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A Cabana

Antes de mais nada é preciso dizer que assisti "A Cabana" sem ter lido o livro, então vou basear minha análise exclusivamente no filme. Eu gosto muito do assunto e levando em consideração que o filme não poderia ser muito mais longo do que foi (o que deve ter deixado o roteirista que adaptou a obra maluco), eu gostei; mas, infelizmente, não é um filme daqueles inesquecíveis - o que me chateia um pouco, pois a história (e todo contexto que envolveu a produção) tinha potencial para ser!

O filme conta a história de Mack Phillips (Sam Worthington​) que, depois de sofrer uma tragédia familiar, entra em uma profunda depressão, que o faz questionar suas crenças mais íntimas. Diante de uma crise de fé, ele recebe uma carta misteriosa convidando ele para ir até uma cabana abandonada. Mesmo sem a aprovação dos mais próximos, Mack inicia uma jornada na busca por algumas respostas e acaba encontrando verdades tão significativas que transformam seu entendimento sobre a tragédia que abalou sua família e que vai fazer com que sua vida mude para sempre. Confira o trailer:

Inspirada no best-seller de William P. Young, "A Cabana"  é o típico filme "Sessão da Tarde" - o que nesse caso nem é depreciativo, mas que claramente foi produzido para todo mundo assistir e, principalmente, para todo mundo se emocionar! Embora o roteiro module uma certa profundidade reflexiva ao colocar fortes elementos religiosos como "Deus" (ou Papa) personagem interpretado pela excelente Octavia Spencer, "Jesus" do também elogiado Avraham Aviv Alush e o "Espírito Santo" (ou Sarayu) de Sumire Matsubara, em um contexto interessante sobre o perdão e a culpa que nos consome, a estrutura narrativa escolhida não se aprofunda no elemento que mais importaria para o filme: a dor - e aí, um filme como "Amor além da Vida" (1998) se sobressai em relação "A Cabana"!

Vale o play? Sim, mas não espere nada mais que um filme água com açúcar, com um tema ótimo, uma discussão conceitual pertinente e alguma emoção!

Assista Agora

Antes de mais nada é preciso dizer que assisti "A Cabana" sem ter lido o livro, então vou basear minha análise exclusivamente no filme. Eu gosto muito do assunto e levando em consideração que o filme não poderia ser muito mais longo do que foi (o que deve ter deixado o roteirista que adaptou a obra maluco), eu gostei; mas, infelizmente, não é um filme daqueles inesquecíveis - o que me chateia um pouco, pois a história (e todo contexto que envolveu a produção) tinha potencial para ser!

O filme conta a história de Mack Phillips (Sam Worthington​) que, depois de sofrer uma tragédia familiar, entra em uma profunda depressão, que o faz questionar suas crenças mais íntimas. Diante de uma crise de fé, ele recebe uma carta misteriosa convidando ele para ir até uma cabana abandonada. Mesmo sem a aprovação dos mais próximos, Mack inicia uma jornada na busca por algumas respostas e acaba encontrando verdades tão significativas que transformam seu entendimento sobre a tragédia que abalou sua família e que vai fazer com que sua vida mude para sempre. Confira o trailer:

Inspirada no best-seller de William P. Young, "A Cabana"  é o típico filme "Sessão da Tarde" - o que nesse caso nem é depreciativo, mas que claramente foi produzido para todo mundo assistir e, principalmente, para todo mundo se emocionar! Embora o roteiro module uma certa profundidade reflexiva ao colocar fortes elementos religiosos como "Deus" (ou Papa) personagem interpretado pela excelente Octavia Spencer, "Jesus" do também elogiado Avraham Aviv Alush e o "Espírito Santo" (ou Sarayu) de Sumire Matsubara, em um contexto interessante sobre o perdão e a culpa que nos consome, a estrutura narrativa escolhida não se aprofunda no elemento que mais importaria para o filme: a dor - e aí, um filme como "Amor além da Vida" (1998) se sobressai em relação "A Cabana"!

Vale o play? Sim, mas não espere nada mais que um filme água com açúcar, com um tema ótimo, uma discussão conceitual pertinente e alguma emoção!

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A Guerra do Amanhã

"A Guerra do Amanhã" é um típico filme de ação com toques de ficção cientifica que mistura viagem no tempo, aliens, fim do mundo e relações familiares. Sim, é isso mesmo: é como se o roteirista Zach Dean (A fuga) tivesse buscado os principais elementos narrativos de vários filmes do passado para construir a sua história - uma mistura de "Independence Day", "Armageddon" e "Alien". 

Em plena final da Copa do Mundo de 2022 (onde, inclusive, o Brasil está prestes a fazer o seu gol), um exército chega do futuro para pedir socorro já que a humanidade está perdendo uma batalha global contra uma espécie mortal de alienígenas em 2051. Para garantir a sobrevivência dos humanos, soldados e civis do presente são recrutados e enviados para o futuro para continuar uma luta que parece ser em vão. Determinado a salvar o mundo por sua filha, Dan Forester (Chris Pratt) se une a uma cientista brilhante e a seu pai afastado para reescrever o destino do planeta. Confira o trailer:

Produzido originalmente pela Paramount Pictures, almejando um grande lançamento cinematográfico, o filme acabou sendo adquirido pela Amazon Studios e chegando no catálogo do Prime Vídeo de onde se transformou na maior estreia da história do serviço de streaming (pelo menos até o momento em que escrevemos esse review). Claramente referenciado por alguns jogos de video game como "Halo" ou "Destiny", o filme é entretenimento puro, ou seja, não espere um roteiro profundo, cheio de discussões existenciais ou construções narrativas surpreendentes. O filme é ação pura, em três cenários distintos, com objetivos e missões se renovando em cada ato, e com uma dinâmica totalmente ajustada ao gênero - de fato como um bom game. 

Será preciso um boa dose de suspensão da realidade, mesmo considerando que essa realidade é uma ficção cientifica. O roteiro vai muito bem nos dois primeiros atos e talvez vacile no terceiro, porém não deve ser cobrado por isso já que ele entrega ação, tiros e pancadaria - ponto final! Algumas soluções são infantis? Sim. Temos a sensação de já termos assistido algo parecido? Muito. Mesmo assim é divertido? Completamente.

Tecnicamente muito bem dirigido pelo ótimo Chris McKay (LEGO Batman: O Filme), "A Guerra do Amanhã" tem um design de produção fantástico,  especialmente com uma criatura muito bem concebida pelo Ken Barthelmey, das franquias "Maze Runner" e "Animais Fantásticos" - digno de Oscar e no nível de "Alien". Outro ponto que merece destaque são as ótimas sequências de ação - muito bem realizadas. Os efeitos visuais também não decepcionam e o Desenho de Som e Mixagem são incríveis! De fato teríamos uma ótima experiência cinematográfica se esse fosse o caso!

"A Guerra do Amanhã" é tão previsível quanto divertido! O filme se beneficia especialmente do carisma de Chris Pratt e de uma química bastante honesta com Yvonne Strahovski. Os aliens criam uma sensação de terror e desespero, dando a real situação de caos - completamente imersiva. Mesmo não sendo um exemplo de originalidade, posso dizer que para os fãs de ação e "ficção científica pipoca", o filme será uma ótima pedida. Então aumente o som, assista na maior tela que puder e dê play - nessas condições a experiência será das mais bacanas! 

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"A Guerra do Amanhã" é um típico filme de ação com toques de ficção cientifica que mistura viagem no tempo, aliens, fim do mundo e relações familiares. Sim, é isso mesmo: é como se o roteirista Zach Dean (A fuga) tivesse buscado os principais elementos narrativos de vários filmes do passado para construir a sua história - uma mistura de "Independence Day", "Armageddon" e "Alien". 

Em plena final da Copa do Mundo de 2022 (onde, inclusive, o Brasil está prestes a fazer o seu gol), um exército chega do futuro para pedir socorro já que a humanidade está perdendo uma batalha global contra uma espécie mortal de alienígenas em 2051. Para garantir a sobrevivência dos humanos, soldados e civis do presente são recrutados e enviados para o futuro para continuar uma luta que parece ser em vão. Determinado a salvar o mundo por sua filha, Dan Forester (Chris Pratt) se une a uma cientista brilhante e a seu pai afastado para reescrever o destino do planeta. Confira o trailer:

Produzido originalmente pela Paramount Pictures, almejando um grande lançamento cinematográfico, o filme acabou sendo adquirido pela Amazon Studios e chegando no catálogo do Prime Vídeo de onde se transformou na maior estreia da história do serviço de streaming (pelo menos até o momento em que escrevemos esse review). Claramente referenciado por alguns jogos de video game como "Halo" ou "Destiny", o filme é entretenimento puro, ou seja, não espere um roteiro profundo, cheio de discussões existenciais ou construções narrativas surpreendentes. O filme é ação pura, em três cenários distintos, com objetivos e missões se renovando em cada ato, e com uma dinâmica totalmente ajustada ao gênero - de fato como um bom game. 

Será preciso um boa dose de suspensão da realidade, mesmo considerando que essa realidade é uma ficção cientifica. O roteiro vai muito bem nos dois primeiros atos e talvez vacile no terceiro, porém não deve ser cobrado por isso já que ele entrega ação, tiros e pancadaria - ponto final! Algumas soluções são infantis? Sim. Temos a sensação de já termos assistido algo parecido? Muito. Mesmo assim é divertido? Completamente.

Tecnicamente muito bem dirigido pelo ótimo Chris McKay (LEGO Batman: O Filme), "A Guerra do Amanhã" tem um design de produção fantástico,  especialmente com uma criatura muito bem concebida pelo Ken Barthelmey, das franquias "Maze Runner" e "Animais Fantásticos" - digno de Oscar e no nível de "Alien". Outro ponto que merece destaque são as ótimas sequências de ação - muito bem realizadas. Os efeitos visuais também não decepcionam e o Desenho de Som e Mixagem são incríveis! De fato teríamos uma ótima experiência cinematográfica se esse fosse o caso!

"A Guerra do Amanhã" é tão previsível quanto divertido! O filme se beneficia especialmente do carisma de Chris Pratt e de uma química bastante honesta com Yvonne Strahovski. Os aliens criam uma sensação de terror e desespero, dando a real situação de caos - completamente imersiva. Mesmo não sendo um exemplo de originalidade, posso dizer que para os fãs de ação e "ficção científica pipoca", o filme será uma ótima pedida. Então aumente o som, assista na maior tela que puder e dê play - nessas condições a experiência será das mais bacanas! 

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A História Pessoal de David Copperfield

Antes de mais nada é preciso alertar os mais desavisados: "A História Pessoal de David Copperfield" não é sobre o mágico e sim sobre o clássico personagem de Charles Dickens! Pode até parecer engraçado esse aviso, mas é justamente ele que vai alinhar as expectativas para o que veremos adiante em quase duas horas de filme: uma adaptação inteligente na sua escrita e com um conceito visual extremamente lúdico, porém basicamente teatral - muito usado nas adaptações para a tela de musicais da Broadway.

"The Personal History of David Copperfield" segue fielmente a premissa do romance original. Ambientada no século XIX, essa é a história do jovem David Copperfield (Dev Patel), órfão de pai e vivendo na miséria, que tenta superar todos os obstáculos para conseguir a vida que acredita merecer. Confira o trailer (em inglês):

O impacto visual do filme é imediato, porém o tom escolhido para contar essa história parece tirado de um espetáculo de teatro - das composições cênicas ao estilo mais caricato das interpretações, obviamente passando pelo cenário, pelo figurino e até pela fotografia do premiado diretor Zac Nicholson. E aqui cabe uma curiosidade: Nicholson foi da equipe de fotografia da adaptação para o cinema de Tom Hooper para "Les Miserables" e é muito fácil encontrar inúmeras referências entre as duas obras em todo conceito estético. Com um elenco carregado de pesos-pesados como Tilda Swinton (a Betsey Trotwood) e Hugh Laurie (o impagável Mr Dick) o roteiro se apropria do talento para impor um tom leve e facilmente cativante para assuntos tão complexos - em muitos momentos temos a nítida impressão que estamos assistindo um espetáculo de commedia dell'arte. Dev Patel como protagonista está perfeito - ao lidar com figuras cada vez mais excêntricas, ele transforma a sua inocência em humanidade de um forma impressionante. Digna de prêmios!

Partindo de uma série de piadas inteligentes, cheias de duplo sentido e trocadilhos divertidos, o filme parece até não engatar - já que o peso dramático praticamente se desfaz com a forma escolhida para contar a história. isso não é necessariamente um problema para quem conhece a literatura de Dickens, mas certamente vai afastar um público preocupado com conflitos menos existenciais. O diretor Armando Iannucci, conhecido por sátiras políticas como "A Morte de Stalin" e a premiada série "Veep", da HBO usa e abusa de transições criativas e de uma montagem bastante dinâmica para minimizar o peso literário da obra - as vezes funciona, outras nem tanto!

O fato é que "A História Pessoal de David Copperfield" não vai agradar a todos, mas para os amantes da literatura clássica e do teatro inglês, o filme entrega uma excelente jornada de superação e otimismo sem ser piegas - existe muita honestidade nos personagens, mesmo que esteriotipados pelo conceito narrativo e visual. Continua sendo um drama, mas fantasiado de comédia e para um público bastante específico.

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Antes de mais nada é preciso alertar os mais desavisados: "A História Pessoal de David Copperfield" não é sobre o mágico e sim sobre o clássico personagem de Charles Dickens! Pode até parecer engraçado esse aviso, mas é justamente ele que vai alinhar as expectativas para o que veremos adiante em quase duas horas de filme: uma adaptação inteligente na sua escrita e com um conceito visual extremamente lúdico, porém basicamente teatral - muito usado nas adaptações para a tela de musicais da Broadway.

"The Personal History of David Copperfield" segue fielmente a premissa do romance original. Ambientada no século XIX, essa é a história do jovem David Copperfield (Dev Patel), órfão de pai e vivendo na miséria, que tenta superar todos os obstáculos para conseguir a vida que acredita merecer. Confira o trailer (em inglês):

O impacto visual do filme é imediato, porém o tom escolhido para contar essa história parece tirado de um espetáculo de teatro - das composições cênicas ao estilo mais caricato das interpretações, obviamente passando pelo cenário, pelo figurino e até pela fotografia do premiado diretor Zac Nicholson. E aqui cabe uma curiosidade: Nicholson foi da equipe de fotografia da adaptação para o cinema de Tom Hooper para "Les Miserables" e é muito fácil encontrar inúmeras referências entre as duas obras em todo conceito estético. Com um elenco carregado de pesos-pesados como Tilda Swinton (a Betsey Trotwood) e Hugh Laurie (o impagável Mr Dick) o roteiro se apropria do talento para impor um tom leve e facilmente cativante para assuntos tão complexos - em muitos momentos temos a nítida impressão que estamos assistindo um espetáculo de commedia dell'arte. Dev Patel como protagonista está perfeito - ao lidar com figuras cada vez mais excêntricas, ele transforma a sua inocência em humanidade de um forma impressionante. Digna de prêmios!

Partindo de uma série de piadas inteligentes, cheias de duplo sentido e trocadilhos divertidos, o filme parece até não engatar - já que o peso dramático praticamente se desfaz com a forma escolhida para contar a história. isso não é necessariamente um problema para quem conhece a literatura de Dickens, mas certamente vai afastar um público preocupado com conflitos menos existenciais. O diretor Armando Iannucci, conhecido por sátiras políticas como "A Morte de Stalin" e a premiada série "Veep", da HBO usa e abusa de transições criativas e de uma montagem bastante dinâmica para minimizar o peso literário da obra - as vezes funciona, outras nem tanto!

O fato é que "A História Pessoal de David Copperfield" não vai agradar a todos, mas para os amantes da literatura clássica e do teatro inglês, o filme entrega uma excelente jornada de superação e otimismo sem ser piegas - existe muita honestidade nos personagens, mesmo que esteriotipados pelo conceito narrativo e visual. Continua sendo um drama, mas fantasiado de comédia e para um público bastante específico.

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Anna

"Anna" é aquele típico filme de ação e espionagem anos 90, com um pouco mais de sangue! Se você gostou de "Nikita" (1990) e "A Assassina" (1993) você não pode deixar de assistir o filme de Luc Besson (de "O Quinto Elemento"). Como seus antecessores, não espere de "Anna" um filme digno de Oscar, mas um entretenimento despretensioso muito bem filmado - Besson continua em forma! Tendo como pano de fundo o mundo da moda parisiense ou uma charmosa Moscou, "Anna" mistura elegância com pancadaria em uma história que, mesmo sem grande profundidade, diverte do começo ao fim.

"Anna" mostra a história de uma jovem russa que vive em meio a um relacionamento abusivo na Moscou dos anos 90, até receber a visita do agente da KGB, Alex Tchenkov, que lhe oferece uma oportunidade única de mudar de vida. Por causa de algumas habilidades específicas, Anna foi selecionada para participar de um programa de treinamento ultra-secreto da agência soviética para missões especiais. Sem muita opção, e isso fica claro depois de uma sequência marcante do filme, ela acaba aceitando a proposta de Tchenkov: 5 anos trabalhando "full-time" para o governo e depois liberdade total para seguir sua vida. Como todo filme de espionagem que se preze, obviamente, as coisas não saem como esperado e Anna acaba sendo obrigada a lidar com uma série de missões suicidas ao mesmo tempo em que busca uma outra maneira de recomeçar sua vida sem o peso de ser uma assassina à serviço da União Soviética.

É preciso dizer que o diretor Luc Besson realmente conhece a gramatica cinematográfica de filmes de ação. "Anna" tem de tudo: perseguição nas ruas de Moscou, pancadaria em restaurante de luxo, missões quase impossíveis em hotéis, parques e até no quartel general da KGB (aqui a referência é até mais anos 80 do que 90. mas mesmo assim muito divertida), disfarces, espionagem e tudo que o gênero tem direito! O bacana do roteiro é a estrutura não-linear como a história é contada - confesso que essa dinâmica acaba cansando um pouco, mas não há como negar também, que ajuda (e muito) na narrativa e na dinâmica do filme. Ter Moscou e Paris como locações dá um charme para fotografia que inclusive, funciona muito nas cenas de luta - super bem coreografadas ao melhor estilo "Demolidor" (Netflix).

"Anna" é um conjunto de clichês que combinados funciona exatamente como tem que funcionar!!! É um excelente exemplo de um filme muito bem realizado sem a pretenção de se tornar uma obra inesquecível, mas que proporciona duas horas de entretenimento puro! Eu me diverti, mesmo não sendo um grande fã de filmes de ação e confesso que me surpreendi com a qualidade do trabalho da Sasha Luss - que além de linda, mostra segurança como atriz nos momentos que a personagem mais exigiu dela. Vale o ingresso, e se vier com um balde de pipoca e a desprendimento de aceitar que o filme é só um thriller de espionagem e ação, a experiência melhora muito!!!

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"Anna" é aquele típico filme de ação e espionagem anos 90, com um pouco mais de sangue! Se você gostou de "Nikita" (1990) e "A Assassina" (1993) você não pode deixar de assistir o filme de Luc Besson (de "O Quinto Elemento"). Como seus antecessores, não espere de "Anna" um filme digno de Oscar, mas um entretenimento despretensioso muito bem filmado - Besson continua em forma! Tendo como pano de fundo o mundo da moda parisiense ou uma charmosa Moscou, "Anna" mistura elegância com pancadaria em uma história que, mesmo sem grande profundidade, diverte do começo ao fim.

"Anna" mostra a história de uma jovem russa que vive em meio a um relacionamento abusivo na Moscou dos anos 90, até receber a visita do agente da KGB, Alex Tchenkov, que lhe oferece uma oportunidade única de mudar de vida. Por causa de algumas habilidades específicas, Anna foi selecionada para participar de um programa de treinamento ultra-secreto da agência soviética para missões especiais. Sem muita opção, e isso fica claro depois de uma sequência marcante do filme, ela acaba aceitando a proposta de Tchenkov: 5 anos trabalhando "full-time" para o governo e depois liberdade total para seguir sua vida. Como todo filme de espionagem que se preze, obviamente, as coisas não saem como esperado e Anna acaba sendo obrigada a lidar com uma série de missões suicidas ao mesmo tempo em que busca uma outra maneira de recomeçar sua vida sem o peso de ser uma assassina à serviço da União Soviética.

É preciso dizer que o diretor Luc Besson realmente conhece a gramatica cinematográfica de filmes de ação. "Anna" tem de tudo: perseguição nas ruas de Moscou, pancadaria em restaurante de luxo, missões quase impossíveis em hotéis, parques e até no quartel general da KGB (aqui a referência é até mais anos 80 do que 90. mas mesmo assim muito divertida), disfarces, espionagem e tudo que o gênero tem direito! O bacana do roteiro é a estrutura não-linear como a história é contada - confesso que essa dinâmica acaba cansando um pouco, mas não há como negar também, que ajuda (e muito) na narrativa e na dinâmica do filme. Ter Moscou e Paris como locações dá um charme para fotografia que inclusive, funciona muito nas cenas de luta - super bem coreografadas ao melhor estilo "Demolidor" (Netflix).

"Anna" é um conjunto de clichês que combinados funciona exatamente como tem que funcionar!!! É um excelente exemplo de um filme muito bem realizado sem a pretenção de se tornar uma obra inesquecível, mas que proporciona duas horas de entretenimento puro! Eu me diverti, mesmo não sendo um grande fã de filmes de ação e confesso que me surpreendi com a qualidade do trabalho da Sasha Luss - que além de linda, mostra segurança como atriz nos momentos que a personagem mais exigiu dela. Vale o ingresso, e se vier com um balde de pipoca e a desprendimento de aceitar que o filme é só um thriller de espionagem e ação, a experiência melhora muito!!!

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Capitão Fantástico

Capitão Fantástico

Existem duas formas de enxergar "Capitão Fantástico": a primeira com um viés político-social e o segundo a partir da profunda relação familiar estabelecida pelo protagonista e seus filhos. De todo modo, é possível refletir seja qual for o caminho que a audiência escolher - mas é inegável que a alma do roteiro está na jornada de descoberta dos personagens como "família"! Então, antes de mais nada, um conselho: não se apegue ao discurso negacionista sobre os valores do liberalismo econômico em detrimento de uma vida livre e igualitária - o filme é bem melhor que isso, mesmo que certas escolhas sejam interessantes do ponto de vista de conflito (mas a linha crítica é tênue, muito tênue).

Em meio à floresta do Noroeste Pacífico, isolado da sociedade, um devoto pai, Ben (Viggo Mortensen), dedica sua vida a transformar seus seis jovens filhos em adultos extraordinários. Mas, quando uma tragédia atinge a família, eles são forçados a deixar seu paraíso e iniciar uma jornada pelo mundo exterior – um mundo que desafia a ideia do que realmente é ser pai, traz à tona tudo o que ele ensinou e queagora talvez não seja o ideal para seus filhos enfrentarem o que vem pela frente. Confira o trailer:

Um homem que cria seus filhos em uma casa simples no meio da mata, onde ensina desde sobrevivência na selva até o mais erudito da literatura e da música, sempre baseado nos princípios de sociedade ideal de Noam Chomsky, precisa, no mínimo, ser estudado. Porém o roteiro do também diretor e ator Matt Ross (sim ele é o Gavin Belson de "Silicon Valley") vai além: ele se propõe a dissecar várias camadas sociais e artísticas diferentes e que certamente vão provocar inúmeras discussões - e é ai que o filme insere um elemento primordial para nossa conexão que é o valor de tudo isso no crescimento dos nossos filhos e como o mundo vai recebe-los quando eles resolverem voar com as próprias asas. Pela voz do protagonista, vamos ouvir críticas sobre o patético (para alguns) e auto-destrutivo estilo de vida americano baseado no consumo e na ostentação, mas também ótimas reflexões sobre o robotizado (e falido há muito tempo) método de ensino que incentiva os alunos a decorarem a matéria para passar de ano e não para explorarem sua criatividade e capacidade analítica.

Muita coisa fará sentido no discurso de Ben, mas será no embate (quase sempre muito pacífico) com quem não concorda com ele, que "Capitão Fantástico" ganha força como obra dramática - as cenas entre Ben e sua irmã Harper (Kathryn Hahn) são sensacionais. Embora o filme enfoque um mood de road movie tradicional, onde a jornada é mais importante que o objetivo final, é no processo de amadurecimento dos personagens que nos conectamos emocionalmente com a história. São passagens muito emocionantes, com Mortensen mais uma vez dando um show (tanto que ele foi indicado ao Oscar por essa performance). Outro destaque do elenco, GeorgeMacKay como o jovem e inocente Bodevan funciona como um ótimo alívio cômico - a cena dele depois de beijar uma garota pela primeira vez é impagável.

Matt Ross é eficiente em equilibrar um texto provocador com imagens que misturam planos fechados dos atores em momentos extremamente introspectivos com planos abertos de tirar o fôlego, priorizando a natureza e a sensação de liberdade dos personagens - é de fato mais um lindo e competente trabalho da fotógrafa Stéphane Fontaine ("Ferrugem e Osso" e "Jackie"). Dito isso, "Capitão Fantástico" vai te provocar interessantes reflexões, alguns julgamentos e até alguma repulsa (principalmente na primeira sequência do filme), mas tenha em mente que depois desse impacto a narrativa vai por uma trilha mais leve, de resignação e que, mesmo com todas as críticas, culmina em uma interessante e previsível catarse que faz valer o seu play! 

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Existem duas formas de enxergar "Capitão Fantástico": a primeira com um viés político-social e o segundo a partir da profunda relação familiar estabelecida pelo protagonista e seus filhos. De todo modo, é possível refletir seja qual for o caminho que a audiência escolher - mas é inegável que a alma do roteiro está na jornada de descoberta dos personagens como "família"! Então, antes de mais nada, um conselho: não se apegue ao discurso negacionista sobre os valores do liberalismo econômico em detrimento de uma vida livre e igualitária - o filme é bem melhor que isso, mesmo que certas escolhas sejam interessantes do ponto de vista de conflito (mas a linha crítica é tênue, muito tênue).

Em meio à floresta do Noroeste Pacífico, isolado da sociedade, um devoto pai, Ben (Viggo Mortensen), dedica sua vida a transformar seus seis jovens filhos em adultos extraordinários. Mas, quando uma tragédia atinge a família, eles são forçados a deixar seu paraíso e iniciar uma jornada pelo mundo exterior – um mundo que desafia a ideia do que realmente é ser pai, traz à tona tudo o que ele ensinou e queagora talvez não seja o ideal para seus filhos enfrentarem o que vem pela frente. Confira o trailer:

Um homem que cria seus filhos em uma casa simples no meio da mata, onde ensina desde sobrevivência na selva até o mais erudito da literatura e da música, sempre baseado nos princípios de sociedade ideal de Noam Chomsky, precisa, no mínimo, ser estudado. Porém o roteiro do também diretor e ator Matt Ross (sim ele é o Gavin Belson de "Silicon Valley") vai além: ele se propõe a dissecar várias camadas sociais e artísticas diferentes e que certamente vão provocar inúmeras discussões - e é ai que o filme insere um elemento primordial para nossa conexão que é o valor de tudo isso no crescimento dos nossos filhos e como o mundo vai recebe-los quando eles resolverem voar com as próprias asas. Pela voz do protagonista, vamos ouvir críticas sobre o patético (para alguns) e auto-destrutivo estilo de vida americano baseado no consumo e na ostentação, mas também ótimas reflexões sobre o robotizado (e falido há muito tempo) método de ensino que incentiva os alunos a decorarem a matéria para passar de ano e não para explorarem sua criatividade e capacidade analítica.

Muita coisa fará sentido no discurso de Ben, mas será no embate (quase sempre muito pacífico) com quem não concorda com ele, que "Capitão Fantástico" ganha força como obra dramática - as cenas entre Ben e sua irmã Harper (Kathryn Hahn) são sensacionais. Embora o filme enfoque um mood de road movie tradicional, onde a jornada é mais importante que o objetivo final, é no processo de amadurecimento dos personagens que nos conectamos emocionalmente com a história. São passagens muito emocionantes, com Mortensen mais uma vez dando um show (tanto que ele foi indicado ao Oscar por essa performance). Outro destaque do elenco, GeorgeMacKay como o jovem e inocente Bodevan funciona como um ótimo alívio cômico - a cena dele depois de beijar uma garota pela primeira vez é impagável.

Matt Ross é eficiente em equilibrar um texto provocador com imagens que misturam planos fechados dos atores em momentos extremamente introspectivos com planos abertos de tirar o fôlego, priorizando a natureza e a sensação de liberdade dos personagens - é de fato mais um lindo e competente trabalho da fotógrafa Stéphane Fontaine ("Ferrugem e Osso" e "Jackie"). Dito isso, "Capitão Fantástico" vai te provocar interessantes reflexões, alguns julgamentos e até alguma repulsa (principalmente na primeira sequência do filme), mas tenha em mente que depois desse impacto a narrativa vai por uma trilha mais leve, de resignação e que, mesmo com todas as críticas, culmina em uma interessante e previsível catarse que faz valer o seu play! 

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Corra

"Get Out" (título original) talvez seja o maior exemplo de um marketing mal feito: o cartaz e o nome em português, "Corra", devem ter afastado muita gente (inclusive eu), o que é uma pena porque o filme é muito mais do que aquela estrutura superficial de humor negro que foi apresentada.

Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) são namorados há já algum tempo. Com o evoluir da relação, ela acha que chegou o momento de apresentar o namorado para os pais, Missy (Catherine Keener) e Dean (Bradley Whitford). Ela, então, resolve convidá-lo para uma reunião familiar que todos os anos os pais organizam em sua casa, numa zona rural dos EUA. Apesar de alguma relutância por parte de Chris, Rose acha que não há a menor necessidade de avisar seus pais, que ela considera cultos e esclarecidos, o fato de que ele é negro. Quando chegam ao evento, apesar de toda a simpatia com que é tratado, Chris percebe que algo de muito estranho se passa naquela casa e com aqueles convidados. Quando ele resolve fugir daquele ambiente bizarro e um pouco claustrofóbico, percebe que ninguém está interessado em deixá-lo partir e isso é só o começo de uma longa jornada. Confira o trailer:

"Corra" é muito bem dirigido pelo excelente Jordan Peele que estreia na função - ele foi capaz que trazer muito de um conceito que estava em alta na época: um suspense independente com um roteiro bem inteligente, cheio de críticas sociais e ideológicas e com momentos completamente non-sense. De fato, Jordan Peele representou muito bem uma nova geração de diretores e roteiristas de gênero que estão bombando atualmente!

O filme foi muito bem de publico, não nos patamares de "Bruxa de Blair" como muita gente falou, mas teve um lucro de respeito: custou 5 milhões de dólares e já faturou quase 250 milhões - foi um bom investimento ou não? O filme tem um roteiro muito bem estruturado, com bons plots e muito, mas muito, criativo - o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2018.

"Corra" é um suspense muito bem realizado, sai do lugar comum, passa sua mensagem sem parecer enfadonho e para quem gosta do gênero, é uma ótima pedida! Vale seu play tranquilamente!

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"Get Out" (título original) talvez seja o maior exemplo de um marketing mal feito: o cartaz e o nome em português, "Corra", devem ter afastado muita gente (inclusive eu), o que é uma pena porque o filme é muito mais do que aquela estrutura superficial de humor negro que foi apresentada.

Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) são namorados há já algum tempo. Com o evoluir da relação, ela acha que chegou o momento de apresentar o namorado para os pais, Missy (Catherine Keener) e Dean (Bradley Whitford). Ela, então, resolve convidá-lo para uma reunião familiar que todos os anos os pais organizam em sua casa, numa zona rural dos EUA. Apesar de alguma relutância por parte de Chris, Rose acha que não há a menor necessidade de avisar seus pais, que ela considera cultos e esclarecidos, o fato de que ele é negro. Quando chegam ao evento, apesar de toda a simpatia com que é tratado, Chris percebe que algo de muito estranho se passa naquela casa e com aqueles convidados. Quando ele resolve fugir daquele ambiente bizarro e um pouco claustrofóbico, percebe que ninguém está interessado em deixá-lo partir e isso é só o começo de uma longa jornada. Confira o trailer:

"Corra" é muito bem dirigido pelo excelente Jordan Peele que estreia na função - ele foi capaz que trazer muito de um conceito que estava em alta na época: um suspense independente com um roteiro bem inteligente, cheio de críticas sociais e ideológicas e com momentos completamente non-sense. De fato, Jordan Peele representou muito bem uma nova geração de diretores e roteiristas de gênero que estão bombando atualmente!

O filme foi muito bem de publico, não nos patamares de "Bruxa de Blair" como muita gente falou, mas teve um lucro de respeito: custou 5 milhões de dólares e já faturou quase 250 milhões - foi um bom investimento ou não? O filme tem um roteiro muito bem estruturado, com bons plots e muito, mas muito, criativo - o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2018.

"Corra" é um suspense muito bem realizado, sai do lugar comum, passa sua mensagem sem parecer enfadonho e para quem gosta do gênero, é uma ótima pedida! Vale seu play tranquilamente!

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Creed 3

"Creed 3" é essencialmente um filme de boxe, com as forças e as franquezas que o fã desse subgênero de ação já está acostumado. No entanto, especificamente nesse capitulo da franquia, o filme sofre com a imaturidade de Michael B. Jordan na direção e com o roteiro pouco inspirado (e certamente o menos consistente) do Ryan Coogler, que, inclusive, escreveu os anteriores e me parece que aqui apenas supervisionou o trabalho de Keenan Coogler (de "Space Jam 2") e de Zach Baylin (de "King Richard"). Ok, mas o filme é ruim? Não, longe disso, mas é preciso dizer que ao dar o play, você vai encontrar "mais do mesmo"!

Depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed (Michael B. Jordan) vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar até que um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan Majors), ressurge após ficar 18 anos na prisão. Ansioso para provar que merece sua chance no ringue, Damian pede a ajuda de Creed. Apesar de apoio do amigo, Damian parece não estar nada satisfeito com a ideia de que Creed tenha "tomado seu lugar" e é aí que os dois velhos amigos resolvem lutar para enfrentar os fantasmas do  passado e assim encontrar um futuro mais digno para ambos. Confira o trailer:

Como já era de se esperar, as sequências de luta são o ponto alto de "Creed 3" - coreografadas com maestria e filmadas de forma bastante imersiva pelo diretor de fotografia Kramer Morgenthau. Cada soco, cada movimento é capturado de uma maneira visceral, fazendo com que a audiência, de fato, se sinta parte do ringue. A energia e a intensidade dessas cenas são impressionantes e é o que mantém nossa adrenalina em alta ao longo da trama, no entanto essas cenas são pontuais e o drama dos personagens em si, parece não ter a mesma "alma" dos outros dois filmes (especialmente o primeiro pelo tom mais independente da direção do próprio Coogler ou até do segundo graças ao conceito mais nostálgico da narrativa).

É inegável que o roteiro até se esforça para explorar questões sociais relevantes, ao abordar assuntos como o impacto da fama e do sucesso, a importância de encontrar sua própria voz e até a luta  para superar o passado em pró do futuro - eu diria até que esses elementos adicionam certa profundidade à história, mas falta desenvolvimento. A relação do próprio Adonis com Damian, o impacto desse convívio com o que ambos se tornaram e as conexões entre a juventude pobre com as questões raciais e de preconceito, parecem pouco exploradas e deixam uma certa sensação de frustração quando chegamos no terceiro ato.

A trilha sonora produzida pelo selo Dreamville com músicas do rapper J. Cole é um espetáculo à parte - a cada filme, uma identidade, um verdadeiro show. Repare como as canções se encaixam quando combinadas com os temas de perseverança e dedicação que são exploradas pelo roteiro. Esse impacto emocional continua sendo um trunfo da franquia e faz com que “Creed 3” se mantenha interessante, divertido e até alinhado com a essência de "Rocky", mas como amante de filmes de boxe, eu abriria os olhos para não cometer as mesmas falhas que o grande Stallone cometeu por não aceitar que existe uma hora de finalizar um ciclo - imagino que o de "Creed" está chegando.

Para você, fã, vale o play!

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"Creed 3" é essencialmente um filme de boxe, com as forças e as franquezas que o fã desse subgênero de ação já está acostumado. No entanto, especificamente nesse capitulo da franquia, o filme sofre com a imaturidade de Michael B. Jordan na direção e com o roteiro pouco inspirado (e certamente o menos consistente) do Ryan Coogler, que, inclusive, escreveu os anteriores e me parece que aqui apenas supervisionou o trabalho de Keenan Coogler (de "Space Jam 2") e de Zach Baylin (de "King Richard"). Ok, mas o filme é ruim? Não, longe disso, mas é preciso dizer que ao dar o play, você vai encontrar "mais do mesmo"!

Depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed (Michael B. Jordan) vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar até que um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian (Jonathan Majors), ressurge após ficar 18 anos na prisão. Ansioso para provar que merece sua chance no ringue, Damian pede a ajuda de Creed. Apesar de apoio do amigo, Damian parece não estar nada satisfeito com a ideia de que Creed tenha "tomado seu lugar" e é aí que os dois velhos amigos resolvem lutar para enfrentar os fantasmas do  passado e assim encontrar um futuro mais digno para ambos. Confira o trailer:

Como já era de se esperar, as sequências de luta são o ponto alto de "Creed 3" - coreografadas com maestria e filmadas de forma bastante imersiva pelo diretor de fotografia Kramer Morgenthau. Cada soco, cada movimento é capturado de uma maneira visceral, fazendo com que a audiência, de fato, se sinta parte do ringue. A energia e a intensidade dessas cenas são impressionantes e é o que mantém nossa adrenalina em alta ao longo da trama, no entanto essas cenas são pontuais e o drama dos personagens em si, parece não ter a mesma "alma" dos outros dois filmes (especialmente o primeiro pelo tom mais independente da direção do próprio Coogler ou até do segundo graças ao conceito mais nostálgico da narrativa).

É inegável que o roteiro até se esforça para explorar questões sociais relevantes, ao abordar assuntos como o impacto da fama e do sucesso, a importância de encontrar sua própria voz e até a luta  para superar o passado em pró do futuro - eu diria até que esses elementos adicionam certa profundidade à história, mas falta desenvolvimento. A relação do próprio Adonis com Damian, o impacto desse convívio com o que ambos se tornaram e as conexões entre a juventude pobre com as questões raciais e de preconceito, parecem pouco exploradas e deixam uma certa sensação de frustração quando chegamos no terceiro ato.

A trilha sonora produzida pelo selo Dreamville com músicas do rapper J. Cole é um espetáculo à parte - a cada filme, uma identidade, um verdadeiro show. Repare como as canções se encaixam quando combinadas com os temas de perseverança e dedicação que são exploradas pelo roteiro. Esse impacto emocional continua sendo um trunfo da franquia e faz com que “Creed 3” se mantenha interessante, divertido e até alinhado com a essência de "Rocky", mas como amante de filmes de boxe, eu abriria os olhos para não cometer as mesmas falhas que o grande Stallone cometeu por não aceitar que existe uma hora de finalizar um ciclo - imagino que o de "Creed" está chegando.

Para você, fã, vale o play!

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Encontros e Desencontros

É realmente complicado encontrar um filme capaz de quebrar as barreiras do tempo e da cultura e assim se transformar em uma experiência única e permanente que sabe exatamente o seu poder como obra cinematográfica - especialmente pelo seu caráter extremamente sensorial. "Encontros e Desencontros," dirigido por uma Sofia Coppola no melhor da sua forma, é exatamente isso, mesmo que algumas pessoas possam achar um certo exagero de nossa parte. Naturalmente o filme exige uma certa dose de sensibilidade para entender como sua narrativa é uma viagem pelo autoconhecimento - partindo da melancolia , da solidão, até o encontro da paixão e da saudade antes mesmo dela acontecer. Essa característica tão especial de "Lost in Translation" (no seu título original) proporcionou ao filme uma centena de prêmios em festivais importantes ao redor do planeta, incluindo o Oscar de Melhor Roteiro Original - sem falar na indicação como "Melhor Filme do Ano". Agora é preciso dizer: para se conectar com a história de Bob e Charlotte, você precisa gostar de filmes mais intimistas, que exploram a complexidade das relações humanas - mas saiba também que isso, Sofia Coppola faz como poucos!

No coração de "Encontros e Desencontros" está a história de Bob Harris (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson). Bob, um ator em decadência, é enviado para Tóquio para filmar um comercial, enquanto Charlotte, uma jovem esposa em busca de significado, acompanha seu marido fotógrafo na mesma cidade. O filme se desenrola a partir do encontro inesperado dessas duas pessoas, em meio às luzes neon de Tóquio, pela perspectiva da solidão e da busca pela felicidade, mesmo que passageira. Confira o trailer (em inglês):

Ao analisar "Encontros e Desencontros" é mesmo impossível ignorar o brilhante trabalho de Sofia Coppola como diretora e, principalmente, como roteirista. Ela foi capaz de nos colocar como audiência em uma profunda atmosfera melancólica e contemplativa graças ao signo universal que inevitavelmente cria barreiras de comunicação: o idioma. E é aí que a escolha de Tóquio como pano de fundo não apenas contribui para a estética visual única do filme, mas também serve como metáfora para a desconexão emocional dos personagens já que ambos se sentem sozinhos até quando podem se comunicar em inglês - essa dualidade narrativa entre o que é falado e o que é sentido nos acompanha durante todo filme e, acreditem, mexe demais com nossas sensações e sentimentos.

A fotografia do Lance Acord (de "Onde Vivem os Monstros") é uma verdadeira obra-prima, já que ele é capaz de capturar a beleza caótica da cidade de Tóquio ao mesmo tempo em que transforma os olhares e as expressões sutis dos protagonistas perante o silêncio em uma verdadeira janela para alma. E aqui entra outro ponto crucial para o sucesso da proposta de Coppola: a performance magistral de Bill Murray e Scarlett Johansson. A química entre os dois atores cria uma dinâmica tão envolvente e autêntica que fica impossível não torcer por eles. Reparem como a montagem cuidadosa de Sarah Flack potencializa a direção e a relação dos atores em seus dramas, permitindo que os vários momentos de introspecção falem mais alto do que as próprias palavras - essa abordagem cria uma ressonância emocional impressionante. 

"Encontros e Desencontros" dividiu opiniões na época de seu lançamento e vai continuar dividindo por algum tempo, no entanto é preciso admitir que mais do que apenas um filme sobre relações improváveis, sua proposta se aproxima de uma interessante experiência cinematográfica transformadora que vai tocar fundo em qualquer pessoa que busca a autenticidade e a conexão com uma história, de fato, muito marcante por sua sensibilidade e delicadeza. Sofia Coppola, para mim, entregou um filme que transcende com muita inteligência as fronteiras culturais daquele cenário, explorando a essência da solidão e da redescoberta pessoal, mesmo que acompanhado daquele "dolorido" aperto no peito.  

Dê o play e prepare-se para uma jornada emocional e estética que permanecerá contigo muito depois dos créditos finais. Eu garanto.

Assista Agora

É realmente complicado encontrar um filme capaz de quebrar as barreiras do tempo e da cultura e assim se transformar em uma experiência única e permanente que sabe exatamente o seu poder como obra cinematográfica - especialmente pelo seu caráter extremamente sensorial. "Encontros e Desencontros," dirigido por uma Sofia Coppola no melhor da sua forma, é exatamente isso, mesmo que algumas pessoas possam achar um certo exagero de nossa parte. Naturalmente o filme exige uma certa dose de sensibilidade para entender como sua narrativa é uma viagem pelo autoconhecimento - partindo da melancolia , da solidão, até o encontro da paixão e da saudade antes mesmo dela acontecer. Essa característica tão especial de "Lost in Translation" (no seu título original) proporcionou ao filme uma centena de prêmios em festivais importantes ao redor do planeta, incluindo o Oscar de Melhor Roteiro Original - sem falar na indicação como "Melhor Filme do Ano". Agora é preciso dizer: para se conectar com a história de Bob e Charlotte, você precisa gostar de filmes mais intimistas, que exploram a complexidade das relações humanas - mas saiba também que isso, Sofia Coppola faz como poucos!

No coração de "Encontros e Desencontros" está a história de Bob Harris (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson). Bob, um ator em decadência, é enviado para Tóquio para filmar um comercial, enquanto Charlotte, uma jovem esposa em busca de significado, acompanha seu marido fotógrafo na mesma cidade. O filme se desenrola a partir do encontro inesperado dessas duas pessoas, em meio às luzes neon de Tóquio, pela perspectiva da solidão e da busca pela felicidade, mesmo que passageira. Confira o trailer (em inglês):

Ao analisar "Encontros e Desencontros" é mesmo impossível ignorar o brilhante trabalho de Sofia Coppola como diretora e, principalmente, como roteirista. Ela foi capaz de nos colocar como audiência em uma profunda atmosfera melancólica e contemplativa graças ao signo universal que inevitavelmente cria barreiras de comunicação: o idioma. E é aí que a escolha de Tóquio como pano de fundo não apenas contribui para a estética visual única do filme, mas também serve como metáfora para a desconexão emocional dos personagens já que ambos se sentem sozinhos até quando podem se comunicar em inglês - essa dualidade narrativa entre o que é falado e o que é sentido nos acompanha durante todo filme e, acreditem, mexe demais com nossas sensações e sentimentos.

A fotografia do Lance Acord (de "Onde Vivem os Monstros") é uma verdadeira obra-prima, já que ele é capaz de capturar a beleza caótica da cidade de Tóquio ao mesmo tempo em que transforma os olhares e as expressões sutis dos protagonistas perante o silêncio em uma verdadeira janela para alma. E aqui entra outro ponto crucial para o sucesso da proposta de Coppola: a performance magistral de Bill Murray e Scarlett Johansson. A química entre os dois atores cria uma dinâmica tão envolvente e autêntica que fica impossível não torcer por eles. Reparem como a montagem cuidadosa de Sarah Flack potencializa a direção e a relação dos atores em seus dramas, permitindo que os vários momentos de introspecção falem mais alto do que as próprias palavras - essa abordagem cria uma ressonância emocional impressionante. 

"Encontros e Desencontros" dividiu opiniões na época de seu lançamento e vai continuar dividindo por algum tempo, no entanto é preciso admitir que mais do que apenas um filme sobre relações improváveis, sua proposta se aproxima de uma interessante experiência cinematográfica transformadora que vai tocar fundo em qualquer pessoa que busca a autenticidade e a conexão com uma história, de fato, muito marcante por sua sensibilidade e delicadeza. Sofia Coppola, para mim, entregou um filme que transcende com muita inteligência as fronteiras culturais daquele cenário, explorando a essência da solidão e da redescoberta pessoal, mesmo que acompanhado daquele "dolorido" aperto no peito.  

Dê o play e prepare-se para uma jornada emocional e estética que permanecerá contigo muito depois dos créditos finais. Eu garanto.

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Extraordinário

Daqui alguns anos, "Extraordinário" vai passar na Sessão da Tarde tantas vezes quanto "Meu primeiro amor" passou e nem por isso vamos deixar de assistir e de se apaixonar!

Baseado no best-seller do New York Times, "Wonder" (título original) lançado por R.J. Palacio em 2012, o filme conta uma inspiradora e emocionante história de um menino, August Pullman (Jacob Tremblay), que tem uma deformidade facial e que, já com 10 anos, é incentivado a frequentar uma escola normal pela primeira vez. Confira o trailer:

"Extraordinário" é um filme delicado, mas acabou se tornando, propositalmente, superficial demais. Explorar algumas discussões tão pertinentes nos dias de hoje nunca foi o foco: claro que o roteiro não deixa de abordar temas como o bullying, por exemplo, mas de fato optou por trabalhar com leveza o assunto, mostrando a atitude muito mais como um reflexo de problemas emocionais de quem pratica do que se apegando às profundas marcas que podem deixar em quem sofre.

Na minha opinião o filme também poderia ter ido mais fundo em outra questão importante: o preconceito - seria uma grande oportunidade, mas a jornada de superação de Auggie era mais relevante para a história do que levantar qualquer uma bandeira, mas é importante dizer que sim, está tudo lá; basta saber enxergar e entender que o objetivo nunca foi chocar! Ao fugir dos assuntos mais polêmicos, o filme ficou muito agradável de assistir, deixando claro que seu único objetivo era te fazer chorar - e nesse aspecto cumpre com louvor!

"Extraordinário" vale a pena como entretenimento, mas não espere muito mais que um filme bonitinho e muito emocionante!

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Daqui alguns anos, "Extraordinário" vai passar na Sessão da Tarde tantas vezes quanto "Meu primeiro amor" passou e nem por isso vamos deixar de assistir e de se apaixonar!

Baseado no best-seller do New York Times, "Wonder" (título original) lançado por R.J. Palacio em 2012, o filme conta uma inspiradora e emocionante história de um menino, August Pullman (Jacob Tremblay), que tem uma deformidade facial e que, já com 10 anos, é incentivado a frequentar uma escola normal pela primeira vez. Confira o trailer:

"Extraordinário" é um filme delicado, mas acabou se tornando, propositalmente, superficial demais. Explorar algumas discussões tão pertinentes nos dias de hoje nunca foi o foco: claro que o roteiro não deixa de abordar temas como o bullying, por exemplo, mas de fato optou por trabalhar com leveza o assunto, mostrando a atitude muito mais como um reflexo de problemas emocionais de quem pratica do que se apegando às profundas marcas que podem deixar em quem sofre.

Na minha opinião o filme também poderia ter ido mais fundo em outra questão importante: o preconceito - seria uma grande oportunidade, mas a jornada de superação de Auggie era mais relevante para a história do que levantar qualquer uma bandeira, mas é importante dizer que sim, está tudo lá; basta saber enxergar e entender que o objetivo nunca foi chocar! Ao fugir dos assuntos mais polêmicos, o filme ficou muito agradável de assistir, deixando claro que seu único objetivo era te fazer chorar - e nesse aspecto cumpre com louvor!

"Extraordinário" vale a pena como entretenimento, mas não espere muito mais que um filme bonitinho e muito emocionante!

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Filhos da Esperança

“Filhos da Esperança” é um grande filme - tenso, angustiante, muito bem construído e desenvolvido pelo incrível Alfonso Cuarón (de "Gravidade"). Lançado em 2006, essa produção é realmente imperdível já que sua narrativa transcende a ficção científica distópica para entregar um drama dos mais profundos e reflexivos sobre o valor da vida! Aclamado por sua direção visionária (talvez aqui esteja um dos planos-sequência mais bem realizados da história do cinema moderno), Cuarón captura com muita sensibilidade um futuro sombrio, mas de uma maneira muito humana e, claro, visualmente provocadora. Não à toa que o filme foi indicada a três Oscars em 2007, incluindo Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Comparável em impacto a outros filmes clássicos do gênero como “Blade Runner” e “Mad Max”, “Filhos da Esperança”, acredite, vai te tirar da zona de conforto com seu realismo imersivo que tece comentários sociais afiados a partir de uma estética realmente singular.

No ano de 2027, o mundo está em colapso. As mulheres se tornaram inexplicavelmente estéreis, e a sociedade enfrenta um declínio sem esperança. Em meio ao caos, Theo Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido, é abordado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore) para ajudar uma jovem mulher, Kee (Clare-Hope Ashitey), que milagrosamente está grávida. Ao lado do amigo Jasper (Michael Caine), Theo embarca em uma perigosa missão para transportar Kee para a organização chamada "O Projeto Humano" - que pode salvar a mulher bem como toda humanidade. Confira o trailer:

Você não vai precisar mais do que dez minutos para entender como “Filhos da Esperança” é impulsionado por uma direção fenomenal - repare como os longos planos-sequência, uma marca registrada de Cuarón, conferem ao filme um realismo extremamente visceral capaz de gerar uma tensão constante de tirar o fôlego. A cena do ataque no carro e o clímax na zona de conflito são exemplos notáveis de como a câmera de Cuarón se torna um personagem ativo, colocando a audiência no centro da ação com uma intensidade quase palpável. O uso de câmera na mão com tanta sabedoria, contribui para um sentido de imediatismo e autenticidade, nos transportando diretamente para o caos e para o desespero de um mundo à beira da extinção - é impressionante como esse filme é imersivo!

Obviamente que a fotografia do inigualável Emmanuel Lubezki merece um destaque especial. Se você ainda não sabe, Lubezki foi o responsável pelo visual de "O Regresso", "Birdman" e "Gravidade" - só para citar os três Oscars que ele tem na prateleira de oito indicações até aqui. Pois bem, suas escolhas conceituais, da iluminação ao enquadramento cirúrgico, criam um ambiente tão opressor quanto desesperador, refletindo toda a desolação de uma sociedade em pleno colapso. Lubezki utiliza tons frios e uma paleta de cores desbotada para enfatizar a falta de esperança, contrastando com breves momentos de "luz" que simbolizam a possibilidade de redenção. Veja, a atenção aos detalhes visuais, como os ambientes decadentes e as paisagens urbanas distópicas, enriquecem aquela atmosfera de uma forma que a própria narrativa parece se aproveitar de tudo isso para brincar com nossas sensações - especialmente a do vazio.

No cerne de “Filhos da Esperança” estão as performances excepcionais do elenco. Clive Owen traz uma profundidade emocional a Theo, um personagem cínico mas que, ao longo do filme, redescobre sua humanidade e um sentido de esperança. Julianne Moore, embora em um papel menor, deixa uma marca indelével com sua presença forte e carismática. Michael Caine, em um dos papéis mais memoráveis de sua carreira, oferece um alívio cômico tocante e um lembrete da bondade persistente em tempos sombrios. Clare-Hope Ashitey como Kee transmite uma vulnerabilidade e uma força que faz de "Children of Men" (no original) não apenas um filme sobre um futuro distópico, mas uma reflexão profunda sobre a humanidade e a esperança em meio ao desespero.

Para quem busca um filme que sabe nos desafiar com a mesma força com que nos provoca, “Filhos da Esperança” é uma escolha indispensável! Vale muito o seu play!

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“Filhos da Esperança” é um grande filme - tenso, angustiante, muito bem construído e desenvolvido pelo incrível Alfonso Cuarón (de "Gravidade"). Lançado em 2006, essa produção é realmente imperdível já que sua narrativa transcende a ficção científica distópica para entregar um drama dos mais profundos e reflexivos sobre o valor da vida! Aclamado por sua direção visionária (talvez aqui esteja um dos planos-sequência mais bem realizados da história do cinema moderno), Cuarón captura com muita sensibilidade um futuro sombrio, mas de uma maneira muito humana e, claro, visualmente provocadora. Não à toa que o filme foi indicada a três Oscars em 2007, incluindo Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Comparável em impacto a outros filmes clássicos do gênero como “Blade Runner” e “Mad Max”, “Filhos da Esperança”, acredite, vai te tirar da zona de conforto com seu realismo imersivo que tece comentários sociais afiados a partir de uma estética realmente singular.

No ano de 2027, o mundo está em colapso. As mulheres se tornaram inexplicavelmente estéreis, e a sociedade enfrenta um declínio sem esperança. Em meio ao caos, Theo Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido, é abordado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore) para ajudar uma jovem mulher, Kee (Clare-Hope Ashitey), que milagrosamente está grávida. Ao lado do amigo Jasper (Michael Caine), Theo embarca em uma perigosa missão para transportar Kee para a organização chamada "O Projeto Humano" - que pode salvar a mulher bem como toda humanidade. Confira o trailer:

Você não vai precisar mais do que dez minutos para entender como “Filhos da Esperança” é impulsionado por uma direção fenomenal - repare como os longos planos-sequência, uma marca registrada de Cuarón, conferem ao filme um realismo extremamente visceral capaz de gerar uma tensão constante de tirar o fôlego. A cena do ataque no carro e o clímax na zona de conflito são exemplos notáveis de como a câmera de Cuarón se torna um personagem ativo, colocando a audiência no centro da ação com uma intensidade quase palpável. O uso de câmera na mão com tanta sabedoria, contribui para um sentido de imediatismo e autenticidade, nos transportando diretamente para o caos e para o desespero de um mundo à beira da extinção - é impressionante como esse filme é imersivo!

Obviamente que a fotografia do inigualável Emmanuel Lubezki merece um destaque especial. Se você ainda não sabe, Lubezki foi o responsável pelo visual de "O Regresso", "Birdman" e "Gravidade" - só para citar os três Oscars que ele tem na prateleira de oito indicações até aqui. Pois bem, suas escolhas conceituais, da iluminação ao enquadramento cirúrgico, criam um ambiente tão opressor quanto desesperador, refletindo toda a desolação de uma sociedade em pleno colapso. Lubezki utiliza tons frios e uma paleta de cores desbotada para enfatizar a falta de esperança, contrastando com breves momentos de "luz" que simbolizam a possibilidade de redenção. Veja, a atenção aos detalhes visuais, como os ambientes decadentes e as paisagens urbanas distópicas, enriquecem aquela atmosfera de uma forma que a própria narrativa parece se aproveitar de tudo isso para brincar com nossas sensações - especialmente a do vazio.

No cerne de “Filhos da Esperança” estão as performances excepcionais do elenco. Clive Owen traz uma profundidade emocional a Theo, um personagem cínico mas que, ao longo do filme, redescobre sua humanidade e um sentido de esperança. Julianne Moore, embora em um papel menor, deixa uma marca indelével com sua presença forte e carismática. Michael Caine, em um dos papéis mais memoráveis de sua carreira, oferece um alívio cômico tocante e um lembrete da bondade persistente em tempos sombrios. Clare-Hope Ashitey como Kee transmite uma vulnerabilidade e uma força que faz de "Children of Men" (no original) não apenas um filme sobre um futuro distópico, mas uma reflexão profunda sobre a humanidade e a esperança em meio ao desespero.

Para quem busca um filme que sabe nos desafiar com a mesma força com que nos provoca, “Filhos da Esperança” é uma escolha indispensável! Vale muito o seu play!

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Garra de Ferro

Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.

"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:

Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.

Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.

"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.

Vale eu play!

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Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.

"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:

Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.

Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.

"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.

Vale eu play!

Assista Agora

Ghostbusters - Mais Além

O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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Hebe - A estrela do Brasil

É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!

O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros! 

O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se  escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.

"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena! 

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É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!

O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros! 

O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se  escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.

"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena! 

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Infiltrado na Klan

"Essa parada é baseada numa M****, muito, muito real!!!" - Com essa legenda (tradução livre), Spike Lee já te fala de cara que você vai tomar alguns socos no estômago vendo o filme, o que de fato acontece em vários momentos e sem pedir muita permissão!!! O filme é sensacional!!! A história de um policial negro que precisa se infiltrar na KKK para evitar possíveis atentados a comunidade negra e judia na cidade de Colorado Springs no final dos anos 70 é incrível!

O período era de grande agitação social onde a luta pelos direitos civis estavam borbulhando! Ron Stallworth (John David Washington) acabava de se tornar o primeiro detetive afro-americano do Departamento da Polícia de El Paso, mas a sua chegada era vista com muito ceticismo, iniciando uma certa hostilidade entre os vários departamentos da instituição. Porém, com sua audácia, Ron Stallworth decide fazer a diferença na sua comunidade, se infiltrando na Ku Klux Klan para depois expor seus integrantes e acabar com a onde de impunidade que permeava os EUA da época! Veja o trailer:

Olha, tecnicamente o filme está impecável. Spike Lee é aquele tipo diretor que transita em vários universos, que hoje chamamos de "Muilti-plataforma", mas acho que ele vai além disso, porque ele usa conceitos narrativos e estéticos de tudo que ele já fez e, melhor, de tudo que ele busca como referência. "BlacKkKlansman" (titulo original) é um show de referências e conceitos, de publicidade, de games, de outros diretores, de tv, de cinema, etc. Em determinados momentos ele dá uma leve desnivelada na camera, principalmente nas conversas pelo telefone, e cria uma sensação de instabilidade que é linda de ver. As aplicações gráficas, total anos 70, estão lindas, totalmente integradas à história - e isso é muito difícil de fazer.  Em outros momentos ele parece quebrar a linearidade da edição com um corte de câmera, então você acaba assistindo uma mesma ação duas vezes, mas muito rápido, quase imperceptível, mas que te trás sensações de desconforto e estranhamento na hora certa!!

Os atores estão perfeitos: John David Washington está incrível como protagonista: intenso e sensível ao que está acontecendo com ele, mas com uma naturalidade para chegar aos alívios cômicos digno de Oscar (embora ele tenha, pelo menos, o Rami Malek pela frente). Reparem em uma personagem sem muito destaque, mas representa o que é um bom trabalho no olhar mais introspectivo, e na ação, completamente over-acting, mas com o range certo: a Connie, mulher do Felix, interpretada pela Ashlie Atkinson - ela dá um show. A fotografia também está linda, Chayse Irvin vem da publicidade e da música; merece uma indicação em 2019 sem a menor dúvida!!!!

Vale muito a pena

Up-date: "Infiltrado na Klan" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Roteiro Adaptado!

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"Essa parada é baseada numa M****, muito, muito real!!!" - Com essa legenda (tradução livre), Spike Lee já te fala de cara que você vai tomar alguns socos no estômago vendo o filme, o que de fato acontece em vários momentos e sem pedir muita permissão!!! O filme é sensacional!!! A história de um policial negro que precisa se infiltrar na KKK para evitar possíveis atentados a comunidade negra e judia na cidade de Colorado Springs no final dos anos 70 é incrível!

O período era de grande agitação social onde a luta pelos direitos civis estavam borbulhando! Ron Stallworth (John David Washington) acabava de se tornar o primeiro detetive afro-americano do Departamento da Polícia de El Paso, mas a sua chegada era vista com muito ceticismo, iniciando uma certa hostilidade entre os vários departamentos da instituição. Porém, com sua audácia, Ron Stallworth decide fazer a diferença na sua comunidade, se infiltrando na Ku Klux Klan para depois expor seus integrantes e acabar com a onde de impunidade que permeava os EUA da época! Veja o trailer:

Olha, tecnicamente o filme está impecável. Spike Lee é aquele tipo diretor que transita em vários universos, que hoje chamamos de "Muilti-plataforma", mas acho que ele vai além disso, porque ele usa conceitos narrativos e estéticos de tudo que ele já fez e, melhor, de tudo que ele busca como referência. "BlacKkKlansman" (titulo original) é um show de referências e conceitos, de publicidade, de games, de outros diretores, de tv, de cinema, etc. Em determinados momentos ele dá uma leve desnivelada na camera, principalmente nas conversas pelo telefone, e cria uma sensação de instabilidade que é linda de ver. As aplicações gráficas, total anos 70, estão lindas, totalmente integradas à história - e isso é muito difícil de fazer.  Em outros momentos ele parece quebrar a linearidade da edição com um corte de câmera, então você acaba assistindo uma mesma ação duas vezes, mas muito rápido, quase imperceptível, mas que te trás sensações de desconforto e estranhamento na hora certa!!

Os atores estão perfeitos: John David Washington está incrível como protagonista: intenso e sensível ao que está acontecendo com ele, mas com uma naturalidade para chegar aos alívios cômicos digno de Oscar (embora ele tenha, pelo menos, o Rami Malek pela frente). Reparem em uma personagem sem muito destaque, mas representa o que é um bom trabalho no olhar mais introspectivo, e na ação, completamente over-acting, mas com o range certo: a Connie, mulher do Felix, interpretada pela Ashlie Atkinson - ela dá um show. A fotografia também está linda, Chayse Irvin vem da publicidade e da música; merece uma indicação em 2019 sem a menor dúvida!!!!

Vale muito a pena

Up-date: "Infiltrado na Klan" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Roteiro Adaptado!

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Intocáveis

Se você está em busca de uma experiência cinematográfica que misture boas risadas com algumas lágrimas de emoção, nem perca seu tempo lendo essa análise - pode dar o play que seu entretenimento está garantido! Ao embarcar na incrível jornada que é "Intocáveis", dirigido e escrito por Olivier Nakache e Éric Toledano, você vai encontrar um verdadeiro tesouro do cinema contemporâneo, graças a uma história cativante, com elementos técnicos extremamente bem trabalhados, da direção às performances do elenco (passando pela fotografia e trilha sonora impecáveis), além de uma rara conexão emocional tão profunda que nos acompanha muito depois dos créditos finais. Olha, essa premiadíssima produção francesa de 2011 é realmente imperdível!

Na trama somos apresentado a uma improvável amizade entre o rabugento Philippe (François Cluzet), um aristocrata rico que sofreu um grave acidente e ficou tetraplégico, e o esforçado Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas com problemas físicos. Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais pelo jovem por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Confira o trailer e saiba o que espera:

"Intocáveis" mergulha na jornada de transformação de ambos os personagens, explorando suas diferenças culturais e sociais de maneira tocante. A narrativa tem o mérito de equilibrar momentos hilários com passagens de grande emoção, receita infalível para conquistar os corações da audiência. O filme, de fato, conquistou não apenas os franceses, mas também o público ao redor do mundo - para você ter uma ideia, o filme custou pouco menos de 10 milhões de euros e faturou mais de 425 milhões de dólares. Um verdadeiro fenômeno de bilheteria!  

Nakache e Toledano mostram toda sua maestria na direção ao criar passagens que nos envolvem profundamente com a história. Ao focar na importância da empatia e da quebra de barreiras sociais, os cineastas que estiveram juntos na versão francesa de "Sessão de Terapia", exploram com tanta sensibilidade e inteligência a relação entre Philippe e Driss ao ponto de criar um potente lembrete sobre a importância da amizade e como ela pode surgir nas circunstâncias mais inesperadas - reafirmando que e conexão humana vai muito além de diferenças de classe, cultura ou até de currículo.. A cinematografia do talentoso Mathieu Vadepied (que também assina a direção de arte do filme) captura perfeitamente tanto a grandiosidade dos cenários parisienses quanto a intimidade dos momentos compartilhados entre os dois protagonistas com a mesma delicadeza - é impressionante como os planos bem construídos tocam nossa alma. Aliás, falando em tocar a alma, o que dizer da trilha sonora de "Intocáveis"? É ela que dá o tom do filme, intensificando os sentimentos dos personagens e adicionando camadas emocionais à narrativa como poucas vezes encontramos.

"Intocáveis" é mesmo um filme especial - daqueles que deixam uma marca duradoura em quem o assiste devido a sua história envolvente, com valores emocionais verdadeiramente profundos e que elevam sua narrativa muito além de uma simples comédia dramática - como, aliás, a obra é percebida inicialmente. Eu diria que o filme é uma celebração da amizade genuína, da superação de obstáculos e do poder essencial do amor capaz de transformar as relações humanas. Um filme lindo, para rir, para chorar, mas, principalmente, para refletir sobre o que realmente importa nessa breve passagem que vivenciamos por aqui.

Vale muito o seu play!

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Se você está em busca de uma experiência cinematográfica que misture boas risadas com algumas lágrimas de emoção, nem perca seu tempo lendo essa análise - pode dar o play que seu entretenimento está garantido! Ao embarcar na incrível jornada que é "Intocáveis", dirigido e escrito por Olivier Nakache e Éric Toledano, você vai encontrar um verdadeiro tesouro do cinema contemporâneo, graças a uma história cativante, com elementos técnicos extremamente bem trabalhados, da direção às performances do elenco (passando pela fotografia e trilha sonora impecáveis), além de uma rara conexão emocional tão profunda que nos acompanha muito depois dos créditos finais. Olha, essa premiadíssima produção francesa de 2011 é realmente imperdível!

Na trama somos apresentado a uma improvável amizade entre o rabugento Philippe (François Cluzet), um aristocrata rico que sofreu um grave acidente e ficou tetraplégico, e o esforçado Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas com problemas físicos. Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais pelo jovem por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Confira o trailer e saiba o que espera:

"Intocáveis" mergulha na jornada de transformação de ambos os personagens, explorando suas diferenças culturais e sociais de maneira tocante. A narrativa tem o mérito de equilibrar momentos hilários com passagens de grande emoção, receita infalível para conquistar os corações da audiência. O filme, de fato, conquistou não apenas os franceses, mas também o público ao redor do mundo - para você ter uma ideia, o filme custou pouco menos de 10 milhões de euros e faturou mais de 425 milhões de dólares. Um verdadeiro fenômeno de bilheteria!  

Nakache e Toledano mostram toda sua maestria na direção ao criar passagens que nos envolvem profundamente com a história. Ao focar na importância da empatia e da quebra de barreiras sociais, os cineastas que estiveram juntos na versão francesa de "Sessão de Terapia", exploram com tanta sensibilidade e inteligência a relação entre Philippe e Driss ao ponto de criar um potente lembrete sobre a importância da amizade e como ela pode surgir nas circunstâncias mais inesperadas - reafirmando que e conexão humana vai muito além de diferenças de classe, cultura ou até de currículo.. A cinematografia do talentoso Mathieu Vadepied (que também assina a direção de arte do filme) captura perfeitamente tanto a grandiosidade dos cenários parisienses quanto a intimidade dos momentos compartilhados entre os dois protagonistas com a mesma delicadeza - é impressionante como os planos bem construídos tocam nossa alma. Aliás, falando em tocar a alma, o que dizer da trilha sonora de "Intocáveis"? É ela que dá o tom do filme, intensificando os sentimentos dos personagens e adicionando camadas emocionais à narrativa como poucas vezes encontramos.

"Intocáveis" é mesmo um filme especial - daqueles que deixam uma marca duradoura em quem o assiste devido a sua história envolvente, com valores emocionais verdadeiramente profundos e que elevam sua narrativa muito além de uma simples comédia dramática - como, aliás, a obra é percebida inicialmente. Eu diria que o filme é uma celebração da amizade genuína, da superação de obstáculos e do poder essencial do amor capaz de transformar as relações humanas. Um filme lindo, para rir, para chorar, mas, principalmente, para refletir sobre o que realmente importa nessa breve passagem que vivenciamos por aqui.

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Lady Bird

"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

Vale muito a pena!

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"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

Vale muito a pena!

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Morbius

"Morbius" cumpre seu papel de apresentar o personagem por ser uma história de origem, mas está muito longe do que poderia ser - e aqui cabe uma observação: nem tudo que funciona na HQ, vai funcionar no cinema se você não tiver o mínimo de bom senso em estruturar a história para que ela que seja coerente com aquele universo na qual ela faz parte. O filme tem sim boas sequências, uma atmosfera um pouco mais densa do que estamos acostumados nos filmes da Marvel e eu diria que até diverte para quem gosta muito do gênero, mas cá entre nós, parece um filme do começo dos anos 2000.

Com uma rara doença no sangue, e determinado a salvar outras pessoas com esse mesmo destino, Dr. Morbius (Jared Leto) tenta uma aposta extrema: misturar o DNA de morcegos vampiros com o humano. O que antes parecia uma grande descoberta científica e de enorme sucesso, se revelou uma solução pior que a própria doença. Confira o trailer:

Eu tenho certeza que o diretor sueco Daniel Espinosa ("Crimes Ocultos") não teve a liberdade para montar o filme da maneira que ele gostaria. A não ser que o roteiro seja muito ruim, dado o potencial do personagem - o que vemos na tela é uma história confusa, cheia de soluções óbvias (razão pela qual criticávamos tanto a DC) e cenas que não levam a absolutamente lugar algum. Veja, se olharmos "Morbius" em camadas, temos momentos interessantes, bem dirigidos e até com efeitos interessantes; o problema é que todos esses pontos oscilam muito durando filme, nada se sustenta de maneira fluida - talvez apenas a fotografia Oliver Wood (da franquia "Bourne") e, acreditem, a performance de Jared Leto, não se encaixem nas inúmeras falhas do filme. Talvez Matt Smith como Milo, possa se salvar também.

As cenas pós-crédito (são duas) que teoricamente conectam o personagem ao universo do Homem-Aranha a partir da relação entre Adrian Toomes (Michael Keaton), o Abutre, e o anti-herói, não tem a menor conexão com a história que acabou de ser contada e até com o personagem que vimos nascer - o diálogo entre Toomes e o Dr. Morbius é constrangedor de ruim. O que provavelmente vai diminuir a decepção pelo filme será a forma como o personagem vai se desenvolver daqui para frente, e digo isso com muita tranquilidade porque já vimos filmes de origem que mesmo aquém do esperado ajudaram a compor o arco maior e passaram a serem vistos como uma peça importante dentro de um quebra-cabeça maior.

Sinceramente esse é o tipo de filme que vai agradar apenas aquele fã de filmes de herói que se obriga a assistir todas as produções para poder se sentir confortável com toda a saga que está sendo criada. Para aqueles que não conhecem o personagem, muito pode ser aproveitado. Para os que já conhecem, uma ou outra cena vai agradar e só!

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"Morbius" cumpre seu papel de apresentar o personagem por ser uma história de origem, mas está muito longe do que poderia ser - e aqui cabe uma observação: nem tudo que funciona na HQ, vai funcionar no cinema se você não tiver o mínimo de bom senso em estruturar a história para que ela que seja coerente com aquele universo na qual ela faz parte. O filme tem sim boas sequências, uma atmosfera um pouco mais densa do que estamos acostumados nos filmes da Marvel e eu diria que até diverte para quem gosta muito do gênero, mas cá entre nós, parece um filme do começo dos anos 2000.

Com uma rara doença no sangue, e determinado a salvar outras pessoas com esse mesmo destino, Dr. Morbius (Jared Leto) tenta uma aposta extrema: misturar o DNA de morcegos vampiros com o humano. O que antes parecia uma grande descoberta científica e de enorme sucesso, se revelou uma solução pior que a própria doença. Confira o trailer:

Eu tenho certeza que o diretor sueco Daniel Espinosa ("Crimes Ocultos") não teve a liberdade para montar o filme da maneira que ele gostaria. A não ser que o roteiro seja muito ruim, dado o potencial do personagem - o que vemos na tela é uma história confusa, cheia de soluções óbvias (razão pela qual criticávamos tanto a DC) e cenas que não levam a absolutamente lugar algum. Veja, se olharmos "Morbius" em camadas, temos momentos interessantes, bem dirigidos e até com efeitos interessantes; o problema é que todos esses pontos oscilam muito durando filme, nada se sustenta de maneira fluida - talvez apenas a fotografia Oliver Wood (da franquia "Bourne") e, acreditem, a performance de Jared Leto, não se encaixem nas inúmeras falhas do filme. Talvez Matt Smith como Milo, possa se salvar também.

As cenas pós-crédito (são duas) que teoricamente conectam o personagem ao universo do Homem-Aranha a partir da relação entre Adrian Toomes (Michael Keaton), o Abutre, e o anti-herói, não tem a menor conexão com a história que acabou de ser contada e até com o personagem que vimos nascer - o diálogo entre Toomes e o Dr. Morbius é constrangedor de ruim. O que provavelmente vai diminuir a decepção pelo filme será a forma como o personagem vai se desenvolver daqui para frente, e digo isso com muita tranquilidade porque já vimos filmes de origem que mesmo aquém do esperado ajudaram a compor o arco maior e passaram a serem vistos como uma peça importante dentro de um quebra-cabeça maior.

Sinceramente esse é o tipo de filme que vai agradar apenas aquele fã de filmes de herói que se obriga a assistir todas as produções para poder se sentir confortável com toda a saga que está sendo criada. Para aqueles que não conhecem o personagem, muito pode ser aproveitado. Para os que já conhecem, uma ou outra cena vai agradar e só!

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O Escândalo

Antes de mais nada é preciso dizer que "O Escândalo" é um filme difícil de digerir - é preciso ter estômago e, certamente, vai tocar mais em algumas pessoas do que em outras, mas posso garantir: é um grande filme! Ele é baseado na história real sobre as denúncias de assédio sexual contra o então presidente e fundador da Fox News, Roger Ailes (John Lithgow).

A história é contada pelo ponto de vista de três personagens-chaves: Megyn Kelly (Charlize Theron), Gretchen Carlson (Nicole Kidman) - âncoras do canal; e Kayla Pospisil (Margot Robbie) uma produtora, personagem criada para o filme, que representa (e até com um certo estereótipo) várias outras funcionárias da emissora que também sofreram algum tipo de assédio de Ailes. O fato é que tudo caminhava bem até que Gretchen Carlson, cansada dos seguidos ataques de assédio moral, resolve forçar sua demissão para iniciar um processo contra as várias investidas que sofreu de Roger Ailes no passado. Embora fosse um tiro no escuro, afinal Roger Ailes sempre foi um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos, várias mulheres começam a se pronunciar contra o executivo, fortalecendo a iniciativa de Gretchen - mas faltava alguém de dentro da Fox News para dar o "tiro de misericórdia" e é aí que o Megyn Kelly e Kayla Pospisil ganham força no drama e o filme deslancha! 

O ponto forte do filme está no elenco: Charlize Theron é uma grande atriz e está perfeita como Megyn Kelly - é impressionante como as duas estão parecidas, o que só fortalece a chance de "O Escândalo" ganhar o Oscar na categoria "Cabelo/Maquiagem". Margot Robbie também está impecável e por mais que possa parecer que ela é a personificação do estereótipo da mulher bonita/ingênua/oportunista, seu trabalho vai muito além: ela transita por cada uma dessas características de uma forma muito introspectiva, causando uma enorme confusão na sua cabeça, porém quando tudo começa a fazer sentido, seus olhos falam mais do que qualquer diálogo que o roteirista pudesse ter escrito para explicar o que passa com uma mulher assediada daquela forma - é lindo de ver! Nicole Kidman também está incrível, mas o pouco tempo de tela prejudicou sua caminha até o Oscar - se a dúvida ficou entre ela e Margot Robbie, ficaria impossível tirar a chance da segunda! John Lithgow também está ótimo como Roger Ailes - um pecado ele não ter tido a chance de disputar os maiores prêmios da temporada. Merecia!

O roteiro do Charles Randolph (vencedor do Oscar por "A Grande Aposta") é bom, mas pode parecer confuso para quem não conhece dos bastidores da politica americana. Embora o prólogo nos ajude entender a dinâmica sócio-politica da Fox News, as quebras narrativas da linha temporal dificultam o entendimento logo de cara. Além disso, o roteiro trás alguns elementos sem a menor conceitualização dramática: a quebra da quarta parede e a exposição do pensamento funcionam bem, mas são usadas poucas vezes, parecendo ser muito mais uma solução pontual do que uma característica marcante da escrita! A direção do Jay Roach é ótima, embora tenha lido muitas críticas sobre suas escolhas - disseram, inclusive, que ele copiou o estilo de Adam McKay depois dos sucessos de "Vice"e a "Grande Aposta". Outro elemento que incomodou alguns críticos foi o tom que ele imprimiu no filme, parecendo menos preocupado com a seriedade das denúncias e mais em justificar as atitudes erradas de Ailes - a cena onde Kayla Pospisil vai até a sala de Roger Ailes pela primeira vez é o exemplo que justifica essa tese. Eu discordo!

"O Escândalo" foi indicado em 3 categorias do Oscar 2020 e, sinceramente, "Cabelo/Maquiagem" é sua única chance real. Margot Robbie e Charlize Theron, embora com excelentes performances, não tem chance pelo nível das concorrentes diretas pelo prêmio, porém isso não diminui em nada a qualidade e a importância delas no filme. "O Escândalo" funciona como entretenimento, mas é muito mais valoroso pela exposição de uma história que perecia ser tão usual nos corredores da Fox News e de vários outras lugares onde o poder parece estar acima de tudo! 

Up-date: "O Escândalo" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Cabelo e Maquiagem!

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Antes de mais nada é preciso dizer que "O Escândalo" é um filme difícil de digerir - é preciso ter estômago e, certamente, vai tocar mais em algumas pessoas do que em outras, mas posso garantir: é um grande filme! Ele é baseado na história real sobre as denúncias de assédio sexual contra o então presidente e fundador da Fox News, Roger Ailes (John Lithgow).

A história é contada pelo ponto de vista de três personagens-chaves: Megyn Kelly (Charlize Theron), Gretchen Carlson (Nicole Kidman) - âncoras do canal; e Kayla Pospisil (Margot Robbie) uma produtora, personagem criada para o filme, que representa (e até com um certo estereótipo) várias outras funcionárias da emissora que também sofreram algum tipo de assédio de Ailes. O fato é que tudo caminhava bem até que Gretchen Carlson, cansada dos seguidos ataques de assédio moral, resolve forçar sua demissão para iniciar um processo contra as várias investidas que sofreu de Roger Ailes no passado. Embora fosse um tiro no escuro, afinal Roger Ailes sempre foi um dos homens mais poderosos dos Estados Unidos, várias mulheres começam a se pronunciar contra o executivo, fortalecendo a iniciativa de Gretchen - mas faltava alguém de dentro da Fox News para dar o "tiro de misericórdia" e é aí que o Megyn Kelly e Kayla Pospisil ganham força no drama e o filme deslancha! 

O ponto forte do filme está no elenco: Charlize Theron é uma grande atriz e está perfeita como Megyn Kelly - é impressionante como as duas estão parecidas, o que só fortalece a chance de "O Escândalo" ganhar o Oscar na categoria "Cabelo/Maquiagem". Margot Robbie também está impecável e por mais que possa parecer que ela é a personificação do estereótipo da mulher bonita/ingênua/oportunista, seu trabalho vai muito além: ela transita por cada uma dessas características de uma forma muito introspectiva, causando uma enorme confusão na sua cabeça, porém quando tudo começa a fazer sentido, seus olhos falam mais do que qualquer diálogo que o roteirista pudesse ter escrito para explicar o que passa com uma mulher assediada daquela forma - é lindo de ver! Nicole Kidman também está incrível, mas o pouco tempo de tela prejudicou sua caminha até o Oscar - se a dúvida ficou entre ela e Margot Robbie, ficaria impossível tirar a chance da segunda! John Lithgow também está ótimo como Roger Ailes - um pecado ele não ter tido a chance de disputar os maiores prêmios da temporada. Merecia!

O roteiro do Charles Randolph (vencedor do Oscar por "A Grande Aposta") é bom, mas pode parecer confuso para quem não conhece dos bastidores da politica americana. Embora o prólogo nos ajude entender a dinâmica sócio-politica da Fox News, as quebras narrativas da linha temporal dificultam o entendimento logo de cara. Além disso, o roteiro trás alguns elementos sem a menor conceitualização dramática: a quebra da quarta parede e a exposição do pensamento funcionam bem, mas são usadas poucas vezes, parecendo ser muito mais uma solução pontual do que uma característica marcante da escrita! A direção do Jay Roach é ótima, embora tenha lido muitas críticas sobre suas escolhas - disseram, inclusive, que ele copiou o estilo de Adam McKay depois dos sucessos de "Vice"e a "Grande Aposta". Outro elemento que incomodou alguns críticos foi o tom que ele imprimiu no filme, parecendo menos preocupado com a seriedade das denúncias e mais em justificar as atitudes erradas de Ailes - a cena onde Kayla Pospisil vai até a sala de Roger Ailes pela primeira vez é o exemplo que justifica essa tese. Eu discordo!

"O Escândalo" foi indicado em 3 categorias do Oscar 2020 e, sinceramente, "Cabelo/Maquiagem" é sua única chance real. Margot Robbie e Charlize Theron, embora com excelentes performances, não tem chance pelo nível das concorrentes diretas pelo prêmio, porém isso não diminui em nada a qualidade e a importância delas no filme. "O Escândalo" funciona como entretenimento, mas é muito mais valoroso pela exposição de uma história que perecia ser tão usual nos corredores da Fox News e de vários outras lugares onde o poder parece estar acima de tudo! 

Up-date: "O Escândalo" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Cabelo e Maquiagem!

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Os Fabelmans

Para o amante da sétima arte, é impossível não ser impactado por um filme que antes do seu início tem a ilustre presença do diretor Steven Spielberg olhando no fundo dos seus olhos e agradecendo por você estar ali para acompanhar duas horas e meia de suas memórias. Como o próprio Spielberg diz, não se trata de uma metáfora, mas sim de uma jornada de descobertas e, essencialmente, uma declaração de amor - mesmo que assumidamente dividida entre suas duas paixões!

O filme é um retrato profundamente pessoal da vida de um dos maiores cineastas de todos os tempos, o diretor Steven Spielberg. "Os Fabelmans", escrito e dirigido pelo próprio Spielberg, narra a história de um jovem, Sammy (Gabriel LaBelle/Mateo Zoryan), que descobre um segredo familiar devastador e que aprende o poder dos filmes para ajudar a enxergar a verdade sobre os outros e sobre si mesmo. Confira o trailer:

Daqui a alguns anos, talvez, "Os Fabelmans" tenha a mesma representatividade para algumas gerações que "Cinema Paradiso", do grande Giuseppe Tornatore, representou para outras. Escrevo isso sem o menor receio de estar exagerando, pois a forma como o roteirista Tony Kushner estrutura as memórias de Spielberg para dar sentido a uma vida aparentemente feliz e tranquila, mas que vai se quebrando sem que o protagonista possa controlar, é sensacional. São tantas nuances e simbologias que citá-las provavelmente influenciaria demais na sua experiência, então eu apenas aconselho: preste atenção em cada detalhe, nos diálogos, nas construções de cada quadro, de cada plano, de como o jovem Sam se relaciona com o mundo e em como as referências de sua vida foram fielmente reproduzidas em seus filmes.

Veja, a linha entre o que é de fato real e o que é pura interpretação é propositalmente confusa, porque Spielberg faz questão de deixar claro que: “é assim que eu me vejo” - você pode até achar que a iluminação recortada pelas árvores em um bosque soa artificial, mas era dessa forma quase poética que Sam se relacionava com seus sentimentos e sentidos. Repare! Também não serão poucas as vezes que você terá a sensação de "eu já vi isso antes" - a genialidade de Kushner e o perfeccionismo de Spielberg entregam dentro de um outro contexto, exatamente as mesmas cenas que um dia vieram a fazer sucesso em sua carreira como diretor. Rapidamente conseguimos identificar as inspirações de enquadramentos de "E.T."., "Tubarão", Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Lista de Schindler", "Cor Púrpura", "Indiana Jones", "Império do Sol", "O Resgate do Soldado Ryan" e até de "Encurralado" - encontrar esses easter eggsé tão divertido quanto nostálgico!

"Os Fabelmans" ainda encontra tempo para discutir sobre as relações familiares. Brilhantemente conduzido por Michelle Williams (como a mãe, Mitzi Fabelman), Paul Dano (como o pai, Burt Fabelman), Seth Rogen(como o melhor amigo da família, Bennie Loewy), além de uma participação tão especial quanto de gala de Judd Hirsch (o tio Boris - para mim o personagem fundamental para o que Spielberg se tornou), os assuntos são espinhosos, marcantes e delicados, mas o que não falta, claro, é sensibilidade para o diretor pontuar algumas passagens que mudaram a sua vida.

Para finalizar, é preciso dizer que a audiência familiarizada com a carreira do Diretor e com as particularidades da profissão de cineasta, deve até se divertir mais que, digamos, o público em geral - não foram poucas as vezes que me vi rindo sozinho de uma piada que ninguém entendeu. Saber a diferença entre uma câmera Bolex 8mm e uma Arriflex 16mm, de fato, não é usual, porém existe um cuidado em explorar as fragilidades do protagonista e até em como ele foi percebendo sua capacidade de manipular imagens para alcançar diferentes emoções, que transformam a história de "Os Fabelmans" em algo realmente universal e apaixonante!

Simplesmente imperdível!

Antes do play, não deixe de assistir o documentário da HBO Max "Spielberg".

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Para o amante da sétima arte, é impossível não ser impactado por um filme que antes do seu início tem a ilustre presença do diretor Steven Spielberg olhando no fundo dos seus olhos e agradecendo por você estar ali para acompanhar duas horas e meia de suas memórias. Como o próprio Spielberg diz, não se trata de uma metáfora, mas sim de uma jornada de descobertas e, essencialmente, uma declaração de amor - mesmo que assumidamente dividida entre suas duas paixões!

O filme é um retrato profundamente pessoal da vida de um dos maiores cineastas de todos os tempos, o diretor Steven Spielberg. "Os Fabelmans", escrito e dirigido pelo próprio Spielberg, narra a história de um jovem, Sammy (Gabriel LaBelle/Mateo Zoryan), que descobre um segredo familiar devastador e que aprende o poder dos filmes para ajudar a enxergar a verdade sobre os outros e sobre si mesmo. Confira o trailer:

Daqui a alguns anos, talvez, "Os Fabelmans" tenha a mesma representatividade para algumas gerações que "Cinema Paradiso", do grande Giuseppe Tornatore, representou para outras. Escrevo isso sem o menor receio de estar exagerando, pois a forma como o roteirista Tony Kushner estrutura as memórias de Spielberg para dar sentido a uma vida aparentemente feliz e tranquila, mas que vai se quebrando sem que o protagonista possa controlar, é sensacional. São tantas nuances e simbologias que citá-las provavelmente influenciaria demais na sua experiência, então eu apenas aconselho: preste atenção em cada detalhe, nos diálogos, nas construções de cada quadro, de cada plano, de como o jovem Sam se relaciona com o mundo e em como as referências de sua vida foram fielmente reproduzidas em seus filmes.

Veja, a linha entre o que é de fato real e o que é pura interpretação é propositalmente confusa, porque Spielberg faz questão de deixar claro que: “é assim que eu me vejo” - você pode até achar que a iluminação recortada pelas árvores em um bosque soa artificial, mas era dessa forma quase poética que Sam se relacionava com seus sentimentos e sentidos. Repare! Também não serão poucas as vezes que você terá a sensação de "eu já vi isso antes" - a genialidade de Kushner e o perfeccionismo de Spielberg entregam dentro de um outro contexto, exatamente as mesmas cenas que um dia vieram a fazer sucesso em sua carreira como diretor. Rapidamente conseguimos identificar as inspirações de enquadramentos de "E.T."., "Tubarão", Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Lista de Schindler", "Cor Púrpura", "Indiana Jones", "Império do Sol", "O Resgate do Soldado Ryan" e até de "Encurralado" - encontrar esses easter eggsé tão divertido quanto nostálgico!

"Os Fabelmans" ainda encontra tempo para discutir sobre as relações familiares. Brilhantemente conduzido por Michelle Williams (como a mãe, Mitzi Fabelman), Paul Dano (como o pai, Burt Fabelman), Seth Rogen(como o melhor amigo da família, Bennie Loewy), além de uma participação tão especial quanto de gala de Judd Hirsch (o tio Boris - para mim o personagem fundamental para o que Spielberg se tornou), os assuntos são espinhosos, marcantes e delicados, mas o que não falta, claro, é sensibilidade para o diretor pontuar algumas passagens que mudaram a sua vida.

Para finalizar, é preciso dizer que a audiência familiarizada com a carreira do Diretor e com as particularidades da profissão de cineasta, deve até se divertir mais que, digamos, o público em geral - não foram poucas as vezes que me vi rindo sozinho de uma piada que ninguém entendeu. Saber a diferença entre uma câmera Bolex 8mm e uma Arriflex 16mm, de fato, não é usual, porém existe um cuidado em explorar as fragilidades do protagonista e até em como ele foi percebendo sua capacidade de manipular imagens para alcançar diferentes emoções, que transformam a história de "Os Fabelmans" em algo realmente universal e apaixonante!

Simplesmente imperdível!

Antes do play, não deixe de assistir o documentário da HBO Max "Spielberg".

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Questão de Tempo

"Questão de Tempo" é delicioso de assistir, daqueles filmes que você não tira o sorriso no rosto - leve, engraçado, emocionante e muito bacana! Mas te adianto: essa paixão toda não é imediata. O prólogo apresenta uma premissa quase infantil e sua aplicação na narrativa pode soar adolescente demais, mas eu te garanto: dê uma chance que você não vai se arrepender. Pode me cobrar depois.

Veja, o filme conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem inglês que, depois de uma conversa com o pai (Bill Nighy), descobre que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo, porém apenas para o passado. Com esse conhecimento, ele começa a resolver todas as suas inseguranças e fragilidades de uma forma muito natural. Quando Tim vai morar em Londres com Harry (Tom Hollander), um mal humorado produtor de teatro e amigo de seu pai, para cursar a faculdade de Direito, ele conhece Mary (Rachel McAdams), por quem se apaixona à primeira vista. A partir daí ele passa a criar (e a reviver quando necessário) as melhores experiências para que os dois fiquem juntos para sempre. Confira o trailer:

Richard Curtis que tem no seu currículo de diretor poucos e competentes trabalhos como "Simplesmente Amor", carrega a experiência de dominar um tipo de narrativa que está no seu DNA de roteirista - já é seu estilo, inclusive. É dele os roteiros de "O Diário de Bridget Jones", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Um Lugar Chamado Notting Hill" e "Yesterday"- apenas para citar alguns dos seus sucessos. Em "Questão de Tempo", Curtis é muito inteligente ao usar o conceito da viagem no tempo apenas para estabelecer a possibilidade de uma segunda chance, mesmo que algumas vezes essa chance não mude em nada o destino do protagonista. O bacana é que roteiro aproveita dessa ferramenta dramática para traduzir de forma leve e inteligente as aflições que todos nós vivemos em algum momento. Ao estabelecer as “regras” para essas viagens, entendemos pelos olhos de Tim que tudo tem um limite e a cada escolha do personagem, te garanto, nosso coração se enche de coisa boa - mesmo nos momentos mais sensíveis!

A música, como em todo trabalho de Curtis, é um espetáculo a parte. A trilha sonora funcionam praticamente como um personagem, ou pelo como parte deles. Temos algumas pérolas como “How Long Will I Love You” e “Mid Air” - tudo se encaixa tão bem que curtimos cada cena de uma forma bem particular. No elenco temos um Domhnall Gleeson excelente e Rachel McAdams que é, definitivamente, uma graça - do mesmo nível de Ellen Page em "Juno". Agora, quem rouba a cena é o pai de Tim, Bill Nighy - ele tem a delicadeza do texto e a sensibilidade do olhar mais fraternal que um filho pode receber. Emocionante!

"Questão de Tempo" (ou "About Time" no original) é o melhor que podemos assistir para aquecer nosso coração e a nossa alma se esse for o clima para um excelente momento de entretenimento. O filme é capaz de emocionar e divertir na mesma medida, com personagens extremamente cativantes e um roteiro que mesmo apoiado em idéias pouco originais, vai nos passar ótimas lições de vida através do seu simbolismo e inteligência.

Vale muito o seu play!

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"Questão de Tempo" é delicioso de assistir, daqueles filmes que você não tira o sorriso no rosto - leve, engraçado, emocionante e muito bacana! Mas te adianto: essa paixão toda não é imediata. O prólogo apresenta uma premissa quase infantil e sua aplicação na narrativa pode soar adolescente demais, mas eu te garanto: dê uma chance que você não vai se arrepender. Pode me cobrar depois.

Veja, o filme conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem inglês que, depois de uma conversa com o pai (Bill Nighy), descobre que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo, porém apenas para o passado. Com esse conhecimento, ele começa a resolver todas as suas inseguranças e fragilidades de uma forma muito natural. Quando Tim vai morar em Londres com Harry (Tom Hollander), um mal humorado produtor de teatro e amigo de seu pai, para cursar a faculdade de Direito, ele conhece Mary (Rachel McAdams), por quem se apaixona à primeira vista. A partir daí ele passa a criar (e a reviver quando necessário) as melhores experiências para que os dois fiquem juntos para sempre. Confira o trailer:

Richard Curtis que tem no seu currículo de diretor poucos e competentes trabalhos como "Simplesmente Amor", carrega a experiência de dominar um tipo de narrativa que está no seu DNA de roteirista - já é seu estilo, inclusive. É dele os roteiros de "O Diário de Bridget Jones", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Um Lugar Chamado Notting Hill" e "Yesterday"- apenas para citar alguns dos seus sucessos. Em "Questão de Tempo", Curtis é muito inteligente ao usar o conceito da viagem no tempo apenas para estabelecer a possibilidade de uma segunda chance, mesmo que algumas vezes essa chance não mude em nada o destino do protagonista. O bacana é que roteiro aproveita dessa ferramenta dramática para traduzir de forma leve e inteligente as aflições que todos nós vivemos em algum momento. Ao estabelecer as “regras” para essas viagens, entendemos pelos olhos de Tim que tudo tem um limite e a cada escolha do personagem, te garanto, nosso coração se enche de coisa boa - mesmo nos momentos mais sensíveis!

A música, como em todo trabalho de Curtis, é um espetáculo a parte. A trilha sonora funcionam praticamente como um personagem, ou pelo como parte deles. Temos algumas pérolas como “How Long Will I Love You” e “Mid Air” - tudo se encaixa tão bem que curtimos cada cena de uma forma bem particular. No elenco temos um Domhnall Gleeson excelente e Rachel McAdams que é, definitivamente, uma graça - do mesmo nível de Ellen Page em "Juno". Agora, quem rouba a cena é o pai de Tim, Bill Nighy - ele tem a delicadeza do texto e a sensibilidade do olhar mais fraternal que um filho pode receber. Emocionante!

"Questão de Tempo" (ou "About Time" no original) é o melhor que podemos assistir para aquecer nosso coração e a nossa alma se esse for o clima para um excelente momento de entretenimento. O filme é capaz de emocionar e divertir na mesma medida, com personagens extremamente cativantes e um roteiro que mesmo apoiado em idéias pouco originais, vai nos passar ótimas lições de vida através do seu simbolismo e inteligência.

Vale muito o seu play!

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