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O Pacto

"O Pacto" talvez seja o filme de ação menos "Guy Ritchie" do Guy Ritchie. Digo isso com a tranquilidade de quem conhece praticamente todos os projetos do diretor no gênero, que, de alguma forma, impõe sua identidade com a mesma competência com que constrói uma trama normalmente fragmentada, cheia de intervenções gráficas e que fomenta uma certa ironia no tom e na performance dos atores. Aqui, o que temos é sim um filme de ação, que nos faz lembrar os bons tempos de "Homeland", mas a potência da narrativa está mesmo é no drama, na atmosfera de tensão e de angustia pela qual os personagens precisam passar. É uma experiência inesquecível? Certamente não, mas posso te garantir que são 120 minutos de um ótimo e dinâmico entretenimento - eu diria até, imperdível!

Durante a Guerra do Afeganistão, o Sargento John Kinley (Jake Gylenhaal) recruta o intérprete local Ahmed (Dar Salim) para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã. Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã por ter salvo sua vida. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida que "The Covenant" (no original) pode ser definido como um drama de guerra dos mais eficientes e empolgantes, no entanto é de se questionar por qual razão que o diretor não se arriscou mais? Isso não é uma critica, mas uma constatação - com exceção de um ou outro plano mais criativo, a sua condução é mais flat. A narrativa também é mais linear, ao ponto de termos a exata sensação de estarmos assistindo um episódio de "Homeland" - no bom e no mal sentido. No bom, é perceptível que Ritchie se apropria dos dramas dos personagens para dimensionar o tamanho do problema que foi a Guerra do Afeganistão - inclusive ao abordar o evento de forma realista, explorando as complexidades morais e éticas enfrentadas pelos soldados americanos, bem como os dilemas enfrentados pelos afegãos que eram contra o sistema talibã. Já pelo lado, digamos, "ruim"; o filme não traz nada de muito novo, ou seja, é mais um filme sobre a jornada do herói que busca sua redenção.

Visualmente, o trabalho do diretor de fotografia Ed Wild (o mesmo de "Invasão a Londres") é impecável. Os planos construídos ao lado Ritchie são incríveis - a forma como Wild interpreta a geografia local soa quase documental (e não é exagero). As montanhas, o silêncio, as estradas vazias, o ar pesado, o calor, enfim, todos esses elementos são brilhantemente explorados e dão o tom claustrofóbico da trama. Reparem que até nas sequências de ação na fábrica e depois na barragem, a câmera pontua o local do embate sem esquecer do cenário em que ele está inserido e ao somar aqueles enquadramentos mais baixos, com as caminhonetes cheias de talibãs chegando, pronto, tudo fica muito alinhado à angústia e ao suspense do momento.

Olhar a Guerra no Oriente Médio sob o contexto dos americanos e suas alianças estratégicas superficiais virou algo comum em Hollywood nesses mais de 20 anos de produção do gênero - algo como os anos 80 fez com o Vietnã. No entanto, "O Pacto" parece ter adicionado algumas camadas que o diferenciam e, de certa forma, insere mais realidade ao filme. O excepcional trabalho de Gyllenhaal ao lado de Salim potencializa essa premissa e nos conecta à jornada sem muito esforço. Até quando o roteiro aponta bem rapidamente para a Síndrome de Estresse Pós-Traumático do personagem, sabemos que aquilo vai funcionar apenas como gatilho para um embate que vem pela frente. Em um filme claramente dividido só em dois atos, cada qual com seu "salvamento" para guiar a narrativa, eu reforço que ambos são dignos de muitos elogios.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"O Pacto" talvez seja o filme de ação menos "Guy Ritchie" do Guy Ritchie. Digo isso com a tranquilidade de quem conhece praticamente todos os projetos do diretor no gênero, que, de alguma forma, impõe sua identidade com a mesma competência com que constrói uma trama normalmente fragmentada, cheia de intervenções gráficas e que fomenta uma certa ironia no tom e na performance dos atores. Aqui, o que temos é sim um filme de ação, que nos faz lembrar os bons tempos de "Homeland", mas a potência da narrativa está mesmo é no drama, na atmosfera de tensão e de angustia pela qual os personagens precisam passar. É uma experiência inesquecível? Certamente não, mas posso te garantir que são 120 minutos de um ótimo e dinâmico entretenimento - eu diria até, imperdível!

Durante a Guerra do Afeganistão, o Sargento John Kinley (Jake Gylenhaal) recruta o intérprete local Ahmed (Dar Salim) para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã. Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã por ter salvo sua vida. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida que "The Covenant" (no original) pode ser definido como um drama de guerra dos mais eficientes e empolgantes, no entanto é de se questionar por qual razão que o diretor não se arriscou mais? Isso não é uma critica, mas uma constatação - com exceção de um ou outro plano mais criativo, a sua condução é mais flat. A narrativa também é mais linear, ao ponto de termos a exata sensação de estarmos assistindo um episódio de "Homeland" - no bom e no mal sentido. No bom, é perceptível que Ritchie se apropria dos dramas dos personagens para dimensionar o tamanho do problema que foi a Guerra do Afeganistão - inclusive ao abordar o evento de forma realista, explorando as complexidades morais e éticas enfrentadas pelos soldados americanos, bem como os dilemas enfrentados pelos afegãos que eram contra o sistema talibã. Já pelo lado, digamos, "ruim"; o filme não traz nada de muito novo, ou seja, é mais um filme sobre a jornada do herói que busca sua redenção.

Visualmente, o trabalho do diretor de fotografia Ed Wild (o mesmo de "Invasão a Londres") é impecável. Os planos construídos ao lado Ritchie são incríveis - a forma como Wild interpreta a geografia local soa quase documental (e não é exagero). As montanhas, o silêncio, as estradas vazias, o ar pesado, o calor, enfim, todos esses elementos são brilhantemente explorados e dão o tom claustrofóbico da trama. Reparem que até nas sequências de ação na fábrica e depois na barragem, a câmera pontua o local do embate sem esquecer do cenário em que ele está inserido e ao somar aqueles enquadramentos mais baixos, com as caminhonetes cheias de talibãs chegando, pronto, tudo fica muito alinhado à angústia e ao suspense do momento.

Olhar a Guerra no Oriente Médio sob o contexto dos americanos e suas alianças estratégicas superficiais virou algo comum em Hollywood nesses mais de 20 anos de produção do gênero - algo como os anos 80 fez com o Vietnã. No entanto, "O Pacto" parece ter adicionado algumas camadas que o diferenciam e, de certa forma, insere mais realidade ao filme. O excepcional trabalho de Gyllenhaal ao lado de Salim potencializa essa premissa e nos conecta à jornada sem muito esforço. Até quando o roteiro aponta bem rapidamente para a Síndrome de Estresse Pós-Traumático do personagem, sabemos que aquilo vai funcionar apenas como gatilho para um embate que vem pela frente. Em um filme claramente dividido só em dois atos, cada qual com seu "salvamento" para guiar a narrativa, eu reforço que ambos são dignos de muitos elogios.

Vale muito o seu play!

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O Poço

"O Poço" é o tipo de filme que trabalha muito bem as alegorias sem perder a força de uma narrativa mais linear que alimenta o gênero que faz parte: no caso o suspense! O que eu quero dizer com isso? Que o filme vai muito além do que vemos na tela, mas nem por isso deixa de ter uma história intrigante - embora o final só vá funcionar para quem realmente se aprofunda nas entrelinhas do roteiro!

Situado dentro de uma espécie de prisão vertical conhecida como "El Hoyo" (que inclusive é o título original do filme), acompanhamos a jornada de Goreng (Ivan Massagué), um homem que aparentemente não cometeu crime algum, mas que por escolha própria resolve ir para a prisão com o objetivo de parar de fumar. É lá que ele conhece Trimagasi (Zorion Eguileor), um senhor que já está há "muitos meses preso", como ele mesmo define. É Trimagasi que explica como funciona a única dinâmica do local: esperar por uma plataforma de comida que se move para baixo, andar por andar, com um banquete. Como Goreng e Trimagasi estão no nível 48, eles precisam aguardar para ver o que sobra depois dos 47 níveis acima se alimentarem, porém de tempos em tempos eles são transferidos para outros níveis e é aí que a coisa começa a pegar, afinal quanto mais baixo, menos comida sobra e a luta pela sobrevivência começa ser a única alternativa! Confira o trailer:

Se "Parasita" extrapolou esse tipo de discussão com maestria, "O Poço" segue a mesma receita, talvez sem o mesmo brilhantismo, mas com uma entrega muito competente. As alegorias vão permitir inúmeras interpretações, algo na linha de "Mother!". Então se você gostou dessas duas referências é bem provável que esse premiado filme espanhol te conquiste, mas se você está atrás de um bom suspense psicológico, com um pezinho no terror, sua escolha também não poderia ser melhor. Vale o play!

Assista Agora ou

"O Poço" é o tipo de filme que trabalha muito bem as alegorias sem perder a força de uma narrativa mais linear que alimenta o gênero que faz parte: no caso o suspense! O que eu quero dizer com isso? Que o filme vai muito além do que vemos na tela, mas nem por isso deixa de ter uma história intrigante - embora o final só vá funcionar para quem realmente se aprofunda nas entrelinhas do roteiro!

Situado dentro de uma espécie de prisão vertical conhecida como "El Hoyo" (que inclusive é o título original do filme), acompanhamos a jornada de Goreng (Ivan Massagué), um homem que aparentemente não cometeu crime algum, mas que por escolha própria resolve ir para a prisão com o objetivo de parar de fumar. É lá que ele conhece Trimagasi (Zorion Eguileor), um senhor que já está há "muitos meses preso", como ele mesmo define. É Trimagasi que explica como funciona a única dinâmica do local: esperar por uma plataforma de comida que se move para baixo, andar por andar, com um banquete. Como Goreng e Trimagasi estão no nível 48, eles precisam aguardar para ver o que sobra depois dos 47 níveis acima se alimentarem, porém de tempos em tempos eles são transferidos para outros níveis e é aí que a coisa começa a pegar, afinal quanto mais baixo, menos comida sobra e a luta pela sobrevivência começa ser a única alternativa! Confira o trailer:

Se "Parasita" extrapolou esse tipo de discussão com maestria, "O Poço" segue a mesma receita, talvez sem o mesmo brilhantismo, mas com uma entrega muito competente. As alegorias vão permitir inúmeras interpretações, algo na linha de "Mother!". Então se você gostou dessas duas referências é bem provável que esse premiado filme espanhol te conquiste, mas se você está atrás de um bom suspense psicológico, com um pezinho no terror, sua escolha também não poderia ser melhor. Vale o play!

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O Relatório

"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!

Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):

"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"! 

Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de  "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!

Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!

A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!

Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).

Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!

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"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!

Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):

"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"! 

Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de  "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!

Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!

A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!

Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).

Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!

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O Símbolo Perdido

Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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Operação Lioness

Operação Lioness

Operação Lioness" ou simplesmente "Lioness", é uma série com muita ação e boas pitadas de drama político, que mergulha nos perigos e nas complexidades da vida de agentes secretos envolvidos em operações especiais anti-terrorismo. Criada pelo Taylor Sheridan, conhecido por seu trabalho em séries como "Yellowstone" e "Mayor of Kingstown", "Lioness" repete sua fórmula de sucesso de "Homeland", com uma narrativa intensa e focada em personagens realmente bem desenvolvidos, oferecendo uma visão cheia de adrenalina de um mundo onde a espionagem se mistura com o cotidiano para entregar episódios de tirar o fôlego!

A trama, basicamente, segue a história de Joe (Zoe Saldaña), uma agente da CIA encarregada de liderar uma unidade ultra-secreta de operações especiais conhecida como "Lioness". Essa unidade é composta por mulheres altamente treinadas, cuja missão é se infiltrar em redes terroristas de alto risco, ganhando a confiança de pessoas próximas aos alvos e com isso realizar operações suicidas que são cruciais para a segurança nacional dos Estados Unidos. Confira o trailer:

O mais interessante de "Lioness" é a forma como a série sabe explorar tanto os perigos físicos das missões quanto os dilemas morais e emocionais enfrentados pelas protagonistas - especialmente quando tentam equilibrar essa vida dupla, muitas vezes com lealdade conflitantes, e onde os traumas psicológicos dessas atividades clandestinas parecem impossíveis de lidar com naturalidade. Sheridan, mais uma vez, traz uma intensidade característica à narrativa, que é envolvente e implacável. Ele constrói o roteiro da temporada com uma estrutura que alterna entre cenas de ação explosivas e momentos de desenvolvimento de personagem mais introspectivos, criando um equilíbrio que mantém a audiência imersa na trama ao mesmo tempo em que tenta se conectar com as motivações dos personagens - nesse ponto, a série, de fato, traz muito de "Homeland".

Rica em tensão e suspense, fica fácil para a direção de John Hillcoat (e equipe) encontrar um ritmo que basicamente nos impede de parar de assistir um episódio após o outro. Tudo é muito bem executado, com um estilo muito particular e uma cinematografia que captura a vastidão e o isolamento dos ambientes desérticos onde muitas das missões se desenrolam com a mesma competência com que enquadra o visual mais cosmopolita das grandes cidades onde as estratégias são desenhadas. O uso de câmeras na mão e os ângulos mais dinâmicos durante as cenas de ação aumentam a sensação de urgência e perigo, enquanto as sequências mais calmas utilizam enquadramentos fechados para explorar a vulnerabilidade emocional dos personagens - eu diria que aqui temos um thriller de ação e espionagem com alma. Nesse sentido, Zoe Saldaña entrega uma performance poderosa, liderando o elenco com uma intensidade que reflete a dureza de uma personagem cheia de marcas - repare como ela traz aquela camada de humanidade para um papel que poderia facilmente ter sido unidimensional, mostrando tanto a força quanto as dores de uma agente que é, antes de tudo, uma mulher de carne e osso. 

"Lioness" sabe perfeitamente como explorar temas espinhosos como a moralidade das operações, os efeitos psicológicos da violência e o impacto das decisões de "colarinho branco" nas vidas dos indivíduos. A série questiona as linhas tênues entre bem e mal, certo e errado, muitas vezes colocando suas personagens em posições onde a escolha certa é ambígua ou até inexistente. Essa exploração adiciona profundidade à narrativa e oferece para a audiência uma experiência desconfortavelmente mais reflexiva - o prólogo do primeiro episódio é um bom exemplo desse conceito na prática. Eficaz em capturar o perigo e a incerteza do mundo da espionagem moderna, ao mesmo tempo em que oferece uma visão humana das pessoas que realizam essas missões, "Lioness" merece muitos elogios por conseguir traçar uma jornada de ação e drama de uma maneira que nos mantém engajados e reflexivos sobre os reais custos do dever e da lealdade.

Olha, entretenimento da melhor qualidade! Só dar o play!

Assista Agora

Operação Lioness" ou simplesmente "Lioness", é uma série com muita ação e boas pitadas de drama político, que mergulha nos perigos e nas complexidades da vida de agentes secretos envolvidos em operações especiais anti-terrorismo. Criada pelo Taylor Sheridan, conhecido por seu trabalho em séries como "Yellowstone" e "Mayor of Kingstown", "Lioness" repete sua fórmula de sucesso de "Homeland", com uma narrativa intensa e focada em personagens realmente bem desenvolvidos, oferecendo uma visão cheia de adrenalina de um mundo onde a espionagem se mistura com o cotidiano para entregar episódios de tirar o fôlego!

A trama, basicamente, segue a história de Joe (Zoe Saldaña), uma agente da CIA encarregada de liderar uma unidade ultra-secreta de operações especiais conhecida como "Lioness". Essa unidade é composta por mulheres altamente treinadas, cuja missão é se infiltrar em redes terroristas de alto risco, ganhando a confiança de pessoas próximas aos alvos e com isso realizar operações suicidas que são cruciais para a segurança nacional dos Estados Unidos. Confira o trailer:

O mais interessante de "Lioness" é a forma como a série sabe explorar tanto os perigos físicos das missões quanto os dilemas morais e emocionais enfrentados pelas protagonistas - especialmente quando tentam equilibrar essa vida dupla, muitas vezes com lealdade conflitantes, e onde os traumas psicológicos dessas atividades clandestinas parecem impossíveis de lidar com naturalidade. Sheridan, mais uma vez, traz uma intensidade característica à narrativa, que é envolvente e implacável. Ele constrói o roteiro da temporada com uma estrutura que alterna entre cenas de ação explosivas e momentos de desenvolvimento de personagem mais introspectivos, criando um equilíbrio que mantém a audiência imersa na trama ao mesmo tempo em que tenta se conectar com as motivações dos personagens - nesse ponto, a série, de fato, traz muito de "Homeland".

Rica em tensão e suspense, fica fácil para a direção de John Hillcoat (e equipe) encontrar um ritmo que basicamente nos impede de parar de assistir um episódio após o outro. Tudo é muito bem executado, com um estilo muito particular e uma cinematografia que captura a vastidão e o isolamento dos ambientes desérticos onde muitas das missões se desenrolam com a mesma competência com que enquadra o visual mais cosmopolita das grandes cidades onde as estratégias são desenhadas. O uso de câmeras na mão e os ângulos mais dinâmicos durante as cenas de ação aumentam a sensação de urgência e perigo, enquanto as sequências mais calmas utilizam enquadramentos fechados para explorar a vulnerabilidade emocional dos personagens - eu diria que aqui temos um thriller de ação e espionagem com alma. Nesse sentido, Zoe Saldaña entrega uma performance poderosa, liderando o elenco com uma intensidade que reflete a dureza de uma personagem cheia de marcas - repare como ela traz aquela camada de humanidade para um papel que poderia facilmente ter sido unidimensional, mostrando tanto a força quanto as dores de uma agente que é, antes de tudo, uma mulher de carne e osso. 

"Lioness" sabe perfeitamente como explorar temas espinhosos como a moralidade das operações, os efeitos psicológicos da violência e o impacto das decisões de "colarinho branco" nas vidas dos indivíduos. A série questiona as linhas tênues entre bem e mal, certo e errado, muitas vezes colocando suas personagens em posições onde a escolha certa é ambígua ou até inexistente. Essa exploração adiciona profundidade à narrativa e oferece para a audiência uma experiência desconfortavelmente mais reflexiva - o prólogo do primeiro episódio é um bom exemplo desse conceito na prática. Eficaz em capturar o perigo e a incerteza do mundo da espionagem moderna, ao mesmo tempo em que oferece uma visão humana das pessoas que realizam essas missões, "Lioness" merece muitos elogios por conseguir traçar uma jornada de ação e drama de uma maneira que nos mantém engajados e reflexivos sobre os reais custos do dever e da lealdade.

Olha, entretenimento da melhor qualidade! Só dar o play!

Assista Agora

Origem

É tipo "Lost"! Se você já ouviu falar da nova série de mistério, "Origem" (ou "From" em seu original), é bem possível que a afirmação sobre a semelhança com o sucesso dos anos 2000, "Lost", venha logo em seguida para chancelar sua história que, de fato, carrega muitos elementos narrativos da série de J. J. Abrams, Jeffrey Lieber, Damon Lindelof. Aliás, nem só no roteiro encontramos semelhanças, mas também na fotografia, na direção, na trilha sonora e, obviamente, no mood da série - e isso tem seu lado bom, afinal é inegável o envolvimento da audiência com esse tipo de trama; mas também carrega o seu lado ruim, afinal, será que com tantas perguntas abertas, seu criador, John Griffi, sabe para onde está conduzindo a história?

Basicamente "Origem" acompanha os residentes de uma misteriosa cidade que simplesmente aprisiona todos que chegam ali. Enquanto alguns deles tentam desesperadamente escapar do local, todos os moradores precisam sobreviver às ameaças que vem floresta: criaturas terríveis que aparecem a noite e que tentam te convencer a deixa-las entrar em suas casas (para matar). Confira o trailer:

Produzida pelos irmãos Russo e por Jack Bender, uma das mentes criativas que também produziu e dirigiu "Lost", "Origem" chama a atenção de cara por toda atmosfera de tensão que o primeiro episódio foi capaz dos nos apresentar - sem, obviamente, gastar o orçamento absurdo (para época) do piloto de duas horas de "Lost". É inegável que o novo projeto de Griffi possui um roteiro dos mais inteligentes, repleto de possibilidades e teorias que funcionam como isca para que a audiência não pare de assistir os demais episódios por nada desse mundo - a trama é uma verdadeira batalha contra o desconhecido, onde a nossa paciência e capacidade de dedução, ainda bem, são colocadas à prova novamente, 15 anos depois.

Embora a cidade seja um organismo vivo, como a ilha, existe um certo receio de "viajar demais" e isso acaba trazendo uma sensação de equilíbrio para a história que transita perfeitamente entre o suspense, o terror e drama - bem na linha Stephen King, diga-se de passagem. Bender, como diretor, sabe das fragilidades de "Lost" (que nunca foi na direção) então praticamente repete só o que deu certo, ou seja,submeter seus personagens ao desconhecido, ao terror daquilo que não se pode descrever com exatidão, e como isso aproveita dos pesadelos torturantes de vários episódios para em algum momento também oferecer um suspiro de esperança - suficiente para que a audiência acredite que teremos algumas respostas em breve em meio a algumas teorias e suposições.

"Origem" tem cara de TV aberta, mas é do MGM+, então com certeza, não deve sofrer com episódios sem força para suportar a trama. Isso é bem perceptível na primeira temporada inteira que praticamente nos deixa sem fôlego em várias passagens - a sequência da invasão da Casa Colônia é angustiante, embora tenha faltado um pouco mais de coragem para o roteiro ser ainda mais impactante (algo como o "casamento vermelho", por exemplo). Nada que prejudique, muito pelo contrário, já que o potencial está ali e é perceptível. Depois de dez episódios, minha mais sincera impressão é que finalmente "Lost" pode encontrar sua redenção graças ao "primo pobre" que aprendeu a lição e se transformou em um grande fenômeno justamente por isso! Vamos aguardar!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

É tipo "Lost"! Se você já ouviu falar da nova série de mistério, "Origem" (ou "From" em seu original), é bem possível que a afirmação sobre a semelhança com o sucesso dos anos 2000, "Lost", venha logo em seguida para chancelar sua história que, de fato, carrega muitos elementos narrativos da série de J. J. Abrams, Jeffrey Lieber, Damon Lindelof. Aliás, nem só no roteiro encontramos semelhanças, mas também na fotografia, na direção, na trilha sonora e, obviamente, no mood da série - e isso tem seu lado bom, afinal é inegável o envolvimento da audiência com esse tipo de trama; mas também carrega o seu lado ruim, afinal, será que com tantas perguntas abertas, seu criador, John Griffi, sabe para onde está conduzindo a história?

Basicamente "Origem" acompanha os residentes de uma misteriosa cidade que simplesmente aprisiona todos que chegam ali. Enquanto alguns deles tentam desesperadamente escapar do local, todos os moradores precisam sobreviver às ameaças que vem floresta: criaturas terríveis que aparecem a noite e que tentam te convencer a deixa-las entrar em suas casas (para matar). Confira o trailer:

Produzida pelos irmãos Russo e por Jack Bender, uma das mentes criativas que também produziu e dirigiu "Lost", "Origem" chama a atenção de cara por toda atmosfera de tensão que o primeiro episódio foi capaz dos nos apresentar - sem, obviamente, gastar o orçamento absurdo (para época) do piloto de duas horas de "Lost". É inegável que o novo projeto de Griffi possui um roteiro dos mais inteligentes, repleto de possibilidades e teorias que funcionam como isca para que a audiência não pare de assistir os demais episódios por nada desse mundo - a trama é uma verdadeira batalha contra o desconhecido, onde a nossa paciência e capacidade de dedução, ainda bem, são colocadas à prova novamente, 15 anos depois.

Embora a cidade seja um organismo vivo, como a ilha, existe um certo receio de "viajar demais" e isso acaba trazendo uma sensação de equilíbrio para a história que transita perfeitamente entre o suspense, o terror e drama - bem na linha Stephen King, diga-se de passagem. Bender, como diretor, sabe das fragilidades de "Lost" (que nunca foi na direção) então praticamente repete só o que deu certo, ou seja,submeter seus personagens ao desconhecido, ao terror daquilo que não se pode descrever com exatidão, e como isso aproveita dos pesadelos torturantes de vários episódios para em algum momento também oferecer um suspiro de esperança - suficiente para que a audiência acredite que teremos algumas respostas em breve em meio a algumas teorias e suposições.

"Origem" tem cara de TV aberta, mas é do MGM+, então com certeza, não deve sofrer com episódios sem força para suportar a trama. Isso é bem perceptível na primeira temporada inteira que praticamente nos deixa sem fôlego em várias passagens - a sequência da invasão da Casa Colônia é angustiante, embora tenha faltado um pouco mais de coragem para o roteiro ser ainda mais impactante (algo como o "casamento vermelho", por exemplo). Nada que prejudique, muito pelo contrário, já que o potencial está ali e é perceptível. Depois de dez episódios, minha mais sincera impressão é que finalmente "Lost" pode encontrar sua redenção graças ao "primo pobre" que aprendeu a lição e se transformou em um grande fenômeno justamente por isso! Vamos aguardar!

Vale muito o seu play!

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Os Crimes da Nossa Mãe

"Os Crimes da Nossa Mãe" é mais uma minissérie de true crime que vai revirar o seu estômago! Sim, a história é tão bizarra quanto surpreendente, mas não é um caso isolado e justamente por isso, eu sugiro que antes do play aqui, assista "Em Nome do Céu" - uma produção do FX que aqui no Brasil está disponível no Star+. Digo isso pois muito do que é explicado, detalhado e discutido na minissérie de ficção (mesmo que baseado em fatos reais) servirá de base para que você realmente entenda o tamanho das atrocidades em que Lori Vallow, seu atual parceiro, Chad Daybell, e seu irmão, Alex Cox, estavam envolvidos.

A minissérie de apenas três episódios conta a história, justamente, de Lori Vallow - uma mulher vista pelos amigos e familiares como uma mãe dedicada de três filhos, uma esposa amorosa e uma pessoa bastante religiosa que fazia parte da comunidade mórmon do Texas. Tudo muda em três anos quando ela conhece Chad Daybell e ambos passam a ser considerados os principais suspeitos do desaparecimento e assassinato dos dois filhos mais novos Lori, de seu quarto marido e da mulher de Chad. Confira o trailer:

Dirigido pela Skye Borgman (a mesma de "A Garota da Foto") a minissérie se apoia em depoimentos bem impactantes e extremamente honestos, carregado de emoção, de Colby Ryan, o filho mais velho (e único sobrevivente) de Lori. Ao contar em detalhes toda história da sua família, Colby acaba funcionando como uma espécie e fio condutor da trama, humanizando a narrativa e adicionando um elemento essencial para que um true crime nos impacta tanto: incredulidade! Veja, tudo em  "Os Crimes da Nossa Mãe" é apresentado para que possamos colocar uma única questão em pauta: como uma mulher aparentemente comum se tornou a mãe mais infame e odiada dos Estados Unidos?

De fato Borgman consegue nos manter grudados à trama com muita competência, mesmo que em alguns momentos use de um artifício (para mim pouco honesto) que manipula nossa percepção sobre o andamento da história: a edição. Ao montar os episódios suprimindo algumas informações ou colocando-as fora de ordem, a diretora acaba fortalecendo certas passagens que, na verdade, nem precisariam de tamanho sensacionalismo para nos impactar. A técnica funciona se olharmos pelo prisma do entretenimento, mas incomoda pela sensação de manipulação. Atrapalha nossa experiência? Só para aqueles que gostam de ir construindo o quebra-cabeça junto com a narrativa. 

Ao explorar o impacto que o fundamentalismo religioso tem na vida das pessoas e como isso pode ser facilmente inserido dentro de qualquer comunidade ou cotidiano, temos a real dimensão de como o ser humano pode ser doente, cruel e perigoso em nome da palavra de Deus - esse é um viés que vem sendo muito bem explorado nesse tipo de produção, inclusive com muitas imagens de arquivo e recortes de como a mídia sempre tratou o assunto. A verdade é que o que antes parecia "coisa de ficção", hoje em dia é a "mais pura realidade"!

Nesse aspecto, "Os Crimes da Nossa Mãe" vai te deixar sem chão, ao mesmo tempo em que procura a todo momento fugir daquela estrutura mais, digamos, investigativa. Entender (ou não) o "porquê" é muito mais o foco do que essencialmente descobrir "quem" matou - mas já adianto: são tantas passagens tão insanas, vários fatos tão desconexos com a realidade, que olha, até a "confusão natural" da narrativa passa a fazer parte fundamental da nossa experiência como audiência. 

Vale muito o seu play!

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"Os Crimes da Nossa Mãe" é mais uma minissérie de true crime que vai revirar o seu estômago! Sim, a história é tão bizarra quanto surpreendente, mas não é um caso isolado e justamente por isso, eu sugiro que antes do play aqui, assista "Em Nome do Céu" - uma produção do FX que aqui no Brasil está disponível no Star+. Digo isso pois muito do que é explicado, detalhado e discutido na minissérie de ficção (mesmo que baseado em fatos reais) servirá de base para que você realmente entenda o tamanho das atrocidades em que Lori Vallow, seu atual parceiro, Chad Daybell, e seu irmão, Alex Cox, estavam envolvidos.

A minissérie de apenas três episódios conta a história, justamente, de Lori Vallow - uma mulher vista pelos amigos e familiares como uma mãe dedicada de três filhos, uma esposa amorosa e uma pessoa bastante religiosa que fazia parte da comunidade mórmon do Texas. Tudo muda em três anos quando ela conhece Chad Daybell e ambos passam a ser considerados os principais suspeitos do desaparecimento e assassinato dos dois filhos mais novos Lori, de seu quarto marido e da mulher de Chad. Confira o trailer:

Dirigido pela Skye Borgman (a mesma de "A Garota da Foto") a minissérie se apoia em depoimentos bem impactantes e extremamente honestos, carregado de emoção, de Colby Ryan, o filho mais velho (e único sobrevivente) de Lori. Ao contar em detalhes toda história da sua família, Colby acaba funcionando como uma espécie e fio condutor da trama, humanizando a narrativa e adicionando um elemento essencial para que um true crime nos impacta tanto: incredulidade! Veja, tudo em  "Os Crimes da Nossa Mãe" é apresentado para que possamos colocar uma única questão em pauta: como uma mulher aparentemente comum se tornou a mãe mais infame e odiada dos Estados Unidos?

De fato Borgman consegue nos manter grudados à trama com muita competência, mesmo que em alguns momentos use de um artifício (para mim pouco honesto) que manipula nossa percepção sobre o andamento da história: a edição. Ao montar os episódios suprimindo algumas informações ou colocando-as fora de ordem, a diretora acaba fortalecendo certas passagens que, na verdade, nem precisariam de tamanho sensacionalismo para nos impactar. A técnica funciona se olharmos pelo prisma do entretenimento, mas incomoda pela sensação de manipulação. Atrapalha nossa experiência? Só para aqueles que gostam de ir construindo o quebra-cabeça junto com a narrativa. 

Ao explorar o impacto que o fundamentalismo religioso tem na vida das pessoas e como isso pode ser facilmente inserido dentro de qualquer comunidade ou cotidiano, temos a real dimensão de como o ser humano pode ser doente, cruel e perigoso em nome da palavra de Deus - esse é um viés que vem sendo muito bem explorado nesse tipo de produção, inclusive com muitas imagens de arquivo e recortes de como a mídia sempre tratou o assunto. A verdade é que o que antes parecia "coisa de ficção", hoje em dia é a "mais pura realidade"!

Nesse aspecto, "Os Crimes da Nossa Mãe" vai te deixar sem chão, ao mesmo tempo em que procura a todo momento fugir daquela estrutura mais, digamos, investigativa. Entender (ou não) o "porquê" é muito mais o foco do que essencialmente descobrir "quem" matou - mas já adianto: são tantas passagens tão insanas, vários fatos tão desconexos com a realidade, que olha, até a "confusão natural" da narrativa passa a fazer parte fundamental da nossa experiência como audiência. 

Vale muito o seu play!

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Oslo

Todo projeto baseado em um espetáculo de teatro tende a sofrer com a limitação cênica - ou seja, muitas cenas acontecem exatamente no mesmo cenário, o que dificulta a criação de uma dinâmica narrativa mais eficiente, mesmo com um roteiro inteligente e chancelado como uma das grandes vencedoras do Prêmio Tony durante as temporadas 2016/17. O fato é que "Oslo" é muito bom, mas não será inesquecível como "Chernobyl", por exemplo. 

O filme mostra as intermináveis negociações secretas que levaram ao Acordo de Paz de Oslo em 1993, entre Israel e aOLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada porYasser Arafat e orquestrado por dois funcionários do governo norueguês: Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott). Esse é um momento breve, mas brilhante na história politica mundial - embora o "Acordo de Oslo" não tenha resultado em um processo de paz duradouro, ele continua representando um ponto de esperança diplomático quando pessoas de boa-vontade se reúnem e conversam sem preconceitos em busca de um bem maior. Confira o trailer:

Com um tema bastante sensível, é perceptível o cuidado do roteirista J.T. Rogers e do diretor Bartlett Sher, ambos estreantes, para que não haja nenhum desequilíbrio ideológico muito evidente entre o posicionamento de Israel ou dos palestinos, sobre diversos assuntos discutidos naqueles dias - uma outra produção da HBO sobre as diferenças entre os dois povos e que merece ser assistida é "Our Boys".

Pois bem, alguns pontos diplomáticos entre a Noruega e os dois países, inclusive, foram omitidos, outros, tratados rapidamente, mas nada que impacte na experiência que é acompanhar uma negociação marcada por um rancor histórico. Vale ressaltar que os diálogos podem fugir um pouco do que realmente aconteceu na realidade, mas é de se elogiar a simplicidade como o problema é exposto sem ser didático demais e a forma marcante como os personagens se relacionam entre si ajudam no entendimento - talvez um pouco fora do tom em alguns momentos, pouco esteriotipados como é o caso de Jeff Wilbusch com seu Uri Savir. Aliás, do elenco, Salim Daucomo Ahmed Qurei (representante de Yasser Arafat) é o ponto alto do filme.

"Oslo" tem um mérito de deixar bem claro que não existe uma única narrativa dos fatos que os levaram até ali e que nenhuma delas necessariamente é a verdadeira - apenas versões de ambos os lados. O filme não ignora o fato de que o conflito entre Israel e palestinos é o resultado de um emaranhado de histórias que foram inflamadas ao longo do tempo, seja pela guerra, pelo colonialismo, pelo Holocausto ou também pela forma como tudo sempre foi noticiado. Não há heróis e muito menos bandidos. Não se trata de uma jornada de Mona e Terje para alcançar a paz, mas sim de mostrar qual o papel de cada um deles nesse momento relevante da história recente e aí cabe um crítica: talvez "Oslo" merecesse ser uma minissérie - muitas passagens, personagens e discussões poderiam tranquilamente ser melhor explorados. 

"Oslo" não é brilhante como já atestamos, mas é importante, interessante e bem realizado - para quem gosta de teatro, a dinâmica será melhor absorvida. Vale a pena? Claro, ainda mais pelo momento onde o confronto entre Israel e Palestina voltou a ser notícia em uma história marcada por questões territoriais, históricas e religiosas que nós, de muito longe, não somos capazes de entender.

Assista Agora

Todo projeto baseado em um espetáculo de teatro tende a sofrer com a limitação cênica - ou seja, muitas cenas acontecem exatamente no mesmo cenário, o que dificulta a criação de uma dinâmica narrativa mais eficiente, mesmo com um roteiro inteligente e chancelado como uma das grandes vencedoras do Prêmio Tony durante as temporadas 2016/17. O fato é que "Oslo" é muito bom, mas não será inesquecível como "Chernobyl", por exemplo. 

O filme mostra as intermináveis negociações secretas que levaram ao Acordo de Paz de Oslo em 1993, entre Israel e aOLP (Organização para a Libertação da Palestina), liderada porYasser Arafat e orquestrado por dois funcionários do governo norueguês: Mona Juul (Ruth Wilson) e Terje Rød-Larsen (Andrew Scott). Esse é um momento breve, mas brilhante na história politica mundial - embora o "Acordo de Oslo" não tenha resultado em um processo de paz duradouro, ele continua representando um ponto de esperança diplomático quando pessoas de boa-vontade se reúnem e conversam sem preconceitos em busca de um bem maior. Confira o trailer:

Com um tema bastante sensível, é perceptível o cuidado do roteirista J.T. Rogers e do diretor Bartlett Sher, ambos estreantes, para que não haja nenhum desequilíbrio ideológico muito evidente entre o posicionamento de Israel ou dos palestinos, sobre diversos assuntos discutidos naqueles dias - uma outra produção da HBO sobre as diferenças entre os dois povos e que merece ser assistida é "Our Boys".

Pois bem, alguns pontos diplomáticos entre a Noruega e os dois países, inclusive, foram omitidos, outros, tratados rapidamente, mas nada que impacte na experiência que é acompanhar uma negociação marcada por um rancor histórico. Vale ressaltar que os diálogos podem fugir um pouco do que realmente aconteceu na realidade, mas é de se elogiar a simplicidade como o problema é exposto sem ser didático demais e a forma marcante como os personagens se relacionam entre si ajudam no entendimento - talvez um pouco fora do tom em alguns momentos, pouco esteriotipados como é o caso de Jeff Wilbusch com seu Uri Savir. Aliás, do elenco, Salim Daucomo Ahmed Qurei (representante de Yasser Arafat) é o ponto alto do filme.

"Oslo" tem um mérito de deixar bem claro que não existe uma única narrativa dos fatos que os levaram até ali e que nenhuma delas necessariamente é a verdadeira - apenas versões de ambos os lados. O filme não ignora o fato de que o conflito entre Israel e palestinos é o resultado de um emaranhado de histórias que foram inflamadas ao longo do tempo, seja pela guerra, pelo colonialismo, pelo Holocausto ou também pela forma como tudo sempre foi noticiado. Não há heróis e muito menos bandidos. Não se trata de uma jornada de Mona e Terje para alcançar a paz, mas sim de mostrar qual o papel de cada um deles nesse momento relevante da história recente e aí cabe um crítica: talvez "Oslo" merecesse ser uma minissérie - muitas passagens, personagens e discussões poderiam tranquilamente ser melhor explorados. 

"Oslo" não é brilhante como já atestamos, mas é importante, interessante e bem realizado - para quem gosta de teatro, a dinâmica será melhor absorvida. Vale a pena? Claro, ainda mais pelo momento onde o confronto entre Israel e Palestina voltou a ser notícia em uma história marcada por questões territoriais, históricas e religiosas que nós, de muito longe, não somos capazes de entender.

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Room 104

"Room 104" é uma série na HBO, que chegou sem tanta publicidade, mas que é muito interessante! Na verdade, eu estava muito curioso pra conhecer esse projeto, pois é dos mesmos caras de uma outra série que eu gosto muito: "Togetherness" - os irmão Duplass!

A série traz a tendência das antologias para HBO, se não por temporada, episódica - ou seja, cada episódio tem começo, meio e fim! A pegada é muito focada no roteiro e não na produção - como os ingleses adoram fazer e fazem muito bem há anos, inclusive. São histórias independentes e com sub-gêneros diferentes, onde o ponto de conexão entre todas essas histórias é "apenas" o "Quarto número 104" de um hotel beira de estrada dos EUA e mais nada! Confira o trailer:

Como acontece em "Twilight Zone", por exemplo, posso adiantar: existem histórias melhores, outras piores... Umas mais dinâmicas, outras conceituais demais, mas o fato é que a maioria dos roteiros são muito inteligentes e os diretores transitam muito bem nessa pluralidade de histórias, gêneros e até conceitos estéticos / narrativos  - quase um experimento visual de luxo bancado pela HBO!

É uma série rápida com 12 episódios de 25 minutos, mas que não deve agradar todo mundo - então, só assista se você estiver disposto a se surpreender positivamente ou até negativamente com algum episódio e digo isso sem o receio de ser injusto, mas algumas pessoas tendem a gostar mais de um gênero do que de outro e assim por diante. "Room 104" é aquele tipo de série que depende muito de gosto!

A crítica adora, o publico é fiel e por isso já temos quatro temporadas produzidas! Vale o play e a surpresa em cada episódio.

Assista Agora

"Room 104" é uma série na HBO, que chegou sem tanta publicidade, mas que é muito interessante! Na verdade, eu estava muito curioso pra conhecer esse projeto, pois é dos mesmos caras de uma outra série que eu gosto muito: "Togetherness" - os irmão Duplass!

A série traz a tendência das antologias para HBO, se não por temporada, episódica - ou seja, cada episódio tem começo, meio e fim! A pegada é muito focada no roteiro e não na produção - como os ingleses adoram fazer e fazem muito bem há anos, inclusive. São histórias independentes e com sub-gêneros diferentes, onde o ponto de conexão entre todas essas histórias é "apenas" o "Quarto número 104" de um hotel beira de estrada dos EUA e mais nada! Confira o trailer:

Como acontece em "Twilight Zone", por exemplo, posso adiantar: existem histórias melhores, outras piores... Umas mais dinâmicas, outras conceituais demais, mas o fato é que a maioria dos roteiros são muito inteligentes e os diretores transitam muito bem nessa pluralidade de histórias, gêneros e até conceitos estéticos / narrativos  - quase um experimento visual de luxo bancado pela HBO!

É uma série rápida com 12 episódios de 25 minutos, mas que não deve agradar todo mundo - então, só assista se você estiver disposto a se surpreender positivamente ou até negativamente com algum episódio e digo isso sem o receio de ser injusto, mas algumas pessoas tendem a gostar mais de um gênero do que de outro e assim por diante. "Room 104" é aquele tipo de série que depende muito de gosto!

A crítica adora, o publico é fiel e por isso já temos quatro temporadas produzidas! Vale o play e a surpresa em cada episódio.

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Slow Horses

Imagine se o Dr. House tivesse a missão de recuperar agentes do MI5 a partir de uma estrutura precária, mas repleta de talentos incompreendidos! É mais ou menos isso que você vai encontrar em "Slow Horses" e com o bônus desse "Dr. House" ser um Gary Oldman no melhor da sua forma! Lançada em 2022 pela Apple TV+, aqui temos uma série de espionagem que mistura tensão e drama com uma boa dose do humor negro inglês. Baseada no romance de Mick Herron, "Slow Horses" oferece uma visão diferenciada do contra-terrorismo, focando em um grupo de agentes que trabalham nessa divisão, digamos, menos glamourosa do Serviço Secreto Britânico. Com uma narrativa realmente cativante, a série se apropria de toda aquela atmosfera angustiante e de urgência de "The Night Manager" com aquele tom menos realista de "Killing Eve", para oferecer uma experiência igualmente envolvente e cheia de reviravoltas muito divertidas para quem gosta do gênero. Um ótimo entretenimento!

A trama, basicamente, segue Jackson Lamb (Gary Oldman), um espião veterano, cínico e desiludido, que lidera uma divisão do MI5, a Slough House, onde são enviados os agentes que cometeram erros embaraçosos para a instituição. Esta equipe é composta por agentes que, por diferentes razões, foram relegados a tarefas tediosas e aparentemente sem importância. No entanto, quando um jovem é sequestrado e uma conspiração maior começa a se desdobrar, Lamb e sua equipe têm a chance de provar seu valor para então redimir suas carreiras. Confira o trailer:

Após o play você vai encontrar uma mistura de tensão e humor, equilibrando habilmente os elementos de suspense e drama com ótimos momentos de alívios cômicos. Essa dinâmica demora um certo tempo para fazer sentido já que a série parece não se levar muito a sério - o que, vamos admitir, é um refresco para um gênero de espionagem desgastado e que frequentemente prefere o sombrio e o intenso para contar a "mesma história". Desculpe a redundância, mas é como se comparássemos "Greys Anatomy" ou "E.R." com "House" ou "The Good Doctor". O roteiro, claro, é um dos pontos fortes de "Slow Horses" - adaptado de uma série de livros de espionagem altamente aclamados, a escrita é afiada, os diálogos inteligentes e as tramas muito bem construídos - a ideia é que cada temporada cubra algum volume da versão literária. Temas como redenção e lealdade nos proporcionam uma reflexão mais profunda sobre os sacrifícios e as desilusões desses agentes desde "Missão Impossível" ou "007", mas aqui, com sua narrativa melhor estruturada, ficamos engajados mesmo entendendo que os mistérios que se desenrolam gradualmente (e de maneira satisfatória) soem um pouco absurdos demais (embora nesse mundo que vivemos, nada tão absurdo surpreende mais).

A direção de James Hawes (de "Uma Vida") e de Jeremy Lovering (de "Sherlock"), na primeira temporada, dão o tom do que se segue nas demais. Ela é precisa, utilizando uma fotografia de uma Londres cinzenta e chuvosa, que captura toda a atmosfera opressiva e às vezes deprimente do Slough House. Os cenários são cuidadosamente escolhidos para refletir toda decadência e a marginalização dos personagens - e isso é muito bacana, basta imaginar um agente do MI5 revirando um saco de lixo de um um suspeito, dentro de um escritório que mais parece uma casa abandonada. Gary Oldman, é peça chave nessa conexão entre o real e o absurdo - ele está simplesmente magistral. Ele traz uma profundidade e complexidade ao personagem, equilibrando seu cinismo mordaz com momentos de vulnerabilidade impressionantes. Oldman é capaz de transmitir o peso do passado de Lamb e sua desilusão com a espionagem, ao mesmo tempo em que infunde o personagem com um humor ácido cativante. O elenco de apoio também é excepcional, especialmente com Jack Lowden como o ambicioso e determinado River Cartwright, e com Kristin Scott Thomas como a impassível e poderosa Diana Taverner.

"Slow Horses" pode até parecer ter um ritmo mais lento em certos momentos, especialmente nas subtramas que exploram a vida pessoal dos personagens, mas é justamente essa natureza cínica e desencantada, personificada fortemente por Lamb, que transforma um dos aspectos mais distintos e interessantes da série, em uma jornada de entretenimento realmente deliciosa. "Slow Horses", com sua abordagem diferente sobre temas relevantes como corrupção e política, mostra ser mais inteligente e perspicaz do que muitas produções que foram se perdendo ao longo dos anos dentro de sua própria pretensão de ser realista demais!

Vale muito o seu play!

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Imagine se o Dr. House tivesse a missão de recuperar agentes do MI5 a partir de uma estrutura precária, mas repleta de talentos incompreendidos! É mais ou menos isso que você vai encontrar em "Slow Horses" e com o bônus desse "Dr. House" ser um Gary Oldman no melhor da sua forma! Lançada em 2022 pela Apple TV+, aqui temos uma série de espionagem que mistura tensão e drama com uma boa dose do humor negro inglês. Baseada no romance de Mick Herron, "Slow Horses" oferece uma visão diferenciada do contra-terrorismo, focando em um grupo de agentes que trabalham nessa divisão, digamos, menos glamourosa do Serviço Secreto Britânico. Com uma narrativa realmente cativante, a série se apropria de toda aquela atmosfera angustiante e de urgência de "The Night Manager" com aquele tom menos realista de "Killing Eve", para oferecer uma experiência igualmente envolvente e cheia de reviravoltas muito divertidas para quem gosta do gênero. Um ótimo entretenimento!

A trama, basicamente, segue Jackson Lamb (Gary Oldman), um espião veterano, cínico e desiludido, que lidera uma divisão do MI5, a Slough House, onde são enviados os agentes que cometeram erros embaraçosos para a instituição. Esta equipe é composta por agentes que, por diferentes razões, foram relegados a tarefas tediosas e aparentemente sem importância. No entanto, quando um jovem é sequestrado e uma conspiração maior começa a se desdobrar, Lamb e sua equipe têm a chance de provar seu valor para então redimir suas carreiras. Confira o trailer:

Após o play você vai encontrar uma mistura de tensão e humor, equilibrando habilmente os elementos de suspense e drama com ótimos momentos de alívios cômicos. Essa dinâmica demora um certo tempo para fazer sentido já que a série parece não se levar muito a sério - o que, vamos admitir, é um refresco para um gênero de espionagem desgastado e que frequentemente prefere o sombrio e o intenso para contar a "mesma história". Desculpe a redundância, mas é como se comparássemos "Greys Anatomy" ou "E.R." com "House" ou "The Good Doctor". O roteiro, claro, é um dos pontos fortes de "Slow Horses" - adaptado de uma série de livros de espionagem altamente aclamados, a escrita é afiada, os diálogos inteligentes e as tramas muito bem construídos - a ideia é que cada temporada cubra algum volume da versão literária. Temas como redenção e lealdade nos proporcionam uma reflexão mais profunda sobre os sacrifícios e as desilusões desses agentes desde "Missão Impossível" ou "007", mas aqui, com sua narrativa melhor estruturada, ficamos engajados mesmo entendendo que os mistérios que se desenrolam gradualmente (e de maneira satisfatória) soem um pouco absurdos demais (embora nesse mundo que vivemos, nada tão absurdo surpreende mais).

A direção de James Hawes (de "Uma Vida") e de Jeremy Lovering (de "Sherlock"), na primeira temporada, dão o tom do que se segue nas demais. Ela é precisa, utilizando uma fotografia de uma Londres cinzenta e chuvosa, que captura toda a atmosfera opressiva e às vezes deprimente do Slough House. Os cenários são cuidadosamente escolhidos para refletir toda decadência e a marginalização dos personagens - e isso é muito bacana, basta imaginar um agente do MI5 revirando um saco de lixo de um um suspeito, dentro de um escritório que mais parece uma casa abandonada. Gary Oldman, é peça chave nessa conexão entre o real e o absurdo - ele está simplesmente magistral. Ele traz uma profundidade e complexidade ao personagem, equilibrando seu cinismo mordaz com momentos de vulnerabilidade impressionantes. Oldman é capaz de transmitir o peso do passado de Lamb e sua desilusão com a espionagem, ao mesmo tempo em que infunde o personagem com um humor ácido cativante. O elenco de apoio também é excepcional, especialmente com Jack Lowden como o ambicioso e determinado River Cartwright, e com Kristin Scott Thomas como a impassível e poderosa Diana Taverner.

"Slow Horses" pode até parecer ter um ritmo mais lento em certos momentos, especialmente nas subtramas que exploram a vida pessoal dos personagens, mas é justamente essa natureza cínica e desencantada, personificada fortemente por Lamb, que transforma um dos aspectos mais distintos e interessantes da série, em uma jornada de entretenimento realmente deliciosa. "Slow Horses", com sua abordagem diferente sobre temas relevantes como corrupção e política, mostra ser mais inteligente e perspicaz do que muitas produções que foram se perdendo ao longo dos anos dentro de sua própria pretensão de ser realista demais!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Spotlight

"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

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"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

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Talento e Fé

"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

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"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

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Terrorismo Americano

Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.

"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):

Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país. 

Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido  — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas  quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.

Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".

Esteja preparado, mas vale muito o seu play!

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Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.

"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):

Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país. 

Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido  — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas  quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.

Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".

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The Looming Tower

"The Looming Tower" é uma das melhores minisséries que assisti ultimamente. Se você gosta da "tríade": investigação x terrorismo x política, você não vai conseguir parar de assistir esse projeto da Hulu que aqui no Brasil é distribuído pela Amazon Prime Vídeo! Confira o trailer:

Baseada no livro de Lawrence Wright, lançado em 2006 e ganhador do Prêmio Pulitzer, a história acompanha o crescimento da ameaça de terrorismo que os EUA viviam no inicio dos anos 2000, representada pela Al-Qaeda de Osama bin Laden. O roteiro expõe de maneira muito inteligente, a tensão, a desconfiança  e a rivalidade entre a CIA e o FBI, além das falhas (reais) que essa disputa representou na luta para impedir a tragédia de 11 de setembro. É realmente um absurdo!

O roteiro tem como foco a jornada de dois personagens: John O'Neill (Jeff Daniels), chefe do esquadrão antiterrorista do FBI, e seu braço direito Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês naturalizado americano. Juntos eles trabalhavam para impedir os avanços da Al-Qaeda, tanto no ocidente como no oriente. Porém, além das naturais dificuldades nas investigações, existia uma disputa de ego e poder, que dificultava o fluxo de informações entre a burocrata CIA e os agentes de campo do FBI. O triste é perceber que a individualidade do ser humano não foi capaz impedir o maior ataque terrorista da história - e isso fica muito claro nas cenas reais do interrogatório feito pelo Congresso Americano após os acontecimentos! É preciso dizer, porém, que o roteirista e criador da série Dan Futterman (de "Gracepoint" e "Foxcatcher") demoniza apenas um lado da história - uma dinâmica que ajuda a estabelecer quem é o bandido e quem é o mocinho, mas que na vida real sabemos não ser assim que acontece e isso enfraquece a credibilidade da discussão principal da série: a incapacidade que as agências do FBI e da CIA tiveram de trabalhar em conjunto!

Sempre ancorado em eventos reais, a linha do tempo de "The Looming Tower" nos ajuda a entender a lógica de muitos personagens: da ideologia à ação. Vemos (ou ouvimos) comentários sobre o caso de Monica Lewinsky e o então presidente Bill Clinton no exato período onde alguns ataques aéreos ao Afeganistão matavam centenas de inocentes - a cena do menino olhando o míssil se aproximando é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti e depois toda sua explicação sobre o fato deixa claro que o problema é muito maior do que podemos imaginar (e os EUA é parte dele). Os ataques a embaixada no Quênia, ao destroyer USS Cole no porto de Áden, no Iêmen, e até a liderança desastrosa de George W. Bush e Condeleeza Rice já mais próximos ao "9/11", tudo está lá, muito bem pontuado! Jeff Daniels talvez tenha feito seu melhor trabalho da carreira - o que lhe rendeu uma indicação ao Emmy de 2018. Peter Sarsgaard está intragável como Martin Schmidt e, claro, Bill Camp sempre impecável!

Muito bem dirigida e extremamente bem produzida (a recriação das Torres Gêmeas chega a dar um certo mal estar pela perfeição da fotografia), "The Looming Tower" é daquelas minisséries inesquecíveis, tipo "Chernobyl" - sem o menor medo de errar! Não espere cenas de terroristas dentro dos aviões ou até dos aviões batendo nas Torres - embora esse exato momento tenha sido uma das soluções mais inteligentes que já acompanhei e muito, mas muito, impactante! A série é sobre os bastidores, com uma ou outra cena de ação, mas seu forte está no diálogo e na construção do quebra-cabeça para impedir atos terroristas!

Vale muito a pena, são 10 episódio de 50 minutos que vão te prender, mesmo todos já sabendo o final!

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"The Looming Tower" é uma das melhores minisséries que assisti ultimamente. Se você gosta da "tríade": investigação x terrorismo x política, você não vai conseguir parar de assistir esse projeto da Hulu que aqui no Brasil é distribuído pela Amazon Prime Vídeo! Confira o trailer:

Baseada no livro de Lawrence Wright, lançado em 2006 e ganhador do Prêmio Pulitzer, a história acompanha o crescimento da ameaça de terrorismo que os EUA viviam no inicio dos anos 2000, representada pela Al-Qaeda de Osama bin Laden. O roteiro expõe de maneira muito inteligente, a tensão, a desconfiança  e a rivalidade entre a CIA e o FBI, além das falhas (reais) que essa disputa representou na luta para impedir a tragédia de 11 de setembro. É realmente um absurdo!

O roteiro tem como foco a jornada de dois personagens: John O'Neill (Jeff Daniels), chefe do esquadrão antiterrorista do FBI, e seu braço direito Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês naturalizado americano. Juntos eles trabalhavam para impedir os avanços da Al-Qaeda, tanto no ocidente como no oriente. Porém, além das naturais dificuldades nas investigações, existia uma disputa de ego e poder, que dificultava o fluxo de informações entre a burocrata CIA e os agentes de campo do FBI. O triste é perceber que a individualidade do ser humano não foi capaz impedir o maior ataque terrorista da história - e isso fica muito claro nas cenas reais do interrogatório feito pelo Congresso Americano após os acontecimentos! É preciso dizer, porém, que o roteirista e criador da série Dan Futterman (de "Gracepoint" e "Foxcatcher") demoniza apenas um lado da história - uma dinâmica que ajuda a estabelecer quem é o bandido e quem é o mocinho, mas que na vida real sabemos não ser assim que acontece e isso enfraquece a credibilidade da discussão principal da série: a incapacidade que as agências do FBI e da CIA tiveram de trabalhar em conjunto!

Sempre ancorado em eventos reais, a linha do tempo de "The Looming Tower" nos ajuda a entender a lógica de muitos personagens: da ideologia à ação. Vemos (ou ouvimos) comentários sobre o caso de Monica Lewinsky e o então presidente Bill Clinton no exato período onde alguns ataques aéreos ao Afeganistão matavam centenas de inocentes - a cena do menino olhando o míssil se aproximando é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti e depois toda sua explicação sobre o fato deixa claro que o problema é muito maior do que podemos imaginar (e os EUA é parte dele). Os ataques a embaixada no Quênia, ao destroyer USS Cole no porto de Áden, no Iêmen, e até a liderança desastrosa de George W. Bush e Condeleeza Rice já mais próximos ao "9/11", tudo está lá, muito bem pontuado! Jeff Daniels talvez tenha feito seu melhor trabalho da carreira - o que lhe rendeu uma indicação ao Emmy de 2018. Peter Sarsgaard está intragável como Martin Schmidt e, claro, Bill Camp sempre impecável!

Muito bem dirigida e extremamente bem produzida (a recriação das Torres Gêmeas chega a dar um certo mal estar pela perfeição da fotografia), "The Looming Tower" é daquelas minisséries inesquecíveis, tipo "Chernobyl" - sem o menor medo de errar! Não espere cenas de terroristas dentro dos aviões ou até dos aviões batendo nas Torres - embora esse exato momento tenha sido uma das soluções mais inteligentes que já acompanhei e muito, mas muito, impactante! A série é sobre os bastidores, com uma ou outra cena de ação, mas seu forte está no diálogo e na construção do quebra-cabeça para impedir atos terroristas!

Vale muito a pena, são 10 episódio de 50 minutos que vão te prender, mesmo todos já sabendo o final!

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The Night Manager

Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

Olha, vale muito o seu play!

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Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

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The Old Man

Muito criativa, "The Old Man" tem um pouquinho de "Slow Horses, de "Homeland" e até de "Jack Ryan", mas acredite, por incrível que pareça, essa série do Disney+ não é nada do que você já viu quando o assunto é espionagem! Lançada em 2022 e criada por Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, "The Old Man" é mais cadenciada do que o gênero pede, tem menos ação, mais drama e uma boa pitada de suspense. Por ser baseada no romance de Thomas Perry, a produção se apropria de uma narrativa sombria e complexa sobre segredos profundos em mundo que sempre viveu sob as sombras do terrorismo e onde algumas conexões do passado simplesmente perdem todo o sentindo quando as peças do tabuleiro se movimentam até o presente. A série co-estrelada por Jeff Bridges e John Lithgow, mergulha no mundo de um ex-agente da CIA que, após décadas de reclusão, se vê forçado a voltar à ação quando alguns segredos finalmente vêm à tona. Saiba que você está diante de uma das melhores séries daquele ano!

A trama segue Dan Chase (Jeff Bridges), um ex-agente que vive uma vida tranquila e isolada após desaparecer do radar da CIA por décadas. Contudo, sua vida pacífica é interrompida quando um assassino tenta eliminá-lo, forçando Chase a sair da aposentadoria e embarcar em uma luta pela sobrevivência. Ao longo da série, segredos antigos e ligações de Chase com o Oriente Médio são revelados, enquanto ele tenta proteger sua filha e desmantelar uma enorme conspiração. O FBI, liderado pelo agente Harold Harper (John Lithgow), também entra em cena tentando capturar Chase, enquanto ele próprio se questiona sobre sua lealdade e, principalmente, sobre sua moralidade. Confira o trailer:

Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, conhecidos por seu trabalho em "Black Sails", "See" e "Jericho",  entregam uma narrativa muito interessante a partir de uma proposta que mistura ação com uma profunda introspecção psicológica. "The Old Man" sabe equilibrar ótimas cenas de perseguição e combate com uma abordagem mais reflexiva sobre o envelhecimento, sobre a traição e sobre o peso de um passado violento que insiste em voltar para os holofotes - repare como as narrações em "off" se comunicam com a trama, trazendo um subtexto cheio de camadas, quase poético eu diria. O roteiro nesse sentido, é bem construído e mantém a audiência presa à trama com reviravoltas e flashbacks que revelam gradualmente os eventos que moldaram tanto Chase quanto Harper, criando um nível de complexidade que só enriquece ambos os personagens.

A direção de "The Old Man" foi orquestrada por nada menos que Jon Watts (da trilogia "Homem-Aranha"). Sua proposta, levada pelo resto da temporada por diretores do nível de Jet Wilkinson (de "Demolidor") e Greg Yaitanes (de "Manhunt"), é eficiente em capturar o tom sombrio e tenso da história, com uma gramática cinematográfica que utiliza planos mais fechados e cenas escuras para aumentar a sensação de claustrofobia e incerteza que a trama pede - o estado de espírito dos personagens e o isolamento emocional que os define, são bons exemplos de como a "forma" impacta o "conteúdo" por aqui. Aliás, é devido esse conceito que Jeff Bridges talvez entregue uma das suas melhores performances da sua carreira como Dan Chase - sua combinação de força física e vulnerabilidade emocional dá ao personagem uma sensação palpável de cansaço e desgaste, mas também de uma resiliência silenciosa que transita entre o desejo de escapar de sua antiga vida e a necessidade de lutar para proteger aqueles que fazem do presente uma luz de esperança. John Lithgow, como Harold Harper, é igualmente impressionante. Sua interpretação de um agente do FBI que se vê dividido entre lealdades pessoais e profissionais adiciona camadas de ambiguidade moral à série que traz ao personagem um toque de humanidade em um conflito interno permanente que contrasta demais com o pragmatismo implacável de Chase.

Como não poderia deixar de ser, as interações entre Bridges e Lithgow são um dos pontos altos de "The Old Man", criando uma dinâmica rica em tensão e respeito mútuo, enquanto cada um tenta superar o outro em uma espécie de jogo mental de "gato e rato". Mas não é só isso, a atmosfera tensa e a trama bem amarrada trazem para a série um senso de iminente perigo que permeia toda temporada, mesmo quando a narrativa desacelera - por isso tenha paciência que em algum momento ela vai te envolver como você nem imagina. "The Old Man" é um thriller imperdível por sua exploração fascinante das consequências de uma vida marcada por segredos e pela violência, com personagens que enfrentam dilemas morais e que lutam contra o peso de seu passado - prato cheio para que busca um ótimo drama politico!

Vale muito o seu play!

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Muito criativa, "The Old Man" tem um pouquinho de "Slow Horses, de "Homeland" e até de "Jack Ryan", mas acredite, por incrível que pareça, essa série do Disney+ não é nada do que você já viu quando o assunto é espionagem! Lançada em 2022 e criada por Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, "The Old Man" é mais cadenciada do que o gênero pede, tem menos ação, mais drama e uma boa pitada de suspense. Por ser baseada no romance de Thomas Perry, a produção se apropria de uma narrativa sombria e complexa sobre segredos profundos em mundo que sempre viveu sob as sombras do terrorismo e onde algumas conexões do passado simplesmente perdem todo o sentindo quando as peças do tabuleiro se movimentam até o presente. A série co-estrelada por Jeff Bridges e John Lithgow, mergulha no mundo de um ex-agente da CIA que, após décadas de reclusão, se vê forçado a voltar à ação quando alguns segredos finalmente vêm à tona. Saiba que você está diante de uma das melhores séries daquele ano!

A trama segue Dan Chase (Jeff Bridges), um ex-agente que vive uma vida tranquila e isolada após desaparecer do radar da CIA por décadas. Contudo, sua vida pacífica é interrompida quando um assassino tenta eliminá-lo, forçando Chase a sair da aposentadoria e embarcar em uma luta pela sobrevivência. Ao longo da série, segredos antigos e ligações de Chase com o Oriente Médio são revelados, enquanto ele tenta proteger sua filha e desmantelar uma enorme conspiração. O FBI, liderado pelo agente Harold Harper (John Lithgow), também entra em cena tentando capturar Chase, enquanto ele próprio se questiona sobre sua lealdade e, principalmente, sobre sua moralidade. Confira o trailer:

Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, conhecidos por seu trabalho em "Black Sails", "See" e "Jericho",  entregam uma narrativa muito interessante a partir de uma proposta que mistura ação com uma profunda introspecção psicológica. "The Old Man" sabe equilibrar ótimas cenas de perseguição e combate com uma abordagem mais reflexiva sobre o envelhecimento, sobre a traição e sobre o peso de um passado violento que insiste em voltar para os holofotes - repare como as narrações em "off" se comunicam com a trama, trazendo um subtexto cheio de camadas, quase poético eu diria. O roteiro nesse sentido, é bem construído e mantém a audiência presa à trama com reviravoltas e flashbacks que revelam gradualmente os eventos que moldaram tanto Chase quanto Harper, criando um nível de complexidade que só enriquece ambos os personagens.

A direção de "The Old Man" foi orquestrada por nada menos que Jon Watts (da trilogia "Homem-Aranha"). Sua proposta, levada pelo resto da temporada por diretores do nível de Jet Wilkinson (de "Demolidor") e Greg Yaitanes (de "Manhunt"), é eficiente em capturar o tom sombrio e tenso da história, com uma gramática cinematográfica que utiliza planos mais fechados e cenas escuras para aumentar a sensação de claustrofobia e incerteza que a trama pede - o estado de espírito dos personagens e o isolamento emocional que os define, são bons exemplos de como a "forma" impacta o "conteúdo" por aqui. Aliás, é devido esse conceito que Jeff Bridges talvez entregue uma das suas melhores performances da sua carreira como Dan Chase - sua combinação de força física e vulnerabilidade emocional dá ao personagem uma sensação palpável de cansaço e desgaste, mas também de uma resiliência silenciosa que transita entre o desejo de escapar de sua antiga vida e a necessidade de lutar para proteger aqueles que fazem do presente uma luz de esperança. John Lithgow, como Harold Harper, é igualmente impressionante. Sua interpretação de um agente do FBI que se vê dividido entre lealdades pessoais e profissionais adiciona camadas de ambiguidade moral à série que traz ao personagem um toque de humanidade em um conflito interno permanente que contrasta demais com o pragmatismo implacável de Chase.

Como não poderia deixar de ser, as interações entre Bridges e Lithgow são um dos pontos altos de "The Old Man", criando uma dinâmica rica em tensão e respeito mútuo, enquanto cada um tenta superar o outro em uma espécie de jogo mental de "gato e rato". Mas não é só isso, a atmosfera tensa e a trama bem amarrada trazem para a série um senso de iminente perigo que permeia toda temporada, mesmo quando a narrativa desacelera - por isso tenha paciência que em algum momento ela vai te envolver como você nem imagina. "The Old Man" é um thriller imperdível por sua exploração fascinante das consequências de uma vida marcada por segredos e pela violência, com personagens que enfrentam dilemas morais e que lutam contra o peso de seu passado - prato cheio para que busca um ótimo drama politico!

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The Vow

Se você assistiu algum dos dois (razoavelmente) recentes documentários, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" (HBO) e "Fyre" (Netflix), você já entendeu como a força de uma comunicação e do poder do convencimento podem influenciar uma pessoa (ou muitas), independente da capacidade de realização que o interlocutor possa ter. Em diferentes níveis, foi isso que Elizabeth Holmes da Theranos fez com seus investidores e Billy McFarland fez com todos que estavam envolvidos em seu Festival megalomaníaco! Pois bem, em "The Vow" surge um personagem raro, que consegue unir, com a mesma competência, a capacidade de comunicação com a de realização e ainda chancelado por um QI de 240 pontos: esse é o fundador da NXIVM, Keith Raniere.

"The Vow", documentário divido em 9 partes de 50 minutos, conta mais do que a história de Keith Raniere, criador de uma empresa de marketing multi-nível, que cresceu absurdamente nos Estados Unidos até ser fechada por sérios problemas trabalhistas. Aproveitando do seu comprovado discurso de convencimento, Keith criou a ESP (Executive Success Programs) um Programa de Sucesso Executivo focado no desenvolvimento pessoal. Seguindo o mesmo conceito de pirâmide, ele foi, pouco a pouco, transformando seus professores em aliciadores e seus alunos em uma espécie de seguidores de uma seita com atuações bastante questionáveis e que, posteriormente, acabou se transformando no principal motivo para uma dura jornada pessoal de ex-membros da organização para desmascarar seu fundador, que se auto-denominava "Vanguarda", e suas reais intenções com tudo isso! Confira o trailer:

A história por trás de "The Vow" chamou atenção da mídia internacional pelo fato da atriz Allison Mack, a Chloe Sullivan em "Smallville", ser uma das aliciadoras mais próxima de Keith Raniere, porém o comentário é muito feliz em dissecar a instituição pelos olhos de quem esteve lá, mas saiu por vontade própria ao perceber que algo estava muito errado. A jornada de três personagens bastante importantes na desconstrução dessa organização criminosa que se tornou a NXIVM, é o ponto de partida para uma história realmente impressionante. Sarah Edmonson, Bonnie Piesse e Mark Vicente, e um pouco mais a frente, Catherine Oxenberg, são acompanhados pela produção durante todos os episódios, contando suas histórias e tentando reverter uma situação que eles mesmos ajudaram a provocar, cada um em seu nível. Ao mesmo tempo vemos inúmeras imagens de arquivos, depoimentos, cenas do treinamento, entrevistas do próprio Keith e sua equipe, e até um encontro bastante impactante com o Dalai-lama.

O que mais me chamou a atenção foram os discursos de Keith: completamente coerentes, bem estruturados e de uma capacidade intelectual e de manipulação que em muitos momentos me fizeram questionar se, em algum momento da vida, eu também não seria uma potencial vítima - tenho certeza que você fará esse mesmo questionamento e talvez por isso, esse sentimento gere tanta vergonha e arrependimento nos protagonistas.

Dê o play sem o menor receio!

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Se você assistiu algum dos dois (razoavelmente) recentes documentários, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" (HBO) e "Fyre" (Netflix), você já entendeu como a força de uma comunicação e do poder do convencimento podem influenciar uma pessoa (ou muitas), independente da capacidade de realização que o interlocutor possa ter. Em diferentes níveis, foi isso que Elizabeth Holmes da Theranos fez com seus investidores e Billy McFarland fez com todos que estavam envolvidos em seu Festival megalomaníaco! Pois bem, em "The Vow" surge um personagem raro, que consegue unir, com a mesma competência, a capacidade de comunicação com a de realização e ainda chancelado por um QI de 240 pontos: esse é o fundador da NXIVM, Keith Raniere.

"The Vow", documentário divido em 9 partes de 50 minutos, conta mais do que a história de Keith Raniere, criador de uma empresa de marketing multi-nível, que cresceu absurdamente nos Estados Unidos até ser fechada por sérios problemas trabalhistas. Aproveitando do seu comprovado discurso de convencimento, Keith criou a ESP (Executive Success Programs) um Programa de Sucesso Executivo focado no desenvolvimento pessoal. Seguindo o mesmo conceito de pirâmide, ele foi, pouco a pouco, transformando seus professores em aliciadores e seus alunos em uma espécie de seguidores de uma seita com atuações bastante questionáveis e que, posteriormente, acabou se transformando no principal motivo para uma dura jornada pessoal de ex-membros da organização para desmascarar seu fundador, que se auto-denominava "Vanguarda", e suas reais intenções com tudo isso! Confira o trailer:

A história por trás de "The Vow" chamou atenção da mídia internacional pelo fato da atriz Allison Mack, a Chloe Sullivan em "Smallville", ser uma das aliciadoras mais próxima de Keith Raniere, porém o comentário é muito feliz em dissecar a instituição pelos olhos de quem esteve lá, mas saiu por vontade própria ao perceber que algo estava muito errado. A jornada de três personagens bastante importantes na desconstrução dessa organização criminosa que se tornou a NXIVM, é o ponto de partida para uma história realmente impressionante. Sarah Edmonson, Bonnie Piesse e Mark Vicente, e um pouco mais a frente, Catherine Oxenberg, são acompanhados pela produção durante todos os episódios, contando suas histórias e tentando reverter uma situação que eles mesmos ajudaram a provocar, cada um em seu nível. Ao mesmo tempo vemos inúmeras imagens de arquivos, depoimentos, cenas do treinamento, entrevistas do próprio Keith e sua equipe, e até um encontro bastante impactante com o Dalai-lama.

O que mais me chamou a atenção foram os discursos de Keith: completamente coerentes, bem estruturados e de uma capacidade intelectual e de manipulação que em muitos momentos me fizeram questionar se, em algum momento da vida, eu também não seria uma potencial vítima - tenho certeza que você fará esse mesmo questionamento e talvez por isso, esse sentimento gere tanta vergonha e arrependimento nos protagonistas.

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Twilight Zone

"Twilight Zone" da CBS (all access), distribuído pela Amazon Prime Vídeo aqui no Brasil, é uma grande homenagem ao clássico programa de 1959. Criada por Rod Serling, "Além da Imaginação", como ficou conhecido por aqui, possui episódios independentes que mostram histórias com personagens que por alguma razão existencial precisam enfrentar algum problema (normalmente apresentado de forma exagerada) tendo como pano de fundo elementos de suspense, mistério e fantasia. Eu diria que  "Twilight Zone" é a versão raiz de "Black Mirror" e essa nova versão soube equilibrar muito bem a tradição e o conceito narrativo da série com a modernidade e as ferramentas de um cinema quase autoral. O resultado, embora satisfatório, varia de acordo com os episódios - existe sim uma inconsistência, mas que vai depender do gosto e das preferências de quem assiste e aí é que a série navega com tranquilidade, pois talvez não seja uma unanimidade total, mas vai divertir e entreter na maior parte do tempo. É uma boa pedida para maratonar da mesma forma que funciona em episódios isolados! Vale seu play!

Um dos elementos que encontramos no DNA de "Twilight Zone" e que depois foi muito bem trabalhado em "Amazing Stories" de Steven Spielberg - que aliás já está repaginando o seu formato com a equipe da Amblim deve fazer seu lançamento ainda esse ano na Apple TV+ - é subtexto por trás de cada história central dos episódios. É fundamental para quem assiste, entender que a série usa desse artificio como justificativa para o exagero ou para o aproveitar seu direito de ser inexplicável! Nessa nova versão é muito fácil encontrar esse subtexto, mas em alguns episódios ele parece tão superficial que chegamos a duvidar da sua eficiência, mesmo com um elenco de peso. Vejamos:

- Episódio 1: O comediante Samir Wassan (Kumail Nanjiani - indicado ao Emmy 2019 como "melhor ator convidado") quer ser famoso a qualquer custo, mas para isso é preciso pagar um preço e o roteiro trabalha muito bem esse conceito que nos acompanha durante toda a vida: será que estamos dispostos a pagar o preço para nos diferenciarmos na multidão? A grande maioria não quer, mas os poucos que querem, em algum momento, se perguntam se valeu a pena, mas aí já pode ser tarde! - Para mim, esse é um dos melhores episódios dessa primeira temporada.

-  Episódio 2: O jornalista Justin Sanderson (Adam Scott) encontra uma gravação que fala sobre o futuro e como suas decisões podem afetar o destino do Voo 1015, onde ele á passageiro. O episódio mostra a luta contra o tempo e a angustia de um homem que sabe como ajudar, mas é incompreendido pelas suas ações - tão atual, não? 

- Episódio 3: Uma velha filmadora tem o poder de rebobinar o tempo e esse excelente episódio mostra como o racismo é tão incontrolável quanto a vida cotidiana. Sem dúvida um dos melhores episódios e que nos convida à uma reflexão profunda. Agora prepare-se, tenho a impressão que é a história mais visceral e sufocante da temporada. Muito dolorida!

-  Episódio 4: É Natal e em uma cidade militar do Alaska, um viajante misterioso chega para movimentar a noite e provocar os mais diversos sentimentos nas pessoas. Esse episódio é meio arrastado. Mesmo com momentos interessantes, a história não me convenceu, embora o subtexto seja um dos mais provocativos ao trazer para discussão a hipocrisia humana!

- Episódio 5: Um profissional responsável por campanhas eleitorais está quase em ruínas quando resolve criar um novo ícone para concorrer a presidência dos EUA: no caso uma criança de 11 anos. Outro tema muito atual: a discussão do populismo e da força das mídias sociais - mas a história não me pareceu muito inspirada. Basta lembrar que o próprio "Black Mirror" fez algo muito parecido, porém com muito mais habilidade e criatividade em “The Waldo Moment”!

- Episódio 6: O mais "ficção científica" da temporada mostra uma tripulação tendo que fazer escolhas a todo momento para chegar a marte depois que os EUA sofrem um ataque nuclear da China! Mais um episódio arrastado na minha opinião. O conceito é excelente, mas na prática criou poucos conflitos interessantes e o final, embora cause uma certa surpresa, me pareceu bobo.

- Episódio 7: Depois de um chuva de meteoros, surge uma infecção que transforma a maneira como os homens reagem a determinadas situações. O assunto "a masculinidade tóxica" é discutido aqui com muita criatividade. Talvez esse seja o episódio com mais elementos de terror da temporada.

- Episódio 8: Uma rica dona de casa é levada para um centro de detenção sem entender muito bem os motivos, o que mexe com sua realidade e com seu passado. A discussão sobre os violentos centros de detenção de imigrantes nos EUA é o pano de fundo dessa história. Mais uma vez: embora o assunto seja excelente, o resultado do episódio fica muito aquém do seu potencial. Esse episódio eu achei chato!

- Episódio 9: Um professor de antropologia encontra um revolver que parece ter vida própria, no pente uma bala com seu nome. Esse é um episódio bem intrigante, fala sobre as mudanças da vida e como isso pode interferir na personalidade das pessoas. É interessante, mas não surpreende.

- Episódio 10: A roteirista (ficticia) do "Twilight Zone" é assombrada por uma entidade que representa muito do seu passado. Esse episódio é muito mais interessante pela homenagem as origens da série do que propriamente por uma história magnifica construída para encerrar a temporada em alto estilo. Na verdade eu diria até que o episódio fraco, mas o resgate do gênero com uma pegada mais de suspense e sobrenatural carregam a trama até um final de certa forma nostálgico. 

De fato os episódios são muito bem produzidos, embora a maioria deles usem de um mesmo cenário para contar toda a história o que não seria um problema se o texto fosse muito bom - o que não é o caso! A dinâmica narrativa sofre com essa limitação e, certamente, acusa o golpe quando os roteiros são menos inspirados. Jordan Peele é o narrador perfeito para a série - tem o tom, as pausas dramáticas e uma postura enigmática, além de ser uma referência, ou melhor, a personificação do renascimento de um gênero que estava esquecido: o suspense fantástico!

Como disse anteriormente,  "Twilight Zone" é agradável como entretenimento, mas não é e nem será o fenômeno que foi no final dos anos 50. Talvez uma segunda temporada traga mais oxigênio para série, quem sabe diminuindo o tempo dos episódios ou cuidando melhor das histórias, mas independente de qualquer coisa, vale como divertimento.

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"Twilight Zone" da CBS (all access), distribuído pela Amazon Prime Vídeo aqui no Brasil, é uma grande homenagem ao clássico programa de 1959. Criada por Rod Serling, "Além da Imaginação", como ficou conhecido por aqui, possui episódios independentes que mostram histórias com personagens que por alguma razão existencial precisam enfrentar algum problema (normalmente apresentado de forma exagerada) tendo como pano de fundo elementos de suspense, mistério e fantasia. Eu diria que  "Twilight Zone" é a versão raiz de "Black Mirror" e essa nova versão soube equilibrar muito bem a tradição e o conceito narrativo da série com a modernidade e as ferramentas de um cinema quase autoral. O resultado, embora satisfatório, varia de acordo com os episódios - existe sim uma inconsistência, mas que vai depender do gosto e das preferências de quem assiste e aí é que a série navega com tranquilidade, pois talvez não seja uma unanimidade total, mas vai divertir e entreter na maior parte do tempo. É uma boa pedida para maratonar da mesma forma que funciona em episódios isolados! Vale seu play!

Um dos elementos que encontramos no DNA de "Twilight Zone" e que depois foi muito bem trabalhado em "Amazing Stories" de Steven Spielberg - que aliás já está repaginando o seu formato com a equipe da Amblim deve fazer seu lançamento ainda esse ano na Apple TV+ - é subtexto por trás de cada história central dos episódios. É fundamental para quem assiste, entender que a série usa desse artificio como justificativa para o exagero ou para o aproveitar seu direito de ser inexplicável! Nessa nova versão é muito fácil encontrar esse subtexto, mas em alguns episódios ele parece tão superficial que chegamos a duvidar da sua eficiência, mesmo com um elenco de peso. Vejamos:

- Episódio 1: O comediante Samir Wassan (Kumail Nanjiani - indicado ao Emmy 2019 como "melhor ator convidado") quer ser famoso a qualquer custo, mas para isso é preciso pagar um preço e o roteiro trabalha muito bem esse conceito que nos acompanha durante toda a vida: será que estamos dispostos a pagar o preço para nos diferenciarmos na multidão? A grande maioria não quer, mas os poucos que querem, em algum momento, se perguntam se valeu a pena, mas aí já pode ser tarde! - Para mim, esse é um dos melhores episódios dessa primeira temporada.

-  Episódio 2: O jornalista Justin Sanderson (Adam Scott) encontra uma gravação que fala sobre o futuro e como suas decisões podem afetar o destino do Voo 1015, onde ele á passageiro. O episódio mostra a luta contra o tempo e a angustia de um homem que sabe como ajudar, mas é incompreendido pelas suas ações - tão atual, não? 

- Episódio 3: Uma velha filmadora tem o poder de rebobinar o tempo e esse excelente episódio mostra como o racismo é tão incontrolável quanto a vida cotidiana. Sem dúvida um dos melhores episódios e que nos convida à uma reflexão profunda. Agora prepare-se, tenho a impressão que é a história mais visceral e sufocante da temporada. Muito dolorida!

-  Episódio 4: É Natal e em uma cidade militar do Alaska, um viajante misterioso chega para movimentar a noite e provocar os mais diversos sentimentos nas pessoas. Esse episódio é meio arrastado. Mesmo com momentos interessantes, a história não me convenceu, embora o subtexto seja um dos mais provocativos ao trazer para discussão a hipocrisia humana!

- Episódio 5: Um profissional responsável por campanhas eleitorais está quase em ruínas quando resolve criar um novo ícone para concorrer a presidência dos EUA: no caso uma criança de 11 anos. Outro tema muito atual: a discussão do populismo e da força das mídias sociais - mas a história não me pareceu muito inspirada. Basta lembrar que o próprio "Black Mirror" fez algo muito parecido, porém com muito mais habilidade e criatividade em “The Waldo Moment”!

- Episódio 6: O mais "ficção científica" da temporada mostra uma tripulação tendo que fazer escolhas a todo momento para chegar a marte depois que os EUA sofrem um ataque nuclear da China! Mais um episódio arrastado na minha opinião. O conceito é excelente, mas na prática criou poucos conflitos interessantes e o final, embora cause uma certa surpresa, me pareceu bobo.

- Episódio 7: Depois de um chuva de meteoros, surge uma infecção que transforma a maneira como os homens reagem a determinadas situações. O assunto "a masculinidade tóxica" é discutido aqui com muita criatividade. Talvez esse seja o episódio com mais elementos de terror da temporada.

- Episódio 8: Uma rica dona de casa é levada para um centro de detenção sem entender muito bem os motivos, o que mexe com sua realidade e com seu passado. A discussão sobre os violentos centros de detenção de imigrantes nos EUA é o pano de fundo dessa história. Mais uma vez: embora o assunto seja excelente, o resultado do episódio fica muito aquém do seu potencial. Esse episódio eu achei chato!

- Episódio 9: Um professor de antropologia encontra um revolver que parece ter vida própria, no pente uma bala com seu nome. Esse é um episódio bem intrigante, fala sobre as mudanças da vida e como isso pode interferir na personalidade das pessoas. É interessante, mas não surpreende.

- Episódio 10: A roteirista (ficticia) do "Twilight Zone" é assombrada por uma entidade que representa muito do seu passado. Esse episódio é muito mais interessante pela homenagem as origens da série do que propriamente por uma história magnifica construída para encerrar a temporada em alto estilo. Na verdade eu diria até que o episódio fraco, mas o resgate do gênero com uma pegada mais de suspense e sobrenatural carregam a trama até um final de certa forma nostálgico. 

De fato os episódios são muito bem produzidos, embora a maioria deles usem de um mesmo cenário para contar toda a história o que não seria um problema se o texto fosse muito bom - o que não é o caso! A dinâmica narrativa sofre com essa limitação e, certamente, acusa o golpe quando os roteiros são menos inspirados. Jordan Peele é o narrador perfeito para a série - tem o tom, as pausas dramáticas e uma postura enigmática, além de ser uma referência, ou melhor, a personificação do renascimento de um gênero que estava esquecido: o suspense fantástico!

Como disse anteriormente,  "Twilight Zone" é agradável como entretenimento, mas não é e nem será o fenômeno que foi no final dos anos 50. Talvez uma segunda temporada traga mais oxigênio para série, quem sabe diminuindo o tempo dos episódios ou cuidando melhor das histórias, mas independente de qualquer coisa, vale como divertimento.

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Verdade e Justiça

"Verdade e Justiça" chegou na Prime Vídeo da Amazon com status de ter representado a Estônia no Globo de Ouro e no Oscar 2021 e com isso chancelar sua qualidade narrativa e visual. De fato, o filme é irretocável tecnicamente e tem um conceito visual de cair o queixo, porém sua narrativa é muito difícil, lenta, cadenciada, sem muitos conflitos - me lembrou um filme espanhol de 2018 chamado "Sob a Pele do Lobo". Veja, o filme é lindo, profundo, mas será preciso certa persistência e explico a razão abaixo!

O filme conta a história de Andrés (Priit Loog), um homem de poucas posses que obtém uma fazenda num lugar inóspito (apesar de belo) na Estônia do século XIX, para estabelecer vida nova com sua mulher, Krõõt (Maiken Pius). Para melhorar de vida, no entanto, ele terá que lutar contra a resistência da terra úmida e pantanosa de sua nova propriedade, ao mesmo tempo que terá que lidar com seu grosseiro vizinho, Pearu (Priit Võigemast). Confira o trailer:

O primeiro elemento que chama a atenção, sem dúvida, é a fotografia do diretor Rein Kotov - ele foi o fotógrafo de outro filme indicado ao Oscar, dessa vez o representante da Geórgia: "Tangerinas" de 2013. A quantidade de planos abertos que enaltecem as belezas da Europa Oriental são tão imponentes quanto os planos fechados que expõe a alma dos personagens em momentos belíssimos, com performances de se aplaudir de pé. Destaco o trabalho de Loog, mas principalmente de Võigemast.  

Dirigido pelo estreante e talentoso Tanel Toom (guardem esse nome), "Verdade e Justiça" (Tõde ja õigus, no original) discute a complexidade dessas duas palavras e como um homem pode se perder enquanto persegue cada uma delas a todo custo. O filme fala da dor da perda, da insegurança do novo, da falta de controle sobre os eventos da vida, mas principalmente, da forma como lidamos com as adversidades e como a sequência de alguns atos podem mudar nossa forma de enxergar o mundo e o outro! É por isso que no início do filme não temos dificuldade de torcer por Andrés, mas após perceber que aquele lugar que ele construiu com a esperança de encontrar a felicidade, e que curiosamente é chamado de "Ascensão do Ladrão", deixa de representar um sonho para se tornar uma espécie de obsessão, corrompendo sua alma e nos apresentando um outro lado do personagem, somos obrigados a rever nossa opinião e passar a julgar, também, suas atitudes - como em "O Farol".

Mas por que será necessário ser persistente? Simplesmente pelo fato do filme ter mais de duas horas e meia, ser uma história que se passa em vinte e quatro anos, com pouquíssima ação e muitos diálogos, além de ter uma dinâmica narrativa lenta demais. Será necessário uma certa sensibilidade para mergulhar naquela atmosfera gélida e assim aproveitar as inúmeras reviravoltas que a história (como a vida) dá!

Vale a pena, para aqueles que buscam a complexidade da alma humana e sua relação com o meio em que está inserida! 

Assista Agora

"Verdade e Justiça" chegou na Prime Vídeo da Amazon com status de ter representado a Estônia no Globo de Ouro e no Oscar 2021 e com isso chancelar sua qualidade narrativa e visual. De fato, o filme é irretocável tecnicamente e tem um conceito visual de cair o queixo, porém sua narrativa é muito difícil, lenta, cadenciada, sem muitos conflitos - me lembrou um filme espanhol de 2018 chamado "Sob a Pele do Lobo". Veja, o filme é lindo, profundo, mas será preciso certa persistência e explico a razão abaixo!

O filme conta a história de Andrés (Priit Loog), um homem de poucas posses que obtém uma fazenda num lugar inóspito (apesar de belo) na Estônia do século XIX, para estabelecer vida nova com sua mulher, Krõõt (Maiken Pius). Para melhorar de vida, no entanto, ele terá que lutar contra a resistência da terra úmida e pantanosa de sua nova propriedade, ao mesmo tempo que terá que lidar com seu grosseiro vizinho, Pearu (Priit Võigemast). Confira o trailer:

O primeiro elemento que chama a atenção, sem dúvida, é a fotografia do diretor Rein Kotov - ele foi o fotógrafo de outro filme indicado ao Oscar, dessa vez o representante da Geórgia: "Tangerinas" de 2013. A quantidade de planos abertos que enaltecem as belezas da Europa Oriental são tão imponentes quanto os planos fechados que expõe a alma dos personagens em momentos belíssimos, com performances de se aplaudir de pé. Destaco o trabalho de Loog, mas principalmente de Võigemast.  

Dirigido pelo estreante e talentoso Tanel Toom (guardem esse nome), "Verdade e Justiça" (Tõde ja õigus, no original) discute a complexidade dessas duas palavras e como um homem pode se perder enquanto persegue cada uma delas a todo custo. O filme fala da dor da perda, da insegurança do novo, da falta de controle sobre os eventos da vida, mas principalmente, da forma como lidamos com as adversidades e como a sequência de alguns atos podem mudar nossa forma de enxergar o mundo e o outro! É por isso que no início do filme não temos dificuldade de torcer por Andrés, mas após perceber que aquele lugar que ele construiu com a esperança de encontrar a felicidade, e que curiosamente é chamado de "Ascensão do Ladrão", deixa de representar um sonho para se tornar uma espécie de obsessão, corrompendo sua alma e nos apresentando um outro lado do personagem, somos obrigados a rever nossa opinião e passar a julgar, também, suas atitudes - como em "O Farol".

Mas por que será necessário ser persistente? Simplesmente pelo fato do filme ter mais de duas horas e meia, ser uma história que se passa em vinte e quatro anos, com pouquíssima ação e muitos diálogos, além de ter uma dinâmica narrativa lenta demais. Será necessário uma certa sensibilidade para mergulhar naquela atmosfera gélida e assim aproveitar as inúmeras reviravoltas que a história (como a vida) dá!

Vale a pena, para aqueles que buscam a complexidade da alma humana e sua relação com o meio em que está inserida! 

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Waco

Se você gostou de "Chernobyl"da HBO, assista "Waco"!

Embora os assuntos sejam completamente diferentes, os elementos dramáticos que nos impactaram na trama que expôs o acidente nuclear que aconteceu na Ucrânia, República da então União Soviética, em 1986, são exatamente os mesmos que colocam um enorme ponto de interrogação nas escolhas táticas da ATF (agência americana de controle de álcool, tabaco e armas) e depois do FBI, durante o processo de negociação para que uma seita religiosa na cidade Waco, no Texas, fosse dissolvida. Você vai se impressionar com o que vai assistir, então prepare o estômago!

A minissérie de seis episódios explora os detalhes da história real sobre os 51 dias de cerco montado pelo governo dos EUA contra a seita religiosa de David Koresh (Taylor Kitsch), os Branch Davidians. Trazendo perspectivas dos dois lados do conflito, "Waco" mostra de uma forma impactante qual o pior jeito de se enfrentar uma crise. Confira o trailer (em inglês):

Em 1993, a compra de armas em uma quantidade bastante suspeita chamou a atenção da ATF.  Quando descoberto que se tratava de uma seita religiosa, informações desencontradas rapidamente aumentaram o clima de tensão na pequena e árida Waco. Nos holofotes, de uma lado estava o intransigente líder religioso David Koresh, alguns homens, mulheres e crianças do Ramo Davidiano (uma seita criada por dissidentes da Igreja Adventista do Sétimo Dia); e de outro, um FBI completamente dividido entre os agentes a favor do uso de força militar como Mitch Decker (Shea Whigham), e os agentes pró-diplomacia, como o negociador-chefe Gary Noesner (Michael Shannon).

Embora o roteiro deixe algumas pontas soltas (que apenas os mais atentos devem perceber), ele tem o grande mérito de construir uma narrativa que explora os dois lados da história e nos provoca muitas reflexões. O fato da minissérie ter sido baseada nos livros, "Stalling for time", de Noesner, e "A place called Waco" de David Thibodeau, um dos sobreviventes da seita, deixa claro a intenção dos produtores John Erick Dowdle (diretor de filmes como "Quarentena" e "Horas de Desespero") e de seu irmão, Drew Dowdle (roteirista e produtor dos mesmos filmes), em levantar a discussão sobre a liberdade religiosa e como as agências do governo lidam com isso internamente.

Muito bem produzida pela Paramount, "Waco" é cuidadosa ao não romantizar a postura radical de Koresh, mesmo pontuando que os vilões da história são mesmo alguns agentes do FBI e da ATF. Em polêmicas revelações que envolveram o personagem, como poligamia e abuso de crianças (e tudo indique que a primeira seja verdadeira e a segunda completamente falsa), o roteiro mais ajuda do que atrapalha - a construção das camadas é tão profunda que nosso julgamento muda a cada episódio. Aliás, todos os episódios, especialmente o terceiro e o último, são de uma precisão narrativa impressionantes - é impossível não ser impactado pelo que assistimos.

"Waco" é o típico exemplo de uma minissérie sensacional, que está escondida no catálogo de uma plataforma de streaming (no caso da Globoplay) e que merecia muito mais destaque em marketing. A história é indigesta, forte, cruel até. Tecnicamente é impecável. Artisticamente uma aula - da direção do próprio John Erick Dowdle com a Dennie Gordon (de "Bloodline") às performances de todo elenco, com destaque para o já citado Kitsch, mas também sem esquecer de Shea Whigham, Michael Shannon, Paul Sparks, Julia Garner, Rory Culkin e o indicado ao Emmy de 2018 pelo papel, John Leguizamo.

Vale muito o seu play!

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Se você gostou de "Chernobyl"da HBO, assista "Waco"!

Embora os assuntos sejam completamente diferentes, os elementos dramáticos que nos impactaram na trama que expôs o acidente nuclear que aconteceu na Ucrânia, República da então União Soviética, em 1986, são exatamente os mesmos que colocam um enorme ponto de interrogação nas escolhas táticas da ATF (agência americana de controle de álcool, tabaco e armas) e depois do FBI, durante o processo de negociação para que uma seita religiosa na cidade Waco, no Texas, fosse dissolvida. Você vai se impressionar com o que vai assistir, então prepare o estômago!

A minissérie de seis episódios explora os detalhes da história real sobre os 51 dias de cerco montado pelo governo dos EUA contra a seita religiosa de David Koresh (Taylor Kitsch), os Branch Davidians. Trazendo perspectivas dos dois lados do conflito, "Waco" mostra de uma forma impactante qual o pior jeito de se enfrentar uma crise. Confira o trailer (em inglês):

Em 1993, a compra de armas em uma quantidade bastante suspeita chamou a atenção da ATF.  Quando descoberto que se tratava de uma seita religiosa, informações desencontradas rapidamente aumentaram o clima de tensão na pequena e árida Waco. Nos holofotes, de uma lado estava o intransigente líder religioso David Koresh, alguns homens, mulheres e crianças do Ramo Davidiano (uma seita criada por dissidentes da Igreja Adventista do Sétimo Dia); e de outro, um FBI completamente dividido entre os agentes a favor do uso de força militar como Mitch Decker (Shea Whigham), e os agentes pró-diplomacia, como o negociador-chefe Gary Noesner (Michael Shannon).

Embora o roteiro deixe algumas pontas soltas (que apenas os mais atentos devem perceber), ele tem o grande mérito de construir uma narrativa que explora os dois lados da história e nos provoca muitas reflexões. O fato da minissérie ter sido baseada nos livros, "Stalling for time", de Noesner, e "A place called Waco" de David Thibodeau, um dos sobreviventes da seita, deixa claro a intenção dos produtores John Erick Dowdle (diretor de filmes como "Quarentena" e "Horas de Desespero") e de seu irmão, Drew Dowdle (roteirista e produtor dos mesmos filmes), em levantar a discussão sobre a liberdade religiosa e como as agências do governo lidam com isso internamente.

Muito bem produzida pela Paramount, "Waco" é cuidadosa ao não romantizar a postura radical de Koresh, mesmo pontuando que os vilões da história são mesmo alguns agentes do FBI e da ATF. Em polêmicas revelações que envolveram o personagem, como poligamia e abuso de crianças (e tudo indique que a primeira seja verdadeira e a segunda completamente falsa), o roteiro mais ajuda do que atrapalha - a construção das camadas é tão profunda que nosso julgamento muda a cada episódio. Aliás, todos os episódios, especialmente o terceiro e o último, são de uma precisão narrativa impressionantes - é impossível não ser impactado pelo que assistimos.

"Waco" é o típico exemplo de uma minissérie sensacional, que está escondida no catálogo de uma plataforma de streaming (no caso da Globoplay) e que merecia muito mais destaque em marketing. A história é indigesta, forte, cruel até. Tecnicamente é impecável. Artisticamente uma aula - da direção do próprio John Erick Dowdle com a Dennie Gordon (de "Bloodline") às performances de todo elenco, com destaque para o já citado Kitsch, mas também sem esquecer de Shea Whigham, Michael Shannon, Paul Sparks, Julia Garner, Rory Culkin e o indicado ao Emmy de 2018 pelo papel, John Leguizamo.

Vale muito o seu play!

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