"Ninguém sabe que estou aqui" provavelmente vai te surpreender! Embora tenha uma narrativa sem muita dinâmica, com pouquíssimos diálogos e uma história, digamos, previsível, o filme entrega um final onde tudo se encaixa de uma maneira muito correta - o que nos proporciona uma sensação de alivio muito particular e acaba sobrepondo as inúmeras fraquezas do roteiro. De fato, eu diria que "Ninguém sabe que estou aqui" é um filme que se apoia na empatia do protagonista para nos mover por um drama pessoal profundo sobre injustiça e as marcas que ela deixa na vida!
Memo (Jorge Garcia - Hurley de "Lost"), quando criança, foi um candidato a se tornar um fenômeno da música pop, porém os padrões da indústria do entretenimento dos anos 90 exigia um visual diferente - não havia espaço para uma criança como ele, mesmo com seu talento. Por ter uma voz incrível e uma afinação acima da média, os produtores resolveram fabricar uma "estrela" de sucesso internacional, usando a voz de Memo, mas o visual de outra criança. Traumatizado por esses (e outros importantes) acontecimentos do passado, Memo resolveu se isolar do mundo, indo morar com o tio em uma fazenda no interior do Chile, até que uma mulher da região lhe oferece a chance de encontrar a paz que ele procurou por tantos anos. Confira o trailer:
É verdade que no inicio do filme temos a impressão de estarmos assistindo algo mais cadenciado como "Sob a Pele do Lobo" até que ele vai evoluindo, pegando no tranco e nos trazendo alguns elementos bem emocionais que nos provocam a torcer pelo protagonista como em "Nasce uma Estrela" por exemplo! Essa dinâmica exige um pouco de paciência, mas o ótimo trabalho do Jorge Garcia e um direção muito competente do estreante Gaspar Antillo, nos conquista e vai nos entretendo até que finalmente encontramos a paz junto com o protagonista em uma cena ao melhor estilo "Judy"! É isso: se você gostou dessas referências que acabei de citar, sua diversão está garantida, mesmo que de uma forma um pouco menos hollywoodiana e mais autoral, mas que de qualquer modo, vai valer muito a pena!
O roteiro de "Ninguém sabe que estou aqui" é bem irregular, cheio de lacunas que o próprio diretor nem se preocupa em explicar ou pelo menos indicar visualmente elementos que fariam a audiência deduzir alguns motivos e até as motivações de personagens importantes - a repercução desproporcional de uma publicação do vídeo em que Memo canta um sucesso do passado e as relação sem o menor propósito com seu pai, que se diz uma figura pública, são alguns dos exemplos do mal desenvolvimento da história. Pois bem, com uma certa abstração, no entanto, é possível mergulhar no sofrimento causado pelo trauma que Memo sofreu e até entender sua forma de enxergar as pessoas e a vida. Jorge Garcia usa de uma interpretação bastante contida para projetar uma angústia quase vital (é o sofrimento e o rancor que o mantém vivo) que nos conquista - torcemos por ele, por uma retratação, pela volta por cima!
O diretor Gaspar Antillo ganhou o prêmio de Melhor Diretor Estreante no Tribeca Film Festival com muita justiça. Ele foi capaz de criar uma atmosfera de solidão e introspecção, sem perder o fôlego da narrativa, de uma forma impressionante. Com planos longos e alguma inventividade nos enquadramentos, Antillo deu a identidade que o filme pedia e o trabalho do fotógrafo Sergio Armstrong (de "O Presidente") só intensificou esse mood! Outro elemento que merece destaque é a montagem: as inserções dos flashbacks são cirúrgicas - a sensação de estarmos assistindo um documentário ou uma história real é muito bem explorada pelo montador. Reparem!
"Ninguém sabe que estou aqui" não é um filme inesquecível e nem estará na disputa do próximo Oscar, mas possui qualidades que merecem elogio. Acabou se transformando, de um filme lento, em uma jornada de redenção do protagonista que, mesmo com algumas soluções óbvias, nos mantém entretidos e na torcida. Teria espaço para plots melhor desenvolvidos? Certamente, mas é impossível negar que o filme não te prende até o final, principalmente depois do meio do segundo ato!
Tenha paciência, vai valer a pena mesmo!
"Ninguém sabe que estou aqui" provavelmente vai te surpreender! Embora tenha uma narrativa sem muita dinâmica, com pouquíssimos diálogos e uma história, digamos, previsível, o filme entrega um final onde tudo se encaixa de uma maneira muito correta - o que nos proporciona uma sensação de alivio muito particular e acaba sobrepondo as inúmeras fraquezas do roteiro. De fato, eu diria que "Ninguém sabe que estou aqui" é um filme que se apoia na empatia do protagonista para nos mover por um drama pessoal profundo sobre injustiça e as marcas que ela deixa na vida!
Memo (Jorge Garcia - Hurley de "Lost"), quando criança, foi um candidato a se tornar um fenômeno da música pop, porém os padrões da indústria do entretenimento dos anos 90 exigia um visual diferente - não havia espaço para uma criança como ele, mesmo com seu talento. Por ter uma voz incrível e uma afinação acima da média, os produtores resolveram fabricar uma "estrela" de sucesso internacional, usando a voz de Memo, mas o visual de outra criança. Traumatizado por esses (e outros importantes) acontecimentos do passado, Memo resolveu se isolar do mundo, indo morar com o tio em uma fazenda no interior do Chile, até que uma mulher da região lhe oferece a chance de encontrar a paz que ele procurou por tantos anos. Confira o trailer:
É verdade que no inicio do filme temos a impressão de estarmos assistindo algo mais cadenciado como "Sob a Pele do Lobo" até que ele vai evoluindo, pegando no tranco e nos trazendo alguns elementos bem emocionais que nos provocam a torcer pelo protagonista como em "Nasce uma Estrela" por exemplo! Essa dinâmica exige um pouco de paciência, mas o ótimo trabalho do Jorge Garcia e um direção muito competente do estreante Gaspar Antillo, nos conquista e vai nos entretendo até que finalmente encontramos a paz junto com o protagonista em uma cena ao melhor estilo "Judy"! É isso: se você gostou dessas referências que acabei de citar, sua diversão está garantida, mesmo que de uma forma um pouco menos hollywoodiana e mais autoral, mas que de qualquer modo, vai valer muito a pena!
O roteiro de "Ninguém sabe que estou aqui" é bem irregular, cheio de lacunas que o próprio diretor nem se preocupa em explicar ou pelo menos indicar visualmente elementos que fariam a audiência deduzir alguns motivos e até as motivações de personagens importantes - a repercução desproporcional de uma publicação do vídeo em que Memo canta um sucesso do passado e as relação sem o menor propósito com seu pai, que se diz uma figura pública, são alguns dos exemplos do mal desenvolvimento da história. Pois bem, com uma certa abstração, no entanto, é possível mergulhar no sofrimento causado pelo trauma que Memo sofreu e até entender sua forma de enxergar as pessoas e a vida. Jorge Garcia usa de uma interpretação bastante contida para projetar uma angústia quase vital (é o sofrimento e o rancor que o mantém vivo) que nos conquista - torcemos por ele, por uma retratação, pela volta por cima!
O diretor Gaspar Antillo ganhou o prêmio de Melhor Diretor Estreante no Tribeca Film Festival com muita justiça. Ele foi capaz de criar uma atmosfera de solidão e introspecção, sem perder o fôlego da narrativa, de uma forma impressionante. Com planos longos e alguma inventividade nos enquadramentos, Antillo deu a identidade que o filme pedia e o trabalho do fotógrafo Sergio Armstrong (de "O Presidente") só intensificou esse mood! Outro elemento que merece destaque é a montagem: as inserções dos flashbacks são cirúrgicas - a sensação de estarmos assistindo um documentário ou uma história real é muito bem explorada pelo montador. Reparem!
"Ninguém sabe que estou aqui" não é um filme inesquecível e nem estará na disputa do próximo Oscar, mas possui qualidades que merecem elogio. Acabou se transformando, de um filme lento, em uma jornada de redenção do protagonista que, mesmo com algumas soluções óbvias, nos mantém entretidos e na torcida. Teria espaço para plots melhor desenvolvidos? Certamente, mas é impossível negar que o filme não te prende até o final, principalmente depois do meio do segundo ato!
Tenha paciência, vai valer a pena mesmo!
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