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Expresso do Amanhã

Diretor
Bong Joon Ho
Elenco
Chris Evans, Jamie Bell, Tilda Swinton
Ano
2013
País
Coreia do Sul

Ficção Globoplay ml-dramedia ml-violencia ml-politico ml-asia ml-coreia ml-livro ml-cannes ml-bm ml-aronofsky

Expresso do Amanhã

"Expresso do Amanhã" (Snowpiercer, título original) do diretor coreano vencedor do Oscar 2020, Bong Joon Ho, é uma mistura do seu mais famoso filme, "Parasita" com "Mãe!" do Darren Aronofsky. Só por essas referências já fica fácil entender a razão pela qual "Expresso do Amanhã" precisa ser assistido, além de justificar a quantidade enorme de indicações que o filme levou em Festivais entre os anos de 2013 e 2014 - foram mais de 100.

Nessa adaptação de uma famosa HQ francesa chamada "Le Transperceneige" de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette, Bong Joon Ho trás mais uma vez para a discussão vários elementos do capitalismo como a pirâmide de classes e as diferenças sociais que assolam nossa sociedade moderna. Dessa vez o cenário é uma locomotiva que, após a extinção humana decorrente de uma alteração climática catastrófica que transformou a Terra em uma enorme Bola do Gelo, se tornou o único refúgio de uma pequena parcela da humanidade que foi dividida em vagões de acordo com sua classe social. Confira o trailer:

Em um único cenário, cheio de metáforas (como em "Mãe!"), com uma forte e profunda crítica social (como em "Parasita"), "Expresso do Amanhã" é mais um daqueles filmes que nos faz sentir culpa por não ter assistido antes. Muito bem realizado, com um roteiro inteligente e um desenho de produção impecável, o filme é um convite para conhecer o trabalho do genial Bong Joon Ho, além de ser um entretenimento de altíssima qualidade - daqueles que nos tira da zona de conforto e nos faz refletir a cada página do roteiro filmada.

O roteiro escrito por Bong Joon Ho e pelo Kelly Masterson ("Risco Imediato") foi muito feliz na adaptação de uma obra extremamente complexa para apenas duas horas - ao focar na insatisfação de Curtis (Chris Evans), um jovem líder da casta mais miserável da locomotiva, a história equilibra muito bem o drama e a ação de um movimento crescente de revolta, quando Curtis e seus companheiro resolvem invadir os demais vagões na busca por condições melhores de sobrevivência. O interessante é que essa jornada de ascendência social é muito bem traduzida de acordo com a construção do ambiente que representa cada vagão. A delicadeza com que as metáforas são inseridas contrasta com o exagero daquele universo, seja ele alegórico ou no over-acting de alguns personagens como a porta-voz/governanta Mason (Tilda Swinton).

As cenas de violência são um espetáculo à parte, bem como em "Parasita", Bong Joon Ho alterna a ação como se fosse uma apresentação de balé, com movimentos do elenco extremamente organizados, com uma câmera completamente caótica e um conceito visual bem "tarantinesco"! Reparem na cena da luta no túnel: a construção da tensão é tão bem feita, que a própria dificuldade de perceber o que realmente está acontecendo serve como um gatilho emocional impressionante. Aliás, a fotografia do diretor Kyung-pyo Hong ajuda a estabelecer tanto o conceito visual como narrativo do filme, deixando tudo muito bem alinhado - a própria escolha de Bong Joon Ho em alternar planos mais abertos para estabelecer a posição social dos personagens, com planos fechados dos momentos de auto-analise do protagonista, ajudam a entender desde a força da discussão social até como ela e o poder podem corromper o ser humano.

Interessante uma frase que li ao pesquisar sobre a profundidade do texto da HQ que claramente guiou a direção do filme e muito me impressionou: "A história funciona como um verdadeiro tubo de ensaio em que os autores analisam toda a humanidade, testando suas capacidades de organização, justiça e relacionamento, e a passagem do protagonista, vagão por vagão, é uma pintura fiel da sociedade estratificada. Com um enredo instigante e violento, repleto de ação e escárnio"! Eu diria que essa sentença resume perfeitamente o que você está prestes a assistir, mas ainda assim cabe um complemento: "Expresso do Amanhã" é um filme corajoso, indigesto e indispensável!

Assista Agora

"Expresso do Amanhã" (Snowpiercer, título original) do diretor coreano vencedor do Oscar 2020, Bong Joon Ho, é uma mistura do seu mais famoso filme, "Parasita" com "Mãe!" do Darren Aronofsky. Só por essas referências já fica fácil entender a razão pela qual "Expresso do Amanhã" precisa ser assistido, além de justificar a quantidade enorme de indicações que o filme levou em Festivais entre os anos de 2013 e 2014 - foram mais de 100.

Nessa adaptação de uma famosa HQ francesa chamada "Le Transperceneige" de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette, Bong Joon Ho trás mais uma vez para a discussão vários elementos do capitalismo como a pirâmide de classes e as diferenças sociais que assolam nossa sociedade moderna. Dessa vez o cenário é uma locomotiva que, após a extinção humana decorrente de uma alteração climática catastrófica que transformou a Terra em uma enorme Bola do Gelo, se tornou o único refúgio de uma pequena parcela da humanidade que foi dividida em vagões de acordo com sua classe social. Confira o trailer:

Em um único cenário, cheio de metáforas (como em "Mãe!"), com uma forte e profunda crítica social (como em "Parasita"), "Expresso do Amanhã" é mais um daqueles filmes que nos faz sentir culpa por não ter assistido antes. Muito bem realizado, com um roteiro inteligente e um desenho de produção impecável, o filme é um convite para conhecer o trabalho do genial Bong Joon Ho, além de ser um entretenimento de altíssima qualidade - daqueles que nos tira da zona de conforto e nos faz refletir a cada página do roteiro filmada.

O roteiro escrito por Bong Joon Ho e pelo Kelly Masterson ("Risco Imediato") foi muito feliz na adaptação de uma obra extremamente complexa para apenas duas horas - ao focar na insatisfação de Curtis (Chris Evans), um jovem líder da casta mais miserável da locomotiva, a história equilibra muito bem o drama e a ação de um movimento crescente de revolta, quando Curtis e seus companheiro resolvem invadir os demais vagões na busca por condições melhores de sobrevivência. O interessante é que essa jornada de ascendência social é muito bem traduzida de acordo com a construção do ambiente que representa cada vagão. A delicadeza com que as metáforas são inseridas contrasta com o exagero daquele universo, seja ele alegórico ou no over-acting de alguns personagens como a porta-voz/governanta Mason (Tilda Swinton).

As cenas de violência são um espetáculo à parte, bem como em "Parasita", Bong Joon Ho alterna a ação como se fosse uma apresentação de balé, com movimentos do elenco extremamente organizados, com uma câmera completamente caótica e um conceito visual bem "tarantinesco"! Reparem na cena da luta no túnel: a construção da tensão é tão bem feita, que a própria dificuldade de perceber o que realmente está acontecendo serve como um gatilho emocional impressionante. Aliás, a fotografia do diretor Kyung-pyo Hong ajuda a estabelecer tanto o conceito visual como narrativo do filme, deixando tudo muito bem alinhado - a própria escolha de Bong Joon Ho em alternar planos mais abertos para estabelecer a posição social dos personagens, com planos fechados dos momentos de auto-analise do protagonista, ajudam a entender desde a força da discussão social até como ela e o poder podem corromper o ser humano.

Interessante uma frase que li ao pesquisar sobre a profundidade do texto da HQ que claramente guiou a direção do filme e muito me impressionou: "A história funciona como um verdadeiro tubo de ensaio em que os autores analisam toda a humanidade, testando suas capacidades de organização, justiça e relacionamento, e a passagem do protagonista, vagão por vagão, é uma pintura fiel da sociedade estratificada. Com um enredo instigante e violento, repleto de ação e escárnio"! Eu diria que essa sentença resume perfeitamente o que você está prestes a assistir, mas ainda assim cabe um complemento: "Expresso do Amanhã" é um filme corajoso, indigesto e indispensável!

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