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Bagagem de Risco

Diretor
Jaume Collet-Serra
Elenco
Taron Egerton, Jason Bateman, Sofia Carson
Ano
2024
País
EUA

Drama netflix ml-psicologico ml-investigação ml-terrorismo ml-perseguição ml-crime ml-lcp

Bagagem de Risco

Entretenimento puro - divertido e cheio de referências. Genial? Longe disso, mas bastante honesto pelo que se propõe! Veja, Jaume Collet-Serra construiu sua carreira equilibrando o suspense e a ação com uma eficiência rara. Desde "Águas Rasas" até "O Passageiro", o diretor espanhol se especializou em transformar premissas aparentemente simples em experiências carregadas de tensão, apostando no dinamismo da narrativa e no uso inteligente do espaço cênico. Em "Bagagem de Risco", sua estreia na Netflix, ele retoma essas características dentro de um thriller ambientado inteiramente em um aeroporto durante a véspera de Natal. Com um elenco liderado por Taron Egerton e Jason Bateman, o filme busca recriar a sensação claustrofóbica de clássicos do gênero, como "Plano de Voo" e "Código de Conduta", mas com um toque contemporâneo e um subtexto moral que adiciona mais camadas à trama.

A história gira em torno de Ethan Kopek (Egerton), um jovem agente do TSA (Administração de Segurança de Transporte) que, em um dia de trabalho aparentemente normal no aeroporto de Los Angeles, recebe uma missão impossível de recusar: um estranho enigmático (Bateman) ameaça eliminar sua esposa grávida caso Kopek não consiga deixar passar uma bagagem pela segurança, especificamente pelo seu raio-x, que irá detonar uma bomba durante um voo doméstico. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o mais bacana de "Bagagem de Risco" esteja justamente em seu primeiro ato onde, ao melhor estilo "Culpa", o dilema ético é colocado à prova. Dentro de um contexto narrativo bem construído onde o personagem Kopek, que tem um histórico problemático, se vê em um jogo psicológico que qualquer decisão errada que tome, pode resultar em centenas de mortes. Com essa premissa estabelecida, Collet-Serra, como de costume, dosa bem o ritmo e entrega uma atmosfera de tensão, deixando a audiência imersa em uma sufocante sequência de ações dentro de um aeroporto lotado - que, aliás, se torna um personagem tão importante quanto os protagonistas. Lembram de John McClane em "Duro de Matar"?

Repare como a fotografia de Lyle Vincent (de "A Escada" e "Má Educação") trabalha com os tons frios e uma iluminação artificial agressiva (natural de aeroportos mais tradicionais), criando um ambiente quase inóspito, onde a impessoalidade do espaço reflete a angústia crescente de Kopek. É aí que a câmera de Collet-Serra (que está sempre em movimento, alternando entre planos fechados mais sufocantes e composições que exploram a vastidão do aeroporto) destaca como o protagonista, mesmo cercado por milhares de pessoas, está completamente sozinho diante de uma ameaça invisível. Esse jogo visual reforça a sensação de paranoia, lembrando o que o diretor fez em "Sem Escalas".

Taron Egerton entrega uma performance sólida, sustentando a carga dramática do filme com uma presença física e emocional que lembra seu trabalho em "Black Bird". Seu Kopek é um homem pressionado por traumas do passado e pela exigência de um sistema que não perdoa erros. Jason Bateman, por sua vez, assume um papel que destoa de seus personagens mais conhecidos. Seu antagonista não é exatamente ameaçador no sentido físico, mas exerce um domínio psicológico que mantém a tensão elevada na narrativa. A escolha de Bateman para o papel pode parecer inusitada, mas funciona dentro da proposta do filme já que a dinâmica entre os dois personagens, um dos pontos altos da narrativa, se apoia em diálogos carregados de subtexto e de manipulação. O roteiro de TJ Fixman (com longa carreira escrevendo bons jogos de video-game) aposta em uma dinâmica mais cerebral do que explosiva, evitando as tradicionais sequências grandiosas de ação. Isso não significa que "Bagagem de Risco" careça de adrenalina - a tensão aqui está em cada movimento de Kopek, nas escolhas que ele precisa fazer e na dúvida sobre até que ponto ele está disposto a ceder para garantir a segurança das pessoas ao seu redor. 

O uso do tempo real na narrativa é um acerto de Collet-Serra - isso notavelmente amplifica a imersão. À medida que o relógio avança, a urgência se torna mais palpável, e o diretor utiliza isso com maestria a seu favor. No entanto o terceiro ato acaba tropeçando na sua pretensão - muito ao tentar entregar uma resolução impactante sem necessariamente justificar algumas das decisões tomadas no caminho. O fato é que têm momentos em que o roteiro se apoia em tantas conveniências narrativas para conduzir a trama ao clímax, que certamente vai frustrar aqueles mais exigentes. O que eu quero dizer é que o filme se abstém de explorar mais profundamente algumas das questões morais que ele mesmo levantou, optando por um desfecho que privilegia a ação e não a reflexão inteligente. Mesmo assim, posso dizer que "Bagagem de Risco" cumpre seu papel com um thriller eficiente e bem conduzido, que reforça a habilidade de Jaume Collet-Serra em transformar cenários cotidianos em palcos de alta tensão capaz de mexer com nossas sensações - e é isso que importa!

Vale seu play!

Assista Agora

Entretenimento puro - divertido e cheio de referências. Genial? Longe disso, mas bastante honesto pelo que se propõe! Veja, Jaume Collet-Serra construiu sua carreira equilibrando o suspense e a ação com uma eficiência rara. Desde "Águas Rasas" até "O Passageiro", o diretor espanhol se especializou em transformar premissas aparentemente simples em experiências carregadas de tensão, apostando no dinamismo da narrativa e no uso inteligente do espaço cênico. Em "Bagagem de Risco", sua estreia na Netflix, ele retoma essas características dentro de um thriller ambientado inteiramente em um aeroporto durante a véspera de Natal. Com um elenco liderado por Taron Egerton e Jason Bateman, o filme busca recriar a sensação claustrofóbica de clássicos do gênero, como "Plano de Voo" e "Código de Conduta", mas com um toque contemporâneo e um subtexto moral que adiciona mais camadas à trama.

A história gira em torno de Ethan Kopek (Egerton), um jovem agente do TSA (Administração de Segurança de Transporte) que, em um dia de trabalho aparentemente normal no aeroporto de Los Angeles, recebe uma missão impossível de recusar: um estranho enigmático (Bateman) ameaça eliminar sua esposa grávida caso Kopek não consiga deixar passar uma bagagem pela segurança, especificamente pelo seu raio-x, que irá detonar uma bomba durante um voo doméstico. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o mais bacana de "Bagagem de Risco" esteja justamente em seu primeiro ato onde, ao melhor estilo "Culpa", o dilema ético é colocado à prova. Dentro de um contexto narrativo bem construído onde o personagem Kopek, que tem um histórico problemático, se vê em um jogo psicológico que qualquer decisão errada que tome, pode resultar em centenas de mortes. Com essa premissa estabelecida, Collet-Serra, como de costume, dosa bem o ritmo e entrega uma atmosfera de tensão, deixando a audiência imersa em uma sufocante sequência de ações dentro de um aeroporto lotado - que, aliás, se torna um personagem tão importante quanto os protagonistas. Lembram de John McClane em "Duro de Matar"?

Repare como a fotografia de Lyle Vincent (de "A Escada" e "Má Educação") trabalha com os tons frios e uma iluminação artificial agressiva (natural de aeroportos mais tradicionais), criando um ambiente quase inóspito, onde a impessoalidade do espaço reflete a angústia crescente de Kopek. É aí que a câmera de Collet-Serra (que está sempre em movimento, alternando entre planos fechados mais sufocantes e composições que exploram a vastidão do aeroporto) destaca como o protagonista, mesmo cercado por milhares de pessoas, está completamente sozinho diante de uma ameaça invisível. Esse jogo visual reforça a sensação de paranoia, lembrando o que o diretor fez em "Sem Escalas".

Taron Egerton entrega uma performance sólida, sustentando a carga dramática do filme com uma presença física e emocional que lembra seu trabalho em "Black Bird". Seu Kopek é um homem pressionado por traumas do passado e pela exigência de um sistema que não perdoa erros. Jason Bateman, por sua vez, assume um papel que destoa de seus personagens mais conhecidos. Seu antagonista não é exatamente ameaçador no sentido físico, mas exerce um domínio psicológico que mantém a tensão elevada na narrativa. A escolha de Bateman para o papel pode parecer inusitada, mas funciona dentro da proposta do filme já que a dinâmica entre os dois personagens, um dos pontos altos da narrativa, se apoia em diálogos carregados de subtexto e de manipulação. O roteiro de TJ Fixman (com longa carreira escrevendo bons jogos de video-game) aposta em uma dinâmica mais cerebral do que explosiva, evitando as tradicionais sequências grandiosas de ação. Isso não significa que "Bagagem de Risco" careça de adrenalina - a tensão aqui está em cada movimento de Kopek, nas escolhas que ele precisa fazer e na dúvida sobre até que ponto ele está disposto a ceder para garantir a segurança das pessoas ao seu redor. 

O uso do tempo real na narrativa é um acerto de Collet-Serra - isso notavelmente amplifica a imersão. À medida que o relógio avança, a urgência se torna mais palpável, e o diretor utiliza isso com maestria a seu favor. No entanto o terceiro ato acaba tropeçando na sua pretensão - muito ao tentar entregar uma resolução impactante sem necessariamente justificar algumas das decisões tomadas no caminho. O fato é que têm momentos em que o roteiro se apoia em tantas conveniências narrativas para conduzir a trama ao clímax, que certamente vai frustrar aqueles mais exigentes. O que eu quero dizer é que o filme se abstém de explorar mais profundamente algumas das questões morais que ele mesmo levantou, optando por um desfecho que privilegia a ação e não a reflexão inteligente. Mesmo assim, posso dizer que "Bagagem de Risco" cumpre seu papel com um thriller eficiente e bem conduzido, que reforça a habilidade de Jaume Collet-Serra em transformar cenários cotidianos em palcos de alta tensão capaz de mexer com nossas sensações - e é isso que importa!

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