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A Baleia

Diretor
Darren Aronofsky
Elenco
Brendan Fraser, Sadie Sink, Hong Chau
Ano
2022
País
EUA

Lançamentos Drama netflix ml-real ml-relacoes ml-oscar ml-familia ml-teatro ml-gb

A Baleia

Esse filme é uma pancada! Lindo, profundo, honesto, visceral e, claro, tecnicamente perfeito, afinal estamos falando de Darren Aronofsky ("Mãe!" e "Cisne Negro"). É muito difícil analisar "A Baleia" sem pontuar sua potência narrativa - uma obra tão íntima quanto devastadora, com uma abordagem claustrofóbica e profundamente emocional. "The Whale" (no original) adapta a peça homônima de Samuel D. Hunter e explora temas como redenção, autoaceitação e, principalmente, como os impactos da dor emocional e do arrependimento podem ser devastadores. Assim como em outros trabalhos de Aronofsky, especialmente em "Réquiem para um Sonho", essa narrativa mergulha em um território psicológico dos mais desconfortáveis, revelando a complexidade das experiências de vida em sua forma mais crua e vulnerável e que inevitavelmente se reflete em um corpo cheio de simbolismos!

A história, basicamente, acompanha Charlie (Brendan Fraser), um homem recluso que luta contra a obesidade mórbida enquanto tenta se reconectar com sua filha Ellie (Sadie Sink), de quem se afastou anos antes. Vivendo em um pequeno apartamento, ele passa seus dias como professor de redação online, escondendo sua aparência dos alunos. À medida que o filme avança, descobrimos que sua compulsão alimentar é um reflexo de sua dor emocional, resultado de uma perda pessoal e de sua incapacidade de lidar com o abandono e com a culpa. Essa jornada é intensificada pelo confronto com Ellie, uma adolescente rebelde e amarga, e pela presença de Liz (Hong Chau), uma enfermeira e amiga leal que se preocupa profundamente com Charlie, mas também enfrenta sua própria frustração diante da autodestruição dele. Confira o trailer (em inglês):

Mais uma vez Darren Aronofsky traz sua assinatura visual para uma narrativa que é, em essência, teatral e contida em um único espaço. O filme utiliza uma razão de aspecto 4:3 (como das antigas TVs, mais quadradas), criando uma sensação de confinamento que reflete perfeitamente o que a vida de Charlie se tornou, tanto física quanto emocionalmente. A direção de Aronofsky enfatiza a intimidade dos diálogos e os silêncios incômodos, permitindo que cada interação do elenco se torne um espelho das dores e dos desejos reprimidos dos personagens - cada um em sua camada emocional, inclusive. A câmera de Aronofsky, mais uma vez ao lado de seu parceiro de longa data, o fotógrafo Matthew Libatique, frequentemente foca nos planos mais fechados, intensos e longos, capturando a fragilidade de Charlie e expondo para a audiência à vulnerabilidade quase sufocante de sua existência encarcerada.

O roteiro de Samuel D. Hunter, adaptado de sua própria peça, mantém a estrutura teatrall, mas em nada perde sua força no formato cinematográfico - mesmo com o filme se passando em apenas um cenário. Aliás, a dinâmica narrativa é tão boa, fluída e impactante que talvez você nem se dê conta disso! Os diálogos são incríveis ao ponto de esmagar nosso coração, equilibrando momentos de alguma esperança e muito desespero. A escrita de Hunter é hábil ao abordar questões como o impacto da culpa, os desafios do perdão e a luta contra o próprio corpo e mente com a propriedade de quem viveu o drama. O texto, embora denso, nunca se torna excessivamente didático, permitindo que os personagens "respirem" e que suas camadas sejam reveladas de forma gradual e orgânica sem nunca se afastar da realidade. E aqui é preciso citar Brendan Fraser - ele incorpora a dor e o arrependimento de seu personagem com uma autenticidade que transcende a fisicalidade do papel. Fraser transmite uma bondade inerente e uma tristeza avassaladora, tornando impossível não se conectar emocionalmente com sua jornada. Sadie Sink também merece elogios - ela é feroz e intensa, oferecendo um contraste poderoso à suavidade de Charlie, enquanto Hong Chau traz um equilíbrio perfeito de empatia e frustração como Liz, criando uma personagem que é forte e vulnerável sem errar o tom.

Dois outros pontos precisam ser analisados: o design de produção, mais minimalista, reflete a natureza enclausurada da vida de Charlie, criando uma atmosfera melancólica que reforça o peso emocional da narrativa. Já a trilha sonora de Rob Simonsen (de "Tully") é sutil, mas eficaz, pontuando os momentos de maior tensão e os raros lampejos de esperança com delicadeza. A música mixada com o desenho do som, especialmente os ruídos cotidianos e a chuva recorrente, amplificam a sensação de desconforto, nos jogando para uma experiência de fato visceral. Agora um aviso: " A Baleia" pode parecer excessivamente pesada para alguns, beirando o insuportável em certos momentos, no entanto é justamente esse caráter de crueldade que faz do filme um testemunho do poder do cinema como uma ferramenta para explorar as profundezas da experiência humana. Demais!

Vale muito o seu play!

Up-date: "A Baleia" ganhou em duas categorias no Oscar 2023: Melhor Maquiagem e Melhor Ator, além de ter recebido uma indicação para Hong Chau como coadjuvante!

Assista Agora

Esse filme é uma pancada! Lindo, profundo, honesto, visceral e, claro, tecnicamente perfeito, afinal estamos falando de Darren Aronofsky ("Mãe!" e "Cisne Negro"). É muito difícil analisar "A Baleia" sem pontuar sua potência narrativa - uma obra tão íntima quanto devastadora, com uma abordagem claustrofóbica e profundamente emocional. "The Whale" (no original) adapta a peça homônima de Samuel D. Hunter e explora temas como redenção, autoaceitação e, principalmente, como os impactos da dor emocional e do arrependimento podem ser devastadores. Assim como em outros trabalhos de Aronofsky, especialmente em "Réquiem para um Sonho", essa narrativa mergulha em um território psicológico dos mais desconfortáveis, revelando a complexidade das experiências de vida em sua forma mais crua e vulnerável e que inevitavelmente se reflete em um corpo cheio de simbolismos!

A história, basicamente, acompanha Charlie (Brendan Fraser), um homem recluso que luta contra a obesidade mórbida enquanto tenta se reconectar com sua filha Ellie (Sadie Sink), de quem se afastou anos antes. Vivendo em um pequeno apartamento, ele passa seus dias como professor de redação online, escondendo sua aparência dos alunos. À medida que o filme avança, descobrimos que sua compulsão alimentar é um reflexo de sua dor emocional, resultado de uma perda pessoal e de sua incapacidade de lidar com o abandono e com a culpa. Essa jornada é intensificada pelo confronto com Ellie, uma adolescente rebelde e amarga, e pela presença de Liz (Hong Chau), uma enfermeira e amiga leal que se preocupa profundamente com Charlie, mas também enfrenta sua própria frustração diante da autodestruição dele. Confira o trailer (em inglês):

Mais uma vez Darren Aronofsky traz sua assinatura visual para uma narrativa que é, em essência, teatral e contida em um único espaço. O filme utiliza uma razão de aspecto 4:3 (como das antigas TVs, mais quadradas), criando uma sensação de confinamento que reflete perfeitamente o que a vida de Charlie se tornou, tanto física quanto emocionalmente. A direção de Aronofsky enfatiza a intimidade dos diálogos e os silêncios incômodos, permitindo que cada interação do elenco se torne um espelho das dores e dos desejos reprimidos dos personagens - cada um em sua camada emocional, inclusive. A câmera de Aronofsky, mais uma vez ao lado de seu parceiro de longa data, o fotógrafo Matthew Libatique, frequentemente foca nos planos mais fechados, intensos e longos, capturando a fragilidade de Charlie e expondo para a audiência à vulnerabilidade quase sufocante de sua existência encarcerada.

O roteiro de Samuel D. Hunter, adaptado de sua própria peça, mantém a estrutura teatrall, mas em nada perde sua força no formato cinematográfico - mesmo com o filme se passando em apenas um cenário. Aliás, a dinâmica narrativa é tão boa, fluída e impactante que talvez você nem se dê conta disso! Os diálogos são incríveis ao ponto de esmagar nosso coração, equilibrando momentos de alguma esperança e muito desespero. A escrita de Hunter é hábil ao abordar questões como o impacto da culpa, os desafios do perdão e a luta contra o próprio corpo e mente com a propriedade de quem viveu o drama. O texto, embora denso, nunca se torna excessivamente didático, permitindo que os personagens "respirem" e que suas camadas sejam reveladas de forma gradual e orgânica sem nunca se afastar da realidade. E aqui é preciso citar Brendan Fraser - ele incorpora a dor e o arrependimento de seu personagem com uma autenticidade que transcende a fisicalidade do papel. Fraser transmite uma bondade inerente e uma tristeza avassaladora, tornando impossível não se conectar emocionalmente com sua jornada. Sadie Sink também merece elogios - ela é feroz e intensa, oferecendo um contraste poderoso à suavidade de Charlie, enquanto Hong Chau traz um equilíbrio perfeito de empatia e frustração como Liz, criando uma personagem que é forte e vulnerável sem errar o tom.

Dois outros pontos precisam ser analisados: o design de produção, mais minimalista, reflete a natureza enclausurada da vida de Charlie, criando uma atmosfera melancólica que reforça o peso emocional da narrativa. Já a trilha sonora de Rob Simonsen (de "Tully") é sutil, mas eficaz, pontuando os momentos de maior tensão e os raros lampejos de esperança com delicadeza. A música mixada com o desenho do som, especialmente os ruídos cotidianos e a chuva recorrente, amplificam a sensação de desconforto, nos jogando para uma experiência de fato visceral. Agora um aviso: " A Baleia" pode parecer excessivamente pesada para alguns, beirando o insuportável em certos momentos, no entanto é justamente esse caráter de crueldade que faz do filme um testemunho do poder do cinema como uma ferramenta para explorar as profundezas da experiência humana. Demais!

Vale muito o seu play!

Up-date: "A Baleia" ganhou em duas categorias no Oscar 2023: Melhor Maquiagem e Melhor Ator, além de ter recebido uma indicação para Hong Chau como coadjuvante!

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