Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.
Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:
De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!
Agora vamos falar de Greg Barker,, diretor do filme! Em 2009 ele dirigiu um ótimo documentário sobre o próprio Sergio Vieira de Mello, então é de pressupor que não existiria profissional melhor para orientar a criação do roteiro - como diretor, lógico, mas como especialista no assunto! Porém Barker não assina o roteiro e se ele, por acaso, orientou Craig Borten (Os 33) para escrever um lado de Sergio pouco explorado no seu documentário, ele que definiu a superficialidade que o filme se tornou! O roteiro intercala a tentativa de resgatar Sergio dos escombros logo após o ataque terrorista com passagens de sua vida como diplomata, como pai e como, meu Deus, amante! Essa estratégia até funciona como conceito narrativo, ela cria uma dinâmica interessante para o filme - e aqui eu posso afirmar: não é a forma, o problema é o conteúdo! Quando vemos Sergio discutindo com um representante americano no processo de reconstrução do Iraque logo no inicio do filme, temos a impressão que as intrigas políticas vão dar o tom - mais ou menos como "O Relatório" mostrou - que nada, tudo não passa de uma bengala para mostrar a força diplomática de Mello e sua personalidade. No próprio processo de independência do Timor Leste, marco na carreira do brasileiro, todas as cenas não tem a menor tensão - poxa, imagina ter que lidar com revolucionários e criminosos de guerra como diz na própria sinopse - imaginem o nível de angustia, insegurança e até de medo que deve ser? Mas você não encontra muito disso no filme, ele serve apenas para conhecer alguns detalhes de história, só que explorados bem superficialmente!
Como diretor em si, Greg Barker não entrega um filme ruim não, mas ele deve metade dos elogios para o Wagner Moura e para Ana de Armas e a outra metade para o fotógrafo Adrian Teijido - que trabalhou com Moura em "Marighella" e "Narcos". Tem uma cena, onde Sergio Vieira de Mello vai conversar com uma senhora do Timor Leste e ela conta o que espera da vida e do seu futuro. O texto é interessante, com uma certa poesia, com o Wagner segurando a cena com muita generosidade, mas a senhora é pessimamente dirigida, deixando sua fala falsa, com um atuação terrível de ruim - não sei nem se a senhora é atriz, mas o fato é que a cena está lá e o resultado é constrangedor. As soluções criativas de Barker são muito fracas! Sério, esse filme na mão de um Fernando Meirelles com um roteiro do Bráulio Mantovani seria outro nível!
Pode até parecer que eu não gostei do filme, mas não é o caso - o filme vai bem como entretenimento, o que incomoda é saber que uma boa história foi contada da forma errada - vocês lembram daquele primeiro filme do Steve Jobs de 2013? Depois comparem com o filme do Danny Boyle e do Aaron Sorkin de 2015! Esse é o meu sentimento - uma boa história funciona muito melhor na mão de quem sabe! Como disse anteriormente, "Sergio" serve para conhecermos sua história, mesmo que superficialmente, mas com uma carga bem importante para nós brasileiros - ainda mais nos dias de hoje!
Vale o play, claro, mas não crie as altas expectativas que eu criei!
Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.
Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:
De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!
Agora vamos falar de Greg Barker,, diretor do filme! Em 2009 ele dirigiu um ótimo documentário sobre o próprio Sergio Vieira de Mello, então é de pressupor que não existiria profissional melhor para orientar a criação do roteiro - como diretor, lógico, mas como especialista no assunto! Porém Barker não assina o roteiro e se ele, por acaso, orientou Craig Borten (Os 33) para escrever um lado de Sergio pouco explorado no seu documentário, ele que definiu a superficialidade que o filme se tornou! O roteiro intercala a tentativa de resgatar Sergio dos escombros logo após o ataque terrorista com passagens de sua vida como diplomata, como pai e como, meu Deus, amante! Essa estratégia até funciona como conceito narrativo, ela cria uma dinâmica interessante para o filme - e aqui eu posso afirmar: não é a forma, o problema é o conteúdo! Quando vemos Sergio discutindo com um representante americano no processo de reconstrução do Iraque logo no inicio do filme, temos a impressão que as intrigas políticas vão dar o tom - mais ou menos como "O Relatório" mostrou - que nada, tudo não passa de uma bengala para mostrar a força diplomática de Mello e sua personalidade. No próprio processo de independência do Timor Leste, marco na carreira do brasileiro, todas as cenas não tem a menor tensão - poxa, imagina ter que lidar com revolucionários e criminosos de guerra como diz na própria sinopse - imaginem o nível de angustia, insegurança e até de medo que deve ser? Mas você não encontra muito disso no filme, ele serve apenas para conhecer alguns detalhes de história, só que explorados bem superficialmente!
Como diretor em si, Greg Barker não entrega um filme ruim não, mas ele deve metade dos elogios para o Wagner Moura e para Ana de Armas e a outra metade para o fotógrafo Adrian Teijido - que trabalhou com Moura em "Marighella" e "Narcos". Tem uma cena, onde Sergio Vieira de Mello vai conversar com uma senhora do Timor Leste e ela conta o que espera da vida e do seu futuro. O texto é interessante, com uma certa poesia, com o Wagner segurando a cena com muita generosidade, mas a senhora é pessimamente dirigida, deixando sua fala falsa, com um atuação terrível de ruim - não sei nem se a senhora é atriz, mas o fato é que a cena está lá e o resultado é constrangedor. As soluções criativas de Barker são muito fracas! Sério, esse filme na mão de um Fernando Meirelles com um roteiro do Bráulio Mantovani seria outro nível!
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