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Three Pines

Diretor
Samuel Donovan
Elenco
Alfred Molina, Rossif Sutherland, Elle-Máijá Tailfeathers
Ano
2022
País
Canadá

Drama Max ml-investigação ml-relacoes ml-crime ml-heroi ml-livro ml-nordica ml-pf

Three Pines

"Three Pines" merecia mais do que seus 8 episódios da primeira temporada, especialmente pelo seu confortável formato, antológico na sua essência, onde a cada dois episódios você tem uma uma nova trama de investigação para acompanhar ao lado do perspicaz Inspetor-Chefe Armand Gamache. Pois bem, Lançada em 2022 pela Amazon Prime Vídeo, mas aqui no Brasil disponível na Max, a série criada por Emilia di Girolamo (uma das roteiristas-chefe de "The Tunnel") é na verdade uma adaptação das famosas histórias de mistério policial da autora canadense Louise Penny, ambientadas na fictícia vila de Three Pines. A série mescla investigações de crimes complexos com uma atmosfera peculiar e misteriosa, combinando elementos de drama e suspense em uma narrativa bastante envolvente que explora temas sociais e psicológicos profundos. Assim como a saudosa série finlandesa "Bordertown" (quem souber do que eu estou falando, pode dar o play sem ao menos terminar essa análise), "Three Pines" vai além do enredo criminal americano que estamos acostumados, focando nas relações e histórias das pessoas envolvidas, se aproximando assim, muito mais do conceito nórdico de séries investigativas.

Aqui, acompanhamos Gamache (Alfred Molina) enquanto ele investiga uma série de assassinatos aparentemente desconexos em Three Pines. A vila, com seu charme bucólico e uma comunidade repleta de personagens excêntricos, serve de cenário para a descoberta de segredos e traumas enterrados pela sociedade local. À medida que Gamache se aprofunda em cada um dos casos, ele também enfrenta os desafios emocionais e morais envolvidos em suas investigações, o que o leva a questionar as camadas ocultas de humanidade que cercam cada crime. Confira o trailer (em inglês):

Logo de cara percebemos que "Three Pines" é habilmente dirigida por Samuel Donovan (de "The Crow"), pois ele cria, com muita elegância estética, uma ambientação visual que ao mesmo tempo que captura a beleza fria e melancólica das paisagens canadenses também reflete o mistério e a sensação de isolamento. Donovan aproveita do cenário quase nórdico do Canadá para intensificar o suspense de cada caso e nos remeter até uma gramática bem familiar para quem gosta de tramas investigativas. Ele retrata o vilarejo de Three Pines como um personagem (talvez aí a importância de seu título), ou seja, um lugar vivo que, embora aparentemente pacífico, abriga sombras e segredos que vão muito além do que é mostrado em sua superfície. Aliás, nesse sentido, o roteiro de Emilia di Girolamo é muito fiel ao espírito dos romances de Louise Penny, já que ela soube decodificar tanto o mistério dos casos quanto as nuances das relações pessoais dessa vila tão particular - algo como vimos uma ano antes em "Mare of Easttown".

É muito importante pontuar que série entende a importância de Three Pines em seu contexto narrativo da mesma forma como se apoia em Armand Gamache, não apenas nos plots de investigação, mas também ao abordar questões contemporâneas e sensíveis que inclui temas como desigualdade e preconceito, proporcionando um subtexto crítico que enriquece as reflexões perante os casos investigados. Alfred Molina, mais uma vez, entrega uma performance cativante. Com uma presença imponente, mas carregada de sensibilidade, Molina consegue transmitir a profundidade do personagem, um homem de moral irretocável e compassivo que está em constante confronto com as realidades sombrias que encontra em suas investigações. Gamache, nas mãos de Molina, é mais do que um simples detetive; ele é uma figura quase paternal, alguém que busca não apenas resolver crimes, mas entender o impacto deles sobre as pessoas ao seu redor - esse aspecto torna o personagem único e humaniza o enredo, oferecendo uma camada de emoção e introspecção das mais interessantes.

Veja, mesmo com uma narrativa que combina histórias episódicas com uma trama contínua que investiga temas mais amplos, como o valor da justiça e os impactos do trauma em uma comunidade, "Three Pines" pode parecer lenta para aqueles que esperam alguma ação ou reviravoltas frequentes. A proposta aqui, de fato, é adotar um ritmo mais pausado e introspectivo, o que permite uma construção detalhada da atmosfera e dos personagens. Talvez tenha sido esse estilo mais cadenciado o motivo que distanciou a série de um sucesso maior - para nós, diga-se de passagem, é justamente esse elemento, condizente com o tom literário da obra de Louise Penny, que faz dela um entretenimento dos mais agradáveis.

Vale muito o seu play, mas será preciso um pouco de paciência até entender a proposta dramática da série.

Assista Agora

"Three Pines" merecia mais do que seus 8 episódios da primeira temporada, especialmente pelo seu confortável formato, antológico na sua essência, onde a cada dois episódios você tem uma uma nova trama de investigação para acompanhar ao lado do perspicaz Inspetor-Chefe Armand Gamache. Pois bem, Lançada em 2022 pela Amazon Prime Vídeo, mas aqui no Brasil disponível na Max, a série criada por Emilia di Girolamo (uma das roteiristas-chefe de "The Tunnel") é na verdade uma adaptação das famosas histórias de mistério policial da autora canadense Louise Penny, ambientadas na fictícia vila de Three Pines. A série mescla investigações de crimes complexos com uma atmosfera peculiar e misteriosa, combinando elementos de drama e suspense em uma narrativa bastante envolvente que explora temas sociais e psicológicos profundos. Assim como a saudosa série finlandesa "Bordertown" (quem souber do que eu estou falando, pode dar o play sem ao menos terminar essa análise), "Three Pines" vai além do enredo criminal americano que estamos acostumados, focando nas relações e histórias das pessoas envolvidas, se aproximando assim, muito mais do conceito nórdico de séries investigativas.

Aqui, acompanhamos Gamache (Alfred Molina) enquanto ele investiga uma série de assassinatos aparentemente desconexos em Three Pines. A vila, com seu charme bucólico e uma comunidade repleta de personagens excêntricos, serve de cenário para a descoberta de segredos e traumas enterrados pela sociedade local. À medida que Gamache se aprofunda em cada um dos casos, ele também enfrenta os desafios emocionais e morais envolvidos em suas investigações, o que o leva a questionar as camadas ocultas de humanidade que cercam cada crime. Confira o trailer (em inglês):

Logo de cara percebemos que "Three Pines" é habilmente dirigida por Samuel Donovan (de "The Crow"), pois ele cria, com muita elegância estética, uma ambientação visual que ao mesmo tempo que captura a beleza fria e melancólica das paisagens canadenses também reflete o mistério e a sensação de isolamento. Donovan aproveita do cenário quase nórdico do Canadá para intensificar o suspense de cada caso e nos remeter até uma gramática bem familiar para quem gosta de tramas investigativas. Ele retrata o vilarejo de Three Pines como um personagem (talvez aí a importância de seu título), ou seja, um lugar vivo que, embora aparentemente pacífico, abriga sombras e segredos que vão muito além do que é mostrado em sua superfície. Aliás, nesse sentido, o roteiro de Emilia di Girolamo é muito fiel ao espírito dos romances de Louise Penny, já que ela soube decodificar tanto o mistério dos casos quanto as nuances das relações pessoais dessa vila tão particular - algo como vimos uma ano antes em "Mare of Easttown".

É muito importante pontuar que série entende a importância de Three Pines em seu contexto narrativo da mesma forma como se apoia em Armand Gamache, não apenas nos plots de investigação, mas também ao abordar questões contemporâneas e sensíveis que inclui temas como desigualdade e preconceito, proporcionando um subtexto crítico que enriquece as reflexões perante os casos investigados. Alfred Molina, mais uma vez, entrega uma performance cativante. Com uma presença imponente, mas carregada de sensibilidade, Molina consegue transmitir a profundidade do personagem, um homem de moral irretocável e compassivo que está em constante confronto com as realidades sombrias que encontra em suas investigações. Gamache, nas mãos de Molina, é mais do que um simples detetive; ele é uma figura quase paternal, alguém que busca não apenas resolver crimes, mas entender o impacto deles sobre as pessoas ao seu redor - esse aspecto torna o personagem único e humaniza o enredo, oferecendo uma camada de emoção e introspecção das mais interessantes.

Veja, mesmo com uma narrativa que combina histórias episódicas com uma trama contínua que investiga temas mais amplos, como o valor da justiça e os impactos do trauma em uma comunidade, "Three Pines" pode parecer lenta para aqueles que esperam alguma ação ou reviravoltas frequentes. A proposta aqui, de fato, é adotar um ritmo mais pausado e introspectivo, o que permite uma construção detalhada da atmosfera e dos personagens. Talvez tenha sido esse estilo mais cadenciado o motivo que distanciou a série de um sucesso maior - para nós, diga-se de passagem, é justamente esse elemento, condizente com o tom literário da obra de Louise Penny, que faz dela um entretenimento dos mais agradáveis.

Vale muito o seu play, mas será preciso um pouco de paciência até entender a proposta dramática da série.

Assista Agora

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