indika.tv - Paraíso
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Paraíso

Diretor
Boris Kunz, Tomas Jonsgården, Indre Juskute
Elenco
Simon Amberger, Peter Kocyla
Ano
2023
País
Alemanha

Ficção netflix ml-relacoes ml-alemanha ml-antologia ml-europa ml-tecnologia ml-bm

Paraíso

"Paraíso" é um filme alemão lançado pela Netflix que chegou quietinho, mas que rapidamente se tornou bastante popular entre os assinantes ao redor do mundo. Combinando elementos de drama, suspense e, principalmente, ficção científica, bem ao estilo "Black Mirror", a série oferece uma visão muito particular sobre uma sociedade onde alguns avanços tecnológicos subvertem a forma como nos relacionamos com a vida finita do ser-humano. Sempre se apoiando em temas complexos que vão desde os problemas de distribuição de renda e os reflexos do capitalismo descontrolado até a questão dos refugiados na Europa, o filme dirigido pelo trio de novatos Boris Kunz, Tomas Jonsgården e Indre Juskute, acerta em cheio ao levar a expressão "tempo é dinheiro" para outro patamar, no entanto, e é preciso que se diga, a ansiedade em tratar tantos temas acaba prejudicando (um pouco) nossa experiência.

Max (Kostja Ullmann) é um executivo de vendas de uma empresa que fez fortuna ao comprar o tempo de pessoas pobres e vender para os muito ricos. Sim, com uma tecnologia revolucionária a AEON explora as pessoas que precisam mais de dinheiro do que do tempo para viver, para lucrar muito. Tudo vai bem entre ele e a esposa, Elena (Marlene Tanczik), até que o apartamento do casal pega fogo misteriosamente e os dois, completamente falidos, precisam ceder 40 anos da vida dela, para acertar as contas com o banco. Como ver sua esposa envelhecer tanto da noite para o dia parece não ser uma opção, Max inicia uma dura jornada para tentar salvá-la. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Sem dúvida que o ponto alto de "Paraíso" está no forma como o roteiro contextualiza esse futuro distópico sem fugir da realidade - pelo menos nas discussões morais que implicam o conceito base da narrativa: o de trocar tempo por dinheiro.  Com toda a frieza do já reconhecido cinema alemão, o trio de diretores nos colocam nessa história com certo requinte de crueldade, já que a conexão com os protagonistas é praticamente imediata - mesmo que alguns diálogos do primeiro ato soem muito mais institucionalizados do que naturais. Se em um primeiro momento os protagonistas parecem dois burgueses que não se importam em explorar os mais pobres em troca de uma condição de vida melhor, rapidamente eles se tornam vítimas do próprio sistema que ajudam alimentar (sim, você terá a sensação de ter assistido algo assim em algum momento).

Veja, o fato do protagonista em conflito não ser um herói de nada, cria camadas que poderiam ser melhor desenvolvidas, mas falta tempo (e desculpem o trocadilho)! Se fosse uma série, "Paraíso" certamente cadenciaria mais a narrativa, exploraria a situação de uma maneira mais intima, onde o protagonista, que até então estava em sua bolha, acomodado, a partir de seu trauma invocaria para si um sentido de heroísmo que poderia transforma-lo mesmo com seu passado condenável. Acontece que os 120 minutos do filme jogam contra, pois é preciso acelerar e entre uma cena e outra se perde o potencial da premissa.

Rodado todo na Lituânia o filme sabe equilibrar perfeitamente um ótimo desenho de produção com locações deslumbrantes - meio "Filhos da Esperança" do Alfonso Cuarón. A fotografia do Christian Stangassinger e a trilha sonora do David Reichelt merecem elogios, já que são essenciais para criar toda uma atmosfera distópica extremamente densa. Assim, é realmente uma pena que a história tenha sofrido com o formato já que poderia render algo muito mais impactante. Ao escolher ser uma aventura rápida e sem maiores pretensões, "Paraíso" sai da prateleira da disrupção narrativa dos primeiros anos de "Black Mirror" e entra na do entretenimento puro de "Osmosis" e "The One". Funciona, diverte, mas não marca!

Assista Agora

"Paraíso" é um filme alemão lançado pela Netflix que chegou quietinho, mas que rapidamente se tornou bastante popular entre os assinantes ao redor do mundo. Combinando elementos de drama, suspense e, principalmente, ficção científica, bem ao estilo "Black Mirror", a série oferece uma visão muito particular sobre uma sociedade onde alguns avanços tecnológicos subvertem a forma como nos relacionamos com a vida finita do ser-humano. Sempre se apoiando em temas complexos que vão desde os problemas de distribuição de renda e os reflexos do capitalismo descontrolado até a questão dos refugiados na Europa, o filme dirigido pelo trio de novatos Boris Kunz, Tomas Jonsgården e Indre Juskute, acerta em cheio ao levar a expressão "tempo é dinheiro" para outro patamar, no entanto, e é preciso que se diga, a ansiedade em tratar tantos temas acaba prejudicando (um pouco) nossa experiência.

Max (Kostja Ullmann) é um executivo de vendas de uma empresa que fez fortuna ao comprar o tempo de pessoas pobres e vender para os muito ricos. Sim, com uma tecnologia revolucionária a AEON explora as pessoas que precisam mais de dinheiro do que do tempo para viver, para lucrar muito. Tudo vai bem entre ele e a esposa, Elena (Marlene Tanczik), até que o apartamento do casal pega fogo misteriosamente e os dois, completamente falidos, precisam ceder 40 anos da vida dela, para acertar as contas com o banco. Como ver sua esposa envelhecer tanto da noite para o dia parece não ser uma opção, Max inicia uma dura jornada para tentar salvá-la. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Sem dúvida que o ponto alto de "Paraíso" está no forma como o roteiro contextualiza esse futuro distópico sem fugir da realidade - pelo menos nas discussões morais que implicam o conceito base da narrativa: o de trocar tempo por dinheiro.  Com toda a frieza do já reconhecido cinema alemão, o trio de diretores nos colocam nessa história com certo requinte de crueldade, já que a conexão com os protagonistas é praticamente imediata - mesmo que alguns diálogos do primeiro ato soem muito mais institucionalizados do que naturais. Se em um primeiro momento os protagonistas parecem dois burgueses que não se importam em explorar os mais pobres em troca de uma condição de vida melhor, rapidamente eles se tornam vítimas do próprio sistema que ajudam alimentar (sim, você terá a sensação de ter assistido algo assim em algum momento).

Veja, o fato do protagonista em conflito não ser um herói de nada, cria camadas que poderiam ser melhor desenvolvidas, mas falta tempo (e desculpem o trocadilho)! Se fosse uma série, "Paraíso" certamente cadenciaria mais a narrativa, exploraria a situação de uma maneira mais intima, onde o protagonista, que até então estava em sua bolha, acomodado, a partir de seu trauma invocaria para si um sentido de heroísmo que poderia transforma-lo mesmo com seu passado condenável. Acontece que os 120 minutos do filme jogam contra, pois é preciso acelerar e entre uma cena e outra se perde o potencial da premissa.

Rodado todo na Lituânia o filme sabe equilibrar perfeitamente um ótimo desenho de produção com locações deslumbrantes - meio "Filhos da Esperança" do Alfonso Cuarón. A fotografia do Christian Stangassinger e a trilha sonora do David Reichelt merecem elogios, já que são essenciais para criar toda uma atmosfera distópica extremamente densa. Assim, é realmente uma pena que a história tenha sofrido com o formato já que poderia render algo muito mais impactante. Ao escolher ser uma aventura rápida e sem maiores pretensões, "Paraíso" sai da prateleira da disrupção narrativa dos primeiros anos de "Black Mirror" e entra na do entretenimento puro de "Osmosis" e "The One". Funciona, diverte, mas não marca!

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