Havia uma tendência natural de uma queda absurda na base de assinantes da HBO após o ultimo episódio de "Game of Thrones" - De acordo com uma pesquisa feita pelo DecisionData, 37% das pessoas que tinham o canal pensavam em cancelar suas assinaturas; mas com o inesperado sucesso de "Chernobyl" (leia o review aqui, porque essa minissérie é realmente imperdível) a HBO demonstrou que, além da excelência em produção e muita competência em estratégia de programação, podia contar com o imponderável: a sorte.
No final de semana do último episódio de "GoT", a HBO lançou "Chernobyl" com a pretensão de servir apenas de "ponte" para o lançamento da segunda temporada de "Big Little Lies". Porém o sucesso surpreendente da "minissérie catásfrofe" potencializou a estratégia: "Chernobyl" não só serviu de "ponte" como também "turbinou" a estreia de "BLL". Vinda de uma primeira temporada exemplar em 2017, ganhando 8 Emmys, 4 Globos de Ouro e mais de 40 prêmios pelo mundo, "Big Little Lies" era a menina os olhos da programação da HBO, mas precisava manter seu nível de qualidade narrativo e estético.
Para o lugar do excelente diretor canadense Jean-Marc Vallée, a HBO trouxe a inglesa Andrea Arnold. Arnold tinha em seu currículo a direção de dois projetos para a Amazon Prime: "I Love Dick" e "Transparent", mas notadamente o estilo de direção, focado na relação dos personagens, que ganhou muita força no que diz respeito aos conceitos estéticos tão presente na 1ª temporada de "Big Little Lies" pelas mãos de Vallée, foi seu curta-metragem vencedor do Oscar de 2005 (além de Sundance e Oberhausen): "Wasp". Confira o curta-metragem na íntegra e reparem nas semelhanças de estilos que a HBO buscou para a "BLL".
Demais, não? Bom, com Vallée como produtor, o alinhamento do conceito e qualidade estética do projeto estava resolvido.
Depois de tudo que aconteceu com "True Detective" e o fantasma de transformar uma história "com começo, meio e fim" em uma obra seriada, a HBO priorizou o desenvolvimento da trama e a ampliação dos arcos de cada uma das personagens para a 2ª Temporada. O Criador David E. Kelley teve tempo para mergulhar nos mistérios da persona das "Cinco de Monterey" ao lado de Liane Moriarty, autora do livro que deu origem a minissérie, para criar um contraponto forte e provocador que seria capaz de tirar as protagonistas da zona de conforto. É aí que veio o tiro de misericórdia: a chegada de Mary Louise Wright, mãe de Perry Wright, marido de Celeste. Uma mulher tão complexa como as outras, mas que prometia desvendar o mistério por trás da morte do filho. Para o papel, só Meryl Streep!!! Veja o trailer abaixo:
Eu assisti o primeiro episódio dessa segunda temporada e posso afirmar com muita tranquilidade que o nível de produção, de conceito estético e narrativo, de trama, de interpretação, continua incrível!!! O episódio é uma aula de montagem e fotografia, além de ter um cuidado minucioso no trabalho de cada uma das protagonistas e com uma Meryl Streep sensacional. Aliás, pode separar o prêmio de atriz coadjuvante para ela já no próximo Emmy e Golden Globe!
O fato é que com a competência do planejamento no desenvolvimento da 2ª Temporada, a sorte de ter um Chernobyl ajudando na retenção de assinantes e a sagacidade de trazer uma Meryl Streep para o elenco, fez com que a estreia de "Big Little Lies" tenha sido um sucesso, minimizando a queda na base de assinantes dos previstos 37% para apenas 19% e melhor, um aumento da audiência em mais de 30% em comparação ao lançamento da minissérie em 2017, chegando ao expressivo número de 2,5 milhões de pessoas - número muito próximo do último episódio da 1ª Temporada!!!
Assim que assistir toda a temporada, você, certamente, vai encontrar um review completo na nossa plataforma "Viu Review". Aguarde!!
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