Em 2012 a série que mais me chamou a atenção no up-front da NBC foi, sem dúvida alguma, "Smash"! Produzida por Steven Spielberg a série era uma experiência visual que tinha como proposta trazer para a TV aberta americana toda a atmosfera de um espetáculo da Broadway, sem esquecer, claro, de uma narrativa focada no entretenimento e no drama dos bastidores de um musical. Para os menos envolvido com esse universo, a série acompanhava a jornada de dois diretores, Julia e Tom, tentando criar mais um sucesso na Broadway, dessa vez um musical baseado na vida da icônica atriz Marilyn Monroe.
"Tick, Tick... Boom!" segue o mesmo conceito de "Smash", com a mesma genialidade e mais: com muita sensibilidade por se tratar de uma história real. E aqui cabe um aviso importante: só assista essa produção da Netflix se você gostar de musical, pois sua estrutura narrativa foi construída em cima de lindas melodias e as performances musicais funcionam como ferramenta para que a "suspensão da realidade" seja inserida dentro de um contexto completamente dramático e realista.
O filme conta a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um jovem compositor teatral que sonhava em lançar "Superbia", um musical que escreveu durante 8 anos - sua dedicação ao projeto, os desafios criativos, a relação com os amigos e com a namorada, as dúvidas, a falta de dinheiro e, talvez o mais dramático disso tudo, em uma Nova York dos anos 80 onde a AIDS ceifava a comunidade artística da cidade. Confira o trailer:
Para quem não sabe, Jonathan Larson foi o criador de RENT, espetáculo da Broadway que ganhou todos os prêmios possíveis e imagináveis e que continua em cartaz até hoje - 25 anos após sua estreia. RENT acompanhava um grupo de jovens lidando com a falta de dinheiro, de oportunidades, em um ambiente de pressão, assombrados pela AIDS, e que surpreendeu pela inovação narrativa que trazia para o palco uma realidade que nada tinha a ver com o mundo lúdico de "Cats", por exemplo. Pois bem, o que vemos em "Tick, Tick... Boom!" é justamente esse universo sendo contado por Larson em um espetáculo que ele criou antes de RENT.
Embora o filme destaque RENT como um futuro que a trama nunca alcança, o diretor Lin-Manuel Miranda é cirúrgico ao conectar as duas pontas de um recorte tão importante da vida do protagonista sem esquecer da sua essência: as músicas. É lindo como elas ajudam a contar a história e para aqueles apaixonados por musicais, sem dúvida, que referências como "Seasons of Love" ou "La Vie Boheme" vão emocionar. Veja, embora "Tick, Tick... Boom!" não tenha tantas cenas grandiosas onde a música domina a narrativa e a estética como "Rocketman", por exemplo, o que não vai faltar é emoção, pois tudo é tão bem amarrado que em muitos momentos apenas embarcamos na história seja ela falada ou cantada.
É impensável que Andrew Garfield não seja indicado ao Oscar de "Melhor Ator" em 2022 - e embora o filme siga a fórmula de estabelecer um desafio que mesmo com talento e dedicação ele soa impossível de se atingir, contemplando assim as dores e as dúvidas de ser um artista, Garfield ainda canta, com alma, com emoção e com o carisma de Larson - que inclusive pode ser comprovado nos créditos onde imagens de arquivo mostram algumas passagens que acabamos de assistir no filme.
"Tick, Tick... Boom!" é uma aula de roteiro adaptado, de trilha sonora, de direção e de performance dos atores. Um dos melhores filmes do ano, tranquilamente - mas que vai agradar apenas um pequeno nicho e que com certeza vai fazer muito barulho na próxima temporada de premiações. Simplesmente imperdível!
Em 2012 a série que mais me chamou a atenção no up-front da NBC foi, sem dúvida alguma, "Smash"! Produzida por Steven Spielberg a série era uma experiência visual que tinha como proposta trazer para a TV aberta americana toda a atmosfera de um espetáculo da Broadway, sem esquecer, claro, de uma narrativa focada no entretenimento e no drama dos bastidores de um musical. Para os menos envolvido com esse universo, a série acompanhava a jornada de dois diretores, Julia e Tom, tentando criar mais um sucesso na Broadway, dessa vez um musical baseado na vida da icônica atriz Marilyn Monroe.
"Tick, Tick... Boom!" segue o mesmo conceito de "Smash", com a mesma genialidade e mais: com muita sensibilidade por se tratar de uma história real. E aqui cabe um aviso importante: só assista essa produção da Netflix se você gostar de musical, pois sua estrutura narrativa foi construída em cima de lindas melodias e as performances musicais funcionam como ferramenta para que a "suspensão da realidade" seja inserida dentro de um contexto completamente dramático e realista.
O filme conta a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um jovem compositor teatral que sonhava em lançar "Superbia", um musical que escreveu durante 8 anos - sua dedicação ao projeto, os desafios criativos, a relação com os amigos e com a namorada, as dúvidas, a falta de dinheiro e, talvez o mais dramático disso tudo, em uma Nova York dos anos 80 onde a AIDS ceifava a comunidade artística da cidade. Confira o trailer:
Para quem não sabe, Jonathan Larson foi o criador de RENT, espetáculo da Broadway que ganhou todos os prêmios possíveis e imagináveis e que continua em cartaz até hoje - 25 anos após sua estreia. RENT acompanhava um grupo de jovens lidando com a falta de dinheiro, de oportunidades, em um ambiente de pressão, assombrados pela AIDS, e que surpreendeu pela inovação narrativa que trazia para o palco uma realidade que nada tinha a ver com o mundo lúdico de "Cats", por exemplo. Pois bem, o que vemos em "Tick, Tick... Boom!" é justamente esse universo sendo contado por Larson em um espetáculo que ele criou antes de RENT.
Embora o filme destaque RENT como um futuro que a trama nunca alcança, o diretor Lin-Manuel Miranda é cirúrgico ao conectar as duas pontas de um recorte tão importante da vida do protagonista sem esquecer da sua essência: as músicas. É lindo como elas ajudam a contar a história e para aqueles apaixonados por musicais, sem dúvida, que referências como "Seasons of Love" ou "La Vie Boheme" vão emocionar. Veja, embora "Tick, Tick... Boom!" não tenha tantas cenas grandiosas onde a música domina a narrativa e a estética como "Rocketman", por exemplo, o que não vai faltar é emoção, pois tudo é tão bem amarrado que em muitos momentos apenas embarcamos na história seja ela falada ou cantada.
É impensável que Andrew Garfield não seja indicado ao Oscar de "Melhor Ator" em 2022 - e embora o filme siga a fórmula de estabelecer um desafio que mesmo com talento e dedicação ele soa impossível de se atingir, contemplando assim as dores e as dúvidas de ser um artista, Garfield ainda canta, com alma, com emoção e com o carisma de Larson - que inclusive pode ser comprovado nos créditos onde imagens de arquivo mostram algumas passagens que acabamos de assistir no filme.
"Tick, Tick... Boom!" é uma aula de roteiro adaptado, de trilha sonora, de direção e de performance dos atores. Um dos melhores filmes do ano, tranquilamente - mas que vai agradar apenas um pequeno nicho e que com certeza vai fazer muito barulho na próxima temporada de premiações. Simplesmente imperdível!
Tiger Woods foi um verdadeiro fenômeno - no esporte e no marketing. Colocou o golfe sob os holofotes da imprensa esportiva no mesmo nível que um jogo dos Bulls de Jordan - e isso não é suposição, são números! Um jovem negro, em um esporte elitista, majoritariamente praticado por brancos, que se torna profissional com apenas 19 anos, vence mais de 70 torneios profissionais e 15 majors, é o segundo maior vencedor da história - justamente por isso, esse documentário da HBO em duas partes, é tão incrível: por que um fenômeno como Woods não se tornou o maior jogador de golfe de todos os tempos? A resposta é muito simples: não é fácil ser o Tiger Woods que a mídia precisava que ele fosse! Abstraindo todo julgamento moral, afinal, quem somos nós para julgar, "Tiger" pontua grande parte da carreira do campeão, mas também tenta encontrar respostas para seu comportamento fora de campo. Confira o trailer:
Os diretores Matthew Hamachek (de "Guerra dos Consoles") e Matthew Heineman (de "Cartel Land" - indicado ao Oscar de documentário em 2016) traçam uma verdadeira jornada do herói e constroem uma narrativa de admiração e empatia com o protagonista na primeira parte que, propositalmente, entra em colapso na segunda. Seguindo um conceito muito bem definido, onde entrevistam personagens que orbitaram no universo de Woods em vários momentos da vida do campeão, imagens de arquivos, tanto pessoal, quanto de veículos de comunicação; o documentário cria uma dinâmica que fica impossível não embarcar (mesmo não sabendo absolutamente nada do esporte). Diferente de "Last Dance" onde o foco era a história de uma conquista, se apoiando na construção de um mito; em "Tiger" o mito é construído rapidamente, mas completamente humanizado a partir dos seus erros como marido e como homem.
"Tiger" não é um projeto isento de opiniões pessoais ou de retratação pública, entendam como quiser; o fato é que a narrativa soube destacar o quanto a hipocrisia está presente dentro na sociedade americana, especialmente na mídia, e como a necessidade de construir mitos para depois ter o prazer de destrui-los se torna uma sombra na vida de quase todos os esportistas em qualquer lugar do mundo - reparem, reflitam e percebam como essa história não tem nada de novo!
Da relação com o pai, com a mãe, com a namorada e com a mulher traída, ao reflexo de muita dedicação e talento, "Tiger" é um obra essencial para entender o outro lado, menos glamuroso, que quase sempre é esquecido pelo simples incomodo que o sucesso pode provocar nas pessoas. O documentário é imperdível por isso e pelo registro da história de um dos maiores esportistas de todos os tempos e de todos os esportes!
Tiger Woods foi um verdadeiro fenômeno - no esporte e no marketing. Colocou o golfe sob os holofotes da imprensa esportiva no mesmo nível que um jogo dos Bulls de Jordan - e isso não é suposição, são números! Um jovem negro, em um esporte elitista, majoritariamente praticado por brancos, que se torna profissional com apenas 19 anos, vence mais de 70 torneios profissionais e 15 majors, é o segundo maior vencedor da história - justamente por isso, esse documentário da HBO em duas partes, é tão incrível: por que um fenômeno como Woods não se tornou o maior jogador de golfe de todos os tempos? A resposta é muito simples: não é fácil ser o Tiger Woods que a mídia precisava que ele fosse! Abstraindo todo julgamento moral, afinal, quem somos nós para julgar, "Tiger" pontua grande parte da carreira do campeão, mas também tenta encontrar respostas para seu comportamento fora de campo. Confira o trailer:
Os diretores Matthew Hamachek (de "Guerra dos Consoles") e Matthew Heineman (de "Cartel Land" - indicado ao Oscar de documentário em 2016) traçam uma verdadeira jornada do herói e constroem uma narrativa de admiração e empatia com o protagonista na primeira parte que, propositalmente, entra em colapso na segunda. Seguindo um conceito muito bem definido, onde entrevistam personagens que orbitaram no universo de Woods em vários momentos da vida do campeão, imagens de arquivos, tanto pessoal, quanto de veículos de comunicação; o documentário cria uma dinâmica que fica impossível não embarcar (mesmo não sabendo absolutamente nada do esporte). Diferente de "Last Dance" onde o foco era a história de uma conquista, se apoiando na construção de um mito; em "Tiger" o mito é construído rapidamente, mas completamente humanizado a partir dos seus erros como marido e como homem.
"Tiger" não é um projeto isento de opiniões pessoais ou de retratação pública, entendam como quiser; o fato é que a narrativa soube destacar o quanto a hipocrisia está presente dentro na sociedade americana, especialmente na mídia, e como a necessidade de construir mitos para depois ter o prazer de destrui-los se torna uma sombra na vida de quase todos os esportistas em qualquer lugar do mundo - reparem, reflitam e percebam como essa história não tem nada de novo!
Da relação com o pai, com a mãe, com a namorada e com a mulher traída, ao reflexo de muita dedicação e talento, "Tiger" é um obra essencial para entender o outro lado, menos glamuroso, que quase sempre é esquecido pelo simples incomodo que o sucesso pode provocar nas pessoas. O documentário é imperdível por isso e pelo registro da história de um dos maiores esportistas de todos os tempos e de todos os esportes!
Duro, mas emocionante como a vida pode ser! Finalmente estreou no Brasil o documentário indicado em três categorias no Emmy de 2021, "Tina"! Em meio a tantas cinebiografias, essa maravilhosa produção da HBO nos remete ao universo de uma verdadeira Diva ou, como ela mesma gosta de se posicionar, de uma verdadeira lenda do rock’n’roll! A grande questão porém, é que o roteiro (como não podia deixar de ser) foca pouco mais da metade do seu tempo nas dores mais profundas da cantora enquanto ainda era casada com Ike Turner, ex-marido e figura abusiva que marcou a carreira e a vida de Tina Turner, deixando sua redenção apenas para o final do segundo ato, onde, aí sim, conseguimos relaxar de uma narrativa extremamente densa e curtir alguns dos sucessos que fizeram muita gente dançar nos anos 80.
"Tina" se propõe a fazer um recorte bastante delicado da vida e da carreira da cantora americana Tina Turner. Ela que começou sua carreira cantando em corais de igrejas e virou uma das maiores artistas de sua geração, superou as probabilidades impossíveis de se tornar uma das primeiras artistas afro-americanas a alcançar um público internacional capaz de lotar estádios e ainda chegar ao primeiro lugar da Billboard. Confira o trailer (em inglês):
Existe uma arriscada escolha conceitual dos diretores e roteiristas Daniel Lindsay e T.J. Martin (vencedores do Oscar em 2012 pelo incrível "Undefeated") ao desenhar uma árdua linha do tempo que nos movimenta pela história de Tina Turner - veja, ao assumir alguns pontos contrastantes em relação ao que representou a cantora na sua vida pública e na sua vida privada, "Tina" acaba reconectando a protagonista com seus piores fantasmas, deixando boa parte da história muito cadenciada e realmente densa. Seu depoimento inicial, por exemplo, é forte, dolorido e carrega um certo tom de melancolia e isso impacta diretamente na nossa experiência como audiência, já que nem todos vão suportar o baque da narrativa - o que eu quero dizer é que não existe um equilíbrio, tudo de ruim é jogado na nossa cara sem dó!
Por outro lado, passada a tempestade, a sensação de alívio é enorme e é quando somos tomados pela emoção, pela nostalgia e passamos a valorizar ainda mais as conquistas de Tina Turner. É muito interessante como os depoimentos vão sendo recortados com imagens de arquivo nunca antes mostrados e gravações de antigas entrevistas com a própria cantora que contextualizam exatamente o momento que ela estava passando e tudo que ela vinha carregando. Aqui cabe um comentário pessoal, duas passagens me chamaram a atenção: a tentativa de suicídio contado por ela e uma entrevista onde o entrevistador pergunta se ela já amou ou foi amada durante a vida! Olha, se prepare para sentir uma facada no peito!
A proposta de pontuar o processo de redenção de Tina Turner parece encontrar um final apoteótico com esse documentário. Com alguma variedade de fortes depoimentos, de gente de peso como Oprah Winfrey e Angela Bassett (que viveu a cantora em sua cinebiografia de 1993, chamada "Tina – A verdadeira história de Tina Turner") além, é claro, dos relatos da própria protagonista (hoje uma jovem senhora cheia de vida), "Tina" tem o mérito de organizar perfeitamente a trajetória de uma vida difícil, mas que serviu como combustível para moldar a cantora que conhecemos dançando com aquele sorriso fácil como poucas artistas de sua geração. Não é exagero afirmar que a emoção vai tomando conta da narrativa, trocando a dor pela alegria, como se fosse um belíssimo prêmio por termos dividido tantos momentos complicados com a protagonista - e te garanto: não deixe de assistir os créditos após o "black" do final, serão os créditos mais especiais que você vai assistir em muito tempo!
Vale demais o seu play!
Em tempo, Tina lançou uma autobiografia no início dos anos 1990 chamada "Tina Turner: Minha história de amor" e atualmente um espetáculo vem fazendo muito sucesso na Broadway: "Tina -The Tina Turner Musical".
Duro, mas emocionante como a vida pode ser! Finalmente estreou no Brasil o documentário indicado em três categorias no Emmy de 2021, "Tina"! Em meio a tantas cinebiografias, essa maravilhosa produção da HBO nos remete ao universo de uma verdadeira Diva ou, como ela mesma gosta de se posicionar, de uma verdadeira lenda do rock’n’roll! A grande questão porém, é que o roteiro (como não podia deixar de ser) foca pouco mais da metade do seu tempo nas dores mais profundas da cantora enquanto ainda era casada com Ike Turner, ex-marido e figura abusiva que marcou a carreira e a vida de Tina Turner, deixando sua redenção apenas para o final do segundo ato, onde, aí sim, conseguimos relaxar de uma narrativa extremamente densa e curtir alguns dos sucessos que fizeram muita gente dançar nos anos 80.
"Tina" se propõe a fazer um recorte bastante delicado da vida e da carreira da cantora americana Tina Turner. Ela que começou sua carreira cantando em corais de igrejas e virou uma das maiores artistas de sua geração, superou as probabilidades impossíveis de se tornar uma das primeiras artistas afro-americanas a alcançar um público internacional capaz de lotar estádios e ainda chegar ao primeiro lugar da Billboard. Confira o trailer (em inglês):
Existe uma arriscada escolha conceitual dos diretores e roteiristas Daniel Lindsay e T.J. Martin (vencedores do Oscar em 2012 pelo incrível "Undefeated") ao desenhar uma árdua linha do tempo que nos movimenta pela história de Tina Turner - veja, ao assumir alguns pontos contrastantes em relação ao que representou a cantora na sua vida pública e na sua vida privada, "Tina" acaba reconectando a protagonista com seus piores fantasmas, deixando boa parte da história muito cadenciada e realmente densa. Seu depoimento inicial, por exemplo, é forte, dolorido e carrega um certo tom de melancolia e isso impacta diretamente na nossa experiência como audiência, já que nem todos vão suportar o baque da narrativa - o que eu quero dizer é que não existe um equilíbrio, tudo de ruim é jogado na nossa cara sem dó!
Por outro lado, passada a tempestade, a sensação de alívio é enorme e é quando somos tomados pela emoção, pela nostalgia e passamos a valorizar ainda mais as conquistas de Tina Turner. É muito interessante como os depoimentos vão sendo recortados com imagens de arquivo nunca antes mostrados e gravações de antigas entrevistas com a própria cantora que contextualizam exatamente o momento que ela estava passando e tudo que ela vinha carregando. Aqui cabe um comentário pessoal, duas passagens me chamaram a atenção: a tentativa de suicídio contado por ela e uma entrevista onde o entrevistador pergunta se ela já amou ou foi amada durante a vida! Olha, se prepare para sentir uma facada no peito!
A proposta de pontuar o processo de redenção de Tina Turner parece encontrar um final apoteótico com esse documentário. Com alguma variedade de fortes depoimentos, de gente de peso como Oprah Winfrey e Angela Bassett (que viveu a cantora em sua cinebiografia de 1993, chamada "Tina – A verdadeira história de Tina Turner") além, é claro, dos relatos da própria protagonista (hoje uma jovem senhora cheia de vida), "Tina" tem o mérito de organizar perfeitamente a trajetória de uma vida difícil, mas que serviu como combustível para moldar a cantora que conhecemos dançando com aquele sorriso fácil como poucas artistas de sua geração. Não é exagero afirmar que a emoção vai tomando conta da narrativa, trocando a dor pela alegria, como se fosse um belíssimo prêmio por termos dividido tantos momentos complicados com a protagonista - e te garanto: não deixe de assistir os créditos após o "black" do final, serão os créditos mais especiais que você vai assistir em muito tempo!
Vale demais o seu play!
Em tempo, Tina lançou uma autobiografia no início dos anos 1990 chamada "Tina Turner: Minha história de amor" e atualmente um espetáculo vem fazendo muito sucesso na Broadway: "Tina -The Tina Turner Musical".
"Trojan War" é um verdadeiro mergulho no mundo fascinante do futebol americano universitário em uma das histórias mais surpreendentes que você, amante do esporte, vai conhecer. Com um enfoque particular na lendária equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a USC e uma narrativa das mais envolventes, o documentário da ESPN Filmes explora a incrível história (e todos os desafios enfrentados) da USC desde a chegada do Pete Carroll (vencedor coach do Seahawks na NFL) e como ele transformou um time decadente em um dos melhores times de todos os tempos, com 34 vitórias seguidas. O filme ainda mostra toda a polêmica envolvendo o Reggie Bush, astro do time, antes de chegar na NFL.
Quando Pete Carroll assume como treinador do time de futebol da USC após a temporada de 2000, os outrora grandes "Cavalos de Tróia" estavam indo de mal a pior. Mas, graças à experiência de Caroll, além de seu otimismo e de sua excelente habilidade de recrutamento, o "Southern Cal" logo voltou ao topo do mundo do futebol universitário, com a popularidade disparando em uma jornada que entrou para a história, seja pelas inúmeras vitórias, seja pelas polêmicas que envolviam suas estrelas. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Aaron Rahsaan Thomas (famoso por produzir C.S.I.), "Trojan War" oferece uma visão profunda e emocionante sobre o programa de futebol americano da USC. O interessante é que o documentário vai além do esporte em si - sua capacidade de retratar a tradição e a cultura arraigadas na equipe de futebol americano da USC, é o que impressiona. O filme começa contextualizando as raízes históricas do programa, destacando momentos marcantes e lendas do passado. Através de entrevistas com ex-jogadores, treinadores e figuras-chave dessa história, o documentário faz um recorte dos mais interessantes sobre os desafios que moldaram a identidade da equipe "Trojan".
A estrutura narrativa é habilmente construída a partir de uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas atuais e cenas dos jogos da equipe, em uma montagem dinâmica que contribui de uma maneira única para criar um senso de imersão no mundo do futebol americano universitário, mesmo para aqueles pouco familiarizados com o esporte. Veja, aqui não estamos falando apenas de uma jornada de superação e resiliência esportiva, e sim da importância de uma construção de cultura sólida capaz de marcar gerações.
A forma como Aaron Rahsaan Thomas conduz a história permite que a audiência experimente a intensidade dos jogos e a paixão dos torcedores de uma maneira quase visceral. Reparem que o filme não se limita apenas em celebrar os momentos de glória, mas também o de explorar com muita honestidade os desafios enfrentados pelos jogadores, as lesões, as dores, as decepções, a pressão pelo sucesso e, principalmente, a necessidade de equilibrar a vida acadêmica com a esportiva. Eu diria que essa abordagem tão ampla, humaniza os jogadores e cria uma conexão emocional que nos impede de tirar os olhos da tela - como em "Last Chance U", uma aula de roteiro!
Vale muito o seu play!
"Trojan War" é um verdadeiro mergulho no mundo fascinante do futebol americano universitário em uma das histórias mais surpreendentes que você, amante do esporte, vai conhecer. Com um enfoque particular na lendária equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a USC e uma narrativa das mais envolventes, o documentário da ESPN Filmes explora a incrível história (e todos os desafios enfrentados) da USC desde a chegada do Pete Carroll (vencedor coach do Seahawks na NFL) e como ele transformou um time decadente em um dos melhores times de todos os tempos, com 34 vitórias seguidas. O filme ainda mostra toda a polêmica envolvendo o Reggie Bush, astro do time, antes de chegar na NFL.
Quando Pete Carroll assume como treinador do time de futebol da USC após a temporada de 2000, os outrora grandes "Cavalos de Tróia" estavam indo de mal a pior. Mas, graças à experiência de Caroll, além de seu otimismo e de sua excelente habilidade de recrutamento, o "Southern Cal" logo voltou ao topo do mundo do futebol universitário, com a popularidade disparando em uma jornada que entrou para a história, seja pelas inúmeras vitórias, seja pelas polêmicas que envolviam suas estrelas. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Aaron Rahsaan Thomas (famoso por produzir C.S.I.), "Trojan War" oferece uma visão profunda e emocionante sobre o programa de futebol americano da USC. O interessante é que o documentário vai além do esporte em si - sua capacidade de retratar a tradição e a cultura arraigadas na equipe de futebol americano da USC, é o que impressiona. O filme começa contextualizando as raízes históricas do programa, destacando momentos marcantes e lendas do passado. Através de entrevistas com ex-jogadores, treinadores e figuras-chave dessa história, o documentário faz um recorte dos mais interessantes sobre os desafios que moldaram a identidade da equipe "Trojan".
A estrutura narrativa é habilmente construída a partir de uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas atuais e cenas dos jogos da equipe, em uma montagem dinâmica que contribui de uma maneira única para criar um senso de imersão no mundo do futebol americano universitário, mesmo para aqueles pouco familiarizados com o esporte. Veja, aqui não estamos falando apenas de uma jornada de superação e resiliência esportiva, e sim da importância de uma construção de cultura sólida capaz de marcar gerações.
A forma como Aaron Rahsaan Thomas conduz a história permite que a audiência experimente a intensidade dos jogos e a paixão dos torcedores de uma maneira quase visceral. Reparem que o filme não se limita apenas em celebrar os momentos de glória, mas também o de explorar com muita honestidade os desafios enfrentados pelos jogadores, as lesões, as dores, as decepções, a pressão pelo sucesso e, principalmente, a necessidade de equilibrar a vida acadêmica com a esportiva. Eu diria que essa abordagem tão ampla, humaniza os jogadores e cria uma conexão emocional que nos impede de tirar os olhos da tela - como em "Last Chance U", uma aula de roteiro!
Vale muito o seu play!
Mais do que um filme sobre o "perdão", "Um lindo dia na vizinhança" fala sobre se "reconectar", com uma sensibilidade impressionante - mesmo que em muitos momentos tenhamos a exata impressão de que aquilo tudo não passa de uma enorme forçada de barra! O interessante, inclusive, é que justamente por isso que o filme nos toca, já que a diretora Marielle Heller usa do carisma (inacreditável - no fiel sentido da palavra) de Fred Rogers, um apresentador de um programa infantil de TV dos anos 70, para contar a história de um jornalista marcado pelo rancor e pela relação nada saudável com seu pai.
Lloyd Vogel (Matthew Rhys) é um jornalista sobrecarregado psicologicamente, que recebe a missão de escrever um artigo sobre o apresentador Fred Rogers (Tom Hanks) para a revista Esquire. Lloyd é um homem cuja vida (aos seus olhos) nunca lhe foi generosa, apesar do seu sucesso profissional - ele carrega consigo uma mágoa profunda por seu pai, Jerry (Chris Cooper). Ao aceitar o trabalho, Vogel acaba se surpreendendo com a maneira como seu entrevistado enxerga a vida e, principalmente, se relaciona com as pessoas. Aos poucos, Vogel e Rogers tornam-se cada vez mais íntimos, dividindo detalhes sobre a vida, sobre suas relações pessoais, com as esposas, filhos e, claro, com as feridas que o convívio com a família pode deixar. Confira o trailer:
Que as pessoas não são 100% ruins, da mesma forma que não são 100% boas, nós já sabemos; ou pelo menos essa é a regra imposta pela sociedade. Mas antes de falar sobre como existem exceções para determinadas regras, vamos contextualizar a história: “Vizinhança de Mister Rogers” foi um dos programas infantis a ficar mais tempo em exibição nos EUA (perdendo apenas recentemente para Vila Sésamo), nele o apresentador Fred Rogers utilizava do lúdico para falar sobre temas do cotidiano e até assuntos mais pesados como morte, depressão, divórcio, raiva, guerra. A grande questão é que Fred parecia ser um personagem dentro e fora do estúdio de gravação e isso instigou demais Lloyd Vogel. Seria possível alguém ser tão carismático, bondoso e empático por tanto tempo e com todo mundo?
“Como é ser casada com um santo?”, questiona o jornalista. “Não gosto desse termo, é como se o que ele é, fosse algo inatingível”, retruca Joanne (Maryann Plunkett), esposa de Rogers. Veja, embora a alma do filme seja Fred, a diretora quer mesmo é contar a história de Lloyd Vogel e a forma com que ela brinca com os conceitos lúdicos do programa do Mister Rogers, fazendo transições entre as maquetes e os movimentos em stop motion com os lugares reais do cotidiano de Vogel criam, metaforicamente, pontos de vista muito interessantes sobre seus fantasmas e como ele se esforça enfrentá-los.
Obviamente que Tom Hanks é o nome do filme - apoiado em uma belíssima maquiagem e nos figurinos exatos de Fred Rogers, o ator dá mais uma aula de caracterização ao mergulhar nas camadas mais profundas do personagem, com expressões pontualmente contidas no silêncio pausado da forma como Rogers se comunicava aos pequenos vícios corporais do apresentador. Matthew Rhys também está muito bem - sua expressão demonstra exatamente toda a carga emocional que Lloyd carrega consigo. Outro elemento que merece destaque é a trilha sonora de Nate Heller - ela pontua perfeitamente o mood das cenas e traz a belíssima "The Promisse" na voz de Tracy Chapman.
"Um Lindo Dia na Vizinhança" é um filme que não fez tanto barulho, mas que vai te surpreender pela sensibilidade e beleza do seu roteiro (de Noah Harpster e Micah Fitzerman-Blue). É um filme com alma, emocionante, dramático e inteligente ao nos mostrar o lado bom de uma boa conversa. Vale a pena!
Up-date: "Um Lindo Dia na Vizinhança" garantiu mais uma indicação para Tom Hanks no Oscar 2020: Melhor Ator Coadjuvante!
Mais do que um filme sobre o "perdão", "Um lindo dia na vizinhança" fala sobre se "reconectar", com uma sensibilidade impressionante - mesmo que em muitos momentos tenhamos a exata impressão de que aquilo tudo não passa de uma enorme forçada de barra! O interessante, inclusive, é que justamente por isso que o filme nos toca, já que a diretora Marielle Heller usa do carisma (inacreditável - no fiel sentido da palavra) de Fred Rogers, um apresentador de um programa infantil de TV dos anos 70, para contar a história de um jornalista marcado pelo rancor e pela relação nada saudável com seu pai.
Lloyd Vogel (Matthew Rhys) é um jornalista sobrecarregado psicologicamente, que recebe a missão de escrever um artigo sobre o apresentador Fred Rogers (Tom Hanks) para a revista Esquire. Lloyd é um homem cuja vida (aos seus olhos) nunca lhe foi generosa, apesar do seu sucesso profissional - ele carrega consigo uma mágoa profunda por seu pai, Jerry (Chris Cooper). Ao aceitar o trabalho, Vogel acaba se surpreendendo com a maneira como seu entrevistado enxerga a vida e, principalmente, se relaciona com as pessoas. Aos poucos, Vogel e Rogers tornam-se cada vez mais íntimos, dividindo detalhes sobre a vida, sobre suas relações pessoais, com as esposas, filhos e, claro, com as feridas que o convívio com a família pode deixar. Confira o trailer:
Que as pessoas não são 100% ruins, da mesma forma que não são 100% boas, nós já sabemos; ou pelo menos essa é a regra imposta pela sociedade. Mas antes de falar sobre como existem exceções para determinadas regras, vamos contextualizar a história: “Vizinhança de Mister Rogers” foi um dos programas infantis a ficar mais tempo em exibição nos EUA (perdendo apenas recentemente para Vila Sésamo), nele o apresentador Fred Rogers utilizava do lúdico para falar sobre temas do cotidiano e até assuntos mais pesados como morte, depressão, divórcio, raiva, guerra. A grande questão é que Fred parecia ser um personagem dentro e fora do estúdio de gravação e isso instigou demais Lloyd Vogel. Seria possível alguém ser tão carismático, bondoso e empático por tanto tempo e com todo mundo?
“Como é ser casada com um santo?”, questiona o jornalista. “Não gosto desse termo, é como se o que ele é, fosse algo inatingível”, retruca Joanne (Maryann Plunkett), esposa de Rogers. Veja, embora a alma do filme seja Fred, a diretora quer mesmo é contar a história de Lloyd Vogel e a forma com que ela brinca com os conceitos lúdicos do programa do Mister Rogers, fazendo transições entre as maquetes e os movimentos em stop motion com os lugares reais do cotidiano de Vogel criam, metaforicamente, pontos de vista muito interessantes sobre seus fantasmas e como ele se esforça enfrentá-los.
Obviamente que Tom Hanks é o nome do filme - apoiado em uma belíssima maquiagem e nos figurinos exatos de Fred Rogers, o ator dá mais uma aula de caracterização ao mergulhar nas camadas mais profundas do personagem, com expressões pontualmente contidas no silêncio pausado da forma como Rogers se comunicava aos pequenos vícios corporais do apresentador. Matthew Rhys também está muito bem - sua expressão demonstra exatamente toda a carga emocional que Lloyd carrega consigo. Outro elemento que merece destaque é a trilha sonora de Nate Heller - ela pontua perfeitamente o mood das cenas e traz a belíssima "The Promisse" na voz de Tracy Chapman.
"Um Lindo Dia na Vizinhança" é um filme que não fez tanto barulho, mas que vai te surpreender pela sensibilidade e beleza do seu roteiro (de Noah Harpster e Micah Fitzerman-Blue). É um filme com alma, emocionante, dramático e inteligente ao nos mostrar o lado bom de uma boa conversa. Vale a pena!
Up-date: "Um Lindo Dia na Vizinhança" garantiu mais uma indicação para Tom Hanks no Oscar 2020: Melhor Ator Coadjuvante!
"Uma noite em Miami..." tem um roteiro extremamente original, criativo, inteligente; é muito bem dirigido pela estreante Regina King, fotografado pelo Tami Reiker; e o elenco é simplesmente incrível - mas o filme não será uma unanimidade! Na nossa opinião, o filme é excelente, mas é difícil, pois exige uma certa visão de mundo que aproxima a história muito mais dos americanos do que de outras platéias. Embora seja uma ficção, o roteiro usa de muitas referências reais, detalhes históricos que poucos conhecem e que será de difícil identificação - mais ou menos como aconteceu com "Era uma vez em Hollywood" do Tarantino.
O filme é uma adaptação de uma peça de teatro do dramaturgo Kemp Powers. Ele coloca o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o “rei do soul” Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o pugilista Muhammed Ali (Eli Goree) e o ator/jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) juntos em um quarto de hotel, numa noite de 1964 em que celebravam o título mundial de Cassius Clay. É ali que essas importantes personalidades confrontam seus próprios papéis perante a sociedade, sobretudo em relação ao racismo estrutural que imperava naquele momento. Confira o trailer:
Olha que genial: embora contemporâneos, amigos e militantes do movimento por direitos civis dos negros na década de 1960, essa noite que vemos no filme, nunca existiu na realidade, apenas na cabeça de Powers que foi capaz de criar uma atmosfera que transforma um inesperado bate-papo em um momento cheio de reflexões importantes para a sociedade (atual). Como em "Os 7 de Chicago", "One Night in Miami" (título original) faz uma poderosa introdução apresentando os quatro protagonistas individualmente, usando de um conceito narrativo criativo para expor exatamente suas respectivas personalidades e pontuando suas opiniões (e postura) em relação ao segregacionismo da época.
Além de tecnicamente perfeito e de entrar definitivamente em uma corrida por muitas indicações ao Oscar, “Uma Noite em Miami…” é muito inteligente ao evitar polemizar os momentos de racismo e violência contra negros como vemos em outras obras com essa temática. Muito pelo contrário, a obra foca no que é dito nas entrelinhas e na amplitude que essa reflexão ganha na voz de personagens tão marcantes para o movimento - mesmo sendo uma ficção, é de uma força impressionante! O filme é intenso, cadenciado, praticamente construído em diálogos profundos, mas que nos provoca muitas (e muitas) reflexões.
Vale muito a pena e reparem no incrível trabalho de Kingsley Ben-Adir como Malcolm X - é de aplaudir de pé!
"Uma noite em Miami..." tem um roteiro extremamente original, criativo, inteligente; é muito bem dirigido pela estreante Regina King, fotografado pelo Tami Reiker; e o elenco é simplesmente incrível - mas o filme não será uma unanimidade! Na nossa opinião, o filme é excelente, mas é difícil, pois exige uma certa visão de mundo que aproxima a história muito mais dos americanos do que de outras platéias. Embora seja uma ficção, o roteiro usa de muitas referências reais, detalhes históricos que poucos conhecem e que será de difícil identificação - mais ou menos como aconteceu com "Era uma vez em Hollywood" do Tarantino.
O filme é uma adaptação de uma peça de teatro do dramaturgo Kemp Powers. Ele coloca o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o “rei do soul” Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o pugilista Muhammed Ali (Eli Goree) e o ator/jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) juntos em um quarto de hotel, numa noite de 1964 em que celebravam o título mundial de Cassius Clay. É ali que essas importantes personalidades confrontam seus próprios papéis perante a sociedade, sobretudo em relação ao racismo estrutural que imperava naquele momento. Confira o trailer:
Olha que genial: embora contemporâneos, amigos e militantes do movimento por direitos civis dos negros na década de 1960, essa noite que vemos no filme, nunca existiu na realidade, apenas na cabeça de Powers que foi capaz de criar uma atmosfera que transforma um inesperado bate-papo em um momento cheio de reflexões importantes para a sociedade (atual). Como em "Os 7 de Chicago", "One Night in Miami" (título original) faz uma poderosa introdução apresentando os quatro protagonistas individualmente, usando de um conceito narrativo criativo para expor exatamente suas respectivas personalidades e pontuando suas opiniões (e postura) em relação ao segregacionismo da época.
Além de tecnicamente perfeito e de entrar definitivamente em uma corrida por muitas indicações ao Oscar, “Uma Noite em Miami…” é muito inteligente ao evitar polemizar os momentos de racismo e violência contra negros como vemos em outras obras com essa temática. Muito pelo contrário, a obra foca no que é dito nas entrelinhas e na amplitude que essa reflexão ganha na voz de personagens tão marcantes para o movimento - mesmo sendo uma ficção, é de uma força impressionante! O filme é intenso, cadenciado, praticamente construído em diálogos profundos, mas que nos provoca muitas (e muitas) reflexões.
Vale muito a pena e reparem no incrível trabalho de Kingsley Ben-Adir como Malcolm X - é de aplaudir de pé!
Muito antes dos grandes eventos do UFC e especificamente de Ronda Rousey (lutadora considerada a melhor atleta feminina de todos os tempos pela ESPN americana em 2015) existiu uma boxeadora chamada Christy Martin que foi considerada uma espécie de versão feminina de Mike Tyson pelo próprio Don King (maior produtor de lutas de boxe de todos os tempos). Mais do que um episódio especifico da carreira de Martin, "Pacto com o Diabo", do selo "Untold", faz um recorte biográfico importante da esportista, mostrando sua ascensão, claro, mas principalmente os reflexos de uma relação conturbada com seu então técnico, Jim Martin.
A sinopse oficial descreve o episódio da seguinte maneira: em pouco mais de 70 minutos, conhecemos a história da boxeadora Christy Martin, que quebrou barreiras dentro do ringue, se consagrando como uma das melhores atletas do boxe feminino. No entanto, sua luta se seguiu de forma dolorosa também em sua vida pessoal, com ela lidando com seus próprios demônios, abusos e uma grave ameaça. Confira o trailer (em inglês):
O mais biográfico de todos os episódios até aqui, considerando as análises que já fizemos de "Crime e Infrações", "Briga na NBA" e "Federer x Fish", "Pacto com o Diabo" deu um tiro certo ao iniciar sua narrativa provocando a nossa curiosidade já que "de cara" sabemos que algo deu errado na vida da protagonista, mas não sabemos exatamente "o que". Muito bem dirigido pela Laura Brownson (de "O Caso Rachel Dolezal"), o episódio gera certa ansiedade para entender "onde" e "como" sua carreira mudou, já que nos primeiros atos assistimos apenas o seu sucesso como atleta que, de fato, é impressionante!
Com inúmeros depoimentos que vão de Mike Tyson à Laila Ali (filha de Muhammad Ali e também boxeadora profissional), imagens de arquivo pessoal e várias reportagens da época em que lutava, temos um episódio com uma estrutura bastante dinâmica que está sempre ancorado no suspense, através da voz e da imagem da própria Christy Martin contando o seu ponto de vista da história sem tanta pressa. Porém o que transforma o filme em algo ainda mais interessante, é a presença (incômoda) de Jim Martin sendo entrevistado diretamente, vejam só, da cadeia. Até mais ou menos o final do segundo ato, não sabemos exatamente o que aconteceu com Jim e se sua prisão tem algo a ver com Christy, mas independente de qualquer pré-julgamento, a diretora, em nenhum momento, impede que ele conte a sua versão, faça as suas considerações e até revisite a história com a mulher que ele diz ter amado por muitos anos.
Outro grande acerto, sem dúvida, é a forma como a narrativa expõe os bastidores do boxe e a relação sempre dúbia do esporte (fantasiado de showbiz) com o dinheiro. Dito isso, eu tendo a definir que "Untold: Pacto com o Diabo" tem um conceito até mais próximo de "Pistorius" do que dos outros episódios da série, ou seja, embora os feitos esportivos sejam impressionantes, é no bastidor que a história ganha força e surpreende a audiência.
Vale seu play!
Muito antes dos grandes eventos do UFC e especificamente de Ronda Rousey (lutadora considerada a melhor atleta feminina de todos os tempos pela ESPN americana em 2015) existiu uma boxeadora chamada Christy Martin que foi considerada uma espécie de versão feminina de Mike Tyson pelo próprio Don King (maior produtor de lutas de boxe de todos os tempos). Mais do que um episódio especifico da carreira de Martin, "Pacto com o Diabo", do selo "Untold", faz um recorte biográfico importante da esportista, mostrando sua ascensão, claro, mas principalmente os reflexos de uma relação conturbada com seu então técnico, Jim Martin.
A sinopse oficial descreve o episódio da seguinte maneira: em pouco mais de 70 minutos, conhecemos a história da boxeadora Christy Martin, que quebrou barreiras dentro do ringue, se consagrando como uma das melhores atletas do boxe feminino. No entanto, sua luta se seguiu de forma dolorosa também em sua vida pessoal, com ela lidando com seus próprios demônios, abusos e uma grave ameaça. Confira o trailer (em inglês):
O mais biográfico de todos os episódios até aqui, considerando as análises que já fizemos de "Crime e Infrações", "Briga na NBA" e "Federer x Fish", "Pacto com o Diabo" deu um tiro certo ao iniciar sua narrativa provocando a nossa curiosidade já que "de cara" sabemos que algo deu errado na vida da protagonista, mas não sabemos exatamente "o que". Muito bem dirigido pela Laura Brownson (de "O Caso Rachel Dolezal"), o episódio gera certa ansiedade para entender "onde" e "como" sua carreira mudou, já que nos primeiros atos assistimos apenas o seu sucesso como atleta que, de fato, é impressionante!
Com inúmeros depoimentos que vão de Mike Tyson à Laila Ali (filha de Muhammad Ali e também boxeadora profissional), imagens de arquivo pessoal e várias reportagens da época em que lutava, temos um episódio com uma estrutura bastante dinâmica que está sempre ancorado no suspense, através da voz e da imagem da própria Christy Martin contando o seu ponto de vista da história sem tanta pressa. Porém o que transforma o filme em algo ainda mais interessante, é a presença (incômoda) de Jim Martin sendo entrevistado diretamente, vejam só, da cadeia. Até mais ou menos o final do segundo ato, não sabemos exatamente o que aconteceu com Jim e se sua prisão tem algo a ver com Christy, mas independente de qualquer pré-julgamento, a diretora, em nenhum momento, impede que ele conte a sua versão, faça as suas considerações e até revisite a história com a mulher que ele diz ter amado por muitos anos.
Outro grande acerto, sem dúvida, é a forma como a narrativa expõe os bastidores do boxe e a relação sempre dúbia do esporte (fantasiado de showbiz) com o dinheiro. Dito isso, eu tendo a definir que "Untold: Pacto com o Diabo" tem um conceito até mais próximo de "Pistorius" do que dos outros episódios da série, ou seja, embora os feitos esportivos sejam impressionantes, é no bastidor que a história ganha força e surpreende a audiência.
Vale seu play!
"Val" é um documentário sensacional, mas duro - pela coragem, pela humanidade e pela desconstrução de um símbolo de sucesso, fama e dinheiro tão particular dos astros de Hollywood nos anos 80 e 90 que trouxeram para os holofotes celebridades como Tom Cruise, Kevin Bacon e até Sean Penn. Essa produção original da A24 e distribuído pela Amazon, não suaviza em nenhum momento a jornada pessoal e profissional de Val Kilmer, mesmo quando rotulado de coadjuvante de luxo.
Val Kilmer, um dos atores mais inconstantes de Hollywood, vem documentando sua vida e arte em milhares de gravações: de filmes caseiros com os irmãos, a momentos vividos enquanto interpretava papeis icônicos em filmes de sucesso como "Top Gun" e "Batman". Este documentário franco e original revela uma vida pautada por extremos, e um olhar cheio de emoção sobre o que significa ser artista. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pela dupla de estreantes Ting Poo e Leo Scott, o documentário faz um passeio pela história do ator com o claro propósito de desconstruir a celebridade e humanizar a jornada - é um verdadeiro mergulho na experiência de entender quem é Val Kilmer. O tema central (e seu protagonista) pode até soar desinteressante para muitos, mas acredite: talvez seja um dos recortes mais sinceros que assisti recentemente sobre o outro lado de ser uma celebridade. E aqui não dá para deixar de citar um documentário que vai muito nessa linha e que também vale sua atenção: "Showbiz Kids"da HBO Max.
A escolha por uma narrativa não-linear dá um ritmo muito interessante para o documentário, criando uma espécie de contraposição entre imagens de um Val Kilmer insatisfeito e ansioso em seu auge como ator promissor, com cenas dele completamente fragilizado, graças ao efeito devastador das cirurgias e sessões de radioterapia e quimioterapia que salvaram sua vida quando ele precisou cancelar a turnê de sua peça teatral devido a um câncer na garganta, em 2017. É preciso dizer que essa dicotomia é muito impressionante - observar sua dificuldade ao lidar com o aparelho de traqueostomia instalado em seu pescoço, impacta.
Por outro lado, "Val" está cheio de curiosidades muito além dos bastidores de Hollywood - do desejo de se tornar ator, passando pela fase de estudos até as primeiras oportunidades, o documentário, de fato, não romantiza em nada a jornada de um aspirante ao sucesso. São inúmeras audições, decepções e intrigas. Mas também conquistas e reconhecimentos - os comentários dele sobre sua escolha para substituir Michael Keaton em "Batman" e sua dificuldade em atuar com o traje do herói, além dos problemas de relação com o diretor John Frankenheimer no set de "A Ilha do Dr. Moreau" onde contracenaria com seu ídolo Marlon Brando, são fascinantes.
"Val" é um documentário forte, melancólico e, sobretudo, de entendimento da vida e da obra do ator de 61 anos que teve momentos memoráveis, mas que também foi marcada pela irregularidade. De um jovem que trazia consigo um ideal romântico sobre a arte da atuação, mas que sucumbiu aos desejos comerciais dos Estúdios em uma época onde ser "Iceman" era mais valorizado do que ser "Hamlet".
Vale muito a pena!
"Val" é um documentário sensacional, mas duro - pela coragem, pela humanidade e pela desconstrução de um símbolo de sucesso, fama e dinheiro tão particular dos astros de Hollywood nos anos 80 e 90 que trouxeram para os holofotes celebridades como Tom Cruise, Kevin Bacon e até Sean Penn. Essa produção original da A24 e distribuído pela Amazon, não suaviza em nenhum momento a jornada pessoal e profissional de Val Kilmer, mesmo quando rotulado de coadjuvante de luxo.
Val Kilmer, um dos atores mais inconstantes de Hollywood, vem documentando sua vida e arte em milhares de gravações: de filmes caseiros com os irmãos, a momentos vividos enquanto interpretava papeis icônicos em filmes de sucesso como "Top Gun" e "Batman". Este documentário franco e original revela uma vida pautada por extremos, e um olhar cheio de emoção sobre o que significa ser artista. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pela dupla de estreantes Ting Poo e Leo Scott, o documentário faz um passeio pela história do ator com o claro propósito de desconstruir a celebridade e humanizar a jornada - é um verdadeiro mergulho na experiência de entender quem é Val Kilmer. O tema central (e seu protagonista) pode até soar desinteressante para muitos, mas acredite: talvez seja um dos recortes mais sinceros que assisti recentemente sobre o outro lado de ser uma celebridade. E aqui não dá para deixar de citar um documentário que vai muito nessa linha e que também vale sua atenção: "Showbiz Kids"da HBO Max.
A escolha por uma narrativa não-linear dá um ritmo muito interessante para o documentário, criando uma espécie de contraposição entre imagens de um Val Kilmer insatisfeito e ansioso em seu auge como ator promissor, com cenas dele completamente fragilizado, graças ao efeito devastador das cirurgias e sessões de radioterapia e quimioterapia que salvaram sua vida quando ele precisou cancelar a turnê de sua peça teatral devido a um câncer na garganta, em 2017. É preciso dizer que essa dicotomia é muito impressionante - observar sua dificuldade ao lidar com o aparelho de traqueostomia instalado em seu pescoço, impacta.
Por outro lado, "Val" está cheio de curiosidades muito além dos bastidores de Hollywood - do desejo de se tornar ator, passando pela fase de estudos até as primeiras oportunidades, o documentário, de fato, não romantiza em nada a jornada de um aspirante ao sucesso. São inúmeras audições, decepções e intrigas. Mas também conquistas e reconhecimentos - os comentários dele sobre sua escolha para substituir Michael Keaton em "Batman" e sua dificuldade em atuar com o traje do herói, além dos problemas de relação com o diretor John Frankenheimer no set de "A Ilha do Dr. Moreau" onde contracenaria com seu ídolo Marlon Brando, são fascinantes.
"Val" é um documentário forte, melancólico e, sobretudo, de entendimento da vida e da obra do ator de 61 anos que teve momentos memoráveis, mas que também foi marcada pela irregularidade. De um jovem que trazia consigo um ideal romântico sobre a arte da atuação, mas que sucumbiu aos desejos comerciais dos Estúdios em uma época onde ser "Iceman" era mais valorizado do que ser "Hamlet".
Vale muito a pena!
Na linha de "Isabella: O Caso Nardoni" e "Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime", a Netflix lança mais um documentário, dessa vez para contar a história bizarra por traz do desaparecimento de Eliza Samudio. "Vítima Invisível", dirigido pela Juliana Antunes, revisita um dos casos criminais mais chocantes de nossa história recente, o assassinato de Eliza Samudio, onde o principal suspeito era o então goleiro do Flamengo e estrela em ascensão, Bruno Fernandes. O interessante aqui é que a narrativa vai além da mera reconstrução dos eventos que levaram ao desaparecimento de Eliza, oferecendo uma análise crítica sobre a violência de gênero, a invisibilidade das vítimas de feminicídio e as falhas sistêmicas da justiça e da sociedade na proteção dessas mulheres.
O caso de Eliza Samudio, ocorrido em 2010, envolveu um crime brutal que recebeu enorme cobertura da mídia e abalou o Brasil. Eliza era mãe de um filho com Bruno, que inicialmente se recusava a reconhecer a paternidade da criança. Após uma série de ameaças e violência, Eliza desapareceu, e a investigação subsequente apontou para o envolvimento direto do "goleiro Bruno" no crime. O corpo de Eliza nunca foi encontrado, e as circunstâncias de sua morte continuam envoltas em mistério. O documentário explora esse contexto, mas não se limita aos fatos já amplamente divulgados pela imprensa, em vez disso, Antunes busca dar voz à própria Eliza através de mensagens que ela mesmo trocava com um amigo pelo computador, além de inúmeras imagens de arquivo que ajudam a construir esse drama. Confira o trailer:
A abordagem de Juliana Antunes em "Vítima Invisível - O Caso de Eliza Samudio" é sóbria e reflexiva. O filme evita o sensacionalismo que muitas vezes cerca casos de grande repercussão midiática e foca no impacto humano e emocional dessa história em quem viveu ela de perto - especialmente sua mãe, Sonia Moura, e o delegado responsável pelo caso, Edson Moreira da Silva. Mas Antunes não para por aí, ao dar destaque para opiniões de especialistas em violência de gênero, advogados e jornalistas, o documentário ainda contextualiza o crime dentro de uma narrativa maior sobre os altos índices de feminicídio no Brasil e a normalização da violência contra as mulheres em tempos de redes sociais, especialmente quando seu autor é uma celebridade.
Um dos aspectos mais poderosos aqui, é preciso que se diga, é a forma como Antunes reconstrói a imagem de Eliza Samudio. Muitas vezes retratada pela mídia de forma superficial, ora como uma oportunista ora como vítima, cuja história pessoal foi transformada em entretenimento, o documentário busca humanizar Eliza, independente de suas escolhas durante a vida - o roteiro acaba revelando suas aspirações, seu histórico familiar, seu papel como mãe e suas tentativas desesperadas de escapar de uma situação de violência. O título, "Vítima Invisível", faz referência à forma como a vida de Eliza foi, em muitos aspectos, ignorada e minimizada tanto pelo sistema judicial quanto pela sociedade em geral, até que ela se tornou mais uma ponto estatístico de um crime hediondo. É um fato que a direção de Antunes é marcada pela sensibilidade com que trata o tema - ela intercala entrevistas atuais, com imagens de arquivo e recriações simbólicas dos eventos, o que cria, propositalmente, uma atmosfera de empatia e respeito pela memória de Eliza, mas acreditem, mesmo assim, é difícil não julgar.
Outro ponto forte do documentário é a análise crítica da cobertura midiática do caso. O filme destaca como a mídia explorou "a história de amor" entre Bruno e sua amante para atrair audiência, muitas vezes sensacionalizando o caso e desumanizando Eliza mesmo antes de sua morte - ao invés de focar na gravidade da violência que ela sofria e na necessidade de ações preventivas para protege-la. Eliza chegou a ter uma medida protetiva negada por uma juíza. No entanto, um elemento dramático pode frustrar a audiência: a ausência de respostas definitivas sobre o destino de Eliza. Como o corpo dela nunca foi encontrado e alguns detalhes do crime permanecem incertos mesmo depois do julgamento, o documentário inevitavelmente deixa lacunas, refletindo a própria complexidade e incerteza do caso. Nesse sentido, as cenas no tribunal são muito interessantes como análise, mas as informações que você vai encontrar na sua tela após o final do documentário, essas sim vão explodir sua cabeça e dar a exata noção do mundo em que vivemos. Prestem atenção nos nomes em questão!
"Vítima Invisível - O Caso de Eliza Samudio" é um documentário poderoso e necessário que vai além do sensacionalismo em torno de um crime brutal para oferecer uma reflexão profunda sobre a violência de gênero e as falhas sistêmicas que perpetuam esse ciclo. pode acreditar, vai valer o seu play!
Na linha de "Isabella: O Caso Nardoni" e "Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime", a Netflix lança mais um documentário, dessa vez para contar a história bizarra por traz do desaparecimento de Eliza Samudio. "Vítima Invisível", dirigido pela Juliana Antunes, revisita um dos casos criminais mais chocantes de nossa história recente, o assassinato de Eliza Samudio, onde o principal suspeito era o então goleiro do Flamengo e estrela em ascensão, Bruno Fernandes. O interessante aqui é que a narrativa vai além da mera reconstrução dos eventos que levaram ao desaparecimento de Eliza, oferecendo uma análise crítica sobre a violência de gênero, a invisibilidade das vítimas de feminicídio e as falhas sistêmicas da justiça e da sociedade na proteção dessas mulheres.
O caso de Eliza Samudio, ocorrido em 2010, envolveu um crime brutal que recebeu enorme cobertura da mídia e abalou o Brasil. Eliza era mãe de um filho com Bruno, que inicialmente se recusava a reconhecer a paternidade da criança. Após uma série de ameaças e violência, Eliza desapareceu, e a investigação subsequente apontou para o envolvimento direto do "goleiro Bruno" no crime. O corpo de Eliza nunca foi encontrado, e as circunstâncias de sua morte continuam envoltas em mistério. O documentário explora esse contexto, mas não se limita aos fatos já amplamente divulgados pela imprensa, em vez disso, Antunes busca dar voz à própria Eliza através de mensagens que ela mesmo trocava com um amigo pelo computador, além de inúmeras imagens de arquivo que ajudam a construir esse drama. Confira o trailer:
A abordagem de Juliana Antunes em "Vítima Invisível - O Caso de Eliza Samudio" é sóbria e reflexiva. O filme evita o sensacionalismo que muitas vezes cerca casos de grande repercussão midiática e foca no impacto humano e emocional dessa história em quem viveu ela de perto - especialmente sua mãe, Sonia Moura, e o delegado responsável pelo caso, Edson Moreira da Silva. Mas Antunes não para por aí, ao dar destaque para opiniões de especialistas em violência de gênero, advogados e jornalistas, o documentário ainda contextualiza o crime dentro de uma narrativa maior sobre os altos índices de feminicídio no Brasil e a normalização da violência contra as mulheres em tempos de redes sociais, especialmente quando seu autor é uma celebridade.
Um dos aspectos mais poderosos aqui, é preciso que se diga, é a forma como Antunes reconstrói a imagem de Eliza Samudio. Muitas vezes retratada pela mídia de forma superficial, ora como uma oportunista ora como vítima, cuja história pessoal foi transformada em entretenimento, o documentário busca humanizar Eliza, independente de suas escolhas durante a vida - o roteiro acaba revelando suas aspirações, seu histórico familiar, seu papel como mãe e suas tentativas desesperadas de escapar de uma situação de violência. O título, "Vítima Invisível", faz referência à forma como a vida de Eliza foi, em muitos aspectos, ignorada e minimizada tanto pelo sistema judicial quanto pela sociedade em geral, até que ela se tornou mais uma ponto estatístico de um crime hediondo. É um fato que a direção de Antunes é marcada pela sensibilidade com que trata o tema - ela intercala entrevistas atuais, com imagens de arquivo e recriações simbólicas dos eventos, o que cria, propositalmente, uma atmosfera de empatia e respeito pela memória de Eliza, mas acreditem, mesmo assim, é difícil não julgar.
Outro ponto forte do documentário é a análise crítica da cobertura midiática do caso. O filme destaca como a mídia explorou "a história de amor" entre Bruno e sua amante para atrair audiência, muitas vezes sensacionalizando o caso e desumanizando Eliza mesmo antes de sua morte - ao invés de focar na gravidade da violência que ela sofria e na necessidade de ações preventivas para protege-la. Eliza chegou a ter uma medida protetiva negada por uma juíza. No entanto, um elemento dramático pode frustrar a audiência: a ausência de respostas definitivas sobre o destino de Eliza. Como o corpo dela nunca foi encontrado e alguns detalhes do crime permanecem incertos mesmo depois do julgamento, o documentário inevitavelmente deixa lacunas, refletindo a própria complexidade e incerteza do caso. Nesse sentido, as cenas no tribunal são muito interessantes como análise, mas as informações que você vai encontrar na sua tela após o final do documentário, essas sim vão explodir sua cabeça e dar a exata noção do mundo em que vivemos. Prestem atenção nos nomes em questão!
"Vítima Invisível - O Caso de Eliza Samudio" é um documentário poderoso e necessário que vai além do sensacionalismo em torno de um crime brutal para oferecer uma reflexão profunda sobre a violência de gênero e as falhas sistêmicas que perpetuam esse ciclo. pode acreditar, vai valer o seu play!
Da mesma forma que eu disse que "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez"era uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens, certamente em "Volta Priscila" a condição será a mesma - esses quatro episódios vão dilacerar o seu coração! Dirigida por Eduardo Rajabally e Bruna Rodrigues para o Disney+, "Volta Priscila" explora o misterioso e ainda não resolvido desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. A produção traz uma abordagem sensível e cuidadosa sobre o caso, equilibrando o impacto emocional da tragédia familiar com uma análise investigativa dos eventos que levaram ao desaparecimento de Priscila em 2004. "Volta Priscila" não apenas revisita o caso, mas também lança luz sobre questões mais delicadas como as imposições nas relações familiares e o impacto da depressão na vida das pessoas.
A minissérie conta com entrevistas com familiares, amigos e envolvidos no processo que relembram os eventos em torno do desaparecimento de Priscila. Ela desapareceu em plena luz do dia no centro do Rio de Janeiro, e, apesar dos esforços incansáveis de sua família e de investigações, seu paradeiro ainda permanece desconhecido. O foco emocional da minissérie está em Jovita Belfort, que desde o desaparecimento da filha se tornou uma voz ativa na busca por respostas. Confira o trailer:
Inegavelmente que Rajabally e Rodrigues optam por uma abordagem delicada e respeitosa ao levantar algumas questões sobre o desaparecimento de Priscila - isso de fato impacta na nossa experiência como audiência já faltam provocações. Ao dar o play você não vai encontrar grandes novidades sobre o caso, mas vai entender perfeitamente todo o contexto familiar, pessoal e investigativo que deixaram muito mais perguntas do que respostas. Ao mesmo tempo que utilizam de recursos documentais tradicionais, como entrevistas e imagens de arquivo, a direção consegue entregar uma narrativa eficaz intercalando o passado e o presente, mas principalmente o intimo e o especulativo. Veja, com os depoimentos de Jovina, de Vitor, de Joana Prado e de algumas amigas de Priscila, temos um olhar humano e sincero do impacto devastador do desaparecimento em suas vidas. Os depoimentos de Joana, por exemplo, são especialmente tocantes, transmitindo a dor, a frustração e a esperança que perdura na família quase duas décadas depois, mas com um tom um pouco mais racional (mesmo que cheio de emoção).
Já quando minissérie explora o desaparecimento de Priscila em um cenário mais amplo, tentando analisar as falhas durante a investigação e como a mídia lidou com o caso, entendemos exatamente como algumas questões, especialmente institucionais, dificultam a busca por pessoas desaparecidas no país - minha crítica é pelo fato de não existir uma imersão tão evidente em alguns pontos sensíveis que facilmente percebemos durante a minissérie. A relação do pai de Priscila com o pai do namorado de sua filha, por exemplo, não é explorado, apenas citado. Aliás, só sabemos que a família desse namorado de Priscila é poderosa, mas não sabemos nem quem é e nem o que fazem (e consigo imaginar a razão)! Ao citar outras linhas de investigação durante esses "quase vinte anos", por outro lado, temos uma noção bem dolorosa de como é difícil lidar com as especulações e com a falta de humanidade das pessoas em um momento tão difícil. Em uma passagem do documentário, Vitor Belfort chega a falar abertamente sobre a dor permanente que a família enfrenta por ter que lidar com as respostas erradas diariamente: “Ontem meus pais enterraram minha irmã. Hoje temos que enterrar minha irmã de novo. É um enterro diário. É assim há 20 anos”!
Embora as investigações tenham chegado a vários becos sem saída, "Volta Priscila" foi inteligente ao revisitar alguns eventos, levantar algumas hipóteses e até discutir teorias que foram exploradas ao longo dos anos. Ao fazer isso, a minissérie nos mantém ligados, o tom de mistério nos acompanha e, sem sensacionalismo, cria uma abordagem interessante sobre o todo. Sim, eu sei que a falta de uma conclusão definitiva soa frustrante, dada a natureza não resolvida do caso, mas mais do que o aspecto "true crime" da narrativa, o recorte emocional é ainda mais potente - pode deixar uma sensação de vazio e talvez seja essa a razão que a torna interessante como conceito: tentar replicar 1% da dor que é viver com a incerteza! Funciona!
Vale muito o seu play!
Da mesma forma que eu disse que "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez"era uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens, certamente em "Volta Priscila" a condição será a mesma - esses quatro episódios vão dilacerar o seu coração! Dirigida por Eduardo Rajabally e Bruna Rodrigues para o Disney+, "Volta Priscila" explora o misterioso e ainda não resolvido desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. A produção traz uma abordagem sensível e cuidadosa sobre o caso, equilibrando o impacto emocional da tragédia familiar com uma análise investigativa dos eventos que levaram ao desaparecimento de Priscila em 2004. "Volta Priscila" não apenas revisita o caso, mas também lança luz sobre questões mais delicadas como as imposições nas relações familiares e o impacto da depressão na vida das pessoas.
A minissérie conta com entrevistas com familiares, amigos e envolvidos no processo que relembram os eventos em torno do desaparecimento de Priscila. Ela desapareceu em plena luz do dia no centro do Rio de Janeiro, e, apesar dos esforços incansáveis de sua família e de investigações, seu paradeiro ainda permanece desconhecido. O foco emocional da minissérie está em Jovita Belfort, que desde o desaparecimento da filha se tornou uma voz ativa na busca por respostas. Confira o trailer:
Inegavelmente que Rajabally e Rodrigues optam por uma abordagem delicada e respeitosa ao levantar algumas questões sobre o desaparecimento de Priscila - isso de fato impacta na nossa experiência como audiência já faltam provocações. Ao dar o play você não vai encontrar grandes novidades sobre o caso, mas vai entender perfeitamente todo o contexto familiar, pessoal e investigativo que deixaram muito mais perguntas do que respostas. Ao mesmo tempo que utilizam de recursos documentais tradicionais, como entrevistas e imagens de arquivo, a direção consegue entregar uma narrativa eficaz intercalando o passado e o presente, mas principalmente o intimo e o especulativo. Veja, com os depoimentos de Jovina, de Vitor, de Joana Prado e de algumas amigas de Priscila, temos um olhar humano e sincero do impacto devastador do desaparecimento em suas vidas. Os depoimentos de Joana, por exemplo, são especialmente tocantes, transmitindo a dor, a frustração e a esperança que perdura na família quase duas décadas depois, mas com um tom um pouco mais racional (mesmo que cheio de emoção).
Já quando minissérie explora o desaparecimento de Priscila em um cenário mais amplo, tentando analisar as falhas durante a investigação e como a mídia lidou com o caso, entendemos exatamente como algumas questões, especialmente institucionais, dificultam a busca por pessoas desaparecidas no país - minha crítica é pelo fato de não existir uma imersão tão evidente em alguns pontos sensíveis que facilmente percebemos durante a minissérie. A relação do pai de Priscila com o pai do namorado de sua filha, por exemplo, não é explorado, apenas citado. Aliás, só sabemos que a família desse namorado de Priscila é poderosa, mas não sabemos nem quem é e nem o que fazem (e consigo imaginar a razão)! Ao citar outras linhas de investigação durante esses "quase vinte anos", por outro lado, temos uma noção bem dolorosa de como é difícil lidar com as especulações e com a falta de humanidade das pessoas em um momento tão difícil. Em uma passagem do documentário, Vitor Belfort chega a falar abertamente sobre a dor permanente que a família enfrenta por ter que lidar com as respostas erradas diariamente: “Ontem meus pais enterraram minha irmã. Hoje temos que enterrar minha irmã de novo. É um enterro diário. É assim há 20 anos”!
Embora as investigações tenham chegado a vários becos sem saída, "Volta Priscila" foi inteligente ao revisitar alguns eventos, levantar algumas hipóteses e até discutir teorias que foram exploradas ao longo dos anos. Ao fazer isso, a minissérie nos mantém ligados, o tom de mistério nos acompanha e, sem sensacionalismo, cria uma abordagem interessante sobre o todo. Sim, eu sei que a falta de uma conclusão definitiva soa frustrante, dada a natureza não resolvida do caso, mas mais do que o aspecto "true crime" da narrativa, o recorte emocional é ainda mais potente - pode deixar uma sensação de vazio e talvez seja essa a razão que a torna interessante como conceito: tentar replicar 1% da dor que é viver com a incerteza! Funciona!
Vale muito o seu play!
Dizer "não" é fácil, o complicado é saber quando dizer "sim". Se você, empreendedor, se conectou com essa frase dita pelo ex-CEO da Disney, Michael Eisner, em um dos episódios de "Wahl Street", provavelmente você nem vai precisar ler toda essa análise para ter a certeza que essa série de seis episódios é realmente para você! Aliás, para os menos atentos, descobrir que o ator Mark Wahlberg além de reconhecido em Hollywood, ainda está envolvido em mais de 20 negócios, pode parecer uma simples jogada de marketing, porém essa ótima produção da HBO serve justamente para desmistificar esse pré-conceito e deixar claro que até para Wahlberg a jornada empreendedora não é das mais tranquilas!
A premissa de "Wahl Street" é relativamente simples já que sua trama gira em torno da vida pessoal e profissional do astro global Mark Wahlberg enquanto ele concilia as demandas de uma rigorosa programação como ator com sua rede cada vez maior de investimentos e como empreendedor de diversos negócios. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que aquela máxima que diz: "as pessoas querem o whisky que eu tomo, mas não os tombos que eu levo", pode ser levada para outro patamar ao acompanhar a vida por trás das câmeras de um astro de Hollywood. Obviamente que o tema não é nenhuma novidade, visto que séries e filmes adoram tocar no assunto se aproveitando da comédia ou do drama para tentar matar a curiosidade de quem acompanha o showbiz e acha que tudo é festa - foi assim com "Entourage" (projeto onde o próprio Wahlberg esteve diretamente envolvido) e com o inesquecível "Somewhere" de Sofia Coppola.
Em "Wahl Street" ainda encontramos vários elementos que de alguma forma fazem parte da jornada empreendedora de qualquer pessoa - e esse talvez seja o grande mérito do documentário, pois em muitos momentos Wahlberg é colocado em uma posição de vulnerabilidade com a mesma honestidade de quando tem que tomar alguma decisão difícil ou lidar com o inesperado, como foi o caso da pandemia que fez com que todas as suas lanchonetes e academias tivessem que fechar da noite para o dia. Veja, embora sem se aprofundar em nenhuma decisão estratégica ou em algum estudo bastante particular de seus negócios, é possível entender alguns movimentos do "Wahlberg empresário" que são brilhantemente ilustrados por "mentores" de altíssima qualidade que vão do já citado Michael Eisner; passando pelo falecido ex-CEO da Hasbro, Brian Goldner; até chegar em Janice Bryant Howroyd, fundadora da The ActOne Group (a maior empresa privada de recursos humanos dos EUA) ou até de Dana White CEO do UFC.
"Wahl Street" vai fazer mais sentido para quem busca entender a dinâmica de um empreendedor, mesmo que em um universo bastante distante da nossa realidade. Não podemos embarcar nessa série com a ideia pré-concebida de que tudo é muito mais fácil quando se ganha milhões ao atuar em um filme de ação - essa análise é tão rasa quanto aquela que tende a diminuir a conquista de alguém pelo simples fato dele (ou dela) ter um determinado sobrenome. Dito isso, é fácil definir a série como um bom entretenimento, daqueles bacanas de assistir para quem gosta do tema ou para quem é capaz de tirar alguma boa lição mesmo quando tudo soa tão inalcançável.
PS: A segunda temporada também já está disponível na HBO Max.
Vale muito o seu play!
Dizer "não" é fácil, o complicado é saber quando dizer "sim". Se você, empreendedor, se conectou com essa frase dita pelo ex-CEO da Disney, Michael Eisner, em um dos episódios de "Wahl Street", provavelmente você nem vai precisar ler toda essa análise para ter a certeza que essa série de seis episódios é realmente para você! Aliás, para os menos atentos, descobrir que o ator Mark Wahlberg além de reconhecido em Hollywood, ainda está envolvido em mais de 20 negócios, pode parecer uma simples jogada de marketing, porém essa ótima produção da HBO serve justamente para desmistificar esse pré-conceito e deixar claro que até para Wahlberg a jornada empreendedora não é das mais tranquilas!
A premissa de "Wahl Street" é relativamente simples já que sua trama gira em torno da vida pessoal e profissional do astro global Mark Wahlberg enquanto ele concilia as demandas de uma rigorosa programação como ator com sua rede cada vez maior de investimentos e como empreendedor de diversos negócios. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que aquela máxima que diz: "as pessoas querem o whisky que eu tomo, mas não os tombos que eu levo", pode ser levada para outro patamar ao acompanhar a vida por trás das câmeras de um astro de Hollywood. Obviamente que o tema não é nenhuma novidade, visto que séries e filmes adoram tocar no assunto se aproveitando da comédia ou do drama para tentar matar a curiosidade de quem acompanha o showbiz e acha que tudo é festa - foi assim com "Entourage" (projeto onde o próprio Wahlberg esteve diretamente envolvido) e com o inesquecível "Somewhere" de Sofia Coppola.
Em "Wahl Street" ainda encontramos vários elementos que de alguma forma fazem parte da jornada empreendedora de qualquer pessoa - e esse talvez seja o grande mérito do documentário, pois em muitos momentos Wahlberg é colocado em uma posição de vulnerabilidade com a mesma honestidade de quando tem que tomar alguma decisão difícil ou lidar com o inesperado, como foi o caso da pandemia que fez com que todas as suas lanchonetes e academias tivessem que fechar da noite para o dia. Veja, embora sem se aprofundar em nenhuma decisão estratégica ou em algum estudo bastante particular de seus negócios, é possível entender alguns movimentos do "Wahlberg empresário" que são brilhantemente ilustrados por "mentores" de altíssima qualidade que vão do já citado Michael Eisner; passando pelo falecido ex-CEO da Hasbro, Brian Goldner; até chegar em Janice Bryant Howroyd, fundadora da The ActOne Group (a maior empresa privada de recursos humanos dos EUA) ou até de Dana White CEO do UFC.
"Wahl Street" vai fazer mais sentido para quem busca entender a dinâmica de um empreendedor, mesmo que em um universo bastante distante da nossa realidade. Não podemos embarcar nessa série com a ideia pré-concebida de que tudo é muito mais fácil quando se ganha milhões ao atuar em um filme de ação - essa análise é tão rasa quanto aquela que tende a diminuir a conquista de alguém pelo simples fato dele (ou dela) ter um determinado sobrenome. Dito isso, é fácil definir a série como um bom entretenimento, daqueles bacanas de assistir para quem gosta do tema ou para quem é capaz de tirar alguma boa lição mesmo quando tudo soa tão inalcançável.
PS: A segunda temporada também já está disponível na HBO Max.
Vale muito o seu play!
Descoberta, no início da década de 80, pelo presidente da Arista Records, a carreira de Whitney foi toda moldada para que ela fosse vista, não como uma cantora com influências da música negra norte-americana, e sim como uma cantora pop, cujo estilo musical agradasse plateias de todos os tipos e de fato isso aconteceu, porém o sucesso trouxe com um preço caro: o desprezo de sua comunidade.
Pode parecer uma situação superficial, mas soma-se a isso um série de relacionamentos tóxicos e abusivos, além de uma forte dependência de álcool e drogas! A família sempre foi totalmente dependente financeiramente de Whitney. Seu casamento com Bobby Brown nunca representou uma relação saudável. Os amigos não podiam estar mais tão próximos. Sua amiga mais fiel, Robyn Crawford, por exemplo, foi obrigada a se afastar por diversos motivos (revelados no documentário). Enfim, o roteiro estava escrito há muito tempo, mas o que choca mesmo é a forma como tudo se desenvolveu!
"Whitney: Can I be me" mostra a maneira trágica como a cantora morreu e os sinais que a vida foi lhe dando até chegar ao trágico ponto final. Se você gostou de "Amy", certamente vai perceber nesse documentário, dirigido pelo Nick Broomfield e pelo Rudi Dolezal, como os roteiros são muito parecidos, só mudando os personagens, uma ou outra situação particular e talvez a forma como o fim se aproximou - é incrível acompanhar como o ser humano se relaciona com o sucesso, com o dinheiro e com o poder, e quase sempre vai perdendo suas referências e se esquecendo que a vida é muito mais simples do que possa parecer!
É triste demais, admito, mas se trata de um documentário muito bom! Eu diria imperdível para quem admirava a cantora!
Descoberta, no início da década de 80, pelo presidente da Arista Records, a carreira de Whitney foi toda moldada para que ela fosse vista, não como uma cantora com influências da música negra norte-americana, e sim como uma cantora pop, cujo estilo musical agradasse plateias de todos os tipos e de fato isso aconteceu, porém o sucesso trouxe com um preço caro: o desprezo de sua comunidade.
Pode parecer uma situação superficial, mas soma-se a isso um série de relacionamentos tóxicos e abusivos, além de uma forte dependência de álcool e drogas! A família sempre foi totalmente dependente financeiramente de Whitney. Seu casamento com Bobby Brown nunca representou uma relação saudável. Os amigos não podiam estar mais tão próximos. Sua amiga mais fiel, Robyn Crawford, por exemplo, foi obrigada a se afastar por diversos motivos (revelados no documentário). Enfim, o roteiro estava escrito há muito tempo, mas o que choca mesmo é a forma como tudo se desenvolveu!
"Whitney: Can I be me" mostra a maneira trágica como a cantora morreu e os sinais que a vida foi lhe dando até chegar ao trágico ponto final. Se você gostou de "Amy", certamente vai perceber nesse documentário, dirigido pelo Nick Broomfield e pelo Rudi Dolezal, como os roteiros são muito parecidos, só mudando os personagens, uma ou outra situação particular e talvez a forma como o fim se aproximou - é incrível acompanhar como o ser humano se relaciona com o sucesso, com o dinheiro e com o poder, e quase sempre vai perdendo suas referências e se esquecendo que a vida é muito mais simples do que possa parecer!
É triste demais, admito, mas se trata de um documentário muito bom! Eu diria imperdível para quem admirava a cantora!