indika.tv - Guerra de Streamings - Um "novo" movimento que não tem nada de novo

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Quinta, 03 Setembro 2020 13:54

Guerra de Streamings - Um "novo" movimento que não tem nada de novo

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Em menos de uma semana a Globo e a Amazon anunciaram movimentos estratégicos para incrementar suas respectivas plataformas de streaming. Anunciadas como verdadeiras inovações, o que encontramos na verdade é uma versão requentada de um pacote de TV por assinatura no caso da Globo e uma cópia do modelo que a Apple anunciou há mais de um ano atrás no caso da Prime Vídeo! Eu explico:

No dia 25 de março de 2019 a Apple anunciava o lançamento do novo serviço de streaming, o AppleTV+, e sua incursão no mercado de produções originais apoiada em nomes de peso como Oprah Winfrey, Steven Spielberg, Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Octavia Spencer, J.J. Abrams, Jason Momoa, M. Night Shyamalan, etc. Na mesma data, porém, a Apple também apresentou o novo app "Apple TV", que nada mais era do que um verdadeiro marketplace de serviços de streaming: os usuários, então, poderiam assinar apenas os canais que quisessem assistir através de um único app e sem a necessidade de criar outras contas, senhas, carências, etc. Em breve estariam disponíveis no app, canais da HBO, Starz, SHOWTIME, CBS All Access, Smithsonian Channel, EPIX, Tastemade, Noggin e muitas outras opções.

Há quase um mês atrás participei do podcast "Prazópia" onde comentei sobre minha percepção de como o mercado de streaming estava se comportando e quais seriam os principais movimentos que as empresas fariam no curto prazo: como a Apple antecipou, eu também acho que a construção de uma plataforma de marketplace com vários serviços de streaming, certamente, seria uma saída inteligente para a dificuldade enorme de navegação que já estamos sentindo, principalmente se integrada com alguma solução de curadoria e recomendações (efetiva e personalizada) como desenvolvemos na Viu Review - ouça aqui! Acontece que a própria Apple vem encontrando dificuldades na escala do seu modelo, por região, e até o fechamento dessa publicação, aqui no Brasil, só estavam disponíveis os serviços: "Starzplay", "Noggin" e "Smithsonian Channel - muito pouco para quem prometeu facilitar (para não falar "revolucionar") a forma como se consumia entretenimento via streaming!

Pois bem, aproveitando esse estado de (des)conforto da Apple, a Amazon trouxe para o seu ambiente, exatamente a mesma solução, porém com mais barulho: com o lançamento do "Amazon Prime Video Channels", a plataforma passa a entregar para o seu assinante Prime, a possibilidade de complementar sua experiência como consumidor de entretenimento - leia-se "permitindo a construção de um portfólio de conteúdo" com cinco novos canais, ampliando assim o catálogo de séries e filmes com milhares de novos títulos, de acordo com seu gosto e com um "pequeno" custo adicional. Como sugeriu a Apple lá atrás, esse novo produto foi pensado para ser conveniente, ou seja, o usuário teria mais opções de serviços de streaming em uma única plataforma, assinando por quanto tempo quiser, sem qualquer tipo de dificuldade!

Já é possível assinar pela Prime Vídeo: "Starzplay" por 14,90, "Paramount+" por 19,90, "MGM" por 14,90, "Noggin" por 9,95 e "Looke" por 16,90 - somando aos 9,90 iniciais, o valor de qualquer um desses serviços. O que me incomoda um pouco, e aqui é preciso entender que o mercado ainda está buscando o melhor modelo de negócio e está todo mundo querendo tirar uma lasquinha da Netflix antes da Disney Plus chegar por aqui, é que praticamente não existe vantagem competitiva alguma que me faça experimentar um serviço como o da MGM por 14,90 mensais para assistir "Legalmente Loira 1 e 2", "Exterminador do Futuro" ou "Rocky" - e isso serve para todos os outros canais que praticamente não tem força (nem tantas novidades) para manter uma receita recorrente de longo prazo. Agora imagine se os preços fossem 50% menores, não faria mais sentido assinar, em uma mesma plataforma, pelo menos mais um serviço de acordo com minha preferência pessoal ou pelo nicho que pertenço, por exemplo? Eu teria a "Prime Video" por 9,90 + "Starzplay" por 7,90 = 17,80, contra os 22,90 que gasto com a Globoplay, ficaria mais competitivo, não?

Falando em Globoplay, também essa semana, ela anunciou uma nova opção de pacotes com os canais da Globosat por 49,90 (um valor inegavelmente mais baixo que o pago pelo mesmo conteúdo na TV por assinatura). Pois bem, acho genial a possibilidade de não ter que assinar uma TV por assinatura para poder assistir "Sportv" por exemplo, mas calma, se eu quiser assinar só os canais de esporte eu posso? Não, você não pode, pelo menos por enquanto! Inexplicavelmente a Globo trás para o seu streaming (que está em pleno crescimento) a mesma política absurda que está acabando com a TV por assinatura! Não dá mais para montar "pacotes" e enfiar goela abaixo dos usuários, ou pelo menos, só dar essa opção - a não ser que você ache que essa forma de distribuir conteúdo pode canibalizar seu outro braço de negócios!

Esse "novo pacote" da Globoplay tem canais que atingem públicos completamente distintos, muitos sem conexão entre si, e parece que a Globo ainda não se deu conta que para se tornar competitiva nesse novo mercado, onde ela não é mais a intocável ou o player que dita as regras (e que tem um perfil de publico completamente diferente do que está acostumada), que ela vai ter que inovar de verdade, entender o que ela tem de melhor e ainda facilitar o acesso para o assinante - e não requentar um modelo falido em um novo canal de distribuição! Imaginem quebrar a programação da Globosat em novos grupos de canais independentes e permitir que o seu assinante monte seu line-up! Imaginem lançar os Canais "Sportv" por 9,90 que somados ou plano inicial da Globoplay de 22,90, entregasse Entretenimento + Esporte por 32,80, por exemplo? Veja, hoje eu tenho a opção da "DAZN", em breve da "ESPN" e se eu não quero Globo News, eu preciso mesmo pagar por ela para assistir esportes? Hoje não dá mais! Usar sua plataforma para ser seu próprio marketplace e permitir que o assinante (usuário) monte uma grade de programação, de acordo com sua vontade, preferência e sem necessidade de fidelidade, faria desse modelo "tailor made" um grande sucesso, pode acreditar! Agora, colocar apenas a possibilidade de assistir canais da Globosat "ao vivo" e sem ser sob demanda - sim, nesse modelo você só pode resgatar um conteúdo de 4 horas atrás ou esperar 6 meses para assistir o que perdeu sob demanda! Não faz o sentido, pelo menos no meu ponto de vista!

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