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Terça, 05 Novembro 2019 09:29

Primeiras Impressões - "His Dark Materials" mostrou grande potencial

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A nova série de fantasia da HBO não é o próximo Game of Thrones e isso é um fato! Seu tom é completamente diferente, mas nem por isso não deixa de ser uma grande aposta para cobrir uma lacuna que trouxe excelentes resultados para o canal. Agora, alinhar as expectativas talvez seja o primeiro passo para se encantar com a obra de Philip Pullman e foi por aí que preparamos essa análise. Confira:

Baseada na trilogia de livros homônima do britânico Philip Pullman, "His Dark Materials" ganhou o título de "Fronteiras do Universo" aqui no Brasil. Sua obra era composta por três livros: "A Bússola de Ouro", "A Faca Sútil" e "A Luneta Âmbar"-  e aqui já é possível perceber o tom mais leve que o Universo criado por Pullman segue! Por se tratar de uma série de fantasia e estar na HBO (mesmo sendo uma produção da BBC), é natural criar a expectativa de que o projeto pudesse se tornar uma nova "Game of Thrones" e isso acaba sendo um pecado, pois "His Dark Materials" tem uma identidade muito particular e uma mitologia bastante interessante, mas bem menos sombria que a obra de George R. R. Martin.

A série acompanha Lyra Belacqua (Dafne Keen de Logan), uma jovem que vive em um mundo bem parecido com o nosso, não fossem os Daemons, animais falantes que representam a essência de cada indivíduo, sua alma! - aqui cabe meu primeiro comentário: o roteiro foi muito feliz ao iniciar o episódio com uma rápida explicação, comparando o mundo que vivemos com o de Lyra. Isso trouxe uma certa segurança para mergulhar naquele universo tão complexo - me lembrou muito o prólogo de "Harry Potter". Enfim, continuando, nesse mundo misterioso existe uma instituição religiosa que controla a sociedade chamada Magisterium, é ela que delimita o conhecimento para manter o controle sobre a fé das pessoas (alguém já viu isso em algum lugar?). Porém, o Lord Asriel (James McAvoy), tio de Lyra, descobre a existência de um Mundo Paralelo, em um território conhecido como "Norte", onde poucos se arriscam chegar - é nesse momento que começamos a entender que existe uma trama paralela mais adulta, onde o poder, traição e conspirações entram com mais força na história. Outro elemento interessante apresentado no primeiro episódio diz respeito ao desaparecimento de algumas crianças, notavelmente importante para a trama, pois é com esse pretexto que Lyra parte para Londres ao lado de outra personagem bastante interessante, Marisa Coulter (Ruth Wilson) - é impressionante como tudo é muito bem desenhado: cada personagem deixa sua mensagem, sai ou continua na história com muita clareza, mesmo que nos enchendo de dúvidas; por mais paradoxal que possa parecer essa minha afirmação! (rs)

É inegável que ao terminarmos de assistir o episódio, temos a sensação que lemos apenas o primeiro capítulo de uma história que vai nos prender por muito tempo. Claro que existe aquela certa lentidão em nos apresentar aquele Universo complexo e desconhecido, mas, como em um livro, basta pegar o ritmo que tudo flui melhor. A produção em si, é sensacional, com uma direção de arte impecável e uma fotografia belíssima que privilegia os planos abertos nos momentos mais fantásticos e os planos fechados nos momentos mais humanos da história - aliás, acho que é isso que vai ditar o seu ritmo, fantasia e empatia sempre lado a lado! Gostei da identidademda série, trouxe um ar literário para o "look" das cenas - mais leve, mas sem infantilizar (um dos problemas que senti quando assisti "A Bússola de Ouro" em 2007). Pode anotar aí: "His Dark Materials" vem forte na disputa dos prêmios técnicos e de arte no próximo ano!

Bom, minha sugestão é a seguinte: se você busca algo mais próximo de "Game of Thrones", eu acredito que "Carnival Row" da Amazon possa te agradar mais que "His Dark Materials", mas, sinceramente, se você gosta do gênero, eu não descartaria a série da HBO pelo seu primeiro episódio menos, digamos, adulto. Existem muitos elementos que vão nos afastar cada vez mais desse mood "Harry Potter" e nos levar para discussões mais sérias, filosóficas até, mas sempre ancoradas em mundo fantástico, misterioso e fascinante - pode esperar! Vale o play tranquilamente!

 

 

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