Vale muito o seu play se você estiver no clima, se gostar do estilo Woody Allen e se curtiu a série da Prime Video, "Modern Love"!

Não por acaso citei o estilo Woody Allen de fazer um filme, pois  "2 Outonos e 3 Invernos" claramente bebe da mesma fonte que "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), principalmente ao permitir que os personagens quebrem a quarta parede, encarando diretamente a audiência, para comentar várias das circunstâncias que o filme está mostrando, quase como um narrador onipresente, com o intuito de facilitar o entendimento das complexidades sentimentais que estão vivendo. Ao escolher o aspecto 4:3 (que nos remete ao antigo estilo das telas de TV quadradas), a câmera na mão e uma quantidade enorme de grãos, praticamente "sujando" várias cenas, o diretor Sébastien Betbeder ao lado do fotógrafo Sylvain Verdet, trás um conceito muito documental para o filme - tanto que ele chegou a filmar algumas passagens com uma câmera 16mm. Esse conceito visual nos dá a ideia de se tratar de testemunhos pessoais dos casais, contrastando com uma espécie de "esquetes" que pontuam os três atos do filme. Enquanto assistia, em vários momentos tive a impressão que o roteiro mais parceria ser de uma peça de teatro do que cinema em si - e isso não é demérito, apenas um estilo narrativo que aqui funcionou perfeitamente.

Betbeder também assina o roteiro e com isso fica claro o alinhamento entre o estilo visual e o narrativo. Basicamente o que encontramos é uma história focada nos atores, no texto e com pouquíssima ação - o que para muitos pode dar a impressão de uma certa verborragia. Não foi o meu caso! Porém é preciso dizer que 90 minutos é pouco tempo de tela para abordar com profundidade as nuances e detalhes de dois casais. Quando o roteiro escorrega para os coadjuvantes, Benjamin (Bastien Bouillon) e Katia (Audrey Bastien), o filme perde força - não pela qualidade dos atores, mas pela dispersão, pela falta de foco. Tanto Vincent Macaigne (Arman), quanto Maud Wyler (Amélie) tinham qualidades suficientes para segurar a história tranquilamente - a impressão que ficou é que algo se perdeu nesse vai e volta de tramas e sub-tramas (que pouco acrescentam uma na outra, diga-se de passagem).

"2 Outonos e 3 Invernos" foi bem em bons festivais como Torino e RiverRun - o que já justificaria sua atenção, caso você tenha uma inclinação para filmes independentes, Mas essa produção francesa trás um pouco mais: ela vem para provar que é possível discutir assuntos pesados sem a necessidade vital de nos destruir emocionalmente, mesmo que em alguns momentos possamos sentir o vazio de uma relação fadada ao término, o resultado é extremamente agradável - um ótimo entretenimento!

A Arte de Amar

Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!

A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:

O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.

O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.

"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!

A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:

O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.

O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.

"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!

Vale muito o seu play!

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A Festa De Despedida

Embora "A Festa De Despedida" discuta assuntos bastante delicados como a eutanásia, a velhice e a demênciasenil, saíba que essa produção israelense é um filme muito gostoso de assistir pela delicadeza e sensibilidade como os diretores Tal Granit e Sharon Maymon tratam de cada um dos assuntos. Grande vencedor do "Venice Film Festival" de 2014, o filme é uma montanha-russa de emoções, divertido, emocionante, inteligente e muito humano!

Em um asilo de Jerusalém, existe um grupo de amigos que está cansado de ver o sofrimento alheio e resolve criar uma máquina de morte instantânea. Essa idéia, criticada por muitos, acaba se tornando um sucesso quando outras pessoas em situações delicadas procuram o grupo de amigos para usarem a máquina. Ao mesmo tempo, todos os personagens se encontram em um grande vendaval emocional, seja por questões ligadas ao coração, seja por escolhas difíceis que precisarão ser tomadas. Confira o trailer:

A grande verdade é que tudo é bom em "A Festa De Despedida", da direção ao roteiro, da fotografia ao elenco; tudo funciona tão perfeitamente que ficamos nos perguntando a razão pela qual não assistimos esse filme antes - claro que em 2014 quando o filme foi lançado, nossa relação com os serviços de streaming era completamente diferente e talvez essa seja uma das grandes maravilhas de ter tantas opções no mercado, já que "pérolas" que antes transitavam apenas no circuito independente e em festivais pelo mundo, agora estão prontos para nos surpreender com o simples toque no play.

Embora o filme seja tecnicamente perfeito, o foco está nos personagens e na incrível relação estabelecida entre eles. O trabalho de Tal Granit e Sharon Maymon, que também assinam o roteiro, é econômico do ponto de vista estético - o que acaba trazendo uma elegância acima da média para o filme. Veja, exceção feita a uma inusitada, divertida e simpática sequência musical no meio do filme, "A Festa De Despedida" é construída em cima de diálogos afinadíssimos, com o equilíbrio certo entre o humor e a ironia de forma muito inteligente - muito próximo do que viemos a conhecer anos depois em "O Método Kominsky", por exemplo.

"A Festa De Despedida" (ou "Mita Tova", no original) vem de uma escola cinematográfica completamente independente e criativa, justamente por isso traz um certo frescor para a narrativa. O idioma que foi ficando menos desconfortável com a chegada de várias séries de sucesso que Israel produziu, agora é uma mera característica que pode definir a obra como "apenas" diferente. Saiba que você vai se conectar rapidamente com a história, vai rir e se emocionar, mas, principalmente, vai refletir sobre os argumentos prós e contra a eutanásia. Se o filme fala lindamente sobre "escolhas", provavelmente você vai se identificar com alguma passagem e isso vai te tocar profundamente.

Vale muito a pena!

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Embora "A Festa De Despedida" discuta assuntos bastante delicados como a eutanásia, a velhice e a demênciasenil, saíba que essa produção israelense é um filme muito gostoso de assistir pela delicadeza e sensibilidade como os diretores Tal Granit e Sharon Maymon tratam de cada um dos assuntos. Grande vencedor do "Venice Film Festival" de 2014, o filme é uma montanha-russa de emoções, divertido, emocionante, inteligente e muito humano!

Em um asilo de Jerusalém, existe um grupo de amigos que está cansado de ver o sofrimento alheio e resolve criar uma máquina de morte instantânea. Essa idéia, criticada por muitos, acaba se tornando um sucesso quando outras pessoas em situações delicadas procuram o grupo de amigos para usarem a máquina. Ao mesmo tempo, todos os personagens se encontram em um grande vendaval emocional, seja por questões ligadas ao coração, seja por escolhas difíceis que precisarão ser tomadas. Confira o trailer:

A grande verdade é que tudo é bom em "A Festa De Despedida", da direção ao roteiro, da fotografia ao elenco; tudo funciona tão perfeitamente que ficamos nos perguntando a razão pela qual não assistimos esse filme antes - claro que em 2014 quando o filme foi lançado, nossa relação com os serviços de streaming era completamente diferente e talvez essa seja uma das grandes maravilhas de ter tantas opções no mercado, já que "pérolas" que antes transitavam apenas no circuito independente e em festivais pelo mundo, agora estão prontos para nos surpreender com o simples toque no play.

Embora o filme seja tecnicamente perfeito, o foco está nos personagens e na incrível relação estabelecida entre eles. O trabalho de Tal Granit e Sharon Maymon, que também assinam o roteiro, é econômico do ponto de vista estético - o que acaba trazendo uma elegância acima da média para o filme. Veja, exceção feita a uma inusitada, divertida e simpática sequência musical no meio do filme, "A Festa De Despedida" é construída em cima de diálogos afinadíssimos, com o equilíbrio certo entre o humor e a ironia de forma muito inteligente - muito próximo do que viemos a conhecer anos depois em "O Método Kominsky", por exemplo.

"A Festa De Despedida" (ou "Mita Tova", no original) vem de uma escola cinematográfica completamente independente e criativa, justamente por isso traz um certo frescor para a narrativa. O idioma que foi ficando menos desconfortável com a chegada de várias séries de sucesso que Israel produziu, agora é uma mera característica que pode definir a obra como "apenas" diferente. Saiba que você vai se conectar rapidamente com a história, vai rir e se emocionar, mas, principalmente, vai refletir sobre os argumentos prós e contra a eutanásia. Se o filme fala lindamente sobre "escolhas", provavelmente você vai se identificar com alguma passagem e isso vai te tocar profundamente.

Vale muito a pena!

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A Maratona de Brittany

A Maratona de Brittany

Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.

Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):

Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.

A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.

É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!

Vale seu play!

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Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.

Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):

Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.

A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.

É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!

Vale seu play!

Assista Agora

A Nova Vida de Toby

"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!

Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:

Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.

A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!

"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados ​​pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.

Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?

Assista Agora

"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!

Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:

Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.

A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!

"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados ​​pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.

Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?

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After Life

Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.

"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:

Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.

A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.

"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.

Olha, vale muito o seu play!

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Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.

"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:

Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.

A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.

"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.

Olha, vale muito o seu play!

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Amor e outras Drogas

“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Amor Platônico

"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.

"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):

Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.

Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.

"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!

Imperdível!

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"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.

"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):

Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.

Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.

"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!

Imperdível!

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Better Things

Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!

'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):

Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.

Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!

Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.

"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.

Vai na fé que vale muito o seu play!

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Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!

'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):

Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.

Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!

Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.

"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.

Vai na fé que vale muito o seu play!

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Cheaters

"Cheaters" traz para sua narrativa o tom mais leve de "Easy"da Netflix com o drama mais profundo e cheio de camadas de "Cenas de um Casamento"da Max - obviamente que empacotado com o charme estético das produções britânicas e o humor requintado de seu criador, o roteirista Oliver Lyttelton. O fato é que "Cheaters" parece descender de "Dates" e "True Love" ao oferecer uma abordagem criativa e pontualmente cômica sobre as complexidades dos relacionamentos. Dirigida por Elliot Hegarty (de "Lovesick"), a série se destaca pelo seu texto afiado e por personagens muito bem desenvolvidos que trazem para tela temas sensíveis como a infidelidade e a importância do sexo, com uma sinceridade que cativa a audiência de uma maneira impressionante. Aqui, aliás, temos uma combinação de humor ácido e de observações bem pertinentes sobre a vida amorosa em uma série que possivelmente você nem ouviu falar, mas que vale demais a sua atenção!

A trama segue Fola (Susan Wokoma) e Josh (Joshua McGuire), dois estranhos que se conhecem de maneira inusitada quando seu voo da Finlândia para a Inglaterra é cancelado - depois da tensão e de alguns drinks, eles acabam passando a noite juntos. O que começa como uma aventura casual de apenas uma noite, rapidamente se complica quando eles descobrem que ambos estão em relacionamentos sérios e pior, que eles acabaram de se tornar vizinhos em Londres. Confira o teaser original da BBC em inglês:

A série explora com muita inteligência e equilíbrio as consequências das ações de Fola e Joshe as dificuldades deles em manter o segredo em um mundo onde a verdade inevitavelmente vem à tona quando o destino resolve interferir. Partindo desse princípio, Oliver Lyttelton demonstra uma habilidade notável para escrever diálogos ágeis e inteligentes que capturam a essência das interações humanas com muita sensibilidade. "Cheaters" não se limita em explorar apenas a infidelidade, mas também consegue mergulhar nas emoções e nos dilemas que surgem de situações complicadas e que moralmente soam ambíguas - é inegável que a proximidade da ficção com a realidade, nos envolve como protagonistas de histórias parecidas.  

Enquanto a narrativa é estruturada de forma a manter o público engajado, com episódios curtos e bem ritmados que facilitam a maratona, a direção de Elliot Hegarty traz uma elegância estética eficaz utilizando uma abordagem visual simples e direta que permite que os diálogos e as atuações brilhem, enquanto a imagem é composta com muito bom gosto. Hegarty aproveita bem os cenários urbanos e a vida cotidiana de Londres para criar uma sensação de autenticidade - reparem como a fotografia de Karl Oskarsson (de "Borgen") contribui para isso, criando uma conexão eficaz entre a cidade e seus personagens de forma vibrante e realista.

Wokoma e McGuire são o coração da série, trazendo performances carismáticas e autênticas que tornam seus personagens simpáticos, mesmo com suas falhas. Wokoma, em particular, se destaca por sua habilidade de equilibrar humor e vulnerabilidade, enquanto McGuire traz uma energia desajeitada e cativante a Josh. A química entre os dois é palpável, o que é crucial para a história - aliás, Jack Fox como Zack e Callie Cooke como Esther, parceiros de Fola e Josh, respectivamente, também merecem elogios.  

Sempre com uma trilha sonora belíssima, "Cheaters" transita muito bem entre o leve e o melancólico, refletindo as emoções dos personagens com muita coerência. Essa mistura de comédia com drama para falar sobre honestidade, arrependimento e até sobre a busca por conexão em um mundo muitas vezes superficial, faz da série uma verdadeira pérola escondida no catálogo da Globoplay - uma visão honesta e muitas vezes hilária das dificuldades de manter relacionamentos em um mundo moderno sem precisar se apoiar em clichês! 

Vale muito o play!

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"Cheaters" traz para sua narrativa o tom mais leve de "Easy"da Netflix com o drama mais profundo e cheio de camadas de "Cenas de um Casamento"da Max - obviamente que empacotado com o charme estético das produções britânicas e o humor requintado de seu criador, o roteirista Oliver Lyttelton. O fato é que "Cheaters" parece descender de "Dates" e "True Love" ao oferecer uma abordagem criativa e pontualmente cômica sobre as complexidades dos relacionamentos. Dirigida por Elliot Hegarty (de "Lovesick"), a série se destaca pelo seu texto afiado e por personagens muito bem desenvolvidos que trazem para tela temas sensíveis como a infidelidade e a importância do sexo, com uma sinceridade que cativa a audiência de uma maneira impressionante. Aqui, aliás, temos uma combinação de humor ácido e de observações bem pertinentes sobre a vida amorosa em uma série que possivelmente você nem ouviu falar, mas que vale demais a sua atenção!

A trama segue Fola (Susan Wokoma) e Josh (Joshua McGuire), dois estranhos que se conhecem de maneira inusitada quando seu voo da Finlândia para a Inglaterra é cancelado - depois da tensão e de alguns drinks, eles acabam passando a noite juntos. O que começa como uma aventura casual de apenas uma noite, rapidamente se complica quando eles descobrem que ambos estão em relacionamentos sérios e pior, que eles acabaram de se tornar vizinhos em Londres. Confira o teaser original da BBC em inglês:

A série explora com muita inteligência e equilíbrio as consequências das ações de Fola e Joshe as dificuldades deles em manter o segredo em um mundo onde a verdade inevitavelmente vem à tona quando o destino resolve interferir. Partindo desse princípio, Oliver Lyttelton demonstra uma habilidade notável para escrever diálogos ágeis e inteligentes que capturam a essência das interações humanas com muita sensibilidade. "Cheaters" não se limita em explorar apenas a infidelidade, mas também consegue mergulhar nas emoções e nos dilemas que surgem de situações complicadas e que moralmente soam ambíguas - é inegável que a proximidade da ficção com a realidade, nos envolve como protagonistas de histórias parecidas.  

Enquanto a narrativa é estruturada de forma a manter o público engajado, com episódios curtos e bem ritmados que facilitam a maratona, a direção de Elliot Hegarty traz uma elegância estética eficaz utilizando uma abordagem visual simples e direta que permite que os diálogos e as atuações brilhem, enquanto a imagem é composta com muito bom gosto. Hegarty aproveita bem os cenários urbanos e a vida cotidiana de Londres para criar uma sensação de autenticidade - reparem como a fotografia de Karl Oskarsson (de "Borgen") contribui para isso, criando uma conexão eficaz entre a cidade e seus personagens de forma vibrante e realista.

Wokoma e McGuire são o coração da série, trazendo performances carismáticas e autênticas que tornam seus personagens simpáticos, mesmo com suas falhas. Wokoma, em particular, se destaca por sua habilidade de equilibrar humor e vulnerabilidade, enquanto McGuire traz uma energia desajeitada e cativante a Josh. A química entre os dois é palpável, o que é crucial para a história - aliás, Jack Fox como Zack e Callie Cooke como Esther, parceiros de Fola e Josh, respectivamente, também merecem elogios.  

Sempre com uma trilha sonora belíssima, "Cheaters" transita muito bem entre o leve e o melancólico, refletindo as emoções dos personagens com muita coerência. Essa mistura de comédia com drama para falar sobre honestidade, arrependimento e até sobre a busca por conexão em um mundo muitas vezes superficial, faz da série uma verdadeira pérola escondida no catálogo da Globoplay - uma visão honesta e muitas vezes hilária das dificuldades de manter relacionamentos em um mundo moderno sem precisar se apoiar em clichês! 

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Concorrência Oficial

Mariano Cohn e Gastón Duprat é dupla responsável por "O Cidadão Ilustre" e por "Minha Obra-Prima" - não por acaso você vai encontrar o mesmo humor ácido, inteligente, irônico e as vezes até estereotipado em "Concorrência Oficial". Dito isso, eu sugiro que você conheça o trabalho da dupla de diretores antes do play, pois dos três filmes, certamente esse é o mais autoral na sua essência - mas nem por isso menos divertido.

Aqui, conhecemos Humberto Suárez (José Luis Gómez) um bilionário de 80 anos que, com medo de perder sua significância, decide fazer um filme para deixar sua marca. Ele contrata os melhores para a missão: Lola Cuevas (Penélope Cruz) é uma cineasta famosa, premiada, mas excêntrica em seu método de trabalho. Para protagonistas, dois atores incrivelmente talentosos, mas com egos enormes, Félix Rivero (Antonio Banderas) e Iván Torres (Oscar Martínez). Um é famoso em Hollywood e o outro, um ator radical com fortes bases teatrais. Durante o processo de ensaio, eles não só terão que se aturar enquanto contracenam, mas também terão que decidir qual legado querem deixar depois do último "corta". Confira o trailer:

"Concorrência Oficial" é muito divertido, mas claramente vai dialogar com aquela audiência que já esteve envolvida com os bastidores da Arte, seja no cinema ou no teatro - existe uma forte crítica sobre um olhar elitizado a respeito da própria cultura, como se a teoria suplantasse a prática ou o aprofundamento técnico à inspiração e o talento. Essa dissociação não é saudável, provoca a polarização radical de ideias sobre um mesmo assunto e o roteiro (que conta com a mão certeira do irmão de Gastón, Andrés Duprat) aproveita demais os gatilhos dessa discussão (sem fim). Isso cria uma dinâmica narrativa muito agradável, leve e engraçada, onde os atores (na maioria das cenas apenas três) dão um verdadeiro show.

Para aqueles que buscam o bom entretenimento de uma comédia divertida, essa co-produção Argentiona/Espanha pode parecer nichada demais, incompreensiva até, já que muito que está na tela tem uma gramática particular do teatro, dos métodos de interpretação e de criação, onde mesmo com a intenção de fazer graça, pode parecer o contrário. Veja, "Concorrência Oficial" não tem o humor escrachado de "O Peso do Talento", muito menos o drama profundo de "Dor e Glória", mas tem um equilíbrio, cheio de camadas e ótimas sacadas dos dois. Alias, são tantas referências ao Almodóvar que Penélope Cruz praticamente se declara para o diretor espanhol (e amigo) - a cena em que sua personagem discute com a diretora de arte sobre o cenário que será a casa de um dos protagonistas parece ter sido tirada, justamente, de algum causo contado por Cruz.

Dois pontos que precisam ser comentados: "Concorrência Oficial" parece ser uma resposta mais íntima ao polêmico "The Square" do sueco Ruben Östlund - embora, para mim, ambos convergem nas suas intenções de formas diferentes, um mais leve e irônico, enquanto o outro de uma forma mais incômoda e provocativa. O segundo detalhe que merece sua atenção é o excelente trabalho de design de som do Aitor Berenguer (profissional indicado ao Emmy em 2016 por "The Night Manager") - é incrível como a construção usando esse elemento cria uma sensação de instabilidade nas relações entre os personagens (a cena do beijo, com os microfones ligados e o som saindo apenas nos fones de ouvido, é genial!).

"Competencia Oficial" (no original) se apropria do talento dos envolvidos, com uma projeção artística e técnica elogiável, um texto inteligente e performances dignas de prêmios. Não por acaso o filme esteve em festivais renomados como San Sebastián e Veneza, o que justifica seu caráter autoral, mas sem perder a elegância tão particular da cinematografia de Mariano Cohn e Gastón Duprat.

Vale muito a pena!

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Mariano Cohn e Gastón Duprat é dupla responsável por "O Cidadão Ilustre" e por "Minha Obra-Prima" - não por acaso você vai encontrar o mesmo humor ácido, inteligente, irônico e as vezes até estereotipado em "Concorrência Oficial". Dito isso, eu sugiro que você conheça o trabalho da dupla de diretores antes do play, pois dos três filmes, certamente esse é o mais autoral na sua essência - mas nem por isso menos divertido.

Aqui, conhecemos Humberto Suárez (José Luis Gómez) um bilionário de 80 anos que, com medo de perder sua significância, decide fazer um filme para deixar sua marca. Ele contrata os melhores para a missão: Lola Cuevas (Penélope Cruz) é uma cineasta famosa, premiada, mas excêntrica em seu método de trabalho. Para protagonistas, dois atores incrivelmente talentosos, mas com egos enormes, Félix Rivero (Antonio Banderas) e Iván Torres (Oscar Martínez). Um é famoso em Hollywood e o outro, um ator radical com fortes bases teatrais. Durante o processo de ensaio, eles não só terão que se aturar enquanto contracenam, mas também terão que decidir qual legado querem deixar depois do último "corta". Confira o trailer:

"Concorrência Oficial" é muito divertido, mas claramente vai dialogar com aquela audiência que já esteve envolvida com os bastidores da Arte, seja no cinema ou no teatro - existe uma forte crítica sobre um olhar elitizado a respeito da própria cultura, como se a teoria suplantasse a prática ou o aprofundamento técnico à inspiração e o talento. Essa dissociação não é saudável, provoca a polarização radical de ideias sobre um mesmo assunto e o roteiro (que conta com a mão certeira do irmão de Gastón, Andrés Duprat) aproveita demais os gatilhos dessa discussão (sem fim). Isso cria uma dinâmica narrativa muito agradável, leve e engraçada, onde os atores (na maioria das cenas apenas três) dão um verdadeiro show.

Para aqueles que buscam o bom entretenimento de uma comédia divertida, essa co-produção Argentiona/Espanha pode parecer nichada demais, incompreensiva até, já que muito que está na tela tem uma gramática particular do teatro, dos métodos de interpretação e de criação, onde mesmo com a intenção de fazer graça, pode parecer o contrário. Veja, "Concorrência Oficial" não tem o humor escrachado de "O Peso do Talento", muito menos o drama profundo de "Dor e Glória", mas tem um equilíbrio, cheio de camadas e ótimas sacadas dos dois. Alias, são tantas referências ao Almodóvar que Penélope Cruz praticamente se declara para o diretor espanhol (e amigo) - a cena em que sua personagem discute com a diretora de arte sobre o cenário que será a casa de um dos protagonistas parece ter sido tirada, justamente, de algum causo contado por Cruz.

Dois pontos que precisam ser comentados: "Concorrência Oficial" parece ser uma resposta mais íntima ao polêmico "The Square" do sueco Ruben Östlund - embora, para mim, ambos convergem nas suas intenções de formas diferentes, um mais leve e irônico, enquanto o outro de uma forma mais incômoda e provocativa. O segundo detalhe que merece sua atenção é o excelente trabalho de design de som do Aitor Berenguer (profissional indicado ao Emmy em 2016 por "The Night Manager") - é incrível como a construção usando esse elemento cria uma sensação de instabilidade nas relações entre os personagens (a cena do beijo, com os microfones ligados e o som saindo apenas nos fones de ouvido, é genial!).

"Competencia Oficial" (no original) se apropria do talento dos envolvidos, com uma projeção artística e técnica elogiável, um texto inteligente e performances dignas de prêmios. Não por acaso o filme esteve em festivais renomados como San Sebastián e Veneza, o que justifica seu caráter autoral, mas sem perder a elegância tão particular da cinematografia de Mariano Cohn e Gastón Duprat.

Vale muito a pena!

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Easy

Como "Modern Love" da Prime Vídeo, "Easy", produção original da Netflix, é uma série deliciosa de assistir e que usa de um conceito narrativo muito inteligente para falar "basicamente" de relacionamentos - em diferentes pontos, perspectivas, gêneros, etc. O interessante é que o talento do diretor Joe Swanberg (de "Love") traz para o projeto um tom extremamente realista, com personagens tão complexos quanto palpáveis, onde as situações se apoiam muito mais nas consequências das decisões tomadas por eles do que apenas na aparente superficialidade do que causou determinada situação - e é por isso que nos identificamos com esses dramas.

A história é simples, mas nem por isso simplista - em 8 episódios, "Easy" acompanha um grupo de jovens que moram em Chicago e que acabam se atrapalhando com o moderno labirinto do amor. Cada qual da sua maneira, os personagens precisam lidar com as dificuldades de suas relações, seja no sexo, pela tecnologia ou até enfrentando as novas perspectivas de uma cultura que passou a ser tão presente em nossas decisões cotidianas. Confira o trailer:

Saber tratar de forma tão honesta (e original) vários tipos de conflitos pessoais, de casais tão diferentes, mas que se encontram em algum buraco de suas vidas, faz de "Easy" uma das séries mais interessantes desse gênero - o equilíbrio entre o drama e a comédia é cirúrgico. Swanberg, aliás, se apropria do estilo mumblecore para impactar a audiência com uma realidade quase que visceral. Para quem não sabe, esse é um movimento cinematográfico que funciona como uma espécie de sub-gênero do cinema independente, onde a atmosfera da narrativa é a mais natural possível, sendo comum ver improvisos entre os atores em cena, muitos deles amadores ou desconhecidos em um ambiente completamente naturalista que chega a dispensar a iluminação artificial e onde a câmera documental funciona como uma espécie de observador onipresente.

É claro que os próprios roteiros sustentam essa escolha conceitual - eles são excelentes e como os atores são ótimos, até mesmo quando os planos são mais longos (e têm vários) os diálogos não se perdem em futilidades ou esteriótipos de gênero. Aqui cabe um comentário: alguns anos atrás assisti duas séries inglesas com o mesmo conceito e seguindo o mesmo gênero: "Dates" e "True Love". Para quem sabe do que estou falando, "Easy" traz um pouco dessas duas produções, talvez com um pouco menos de sutileza no texto e de uma fotografia mais autoral, mas com um resultado igualmente elogiável.

Uma grande vantagem das séries que possuem o formato de antologia é o de poder contar histórias que não precisem necessariamente se conectar uma nas outras - essa estrutura de fato se repete em sete episódios, porém no oitavo revisitamos alguns personagens e entendemos que tudo que foi visto até ali poderá ter suas consequências - e de fato se provou assim na segunda e terceira temporadas. Embora seja uma série mais de nicho, ou menos ritmada (como preferir), sua trama chega carregada de profundas discussões, com tantas camadas e assuntos que temos a exata sensação de que conhecemos alguém que vive (ou viveu) algo parecido com os dramas dos protagonistas.

"Easy" é mais uma daquelas que indico de olhos fechados para quem gosta desse tipo de série, ainda mais sabendo que a Netflix se planejou e produziu um final já na terceira temporada! Vale muito o seu play!

Como "Modern Love" da Prime Vídeo, "Easy", produção original da Netflix, é uma série deliciosa de assistir e que usa de um conceito narrativo muito inteligente para falar "basicamente" de relacionamentos - em diferentes pontos, perspectivas, gêneros, etc. O interessante é que o talento do diretor Joe Swanberg (de "Love") traz para o projeto um tom extremamente realista, com personagens tão complexos quanto palpáveis, onde as situações se apoiam muito mais nas consequências das decisões tomadas por eles do que apenas na aparente superficialidade do que causou determinada situação - e é por isso que nos identificamos com esses dramas.

A história é simples, mas nem por isso simplista - em 8 episódios, "Easy" acompanha um grupo de jovens que moram em Chicago e que acabam se atrapalhando com o moderno labirinto do amor. Cada qual da sua maneira, os personagens precisam lidar com as dificuldades de suas relações, seja no sexo, pela tecnologia ou até enfrentando as novas perspectivas de uma cultura que passou a ser tão presente em nossas decisões cotidianas. Confira o trailer:

Saber tratar de forma tão honesta (e original) vários tipos de conflitos pessoais, de casais tão diferentes, mas que se encontram em algum buraco de suas vidas, faz de "Easy" uma das séries mais interessantes desse gênero - o equilíbrio entre o drama e a comédia é cirúrgico. Swanberg, aliás, se apropria do estilo mumblecore para impactar a audiência com uma realidade quase que visceral. Para quem não sabe, esse é um movimento cinematográfico que funciona como uma espécie de sub-gênero do cinema independente, onde a atmosfera da narrativa é a mais natural possível, sendo comum ver improvisos entre os atores em cena, muitos deles amadores ou desconhecidos em um ambiente completamente naturalista que chega a dispensar a iluminação artificial e onde a câmera documental funciona como uma espécie de observador onipresente.

É claro que os próprios roteiros sustentam essa escolha conceitual - eles são excelentes e como os atores são ótimos, até mesmo quando os planos são mais longos (e têm vários) os diálogos não se perdem em futilidades ou esteriótipos de gênero. Aqui cabe um comentário: alguns anos atrás assisti duas séries inglesas com o mesmo conceito e seguindo o mesmo gênero: "Dates" e "True Love". Para quem sabe do que estou falando, "Easy" traz um pouco dessas duas produções, talvez com um pouco menos de sutileza no texto e de uma fotografia mais autoral, mas com um resultado igualmente elogiável.

Uma grande vantagem das séries que possuem o formato de antologia é o de poder contar histórias que não precisem necessariamente se conectar uma nas outras - essa estrutura de fato se repete em sete episódios, porém no oitavo revisitamos alguns personagens e entendemos que tudo que foi visto até ali poderá ter suas consequências - e de fato se provou assim na segunda e terceira temporadas. Embora seja uma série mais de nicho, ou menos ritmada (como preferir), sua trama chega carregada de profundas discussões, com tantas camadas e assuntos que temos a exata sensação de que conhecemos alguém que vive (ou viveu) algo parecido com os dramas dos protagonistas.

"Easy" é mais uma daquelas que indico de olhos fechados para quem gosta desse tipo de série, ainda mais sabendo que a Netflix se planejou e produziu um final já na terceira temporada! Vale muito o seu play!

Ele Não Está Tão a Fim de Você

Um mosaico das complexidades românticas - talvez seja essa a melhor forma de definir o surpreendente "Ele Não Está Tão a Fim de Você"! Na verdade esse é um filme que transcenda aquele clichê das comédias românticas que estamos acostumados ao defender o difícil propósito de oferecer uma análise perspicaz, e muitas vezes dolorosamente realista, das relações amorosas. Dirigido pelo Ken Kwapis (de "O Grande Milagre") o filme não apenas diverte, mas também nos provoca ótimas reflexões sobre a intricada dinâmica dos relacionamentos modernos. Inspirado no best-seller homônimo de Greg Behrendt e Liz Tuccillo (consultor e roteirista de alguns episódios do seriado "Sex and the City", respectivamente), sua narrativa multifacetada explora uma gama de comportamentos e mal-entendidos que costumam complicar a vida amorosa de homens e mulheres através dos tempos, combinando um humor afiado com momentos de introspecção dos mais interessantes.

Na trama, "Ele Não Está Tão a Fim de Você" segue um grupo de amigos em Baltimore enquanto navegam pelas turbulentas águas dos relacionamentos. Gigi (Ginnifer Goodwin) é uma jovem romântica e idealista que está à procura do amor verdadeiro, mas tem dificuldades em interpretar os sinais dos homens. Ela se apoia em Alex (Justin Long), um barman que se torna seu guru relacional. Enquanto isso, Beth (Jennifer Aniston) está frustrada com o namorado Neil (Ben Affleck), que reluta em propor casamento, e Janine (Jennifer Connelly) enfrenta a infidelidade de seu marido Ben (Bradley Cooper), que está envolvido com a aspirante a cantora Anna (Scarlett Johansson). O filme também explora as histórias de Mary (Drew Barrymore), uma publicitária que luta com a realidade do namoro online, e Connor (Kevin Connolly), um corretor de imóveis obcecado por Anna. Essa teia de histórias entrelaçadas pinta um quadro complexo, porém familiar, dos altos e baixos do amor. Confira o trailer:

Um filme muito gostoso de assistir e o grande mérito, além do elenco, é de Ken Kwapis - sua direção sustenta a narrativa de "Ele Não Está Tão a Fim de Você" e habilmente orquestra as múltiplas histórias que o roteiro propõe sem perder o ritmo ou sua coesão. A habilidade de Kwapis em equilibrar humor e seriedade cria um tom que ressoa com a audiência já que em vez de cair na armadilha das fórmulas previsíveis, ele proporciona uma experiência de fácil identificação e ao mesmo tempo bastante provocante. A montagem de Cara Silverman é outra peça crucial dessa engrenagem, permitindo que as transições entre as narrativas fluam naturalmente, nos mantendo engajados e emocionalmente mergulhadas em como as histórias são entrelaçadas.

Outro ponto que vale ser citado é a fotografia de John Bailey (de "O Verão da Minha Vida")" - ele utiliza uma paleta de cores vibrantes para refletir as emoções e o estado de espírito dos personagens. Bailey, com sua vasta experiência em "filmes de relação" faz uso de enquadramentos inteligentes e uma iluminação sutil para destacar as nuances das interações - sempre com Baltimore servindo como um pano de fundo vivo que adiciona uma camada extra de autenticidade às histórias. Ao ver uma cidade sendo capturada em uma mistura de cenários urbanos e locais mais íntimos, espelhando com muita habilidade as complexidades e contradições da vida amorosa dos personagens, a química entre os atores soa mais palpável e contribui significativamente para o impacto emocional que o filme oferece.

"Ele Não Está Tão a Fim de Você", no final das contas, realmente oferece uma exploração autêntica dos desafios de um relacionamento. Com uma direção competente, uma fotografia bem estruturada e performances divertidas, o filme entrega o que promete: uma análise crítica e muitas vezes comovente sobre como interpretamos (ou falhamos em interpretar) os sinais no jogo do amor. Então, se você aprecia narrativas que combinam humor com reflexão e está interessado em personagens que refletem as dores da vida real, algo como "Modern Love", esse filme é uma escolha certeira. 

Vale muito o seu play!

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Um mosaico das complexidades românticas - talvez seja essa a melhor forma de definir o surpreendente "Ele Não Está Tão a Fim de Você"! Na verdade esse é um filme que transcenda aquele clichê das comédias românticas que estamos acostumados ao defender o difícil propósito de oferecer uma análise perspicaz, e muitas vezes dolorosamente realista, das relações amorosas. Dirigido pelo Ken Kwapis (de "O Grande Milagre") o filme não apenas diverte, mas também nos provoca ótimas reflexões sobre a intricada dinâmica dos relacionamentos modernos. Inspirado no best-seller homônimo de Greg Behrendt e Liz Tuccillo (consultor e roteirista de alguns episódios do seriado "Sex and the City", respectivamente), sua narrativa multifacetada explora uma gama de comportamentos e mal-entendidos que costumam complicar a vida amorosa de homens e mulheres através dos tempos, combinando um humor afiado com momentos de introspecção dos mais interessantes.

Na trama, "Ele Não Está Tão a Fim de Você" segue um grupo de amigos em Baltimore enquanto navegam pelas turbulentas águas dos relacionamentos. Gigi (Ginnifer Goodwin) é uma jovem romântica e idealista que está à procura do amor verdadeiro, mas tem dificuldades em interpretar os sinais dos homens. Ela se apoia em Alex (Justin Long), um barman que se torna seu guru relacional. Enquanto isso, Beth (Jennifer Aniston) está frustrada com o namorado Neil (Ben Affleck), que reluta em propor casamento, e Janine (Jennifer Connelly) enfrenta a infidelidade de seu marido Ben (Bradley Cooper), que está envolvido com a aspirante a cantora Anna (Scarlett Johansson). O filme também explora as histórias de Mary (Drew Barrymore), uma publicitária que luta com a realidade do namoro online, e Connor (Kevin Connolly), um corretor de imóveis obcecado por Anna. Essa teia de histórias entrelaçadas pinta um quadro complexo, porém familiar, dos altos e baixos do amor. Confira o trailer:

Um filme muito gostoso de assistir e o grande mérito, além do elenco, é de Ken Kwapis - sua direção sustenta a narrativa de "Ele Não Está Tão a Fim de Você" e habilmente orquestra as múltiplas histórias que o roteiro propõe sem perder o ritmo ou sua coesão. A habilidade de Kwapis em equilibrar humor e seriedade cria um tom que ressoa com a audiência já que em vez de cair na armadilha das fórmulas previsíveis, ele proporciona uma experiência de fácil identificação e ao mesmo tempo bastante provocante. A montagem de Cara Silverman é outra peça crucial dessa engrenagem, permitindo que as transições entre as narrativas fluam naturalmente, nos mantendo engajados e emocionalmente mergulhadas em como as histórias são entrelaçadas.

Outro ponto que vale ser citado é a fotografia de John Bailey (de "O Verão da Minha Vida")" - ele utiliza uma paleta de cores vibrantes para refletir as emoções e o estado de espírito dos personagens. Bailey, com sua vasta experiência em "filmes de relação" faz uso de enquadramentos inteligentes e uma iluminação sutil para destacar as nuances das interações - sempre com Baltimore servindo como um pano de fundo vivo que adiciona uma camada extra de autenticidade às histórias. Ao ver uma cidade sendo capturada em uma mistura de cenários urbanos e locais mais íntimos, espelhando com muita habilidade as complexidades e contradições da vida amorosa dos personagens, a química entre os atores soa mais palpável e contribui significativamente para o impacto emocional que o filme oferece.

"Ele Não Está Tão a Fim de Você", no final das contas, realmente oferece uma exploração autêntica dos desafios de um relacionamento. Com uma direção competente, uma fotografia bem estruturada e performances divertidas, o filme entrega o que promete: uma análise crítica e muitas vezes comovente sobre como interpretamos (ou falhamos em interpretar) os sinais no jogo do amor. Então, se você aprecia narrativas que combinam humor com reflexão e está interessado em personagens que refletem as dores da vida real, algo como "Modern Love", esse filme é uma escolha certeira. 

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Falando a Real

Pode até parecer um pouco confuso isso que vou dizer, mas "Falando a Real" é uma mistura extremamente bem equilibrada de "Ted Lasso" com "O Método Kominsky".Aliás, isso não acontece por acaso, já que a série é uma co-criação de Bill Lawrence (também criador de "Ted Lasso"), Brett Goldstein (o inesquecível Roy Kent) e Jason Segel (sim, o Marshall de "How I Met Your Mother"). O comparativo entre as séries não para por aí, já que Lawrence repete exatamente a mesma estrutura narrativa, só que dessa vez pontuando a vida de um terapeuta (pouco ortodoxo como Lasso) que tenta passar pelo luto da perda repentina de sua esposa (lembram do Norman?). De uma forma extremamente sensível, a série discute temas como o luto, a depressão, o relacionamento distante entre pai e filha e também, conforme a temporada vai se desenvolvendo, traz para os holofotes o drama diante do diagnóstico do Mal de Parkinson - com um Harrison Ford no melhor de sua forma.

Jimmy (Segel) é um terapeuta em luto que decide burlar todas as regras de sua profissão para dizer aos seus pacientes exatamente o que pensa. Deixando a ética profissional um pouco de lado, ele consegue transformar a vida de muitas pessoas a partir dessa nova abordagem, incluindo a sua. Jimmy é um dos protegidos do Dr. Phil Rodes (Ford), um psicólogo pé no chão, afiado e genial na área de terapia cognitivo-comportamental que acaba de ser diagnosticado com Mal de Parkinson. A relação entre eles ganha uma nova camada quando Phil passa a aconselhar a filha do amigo (e pupilo) na tentativa de uni-los após a tragédia familiar que ambos não conseguiram resolver juntos. Confira o trailer (em inglês):

Além de um texto dos mais inteligentes, irônico e divertido, é inegável que a força do elenco acaba colocando a série em outro patamar - o Jimmy de Segel é tão envolvente quanto humano, na forma como passa a tratar seus pacientes, quando diz sempre a "real", em um contraponto enorme ao tentar se relacionar com a filha, Alice (Lukita Maxwell), com quem tem enorme dificuldade de se comunicar, e assim quebrar todas as barreiras construídas pela maneira como cada um enfrentou o luto. A dobradinha Segel e Ford também entrega performances brilhantes, trazendo uma mistura de humor e emoção para seus personagens - mais ou menos como Douglas e Arkin em "Kominsky". A química entre os dois é palpável, e sua amizade, além da admiração profissional, rende diálogos afiados e situações cômicas ao mesmo tempo em que pontua temas mais sérios de uma maneira acessível, mantendo um equilíbrio entre o riso, a reflexão e a emoção.

Outro ponto muito interessante de "Falando a Real", sem dúvida, está nas camadas que o roteiro pincela com muita habilidade para construir momentos que exploram alguns sentimentos sem soar pragmático demais. Veja, é natural Jimmy sofrer pela perda da esposa, no entanto, Phil também precisa lidar com as suas sem ao menos se expor perante quem, na visão dele, precisa de ajuda naquele momento - a cena em que ele conta se permitir sofrer 15 minutos por dia, dada sua condição de saúde, e depois retomar a vida como se nada tivesse acontecido, dá o exato tom da profundidade das relações estabelecidas na série. Reparem que existe muito arrependimento, situações familiares e de amizade mal resolvidas nas entrelinhas e isso, meu amigo, mexe demais com a gente.

"Shrinking" (no original) é mais uma daquelas séries que consegue equilibrar habilmente momentos mais sérios com um humor inteligente, garantindo uma jornada cheia de nuances e, principalmente, emocionante. Encantadora na sua essência e bem executada na sua forma, a série da Apple sabe ser autêntica, espontânea e comovente com a mesma habilidade com que se posiciona após uma ou outra cena claramente estereotipada. Com performances excelentes, diálogos afiados e uma mistura equilibrada de comédia e drama, a série vai te conquistar - pode apostar!

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Pode até parecer um pouco confuso isso que vou dizer, mas "Falando a Real" é uma mistura extremamente bem equilibrada de "Ted Lasso" com "O Método Kominsky".Aliás, isso não acontece por acaso, já que a série é uma co-criação de Bill Lawrence (também criador de "Ted Lasso"), Brett Goldstein (o inesquecível Roy Kent) e Jason Segel (sim, o Marshall de "How I Met Your Mother"). O comparativo entre as séries não para por aí, já que Lawrence repete exatamente a mesma estrutura narrativa, só que dessa vez pontuando a vida de um terapeuta (pouco ortodoxo como Lasso) que tenta passar pelo luto da perda repentina de sua esposa (lembram do Norman?). De uma forma extremamente sensível, a série discute temas como o luto, a depressão, o relacionamento distante entre pai e filha e também, conforme a temporada vai se desenvolvendo, traz para os holofotes o drama diante do diagnóstico do Mal de Parkinson - com um Harrison Ford no melhor de sua forma.

Jimmy (Segel) é um terapeuta em luto que decide burlar todas as regras de sua profissão para dizer aos seus pacientes exatamente o que pensa. Deixando a ética profissional um pouco de lado, ele consegue transformar a vida de muitas pessoas a partir dessa nova abordagem, incluindo a sua. Jimmy é um dos protegidos do Dr. Phil Rodes (Ford), um psicólogo pé no chão, afiado e genial na área de terapia cognitivo-comportamental que acaba de ser diagnosticado com Mal de Parkinson. A relação entre eles ganha uma nova camada quando Phil passa a aconselhar a filha do amigo (e pupilo) na tentativa de uni-los após a tragédia familiar que ambos não conseguiram resolver juntos. Confira o trailer (em inglês):

Além de um texto dos mais inteligentes, irônico e divertido, é inegável que a força do elenco acaba colocando a série em outro patamar - o Jimmy de Segel é tão envolvente quanto humano, na forma como passa a tratar seus pacientes, quando diz sempre a "real", em um contraponto enorme ao tentar se relacionar com a filha, Alice (Lukita Maxwell), com quem tem enorme dificuldade de se comunicar, e assim quebrar todas as barreiras construídas pela maneira como cada um enfrentou o luto. A dobradinha Segel e Ford também entrega performances brilhantes, trazendo uma mistura de humor e emoção para seus personagens - mais ou menos como Douglas e Arkin em "Kominsky". A química entre os dois é palpável, e sua amizade, além da admiração profissional, rende diálogos afiados e situações cômicas ao mesmo tempo em que pontua temas mais sérios de uma maneira acessível, mantendo um equilíbrio entre o riso, a reflexão e a emoção.

Outro ponto muito interessante de "Falando a Real", sem dúvida, está nas camadas que o roteiro pincela com muita habilidade para construir momentos que exploram alguns sentimentos sem soar pragmático demais. Veja, é natural Jimmy sofrer pela perda da esposa, no entanto, Phil também precisa lidar com as suas sem ao menos se expor perante quem, na visão dele, precisa de ajuda naquele momento - a cena em que ele conta se permitir sofrer 15 minutos por dia, dada sua condição de saúde, e depois retomar a vida como se nada tivesse acontecido, dá o exato tom da profundidade das relações estabelecidas na série. Reparem que existe muito arrependimento, situações familiares e de amizade mal resolvidas nas entrelinhas e isso, meu amigo, mexe demais com a gente.

"Shrinking" (no original) é mais uma daquelas séries que consegue equilibrar habilmente momentos mais sérios com um humor inteligente, garantindo uma jornada cheia de nuances e, principalmente, emocionante. Encantadora na sua essência e bem executada na sua forma, a série da Apple sabe ser autêntica, espontânea e comovente com a mesma habilidade com que se posiciona após uma ou outra cena claramente estereotipada. Com performances excelentes, diálogos afiados e uma mistura equilibrada de comédia e drama, a série vai te conquistar - pode apostar!

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Famoso na França

Se você gostou de "Episodes", série inglesa de 2011 que contou com 5 temporadas e com um Matt LeBlanc (o Joey de Friends) ressurgindo das cinzas, provavelmente você vai gostar de "Famoso na França". A série, mais uma Original Netflix, bebe de uma mesma fonte: enquanto "Episodes" discutia o choque de cultura entre ingleses e americanos dentro de uma emissora de tv, "Famoso na França" faz a mesma coisa, ou pelo menos bem parecido, só que com um comediante francês como protagonista. Para falar a verdade, acho que posso até ir um pouco além: a série da Netflix tem muito do que fazia de "Episodes" uma série com humor requintado e inteligente, mas também carrega várias de suas fraquezas. Tem um roteiro muito interessante, mas também erra ao pegar o atalho do estereótipo (ou do over acting) para tentar ser engraçadona demais - e definitivamente não seria necessário essa muleta, mas como estilo, admito que funciona e se você não se incomoda com esse distanciamento da realidade na interpretação, "Famoso na França" vai valer pela diversão despretenciosa!

Na série, Gad Elmaleh (que interpreta uma versão dele mesmo) é o comediante mais famoso do seu pais, conhecido, inclusive, como o Seinfeld da França. Porém, uma crise existencial faz com que Gad repense sua carreira e suas prioridades. É quando ele decide dar um tempo em suas apresentações e embarcar para os EUA para tentar reconquistar o amor do seu filho Luke, porém em território americano ninguém conhece seu trabalho e muito menos seu sucesso e isso rende ótimas situações - constrangedoras, mas divertidas. Até sua capacidade como comediante é colocada à prova, pois nos EUA ninguém ri das suas piadas e o próprio Gad Elmaleh não se conforma como os americanos podem achar engraçados os comediantes locais. O fato é que, quando o choque de cultura vem à tona, a série pega no detalhe e na delicadeza para criticar as diferenças: desde a dificuldade com um idioma ou o entendimento das expressões mais coloquiais até a maneira como os próprios americanos se comportam perante os estrangeiros no seu dia a dia - a cena inicial no aeroporto é impagável!

Sem dúvida o grande valor da série é mesmo a qualidade do seu roteiro e a maneira inteligente como ele mostra o enorme desequilíbrio cultural entre os dois países. Outro ponto importante são as inúmeras referências de cultura pop, entretenimento, gastronomia, além de participações especiais de algumas celebridades dos EUA e da França interpretando eles mesmos (com um tom acima). Muito bem produzida, com a direção respeitando os times da comédia e uma fotografia muito interessante (principalmente nas cenas em Paris), "Famoso na França" me surpreendeu - até porque eu não sou um grande apreciador de comédias. Agora, é preciso dizer que a série usa a comédia apenas como máscara para discutir ou criticar vários tipos de relações, e mesmo não assumindo uma linguagem mais dramática, fica claro a importância dos conflitos (e fantasmas) pessoais na trama -  e isso tem que ser respeitado!

"Famoso na França" tem uma temporada já disponível, com 8 episódios de 30 minutos, é fácil de assistir, tem uma dinâmica bastante interessante e diverte. Vale o play!

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Se você gostou de "Episodes", série inglesa de 2011 que contou com 5 temporadas e com um Matt LeBlanc (o Joey de Friends) ressurgindo das cinzas, provavelmente você vai gostar de "Famoso na França". A série, mais uma Original Netflix, bebe de uma mesma fonte: enquanto "Episodes" discutia o choque de cultura entre ingleses e americanos dentro de uma emissora de tv, "Famoso na França" faz a mesma coisa, ou pelo menos bem parecido, só que com um comediante francês como protagonista. Para falar a verdade, acho que posso até ir um pouco além: a série da Netflix tem muito do que fazia de "Episodes" uma série com humor requintado e inteligente, mas também carrega várias de suas fraquezas. Tem um roteiro muito interessante, mas também erra ao pegar o atalho do estereótipo (ou do over acting) para tentar ser engraçadona demais - e definitivamente não seria necessário essa muleta, mas como estilo, admito que funciona e se você não se incomoda com esse distanciamento da realidade na interpretação, "Famoso na França" vai valer pela diversão despretenciosa!

Na série, Gad Elmaleh (que interpreta uma versão dele mesmo) é o comediante mais famoso do seu pais, conhecido, inclusive, como o Seinfeld da França. Porém, uma crise existencial faz com que Gad repense sua carreira e suas prioridades. É quando ele decide dar um tempo em suas apresentações e embarcar para os EUA para tentar reconquistar o amor do seu filho Luke, porém em território americano ninguém conhece seu trabalho e muito menos seu sucesso e isso rende ótimas situações - constrangedoras, mas divertidas. Até sua capacidade como comediante é colocada à prova, pois nos EUA ninguém ri das suas piadas e o próprio Gad Elmaleh não se conforma como os americanos podem achar engraçados os comediantes locais. O fato é que, quando o choque de cultura vem à tona, a série pega no detalhe e na delicadeza para criticar as diferenças: desde a dificuldade com um idioma ou o entendimento das expressões mais coloquiais até a maneira como os próprios americanos se comportam perante os estrangeiros no seu dia a dia - a cena inicial no aeroporto é impagável!

Sem dúvida o grande valor da série é mesmo a qualidade do seu roteiro e a maneira inteligente como ele mostra o enorme desequilíbrio cultural entre os dois países. Outro ponto importante são as inúmeras referências de cultura pop, entretenimento, gastronomia, além de participações especiais de algumas celebridades dos EUA e da França interpretando eles mesmos (com um tom acima). Muito bem produzida, com a direção respeitando os times da comédia e uma fotografia muito interessante (principalmente nas cenas em Paris), "Famoso na França" me surpreendeu - até porque eu não sou um grande apreciador de comédias. Agora, é preciso dizer que a série usa a comédia apenas como máscara para discutir ou criticar vários tipos de relações, e mesmo não assumindo uma linguagem mais dramática, fica claro a importância dos conflitos (e fantasmas) pessoais na trama -  e isso tem que ser respeitado!

"Famoso na França" tem uma temporada já disponível, com 8 episódios de 30 minutos, é fácil de assistir, tem uma dinâmica bastante interessante e diverte. Vale o play!

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Homens à Beira de um Ataque de Nervos

Em um primeiro olhar, "Homens à Beira de um Ataque de Nervos" pode parecer aquele tipo de comédia pastelão, já que se apoia em esteriótipos muito bem definidos para contar uma história que soa superficial, mas é muito mais profunda do que aquilo que vemos na tela. A jovem diretora Audrey Dana (de "O que as mulheres querem") sabe muito bem disso e é aí que, de uma forma muito inteligente, ela usa da leveza e do sorriso fácil para nos manter engajados com a história e assim, pouco a pouco, vai no conectando com os dramas dos personagem sem pesar muito a mão. Eu diria que o filme é daqueles entretenimentos gostosos de assistir e que no final deixa uma mensagem bacana. Todos vão gostar? Não, definitivamente não. Começando pelo fato de ser uma produção francesa que traz no seu DNA uma ironia que permite o excesso sem soar idiota para quem embarca na narrativa e isso, sem dúvida, não agrada muita gente.Uma boa referência é "Normandia Nua" - se você gostou desse filme, provavelmente você vai se divertir aqui, caso contrário, melhor partir para o próximo.

Em "Homens à Beira de um Ataque de Nervos" acompanhamos um grupo de homens de diferentes idades que, em crise, se inscrevem para um retiro terapêutico em meio à natureza. O que eles não imaginavam era que essa peculiar jornada de auto-descoberta seria comandada por uma excêntrica mentora chamada Ômega (Marina Hands). Confira o trailer:

O roteiro escrito pela Claire Barré (do premiado "Un monde plus grand") ao lado da própria Dana, embora seja construído com uma base humorística em sua essência, aborda temas profundos e relevantes, oferecendo uma perspectiva sobre a masculinidade contemporânea e os desafios que os homens enfrentam em suas vidas no dia a dia. Dana, com muita sensibilidade, consegue equilibrar com maestria os momentos mais escrachados com passagens mais sensíveis que, mesmo engraçadas, deixam fagulhas que bem trabalhadas entregam uma experiência cinematográfica reflexiva. Um bom exemplo é a discussão sobre a homossexualidade de um dos personagens que ao ser confrontado por um jovem que sofre da "síndrome de Fabry", onde um adulto tem a aparência física de um adolescente, dá uma aula sobre auto-aceitação e preconceito.

Olhando por uma perspectiva mais técnica até, Dana sabe que alternando momentos de humor com introspecção emocional, a audiência tende a se sentir mais tocada. A fotografia do Pierre Aïm (de "Inocência Roubada") merece certa atenção nesse sentido já que ela cria uma atmosfera visualmente envolvente nos planos mais abertos, aproveitando a natureza, mas sempre colocando um personagem em segundo plano, enquanto a ação em si acontece em primeiro plano - o interessante é que essa distância entre os quadros vai diminuindo com o decorrer do filme e no final, todos os personagens estão alinhados no mesmo ponto focal. É como se, visualmente, ficasse claro que embora diferentes em suas dores, no final, todos são iguais. Outro ponto que merece sua atenção, é a trilha sonora - ela é peça fundamental para pontuar as emoções e aqui eu destaco a performance de François-Xavier Demaison (o Antoine) bem no final do filme - muito bonito!

"Homens à Beira de um Ataque de Nervos" usa da qualidade dos seus atores, especialmente de Thierry Lhermitte (Hippolyte) e de Ramzy Bedia (Romain), para nos divertir com algumas das "histerias" mais "normais" do sexo masculino - aliás, essa é uma linha condutora bastante pertinente e proposital que nos remete à antológica comédia espanhola "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" de Pedro Almodóvar. No final, o que cada personagem busca, mesmo que de forma inconsciente, é o amor, a alegria e um sentido para continuar vivendo, e a partir do momento em que cada um deles começa a enfrentar seus traumas e rir de suas próprias frustrações, o tão desejado resultado chega - para eles e, essencialmente, para nós.

Vale seu play!

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Em um primeiro olhar, "Homens à Beira de um Ataque de Nervos" pode parecer aquele tipo de comédia pastelão, já que se apoia em esteriótipos muito bem definidos para contar uma história que soa superficial, mas é muito mais profunda do que aquilo que vemos na tela. A jovem diretora Audrey Dana (de "O que as mulheres querem") sabe muito bem disso e é aí que, de uma forma muito inteligente, ela usa da leveza e do sorriso fácil para nos manter engajados com a história e assim, pouco a pouco, vai no conectando com os dramas dos personagem sem pesar muito a mão. Eu diria que o filme é daqueles entretenimentos gostosos de assistir e que no final deixa uma mensagem bacana. Todos vão gostar? Não, definitivamente não. Começando pelo fato de ser uma produção francesa que traz no seu DNA uma ironia que permite o excesso sem soar idiota para quem embarca na narrativa e isso, sem dúvida, não agrada muita gente.Uma boa referência é "Normandia Nua" - se você gostou desse filme, provavelmente você vai se divertir aqui, caso contrário, melhor partir para o próximo.

Em "Homens à Beira de um Ataque de Nervos" acompanhamos um grupo de homens de diferentes idades que, em crise, se inscrevem para um retiro terapêutico em meio à natureza. O que eles não imaginavam era que essa peculiar jornada de auto-descoberta seria comandada por uma excêntrica mentora chamada Ômega (Marina Hands). Confira o trailer:

O roteiro escrito pela Claire Barré (do premiado "Un monde plus grand") ao lado da própria Dana, embora seja construído com uma base humorística em sua essência, aborda temas profundos e relevantes, oferecendo uma perspectiva sobre a masculinidade contemporânea e os desafios que os homens enfrentam em suas vidas no dia a dia. Dana, com muita sensibilidade, consegue equilibrar com maestria os momentos mais escrachados com passagens mais sensíveis que, mesmo engraçadas, deixam fagulhas que bem trabalhadas entregam uma experiência cinematográfica reflexiva. Um bom exemplo é a discussão sobre a homossexualidade de um dos personagens que ao ser confrontado por um jovem que sofre da "síndrome de Fabry", onde um adulto tem a aparência física de um adolescente, dá uma aula sobre auto-aceitação e preconceito.

Olhando por uma perspectiva mais técnica até, Dana sabe que alternando momentos de humor com introspecção emocional, a audiência tende a se sentir mais tocada. A fotografia do Pierre Aïm (de "Inocência Roubada") merece certa atenção nesse sentido já que ela cria uma atmosfera visualmente envolvente nos planos mais abertos, aproveitando a natureza, mas sempre colocando um personagem em segundo plano, enquanto a ação em si acontece em primeiro plano - o interessante é que essa distância entre os quadros vai diminuindo com o decorrer do filme e no final, todos os personagens estão alinhados no mesmo ponto focal. É como se, visualmente, ficasse claro que embora diferentes em suas dores, no final, todos são iguais. Outro ponto que merece sua atenção, é a trilha sonora - ela é peça fundamental para pontuar as emoções e aqui eu destaco a performance de François-Xavier Demaison (o Antoine) bem no final do filme - muito bonito!

"Homens à Beira de um Ataque de Nervos" usa da qualidade dos seus atores, especialmente de Thierry Lhermitte (Hippolyte) e de Ramzy Bedia (Romain), para nos divertir com algumas das "histerias" mais "normais" do sexo masculino - aliás, essa é uma linha condutora bastante pertinente e proposital que nos remete à antológica comédia espanhola "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" de Pedro Almodóvar. No final, o que cada personagem busca, mesmo que de forma inconsciente, é o amor, a alegria e um sentido para continuar vivendo, e a partir do momento em que cada um deles começa a enfrentar seus traumas e rir de suas próprias frustrações, o tão desejado resultado chega - para eles e, essencialmente, para nós.

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Jovens Adultos

Esse filme pode até parecer uma comédia inofensiva em um primeiro olhar, mas não se engane, embora divertida, "Jovens Adultos" vai tocar em algumas feridas que, no mínimo, vão te fazer olhar para o passado e refletir sobre a importância de algumas passagens de sua vida como processo de amadurecimento como ser humano. Dirigido pelo talentoso Jason Reitman (dos imperdíveis "Tully"e "Juno"), esse filme de 2011 é um retrato cru e realista da vida adulta que explora os relacionamentos pela perspectiva nostálgica de um retorno às origens - e olha, embutida nessa jornada existe uma atmosfera de melancolia que chega a corroer nossa alma. Aclamado pela crítica e pelo público, o filme recebeu indicações ao "Golden Globe" e "Critics Choice", além de reconhecimento em diversos festivais importantes do cinema como o de Toronto e o de Chicago, solidificando seu lugar de destaque como obra que equilibra perfeitamente uma narrativa bem estruturada com fortes elementos do cinema independente, mas que nunca deixa de lado sua proposta como entretenimento. Para aqueles que apreciam filmes que exploram as nuances da psique humana, "Jovens Adultos" é uma escolha certeira!

Na trama, somos apresentados a Mavis Gary (Charlize Theron), uma escritora de ficção de trinta e poucos anos que retorna à sua cidade natal em busca de inspiração para seu próximo livro. Determinada a reconquistar seu antigo namorado, Buddy Slade (Patrick Wilson), Mavis ignora o fato de que ele agora é casado e tem uma filha recém-nascida. O que se segue é uma jornada emocionalmente complexa, onde Mavis é confrontada com a realidade de suas escolhas passadas e forçada a confrontar seu próprio senso de identidade e propósito. Confira o trailer:

O que torna "Young Adult" (no original) verdadeiramente envolvente é a impressionante sensação de "uma hora vai dar M...". Essa sensação angustiante nos acompanha durante os 90 minutas de filme e o mérito disso está na dobradinha Charlize Theron e Jason Reitman. Começando pelo segundo, é importante notar como Reitman, mais uma vez, mostra o tamanho de sua capacidade em mergulhar nas profundezas das relações humanas, revelando as inúmeras camadas emocionais e complexas de seus personagens. A direção de Jason Reitman é magistral, capturando de forma sensível e crua as nuances do comportamento pautado na emoção - sim, existe uma dificuldade em retratar a vida adulta sem cair em clichês e Reitman nunca se deixa levar, ele é muito competente em pontuar as fraquezas mais intimas de seus personagens em função, única e exclusivamente, de sua narrativa. Aqui, tudo é muito palpável - talvez por isso nossa identificação imediata.

É nesse contexto que agora precisamos falar de Charlize Theron. Além de linda, caraterística que eleva sua personagem à níveis insuportáveis de arrogância com o único intuito de escondersua insegurança, Theron ainda entrega uma performance corajosa e multifacetada, trabalhando seu range com a propriedade de quem sabe das forças e fraquezas de sua personagem. Simplesmente magnética, ela entende a jornada de descoberta de Mavis Gary e apoiada no desequilíbrio entre a realidade e a nostalgia, a atriz é capaz de nos manter cativados do início ao fim. A fotografia do Eric Steelberg (parceiro inseparável de Reitman) trabalha com muito esmero os enquadramentos para que os personagens, apenas com o olhar, sejam capazes de transmitir todo sentimento que envolve aquelas situações, digamos, constrangedoras. Enquanto a trilha sonora evoca uma sensação de nostalgia e desilusão, o roteiro afiado de Diablo Cody, pontua o caos emocional da protagonista com diálogos inteligentes que nos tiram da zona de conforto.

É impossível não ser impactado pela sua honestidade brutal e pela sua capacidade de nos fazer questionar nossas próprias escolhas e arrependimentos ao assistir "Jovens Adultos". Um filme que sabe misturar o drama com a comédia sem cair no comum - e claro, estamos diante uma história atemporal sobre o amor, a autodescoberta e as dificuldades de lidar com vida adulta quando saímos daquele lugar onde sempre tivemos tudo sob controle. Esse é um filme que mostra que o mundo é muito maior e que a felicidade não está no que passou, mas no que está por vir, mesmo que chegue acompanhada de muita dor!

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Esse filme pode até parecer uma comédia inofensiva em um primeiro olhar, mas não se engane, embora divertida, "Jovens Adultos" vai tocar em algumas feridas que, no mínimo, vão te fazer olhar para o passado e refletir sobre a importância de algumas passagens de sua vida como processo de amadurecimento como ser humano. Dirigido pelo talentoso Jason Reitman (dos imperdíveis "Tully"e "Juno"), esse filme de 2011 é um retrato cru e realista da vida adulta que explora os relacionamentos pela perspectiva nostálgica de um retorno às origens - e olha, embutida nessa jornada existe uma atmosfera de melancolia que chega a corroer nossa alma. Aclamado pela crítica e pelo público, o filme recebeu indicações ao "Golden Globe" e "Critics Choice", além de reconhecimento em diversos festivais importantes do cinema como o de Toronto e o de Chicago, solidificando seu lugar de destaque como obra que equilibra perfeitamente uma narrativa bem estruturada com fortes elementos do cinema independente, mas que nunca deixa de lado sua proposta como entretenimento. Para aqueles que apreciam filmes que exploram as nuances da psique humana, "Jovens Adultos" é uma escolha certeira!

Na trama, somos apresentados a Mavis Gary (Charlize Theron), uma escritora de ficção de trinta e poucos anos que retorna à sua cidade natal em busca de inspiração para seu próximo livro. Determinada a reconquistar seu antigo namorado, Buddy Slade (Patrick Wilson), Mavis ignora o fato de que ele agora é casado e tem uma filha recém-nascida. O que se segue é uma jornada emocionalmente complexa, onde Mavis é confrontada com a realidade de suas escolhas passadas e forçada a confrontar seu próprio senso de identidade e propósito. Confira o trailer:

O que torna "Young Adult" (no original) verdadeiramente envolvente é a impressionante sensação de "uma hora vai dar M...". Essa sensação angustiante nos acompanha durante os 90 minutas de filme e o mérito disso está na dobradinha Charlize Theron e Jason Reitman. Começando pelo segundo, é importante notar como Reitman, mais uma vez, mostra o tamanho de sua capacidade em mergulhar nas profundezas das relações humanas, revelando as inúmeras camadas emocionais e complexas de seus personagens. A direção de Jason Reitman é magistral, capturando de forma sensível e crua as nuances do comportamento pautado na emoção - sim, existe uma dificuldade em retratar a vida adulta sem cair em clichês e Reitman nunca se deixa levar, ele é muito competente em pontuar as fraquezas mais intimas de seus personagens em função, única e exclusivamente, de sua narrativa. Aqui, tudo é muito palpável - talvez por isso nossa identificação imediata.

É nesse contexto que agora precisamos falar de Charlize Theron. Além de linda, caraterística que eleva sua personagem à níveis insuportáveis de arrogância com o único intuito de escondersua insegurança, Theron ainda entrega uma performance corajosa e multifacetada, trabalhando seu range com a propriedade de quem sabe das forças e fraquezas de sua personagem. Simplesmente magnética, ela entende a jornada de descoberta de Mavis Gary e apoiada no desequilíbrio entre a realidade e a nostalgia, a atriz é capaz de nos manter cativados do início ao fim. A fotografia do Eric Steelberg (parceiro inseparável de Reitman) trabalha com muito esmero os enquadramentos para que os personagens, apenas com o olhar, sejam capazes de transmitir todo sentimento que envolve aquelas situações, digamos, constrangedoras. Enquanto a trilha sonora evoca uma sensação de nostalgia e desilusão, o roteiro afiado de Diablo Cody, pontua o caos emocional da protagonista com diálogos inteligentes que nos tiram da zona de conforto.

É impossível não ser impactado pela sua honestidade brutal e pela sua capacidade de nos fazer questionar nossas próprias escolhas e arrependimentos ao assistir "Jovens Adultos". Um filme que sabe misturar o drama com a comédia sem cair no comum - e claro, estamos diante uma história atemporal sobre o amor, a autodescoberta e as dificuldades de lidar com vida adulta quando saímos daquele lugar onde sempre tivemos tudo sob controle. Esse é um filme que mostra que o mundo é muito maior e que a felicidade não está no que passou, mas no que está por vir, mesmo que chegue acompanhada de muita dor!

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Life & Beth

A vida como ela é - talvez uns dois (ou três) tons acima, capaz de causar um desconforto proposital tão palpável que não se espante se você se reconhecer em algumas das situações que vai encontrar ao longo dessas duas temporadas. "Life & Beth", lançada pelo Hulu em 2022, é uma série de dramédia que explora a vida de uma mulher em busca de sentido e renovação após passar por um evento trágico que a força confrontar o passado para tentar entender o futuro que a espera. Mesclando um humor requintado (sempre na medida certa) e momentos profundamente emocionais, "Life & Beth", eu diria, é uma reflexão honesta sobre conexão na busca por identidade, por autoconhecimento e por aprendizado ao lidar com o trauma. Amy Schumer, criadora do projeto, é conhecida nos EUA por seu estilo de comédia mordaz e provocadora, no entanto, aqui, ela entrega uma jornada mais introspectiva e sutil, revelando uma faceta de sua atuação que vai além do tradicional - e funciona (mesmo que não para todos)!

Beth (Schumer) é uma mulher de 30 e poucos anos que vive em Nova York e aparentemente tem uma vida estável e bem-sucedida. No entanto, após um incidente que abala sua vida, ela se vê forçada a reavaliar suas escolhas e repensar quem realmente é e o que quer da vida. Esse processo a leva de volta para Long Island onde cresceu, porém agora Beth precisa lidar com as memórias de sua infância e adolescência, enquanto tenta encontrar um novo caminho de amadurecimento. Confira o trailer:

Fácil na teoria, mas extremamente complicado na prática, uma das forças de "Life & Beth" está justamente na forma como a série sabe equilibrar o humor com o drama. Embora Amy Schumer seja conhecida pelo "over", aqui ela opta por um conceito mais contido, entregando momentos de vulnerabilidade genuína que exploram o impacto de traumas do passado e o desafio que é redefinir a própria identidade na vida adulta. O humor, embora presente, é mais delicado no conteúdo e muitas vezes vem de situações cotidianas e constrangedoras em sua forma, ou seja, em vez de piadas diretas, o divertido está na provocação inteligente da união muitas vezes desconexa do texto com a imagem. Essa proposta cria uma narrativa realmente envolvente que é ao mesmo tempo tocante e engraçada para aqueles que gostam de dramas de relação.

Amy Schumer, como não poderia deixar de ser, leva a série nas costas - ela oferece uma performance surpreendentemente emocional como Beth. Schumer consegue capturar a ambiguidade de uma mulher que, por fora, parece ter tudo sob controle, mas por dentro está profundamente insatisfeita e perdida. Sua atuação alinhado com o seu texto, é cheia de nuances - ela de fato mostra uma capacidade impressionante ao transmitir a complexidade de Beth sem recorrer ao escrachado. Essa jornada de redescoberta é cheia de momentos íntimos que destacam a pressão social para se ter sucesso, para que as expectativas de felicidade se comprovem e para que o peso dos traumas de infância seja apenas uma fase. Quanto ao elenco, destaco também o trabalho de Michael Cera - seu John, um fazendeiro excêntrico e interesse amoroso de Beth, traz uma atuação sutil e cativante, equilibrando uma certa inocência com seu jeito peculiar e tranquilo de enxergar a vida.

"Life & Beth" é eficaz ao explorar como o passado pode influenciar nossas decisões quando adultas, e como muitas vezes somos forçados a confrontá-lo para encontrar um caminho mais autêntico - muita atenção as discussões levantadas sobre os traumas familiares e as expectativas que são impostas desde a juventude. Mesmo que a série soe ter um ritmo mais lento, especialmente para aqueles que esperam um foco maior na comédia, eu adianto que "Life & Beth" entrega muito ao desenvolver sua narrativa de uma forma mais reflexiva e introspectiva, se apoiando em uma abordagem sincera sobre os desafios da "nossa" vida adulta com muita sabedoria.

Vale muito o seu play!

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A vida como ela é - talvez uns dois (ou três) tons acima, capaz de causar um desconforto proposital tão palpável que não se espante se você se reconhecer em algumas das situações que vai encontrar ao longo dessas duas temporadas. "Life & Beth", lançada pelo Hulu em 2022, é uma série de dramédia que explora a vida de uma mulher em busca de sentido e renovação após passar por um evento trágico que a força confrontar o passado para tentar entender o futuro que a espera. Mesclando um humor requintado (sempre na medida certa) e momentos profundamente emocionais, "Life & Beth", eu diria, é uma reflexão honesta sobre conexão na busca por identidade, por autoconhecimento e por aprendizado ao lidar com o trauma. Amy Schumer, criadora do projeto, é conhecida nos EUA por seu estilo de comédia mordaz e provocadora, no entanto, aqui, ela entrega uma jornada mais introspectiva e sutil, revelando uma faceta de sua atuação que vai além do tradicional - e funciona (mesmo que não para todos)!

Beth (Schumer) é uma mulher de 30 e poucos anos que vive em Nova York e aparentemente tem uma vida estável e bem-sucedida. No entanto, após um incidente que abala sua vida, ela se vê forçada a reavaliar suas escolhas e repensar quem realmente é e o que quer da vida. Esse processo a leva de volta para Long Island onde cresceu, porém agora Beth precisa lidar com as memórias de sua infância e adolescência, enquanto tenta encontrar um novo caminho de amadurecimento. Confira o trailer:

Fácil na teoria, mas extremamente complicado na prática, uma das forças de "Life & Beth" está justamente na forma como a série sabe equilibrar o humor com o drama. Embora Amy Schumer seja conhecida pelo "over", aqui ela opta por um conceito mais contido, entregando momentos de vulnerabilidade genuína que exploram o impacto de traumas do passado e o desafio que é redefinir a própria identidade na vida adulta. O humor, embora presente, é mais delicado no conteúdo e muitas vezes vem de situações cotidianas e constrangedoras em sua forma, ou seja, em vez de piadas diretas, o divertido está na provocação inteligente da união muitas vezes desconexa do texto com a imagem. Essa proposta cria uma narrativa realmente envolvente que é ao mesmo tempo tocante e engraçada para aqueles que gostam de dramas de relação.

Amy Schumer, como não poderia deixar de ser, leva a série nas costas - ela oferece uma performance surpreendentemente emocional como Beth. Schumer consegue capturar a ambiguidade de uma mulher que, por fora, parece ter tudo sob controle, mas por dentro está profundamente insatisfeita e perdida. Sua atuação alinhado com o seu texto, é cheia de nuances - ela de fato mostra uma capacidade impressionante ao transmitir a complexidade de Beth sem recorrer ao escrachado. Essa jornada de redescoberta é cheia de momentos íntimos que destacam a pressão social para se ter sucesso, para que as expectativas de felicidade se comprovem e para que o peso dos traumas de infância seja apenas uma fase. Quanto ao elenco, destaco também o trabalho de Michael Cera - seu John, um fazendeiro excêntrico e interesse amoroso de Beth, traz uma atuação sutil e cativante, equilibrando uma certa inocência com seu jeito peculiar e tranquilo de enxergar a vida.

"Life & Beth" é eficaz ao explorar como o passado pode influenciar nossas decisões quando adultas, e como muitas vezes somos forçados a confrontá-lo para encontrar um caminho mais autêntico - muita atenção as discussões levantadas sobre os traumas familiares e as expectativas que são impostas desde a juventude. Mesmo que a série soe ter um ritmo mais lento, especialmente para aqueles que esperam um foco maior na comédia, eu adianto que "Life & Beth" entrega muito ao desenvolver sua narrativa de uma forma mais reflexiva e introspectiva, se apoiando em uma abordagem sincera sobre os desafios da "nossa" vida adulta com muita sabedoria.

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Love

Se você ainda não assistiu, saiba que você vai rir, mas provavelmente também vai ficar constrangido com algumas situações (bem absurdas) que Mickey e Gus vão passar em três ótimas temporadas de "Love". Essa produção original da Netflix que estreou em 2016, na época sem muito barulho, trouxe para a plataforma o talento de Judd Apatow, roteirista que virou referência em um tipo de narrativa que, muitas vezes escrachado ou dramático demais, esconde no seu subtexto um humor inteligente e bastante reflexivo - não por acaso multi-premiado, ele tem em seu currículo sucessos que vão de "Girls" até "Os Simpsons". Dito isso, fica fácil entender a razão pela qual "Love" recebeu tantos elogios da crítica e ainda conquistou o público ao longo de 34 episódios, provando ser um verdadeiro achado no vasto catálogo da Netflix - reparem como a série captura a essência de um relacionamento moderno com uma leveza, expondo a vulnerabilidade, os tropeços e a autenticidade que muitas vezes ignoramos no nosso dia a dia.

Estrelada pelos talentosos Gillian Jacobs e Paul Rust, "Love" segue a vida de Mickey Dobbs (Jacobs), uma jovem debochada e viciada em sexo, e Gus Cruikshank (Rust), um nerd que acabou de ser traído pela namorada. Quando essas duas almas completamente imperfeitas se encontram, começa uma jornada tão caótica quanto envolvente que explora com muita inteligência os altos e baixos de um relacionamento moderno. Confira o trailer:

Nesse universo bem representado de séries sobre relacionamentos, "Love", na minha opinião, sempre se destacou por sua abordagem sincera sobre o tema, mas sem se levar muito a sério. Ao mergulhar fundo nas complexidades da conexão humana, deixando de lado as idealizações comuns das comédias românticas, o roteiro de Apatow foi muito sagaz em potencializar a química absurda entre Gillian Jacobs e Paul Rust - é impossível não torcer por eles, mesmo que muitas vezes tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo nunca vai funcionar. Essa nossa relação com o drama dos personagens fica tão palpável com o passar dos episódios que até a forma como eles retratam toda essa vulnerabilidade chega a incomodar (no bom sentido da experiência como audiência, claro).

A direção da série traz nomes como Dean Holland (de "The Office") e Lynn Shelton (de "The Morning Show") - o que dá o tom e o equilíbrio que o texto pede. É habilidosa a forma como os diretores capturam a essência de Los Angeles e a transformam em um personagem relevante para a história. Esse contexto deixa claro que existe uma complexidade geográfica que distancia pessoas de grupos tão diferentes e que só o acaso seria capaz de juntar um nerd introvertido com seus amigos esquisitos e a garota bonita e descolada, mas com seus sérios problemas de auto-estima. Veja, mesmo que soe estereotipado demais (e muitas vezes é) existe um cuidado absurdo ao retratar essa carga de manias que eles carregam com humanidade.

Ao abordar temas profundos, como vícios, comprometimento e autodescoberta, "Love" acrescenta camadas emocionais interessantes à trama, mas sem esquecer de uma certa simplicidade que se tornou uma marca e sua maior força. Digo isso pois a série não precisa de truques mirabolantes ou reviravoltas impressionantes para prender nossa atenção, por outro lado, talvez sua condução pessimista com um humor mais destrutivo seja demais e por isso pode não agradar a todos. As situações e referências batem muito com uma geração que iniciou sua era de consumo moldada por valores impulsionados pela internet e redes sociais e isso reflete na forma como lidamos com a história (sim, chega a dar raiva por algumas atitudes deles...rs). Agora, é um fato que muito daquilo tudo nos encanta com diálogos bem construídos e personagens que, de fato, se sentem e por isso parecem reais.

Prepare-se para se apaixonar e para se identificar com os altos e baixos de Mickey e Gus em uma jornada cheia de imperfeições que vale muito a pena acompanhar!

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Se você ainda não assistiu, saiba que você vai rir, mas provavelmente também vai ficar constrangido com algumas situações (bem absurdas) que Mickey e Gus vão passar em três ótimas temporadas de "Love". Essa produção original da Netflix que estreou em 2016, na época sem muito barulho, trouxe para a plataforma o talento de Judd Apatow, roteirista que virou referência em um tipo de narrativa que, muitas vezes escrachado ou dramático demais, esconde no seu subtexto um humor inteligente e bastante reflexivo - não por acaso multi-premiado, ele tem em seu currículo sucessos que vão de "Girls" até "Os Simpsons". Dito isso, fica fácil entender a razão pela qual "Love" recebeu tantos elogios da crítica e ainda conquistou o público ao longo de 34 episódios, provando ser um verdadeiro achado no vasto catálogo da Netflix - reparem como a série captura a essência de um relacionamento moderno com uma leveza, expondo a vulnerabilidade, os tropeços e a autenticidade que muitas vezes ignoramos no nosso dia a dia.

Estrelada pelos talentosos Gillian Jacobs e Paul Rust, "Love" segue a vida de Mickey Dobbs (Jacobs), uma jovem debochada e viciada em sexo, e Gus Cruikshank (Rust), um nerd que acabou de ser traído pela namorada. Quando essas duas almas completamente imperfeitas se encontram, começa uma jornada tão caótica quanto envolvente que explora com muita inteligência os altos e baixos de um relacionamento moderno. Confira o trailer:

Nesse universo bem representado de séries sobre relacionamentos, "Love", na minha opinião, sempre se destacou por sua abordagem sincera sobre o tema, mas sem se levar muito a sério. Ao mergulhar fundo nas complexidades da conexão humana, deixando de lado as idealizações comuns das comédias românticas, o roteiro de Apatow foi muito sagaz em potencializar a química absurda entre Gillian Jacobs e Paul Rust - é impossível não torcer por eles, mesmo que muitas vezes tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo nunca vai funcionar. Essa nossa relação com o drama dos personagens fica tão palpável com o passar dos episódios que até a forma como eles retratam toda essa vulnerabilidade chega a incomodar (no bom sentido da experiência como audiência, claro).

A direção da série traz nomes como Dean Holland (de "The Office") e Lynn Shelton (de "The Morning Show") - o que dá o tom e o equilíbrio que o texto pede. É habilidosa a forma como os diretores capturam a essência de Los Angeles e a transformam em um personagem relevante para a história. Esse contexto deixa claro que existe uma complexidade geográfica que distancia pessoas de grupos tão diferentes e que só o acaso seria capaz de juntar um nerd introvertido com seus amigos esquisitos e a garota bonita e descolada, mas com seus sérios problemas de auto-estima. Veja, mesmo que soe estereotipado demais (e muitas vezes é) existe um cuidado absurdo ao retratar essa carga de manias que eles carregam com humanidade.

Ao abordar temas profundos, como vícios, comprometimento e autodescoberta, "Love" acrescenta camadas emocionais interessantes à trama, mas sem esquecer de uma certa simplicidade que se tornou uma marca e sua maior força. Digo isso pois a série não precisa de truques mirabolantes ou reviravoltas impressionantes para prender nossa atenção, por outro lado, talvez sua condução pessimista com um humor mais destrutivo seja demais e por isso pode não agradar a todos. As situações e referências batem muito com uma geração que iniciou sua era de consumo moldada por valores impulsionados pela internet e redes sociais e isso reflete na forma como lidamos com a história (sim, chega a dar raiva por algumas atitudes deles...rs). Agora, é um fato que muito daquilo tudo nos encanta com diálogos bem construídos e personagens que, de fato, se sentem e por isso parecem reais.

Prepare-se para se apaixonar e para se identificar com os altos e baixos de Mickey e Gus em uma jornada cheia de imperfeições que vale muito a pena acompanhar!

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