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A Verdadeira Dor

Diretor
Jesse Eisenberg
Elenco
Jesse Eisenberg, Kieran Culkin, Jakub Gasowski
Ano
2024
País
EUA

Drama ml-real ml-relacoes ml-biografia ml-livro ml-oscar ml-familia ml-gb Disney+

A Verdadeira Dor

Que filme bacana - sensível e complexo ao mesmo tempo! Na verdade, "A Verdadeira Dor" é muito interessante por ter na sua essência uma mistura de referências de obras bem estruturadas narrativamente como "Sideways" e "Era uma vez um sonho". Esse segundo longa-metragem dirigido e roteirizado por Jesse Eisenberg (o primeiro foi "Quando Você Terminar de Salvar o Mundo"), é uma experiência cinematográfica que aposta nas nuances emocionais e nas dificuldades das relações familiares, entregando uma história marcada por sutilezas e desconfortos que realmente vai te provocar - tanto pelo lado da empatia quanto pelo da reflexão.

Com uma narrativa estruturada em torno da viagem dos primos David (Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) à Polônia, para homenagear a avó recém-falecida, o filme gradualmente transforma o que deveria ser um momento solene em uma profunda jornada emocional. A trama revela, aos poucos, questões mal resolvidas e ressentimentos acumulados ao longo dos anos entre os protagonistas, usando o peso histórico do Holocausto como pano de fundo para ampliar ainda mais a carga dramática e simbólica das situações vividas por eles. Confira o trailer:

Para começar é preciso elogiar a direção de Eisenberg - ela é madura e muito segura. Eisenberg conduz a história com paciência e atenção aos detalhes, sempre no tom certo e nunca se apegando em atalhos que possam, de alguma forma, nos manipular emocionalmente - e olha que o pano de fundo é bem trágico. Aqui é importante mencionar que o filme, em muitos aspectos, ecoa uma estrutura semelhante a outras obras sobre viagens familiares mais introspectivas, onde personagens buscam autoconhecimento em terras estrangeiras. Ao optar por um realismo cru, quase documental, Eisenberg elimina qualquer elemento cômico fácil ou carismático em favor de uma exploração inteligente do desconforto emocional e embora essa abordagem corajosa possa afastar parte da audiência que busca um entretenimento mais leve, é justamente ela que oferece uma experiência única, sensorial eu diria, além de sincera e desafiadora para quem deseja mergulhar nas entranhas das relações humanas.

Em termos de atuação, "A Verdadeira Dor" apresenta performances fortes, especialmente de Kieran Culkin - vencedor do Oscar pelo personagem. Seu Benji é construído como um indivíduo provocativo, sarcástico e emocionalmente instável - um prato cheio para Culkin brilhar como alguém que desafia as convenções sociais sem medo de soar inconveniente. Repare como ele se torna facilmente memorável ao se destacar em meio a personagens secundários deliberadamente discretos e pouco carismáticos, propositalmente apagados pelo diretor. Eisenberg, que por outro lado, adota uma abordagem mais contida e racional para o seu David, cria um contraponto eficiente e necessário à energia explosiva do primo, permitindo que a audiência observe claramente as diferenças monstruosas entre ambos. Um detalhe visual particularmente eficaz para explicar essa relação é a escolha cromática dos figurinos dos protagonistas, que mudam sutilmente ao longo da narrativa, sugerindo uma troca simbólica de perspectivas ou uma influência mútua entre eles. Esse pequeno, porém relevante detalhe de composição visual, é um exemplo de como Eisenberg, como diretor,  trabalha suas cenas com atenção aos menores elementos, enriquecendo a jornada de quem assiste.

A fotografia de Benjamin Loeb (de "Pieces of a Woman") destaca as raras cenas noturnas exibindo um rico jogo de cores saturadas e composições que simbolizam um verdadeiro labirinto psicológico que transita entre a solidão e a inveja - cada personagem, aliás, com seus respectivos gatilhos. É lindo de ver e de sentir, especialmente quando, quebrando nossas expectativas, a narrativa nos traz para as sequências diurnas bruscamente, apostando em uma abordagem naturalista e lindamente emoldurada com as belíssimas locações na Polônia - que enfatiza o vazio e a banalidade dos conflitos cotidianos durante uma viagem escapista. Outro aspecto interessante do filme é a utilização da música de Chopin como elemento dramático para estabelecer um toque de melancolia que dialoga diretamente com o estado emocional dos personagens - é impressionante como a trilha sonora cumpre seu papel de oferecer uma base lírica que amplifica o impacto das cenas.

A recompensa perante um filme basicamente pautado pelo silêncio entre os diálogos, está na imersão proporcionada pelo conceito narrativo de Eisenberg. Como em "Encontros e Desencontros", por exemplo, sua direção nos oferece espaço suficiente para que possamos absorver e refletir sobre temas como luto e pertencimento, e que, o invés de entregar respostas fáceis ou conclusões claras, ainda possamos buscar nas questões abertas e nas provocações emocionais do roteiro, uma reposta íntima sobre como enxergamos a vida e como algumas prioridades banais precisam ser revistas.

"A Verdadeira Dor" vale muito o seu play!

Assista Agora

Que filme bacana - sensível e complexo ao mesmo tempo! Na verdade, "A Verdadeira Dor" é muito interessante por ter na sua essência uma mistura de referências de obras bem estruturadas narrativamente como "Sideways" e "Era uma vez um sonho". Esse segundo longa-metragem dirigido e roteirizado por Jesse Eisenberg (o primeiro foi "Quando Você Terminar de Salvar o Mundo"), é uma experiência cinematográfica que aposta nas nuances emocionais e nas dificuldades das relações familiares, entregando uma história marcada por sutilezas e desconfortos que realmente vai te provocar - tanto pelo lado da empatia quanto pelo da reflexão.

Com uma narrativa estruturada em torno da viagem dos primos David (Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) à Polônia, para homenagear a avó recém-falecida, o filme gradualmente transforma o que deveria ser um momento solene em uma profunda jornada emocional. A trama revela, aos poucos, questões mal resolvidas e ressentimentos acumulados ao longo dos anos entre os protagonistas, usando o peso histórico do Holocausto como pano de fundo para ampliar ainda mais a carga dramática e simbólica das situações vividas por eles. Confira o trailer:

Para começar é preciso elogiar a direção de Eisenberg - ela é madura e muito segura. Eisenberg conduz a história com paciência e atenção aos detalhes, sempre no tom certo e nunca se apegando em atalhos que possam, de alguma forma, nos manipular emocionalmente - e olha que o pano de fundo é bem trágico. Aqui é importante mencionar que o filme, em muitos aspectos, ecoa uma estrutura semelhante a outras obras sobre viagens familiares mais introspectivas, onde personagens buscam autoconhecimento em terras estrangeiras. Ao optar por um realismo cru, quase documental, Eisenberg elimina qualquer elemento cômico fácil ou carismático em favor de uma exploração inteligente do desconforto emocional e embora essa abordagem corajosa possa afastar parte da audiência que busca um entretenimento mais leve, é justamente ela que oferece uma experiência única, sensorial eu diria, além de sincera e desafiadora para quem deseja mergulhar nas entranhas das relações humanas.

Em termos de atuação, "A Verdadeira Dor" apresenta performances fortes, especialmente de Kieran Culkin - vencedor do Oscar pelo personagem. Seu Benji é construído como um indivíduo provocativo, sarcástico e emocionalmente instável - um prato cheio para Culkin brilhar como alguém que desafia as convenções sociais sem medo de soar inconveniente. Repare como ele se torna facilmente memorável ao se destacar em meio a personagens secundários deliberadamente discretos e pouco carismáticos, propositalmente apagados pelo diretor. Eisenberg, que por outro lado, adota uma abordagem mais contida e racional para o seu David, cria um contraponto eficiente e necessário à energia explosiva do primo, permitindo que a audiência observe claramente as diferenças monstruosas entre ambos. Um detalhe visual particularmente eficaz para explicar essa relação é a escolha cromática dos figurinos dos protagonistas, que mudam sutilmente ao longo da narrativa, sugerindo uma troca simbólica de perspectivas ou uma influência mútua entre eles. Esse pequeno, porém relevante detalhe de composição visual, é um exemplo de como Eisenberg, como diretor,  trabalha suas cenas com atenção aos menores elementos, enriquecendo a jornada de quem assiste.

A fotografia de Benjamin Loeb (de "Pieces of a Woman") destaca as raras cenas noturnas exibindo um rico jogo de cores saturadas e composições que simbolizam um verdadeiro labirinto psicológico que transita entre a solidão e a inveja - cada personagem, aliás, com seus respectivos gatilhos. É lindo de ver e de sentir, especialmente quando, quebrando nossas expectativas, a narrativa nos traz para as sequências diurnas bruscamente, apostando em uma abordagem naturalista e lindamente emoldurada com as belíssimas locações na Polônia - que enfatiza o vazio e a banalidade dos conflitos cotidianos durante uma viagem escapista. Outro aspecto interessante do filme é a utilização da música de Chopin como elemento dramático para estabelecer um toque de melancolia que dialoga diretamente com o estado emocional dos personagens - é impressionante como a trilha sonora cumpre seu papel de oferecer uma base lírica que amplifica o impacto das cenas.

A recompensa perante um filme basicamente pautado pelo silêncio entre os diálogos, está na imersão proporcionada pelo conceito narrativo de Eisenberg. Como em "Encontros e Desencontros", por exemplo, sua direção nos oferece espaço suficiente para que possamos absorver e refletir sobre temas como luto e pertencimento, e que, o invés de entregar respostas fáceis ou conclusões claras, ainda possamos buscar nas questões abertas e nas provocações emocionais do roteiro, uma reposta íntima sobre como enxergamos a vida e como algumas prioridades banais precisam ser revistas.

"A Verdadeira Dor" vale muito o seu play!

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