"Yellowjackets" é, sem dúvida, um ótimo entretenimento - talvez uma mistura equilibrada (e obviamente dadas as devidas proporções) de "Big Little Lies" e "Lost", com um leve toque de "Midsommar". Criada por Ashley Lyle e Bart Nickerson (ambos de "Narcos") e indicada para mais de 10 Emmys, essa série de suspense psicológico e drama trabalha muito bem os elementos de mistério, de sobrevivência e de horror. A narrativa é contada em duas linhas do tempo principais: uma que se passa em 1996, logo após um acidente aéreo, enquanto as meninas tentam sobreviver em condições extremas; e outra no presente, onde as sobreviventes, agora adultas, lutam para seguir em frente com suas vidas, enquanto o passado retorna para assombrá-las. E olha, é a partir dessa uma atmosfera tensa e sinistra que a série, de fato, oferece uma experiência tão perturbadora quanto cativante.
Um time de futebol feminino escolar sofre um acidente de avião enquanto viajava para jogar um campeonato. Presas em um local selvagem, as garotas, aos poucos, percebem que as chances de um resgate se torna cada vez mais remotas - é quando a dinâmica do grupo começa a se deteriorar. Já na fase adulta, décadas após serem encontradas, quatro dessas sobreviventes passam a ser sentir chantageadas quando alguém misterioso começa a enviar mensagens para elas ameaçando contar tudo o que aconteceu durante os 19 meses em que estiveram isoladas. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante e original de "Yellowjackets" seja justamente o que mais faltou durante aqueles inesquecíveis anos de "Lost" - em uma época pré-streaming, é preciso ressaltar. A estrutura narrativa não linear apresentada por Lyle e Nickerson é um pouco diferente da proposta de J.J. Abrams, pois aqui a série explora tanto os mistérios do que aconteceu na floresta após o acidente quanto o impacto psicológico dessas experiências traumáticas nas vidas adultas das personagens - sempre em paralelo. O roteiro consegue construir uma história que combina o mistério central, "o que realmente aconteceu na floresta e quem sobreviveu?", com o desenvolvimento de alguns personagens profundamente ricos e complexos já na sua essência. Veja, as múltiplas camadas da série permitem que a audiência se envolva não apenas com o plot de sobrevivência, mas também com os dramas pessoais e emocionais das personagens de uma forma bastante palpável. Agora é preciso que se diga: embora a série lide com temas como trauma, culpa, vingança e até pontue sobre os limites da moralidade, "Yellowjackets" é mesmo entretenimento!
O time de diretores se apoia na tensão constante das consequências de ações passadas, mas também é eficaz em capturar o drama crescente e o isolamento íntimo das protagonistas. As cenas que se passam na floresta, por exemplo, são filmadas de maneira claustrofóbica, com um tom sombrio que reflete a deterioração física e mental das sobreviventes. Já contrastando com o presente, onde as sobreviventes tentam reconstruir suas vidas em meio aos segredos e algumas mentiras, os enquadramentos são mais limpos, mas chamam atenção por carregar a mesma sensação de perigo iminente - é muito bacana como esse conceito destaca o peso emocional de uma história que parece nunca ter fim! Repare no trabalho de Melanie Lynskey, a versão adulta de Shauna - ela é particularmente notável, trazendo uma complexidade que equilibra a frieza exterior com a turbulência interna de sua personagem. Já Juliette Lewis, como Natalie, também oferece uma performance intensa, capturando o comportamento autodestrutivo de uma mulher que não consegue escapar dos fantasmas do passado. Christina Ricci, como Misty, oferece uma mistura de excentricidade e psicopatia que é assustadora.
"Yellowjackets"explora dinâmicas de grupo nada simples, onde as tensões entre amizade em diferentes situações e tempos, deixam suas marcas - à medida que essas situações se tornam mais desesperadoras, as personagens são forçadas a tomar decisões cada vez mais extremas, levando questões sobre moralidade e lealdade ao limite. Pouco a pouco a audiência entende que a sobrevivência na floresta foi apenas o começo de uma luta onde as consequências psicológicas, de certa forma, são ainda mais devastadoras - essa sensação de nostalgia e desconforto faz toda diferença na nossa experiência. É como se pegássemos o recorte da cena de "Lost" em que "Jack encontra Kate e diz que eles precisam voltar para a ilha" e fizéssemos uma série mais "jovem e, por incrível que pareça, mais pé no chão"!
Vale muito o seu play!
"Yellowjackets" é, sem dúvida, um ótimo entretenimento - talvez uma mistura equilibrada (e obviamente dadas as devidas proporções) de "Big Little Lies" e "Lost", com um leve toque de "Midsommar". Criada por Ashley Lyle e Bart Nickerson (ambos de "Narcos") e indicada para mais de 10 Emmys, essa série de suspense psicológico e drama trabalha muito bem os elementos de mistério, de sobrevivência e de horror. A narrativa é contada em duas linhas do tempo principais: uma que se passa em 1996, logo após um acidente aéreo, enquanto as meninas tentam sobreviver em condições extremas; e outra no presente, onde as sobreviventes, agora adultas, lutam para seguir em frente com suas vidas, enquanto o passado retorna para assombrá-las. E olha, é a partir dessa uma atmosfera tensa e sinistra que a série, de fato, oferece uma experiência tão perturbadora quanto cativante.
Um time de futebol feminino escolar sofre um acidente de avião enquanto viajava para jogar um campeonato. Presas em um local selvagem, as garotas, aos poucos, percebem que as chances de um resgate se torna cada vez mais remotas - é quando a dinâmica do grupo começa a se deteriorar. Já na fase adulta, décadas após serem encontradas, quatro dessas sobreviventes passam a ser sentir chantageadas quando alguém misterioso começa a enviar mensagens para elas ameaçando contar tudo o que aconteceu durante os 19 meses em que estiveram isoladas. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante e original de "Yellowjackets" seja justamente o que mais faltou durante aqueles inesquecíveis anos de "Lost" - em uma época pré-streaming, é preciso ressaltar. A estrutura narrativa não linear apresentada por Lyle e Nickerson é um pouco diferente da proposta de J.J. Abrams, pois aqui a série explora tanto os mistérios do que aconteceu na floresta após o acidente quanto o impacto psicológico dessas experiências traumáticas nas vidas adultas das personagens - sempre em paralelo. O roteiro consegue construir uma história que combina o mistério central, "o que realmente aconteceu na floresta e quem sobreviveu?", com o desenvolvimento de alguns personagens profundamente ricos e complexos já na sua essência. Veja, as múltiplas camadas da série permitem que a audiência se envolva não apenas com o plot de sobrevivência, mas também com os dramas pessoais e emocionais das personagens de uma forma bastante palpável. Agora é preciso que se diga: embora a série lide com temas como trauma, culpa, vingança e até pontue sobre os limites da moralidade, "Yellowjackets" é mesmo entretenimento!
O time de diretores se apoia na tensão constante das consequências de ações passadas, mas também é eficaz em capturar o drama crescente e o isolamento íntimo das protagonistas. As cenas que se passam na floresta, por exemplo, são filmadas de maneira claustrofóbica, com um tom sombrio que reflete a deterioração física e mental das sobreviventes. Já contrastando com o presente, onde as sobreviventes tentam reconstruir suas vidas em meio aos segredos e algumas mentiras, os enquadramentos são mais limpos, mas chamam atenção por carregar a mesma sensação de perigo iminente - é muito bacana como esse conceito destaca o peso emocional de uma história que parece nunca ter fim! Repare no trabalho de Melanie Lynskey, a versão adulta de Shauna - ela é particularmente notável, trazendo uma complexidade que equilibra a frieza exterior com a turbulência interna de sua personagem. Já Juliette Lewis, como Natalie, também oferece uma performance intensa, capturando o comportamento autodestrutivo de uma mulher que não consegue escapar dos fantasmas do passado. Christina Ricci, como Misty, oferece uma mistura de excentricidade e psicopatia que é assustadora.
"Yellowjackets"explora dinâmicas de grupo nada simples, onde as tensões entre amizade em diferentes situações e tempos, deixam suas marcas - à medida que essas situações se tornam mais desesperadoras, as personagens são forçadas a tomar decisões cada vez mais extremas, levando questões sobre moralidade e lealdade ao limite. Pouco a pouco a audiência entende que a sobrevivência na floresta foi apenas o começo de uma luta onde as consequências psicológicas, de certa forma, são ainda mais devastadoras - essa sensação de nostalgia e desconforto faz toda diferença na nossa experiência. É como se pegássemos o recorte da cena de "Lost" em que "Jack encontra Kate e diz que eles precisam voltar para a ilha" e fizéssemos uma série mais "jovem e, por incrível que pareça, mais pé no chão"!
Vale muito o seu play!