indika.tv - Música - Quando o artista se entrega à obra por completo: Björk em "Dançando no Escuro"

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Quarta, 25 Setembro 2019 15:36

Música - Quando o artista se entrega à obra por completo: Björk em "Dançando no Escuro"

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É encantador quando um artista se dedica por completo à uma obra e consegue atingir um nível altíssimo de criatividade e singularidade. Em "Dançando no Escuro" (Dancer in the Dark) de 2000, filme do renomado diretor Lars von Trier, temos Björk (conceituada musicista islandesa) num trabalho magnífico, onde é responsável por uma atuação tocante e uma trilha sonora ímpar. Por causa do seu incrível trabalho, o filme foi indicado em diversas premiações como o Oscar de Melhor Canção Original por "I've Seen It All" e, também, a Palma de Ouro (melhor filme) e Melhor Atuação Feminina no Festival de Cannes, em que saiu vencedor de ambos.

Para quem se aprofunda mais no lado artístico do Cinema e da Música, é fato que Björk se tornou conhecida por ser super criativa e inovadora, por produzir músicas abstratas e experimentais; e que Lars von Trier é um diretor famoso por abordar uma perspectiva diferente do cinema, com os seus filmes bucólicos, nauseantes e perturbadores. A junção desses dois artistas incomuns resultou num dramático filme musical belíssimo, que contrastou friamente a inocência humana com a crueldade imposta pelo mundo. E para sustentar toda essa densidade criada pelo roteiro do filme, Björk compôs músicas que somente ela seria capaz de fazer, incrementando as suas composições "malucas" e voz excêntrica.

A trilha sonora agradou tanto Björk, que após a estreia do filme, a cantora lançou um disco denominado "Selmasongs" (músicas da Selma) em referência à Selma Jezková, personagem protagonista do filme. As faixas contam com regravações das canções originais e partes melódicas contidas no filme - trazendo a sua voz com maior evidência e alternando entre melodias quebradas e teatrais com escalas complexas que exploram notas altas e prolongadas que mostram a sua grande potência vocal, como em "Cvalda" e "Scatterheart".

O grande destaque do disco fica por "I've Seen It All", música que no filme é cantada por Björk e Peter Stormare, onde protagonizam uma cena apaixonante (de mover sorrisos e derramar lágrimas). Porém, no álbum, a voz masculina foi interpretada por Thom Yorke, que canta de forma grave e contrasta com a voz fina de Björk, criando assim um dueto lindíssimo que expõe de um jeito profundo a sua letra extremamente poética. A linha vocal dessa música aliada com a incrível orquestração de fundo fazem dela um dos temas mais lindos criados para o cinema. 

Interessante que nesse trabalho temos pela primeira vez Björk indo para uma linha mais sinfônica, onde foi, inclusive, responsável pela produção de todas as suas faixas. Essa influência sinfônica misturada com a sua essência experimental produziu canções peculiares como "107 Steps" e "New World", as quais são revestidas por violinos e instrumentos de sopro que trabalham em harmonia e dão o tom orquestral para o disco.

É admirável ver como alguns artistas conseguem dominar diferentes campos da arte, e, no filme "Dançando no Escuro", Björk conseguiu equilibrar de forma exímia quatro das sete artes conhecidas: música, poesia, dança e cinema - sendo que no filme a música foi a base para todas. Aplausos!

Confira Björk cantando "I've Seen It All" na Cerimônia do Oscar:

E agora você pode ouvir a playlist que preparei para a Viu Review com as canções de Dançando no Escuro, regravadas e lançadas em Selmasongs:

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