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BlackBerry

Diretor
Matt Johnson
Elenco
Jay Baruchel, Glenn Howerton, Michael Ironside
Ano
2023
País
Canadá

Comédia Prime Video ml-real ml-empreendedorismo ml-jovem ml-biografia ml-tecnologia ml-ff

BlackBerry

Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do que para qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

Assista Agora

Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do que para qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

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