"Roma" é sensacional!!!! Talvez o melhor trabalho da carreira do Alfonso Cuarón!!! Dito isso, você precisa saber que se trata de um filme longo, P&B (preto e branco), bem lento e que fala de relações humanas!!! Mas você precisa saber também que esse filme já ganhou 83 prêmios em Festivais pelo mundo - e isso não é nada fácil - inclusive o Leão de Ouro em Veneza!!!
Certamente a pergunta que fica é: como um filme p&b, lento, longo e sem uma história tão marcante ganha tantos prêmios? Simples - "Roma" é uma aula de Cinema. Todos, eu disse todos, os planos são muito bem pensados, coreografadas e cirurgicamente bem realizados com enquadramentos que parecem muito mais uma pintura. Movimentos de câmera inovadores (como ele mesmo fez em Gravidade)? Que nada, cinema raiz (rs) - um ou outro travelling nas externas (muito bem feitos, com uma composição de centenas de figurantes e uma direção de arte que poucas vezes vi de tão orgânica), além de muitas, muitas, panorâmicas!!! Panorâmicas bem feitas, que criam a sensação de amplitude, de um vazio dos personagens dentro daquela casa repleta de histórias que ninguém teria coragem de contar porque são simples histórias do dia a dia, de todos nós, de uma ou outra família, mas que o Cuarón transformou em uma obra prima."Roma" é o retrato de um ano tumultuado na vida de uma família de classe média da Cidade do México no início dos anos 70, como vemos no trailer a seguir:
Os sentimentos estavam lá, no silêncio, no diálogo baixinho, quase inseguro; ou no desenho de som perturbador que transformava o vazio daquele ambiente (como a cena do carro raspando na garagem ou nas crianças brigando na sala). Meu amigo, isso é cinema com alma, maravilhosamente bem captado em aspecto "2.35" (mais largado), com grande angulares, e muito mais espaço para compor aqueles planos... lindo de ver!!! É um filme simples, com uma das cenas mais impactantes que eu já assisti (do parto da protagonista), onde o Cuarón não faz nenhum movimento com a câmera, não inventa, só deixa esse maravilhoso instrumento contar aquela dolorida história - sem cortes!!!! Ou a cena na loja de móveis, com um show de atuação da Yaritza Aparicio e do Jorge Antonio Guerrero - sem nenhuma palavra, só no olhar!!!
Cuarón é um cineasta incrível, versátil, mas é humano, gente como a gente - tive a honra de assistir a palestra que ele fez em 2017 durante o Festival de Cannes e posso afirmar com todas as letras: um ser humano talentoso que aceita suas fraquezas, mas que trabalha muito para transforma-las em sua maior virtude!!! Ele escreveu, dirigiu e fotografou (sim, Alfonso Cuarón dá uma aula de fotografia no primeiro longa que ele fotografa e se ele não for, no mínimo, indicado ao Oscar, será uma das maiores injustiças dos últimos tempos). "Roma" não vai agradar a todos, não está bombando nas redes sociais como "Bohemian Rhapsody" ou "Infiltrado na Klan" (que são ótimos diga-se de passagem), mas posso te garantir que esse filme vai te fazer pensar e trazer sentimentos e sensações como nenhum outro, em muito tempo. Eu diria que é outro patamar de cinematografia!!!
Obrigado Netflix pelo presente de Natal. Obrigado Alfonso Cuarón por nos permitir conhecer sua história. É só dar o play e separar a estatueta!!!!
Up-date: "Roma" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Diretor!
"Roma" é sensacional!!!! Talvez o melhor trabalho da carreira do Alfonso Cuarón!!! Dito isso, você precisa saber que se trata de um filme longo, P&B (preto e branco), bem lento e que fala de relações humanas!!! Mas você precisa saber também que esse filme já ganhou 83 prêmios em Festivais pelo mundo - e isso não é nada fácil - inclusive o Leão de Ouro em Veneza!!!
Certamente a pergunta que fica é: como um filme p&b, lento, longo e sem uma história tão marcante ganha tantos prêmios? Simples - "Roma" é uma aula de Cinema. Todos, eu disse todos, os planos são muito bem pensados, coreografadas e cirurgicamente bem realizados com enquadramentos que parecem muito mais uma pintura. Movimentos de câmera inovadores (como ele mesmo fez em Gravidade)? Que nada, cinema raiz (rs) - um ou outro travelling nas externas (muito bem feitos, com uma composição de centenas de figurantes e uma direção de arte que poucas vezes vi de tão orgânica), além de muitas, muitas, panorâmicas!!! Panorâmicas bem feitas, que criam a sensação de amplitude, de um vazio dos personagens dentro daquela casa repleta de histórias que ninguém teria coragem de contar porque são simples histórias do dia a dia, de todos nós, de uma ou outra família, mas que o Cuarón transformou em uma obra prima."Roma" é o retrato de um ano tumultuado na vida de uma família de classe média da Cidade do México no início dos anos 70, como vemos no trailer a seguir:
Os sentimentos estavam lá, no silêncio, no diálogo baixinho, quase inseguro; ou no desenho de som perturbador que transformava o vazio daquele ambiente (como a cena do carro raspando na garagem ou nas crianças brigando na sala). Meu amigo, isso é cinema com alma, maravilhosamente bem captado em aspecto "2.35" (mais largado), com grande angulares, e muito mais espaço para compor aqueles planos... lindo de ver!!! É um filme simples, com uma das cenas mais impactantes que eu já assisti (do parto da protagonista), onde o Cuarón não faz nenhum movimento com a câmera, não inventa, só deixa esse maravilhoso instrumento contar aquela dolorida história - sem cortes!!!! Ou a cena na loja de móveis, com um show de atuação da Yaritza Aparicio e do Jorge Antonio Guerrero - sem nenhuma palavra, só no olhar!!!
Cuarón é um cineasta incrível, versátil, mas é humano, gente como a gente - tive a honra de assistir a palestra que ele fez em 2017 durante o Festival de Cannes e posso afirmar com todas as letras: um ser humano talentoso que aceita suas fraquezas, mas que trabalha muito para transforma-las em sua maior virtude!!! Ele escreveu, dirigiu e fotografou (sim, Alfonso Cuarón dá uma aula de fotografia no primeiro longa que ele fotografa e se ele não for, no mínimo, indicado ao Oscar, será uma das maiores injustiças dos últimos tempos). "Roma" não vai agradar a todos, não está bombando nas redes sociais como "Bohemian Rhapsody" ou "Infiltrado na Klan" (que são ótimos diga-se de passagem), mas posso te garantir que esse filme vai te fazer pensar e trazer sentimentos e sensações como nenhum outro, em muito tempo. Eu diria que é outro patamar de cinematografia!!!
Obrigado Netflix pelo presente de Natal. Obrigado Alfonso Cuarón por nos permitir conhecer sua história. É só dar o play e separar a estatueta!!!!
Up-date: "Roma" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Diretor!
A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!
"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:
No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..
A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!
Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!
Vale muito o seu play!
A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!
"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:
No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..
A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!
Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!
Vale muito o seu play!
Essa era uma história que precisava ser contada da maneira que foi! Não existe adjetivos para descrever a jornada de Ronaldo Nazário entre a final da Copa do Mundo da França em 1998 e o Pentacampeonato, quatro anos depois - nem o melhor dos roteiristas seria capaz de construir uma trama tão cruel ao mesmo tempo tão espetacular como a que o destino fez questão de pontuar a cada dificuldade que o nosso "Fenômeno" precisou superar para alcançar o seu maior objetivo profissional. "Ronaldo, o Fenômeno" é emocionante e cativante, daquele tipo de documentário que assistimos com um sorriso no rosto e com aquela sensação de dó que uma hora vai acabar!
O filme dedica boa parte de sua narrativa ao desempenho do craque durante a década de 1990, época em que recebeu o primeiro título de "Melhor Jogador do Mundo". "Ronaldo, o Fenômeno" também mostra os bastidores da vida do jogador durante a Copa de 98, o assédio da imprensa e o drama da convulsão antes da final, além de todos os detalhes sobre os momentos difíceis que isso gerou, as futuras lesões no joelho e, claro, sua redenção em 2002. Confira o trailer:
Se o excelente "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial de futebol sob a perspectiva da Seleção, essa produção da Zoom Sports e da DAZN Studios, em associação com a Beyond Films e Fifa+, para o Globoplay, foca em seu principal protagonista - o jogador que para muitos estava acabado, mas que a história fez questão de provar que esses "muitos" estava errados.
Com inúmeras imagens de arquivo e entrevistas simplesmente sensacionais, todas muito bem amarradas aos relatos do próprio Ronaldo, o documentário escrito e dirigido pelo Duncan McMath é uma aula de construção narrativa sobre a jornada do herói. A edição do Víctor M. Gros é tão competente que temos a impressão que mesmo com um recorte tão extenso da vida do jogador, tudo se encaixa perfeitamente como uma obra de ficção. Veja, ter no documentário ex-jogadores do calibre de Zidane, Romário, Roberto Carlos, Paolo Maldini, Simeone e Vieri, além, obviamente, de participações do Felipão, do Rodrigo Paiva e de seu familiares, não é para qualquer um.
"Ronaldo, o Fenômeno" é, de fato, um presente para a história esportiva pelo olhar de muitos personagens que passaram pela vida de Ronaldo e/ou estiveram nos eventos esportivos onde, de alguma forma, ele foi o protagonista. Como deve ser, o documentário foca no atleta e nos reflexos de ser a maior referência na sua modalidade, não na sua vida pessoal ou de seus negócios - e só por isso, eu já largaria tudo e daria o play, porque vale muito (mas, muito) a pena!
Essa era uma história que precisava ser contada da maneira que foi! Não existe adjetivos para descrever a jornada de Ronaldo Nazário entre a final da Copa do Mundo da França em 1998 e o Pentacampeonato, quatro anos depois - nem o melhor dos roteiristas seria capaz de construir uma trama tão cruel ao mesmo tempo tão espetacular como a que o destino fez questão de pontuar a cada dificuldade que o nosso "Fenômeno" precisou superar para alcançar o seu maior objetivo profissional. "Ronaldo, o Fenômeno" é emocionante e cativante, daquele tipo de documentário que assistimos com um sorriso no rosto e com aquela sensação de dó que uma hora vai acabar!
O filme dedica boa parte de sua narrativa ao desempenho do craque durante a década de 1990, época em que recebeu o primeiro título de "Melhor Jogador do Mundo". "Ronaldo, o Fenômeno" também mostra os bastidores da vida do jogador durante a Copa de 98, o assédio da imprensa e o drama da convulsão antes da final, além de todos os detalhes sobre os momentos difíceis que isso gerou, as futuras lesões no joelho e, claro, sua redenção em 2002. Confira o trailer:
Se o excelente "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial de futebol sob a perspectiva da Seleção, essa produção da Zoom Sports e da DAZN Studios, em associação com a Beyond Films e Fifa+, para o Globoplay, foca em seu principal protagonista - o jogador que para muitos estava acabado, mas que a história fez questão de provar que esses "muitos" estava errados.
Com inúmeras imagens de arquivo e entrevistas simplesmente sensacionais, todas muito bem amarradas aos relatos do próprio Ronaldo, o documentário escrito e dirigido pelo Duncan McMath é uma aula de construção narrativa sobre a jornada do herói. A edição do Víctor M. Gros é tão competente que temos a impressão que mesmo com um recorte tão extenso da vida do jogador, tudo se encaixa perfeitamente como uma obra de ficção. Veja, ter no documentário ex-jogadores do calibre de Zidane, Romário, Roberto Carlos, Paolo Maldini, Simeone e Vieri, além, obviamente, de participações do Felipão, do Rodrigo Paiva e de seu familiares, não é para qualquer um.
"Ronaldo, o Fenômeno" é, de fato, um presente para a história esportiva pelo olhar de muitos personagens que passaram pela vida de Ronaldo e/ou estiveram nos eventos esportivos onde, de alguma forma, ele foi o protagonista. Como deve ser, o documentário foca no atleta e nos reflexos de ser a maior referência na sua modalidade, não na sua vida pessoal ou de seus negócios - e só por isso, eu já largaria tudo e daria o play, porque vale muito (mas, muito) a pena!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
Se “Halston” é a versão biográfica hollywoodiana de um ícone da moda para o streaming, sem a menor dúvida que "Saint Laurent" cumpre o mesmo papel para o cinema independente - e essa analogia vai além do conteúdo, já que a forma com que o diretor francês Bertrand Bonello (de "Coma") cobre um recorte importante da carreira do estilista é pouco convencional e extremamente autoral. Certamente que as escolhas estéticas e narrativas do diretor vão afastar parte da audiência, porém, para o amante da moda, de cinebiografias e, principalmente, para quem gosta de filmes mais autorais, posso dizer que você está prestes a assistir um excelente filme!
O filme basicamente acompanha um recorte da vida de Yves Saint Laurent, especificamente entre os anos de 1967 e 1976, período em que, mesmo frágil emocionalmente, o famoso estilista estava no auge de sua carreira. confira o trailer:
Não por acaso "Saint Laurent" ostenta o selo de "Seleção Oficial" no Festival de Cannes 2014 e foi indicado pela França para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2015. O curioso, porém, é que essa não é a única obra sobre o estilista que foi produzida e reconhecida naquele ano de 2014 - enquanto "Saint Laurent", de Bonello, insiste em explorar os aspectos mais sombrios da personalidade do protagonista."Yves Saint Laurent", de Jalil Lespert, uma versão "autorizada" por Pierre Bergé, companheiro do estilista que faleceu em 2008, foca na vida do jovem que vai se transformando na velocidade de seu prestígio e através da tumultuada relação com o próprio Bergé.
Veja, aqui o roteiro se propõe a mostrar o reinado de Saint Laurent no mundo da alta costura francesa sem se aprofundar em como ele conquistou esse status. O valor da obra está no processo criativo, nos relacionamentos amorosos, nas dificuldades emocionais e nas polêmicas com o marido e empresário Pierre Berger, mas sem levantar nenhuma bandeira ou provocar grandes discussões sobre os caminhos que o estilista escolheu durante a carreira - o que acaba distanciando a narrativa de "Halston", por exemplo. Em compensação, o recorte do filme é verdadeiramente impactante visualmente - seja pela maneira como o protagonista criava ou pela sua postura íntima em relação aos seus parceiros e amigos.
Propositalmente cadenciado e sem respeitar a linearidade das passagens retratadas, "Saint Laurent" vai incomodar os menos dispostos a encarar uma narrativa quase experimental. O primeiro ato, de fato, é o menos chamativo, porém ao entender a proposta do diretor, tudo muda de figura e nos conectamos com o personagem maravilhosamente interpretado pelo Gaspard Ulliel (de "Era uma segunda vez") - performance que lhe rendeu inúmeros prêmios e indicações, inclusive para o "Oscar Francês", o César Awards. Dito isso, é preciso comentar que o filme cresce muito quando se apoia na ruína íntima de Yves Saint Laurent (é onde se aproxima de Halston - por isso a comparação inicial), principalmente nos instantes em que a notoriedade, o dinheiro, a bajulação e o reconhecimento, já não eram suficientes para torna-lo uma pessoa feliz e realizada - por incrível que pareça!
Vale seu play!
Se “Halston” é a versão biográfica hollywoodiana de um ícone da moda para o streaming, sem a menor dúvida que "Saint Laurent" cumpre o mesmo papel para o cinema independente - e essa analogia vai além do conteúdo, já que a forma com que o diretor francês Bertrand Bonello (de "Coma") cobre um recorte importante da carreira do estilista é pouco convencional e extremamente autoral. Certamente que as escolhas estéticas e narrativas do diretor vão afastar parte da audiência, porém, para o amante da moda, de cinebiografias e, principalmente, para quem gosta de filmes mais autorais, posso dizer que você está prestes a assistir um excelente filme!
O filme basicamente acompanha um recorte da vida de Yves Saint Laurent, especificamente entre os anos de 1967 e 1976, período em que, mesmo frágil emocionalmente, o famoso estilista estava no auge de sua carreira. confira o trailer:
Não por acaso "Saint Laurent" ostenta o selo de "Seleção Oficial" no Festival de Cannes 2014 e foi indicado pela França para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2015. O curioso, porém, é que essa não é a única obra sobre o estilista que foi produzida e reconhecida naquele ano de 2014 - enquanto "Saint Laurent", de Bonello, insiste em explorar os aspectos mais sombrios da personalidade do protagonista."Yves Saint Laurent", de Jalil Lespert, uma versão "autorizada" por Pierre Bergé, companheiro do estilista que faleceu em 2008, foca na vida do jovem que vai se transformando na velocidade de seu prestígio e através da tumultuada relação com o próprio Bergé.
Veja, aqui o roteiro se propõe a mostrar o reinado de Saint Laurent no mundo da alta costura francesa sem se aprofundar em como ele conquistou esse status. O valor da obra está no processo criativo, nos relacionamentos amorosos, nas dificuldades emocionais e nas polêmicas com o marido e empresário Pierre Berger, mas sem levantar nenhuma bandeira ou provocar grandes discussões sobre os caminhos que o estilista escolheu durante a carreira - o que acaba distanciando a narrativa de "Halston", por exemplo. Em compensação, o recorte do filme é verdadeiramente impactante visualmente - seja pela maneira como o protagonista criava ou pela sua postura íntima em relação aos seus parceiros e amigos.
Propositalmente cadenciado e sem respeitar a linearidade das passagens retratadas, "Saint Laurent" vai incomodar os menos dispostos a encarar uma narrativa quase experimental. O primeiro ato, de fato, é o menos chamativo, porém ao entender a proposta do diretor, tudo muda de figura e nos conectamos com o personagem maravilhosamente interpretado pelo Gaspard Ulliel (de "Era uma segunda vez") - performance que lhe rendeu inúmeros prêmios e indicações, inclusive para o "Oscar Francês", o César Awards. Dito isso, é preciso comentar que o filme cresce muito quando se apoia na ruína íntima de Yves Saint Laurent (é onde se aproxima de Halston - por isso a comparação inicial), principalmente nos instantes em que a notoriedade, o dinheiro, a bajulação e o reconhecimento, já não eram suficientes para torna-lo uma pessoa feliz e realizada - por incrível que pareça!
Vale seu play!
"Sandy & Junior: A História" é uma das coisas mais sensacionais que assisti recentemente ! A minissérie documental da Globoplay é de um primor técnico e artístico muito (mas muito) acima da média. Em pouco mais de sete horas, somos transportados para uma jornada de 30 anos de história através de uma dinâmica narrativa que é uma aula de roteiro, montagem, direção e, claro, de entretenimento, daqueles onde sentimos na alma a capacidade e a sensibilidade do diretor em nos colocar muito próximos do processo de construção de um projeto de sucesso de uma dupla que, para muitos, é a maior referência da música jovem que o Brasil já teve - e com muito merecimento! Sinceramente não me lembro de um documentário sobre a carreira de algum artista, seja ele de qualquer segmento, que tenha conseguido amarrar tantas passagens, épocas e histórias com tamanha competência! É de se emocionar, até para quem não é um grande fã da dupla, pelo simples fato que a história que vemos na tela tem muita verdade, coração! Confira o trailer:
Produzido pela Goga Cine e baseado em um vasto arquivo musical e pessoal, "Sandy & Junior: A História" acompanha diversos momentos da trajetória da dupla, com inúmeras cenas inéditas: desde a saída emocionados do palco em seu último show em 2007 até imagens caseiras de toda a infância cantando e dançando, em casa, ao lado dos pais. Entre tantas preciosidades, vemos depoimentos de artistas como Roberto Carlos, Ivete Sangalo, Laura Pausini, além de todos os bastidores, da concepção aos shows, da mega turnê "Nossa História" que aconteceu em 2019.
Olha, esse documentário é cheio de camadas, capaz de desmistificar alguns detalhes da vida pessoal da dupla, como reforçar que, além de muito talento, é preciso muito trabalho, dedicação e renúncia para alcançar objetivos profissionais com tanta excelência!
Talvez o maior mérito do diretor Douglas Aguilar tenha sido o de humanizar dois artistas tão diferentes, porém tão complementares, como a Sandy e o Junior. Se partirmos do princípio que os irmãos foram referência para uma geração, com fãs que cresceram e amadureceram ouvindo suas músicas, assistindo seus shows ou acompanhando a longa carreira, é natural a sensação de um certo distanciamento e até uma adoração pela "figura pública" que representa a dupla - e é aí que o documentário se diferencia: o que vemos nos episódios é o lado humano dos dois, com suas qualidades e talentos, mas também com suas fraquezas e inseguranças; e isso é lindo de ver! Com muita sensibilidade, Aguilar foi muito feliz na forma como reconstruiu uma história tão rica e tão importante para muitas pessoas - não são raros os momentos em que vemos o Junior se emocionar ao relembrar passagens delicadas da carreira. A própria Sandy confidencia sobre seus medos ou algum incomodo por um ou outro comentário sobre ela e sua vida pessoal. Tudo isso vem com um enquadramento perfeito, com uma luz linda, um movimento orgânico da câmera! Quando temos a nítida impressão de quão invencíveis eles foram se tornando ao passar por cima de tanta coisa e subir cada um desses degraus - da rotina cruel de trabalho às decisões mais delicadas que tinham que tomar visando uma melhor qualidade de vida, o tom dos depoimentos e a construção narrativa também vão se alinhando com as imagens certas de arquivo, com os offs colocados no lugar exato, com as pausas, com a trilha sonora! Demais! É muito bacana perceber que por trás de artistas tão completos, existem seres humanos - e nisso o documentário não economiza!
Outro elemento que vai chamar a atenção é a construção do projeto do retorno da dupla - a turnê "Nossa História" é um evento tão gigantesco que foi considerado a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da série de shows que o Elton John fez em 2019. É de fato uma coisa do outro mundo, nível popstar mesmo!!! O trabalho do diretor Raoni Carneiro ao lado do marido da Sandy, Lucas Lima e, claro, da própria dupla e do pai Xororó, é algo que merece muitos elogios. São tantos detalhes, tanto trabalho e cuidado, que, sem dúvida, muita gente que nem imaginava a quantidade de profissionais envolvidos para colocar um show como esse de pé, vai rever alguns conceitos!
"Sandy & Junior: A História" vai muito além do que vimos em "This is It" e "Never say Never" e não se surpreendam se trouxer muitos prêmios na próxima temporada de premiação, tanto de TV como de Cinema! Se você gosta da dupla, esse documentário é imperdível! Se você gosta de música e entretenimento, esse documentário é essencial! E se você é apenas um curioso, tenha certeza, você vai sair com uma outra visão sobre a Sandy, sobre o Junior e sobre todo o universo que rodeia esses dois artistas que, juntos, se transformaram em verdadeiros fenômenos e que merecem todo o respeito e admiração de milhões de pessoas!
Não perca tempo, dê o play, porque você não vai se arrepender!
"Sandy & Junior: A História" é uma das coisas mais sensacionais que assisti recentemente ! A minissérie documental da Globoplay é de um primor técnico e artístico muito (mas muito) acima da média. Em pouco mais de sete horas, somos transportados para uma jornada de 30 anos de história através de uma dinâmica narrativa que é uma aula de roteiro, montagem, direção e, claro, de entretenimento, daqueles onde sentimos na alma a capacidade e a sensibilidade do diretor em nos colocar muito próximos do processo de construção de um projeto de sucesso de uma dupla que, para muitos, é a maior referência da música jovem que o Brasil já teve - e com muito merecimento! Sinceramente não me lembro de um documentário sobre a carreira de algum artista, seja ele de qualquer segmento, que tenha conseguido amarrar tantas passagens, épocas e histórias com tamanha competência! É de se emocionar, até para quem não é um grande fã da dupla, pelo simples fato que a história que vemos na tela tem muita verdade, coração! Confira o trailer:
Produzido pela Goga Cine e baseado em um vasto arquivo musical e pessoal, "Sandy & Junior: A História" acompanha diversos momentos da trajetória da dupla, com inúmeras cenas inéditas: desde a saída emocionados do palco em seu último show em 2007 até imagens caseiras de toda a infância cantando e dançando, em casa, ao lado dos pais. Entre tantas preciosidades, vemos depoimentos de artistas como Roberto Carlos, Ivete Sangalo, Laura Pausini, além de todos os bastidores, da concepção aos shows, da mega turnê "Nossa História" que aconteceu em 2019.
Olha, esse documentário é cheio de camadas, capaz de desmistificar alguns detalhes da vida pessoal da dupla, como reforçar que, além de muito talento, é preciso muito trabalho, dedicação e renúncia para alcançar objetivos profissionais com tanta excelência!
Talvez o maior mérito do diretor Douglas Aguilar tenha sido o de humanizar dois artistas tão diferentes, porém tão complementares, como a Sandy e o Junior. Se partirmos do princípio que os irmãos foram referência para uma geração, com fãs que cresceram e amadureceram ouvindo suas músicas, assistindo seus shows ou acompanhando a longa carreira, é natural a sensação de um certo distanciamento e até uma adoração pela "figura pública" que representa a dupla - e é aí que o documentário se diferencia: o que vemos nos episódios é o lado humano dos dois, com suas qualidades e talentos, mas também com suas fraquezas e inseguranças; e isso é lindo de ver! Com muita sensibilidade, Aguilar foi muito feliz na forma como reconstruiu uma história tão rica e tão importante para muitas pessoas - não são raros os momentos em que vemos o Junior se emocionar ao relembrar passagens delicadas da carreira. A própria Sandy confidencia sobre seus medos ou algum incomodo por um ou outro comentário sobre ela e sua vida pessoal. Tudo isso vem com um enquadramento perfeito, com uma luz linda, um movimento orgânico da câmera! Quando temos a nítida impressão de quão invencíveis eles foram se tornando ao passar por cima de tanta coisa e subir cada um desses degraus - da rotina cruel de trabalho às decisões mais delicadas que tinham que tomar visando uma melhor qualidade de vida, o tom dos depoimentos e a construção narrativa também vão se alinhando com as imagens certas de arquivo, com os offs colocados no lugar exato, com as pausas, com a trilha sonora! Demais! É muito bacana perceber que por trás de artistas tão completos, existem seres humanos - e nisso o documentário não economiza!
Outro elemento que vai chamar a atenção é a construção do projeto do retorno da dupla - a turnê "Nossa História" é um evento tão gigantesco que foi considerado a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da série de shows que o Elton John fez em 2019. É de fato uma coisa do outro mundo, nível popstar mesmo!!! O trabalho do diretor Raoni Carneiro ao lado do marido da Sandy, Lucas Lima e, claro, da própria dupla e do pai Xororó, é algo que merece muitos elogios. São tantos detalhes, tanto trabalho e cuidado, que, sem dúvida, muita gente que nem imaginava a quantidade de profissionais envolvidos para colocar um show como esse de pé, vai rever alguns conceitos!
"Sandy & Junior: A História" vai muito além do que vimos em "This is It" e "Never say Never" e não se surpreendam se trouxer muitos prêmios na próxima temporada de premiação, tanto de TV como de Cinema! Se você gosta da dupla, esse documentário é imperdível! Se você gosta de música e entretenimento, esse documentário é essencial! E se você é apenas um curioso, tenha certeza, você vai sair com uma outra visão sobre a Sandy, sobre o Junior e sobre todo o universo que rodeia esses dois artistas que, juntos, se transformaram em verdadeiros fenômenos e que merecem todo o respeito e admiração de milhões de pessoas!
Não perca tempo, dê o play, porque você não vai se arrepender!
"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.
Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:
O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!
O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!
Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!
"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.
Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:
O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!
O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!
Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!
"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:
A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto, "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.
De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!
A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?
Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.
Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!
"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:
A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto, "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.
De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!
A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?
Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.
Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!
Uma minissérie à altura de seu protagonista! Assim é a tão esperada produção da Netflix, "Senna" - então amigo, "prepare o seu coração", porque você vai mergulhar em uma jornada de nostalgia, cheia de emoção e com uma qualidade técnica de se aplaudir de pé! Dirigida por Vicente Amorim (de "Santo") e Julia Rezende (de "Todo Dia a Mesma Noite"), "Senna" narra em seis episódios, com uma impressionante precisão, momentos marcantes da vida e da carreira do lendário piloto brasileiro, Ayrton Senna da Silva. Ambiciosa em sua essência, mas muito competente em sua realização, a minissérie busca capturar o espírito vencedor de um ícone que transcendeu o automobilismo e se tornou um símbolo de inspiração global. Escrita por Gustavo Bragança (de "Bom Dia, Verônica"), a produção combina a adrenalina das corridas de Fórmula 1 com um mergulho mais intimista sobre a vida do protagonista, explorando sua complexidade como atleta e como pessoa. Assim como produções biográficas de esportistas, de alto impacto pela sua dinâmica narrativa e visual, como "Rush", por exemplo; "Senna" é o retrato perfeito de um esportista tão admirado com um olhar profundamente humano - uma referência para um Brasil que não cansa de sentir saudades!
"Senna" se concentra nos anos mais marcantes da carreira de Ayrton (Gabriel Leone), desde sua infância, passando pela sua ida para correr na Inglaterra até sua ascensão nos circuitos de Fórmula 1. Com muita inteligência, a minissérie aborda tanto o lado público do piloto - suas rivalidades intensas, como com Alain Prost (Matt Mella), e as conquistas inesquecíveis nas pistas - quanto sua vida pessoal, marcada por dilemas, relações familiares e amorosas, além de sua busca incessante pela perfeição. A construção da narrativa é feita com cuidado para não apenas retratar os eventos históricos que já conhecemos, mas também revelar as motivações, as dúvidas e as crenças que moldaram o caráter desse eterno campeão. Confira o trailer:
A direção de Vicente Amorim e Julia Rezende chega até a ser surpreendente pela eficiência com que captura a grandiosidade das corridas sem perder de vista o valor humano de Ayrton. E aqui eu preciso citar dois pontos que fizeram toda diferença no resultado final: o trabalho de composição em CG, dos carros aos autódromos, feito sob a supervisão do craque Marcelo Siqueira - sério, é coisa de Hollywood! Além disso, a montagem da minissérie, utilizando diversos planos com aquelas câmeras mais dinâmicas, criativas, e closes realmente intensos, olha, coloca a audiência no cockpit junto com o piloto - sem brincadeira, não deixa nada a desejar perante o trabalho do Andrew Buckland e do Michael McCusker que ganharam o Oscar de Montagem por "Ford vs. Ferrari". As sequências das corridas, em Mônaco, no Japão e no Brasil, são visualmente arrebatadoras, transmitindo não só a velocidade, como o perigo e a precisão necessários para competir em um nível tão alto como Senna fazia. Ao mesmo tempo, também é preciso que se diga, a dupla de diretores acerta ao desacelerar a narrativa nos momentos de introspecção do Ayrton, oferecendo um retrato mais palpável como nunca vimos - a ênfase em seus valores, na sua espiritualidade e na relação com a família, é um golaço da minissérie!
O roteiro de Gustavo Bragança é equilibrado, destacando as conquistas de Senna sem cair na armadilha de glorificá-lo a todo custo de maneira unilateral - embora, diga-se de passagem, é muito difícil afastar o rótulo de "herói nacional" (e na boa, dane-se!). "Senna" usa o conceito linear para pontuar, capítulo a capítulos, seu crescimento profissional, mas não hesita em mostrar os aspectos mais controversos da personalidade do piloto, o que adiciona profundidade e autenticidade à narrativa. São seis pilares dessa dinâmica narrativa que ajudam a contar a história: Vocação, Determinação, Ambição, Paixão, Herói e Tempo. Somado a isso, ainda temos as cenas de arquivo e o tema da vitória, cirurgicamente inseridos dentro de um contexto todo especial para criar a sensação nostálgica dos anos 1990. É genial!
Sobre o elenco, o que dizer? Quase todos entregam performances sólidas, além de uma caracterização sensacional - Leone parece ter a voz de Ayrton, dado o seu cuidado com a forma com que o piloto se comunicava, sem falar em seu trabalho corporal. Mella, de perfil, é o Prost. E Pâmela Tomé, essa é a Xuxa mesmo (não é possível parecer tanto). Outra atriz que me chamou atenção foi Kaya Scodelario como a jornalista Laura - ela fala com o olhar, mesmo que para dizer o contrário que suas palavras. Ainda sobre Gabriel Leone - ele incorporou Senna com intensidade e carisma, e soube transmitir com muito respeito não apenas a habilidade técnica guiando um fórmula, mas também o magnetismo que cativou fãs ao redor do mundo quando dava qualquer tipo de declaração.
Alguns fãs (como esse que vos escreve) podem sentir que determinados aspectos da vida do piloto, como sua espiritualidade, algumas rivalidades (com Piquet, por exemplo), algumas corridas épicas (Donington Park de 93 ou Mônaco de 92), poderiam ter sido explorados com mais profundidade, é verdade - acho até que os bastidores após sua morte também merecia mais tempo de tela. Mas, no geral, é compreensível a escolha do time de criação em focar em momentos-chave sem correr o risco de se estender demais e assim perder o ritmo da narrativa - o que funcionou bem! "Senna" é uma minissérie que realmente honra o legado de Ayrton com um recorte emocionante e tecnicamente impecável - para fãs, imperdível. Para quem busca histórias inspiradoras ou que querem revisitar a trajetória de um herói nacional, Senna é uma obra tão essencial quanto deliciosa de assistir! Parabéns para Netflix, não decepcionou!
Vale demais o seu play!
Uma minissérie à altura de seu protagonista! Assim é a tão esperada produção da Netflix, "Senna" - então amigo, "prepare o seu coração", porque você vai mergulhar em uma jornada de nostalgia, cheia de emoção e com uma qualidade técnica de se aplaudir de pé! Dirigida por Vicente Amorim (de "Santo") e Julia Rezende (de "Todo Dia a Mesma Noite"), "Senna" narra em seis episódios, com uma impressionante precisão, momentos marcantes da vida e da carreira do lendário piloto brasileiro, Ayrton Senna da Silva. Ambiciosa em sua essência, mas muito competente em sua realização, a minissérie busca capturar o espírito vencedor de um ícone que transcendeu o automobilismo e se tornou um símbolo de inspiração global. Escrita por Gustavo Bragança (de "Bom Dia, Verônica"), a produção combina a adrenalina das corridas de Fórmula 1 com um mergulho mais intimista sobre a vida do protagonista, explorando sua complexidade como atleta e como pessoa. Assim como produções biográficas de esportistas, de alto impacto pela sua dinâmica narrativa e visual, como "Rush", por exemplo; "Senna" é o retrato perfeito de um esportista tão admirado com um olhar profundamente humano - uma referência para um Brasil que não cansa de sentir saudades!
"Senna" se concentra nos anos mais marcantes da carreira de Ayrton (Gabriel Leone), desde sua infância, passando pela sua ida para correr na Inglaterra até sua ascensão nos circuitos de Fórmula 1. Com muita inteligência, a minissérie aborda tanto o lado público do piloto - suas rivalidades intensas, como com Alain Prost (Matt Mella), e as conquistas inesquecíveis nas pistas - quanto sua vida pessoal, marcada por dilemas, relações familiares e amorosas, além de sua busca incessante pela perfeição. A construção da narrativa é feita com cuidado para não apenas retratar os eventos históricos que já conhecemos, mas também revelar as motivações, as dúvidas e as crenças que moldaram o caráter desse eterno campeão. Confira o trailer:
A direção de Vicente Amorim e Julia Rezende chega até a ser surpreendente pela eficiência com que captura a grandiosidade das corridas sem perder de vista o valor humano de Ayrton. E aqui eu preciso citar dois pontos que fizeram toda diferença no resultado final: o trabalho de composição em CG, dos carros aos autódromos, feito sob a supervisão do craque Marcelo Siqueira - sério, é coisa de Hollywood! Além disso, a montagem da minissérie, utilizando diversos planos com aquelas câmeras mais dinâmicas, criativas, e closes realmente intensos, olha, coloca a audiência no cockpit junto com o piloto - sem brincadeira, não deixa nada a desejar perante o trabalho do Andrew Buckland e do Michael McCusker que ganharam o Oscar de Montagem por "Ford vs. Ferrari". As sequências das corridas, em Mônaco, no Japão e no Brasil, são visualmente arrebatadoras, transmitindo não só a velocidade, como o perigo e a precisão necessários para competir em um nível tão alto como Senna fazia. Ao mesmo tempo, também é preciso que se diga, a dupla de diretores acerta ao desacelerar a narrativa nos momentos de introspecção do Ayrton, oferecendo um retrato mais palpável como nunca vimos - a ênfase em seus valores, na sua espiritualidade e na relação com a família, é um golaço da minissérie!
O roteiro de Gustavo Bragança é equilibrado, destacando as conquistas de Senna sem cair na armadilha de glorificá-lo a todo custo de maneira unilateral - embora, diga-se de passagem, é muito difícil afastar o rótulo de "herói nacional" (e na boa, dane-se!). "Senna" usa o conceito linear para pontuar, capítulo a capítulos, seu crescimento profissional, mas não hesita em mostrar os aspectos mais controversos da personalidade do piloto, o que adiciona profundidade e autenticidade à narrativa. São seis pilares dessa dinâmica narrativa que ajudam a contar a história: Vocação, Determinação, Ambição, Paixão, Herói e Tempo. Somado a isso, ainda temos as cenas de arquivo e o tema da vitória, cirurgicamente inseridos dentro de um contexto todo especial para criar a sensação nostálgica dos anos 1990. É genial!
Sobre o elenco, o que dizer? Quase todos entregam performances sólidas, além de uma caracterização sensacional - Leone parece ter a voz de Ayrton, dado o seu cuidado com a forma com que o piloto se comunicava, sem falar em seu trabalho corporal. Mella, de perfil, é o Prost. E Pâmela Tomé, essa é a Xuxa mesmo (não é possível parecer tanto). Outra atriz que me chamou atenção foi Kaya Scodelario como a jornalista Laura - ela fala com o olhar, mesmo que para dizer o contrário que suas palavras. Ainda sobre Gabriel Leone - ele incorporou Senna com intensidade e carisma, e soube transmitir com muito respeito não apenas a habilidade técnica guiando um fórmula, mas também o magnetismo que cativou fãs ao redor do mundo quando dava qualquer tipo de declaração.
Alguns fãs (como esse que vos escreve) podem sentir que determinados aspectos da vida do piloto, como sua espiritualidade, algumas rivalidades (com Piquet, por exemplo), algumas corridas épicas (Donington Park de 93 ou Mônaco de 92), poderiam ter sido explorados com mais profundidade, é verdade - acho até que os bastidores após sua morte também merecia mais tempo de tela. Mas, no geral, é compreensível a escolha do time de criação em focar em momentos-chave sem correr o risco de se estender demais e assim perder o ritmo da narrativa - o que funcionou bem! "Senna" é uma minissérie que realmente honra o legado de Ayrton com um recorte emocionante e tecnicamente impecável - para fãs, imperdível. Para quem busca histórias inspiradoras ou que querem revisitar a trajetória de um herói nacional, Senna é uma obra tão essencial quanto deliciosa de assistir! Parabéns para Netflix, não decepcionou!
Vale demais o seu play!
"Senna por Ayrton" transcende o propósito de ser mais um mero documentário em homenagem aos 30 anos de sua morte. Na verdade a minissérie em três episódios da Globoplay traz o que a própria Globo tem de melhor: um riquíssimo acervo de imagens e entrevistas com o piloto para assim construir um tributo comovente e íntimo a um dos maiores ícones do esporte mundial, o inesquecível Ayrton Senna da Silva (ou do Brasil, como preferir). Mais do que reviver corridas épicas e momentos marcantes de sua carreira, a minissérie ainda foi capaz de mergulhar na alma do piloto pela perspectiva nostálgica de quem acompanhou toda sua trajetória pela televisão - não só assistindo as corridas, mas também os telejornais, especiais, etc. Eu diria, inclusive, que "Senna por Ayrton" é um imperdível e definitivo recorte jornalístico que merece ser assistido toda vez que a saudade bater!
Com direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, ambos roteiristas ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar, "Senna por Ayrton" é o resultado de um um mergulho em cerca de 150 horas de arquivos da Globo (e também de outros veículos de comunicação do país e estrangeiros) brilhantemente montados para traçar a trajetória de Senna desde seus primórdios no kart até o trágico acidente em Ímola, em 1994. Explorando suas relações, motivações, fé, ambições e lutas internas, a minissérie se apoia na perspectiva de vida e carreira do próprio Ayrton, um esportista que nunca escondeu a inquietude pela busca constante de aperfeiçoamento e, claro, de vitórias. Confira o trailer:
Bom, pelo trailer já dá para se ter uma ideia do que esperar, certo? Errado, é muito mais do que isso! "Senna por Ayrton" é um retorno ao melhores dias dos anos 80 e 90 pelo olhar muito especial de quem construiu memórias marcantes em toda uma geração. Nada na minissérie é ruim, tudo tem seu encaixe e propósito ao ponto de torcermos para que aquela experiência não acabe. "Senna por Ayrton" vai além das pistas, revelando um lado menos conhecido do piloto - embora, é preciso dizer, não traga lá muitas novidades para quem (como eu) de fato é fã ferrenho do piloto. Mesmo que a minissérie tenha matérias que exploram sua relação com a família, seus hobbies, sua fé, sem dúvida que é nas conquistas esportivas que nos apegamos emocionalmente.
Aqui, tudo é construído em cima de uma contexto mais amplo - o que deve ter dado um baita de um trabalho para organizar. Vemos desde um Senna devoto até um esportista (com razão) vingativo. Essa visão mais holística do homem contribui para uma compreensão mais profunda de sua persona e do impacto que ele teve para os brasileiros em uma época onde nada dava certo para nós - no esporte e na vida. Nesse sentido é impossível não destacar a qualidade técnica e artística impecáveis do projeto - a direção, o roteiro e a montagem foram capazes de capturar a beleza viciante das corridas de fórmula 1 (mas sem aquela gramática cinematográfica belíssima que hoje encontramos nos streamings) ao mesmo tempo que contam uma história coesa e dinâmica criando um ritmo envolvente que nos impede de sair da frente da TV até que o terceiro episódio termine.
Ao som do "Tema da Vitória" e envolvidos pelas narrações inesquecíveis de Galvão Bueno, "Senna por Ayrton" é tão emocionante quanto inspirador - cenário perfeito para nos conectarmos com as imagens históricas de Ayrton Senna ao longo de 20 anos de carreira. Mais do que um tributo ao campeão Ayrton Senna, essa minissérie é uma celebração da vida, da superação e do legado duradouro de um ídolo que continuará transcendendo gerações graças a esse tipo de produto audiovisual. Se você tem mais de 40 anos, prepare-se para se emocionar, porque eu te garanto: essas lembranças vão tocar sua alma!
Imperdível!
"Senna por Ayrton" transcende o propósito de ser mais um mero documentário em homenagem aos 30 anos de sua morte. Na verdade a minissérie em três episódios da Globoplay traz o que a própria Globo tem de melhor: um riquíssimo acervo de imagens e entrevistas com o piloto para assim construir um tributo comovente e íntimo a um dos maiores ícones do esporte mundial, o inesquecível Ayrton Senna da Silva (ou do Brasil, como preferir). Mais do que reviver corridas épicas e momentos marcantes de sua carreira, a minissérie ainda foi capaz de mergulhar na alma do piloto pela perspectiva nostálgica de quem acompanhou toda sua trajetória pela televisão - não só assistindo as corridas, mas também os telejornais, especiais, etc. Eu diria, inclusive, que "Senna por Ayrton" é um imperdível e definitivo recorte jornalístico que merece ser assistido toda vez que a saudade bater!
Com direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, ambos roteiristas ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar, "Senna por Ayrton" é o resultado de um um mergulho em cerca de 150 horas de arquivos da Globo (e também de outros veículos de comunicação do país e estrangeiros) brilhantemente montados para traçar a trajetória de Senna desde seus primórdios no kart até o trágico acidente em Ímola, em 1994. Explorando suas relações, motivações, fé, ambições e lutas internas, a minissérie se apoia na perspectiva de vida e carreira do próprio Ayrton, um esportista que nunca escondeu a inquietude pela busca constante de aperfeiçoamento e, claro, de vitórias. Confira o trailer:
Bom, pelo trailer já dá para se ter uma ideia do que esperar, certo? Errado, é muito mais do que isso! "Senna por Ayrton" é um retorno ao melhores dias dos anos 80 e 90 pelo olhar muito especial de quem construiu memórias marcantes em toda uma geração. Nada na minissérie é ruim, tudo tem seu encaixe e propósito ao ponto de torcermos para que aquela experiência não acabe. "Senna por Ayrton" vai além das pistas, revelando um lado menos conhecido do piloto - embora, é preciso dizer, não traga lá muitas novidades para quem (como eu) de fato é fã ferrenho do piloto. Mesmo que a minissérie tenha matérias que exploram sua relação com a família, seus hobbies, sua fé, sem dúvida que é nas conquistas esportivas que nos apegamos emocionalmente.
Aqui, tudo é construído em cima de uma contexto mais amplo - o que deve ter dado um baita de um trabalho para organizar. Vemos desde um Senna devoto até um esportista (com razão) vingativo. Essa visão mais holística do homem contribui para uma compreensão mais profunda de sua persona e do impacto que ele teve para os brasileiros em uma época onde nada dava certo para nós - no esporte e na vida. Nesse sentido é impossível não destacar a qualidade técnica e artística impecáveis do projeto - a direção, o roteiro e a montagem foram capazes de capturar a beleza viciante das corridas de fórmula 1 (mas sem aquela gramática cinematográfica belíssima que hoje encontramos nos streamings) ao mesmo tempo que contam uma história coesa e dinâmica criando um ritmo envolvente que nos impede de sair da frente da TV até que o terceiro episódio termine.
Ao som do "Tema da Vitória" e envolvidos pelas narrações inesquecíveis de Galvão Bueno, "Senna por Ayrton" é tão emocionante quanto inspirador - cenário perfeito para nos conectarmos com as imagens históricas de Ayrton Senna ao longo de 20 anos de carreira. Mais do que um tributo ao campeão Ayrton Senna, essa minissérie é uma celebração da vida, da superação e do legado duradouro de um ídolo que continuará transcendendo gerações graças a esse tipo de produto audiovisual. Se você tem mais de 40 anos, prepare-se para se emocionar, porque eu te garanto: essas lembranças vão tocar sua alma!
Imperdível!
Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.
Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:
De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!
Agora vamos falar de Greg Barker,, diretor do filme! Em 2009 ele dirigiu um ótimo documentário sobre o próprio Sergio Vieira de Mello, então é de pressupor que não existiria profissional melhor para orientar a criação do roteiro - como diretor, lógico, mas como especialista no assunto! Porém Barker não assina o roteiro e se ele, por acaso, orientou Craig Borten (Os 33) para escrever um lado de Sergio pouco explorado no seu documentário, ele que definiu a superficialidade que o filme se tornou! O roteiro intercala a tentativa de resgatar Sergio dos escombros logo após o ataque terrorista com passagens de sua vida como diplomata, como pai e como, meu Deus, amante! Essa estratégia até funciona como conceito narrativo, ela cria uma dinâmica interessante para o filme - e aqui eu posso afirmar: não é a forma, o problema é o conteúdo! Quando vemos Sergio discutindo com um representante americano no processo de reconstrução do Iraque logo no inicio do filme, temos a impressão que as intrigas políticas vão dar o tom - mais ou menos como "O Relatório" mostrou - que nada, tudo não passa de uma bengala para mostrar a força diplomática de Mello e sua personalidade. No próprio processo de independência do Timor Leste, marco na carreira do brasileiro, todas as cenas não tem a menor tensão - poxa, imagina ter que lidar com revolucionários e criminosos de guerra como diz na própria sinopse - imaginem o nível de angustia, insegurança e até de medo que deve ser? Mas você não encontra muito disso no filme, ele serve apenas para conhecer alguns detalhes de história, só que explorados bem superficialmente!
Como diretor em si, Greg Barker não entrega um filme ruim não, mas ele deve metade dos elogios para o Wagner Moura e para Ana de Armas e a outra metade para o fotógrafo Adrian Teijido - que trabalhou com Moura em "Marighella" e "Narcos". Tem uma cena, onde Sergio Vieira de Mello vai conversar com uma senhora do Timor Leste e ela conta o que espera da vida e do seu futuro. O texto é interessante, com uma certa poesia, com o Wagner segurando a cena com muita generosidade, mas a senhora é pessimamente dirigida, deixando sua fala falsa, com um atuação terrível de ruim - não sei nem se a senhora é atriz, mas o fato é que a cena está lá e o resultado é constrangedor. As soluções criativas de Barker são muito fracas! Sério, esse filme na mão de um Fernando Meirelles com um roteiro do Bráulio Mantovani seria outro nível!
Pode até parecer que eu não gostei do filme, mas não é o caso - o filme vai bem como entretenimento, o que incomoda é saber que uma boa história foi contada da forma errada - vocês lembram daquele primeiro filme do Steve Jobs de 2013? Depois comparem com o filme do Danny Boyle e do Aaron Sorkin de 2015! Esse é o meu sentimento - uma boa história funciona muito melhor na mão de quem sabe! Como disse anteriormente, "Sergio" serve para conhecermos sua história, mesmo que superficialmente, mas com uma carga bem importante para nós brasileiros - ainda mais nos dias de hoje!
Vale o play, claro, mas não crie as altas expectativas que eu criei!
Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.
Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:
De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!
Agora vamos falar de Greg Barker,, diretor do filme! Em 2009 ele dirigiu um ótimo documentário sobre o próprio Sergio Vieira de Mello, então é de pressupor que não existiria profissional melhor para orientar a criação do roteiro - como diretor, lógico, mas como especialista no assunto! Porém Barker não assina o roteiro e se ele, por acaso, orientou Craig Borten (Os 33) para escrever um lado de Sergio pouco explorado no seu documentário, ele que definiu a superficialidade que o filme se tornou! O roteiro intercala a tentativa de resgatar Sergio dos escombros logo após o ataque terrorista com passagens de sua vida como diplomata, como pai e como, meu Deus, amante! Essa estratégia até funciona como conceito narrativo, ela cria uma dinâmica interessante para o filme - e aqui eu posso afirmar: não é a forma, o problema é o conteúdo! Quando vemos Sergio discutindo com um representante americano no processo de reconstrução do Iraque logo no inicio do filme, temos a impressão que as intrigas políticas vão dar o tom - mais ou menos como "O Relatório" mostrou - que nada, tudo não passa de uma bengala para mostrar a força diplomática de Mello e sua personalidade. No próprio processo de independência do Timor Leste, marco na carreira do brasileiro, todas as cenas não tem a menor tensão - poxa, imagina ter que lidar com revolucionários e criminosos de guerra como diz na própria sinopse - imaginem o nível de angustia, insegurança e até de medo que deve ser? Mas você não encontra muito disso no filme, ele serve apenas para conhecer alguns detalhes de história, só que explorados bem superficialmente!
Como diretor em si, Greg Barker não entrega um filme ruim não, mas ele deve metade dos elogios para o Wagner Moura e para Ana de Armas e a outra metade para o fotógrafo Adrian Teijido - que trabalhou com Moura em "Marighella" e "Narcos". Tem uma cena, onde Sergio Vieira de Mello vai conversar com uma senhora do Timor Leste e ela conta o que espera da vida e do seu futuro. O texto é interessante, com uma certa poesia, com o Wagner segurando a cena com muita generosidade, mas a senhora é pessimamente dirigida, deixando sua fala falsa, com um atuação terrível de ruim - não sei nem se a senhora é atriz, mas o fato é que a cena está lá e o resultado é constrangedor. As soluções criativas de Barker são muito fracas! Sério, esse filme na mão de um Fernando Meirelles com um roteiro do Bráulio Mantovani seria outro nível!
Pode até parecer que eu não gostei do filme, mas não é o caso - o filme vai bem como entretenimento, o que incomoda é saber que uma boa história foi contada da forma errada - vocês lembram daquele primeiro filme do Steve Jobs de 2013? Depois comparem com o filme do Danny Boyle e do Aaron Sorkin de 2015! Esse é o meu sentimento - uma boa história funciona muito melhor na mão de quem sabe! Como disse anteriormente, "Sergio" serve para conhecermos sua história, mesmo que superficialmente, mas com uma carga bem importante para nós brasileiros - ainda mais nos dias de hoje!
Vale o play, claro, mas não crie as altas expectativas que eu criei!
"Shirley" é um filme difícil, com uma narrativa truncada e um ar independente conceitualmente - aliás, é isso que vai fazer com que as pessoas amem ou odeiem essa cinebiografia produzida por Martin Scorsese e dirigia pela talentosa Josephine Decker. Apenas contextualizando, Shirley Jackson foi a escritora responsável pela obra "A Assombração da Casa da Colina", escrito em 1959 e que em 2018 ganhou uma adaptação pela mãos de Mike Flanagan para a Netflix com o título de "A Maldição da Residência Hill" - vale dizer que até hoje essa é considerada uma das maiores obras de terror do século XX.
Em "Shirley" temos um recorte da mente perturbada da escritora (Elisabeth Moss), que se apoia no gênero de terror para enfrentar seus mais profundos fantasmas em uma realidade completamente machista personificada pelo seu marido Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), um professor universitário cínico e prepotente em relação à ela, mas extremamente querido pela comunidade acadêmica local. Ambos abrigam um jovem casal e é a partir da aproximação com Rose (Odessa Young) que a escritora encontra uma real inspiração para o seu novo projeto, o romance "Hangsaman". Confira o trailer (em inglês):
Embora "Shirley" seja uma biografia (muito perturbadora), a diretora Josephine Decker trabalha muito bem os elementos dramáticos com uma pitada de suspense psicológico que o roteiro de Sarah Gubbins, que é baseado no livro de Susan Scarf Merrell, propõe. Veja, o filme basicamente se passa dentro da casa de "Shirley" onde muito das cenas são filmadas com lentes bem fechadas, ou seja, existe uma sensação de claustrofobia na mesma medida que a própria narrativa vai nos provocando uma sensação de angustia avassaladora.
Se algumas escolhas Decker privilegiam o conceito narrativo mais denso, pode ter certeza que a veracidade de algumas situações estarão sempre em dúvida, por outro lado, essas mesmas situações vão estabelecer um ar mais autoral ao filme sem perder a essência, mesmo que antecipando alguns gatilhos. Eu explico: Shirley Jackson sofria de agorafobia, o que justifica todas as passagens do roteiro sobre o seu medo de sair de casa e até de priorizar a reclusão; porém essa condição foi desenvolvida mais para os anos 60, bem depois dos acontecimentos que assistimos no filme.
O fato é que todas as licenças que o filme se apropria estão completamente alinhas com a condução de Decker e isso merece muitos elogios - desde a montagem fragmentada de David Barker (de "Birds of Paradise") até a fotografia do genial Sturla Brandth Grøvlen (de "Victoria" e "Drunk") que é pautada nos incômodos planos detalhes das situações. Sobre o elenco, obviamente que Elisabeth Moss dá mais um show, mas fica impossível não citar o trabalho de Michael Stuhlbarg - perfeito!
A vida de Shirley Jackson, que se tornou leitura obrigatória em escolas americanas, soa tão perturbadora quanto suas histórias e o recorte que assistimos em "Shirley" nos traz uma boa noção dessa jornada criativa que influenciou nomes como Stephen King e Neil Gaiman. Agora esteja atento, pois o filme é muito desconfortável porque exibe, sem cortes, como o machismo pode afetar a vida de mulheres fantásticas, expondo os traumas e as marcas deixadas durante anos de opressão.
Vale a pena e embora não seja genial, certamente a conexão com as mulheres refletirá em uma experiência mais impactante.
Obs: "Shirley" foi muito elogiado no Festival de Sundance em 2020, chegando a conquistar o "U.S. Dramatic Special Jury Award".
"Shirley" é um filme difícil, com uma narrativa truncada e um ar independente conceitualmente - aliás, é isso que vai fazer com que as pessoas amem ou odeiem essa cinebiografia produzida por Martin Scorsese e dirigia pela talentosa Josephine Decker. Apenas contextualizando, Shirley Jackson foi a escritora responsável pela obra "A Assombração da Casa da Colina", escrito em 1959 e que em 2018 ganhou uma adaptação pela mãos de Mike Flanagan para a Netflix com o título de "A Maldição da Residência Hill" - vale dizer que até hoje essa é considerada uma das maiores obras de terror do século XX.
Em "Shirley" temos um recorte da mente perturbada da escritora (Elisabeth Moss), que se apoia no gênero de terror para enfrentar seus mais profundos fantasmas em uma realidade completamente machista personificada pelo seu marido Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), um professor universitário cínico e prepotente em relação à ela, mas extremamente querido pela comunidade acadêmica local. Ambos abrigam um jovem casal e é a partir da aproximação com Rose (Odessa Young) que a escritora encontra uma real inspiração para o seu novo projeto, o romance "Hangsaman". Confira o trailer (em inglês):
Embora "Shirley" seja uma biografia (muito perturbadora), a diretora Josephine Decker trabalha muito bem os elementos dramáticos com uma pitada de suspense psicológico que o roteiro de Sarah Gubbins, que é baseado no livro de Susan Scarf Merrell, propõe. Veja, o filme basicamente se passa dentro da casa de "Shirley" onde muito das cenas são filmadas com lentes bem fechadas, ou seja, existe uma sensação de claustrofobia na mesma medida que a própria narrativa vai nos provocando uma sensação de angustia avassaladora.
Se algumas escolhas Decker privilegiam o conceito narrativo mais denso, pode ter certeza que a veracidade de algumas situações estarão sempre em dúvida, por outro lado, essas mesmas situações vão estabelecer um ar mais autoral ao filme sem perder a essência, mesmo que antecipando alguns gatilhos. Eu explico: Shirley Jackson sofria de agorafobia, o que justifica todas as passagens do roteiro sobre o seu medo de sair de casa e até de priorizar a reclusão; porém essa condição foi desenvolvida mais para os anos 60, bem depois dos acontecimentos que assistimos no filme.
O fato é que todas as licenças que o filme se apropria estão completamente alinhas com a condução de Decker e isso merece muitos elogios - desde a montagem fragmentada de David Barker (de "Birds of Paradise") até a fotografia do genial Sturla Brandth Grøvlen (de "Victoria" e "Drunk") que é pautada nos incômodos planos detalhes das situações. Sobre o elenco, obviamente que Elisabeth Moss dá mais um show, mas fica impossível não citar o trabalho de Michael Stuhlbarg - perfeito!
A vida de Shirley Jackson, que se tornou leitura obrigatória em escolas americanas, soa tão perturbadora quanto suas histórias e o recorte que assistimos em "Shirley" nos traz uma boa noção dessa jornada criativa que influenciou nomes como Stephen King e Neil Gaiman. Agora esteja atento, pois o filme é muito desconfortável porque exibe, sem cortes, como o machismo pode afetar a vida de mulheres fantásticas, expondo os traumas e as marcas deixadas durante anos de opressão.
Vale a pena e embora não seja genial, certamente a conexão com as mulheres refletirá em uma experiência mais impactante.
Obs: "Shirley" foi muito elogiado no Festival de Sundance em 2020, chegando a conquistar o "U.S. Dramatic Special Jury Award".
Se você que nos acompanha e sempre está em busca de algum conteúdo que remeta a uma jornada empreendedora ou ao universo das startups de tecnologia e ainda não se aventurou por uma das melhores séries já criadas sobre o assunto, esteja preparado para conhecer desde os programadores mais brilhantes às ambições mais desenfreadas de fundadores excêntricos do Vale do Silício, como em "WeCrashed" ou em "The Dropout", só que aqui em um tom infinitamente mais leve, mas nem por isso menos crítico ou relevante ao tema. "Silicon Valley", criada por John Altschuler, Mike Judge e Alec Berg, tem 6 temporadas e é um verdadeiro tesouro cômico que brilha graças a combinação de uma sagacidade afiada única, uma sátira social bastante inteligente e, claro, pelo seu elenco simplesmente excepcional - não é à toa que a série recebeu uma pancada de prêmios, além de cerca de 40 indicações ao Emmy, e foi saudada como uma das melhores comédias da última década.
"Silicon Valley", basicamente, segue a jornada tumultuada de Richard Hendricks (Thomas Middleditch), um programador introvertido que cria um algoritmo revolucionário que pode mudar a história da internet. Com o apoio do "sem noção" Erlich Bachman (T.J. Miller ), do ambicioso Dinesh Chugtai (Kumail Nanjiani) e do mal-humorado Gilfoyle (Martin Starr), Hendricks precisa lidar com todo aquele universo de inovação, cheio de intrigas e competição, enquanto tenta transformar sua startup, a Pied Piper, em um verdadeiro império tecnológico. Confira o trailer:
O que torna "Silicon Valley" verdadeiramente especial, sem dúvida, é sua capacidade de lançar um olhar incisivo sobre o universo do empreendedorismo tecnológico que virou moda nos últimos anos. Muito à frente de seu tempo, a série da HBO se aproveita do humor afiado e cheio de simbolismos do seu roteiro, para destilar os absurdos da indústria e dos egos inflados de seus atores em momentos realmente inesquecíveis. A direção habilidosa de se seus criadores entrega um ambiente autêntico e convincente, cheio de referências que só enriquecem nossa experiência como audiência.
Enquanto a fotografia e o desenho de produção capturam a grandeza e a artificialidade do Vale do Silício, o elenco acaba se destacando por suas performances impecáveis. Thomas Middleditch personifica brilhantemente a inocência de Richard Hendricks, enquanto T.J. Miller rouba todas as cenas com sua interpretação impagável de Erlich Bachman. A química entre os atores é tão palpável que praticamente conduzem a série sozinhos - principalmente nas duas primeiras temporadas. Depois vemos alguns outros personagens crescerem, como é o caso de Dinesh, Gilfoyle, do Jared (Zach Woods) e por fim do Jian Yang (Jimmy O. Yang).
"Silicon Valley" é um entretenimento fácil, para aqueles envolvidos com o universo da tecnologia e de startups, pois mesmo que elevado ao absurdo, quase tudo que vemos na tela, de fato, acontece na vida real. O ritmo é frenético, o que adiciona uma camada extra de humor e certa autenticidade, mas por ser uma sátira, pode dividir opiniões. E aqui vale lembrar de uma postagem do GatesNotes em 2018 onde Bill Gates revelou que a série era uma das poucas obras da cultura pop até ali, que "retratava de forma realista a comunidade do Vale do Silício, na Califórnia, com seus programadores sarcásticos, porém, sem nenhum trato social" - como ele!
Vale muito o seu play!
Se você que nos acompanha e sempre está em busca de algum conteúdo que remeta a uma jornada empreendedora ou ao universo das startups de tecnologia e ainda não se aventurou por uma das melhores séries já criadas sobre o assunto, esteja preparado para conhecer desde os programadores mais brilhantes às ambições mais desenfreadas de fundadores excêntricos do Vale do Silício, como em "WeCrashed" ou em "The Dropout", só que aqui em um tom infinitamente mais leve, mas nem por isso menos crítico ou relevante ao tema. "Silicon Valley", criada por John Altschuler, Mike Judge e Alec Berg, tem 6 temporadas e é um verdadeiro tesouro cômico que brilha graças a combinação de uma sagacidade afiada única, uma sátira social bastante inteligente e, claro, pelo seu elenco simplesmente excepcional - não é à toa que a série recebeu uma pancada de prêmios, além de cerca de 40 indicações ao Emmy, e foi saudada como uma das melhores comédias da última década.
"Silicon Valley", basicamente, segue a jornada tumultuada de Richard Hendricks (Thomas Middleditch), um programador introvertido que cria um algoritmo revolucionário que pode mudar a história da internet. Com o apoio do "sem noção" Erlich Bachman (T.J. Miller ), do ambicioso Dinesh Chugtai (Kumail Nanjiani) e do mal-humorado Gilfoyle (Martin Starr), Hendricks precisa lidar com todo aquele universo de inovação, cheio de intrigas e competição, enquanto tenta transformar sua startup, a Pied Piper, em um verdadeiro império tecnológico. Confira o trailer:
O que torna "Silicon Valley" verdadeiramente especial, sem dúvida, é sua capacidade de lançar um olhar incisivo sobre o universo do empreendedorismo tecnológico que virou moda nos últimos anos. Muito à frente de seu tempo, a série da HBO se aproveita do humor afiado e cheio de simbolismos do seu roteiro, para destilar os absurdos da indústria e dos egos inflados de seus atores em momentos realmente inesquecíveis. A direção habilidosa de se seus criadores entrega um ambiente autêntico e convincente, cheio de referências que só enriquecem nossa experiência como audiência.
Enquanto a fotografia e o desenho de produção capturam a grandeza e a artificialidade do Vale do Silício, o elenco acaba se destacando por suas performances impecáveis. Thomas Middleditch personifica brilhantemente a inocência de Richard Hendricks, enquanto T.J. Miller rouba todas as cenas com sua interpretação impagável de Erlich Bachman. A química entre os atores é tão palpável que praticamente conduzem a série sozinhos - principalmente nas duas primeiras temporadas. Depois vemos alguns outros personagens crescerem, como é o caso de Dinesh, Gilfoyle, do Jared (Zach Woods) e por fim do Jian Yang (Jimmy O. Yang).
"Silicon Valley" é um entretenimento fácil, para aqueles envolvidos com o universo da tecnologia e de startups, pois mesmo que elevado ao absurdo, quase tudo que vemos na tela, de fato, acontece na vida real. O ritmo é frenético, o que adiciona uma camada extra de humor e certa autenticidade, mas por ser uma sátira, pode dividir opiniões. E aqui vale lembrar de uma postagem do GatesNotes em 2018 onde Bill Gates revelou que a série era uma das poucas obras da cultura pop até ali, que "retratava de forma realista a comunidade do Vale do Silício, na Califórnia, com seus programadores sarcásticos, porém, sem nenhum trato social" - como ele!
Vale muito o seu play!
"Sly", documentário da Netflix sobre Sylvester Stallone, é muito mais que uma retrospectiva sobre a vida do ator, diretor, roteirista e produtor; é uma reflexão profunda sobre os impactos do "abandono". Embora o diretor Thom Zimny (do premiado "Springsteen on Broadway") tente construir uma linha temporal organizada e equilibrada que cubra os altos e baixos de sua carreira, especialmente com franquias como "Rocky" e "Rambo", é na humanização do protagonista que o roteiro ganha alma - alguns depoimentos sinceros de "Sly" são de cortar o coração, mas a forma como ele próprio transforma seus fantasmas mais íntimos em resiliência, dedicação, auto-conhecimento, reflexões existenciais; e como tudo isso funciona como gatilho criativo para as histórias de seus filmes e personagens, sem dúvida, é o que vai te fazer olhar por uma outra perspectivas para alguns trabalhos do ator.
A prolífica carreira de quase cinquenta anos de Sylvester Stallone, que já entreteve milhões, é vista em retrospectiva num olhar íntimo do ator, fazendo um paralelo com sua inspiradora história de vida entre sua infância humilde até seu status de estrela de cinema internacional. Confira o trailer (em inglês):
O documentário embora siga uma estrutura narrativa convencional, sem intervenções gráficas ou encenações, se destaca pela sensibilidade pela qual diversos temas são retratados. Com uma montagem primorosa do próprio Zimny, entrevistas exclusivas com o Stallone de hoje são recortadas com uma seleção cuidadosa de depoimentos do ator no passado e de algumas pessoas próximas a ele - o que proporciona uma profundidade emocional impressionante. Aqui cito três figuras que realmente dão a exata dimensão da jornada pessoal e profissional de Sly - seu irmão Frank Stallone Jr, o amigo de longa data, Arnold Schwarzenegger e um estudioso Quentin Tarantino.
Em um primeiro olhar, a maneira como Stallone compartilha suas experiências e reflexões, muitas vezes pessoais e tocantes, revela um lado mais vulnerável do ator, o que é raramente visto na mídia convencional. O drama de sua relação conflituosa com seu pai Frank Stallone Sr. e a passagem sobre a morte de seu filho, Sage, são especialmente dolorosos. E aqui a direção de Thom Zimny se torna ainda mais notável - sua capacidade de mergulhar na jornada de Stallone com um estilo cinematográfico mais sensível ao mesmo tempo que muito respeitoso, é essencial para que certos tabus venham à tona sem uma desnecessária carga dramática sensacionalista. A fotografia deslumbrante e cuidadosamente elaborada pelo Justin Kane (de "Let There Be Drums!") acrescenta camadas à narrativa, criando uma experiência visualmente envolvente e extremamente alinhada com o tom que Zimny escolheu parta retratar um ser humano único, e uma celebridade ainda mais especial.
"Sly", de fato, nos permite conhecer o homem por trás de Rocky Balboa ou de John Rambo - sua disponibilidade, mesmo que deixe um certo ar de melancolia, é reveladora e apaixonante. Sua sinceridade e autenticidade contribuem para uma conexão imediata entre a audiência e a história. Claro que o documentário foge das polêmicas, preferindo uma espécie de celebração da resiliência, da determinação e da paixão de Sylvester Stallone pelo cinema. No entanto, fica o convite para ir além de uma análise superficial sobre um cara que se confunde com seus personagens propositalmente, um cara lutador que sempre consegue aguentar um pouco mais, que prefere falar dos filmes que foram sucesso na sua carreira e não gastar sua energia com seus fracassos, um cara que é unanimidade, mas que sofreu duros golpes até alcançar esse status.
Vale muito o seu play!
"Sly", documentário da Netflix sobre Sylvester Stallone, é muito mais que uma retrospectiva sobre a vida do ator, diretor, roteirista e produtor; é uma reflexão profunda sobre os impactos do "abandono". Embora o diretor Thom Zimny (do premiado "Springsteen on Broadway") tente construir uma linha temporal organizada e equilibrada que cubra os altos e baixos de sua carreira, especialmente com franquias como "Rocky" e "Rambo", é na humanização do protagonista que o roteiro ganha alma - alguns depoimentos sinceros de "Sly" são de cortar o coração, mas a forma como ele próprio transforma seus fantasmas mais íntimos em resiliência, dedicação, auto-conhecimento, reflexões existenciais; e como tudo isso funciona como gatilho criativo para as histórias de seus filmes e personagens, sem dúvida, é o que vai te fazer olhar por uma outra perspectivas para alguns trabalhos do ator.
A prolífica carreira de quase cinquenta anos de Sylvester Stallone, que já entreteve milhões, é vista em retrospectiva num olhar íntimo do ator, fazendo um paralelo com sua inspiradora história de vida entre sua infância humilde até seu status de estrela de cinema internacional. Confira o trailer (em inglês):
O documentário embora siga uma estrutura narrativa convencional, sem intervenções gráficas ou encenações, se destaca pela sensibilidade pela qual diversos temas são retratados. Com uma montagem primorosa do próprio Zimny, entrevistas exclusivas com o Stallone de hoje são recortadas com uma seleção cuidadosa de depoimentos do ator no passado e de algumas pessoas próximas a ele - o que proporciona uma profundidade emocional impressionante. Aqui cito três figuras que realmente dão a exata dimensão da jornada pessoal e profissional de Sly - seu irmão Frank Stallone Jr, o amigo de longa data, Arnold Schwarzenegger e um estudioso Quentin Tarantino.
Em um primeiro olhar, a maneira como Stallone compartilha suas experiências e reflexões, muitas vezes pessoais e tocantes, revela um lado mais vulnerável do ator, o que é raramente visto na mídia convencional. O drama de sua relação conflituosa com seu pai Frank Stallone Sr. e a passagem sobre a morte de seu filho, Sage, são especialmente dolorosos. E aqui a direção de Thom Zimny se torna ainda mais notável - sua capacidade de mergulhar na jornada de Stallone com um estilo cinematográfico mais sensível ao mesmo tempo que muito respeitoso, é essencial para que certos tabus venham à tona sem uma desnecessária carga dramática sensacionalista. A fotografia deslumbrante e cuidadosamente elaborada pelo Justin Kane (de "Let There Be Drums!") acrescenta camadas à narrativa, criando uma experiência visualmente envolvente e extremamente alinhada com o tom que Zimny escolheu parta retratar um ser humano único, e uma celebridade ainda mais especial.
"Sly", de fato, nos permite conhecer o homem por trás de Rocky Balboa ou de John Rambo - sua disponibilidade, mesmo que deixe um certo ar de melancolia, é reveladora e apaixonante. Sua sinceridade e autenticidade contribuem para uma conexão imediata entre a audiência e a história. Claro que o documentário foge das polêmicas, preferindo uma espécie de celebração da resiliência, da determinação e da paixão de Sylvester Stallone pelo cinema. No entanto, fica o convite para ir além de uma análise superficial sobre um cara que se confunde com seus personagens propositalmente, um cara lutador que sempre consegue aguentar um pouco mais, que prefere falar dos filmes que foram sucesso na sua carreira e não gastar sua energia com seus fracassos, um cara que é unanimidade, mas que sofreu duros golpes até alcançar esse status.
Vale muito o seu play!
Se a Alemanha contou a sua história empreendedora através da Wirecard em "Rei dos Stonks", por que a Suécia não deveria contar sua versão do "sucesso" através do Spotify em "Som na Faixa"? Com um tom dramático bem mais próximo de "WeCrashed", "The Dropout" e "Super Pumped: A Batalha Pela Uber", "The Playlist" (no original) surpreende por encontrar uma linha narrativa original dentro de um subgênero pouco criativo que vem ganhando cada vez mais audiência dentro das plataformas de streaming - dessa vez a história não é focada em um fundador excêntrico ou em controversas estratégias de crescimento a qualquer custo (embora também tenha isso), mas na visão holística de uma enorme transformação de mercado pelo ponto de vista de todos os seus principais atores.
A minissérie em 6 episódios conta a jornada de um grupo de jovens empreendedores, liderados por Daniel Ek (Edvin Endre), que aceita uma missão aparentemente impossível: mudar a indústria da música (e de consumo) com a criação de uma plataforma de streaming gratuita onde, sem a necessidade de downloads, seria possível montar (e socializar) uma playlist 100% pessoal. Confira o trailer:
Baseada no romance "Spotify Untold", igualmente conhecido como "Spotify Inifrån", escrito pelo Sven Carlsson e pelo Jonas Leijonhufvud, a minissérie dirigida pelo talentoso Per-Olav Sørensen (o mesmo do excelente "Areia Movediça") se aproveita de uma dinâmica muito inteligente para contar uma mesma história sob os olhares (e interesses) de 6 personagens diferentes (um por episódio). Dentro de um complexo ecossistema empreendedor, perceber a importância de cada uma das peças para que uma ideia se transforme, de fato, em algo relevante como negócio, não é tão simples quanto parece e "Som na Faixa" sabe exatamente como replicar essa situação.
Mesmo sendo uma produção sueca, o roteiro ficou nas mãos do inglês Christian Spurrier (de "Silent Witness") que com muita criatividade imprimiu uma fluidez narrativa das mais competentes: se no primeiro episódio conhecemos o fundador do Spotify, Daniel Ek; no segundo somos surpreendidos ao entendermos o outro lado da disrupção que Ek comandou, ou seja, aqui os holofotes vão para Per Sundin (Ulf Stenberg), o então presidente da Sony Music da Suécia. O interessante é que algumas cenas até se repetem, mas os próprios diálogos ou o tom de determinadas passagens são mostradas de maneiras diferentes criando a exata sensação de que para uma história sempre existem três versões: a de cada lado envolvido e, claro, a verdadeira que podemos nunca conhecer. Esse mesmo conceito se repete com outros quatro personagens: a advogada (Petra Hansson - Gizem Erdogan), o desenvolvedor (Andreas Ehn - Joel Lützow), o sócio (Martin Lorentzon - Christian Hillborg) e, finalmente, e não por acaso a última da cadeia: a artista (Bobbie - Janice Kavander).
"Som na Faixa" é muito cuidadosa ao explorar perspectivas diferentes sobre um mesmo evento, porém são nas inúmeras camadas que a minissérie vai desenvolvendo a partir desses personagens-chaves que, para mim, justificaria coloca-la entre as melhores ficções (mesmo baseada em fatos reais) sobre uma jornada empreendedora. Em níveis diferentes, conseguimos entender como esse caminho é desafiador desde a busca por uma solução para um problema real (as referências sobre o momento do mercado musical, a pirataria e até sobre o "Pirate Bay") até nas discussões sobre tecnologia e modelos de negócios (freemium x premium). Olha, até as aquisições duvidosas como a do uTorrent e o famoso embate com a Taylor Swift estão na história.
O fato é que "The Playlist" é um prato cheio para quem gosta do assunto, além de ser mais um exemplo de como a Netflix parece não conhece a fundo o potencial de seus próprios produtos - esse é uma pérola quase nada explorado pelo marketing da plataforma! Vale muito o seu play!
Se a Alemanha contou a sua história empreendedora através da Wirecard em "Rei dos Stonks", por que a Suécia não deveria contar sua versão do "sucesso" através do Spotify em "Som na Faixa"? Com um tom dramático bem mais próximo de "WeCrashed", "The Dropout" e "Super Pumped: A Batalha Pela Uber", "The Playlist" (no original) surpreende por encontrar uma linha narrativa original dentro de um subgênero pouco criativo que vem ganhando cada vez mais audiência dentro das plataformas de streaming - dessa vez a história não é focada em um fundador excêntrico ou em controversas estratégias de crescimento a qualquer custo (embora também tenha isso), mas na visão holística de uma enorme transformação de mercado pelo ponto de vista de todos os seus principais atores.
A minissérie em 6 episódios conta a jornada de um grupo de jovens empreendedores, liderados por Daniel Ek (Edvin Endre), que aceita uma missão aparentemente impossível: mudar a indústria da música (e de consumo) com a criação de uma plataforma de streaming gratuita onde, sem a necessidade de downloads, seria possível montar (e socializar) uma playlist 100% pessoal. Confira o trailer:
Baseada no romance "Spotify Untold", igualmente conhecido como "Spotify Inifrån", escrito pelo Sven Carlsson e pelo Jonas Leijonhufvud, a minissérie dirigida pelo talentoso Per-Olav Sørensen (o mesmo do excelente "Areia Movediça") se aproveita de uma dinâmica muito inteligente para contar uma mesma história sob os olhares (e interesses) de 6 personagens diferentes (um por episódio). Dentro de um complexo ecossistema empreendedor, perceber a importância de cada uma das peças para que uma ideia se transforme, de fato, em algo relevante como negócio, não é tão simples quanto parece e "Som na Faixa" sabe exatamente como replicar essa situação.
Mesmo sendo uma produção sueca, o roteiro ficou nas mãos do inglês Christian Spurrier (de "Silent Witness") que com muita criatividade imprimiu uma fluidez narrativa das mais competentes: se no primeiro episódio conhecemos o fundador do Spotify, Daniel Ek; no segundo somos surpreendidos ao entendermos o outro lado da disrupção que Ek comandou, ou seja, aqui os holofotes vão para Per Sundin (Ulf Stenberg), o então presidente da Sony Music da Suécia. O interessante é que algumas cenas até se repetem, mas os próprios diálogos ou o tom de determinadas passagens são mostradas de maneiras diferentes criando a exata sensação de que para uma história sempre existem três versões: a de cada lado envolvido e, claro, a verdadeira que podemos nunca conhecer. Esse mesmo conceito se repete com outros quatro personagens: a advogada (Petra Hansson - Gizem Erdogan), o desenvolvedor (Andreas Ehn - Joel Lützow), o sócio (Martin Lorentzon - Christian Hillborg) e, finalmente, e não por acaso a última da cadeia: a artista (Bobbie - Janice Kavander).
"Som na Faixa" é muito cuidadosa ao explorar perspectivas diferentes sobre um mesmo evento, porém são nas inúmeras camadas que a minissérie vai desenvolvendo a partir desses personagens-chaves que, para mim, justificaria coloca-la entre as melhores ficções (mesmo baseada em fatos reais) sobre uma jornada empreendedora. Em níveis diferentes, conseguimos entender como esse caminho é desafiador desde a busca por uma solução para um problema real (as referências sobre o momento do mercado musical, a pirataria e até sobre o "Pirate Bay") até nas discussões sobre tecnologia e modelos de negócios (freemium x premium). Olha, até as aquisições duvidosas como a do uTorrent e o famoso embate com a Taylor Swift estão na história.
O fato é que "The Playlist" é um prato cheio para quem gosta do assunto, além de ser mais um exemplo de como a Netflix parece não conhece a fundo o potencial de seus próprios produtos - esse é uma pérola quase nada explorado pelo marketing da plataforma! Vale muito o seu play!
"Sonhos de uma vida" é um filme muito difícil em sua forma e em seu conteúdo. Em sua forma pelo fato de ter uma narrativa bastante cadenciada, lenta até, extremamente autoral - o que permite algumas escolhas que vão contra o entendimento de um público que busca mais entretenimento. E em seu conteúdo por falar essencialmente sobre o "arrependimento" em uma camada mais superficial e sobre a "dor" se você se permitir uma imersão mais profunda na história.
O filme acompanha um dia na vida de um pai, Leo (Javier Bardem) e de sua filha, Molly (Elle Fanning). Ele está claramente debilitado, mesmo que a história não se preocupe em explicar o motivo de seu estado de saúde. Por outro lado, Molly se dedica a cuidar do pai e, apesar de estar em um momento de ascensão profissional (que exige também a sua atenção), ela escolhe deixar o trabalho de lado para estar com ele e tentar entender como seu esforço pode, de fato, melhorar sua qualidade de vida. Confira o trailer:
Sally Potter é uma diretora (e roteirista) premiada em praticamente todos os filmes em que esteve envolvida. Quando "The Roads Not Taken"(título original) chegou em Berlin em 2020, imediatamente ele foi chancelado como um dos favoritos para levar o Urso de Ouro no Festival - apenas com essa informação já é possível se ter uma ideia da qualidade técnica e artística do filme, e isso vai se comprovar imediatamente após o play. Porém, o contexto em que o filme é exibido hoje pode provocar um certo distanciamento do público acostumado com uma narrativa mais linear e uma trama mais, digamos, mastigada. "Sonhos de uma vida" não vai entregar essa experiência, muito pelo contrário, entender a dinâmica que a diretora escolheu como forma de contar sua história impacta diretamente na maneira como nos relacionamos com ela - e aqui é preciso elogiar o trabalho de Potter também como roteirista, já que ela é capaz de nos surpreender quando nossa descrença começa a incomodar e ao mesmo tempo nos "decepcionar" quando finalmente achamos que encontramos o caminho mais confortável de onde a história vai nos levar. Veja, como na relação entre Leo e Molly, vai ser muito difícil termos a certeza de que fomos capazes de assimilar todos os sentimentos que Potter nos propõe.
Contada em três linhas temporais diferentes que se misturam em um montagem perfeita (mérito de Emilie Orsini, Jason Rayton e da própria Sally Potter), a história vai construindo a personalidade do protagonista ao mesmo tempo que vai nos apresentando suas cicatrizes - Javier Bardem que tem uma performance discutível como o Leo do presente, é praticamente perfeito com o personagem no passado! Dos diálogos às ações, Bardem se coloca em uma posição de muita vulnerabilidade, que se encaixe perfeitamente nos momentos de vida de Leo. Já Elle Fanning dá outra aula - sou um fã e o fato de considerar ela uma das melhores atrizes de sua geração não vem de hoje. Esse seu trabalho é maduro, consistente - uma pena que o caráter independente tenha afastado Fanning das premiações até aqui.
Talvez o maior problema de "Sonhos de uma vida" tenha sido acreditar que sua complexidade pudesse fornecer alguns ensinamentos sobre a essência humana, em momentos de muita sensibilidade, enquanto na verdade sua maior força é justamente provocar a reflexão sobre o que é "certo" e o que é "errado" - a última cena do filme talvez descreva exatamente essa dualidade das escolhas que fazemos durante a vida. A grande questão para você que lê esse review até aqui é se, após o play, você estará disposto a olhar para dentro e se questionar sobre as decisões tomadas no passado e se elas impactaram de uma forma diferente do que você mesmo imaginou no seu presente - e se isso acontecer, o filme terá cumprido o seu papel.
"Sonhos de uma vida" é um filme muito difícil em sua forma e em seu conteúdo. Em sua forma pelo fato de ter uma narrativa bastante cadenciada, lenta até, extremamente autoral - o que permite algumas escolhas que vão contra o entendimento de um público que busca mais entretenimento. E em seu conteúdo por falar essencialmente sobre o "arrependimento" em uma camada mais superficial e sobre a "dor" se você se permitir uma imersão mais profunda na história.
O filme acompanha um dia na vida de um pai, Leo (Javier Bardem) e de sua filha, Molly (Elle Fanning). Ele está claramente debilitado, mesmo que a história não se preocupe em explicar o motivo de seu estado de saúde. Por outro lado, Molly se dedica a cuidar do pai e, apesar de estar em um momento de ascensão profissional (que exige também a sua atenção), ela escolhe deixar o trabalho de lado para estar com ele e tentar entender como seu esforço pode, de fato, melhorar sua qualidade de vida. Confira o trailer:
Sally Potter é uma diretora (e roteirista) premiada em praticamente todos os filmes em que esteve envolvida. Quando "The Roads Not Taken"(título original) chegou em Berlin em 2020, imediatamente ele foi chancelado como um dos favoritos para levar o Urso de Ouro no Festival - apenas com essa informação já é possível se ter uma ideia da qualidade técnica e artística do filme, e isso vai se comprovar imediatamente após o play. Porém, o contexto em que o filme é exibido hoje pode provocar um certo distanciamento do público acostumado com uma narrativa mais linear e uma trama mais, digamos, mastigada. "Sonhos de uma vida" não vai entregar essa experiência, muito pelo contrário, entender a dinâmica que a diretora escolheu como forma de contar sua história impacta diretamente na maneira como nos relacionamos com ela - e aqui é preciso elogiar o trabalho de Potter também como roteirista, já que ela é capaz de nos surpreender quando nossa descrença começa a incomodar e ao mesmo tempo nos "decepcionar" quando finalmente achamos que encontramos o caminho mais confortável de onde a história vai nos levar. Veja, como na relação entre Leo e Molly, vai ser muito difícil termos a certeza de que fomos capazes de assimilar todos os sentimentos que Potter nos propõe.
Contada em três linhas temporais diferentes que se misturam em um montagem perfeita (mérito de Emilie Orsini, Jason Rayton e da própria Sally Potter), a história vai construindo a personalidade do protagonista ao mesmo tempo que vai nos apresentando suas cicatrizes - Javier Bardem que tem uma performance discutível como o Leo do presente, é praticamente perfeito com o personagem no passado! Dos diálogos às ações, Bardem se coloca em uma posição de muita vulnerabilidade, que se encaixe perfeitamente nos momentos de vida de Leo. Já Elle Fanning dá outra aula - sou um fã e o fato de considerar ela uma das melhores atrizes de sua geração não vem de hoje. Esse seu trabalho é maduro, consistente - uma pena que o caráter independente tenha afastado Fanning das premiações até aqui.
Talvez o maior problema de "Sonhos de uma vida" tenha sido acreditar que sua complexidade pudesse fornecer alguns ensinamentos sobre a essência humana, em momentos de muita sensibilidade, enquanto na verdade sua maior força é justamente provocar a reflexão sobre o que é "certo" e o que é "errado" - a última cena do filme talvez descreva exatamente essa dualidade das escolhas que fazemos durante a vida. A grande questão para você que lê esse review até aqui é se, após o play, você estará disposto a olhar para dentro e se questionar sobre as decisões tomadas no passado e se elas impactaram de uma forma diferente do que você mesmo imaginou no seu presente - e se isso acontecer, o filme terá cumprido o seu papel.
“Spencer” é um ótimo drama baseado em uma história real. Com roteiro de Steven Knight (também roteirista da série “Peaky Blinders”).
O filme mostra o que aconteceu nos últimos dias do casamento da princesa Diana (Kristen Stewart) com o príncipe Charles (Jack Farthing), que andava frio já fazia um bom tempo. E embora houvesse muitos rumores de casos e até de um possível divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal, na casa de campo da Família Real. Diana, mesmo estando em um ambiente de luxo, poder e fama, conhecia as regras do jogo de aparências e cada vez mais se via infeliz e totalmente deslocada nesse ambiente. Confira o trailer:
A direção feita com maestria por Pablo Larrain (do excelente "O Clube"), transmite toda a sensação de desconforto da personagem. É claustrofóbico, angustiante e desesperador. Kristen Stewart está no melhor papel de sua carreira, que inclusive rendeu uma indicação ao Oscar 2022 - eu vi algumas cenas reais da princesa Diana, e com isso só tive mais certeza do talento dessa atriz que já foi muito subestimada anteriormente por ter iniciado sua carreira em “Crepúsculo”. A trilha sonora é do ótimo Jonny Greenwood, que recentemente trabalhou em “Ataque de Cães” - pesquise por esse nome e veja para quantos filmes ele já compôs, tenho certeza de que não restarão dúvidas que sua colaboração nesse drama também foi outro grande acerto de sua carreira.
“Spencer” é mais um filme que não deve agradar o público geral, mas para quem conhece um pouco da história real ou aprecia os trabalhos da atriz Kristen Stewart ou até do diretor Pablo Larrain (como “Jackie” ou "Neruda", só para citar as biografias), certamente vai ter uma experiência surpreendente.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Spencer” é um ótimo drama baseado em uma história real. Com roteiro de Steven Knight (também roteirista da série “Peaky Blinders”).
O filme mostra o que aconteceu nos últimos dias do casamento da princesa Diana (Kristen Stewart) com o príncipe Charles (Jack Farthing), que andava frio já fazia um bom tempo. E embora houvesse muitos rumores de casos e até de um possível divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal, na casa de campo da Família Real. Diana, mesmo estando em um ambiente de luxo, poder e fama, conhecia as regras do jogo de aparências e cada vez mais se via infeliz e totalmente deslocada nesse ambiente. Confira o trailer:
A direção feita com maestria por Pablo Larrain (do excelente "O Clube"), transmite toda a sensação de desconforto da personagem. É claustrofóbico, angustiante e desesperador. Kristen Stewart está no melhor papel de sua carreira, que inclusive rendeu uma indicação ao Oscar 2022 - eu vi algumas cenas reais da princesa Diana, e com isso só tive mais certeza do talento dessa atriz que já foi muito subestimada anteriormente por ter iniciado sua carreira em “Crepúsculo”. A trilha sonora é do ótimo Jonny Greenwood, que recentemente trabalhou em “Ataque de Cães” - pesquise por esse nome e veja para quantos filmes ele já compôs, tenho certeza de que não restarão dúvidas que sua colaboração nesse drama também foi outro grande acerto de sua carreira.
“Spencer” é mais um filme que não deve agradar o público geral, mas para quem conhece um pouco da história real ou aprecia os trabalhos da atriz Kristen Stewart ou até do diretor Pablo Larrain (como “Jackie” ou "Neruda", só para citar as biografias), certamente vai ter uma experiência surpreendente.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Antes de mais nada é preciso dizer que esse filme do "Steve Jobs" é infinitamente melhor do que o anterior "Jobs" do Joshua Michael Stern e com Ashton Kutcher como protagonista. Dessa vez temos um filme de verdade, a altura do personagem, com roteiro de Aaron Sorkin (Rede Social), direção Danny Boyle (Quem quer ser um milionário) e com Michael Fassbender (Shame) interpretando Jobs - pronto, com apenas três nomes colocamos esse filmaço em outro patamar!
O filme se utiliza dos bastidores de três lançamentos icônicos de Jobs como pano de fundo, para discutir uma era de revolução digital ao mesmo tempo em que apresenta um retrato íntimo de Steve Jobs em sua relação com colaboradores, com a família e, principalmente, com sua forma de enxergar o mundo que ele se propôs a transformar com suas ideias. Confira o trailer:
Discutir a importância ou a influência que Steve Jobs teve no mundo moderno talvez representasse a grande armadilha ao se propor escrever um roteiro sobre a vida de um personagem tão importante e complexo - Sorkin não caiu nesse erro! Baseado na biografia escrita por Walter Isaacson, jornalista que cobriu grande parte das apresentações de Jobs, Sorkin transformou uma longa trajetória de sucessos e fracassos em três grandes momentos e com dois ótimos links: os lançamentos do Macintosh, da NeXT e do iMac e a relação com Lisa, sua filha. Dessa forma, detalhes técnicos e inovadores servem apenas como pano de fundo para o que o filme quer, de fato, discutir: a psicologia complexa por trás das decisões de Jobs e como sua personalidade influenciou nos relacionamentos com as pessoas que o cercavam.
Dirigir uma cinebiografia pautada pelo drama pessoal de Jobs, expondo suas manias, criações e erros exige uma habilidade que Boyle tem de sobra: a de criar uma agilidade cênica capaz de dar todas as ferramentas para Michael Fassbendere todo elenco de apoio brilharem - não por acaso as duas únicas indicações de "Steve Jobs" ao Oscar de 2016 foram de "Melhor Ator" e "Melhor Atriz Coadjuvante" com Kate Winslet. Merecia indicações por direção e roteiro, sem dúvida, mas é óbvio que a escolha conceitual de Boyle priorizou o talento do elenco que deu um show - embora ninguém se pareça fisicamente com seus personagens reais. Reparem como cada um dos coadjuvantes entram e saem de cena, com uma velocidade quase teatral, em um ritmo incrível para um filme de mais de duas horas.
"Steve Jobs" não vai ensinar os caminhos para o empreendedor ou fazer um estudo de caso para explicar como Apple se tornou a maior empresa de tecnologia do mundo. Muito menos radiografar os motivos que fizeram Jobs ser considerado um gênio, o maior de sua geração. O filme quer é explorar as camadas mais pessoais de um personagem tão inteligente e visionário quanto difícil e egocêntrico. Mesmo apoiado em famosas frases de efeito e em longos diálogos, esse filme se torna inesquecível pela forma como discute os pontos mais obscuros da vida de Jobs ao mesmo tempo em que comprova sua dedicação e propósito pelo trabalho!
Imperdível! Daqueles que assistiremos algumas vezes durante a vida!
Antes de mais nada é preciso dizer que esse filme do "Steve Jobs" é infinitamente melhor do que o anterior "Jobs" do Joshua Michael Stern e com Ashton Kutcher como protagonista. Dessa vez temos um filme de verdade, a altura do personagem, com roteiro de Aaron Sorkin (Rede Social), direção Danny Boyle (Quem quer ser um milionário) e com Michael Fassbender (Shame) interpretando Jobs - pronto, com apenas três nomes colocamos esse filmaço em outro patamar!
O filme se utiliza dos bastidores de três lançamentos icônicos de Jobs como pano de fundo, para discutir uma era de revolução digital ao mesmo tempo em que apresenta um retrato íntimo de Steve Jobs em sua relação com colaboradores, com a família e, principalmente, com sua forma de enxergar o mundo que ele se propôs a transformar com suas ideias. Confira o trailer:
Discutir a importância ou a influência que Steve Jobs teve no mundo moderno talvez representasse a grande armadilha ao se propor escrever um roteiro sobre a vida de um personagem tão importante e complexo - Sorkin não caiu nesse erro! Baseado na biografia escrita por Walter Isaacson, jornalista que cobriu grande parte das apresentações de Jobs, Sorkin transformou uma longa trajetória de sucessos e fracassos em três grandes momentos e com dois ótimos links: os lançamentos do Macintosh, da NeXT e do iMac e a relação com Lisa, sua filha. Dessa forma, detalhes técnicos e inovadores servem apenas como pano de fundo para o que o filme quer, de fato, discutir: a psicologia complexa por trás das decisões de Jobs e como sua personalidade influenciou nos relacionamentos com as pessoas que o cercavam.
Dirigir uma cinebiografia pautada pelo drama pessoal de Jobs, expondo suas manias, criações e erros exige uma habilidade que Boyle tem de sobra: a de criar uma agilidade cênica capaz de dar todas as ferramentas para Michael Fassbendere todo elenco de apoio brilharem - não por acaso as duas únicas indicações de "Steve Jobs" ao Oscar de 2016 foram de "Melhor Ator" e "Melhor Atriz Coadjuvante" com Kate Winslet. Merecia indicações por direção e roteiro, sem dúvida, mas é óbvio que a escolha conceitual de Boyle priorizou o talento do elenco que deu um show - embora ninguém se pareça fisicamente com seus personagens reais. Reparem como cada um dos coadjuvantes entram e saem de cena, com uma velocidade quase teatral, em um ritmo incrível para um filme de mais de duas horas.
"Steve Jobs" não vai ensinar os caminhos para o empreendedor ou fazer um estudo de caso para explicar como Apple se tornou a maior empresa de tecnologia do mundo. Muito menos radiografar os motivos que fizeram Jobs ser considerado um gênio, o maior de sua geração. O filme quer é explorar as camadas mais pessoais de um personagem tão inteligente e visionário quanto difícil e egocêntrico. Mesmo apoiado em famosas frases de efeito e em longos diálogos, esse filme se torna inesquecível pela forma como discute os pontos mais obscuros da vida de Jobs ao mesmo tempo em que comprova sua dedicação e propósito pelo trabalho!
Imperdível! Daqueles que assistiremos algumas vezes durante a vida!