indika.tv - ml-empreendedorismo

Man in the Arena

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

Assista Agora

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

Assista Agora

A Batalha das Correntes

"A Batalha das Correntes" é um filme dos mais interessantes, principalmente para aqueles que buscam referências históricas para entender a jornada da inovação (e eventualmente do empreendedorismo). Com uma narrativa bem próxima de "Radioactive" temos a chance de conhecer uma das mentes mais brilhantes da história, Thomas Edison, mesmo que se apropriando de uma personalidade bastante difícil bem ao estilo Steve Jobs, diga-se de passagem.

Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade nos EUA. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse e Nikola Tesla (Nicholas Hoult) defendiam a corrente alternada. Basicamente, o primeiro dizia que a segunda opção apresentava pouca segurança no seu manejo, podendo, inclusive, causar mortes, enquanto que estes defendiam a economia da prática que empregavam. Confira o trailer:

Pela sinopse temos a impressão que o assunto pode parecer chato, mas dada a referência histórica e respeitando uma época onde grandes descobertas movimentavam a humanidade, era como se Jobs disputasse com Bill Gates a hegemonia de um mercado de computadores pessoais a partir de suas criações. E a analogia vem repleta de coincidências, veja: o roteiro se concentra nas disputas (pessoais e profissionais) entre Edison e Westinghouse, o primeiro apontado como um gênio, famoso, admirado, com temperamento forte, seguro de sua forma de enxergar o mundo e como suas criações poderiam mudar os rumos da história; já o segundo trazia uma visão menos romântica do empresário, mais objetiva, focado na relação custo x beneficio e um pouco incomodado com a falta de reconhecimento, mas nem por isso desprovido de um bom coração e uma capacidade intelectual acima da média. E aqui cabe um elogio: tanto Benedict Cumberbatch como Michael Shannon estão excelentes nos personagens - mesmo com diálogos um pouco pesados, ambos trazem "alma" para um tema completamente técnico e muitas vezes durante o filme, extremamente racional.

Outros dois destaques que saltam aos olhos, sem dúvida, é a fotografia incandescente de Chung-hoon Chung ("It: A Coisa") e o desenho de produção (+ departamento de arte) liderado por Jan Roelfs (indicado duas vezes ao Oscar por "Gattaca" e "Orlando, a mulher imortal") - a junção dessas duas competências criam uma ambientação bastante interessante, mesmo que para alguns um pouco descolada da realidade. O fato é que, no geral, o filme é muito bem realizado tecnicamente e conceitualmente segue o mesmo caminho - com uma direção segura do Alfonso Gomez-Rejon é fácil perceber a identidade do cineasta, porém, fica claro que o filme poderia ter ido além, talvez até como uma minissérie, tamanha era a efervescência da época, por se tratar de um período tão transformador e tão rico em personagens e histórias.

Gostei muito e indico tranquilamente!

Assista Agora

"A Batalha das Correntes" é um filme dos mais interessantes, principalmente para aqueles que buscam referências históricas para entender a jornada da inovação (e eventualmente do empreendedorismo). Com uma narrativa bem próxima de "Radioactive" temos a chance de conhecer uma das mentes mais brilhantes da história, Thomas Edison, mesmo que se apropriando de uma personalidade bastante difícil bem ao estilo Steve Jobs, diga-se de passagem.

Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade nos EUA. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse e Nikola Tesla (Nicholas Hoult) defendiam a corrente alternada. Basicamente, o primeiro dizia que a segunda opção apresentava pouca segurança no seu manejo, podendo, inclusive, causar mortes, enquanto que estes defendiam a economia da prática que empregavam. Confira o trailer:

Pela sinopse temos a impressão que o assunto pode parecer chato, mas dada a referência histórica e respeitando uma época onde grandes descobertas movimentavam a humanidade, era como se Jobs disputasse com Bill Gates a hegemonia de um mercado de computadores pessoais a partir de suas criações. E a analogia vem repleta de coincidências, veja: o roteiro se concentra nas disputas (pessoais e profissionais) entre Edison e Westinghouse, o primeiro apontado como um gênio, famoso, admirado, com temperamento forte, seguro de sua forma de enxergar o mundo e como suas criações poderiam mudar os rumos da história; já o segundo trazia uma visão menos romântica do empresário, mais objetiva, focado na relação custo x beneficio e um pouco incomodado com a falta de reconhecimento, mas nem por isso desprovido de um bom coração e uma capacidade intelectual acima da média. E aqui cabe um elogio: tanto Benedict Cumberbatch como Michael Shannon estão excelentes nos personagens - mesmo com diálogos um pouco pesados, ambos trazem "alma" para um tema completamente técnico e muitas vezes durante o filme, extremamente racional.

Outros dois destaques que saltam aos olhos, sem dúvida, é a fotografia incandescente de Chung-hoon Chung ("It: A Coisa") e o desenho de produção (+ departamento de arte) liderado por Jan Roelfs (indicado duas vezes ao Oscar por "Gattaca" e "Orlando, a mulher imortal") - a junção dessas duas competências criam uma ambientação bastante interessante, mesmo que para alguns um pouco descolada da realidade. O fato é que, no geral, o filme é muito bem realizado tecnicamente e conceitualmente segue o mesmo caminho - com uma direção segura do Alfonso Gomez-Rejon é fácil perceber a identidade do cineasta, porém, fica claro que o filme poderia ter ido além, talvez até como uma minissérie, tamanha era a efervescência da época, por se tratar de um período tão transformador e tão rico em personagens e histórias.

Gostei muito e indico tranquilamente!

Assista Agora

A Conspiração Consumista

Embora "A Conspiração Consumista" se aproprie de um tom meio "Cavaleiro do Apocalipse" e apresente uma "leve" inclinação ideológica, é inegável que esse documentário da Netflix nos faz refletir. Provocativo e impactante, "Buy Now! The Shopping Conspiracy" pontua com muito simbolismo (e carregado de críticas) as estratégias ocultas usadas por grandes marcas globais para perpetuar o ciclo de consumismo desenfreado. Sob a direção incisiva de Nic Stacey (de "O Mundo Segundo Jeff Goldblum"), o filme assume um tom carregado de deboche para expor como as empresas priorizam o lucro acima de tudo, muitas vezes às custas de impactos ambientais, éticos e psicológicos. O documentário segue a linha de produções como "Privacidade Hackeada" e até de "Minimalism: A Documentary About the Important Things", mas aqui com uma abordagem ainda mais direta e acusatória, apontando o dedo para o que considera o lado mais sombrio da indústria do consumo.

A narrativa central é construída em torno de uma série de entrevistas com especialistas em marketing, investigadores, economistas e ex-funcionários de grandes empresas que revelam táticas como da obsolescência programada ou da manipulação psicológica por meio de publicidade, para influenciar decisões de compra. Esses depoimentos são entrelaçados com dados alarmantes e imagens impactantes de práticas, no mínimo, controversas, criando uma visão abrangente do desenvolvimento tecnológico e de processos internos de um sistema tão bem estabelecido culturalmente que parece impossível de escapar. Confira o trailer (em inglês):

Com o intuito de facilitar o entendimento sem tornar a narrativa maçante, Nic Stacey adota uma abordagem visual bastante dinâmica, combinando gráficos informativos com cenas de consumo excessivo e impactos ambientais - como aterros e praias repletos de resíduos eletrônicos. A direção utiliza uma montagem rápida, eficaz e impactante para manter o ritmo e prender a atenção da audiência, enquanto o tom de "A Conspiração Consumista"oscila entre o informativo e o alarmante - eu diria até mais alarmante do que informativo. Stacey não apenas apresenta os fatos, mas os contextualiza, mostrando como o consumismo moderno está enraizado em práticas corporativas cuidadosamente orquestradas que remontam ao século XX.

O roteiro escrito por Stacey vai além de simplesmente criticar o consumismo; ele explora as implicações mais profundas de um sistema que alimenta inseguranças e cria necessidades artificiais muito baseado no que encontramos nas redes sociais. Entrevistados explicam como as marcas exploram nossas emoções e vulnerabilidades, desde a promessa de felicidade até o medo constante de ficarmos para trás. Altos executivos (de marketing) e ex-funcionários (de empresas como Amazon e Apple) traçam as conexões entre o consumismo e os impactos econômicos globais, enquanto ambientalistas destacam os custos devastadores que essas práticas têm para o planeta. Veja, a busca pelo equilíbrio entre dados concretos e histórias mais humanas faz com que o documentário ressoe tanto em um nível intelectual quanto emocional, mas repare como sempre um certo tom de hipocrisia pontua a narrativa.

Com os efeitos visuais e uma trilha sonora colocados de forma estratégica para elevar as mensagens que variam de urgentes à melancólicas, refletindo a gravidade das revelações, "A Conspiração Consumista" é uma verdadeira imersão pelas camadas mais angustiantes do consumo urbano criando uma sensação de inquietação que persiste ao longo do filme - a capacidade de Stacey em conectar os pontos entre as práticas corporativas e o comportamento do consumidor, chega a ser impressionante. No entanto nos pareceu tendencioso já que sua narrativa prioriza culpar as empresas e, se não isentar, diminuir a responsabilidade dos indivíduos. 

O documentário levanta questões importantes, mas nem sempre oferece respostas claras, deixando a audiência com a sensação de que a solução é tão complexa quanto o problema, ou seja, esteja preparado para refletir, mas não se apegue ao sensacionalismo - não é isso que nos fará mudar! Vale muito o seu play! 

Assista Agora

Embora "A Conspiração Consumista" se aproprie de um tom meio "Cavaleiro do Apocalipse" e apresente uma "leve" inclinação ideológica, é inegável que esse documentário da Netflix nos faz refletir. Provocativo e impactante, "Buy Now! The Shopping Conspiracy" pontua com muito simbolismo (e carregado de críticas) as estratégias ocultas usadas por grandes marcas globais para perpetuar o ciclo de consumismo desenfreado. Sob a direção incisiva de Nic Stacey (de "O Mundo Segundo Jeff Goldblum"), o filme assume um tom carregado de deboche para expor como as empresas priorizam o lucro acima de tudo, muitas vezes às custas de impactos ambientais, éticos e psicológicos. O documentário segue a linha de produções como "Privacidade Hackeada" e até de "Minimalism: A Documentary About the Important Things", mas aqui com uma abordagem ainda mais direta e acusatória, apontando o dedo para o que considera o lado mais sombrio da indústria do consumo.

A narrativa central é construída em torno de uma série de entrevistas com especialistas em marketing, investigadores, economistas e ex-funcionários de grandes empresas que revelam táticas como da obsolescência programada ou da manipulação psicológica por meio de publicidade, para influenciar decisões de compra. Esses depoimentos são entrelaçados com dados alarmantes e imagens impactantes de práticas, no mínimo, controversas, criando uma visão abrangente do desenvolvimento tecnológico e de processos internos de um sistema tão bem estabelecido culturalmente que parece impossível de escapar. Confira o trailer (em inglês):

Com o intuito de facilitar o entendimento sem tornar a narrativa maçante, Nic Stacey adota uma abordagem visual bastante dinâmica, combinando gráficos informativos com cenas de consumo excessivo e impactos ambientais - como aterros e praias repletos de resíduos eletrônicos. A direção utiliza uma montagem rápida, eficaz e impactante para manter o ritmo e prender a atenção da audiência, enquanto o tom de "A Conspiração Consumista"oscila entre o informativo e o alarmante - eu diria até mais alarmante do que informativo. Stacey não apenas apresenta os fatos, mas os contextualiza, mostrando como o consumismo moderno está enraizado em práticas corporativas cuidadosamente orquestradas que remontam ao século XX.

O roteiro escrito por Stacey vai além de simplesmente criticar o consumismo; ele explora as implicações mais profundas de um sistema que alimenta inseguranças e cria necessidades artificiais muito baseado no que encontramos nas redes sociais. Entrevistados explicam como as marcas exploram nossas emoções e vulnerabilidades, desde a promessa de felicidade até o medo constante de ficarmos para trás. Altos executivos (de marketing) e ex-funcionários (de empresas como Amazon e Apple) traçam as conexões entre o consumismo e os impactos econômicos globais, enquanto ambientalistas destacam os custos devastadores que essas práticas têm para o planeta. Veja, a busca pelo equilíbrio entre dados concretos e histórias mais humanas faz com que o documentário ressoe tanto em um nível intelectual quanto emocional, mas repare como sempre um certo tom de hipocrisia pontua a narrativa.

Com os efeitos visuais e uma trilha sonora colocados de forma estratégica para elevar as mensagens que variam de urgentes à melancólicas, refletindo a gravidade das revelações, "A Conspiração Consumista" é uma verdadeira imersão pelas camadas mais angustiantes do consumo urbano criando uma sensação de inquietação que persiste ao longo do filme - a capacidade de Stacey em conectar os pontos entre as práticas corporativas e o comportamento do consumidor, chega a ser impressionante. No entanto nos pareceu tendencioso já que sua narrativa prioriza culpar as empresas e, se não isentar, diminuir a responsabilidade dos indivíduos. 

O documentário levanta questões importantes, mas nem sempre oferece respostas claras, deixando a audiência com a sensação de que a solução é tão complexa quanto o problema, ou seja, esteja preparado para refletir, mas não se apegue ao sensacionalismo - não é isso que nos fará mudar! Vale muito o seu play! 

Assista Agora

A Falha

"A Falha" (ou "The Flaw" no original) é um documentário dos mais interessantes, principalmente para aqueles que se interessam por economia e por história. É um verdadeiro estudo sobre o capitalismo, mas partindo de um ponto marcante da história moderna dos EUA: a crise de 2008 - e aqui é preciso fazer um comentário pertinente: o filme não tem a pretensão de ser um manifesto ou uma crítica superficial sobre o capitalismo, ele é mais um recorte sobre os erros do sistema financeiro nos últimos 20 anos.

O premiado diretor David Sington apresenta a história da crise de crédito financeiro de 2008 que trouxe sofrimento para milhões de americanos. Abandonando explicações fáceis de banqueiros gananciosos e reguladores incompetentes, esta investigação vai às raízes da crença iludida dos EUA e do Reino Unido de que todos poderiam ser ricos e que os preços dos imóveis subiriam para sempre. Confira o trailer (em inglês):

Embora interessante, a abordagem de Sington para contar essa história pode soar um pouco mais técnica, embora o diretor se esforce muito para deixar sua mensagem a mais clara possível - em alguns momentos ele consegue, em outros nem tanto.  Quando Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, em uma declaração no Congresso, admitiu uma "falha" ao ter acreditado no poder de auto-correção dos mercados, um enorme estrago já tinha acontecido. Muitos documentários, inclusive, partem do mesmo principio para tentar explicar as causas da crise, mas em "A Falha" o que assistimos é um mergulho quase antropológico na raiz do problema e não nas suas ramificações.

Alguns dos economistas mais importantes do mundo, incluindo Joseph Stiglitz, Robert Wade, Louis Hyman e Robert Shiller, oferecem suas perspectivas sobre o que causou a crise, a enorme desigualdade presente na sociedade americana até hoje e como a ideologia do mercado livre de Alan Greenspan levou as pessoas acreditarem que todos poderiam estar sempre em uma melhor situação, mesmo sem nenhum ajuste em seus recebimentos. É muito interessante como Sington intercala esses depoimentos com cenas de desenhos animados utilizados como propaganda anticomunista para os soldados norte-americanos dos anos 50 e 60. 

“É uma crise de dívida, mas também é uma crise de teoria econômica” - assim definiu o diretor na época do lançamento do seu documentário indicado ao prêmio máximo do Festival de Sundance em 2011. Além de muito inteligente, "A Falha" provoca algumas reflexões sobre o momento que estamos vivendo e o que pode vir pela frente se ganância continuar pontuando as decisões pouco empáticas de quem está no 1% do topo da pirâmide.

Vale o play e vale a discussão para aqueles que não se contentam com o óbvio!

Assista Agora

"A Falha" (ou "The Flaw" no original) é um documentário dos mais interessantes, principalmente para aqueles que se interessam por economia e por história. É um verdadeiro estudo sobre o capitalismo, mas partindo de um ponto marcante da história moderna dos EUA: a crise de 2008 - e aqui é preciso fazer um comentário pertinente: o filme não tem a pretensão de ser um manifesto ou uma crítica superficial sobre o capitalismo, ele é mais um recorte sobre os erros do sistema financeiro nos últimos 20 anos.

O premiado diretor David Sington apresenta a história da crise de crédito financeiro de 2008 que trouxe sofrimento para milhões de americanos. Abandonando explicações fáceis de banqueiros gananciosos e reguladores incompetentes, esta investigação vai às raízes da crença iludida dos EUA e do Reino Unido de que todos poderiam ser ricos e que os preços dos imóveis subiriam para sempre. Confira o trailer (em inglês):

Embora interessante, a abordagem de Sington para contar essa história pode soar um pouco mais técnica, embora o diretor se esforce muito para deixar sua mensagem a mais clara possível - em alguns momentos ele consegue, em outros nem tanto.  Quando Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal norte-americana, em uma declaração no Congresso, admitiu uma "falha" ao ter acreditado no poder de auto-correção dos mercados, um enorme estrago já tinha acontecido. Muitos documentários, inclusive, partem do mesmo principio para tentar explicar as causas da crise, mas em "A Falha" o que assistimos é um mergulho quase antropológico na raiz do problema e não nas suas ramificações.

Alguns dos economistas mais importantes do mundo, incluindo Joseph Stiglitz, Robert Wade, Louis Hyman e Robert Shiller, oferecem suas perspectivas sobre o que causou a crise, a enorme desigualdade presente na sociedade americana até hoje e como a ideologia do mercado livre de Alan Greenspan levou as pessoas acreditarem que todos poderiam estar sempre em uma melhor situação, mesmo sem nenhum ajuste em seus recebimentos. É muito interessante como Sington intercala esses depoimentos com cenas de desenhos animados utilizados como propaganda anticomunista para os soldados norte-americanos dos anos 50 e 60. 

“É uma crise de dívida, mas também é uma crise de teoria econômica” - assim definiu o diretor na época do lançamento do seu documentário indicado ao prêmio máximo do Festival de Sundance em 2011. Além de muito inteligente, "A Falha" provoca algumas reflexões sobre o momento que estamos vivendo e o que pode vir pela frente se ganância continuar pontuando as decisões pouco empáticas de quem está no 1% do topo da pirâmide.

Vale o play e vale a discussão para aqueles que não se contentam com o óbvio!

Assista Agora

A Grande Escolha

A Grande Escolha

"A Grande Escolha" é um filme imperdível para os fãs de esportes, especialmente aqueles que conhecem e estão acostumados com a dinâmica dos DRAFTs entre as temporadas que acontecem nos EUA, mais precisamente no futebol americano da NFL - e aqui, conhecendo ou não todas essas siglas, já vai ficar claro se o filme é realmente para você! Dirigido pelo veterano Ivan Reitman (do clássico "Os Caça-Fantasmas"), "Draft Day" (no original) se destaca pela abordagem inteligente e envolvente ao explorar com maestria os bastidores de um esporte que não para de crescer aqui no Brasil. O roteiro, mesmo que para alguns possa parecer previsível demais, tem diálogos afiados e sabe desenvolver uma trama que nos provoca, além da curiosidade, uma sensação de tensão constante. Eu diria que é como se "O Lobo de Wall Street" encontrasse "Um Domingo Qualquer".

Filho do falecido ex-técnico dos Browns, o executivo Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) teve um ano de altos e baixos antes do Draft da NFL. Seu quarterback titular, Brian Drew (Tom Welling), se machucou no meio da temporada e as chances de levar o Cleveland para os playoffs foram para o espaço. Pressionado pelo dono dos Browns (Frank Langella), Weaver faz uma troca estúpida e paga caro demais pela primeira escolha geral do Draft, que originalmente seria do Seattle. No entanto, existe uma chance de sair por cima, mas para isso ele precisa descobrir se vale a pena escolher Bo Callahan, QB de Wisconsin, ou se há algo por trás de sua “perfeição” que ainda ninguém descobriu. Confira o trailer:

Considerando que "A Grande Escolha" trata de um assunto complexo para quem não conhece muito bem a dinâmica do DRAFT e de como uma escolha errada pode impactar um time durante anos, é até natural que parte da audiência se incomode com um ou outro diálogo um pouco mais expositivo - é como se os roteiristas não soubessem exatamente quem assistiria aquele filme e se relacionaria com aquela história. O tema, óbvio, não é universal, mas mesmo diante dessa complexidade existe alguns elementos narrativos que suavizam o foco esportivo e nos apresentam outras camadas que melhoram a experiência - ao explorar o poder das escolhas dentro daquele ambiente tão competitivo e de enorme pressão é na humanização dos ícones esportivos que o roteiro consegue seus maiores trunfos.

Se o roteiro parece titubeiar em sua proposta, a direção habilidosa de Reitman não - ela captura não apenas a adrenalina dos jogos, mas também a dinâmica das relações interpessoais nos corredores da administração esportiva. Aqui dois pontos merecem sua atenção: a fotografia exuberante do Eric Steelberg (de "Tully")e a trilha sonora de John Debney (de "A Paixão de Cristo"). Juntos, esses elementos criam um envolvimento além do diálogo, um ritmo pulsante para a narrativa, transformando o que poderia parecer monótono em algo muito interessante de acompanhar. Veja, mesmo o drama sendo basicamente um jogo de "tentativa e erro" e de "adivinhações", seu contexto justifica cada intervenção técnica como prova de que a beleza do esporte como instituição vai muito além dos embates nas quatro linhas.

Kevin Costner entrega uma atuação relevante como Sonny Weaver Jr., conferindo ao seu personagem um range emocional que vai além dos clichês do gênero (até mesmo para ele). Sua química com Jennifer Garner (a Ali) funciona, proporcionando momentos realmente tocantes e até autênticos para aquele universo - chega a surpreender pela medida certa como tudo acontece em pouco menos de 120 minutos. Dito isso, "A Grande Escolha" pode ser considerado sim, uma jornada que não apenas entretém, mas também instiga reflexões sobre o significado das escolhas que fazemos em nossas vidas, simbolizadas por um esporte carregado de competitividade e paixão, onde, como o gatilho emocional, nada parece ser mais potente que a intuição. 

Se você leu até aqui, certamente você aprecia dramas esportivos e nesse filme você vai encontrar uma ótima escolha para sua diversão. Pode dar o play sem medo!

Assista Agora

"A Grande Escolha" é um filme imperdível para os fãs de esportes, especialmente aqueles que conhecem e estão acostumados com a dinâmica dos DRAFTs entre as temporadas que acontecem nos EUA, mais precisamente no futebol americano da NFL - e aqui, conhecendo ou não todas essas siglas, já vai ficar claro se o filme é realmente para você! Dirigido pelo veterano Ivan Reitman (do clássico "Os Caça-Fantasmas"), "Draft Day" (no original) se destaca pela abordagem inteligente e envolvente ao explorar com maestria os bastidores de um esporte que não para de crescer aqui no Brasil. O roteiro, mesmo que para alguns possa parecer previsível demais, tem diálogos afiados e sabe desenvolver uma trama que nos provoca, além da curiosidade, uma sensação de tensão constante. Eu diria que é como se "O Lobo de Wall Street" encontrasse "Um Domingo Qualquer".

Filho do falecido ex-técnico dos Browns, o executivo Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner) teve um ano de altos e baixos antes do Draft da NFL. Seu quarterback titular, Brian Drew (Tom Welling), se machucou no meio da temporada e as chances de levar o Cleveland para os playoffs foram para o espaço. Pressionado pelo dono dos Browns (Frank Langella), Weaver faz uma troca estúpida e paga caro demais pela primeira escolha geral do Draft, que originalmente seria do Seattle. No entanto, existe uma chance de sair por cima, mas para isso ele precisa descobrir se vale a pena escolher Bo Callahan, QB de Wisconsin, ou se há algo por trás de sua “perfeição” que ainda ninguém descobriu. Confira o trailer:

Considerando que "A Grande Escolha" trata de um assunto complexo para quem não conhece muito bem a dinâmica do DRAFT e de como uma escolha errada pode impactar um time durante anos, é até natural que parte da audiência se incomode com um ou outro diálogo um pouco mais expositivo - é como se os roteiristas não soubessem exatamente quem assistiria aquele filme e se relacionaria com aquela história. O tema, óbvio, não é universal, mas mesmo diante dessa complexidade existe alguns elementos narrativos que suavizam o foco esportivo e nos apresentam outras camadas que melhoram a experiência - ao explorar o poder das escolhas dentro daquele ambiente tão competitivo e de enorme pressão é na humanização dos ícones esportivos que o roteiro consegue seus maiores trunfos.

Se o roteiro parece titubeiar em sua proposta, a direção habilidosa de Reitman não - ela captura não apenas a adrenalina dos jogos, mas também a dinâmica das relações interpessoais nos corredores da administração esportiva. Aqui dois pontos merecem sua atenção: a fotografia exuberante do Eric Steelberg (de "Tully")e a trilha sonora de John Debney (de "A Paixão de Cristo"). Juntos, esses elementos criam um envolvimento além do diálogo, um ritmo pulsante para a narrativa, transformando o que poderia parecer monótono em algo muito interessante de acompanhar. Veja, mesmo o drama sendo basicamente um jogo de "tentativa e erro" e de "adivinhações", seu contexto justifica cada intervenção técnica como prova de que a beleza do esporte como instituição vai muito além dos embates nas quatro linhas.

Kevin Costner entrega uma atuação relevante como Sonny Weaver Jr., conferindo ao seu personagem um range emocional que vai além dos clichês do gênero (até mesmo para ele). Sua química com Jennifer Garner (a Ali) funciona, proporcionando momentos realmente tocantes e até autênticos para aquele universo - chega a surpreender pela medida certa como tudo acontece em pouco menos de 120 minutos. Dito isso, "A Grande Escolha" pode ser considerado sim, uma jornada que não apenas entretém, mas também instiga reflexões sobre o significado das escolhas que fazemos em nossas vidas, simbolizadas por um esporte carregado de competitividade e paixão, onde, como o gatilho emocional, nada parece ser mais potente que a intuição. 

Se você leu até aqui, certamente você aprecia dramas esportivos e nesse filme você vai encontrar uma ótima escolha para sua diversão. Pode dar o play sem medo!

Assista Agora

A Grande Jogada

Você não precisa criar um produto (ou serviço) revolucionário para se transformar em um grande empreendedor, basta conhecer muito bem seu mercado, escutar seus potenciais clientes e entregar algo melhor e que possa agradar mais do que seus concorrentes. Pois ,"A Grande Jogada" fala exatamente sobre o valor dessa jornada, mas pelos olhos de Molly Bloom (Jessica Chastain), uma ex-esquiadora olímpica forçada a abandonar o esporte após um acidente e que depois se transformou na "princesa do pôquer",  faturando milhões, organizando noitadas de jogatina VIP!

Baseado no livro "Molly’s Game: From Hollywood’s Elite to Wall Street’s Billionaire Boys Club, My High-Stakes Adventure in the World of Underground Poker", o  filme acompanha dois momentos da protagonista: sua ascensão dentro do mundo do pôquer, desde um pequeno barzinho onde trabalhava como garçonete até uma luxuosa cobertura contando com a presença de diversas celebridades; e como ela precisou enfrentar as consequências de gerenciar os jogos após ser presa por envolvimento com a máfia russa. Confira o trailer:

Embora o roteiro de "A Grande Jogada", escrito pelo excelente Aaron Sorkin (Rede Social), tenha ganho uma indicação merecida para o Oscar de 2018, foi a atriz Jessica Chastain a grande injustiçada do ano - ela merecia demais, no mínimo, a "indicação" por essa personagem. Ela está incrível! Reparem na dinâmica entre Molly e seu advogado, Charlie Jaffey (Idris Elba). A parceria entre eles, que marca a cronologia onde a personagem precisa se defender na justiça após ser presa e ter seu dinheiro confiscado, rende diálogos sensacionais, cheio de nuances e muito bem construídos por Sorkin - que também assina a direção, sua estreia.

Outro ponto que merece destaque é a edição: por causa de um ritmo bem acelerado, com muitos cortes e várias tomadas rápidas, cria-se uma dinâmica narrativa que nos impede de tirar os olhos da tela, fazendo com que o filme passe voando, sem se tornar cansativo - são mais de duas horas de filme e nem nos damos conta. Embora sem muitos riscos, a direção do Aaron Sorkin é bastante competente e a forma como ele constrói toda aquela atmosfera, que fica em uma linha muito tênue entre o luxo e o lixo, é simplesmente sensacional.

É claro que os mais familiarizados com o pôquer certamente terão uma experiência mais, digamos, interessante - pelo simples fato de entenderem o que, de fato, está acontecendo com as cartas na mesa, mas da mesma forma como "Gambito da Rainha" não é um drama sobre xadrez, "A Grande Jogada" também não é sobre pôquer e sim sobre a história real de uma mulher empreendedora forte e inteligente, que encontrou na clandestinidade a chance de vencer na vida - com suas regras, com seus riscos e com sua dores! 

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Você não precisa criar um produto (ou serviço) revolucionário para se transformar em um grande empreendedor, basta conhecer muito bem seu mercado, escutar seus potenciais clientes e entregar algo melhor e que possa agradar mais do que seus concorrentes. Pois ,"A Grande Jogada" fala exatamente sobre o valor dessa jornada, mas pelos olhos de Molly Bloom (Jessica Chastain), uma ex-esquiadora olímpica forçada a abandonar o esporte após um acidente e que depois se transformou na "princesa do pôquer",  faturando milhões, organizando noitadas de jogatina VIP!

Baseado no livro "Molly’s Game: From Hollywood’s Elite to Wall Street’s Billionaire Boys Club, My High-Stakes Adventure in the World of Underground Poker", o  filme acompanha dois momentos da protagonista: sua ascensão dentro do mundo do pôquer, desde um pequeno barzinho onde trabalhava como garçonete até uma luxuosa cobertura contando com a presença de diversas celebridades; e como ela precisou enfrentar as consequências de gerenciar os jogos após ser presa por envolvimento com a máfia russa. Confira o trailer:

Embora o roteiro de "A Grande Jogada", escrito pelo excelente Aaron Sorkin (Rede Social), tenha ganho uma indicação merecida para o Oscar de 2018, foi a atriz Jessica Chastain a grande injustiçada do ano - ela merecia demais, no mínimo, a "indicação" por essa personagem. Ela está incrível! Reparem na dinâmica entre Molly e seu advogado, Charlie Jaffey (Idris Elba). A parceria entre eles, que marca a cronologia onde a personagem precisa se defender na justiça após ser presa e ter seu dinheiro confiscado, rende diálogos sensacionais, cheio de nuances e muito bem construídos por Sorkin - que também assina a direção, sua estreia.

Outro ponto que merece destaque é a edição: por causa de um ritmo bem acelerado, com muitos cortes e várias tomadas rápidas, cria-se uma dinâmica narrativa que nos impede de tirar os olhos da tela, fazendo com que o filme passe voando, sem se tornar cansativo - são mais de duas horas de filme e nem nos damos conta. Embora sem muitos riscos, a direção do Aaron Sorkin é bastante competente e a forma como ele constrói toda aquela atmosfera, que fica em uma linha muito tênue entre o luxo e o lixo, é simplesmente sensacional.

É claro que os mais familiarizados com o pôquer certamente terão uma experiência mais, digamos, interessante - pelo simples fato de entenderem o que, de fato, está acontecendo com as cartas na mesa, mas da mesma forma como "Gambito da Rainha" não é um drama sobre xadrez, "A Grande Jogada" também não é sobre pôquer e sim sobre a história real de uma mulher empreendedora forte e inteligente, que encontrou na clandestinidade a chance de vencer na vida - com suas regras, com seus riscos e com sua dores! 

Vale muito o seu play!

Assista Agora

A Grande Jogada: Além das Quadras

Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".

Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):

Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.

Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?

Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.

Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!

PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.

Assista Agora

Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".

Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):

Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.

Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?

Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.

Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!

PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.

Assista Agora

A Grande Virada

Esse filme é uma pancada muito bem dada! Sério, é impressionante como "A Grande Virada" aborda de uma maneira incrivelmente realista e contundente os efeitos devastadores do desemprego e, consequentemente, da perda de identidade que muitos executivos enfrentaram pós-crise de 2008, quando, da noite para o dia, foram demitidos sem muitas explicações. O talentoso diretor e roteirista John Wells (de "West King") constrói uma narrativa muito sólida, cheia de nuances, que mergulha nas vidas dos protagonistas de modo a explorar suas lutas mais íntimas e suas transformações pessoais, além, obviamente, de fazer um recorte emocionante sobre os reflexos sociais dessa delicada situação - tudo como se fosse um documentário (não na forma, mas na profundidade do conteúdo).

"The Company Men" (no original) acompanha a vida de três executivos de uma grande empresa que são demitidos devido a crise financeira de 2008. O filme explora as consequências emocionais e financeiras que eles enfrentam enquanto tentam se adaptar a uma nova realidade e encontrar um propósito além de suas carreiras. Confira o trailer (em inglês):

O filme, de cara, se destaca por seu elenco brilhante. Ben Affleck interpreta Bobby Walker, um jovem executivo ambicioso e bem-sucedido, cuja vida desmorona após ser demitido. Affleck oferece uma interpretação convincente, retratando de forma comovente o impacto emocional que o desemprego tem sobre seu personagem. Tommy Lee Jones (Gene McClary) é um executivo de alto escalão que sofre com as demissões de sua equipe, no entanto sua atuação traz uma mistura de determinação e vulnerabilidade, enquanto ele lida com as mudanças em sua vida e as pressões financeiras de uma possível (e latente) demissão. A forma como Jones acrescenta essa camada de insegurança mesmo quando navega por mares aparentemente tranquilos, tem um impacto impressionante na nossa experiência como audiência. Mas talvez seja o personagem de Chris Cooper, o Phil Woodward (um veterano funcionário da empresa que está prestes a se aposentar) que transmite a maior angústia entre todos - pela idade, pela forma como enxerga a vida e, principalmente, pela dificuldade de encontrar um propósito ao perder a segurança que tinha em sua carreira.

É interessante como através de todas essas personas,  "A Grande Virada" é capaz de oferecer uma crítica perspicaz sobre o mundo corporativo e, consequentemente, sobre aqueles que tomam as decisões, a fim de mostrar como as empresas priorizam o lucro em detrimento de seus colaboradores e como a ganância pode, tranquilamente, destruir muitas vidas sem ao menos se dar conta disso. O roteiro é ainda muito feliz ao abordar questões sociais relevantes, como a perda de empregos durante uma crise econômica e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho em diferentes aspectos - da manutenção dos altos salários ao problema de se ter uma idade avançada.

A fotografia do mestre Roger Deakins (de "1917") captura toda essa atmosfera melancólica e desoladora da história, com uma paleta de cores frias e com cenas que refletem a solidão dos personagens que chega a incomodar! Mesmo que o filme possa parecer lento em certos momentos, é no seu esmero estético e nas performances de seu elenco que encontramos o valor dramático de sua proposta. Reparem como, a todo momento, o filme nos oferece uma reflexão profunda sobre a vida além do trabalho enquanto a busca pelo significado pessoal parece estar tão conectada ao dinheiro que nos esquecemos do que realmente vale a pena. Olha, uma aula!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Esse filme é uma pancada muito bem dada! Sério, é impressionante como "A Grande Virada" aborda de uma maneira incrivelmente realista e contundente os efeitos devastadores do desemprego e, consequentemente, da perda de identidade que muitos executivos enfrentaram pós-crise de 2008, quando, da noite para o dia, foram demitidos sem muitas explicações. O talentoso diretor e roteirista John Wells (de "West King") constrói uma narrativa muito sólida, cheia de nuances, que mergulha nas vidas dos protagonistas de modo a explorar suas lutas mais íntimas e suas transformações pessoais, além, obviamente, de fazer um recorte emocionante sobre os reflexos sociais dessa delicada situação - tudo como se fosse um documentário (não na forma, mas na profundidade do conteúdo).

"The Company Men" (no original) acompanha a vida de três executivos de uma grande empresa que são demitidos devido a crise financeira de 2008. O filme explora as consequências emocionais e financeiras que eles enfrentam enquanto tentam se adaptar a uma nova realidade e encontrar um propósito além de suas carreiras. Confira o trailer (em inglês):

O filme, de cara, se destaca por seu elenco brilhante. Ben Affleck interpreta Bobby Walker, um jovem executivo ambicioso e bem-sucedido, cuja vida desmorona após ser demitido. Affleck oferece uma interpretação convincente, retratando de forma comovente o impacto emocional que o desemprego tem sobre seu personagem. Tommy Lee Jones (Gene McClary) é um executivo de alto escalão que sofre com as demissões de sua equipe, no entanto sua atuação traz uma mistura de determinação e vulnerabilidade, enquanto ele lida com as mudanças em sua vida e as pressões financeiras de uma possível (e latente) demissão. A forma como Jones acrescenta essa camada de insegurança mesmo quando navega por mares aparentemente tranquilos, tem um impacto impressionante na nossa experiência como audiência. Mas talvez seja o personagem de Chris Cooper, o Phil Woodward (um veterano funcionário da empresa que está prestes a se aposentar) que transmite a maior angústia entre todos - pela idade, pela forma como enxerga a vida e, principalmente, pela dificuldade de encontrar um propósito ao perder a segurança que tinha em sua carreira.

É interessante como através de todas essas personas,  "A Grande Virada" é capaz de oferecer uma crítica perspicaz sobre o mundo corporativo e, consequentemente, sobre aqueles que tomam as decisões, a fim de mostrar como as empresas priorizam o lucro em detrimento de seus colaboradores e como a ganância pode, tranquilamente, destruir muitas vidas sem ao menos se dar conta disso. O roteiro é ainda muito feliz ao abordar questões sociais relevantes, como a perda de empregos durante uma crise econômica e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho em diferentes aspectos - da manutenção dos altos salários ao problema de se ter uma idade avançada.

A fotografia do mestre Roger Deakins (de "1917") captura toda essa atmosfera melancólica e desoladora da história, com uma paleta de cores frias e com cenas que refletem a solidão dos personagens que chega a incomodar! Mesmo que o filme possa parecer lento em certos momentos, é no seu esmero estético e nas performances de seu elenco que encontramos o valor dramático de sua proposta. Reparem como, a todo momento, o filme nos oferece uma reflexão profunda sobre a vida além do trabalho enquanto a busca pelo significado pessoal parece estar tão conectada ao dinheiro que nos esquecemos do que realmente vale a pena. Olha, uma aula!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

A Guerra pelo Futebol

Ninguém é 100% santo, mas é bem fácil perceber quem, de fato, tem uma forte tendência para ser mal caráter - mesmo quando a fala mansa e o discurso bem estruturado tentam nos convencer do contrário (e é preciso admitir, muitas vezes com sucesso). Depois de documentários recentes como "Esquemas da FIFA" ou "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" e até séries de ficção bastante competentes como material histórico como "Jogo da Corrupção" "El presidente" onde a FIFA estava sob os holofotes, chegou a vez da UEFA (a União das Federações Europeias de Futebol) sentir o peso do jogo politico e corporativo que insistem em diminuir o valor do esporte mais amado do planeta - graças a ganância por poder e dinheiro de seus dirigentes. 

Em "Superliga: A Guerra pelo Futebol" acompanhamos uma verdadeira superprodução cinematográfica, com fortes elementos dramáticos, que transformam a narrativa de uma história real em uma jornada envolvente pelos 4 dias que quase mudaram o destino do futebol quando alguns dos maiores clubes da Europa resolveram criar uma liga independente para faturar de três a quatro vezes mais que na Champions League, mesmo que isso tivesse um custo esportivo irreparável para os clubes menores. Confira o trailer (em inglês):

A partir da perspectiva dos dois lados da história, um representado pelo presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin; e outro pelo presidente da Juventus, e amigo pessoal de Ceferin, Andrea Agnelli, temos um recorte detalhado sobre os interesses por trás da tentativa de criação da Superliga (que envolveu clubes como Barcelona e Real Madrid) que foi marcada por uma traição que culminou no fim de uma longa amizade entre seus protagonistas.

Para quem não sabe Superliga foi um projeto anunciado em abril de 2021, na calada da noite, que prometia mudar o cenário esportivo e econômico do futebol europeu. A ideia era criar uma liga fechada com os principais clubes da Europa, que disputariam partidas entre si sem a possibilidade de rebaixamento ou promoção. O projeto causou tanta polêmica que até o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, entrou na discussão. Veja, ao melhor estilo "Formula 1: Dirigir paraViver"o roteiro brinca com o vai e vem da linha temporal criando uma dinâmica empolgante para a história, construindo uma trama politica e conspiratória de dar inveja aos melhores dias de "Game of Thrones".

"Superliga: A Guerra pelo Futebol" se apropria do contexto politico que envolveu o anúncio da criação da Superliga para expor a opinião de torcedores, jogadores, treinadores, jornalistas e dirigentes do mundo inteiro. Tudo muito bem conectado pelos diretores e roteiristas Connor Schell ("Man in the Arena") e Jeff Zimbalist (de "O Limite"), essa produção da AppleTV+ em quatro episódios, é uma verdadeira aula de cinema, na sua forma e, principalmente, no seu conteúdo!

Simplesmente imperdível!

Assista Agora

Ninguém é 100% santo, mas é bem fácil perceber quem, de fato, tem uma forte tendência para ser mal caráter - mesmo quando a fala mansa e o discurso bem estruturado tentam nos convencer do contrário (e é preciso admitir, muitas vezes com sucesso). Depois de documentários recentes como "Esquemas da FIFA" ou "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" e até séries de ficção bastante competentes como material histórico como "Jogo da Corrupção" "El presidente" onde a FIFA estava sob os holofotes, chegou a vez da UEFA (a União das Federações Europeias de Futebol) sentir o peso do jogo politico e corporativo que insistem em diminuir o valor do esporte mais amado do planeta - graças a ganância por poder e dinheiro de seus dirigentes. 

Em "Superliga: A Guerra pelo Futebol" acompanhamos uma verdadeira superprodução cinematográfica, com fortes elementos dramáticos, que transformam a narrativa de uma história real em uma jornada envolvente pelos 4 dias que quase mudaram o destino do futebol quando alguns dos maiores clubes da Europa resolveram criar uma liga independente para faturar de três a quatro vezes mais que na Champions League, mesmo que isso tivesse um custo esportivo irreparável para os clubes menores. Confira o trailer (em inglês):

A partir da perspectiva dos dois lados da história, um representado pelo presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin; e outro pelo presidente da Juventus, e amigo pessoal de Ceferin, Andrea Agnelli, temos um recorte detalhado sobre os interesses por trás da tentativa de criação da Superliga (que envolveu clubes como Barcelona e Real Madrid) que foi marcada por uma traição que culminou no fim de uma longa amizade entre seus protagonistas.

Para quem não sabe Superliga foi um projeto anunciado em abril de 2021, na calada da noite, que prometia mudar o cenário esportivo e econômico do futebol europeu. A ideia era criar uma liga fechada com os principais clubes da Europa, que disputariam partidas entre si sem a possibilidade de rebaixamento ou promoção. O projeto causou tanta polêmica que até o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, entrou na discussão. Veja, ao melhor estilo "Formula 1: Dirigir paraViver"o roteiro brinca com o vai e vem da linha temporal criando uma dinâmica empolgante para a história, construindo uma trama politica e conspiratória de dar inveja aos melhores dias de "Game of Thrones".

"Superliga: A Guerra pelo Futebol" se apropria do contexto politico que envolveu o anúncio da criação da Superliga para expor a opinião de torcedores, jogadores, treinadores, jornalistas e dirigentes do mundo inteiro. Tudo muito bem conectado pelos diretores e roteiristas Connor Schell ("Man in the Arena") e Jeff Zimbalist (de "O Limite"), essa produção da AppleTV+ em quatro episódios, é uma verdadeira aula de cinema, na sua forma e, principalmente, no seu conteúdo!

Simplesmente imperdível!

Assista Agora

A História da Pixar

"A História da Pixar" é um ótimo documentário de 2007, dirigido pela mesma diretora que lançou recentemente, "A História do Imagineering", também pela Disney+. O fato é que Leslie Iwerks construiu um material histórico importantíssimo para os dias de hoje, captando depoimentos raros de gênios como Steve Jobs, George Lucas, Michael Eisner, Roy Disney; sem falar no próprio Bob Iger, John Lasseter e Ed Catmull. 

"A História da Pixar" (ou The Pixar Story) é um olhar curioso sobre os primeiros anos do Estúdio. Desde a época em que era apenas um braço experimental da "Industrial Light & Magic" de George Lucas, passando pelo sucesso de "Toy Story" até a construção de seu enorme campus em East Bay e na relação de sucesso que culminou na aquisição pela Disney. Não é exagero dizer que sua notável sequência sucessos é só a ponta do iceberg de uma jornada muito pessoal de Lasseter, Catmull e Jobs e o documentário detalha muito bem como essas peças se encaixaram. O interessante, e hoje fica mais fácil perceber isso, é que a história da Pixar se confunde com o próprio caminho que a animação veio a percorrer através dos anos e mesmo se tratando de um documentário datado, é impossível não valorizar a aula de inovação, gestão e cultura que ele nos oferece a partir das histórias de cada um dos protagonistas e da paixão por algo que parecia tão distante.

Para quem é empreendedor ou amante do cinema de animação, esse documentário é simplesmente imperdível. São tantos elementos que nos inspiram que fica até difícil pontuar. Pode ter certeza que você vai querer se aprofundar, já que o documentário não tem essa preocupação, então eu aproveito para sugerir o livro "Criatividade S.A." do Ed Catmull - lá você vai encontrar muitas das passagens do documentário um pouco mais desenvolvidas.Olha, se assistir esse documentário e depois ler o livro, acredite, você terá um verdadeiro estudo de caso nas mãos, digno dos melhores cursos de pós-gradução do planeta. Vale muito a pena!

Assista Agora 

"A História da Pixar" é um ótimo documentário de 2007, dirigido pela mesma diretora que lançou recentemente, "A História do Imagineering", também pela Disney+. O fato é que Leslie Iwerks construiu um material histórico importantíssimo para os dias de hoje, captando depoimentos raros de gênios como Steve Jobs, George Lucas, Michael Eisner, Roy Disney; sem falar no próprio Bob Iger, John Lasseter e Ed Catmull. 

"A História da Pixar" (ou The Pixar Story) é um olhar curioso sobre os primeiros anos do Estúdio. Desde a época em que era apenas um braço experimental da "Industrial Light & Magic" de George Lucas, passando pelo sucesso de "Toy Story" até a construção de seu enorme campus em East Bay e na relação de sucesso que culminou na aquisição pela Disney. Não é exagero dizer que sua notável sequência sucessos é só a ponta do iceberg de uma jornada muito pessoal de Lasseter, Catmull e Jobs e o documentário detalha muito bem como essas peças se encaixaram. O interessante, e hoje fica mais fácil perceber isso, é que a história da Pixar se confunde com o próprio caminho que a animação veio a percorrer através dos anos e mesmo se tratando de um documentário datado, é impossível não valorizar a aula de inovação, gestão e cultura que ele nos oferece a partir das histórias de cada um dos protagonistas e da paixão por algo que parecia tão distante.

Para quem é empreendedor ou amante do cinema de animação, esse documentário é simplesmente imperdível. São tantos elementos que nos inspiram que fica até difícil pontuar. Pode ter certeza que você vai querer se aprofundar, já que o documentário não tem essa preocupação, então eu aproveito para sugerir o livro "Criatividade S.A." do Ed Catmull - lá você vai encontrar muitas das passagens do documentário um pouco mais desenvolvidas.Olha, se assistir esse documentário e depois ler o livro, acredite, você terá um verdadeiro estudo de caso nas mãos, digno dos melhores cursos de pós-gradução do planeta. Vale muito a pena!

Assista Agora 

A História do Imagineering

"A História do Imagineering" é uma série documental de seis episódios de 60 minutos, em média, do Disney+, que mais parece um curso de MBA em empreendedorismo e inovação - e isso é incrível! Sem exageros, a forma como o documentário dirigido pela Leslie Iwerks, indicada ao Oscar de 2007 pelo curta documental "Recycled Life" e também responsável pelo excelente "A História da Pixar", é simplesmente sensacional - são tantos elementos inseridos organicamente no processo de construção de um império do entretenimento pelos olhos da força mais criativa da empresa, que fica até difícil citá-los sem correr o risco de esquecer algo importante!

Mesmo que você seja uma das milhões de pessoas que tiveram a oportunidade de visitar algum dos parques temáticos da Disney em todo o mundo, você pode não ter a noção e até não conhecer sobre um dos conceitos culturais mais importantes que a empresa até estabeleceu como profissão: a do Imagineer. A palavra foi criada para designar os criadores de tudo que está nos seus parques temáticos, da idealização à construção de várias das atrações. O documentário tem, entre outras coisas, o objetivo de mostrar um lado secreto que a Disney habitualmente não revelaria e a relação mágica entre a criação e o público que já começa com seu criador Walt, o primeiro dos Imagineers. Confira o trailer:

Da criação da Disneylândia original em Anaheim, na Califórnia, passando pela da Euro Disney em Paris, até chegar nos parques mais recentes, como o de Xangai, a série percorre os altos e baixos destas tarefas gigantescas e dá voz aos seus protagonistas em uma verdadeira radiografia que expõe os bastidores da empresa, tanto criativo como corporativo - e é aqui que o documentário ganha em conteúdo, pois Iwerks mostra um material riquíssimo de arquivo, com conversas de Walt e seu irmão Roy, depoimentos dos primeiros Imagineers, CEOs e executivos da empresa como Michael Eisner, Frank Wells e Bob Iger, além de figuras quase míticas como Steve Jobs, George Lucas e James Cameron.   

"A História do Imagineering" é muito mais que uma série que fala sobre um legado, ela é a mais espetacular análise sobre o real significado de empreendedorismo na prática, uma aula de cultura, gestão, propósito, criatividade, inovação, growth, customer experience, internacionalização, propriedade intelectual, etc. Sério, é simplesmente imperdível e me desculpem a redundância, mas talvez seja o melhor conteúdo sobre o assunto disponível atualmente nos serviços de streaming.

Como de costume nesse tipo de review focado em empreendedorismo, seguem algumas indicações bibliográficas que vão te ajudar a se aprofundar no conteúdo que a série cobre. O primeiro chama "Se você pode sonhar, pode fazer"- esse é um livro de consulta, bem fácil, com vários conceitos dos Imagineers que ajudam a impulsionar a criatividade. A segunda indicação já é um pouco mais complexa, "Disney War" mostra os bastidores da Era Eisner na Disney e como ele foi capaz de recuperar uma empresa quase falida e transformar em uma potencia global do entretenimento. Existem mais dois livros que também podem interessar: "A Magia do Império Disney"de Ginha Nader é basicamente o conteúdo que você vai assistir no documentário e "Criando Magia" do Lee Cockerell que enumera dez estratégias de liderança disseminadas no Disney Institute.

Agora vamos ao que interessa! Só dar o play e ser feliz!

Assista Agora

"A História do Imagineering" é uma série documental de seis episódios de 60 minutos, em média, do Disney+, que mais parece um curso de MBA em empreendedorismo e inovação - e isso é incrível! Sem exageros, a forma como o documentário dirigido pela Leslie Iwerks, indicada ao Oscar de 2007 pelo curta documental "Recycled Life" e também responsável pelo excelente "A História da Pixar", é simplesmente sensacional - são tantos elementos inseridos organicamente no processo de construção de um império do entretenimento pelos olhos da força mais criativa da empresa, que fica até difícil citá-los sem correr o risco de esquecer algo importante!

Mesmo que você seja uma das milhões de pessoas que tiveram a oportunidade de visitar algum dos parques temáticos da Disney em todo o mundo, você pode não ter a noção e até não conhecer sobre um dos conceitos culturais mais importantes que a empresa até estabeleceu como profissão: a do Imagineer. A palavra foi criada para designar os criadores de tudo que está nos seus parques temáticos, da idealização à construção de várias das atrações. O documentário tem, entre outras coisas, o objetivo de mostrar um lado secreto que a Disney habitualmente não revelaria e a relação mágica entre a criação e o público que já começa com seu criador Walt, o primeiro dos Imagineers. Confira o trailer:

Da criação da Disneylândia original em Anaheim, na Califórnia, passando pela da Euro Disney em Paris, até chegar nos parques mais recentes, como o de Xangai, a série percorre os altos e baixos destas tarefas gigantescas e dá voz aos seus protagonistas em uma verdadeira radiografia que expõe os bastidores da empresa, tanto criativo como corporativo - e é aqui que o documentário ganha em conteúdo, pois Iwerks mostra um material riquíssimo de arquivo, com conversas de Walt e seu irmão Roy, depoimentos dos primeiros Imagineers, CEOs e executivos da empresa como Michael Eisner, Frank Wells e Bob Iger, além de figuras quase míticas como Steve Jobs, George Lucas e James Cameron.   

"A História do Imagineering" é muito mais que uma série que fala sobre um legado, ela é a mais espetacular análise sobre o real significado de empreendedorismo na prática, uma aula de cultura, gestão, propósito, criatividade, inovação, growth, customer experience, internacionalização, propriedade intelectual, etc. Sério, é simplesmente imperdível e me desculpem a redundância, mas talvez seja o melhor conteúdo sobre o assunto disponível atualmente nos serviços de streaming.

Como de costume nesse tipo de review focado em empreendedorismo, seguem algumas indicações bibliográficas que vão te ajudar a se aprofundar no conteúdo que a série cobre. O primeiro chama "Se você pode sonhar, pode fazer"- esse é um livro de consulta, bem fácil, com vários conceitos dos Imagineers que ajudam a impulsionar a criatividade. A segunda indicação já é um pouco mais complexa, "Disney War" mostra os bastidores da Era Eisner na Disney e como ele foi capaz de recuperar uma empresa quase falida e transformar em uma potencia global do entretenimento. Existem mais dois livros que também podem interessar: "A Magia do Império Disney"de Ginha Nader é basicamente o conteúdo que você vai assistir no documentário e "Criando Magia" do Lee Cockerell que enumera dez estratégias de liderança disseminadas no Disney Institute.

Agora vamos ao que interessa! Só dar o play e ser feliz!

Assista Agora

A Inventora

Imagine uma jovem, ex-aluna de Stanford, bem relacionada e inserida no ecossistema mais inovador do mundo: o Vale do Silício! Agora imagine que essa jovem possui um propósito real: revolucionar a maneira como os exames de sangue são realizados e processados, eliminando a necessidade do médico e do laboratório para obter um resultado capaz de identificar 200 doenças - tudo isso com apenas uma gota de sangue e a um custo de 10 dólares, em média! Incrível, não?

Pois o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", conta justamente a história dessa jovem chamada Elizabeth Holmes e como ela convenceu vários investidores a colocarem muito, mas muito, dinheiro na sua startup Theranos - considerada uma das mais disruptivas empresas da época e liderada pela mulher comparada a nada menos que Steve Jobs ou Bill Gates! O documentário é impecável e descreve cada passo que transformou o valuation da empresa de 10 bilhões à zero num piscar de olhos!

Holmes é daqueles personagens que transformam um cara como Billy McFarland (criador do Fyre Festival) em mais um "menino criado pela vó". É sério, a capacidade de convencimento de Holmes é algo a ser estudado e não por acaso ela foi comparada com Jobs. Sua visão de negócio ia muito além da sua capacidade técnica de transformar seu projeto em realidade, mas isso foi só um detalhe, pois até alguém entender que era impossível entregar o que foi prometido, muitos anos se passaram e bilhões de dólares foram gastos. Seu discurso rendeu participações em TEDs, palestras, seminários, programas de TV; esteve em capas de revistas como a Fortune por exemplo, participou de jantares com presidentes ao lado dos fundadores do Google, do Facebook e da Tesla, ou seja, ela era a personificação da líder feminina que revolucionaria o mercado da saúde nos EUA e no Mundo - ela, de fato, acreditava nisso!

O documentário foi muito feliz em começar seus testemunhos com a própria Elizabeth contando sobre suas experiências pessoais que a motivaram na busca do seu propósito de simplificar exames, usando a nanotecnologia para eliminar tanto a enorme quantidade de sangue na coleta, como os laboratórios no processamento desse material e até os médicos no diagnóstico de possíveis doenças! Ela explica em detalhes sua idéia, o sonho que seu device se tornasse tão popular como os computadores da Apple e passa tanta segurança, com uma fé tão inabalável pelo seu objetivo, que justifica o número de pessoas experientes que ela "enganou" para financiá-la e a quantidade de consumidores que usaram seu serviço, porque o produto mesmo (chamado de Edson), nunca foi lançado - é preciso dizer que em alguns momentos o Diretor, premiado cineasta Alex Gibney, acaba até sugerindo que Holmes vivia em um mundo paralelo, desconectada da realidade, capaz de tudo para se manter nos holofotes e, de alguma forma, continuar sua "história de faz de conta"! São muitos depoimentos: de uma antiga professora de Stanford - que inclusive foi a primeira a duvidar da possibilidade de execução do projeto, passando por ex-funcionários frustados que presenciaram o que acontecia nos laboratórios da empresa até chegar no repórter do Wall Street Journal que publicou a matéria que acabou sendo o golpe fatal para a Theranos! 

"A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" é daqueles filmes que nos fazem refletir sobre a real capacidade humana X a ganância ou o ego de se tornar um ícone! Aliás, no Vale do Silício existe um conceito muito comum: "Fingir, até conseguir" - mas qual seria o limite de mindset? No caso de Elizabeth Holmes ela me pareceu ter um propósito real, mas seria impossível ela não perceber os limites da sua idéia e como a manutenção do seu plano de ação poderia prejudicar tanta gente. Ela chega a citar Tomas Edson quando diz: "Eu não fracassei, só encontrei 10.000 formas que não funcionam"! Ok, é uma maneira resiliente de pensar no negócio e hoje, acusada de fraude massiva, fica mais fácil julgar suas falhas como gestora, mas será que ela tinha a real noção disso? É muito possível! Será que a lição foi aprendida pelos investidores? Parece que não, basta ler o que vem acontecendo com a WeWork, por exemplo!

O documentário da HBO é excelente para quem gosta de empreendedorismo, mas também para quem gosta de um ótimo estudo de caso tanto da empresa como da sua fundadora, pois além de levantar a jornada da Theranos em detalhes, tenta desvendar o que representou Elizabeth Holmes para o ecossistema durante anos - uma única brecha (óbvio) é o fato de que o lado dela da história tenha sido tão superficial e rapidamente relatado no veredito jornalístico, mas mesmo assim, vale muito o play porque a história está muito bem contada!

Assista Agora

Imagine uma jovem, ex-aluna de Stanford, bem relacionada e inserida no ecossistema mais inovador do mundo: o Vale do Silício! Agora imagine que essa jovem possui um propósito real: revolucionar a maneira como os exames de sangue são realizados e processados, eliminando a necessidade do médico e do laboratório para obter um resultado capaz de identificar 200 doenças - tudo isso com apenas uma gota de sangue e a um custo de 10 dólares, em média! Incrível, não?

Pois o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", conta justamente a história dessa jovem chamada Elizabeth Holmes e como ela convenceu vários investidores a colocarem muito, mas muito, dinheiro na sua startup Theranos - considerada uma das mais disruptivas empresas da época e liderada pela mulher comparada a nada menos que Steve Jobs ou Bill Gates! O documentário é impecável e descreve cada passo que transformou o valuation da empresa de 10 bilhões à zero num piscar de olhos!

Holmes é daqueles personagens que transformam um cara como Billy McFarland (criador do Fyre Festival) em mais um "menino criado pela vó". É sério, a capacidade de convencimento de Holmes é algo a ser estudado e não por acaso ela foi comparada com Jobs. Sua visão de negócio ia muito além da sua capacidade técnica de transformar seu projeto em realidade, mas isso foi só um detalhe, pois até alguém entender que era impossível entregar o que foi prometido, muitos anos se passaram e bilhões de dólares foram gastos. Seu discurso rendeu participações em TEDs, palestras, seminários, programas de TV; esteve em capas de revistas como a Fortune por exemplo, participou de jantares com presidentes ao lado dos fundadores do Google, do Facebook e da Tesla, ou seja, ela era a personificação da líder feminina que revolucionaria o mercado da saúde nos EUA e no Mundo - ela, de fato, acreditava nisso!

O documentário foi muito feliz em começar seus testemunhos com a própria Elizabeth contando sobre suas experiências pessoais que a motivaram na busca do seu propósito de simplificar exames, usando a nanotecnologia para eliminar tanto a enorme quantidade de sangue na coleta, como os laboratórios no processamento desse material e até os médicos no diagnóstico de possíveis doenças! Ela explica em detalhes sua idéia, o sonho que seu device se tornasse tão popular como os computadores da Apple e passa tanta segurança, com uma fé tão inabalável pelo seu objetivo, que justifica o número de pessoas experientes que ela "enganou" para financiá-la e a quantidade de consumidores que usaram seu serviço, porque o produto mesmo (chamado de Edson), nunca foi lançado - é preciso dizer que em alguns momentos o Diretor, premiado cineasta Alex Gibney, acaba até sugerindo que Holmes vivia em um mundo paralelo, desconectada da realidade, capaz de tudo para se manter nos holofotes e, de alguma forma, continuar sua "história de faz de conta"! São muitos depoimentos: de uma antiga professora de Stanford - que inclusive foi a primeira a duvidar da possibilidade de execução do projeto, passando por ex-funcionários frustados que presenciaram o que acontecia nos laboratórios da empresa até chegar no repórter do Wall Street Journal que publicou a matéria que acabou sendo o golpe fatal para a Theranos! 

"A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" é daqueles filmes que nos fazem refletir sobre a real capacidade humana X a ganância ou o ego de se tornar um ícone! Aliás, no Vale do Silício existe um conceito muito comum: "Fingir, até conseguir" - mas qual seria o limite de mindset? No caso de Elizabeth Holmes ela me pareceu ter um propósito real, mas seria impossível ela não perceber os limites da sua idéia e como a manutenção do seu plano de ação poderia prejudicar tanta gente. Ela chega a citar Tomas Edson quando diz: "Eu não fracassei, só encontrei 10.000 formas que não funcionam"! Ok, é uma maneira resiliente de pensar no negócio e hoje, acusada de fraude massiva, fica mais fácil julgar suas falhas como gestora, mas será que ela tinha a real noção disso? É muito possível! Será que a lição foi aprendida pelos investidores? Parece que não, basta ler o que vem acontecendo com a WeWork, por exemplo!

O documentário da HBO é excelente para quem gosta de empreendedorismo, mas também para quem gosta de um ótimo estudo de caso tanto da empresa como da sua fundadora, pois além de levantar a jornada da Theranos em detalhes, tenta desvendar o que representou Elizabeth Holmes para o ecossistema durante anos - uma única brecha (óbvio) é o fato de que o lado dela da história tenha sido tão superficial e rapidamente relatado no veredito jornalístico, mas mesmo assim, vale muito o play porque a história está muito bem contada!

Assista Agora

A Jornada

"A Jornada" é um filme muito bacana, que fala sobre o empoderamento feminino, mas com muita sensibilidade e inteligência. O interessante, inclusive, é perceber como algumas difíceis escolhas que a mulher precisa fazer durante sua vida se transformam em um processo de auto-aceitação ao mesmo tempo em que ela mesmo precisa lidar com uma sociedade notavelmente machista. O filme se aproveita do dia a dia de muito esforço e superação da astronauta francesa Sarah (Eva Green), uma mãe solteira que se prepara para uma missão espacial. Ela luta para equilibrar o tempo e a atenção que sua filha pequena precisa com o intenso e rigoroso treinamento de uma missão espacial. Confira o trailer:

Talvez a frase do seu colega de missão Mike Shannon (Matt Dillon), defina muito bem o que "A Jornada" nos propõe: “Não existe um astronauta perfeito. Assim como não existe uma mãe perfeita” - e certamente, isso vai tocar algumas mulheres mais do que aos homens, mas a sua profundidade merece uma reflexão sincera para ambos os gêneros. Vale a pena, mesmo não sendo um filme inesquecível, ele pode mexer com você!

"Proxima" (título original), foi exibido nos Festivais de Toronto e San Sebastian em 2019, recebendo ótimas críticas e várias recomendações. Eu diria que o filme soube relatar muito bem os sentimentos mais íntimos de uma astronauta mulher pouco antes de partir para uma missão internacional no espaço. A cineasta Alice Winocour (de “Augustine” e “Transtorno”) imprime um tom aspiracional no filme, mas sem esquecer da humanidade da personagem - o antagonismo emocional entre a realização profissional e a responsabilidade como mãe é muito bem trabalhado em vários momentos críticos do roteiro. O trabalho da Eva Green (de "007: Cassino Royale") merece ser mencionado - ela é de uma verdade no olhar, no silêncio, no que não é dito, mas é sentido; impressionante! O próprio Matt Dillon surpreende, embora ainda que um pouco canastrão (e aí não sei se é uma birra que eu tenho), entregando um personagem bastante interessante e, de certa forma, até complexo - mas é uma pena que o roteiro não soube aproveitar mais o potencial do personagem. Faltou desenvolvimento.

A fotografia do diretor Georges Lechaptois é bem interessante e lembra muito a forma como o vencedor do Emmy Jakob Ihre retratou "Chernobyl". A diretora Alice Winocour destaca um elemento que vimos em "Interestelar" do Nolan, mas de uma forma diferente - reparem nas suas palavras: “Para mim, o cerne deste filme está em recontar as emoções, capturar a vida e a intensidade vital dos personagens. À medida que o lançamento se aproxima, esse impulso de viver deve se tornar ainda mais urgente, ardente e consumir a todos. Toda cena foi filmada para evocar velocidade, uma sensação de energia bruta”!

De fato "A Jornada" tem esse poder, mas de uma forma muito mais introspectiva do que ativa. A ação praticamente não existe, mas o drama familiar e a discussão sobre os limites das nossas escolhas ou os reflexos delas na vida de quem amamos, isso sim está lá. Não se trata de um filme dinâmico, mas sua pontuação nos permite empatizar pela personagem e por seus dramas. "A Jornada" é um presente de Winocour para Eva Green da mesma forma que Greta Gerwig fez com Saoirse Ronan em "Lady Bird".

Assista Agora

"A Jornada" é um filme muito bacana, que fala sobre o empoderamento feminino, mas com muita sensibilidade e inteligência. O interessante, inclusive, é perceber como algumas difíceis escolhas que a mulher precisa fazer durante sua vida se transformam em um processo de auto-aceitação ao mesmo tempo em que ela mesmo precisa lidar com uma sociedade notavelmente machista. O filme se aproveita do dia a dia de muito esforço e superação da astronauta francesa Sarah (Eva Green), uma mãe solteira que se prepara para uma missão espacial. Ela luta para equilibrar o tempo e a atenção que sua filha pequena precisa com o intenso e rigoroso treinamento de uma missão espacial. Confira o trailer:

Talvez a frase do seu colega de missão Mike Shannon (Matt Dillon), defina muito bem o que "A Jornada" nos propõe: “Não existe um astronauta perfeito. Assim como não existe uma mãe perfeita” - e certamente, isso vai tocar algumas mulheres mais do que aos homens, mas a sua profundidade merece uma reflexão sincera para ambos os gêneros. Vale a pena, mesmo não sendo um filme inesquecível, ele pode mexer com você!

"Proxima" (título original), foi exibido nos Festivais de Toronto e San Sebastian em 2019, recebendo ótimas críticas e várias recomendações. Eu diria que o filme soube relatar muito bem os sentimentos mais íntimos de uma astronauta mulher pouco antes de partir para uma missão internacional no espaço. A cineasta Alice Winocour (de “Augustine” e “Transtorno”) imprime um tom aspiracional no filme, mas sem esquecer da humanidade da personagem - o antagonismo emocional entre a realização profissional e a responsabilidade como mãe é muito bem trabalhado em vários momentos críticos do roteiro. O trabalho da Eva Green (de "007: Cassino Royale") merece ser mencionado - ela é de uma verdade no olhar, no silêncio, no que não é dito, mas é sentido; impressionante! O próprio Matt Dillon surpreende, embora ainda que um pouco canastrão (e aí não sei se é uma birra que eu tenho), entregando um personagem bastante interessante e, de certa forma, até complexo - mas é uma pena que o roteiro não soube aproveitar mais o potencial do personagem. Faltou desenvolvimento.

A fotografia do diretor Georges Lechaptois é bem interessante e lembra muito a forma como o vencedor do Emmy Jakob Ihre retratou "Chernobyl". A diretora Alice Winocour destaca um elemento que vimos em "Interestelar" do Nolan, mas de uma forma diferente - reparem nas suas palavras: “Para mim, o cerne deste filme está em recontar as emoções, capturar a vida e a intensidade vital dos personagens. À medida que o lançamento se aproxima, esse impulso de viver deve se tornar ainda mais urgente, ardente e consumir a todos. Toda cena foi filmada para evocar velocidade, uma sensação de energia bruta”!

De fato "A Jornada" tem esse poder, mas de uma forma muito mais introspectiva do que ativa. A ação praticamente não existe, mas o drama familiar e a discussão sobre os limites das nossas escolhas ou os reflexos delas na vida de quem amamos, isso sim está lá. Não se trata de um filme dinâmico, mas sua pontuação nos permite empatizar pela personagem e por seus dramas. "A Jornada" é um presente de Winocour para Eva Green da mesma forma que Greta Gerwig fez com Saoirse Ronan em "Lady Bird".

Assista Agora

A Milhões de Quilômetros

Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.

Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:

Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.

O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em  "Flamin' Hot".

Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.

Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?

Assista Agora

Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.

Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:

Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.

O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em  "Flamin' Hot".

Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.

Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?

Assista Agora

A Noite que Mudou o Pop

Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

A Queda

Se você não for magro, Deus não te aceitará! Sim, eu sei que pode parecer um absurdo essa afirmação, mas é a partir dessa premissa surreal que a história da líder religiosaGwen Shamblin é contada nessa minissérie de 5 episódios da HBO - e já te adianto: o que pode parecer um absurdo para você (e para mim), certamente faz muito sentido para milhares de pessoas e é justamente por isso que "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" será uma das coisas mais surpreendentes que você vai assistir na vida.

Abrangendo anos de investigação e extensas entrevistas com ex-membros e outras pessoas afetadas pela Remnant Fellowship Churchou por um programa de emagrecimento religioso chamado Weigh Down, essa minissérie documental explora o legado da controversa guru e líder religiosa Gwen Shamblin, cuja vida teve um fim abrupto após a queda de seu avião em maio de 2021. Confira o trailer:

Muito bem conduzida pela mesma diretora do premiado "Polanski: Procurado e Desejado", Marina Zenovich, "A Queda" se apoia, basicamente, na figura tão particular de Gwen Shamblin, e do seu entorno (principalmente seu marido Joe Lara), para construir uma linha narrativa extremamente equilibrada e fluida que mistura assuntos que vão da religião ao sucesso profissional - e aqui é fácil analisar a estratégia de Shamblin e como a junção dos fatos que moldaram a sua vida faz, de fato, todo sentido no resultado final de sua jornada empreendedora, pois ela foi capaz que encontrar e trabalhar a vulnerabilidade de milhares de pessoas que buscavam uma certa paz no "corpo" e na "alma" sem dissociar as duas "dores"; tudo isso, claro, em uma região dos EUA marcada pelo fervor religioso.

"The Way Down: God, Greed and the Cult of Gwen Shamblin" (no original), inicialmente, teria apenas três episódios, porém em 29 de maio de 2021, depois que Zenovich já havia finalizado as filmagens, com todas as entrevistas captadas, e estava dando os toques finais para o lançamento da minissérie, Gwen Shamblin morreu tragicamente em uma queda de avião, no qual também faleceram seu marido e alguns outros líderes da congregação. Enquanto no primeiro momento os entrevistados ficaram preocupados com a repercussão de seus depoimentos, depois do acidente outras pessoas mudaram de ideia, decidiram participar do documentário e assim expor suas histórias, com isso a HBO reeditou o projeto, acrescentou mais uma hora e meia de conteúdo, dividido em dois episódios, e acabou entregando uma obra tão completa quando complexa - um verdadeiro estudo sobre os princípios "malucos" da Remnant Fellowship Church! 

Revoltante em muitos aspectos (como as ações físicas que os líderes pregavam ser o melhor caminho para a educação das crianças) e emocionante em tantos outros (como a jornada solitária de Natasha Pavlovich contra Joe Lara pela guarda de sua filha), "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" é mais um retrato da insanidade como condição humana que se apoia na fé para justificar uma série de barbaridades ao mesmo tempo em que o bolso de seus líderes vão ficando cada vez mais cheio.

Se prepare, não será uma jornada fácil e cuidado, pois os impactos que as histórias provocam não são nada confortáveis. Dito isso, como obra audiovisual e importância narrativa, vale muito o seu play!

PS: Recentemente a HBO Max anunciou que Sarah Paulson (de "American Horror Story") foi escalada para estrelar a versão roteirizada de "A Queda" - ela será Gwen Shamblin.

Assista Agora

Se você não for magro, Deus não te aceitará! Sim, eu sei que pode parecer um absurdo essa afirmação, mas é a partir dessa premissa surreal que a história da líder religiosaGwen Shamblin é contada nessa minissérie de 5 episódios da HBO - e já te adianto: o que pode parecer um absurdo para você (e para mim), certamente faz muito sentido para milhares de pessoas e é justamente por isso que "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" será uma das coisas mais surpreendentes que você vai assistir na vida.

Abrangendo anos de investigação e extensas entrevistas com ex-membros e outras pessoas afetadas pela Remnant Fellowship Churchou por um programa de emagrecimento religioso chamado Weigh Down, essa minissérie documental explora o legado da controversa guru e líder religiosa Gwen Shamblin, cuja vida teve um fim abrupto após a queda de seu avião em maio de 2021. Confira o trailer:

Muito bem conduzida pela mesma diretora do premiado "Polanski: Procurado e Desejado", Marina Zenovich, "A Queda" se apoia, basicamente, na figura tão particular de Gwen Shamblin, e do seu entorno (principalmente seu marido Joe Lara), para construir uma linha narrativa extremamente equilibrada e fluida que mistura assuntos que vão da religião ao sucesso profissional - e aqui é fácil analisar a estratégia de Shamblin e como a junção dos fatos que moldaram a sua vida faz, de fato, todo sentido no resultado final de sua jornada empreendedora, pois ela foi capaz que encontrar e trabalhar a vulnerabilidade de milhares de pessoas que buscavam uma certa paz no "corpo" e na "alma" sem dissociar as duas "dores"; tudo isso, claro, em uma região dos EUA marcada pelo fervor religioso.

"The Way Down: God, Greed and the Cult of Gwen Shamblin" (no original), inicialmente, teria apenas três episódios, porém em 29 de maio de 2021, depois que Zenovich já havia finalizado as filmagens, com todas as entrevistas captadas, e estava dando os toques finais para o lançamento da minissérie, Gwen Shamblin morreu tragicamente em uma queda de avião, no qual também faleceram seu marido e alguns outros líderes da congregação. Enquanto no primeiro momento os entrevistados ficaram preocupados com a repercussão de seus depoimentos, depois do acidente outras pessoas mudaram de ideia, decidiram participar do documentário e assim expor suas histórias, com isso a HBO reeditou o projeto, acrescentou mais uma hora e meia de conteúdo, dividido em dois episódios, e acabou entregando uma obra tão completa quando complexa - um verdadeiro estudo sobre os princípios "malucos" da Remnant Fellowship Church! 

Revoltante em muitos aspectos (como as ações físicas que os líderes pregavam ser o melhor caminho para a educação das crianças) e emocionante em tantos outros (como a jornada solitária de Natasha Pavlovich contra Joe Lara pela guarda de sua filha), "A Queda: Deus, Avareza e o Culto de Gwen Shamblin" é mais um retrato da insanidade como condição humana que se apoia na fé para justificar uma série de barbaridades ao mesmo tempo em que o bolso de seus líderes vão ficando cada vez mais cheio.

Se prepare, não será uma jornada fácil e cuidado, pois os impactos que as histórias provocam não são nada confortáveis. Dito isso, como obra audiovisual e importância narrativa, vale muito o seu play!

PS: Recentemente a HBO Max anunciou que Sarah Paulson (de "American Horror Story") foi escalada para estrelar a versão roteirizada de "A Queda" - ela será Gwen Shamblin.

Assista Agora

A Rede Social

Se você ainda não assistiu, assista! Se você já assistiu, posso te garantir: nos dias de hoje, nossa percepção sobre a história da criação do Facebook é completamente diferente daquela que tínhamos em 2010 quando o filme foi lançado. Indicado em 8 categorias no Oscar de 2011, "A Rede Social" foi uma das produções mais premiadas daquela temporada em festivais importantes ao redor do planeta, com cerca de 175 vitórias e mais de 180 indicações - um verdadeiro fenômeno! A questão é que "o filme do Facebook" foi construído em cima do livro, "Bilionários por Acaso" do Bem Mezrich, em uma época que ainda não estávamos familiarizados com termos como Startup, Equity, Venture Capital e até, podemos dizer, com o enorme potencial que uma rede social viria a ter para gerar lucros. Te garanto que todos esses detalhes ganham uma outra dimensão no segundo "play", por isso mereceu uma análise mais atual!

Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), um jovem desenvolvedor de Harvard, senta na frente de seu computador e irritado com o término de um relacionamento, começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história graças ao sucesso de sua nova rede social: o Facebook. Esse sucesso, no entanto, acaba gerando muita dor de cabeça para ele, já que muitas pessoas envolvidas na criação do Facebook passam a cobrar de Zuckerberg os créditos e, talvez o mais impressionante, valores astronômicos referente a uma porcentagem dos investimentos feitos até ali na plataforma. Confira o trailer:

Dirigido pelo genial David Fincher e com um roteiro primoroso (vencedor do Oscar) do Aaron Sorkin, "A Rede Social" é extremamente competente ao retratar os bastidores do surgimento da Rede Social que mudou a maneira como nós nos relacionamos com a internet, pelos olhos de seu criador. Obviamente que atribuir esse status ao Mark Zuckerberg (brilhantemente interpretado pelo Eisenberg) e esquecer do brasileiro Eduardo Saverin (com um show do Andrew Garfield) e talvez (um pouco menos) dos irmãos Winklevoss (Armie Hammer), pode soar um pouco injusto, mas é inegável que a construção narrativa do filme deixa claro que o embate psicológico dessa jornada, de fato, merecia ser contada - e aqui cabe uma observação: o plot principal não tem nada a ver com tecnologia, mas sim com as relações estabelecidas durante a criação e o desenvolvimento do projeto.

Muito bem editado pelo Kirk Baxter e pelo Angus Wall (ambos vencedores do Oscar também por "The Girl with the Dragon Tattoo"), o filme é tão dinâmico quanto a forma como Mark Zuckerberg vai conectando suas ideias - para aqueles que se apoiam na legenda para entender os diálogos, se preparem, pois a leitura exige rapidez. Com a quebra da linha temporal, Fincher retratar pontos-chaves de uma complexa e turbulenta história real sem nos dar a sensação de que faltou algo. Talvez, com o streaming e se "A Rede Social" fosse uma minissérie, seu sucesso seria ainda mais estrondoso -  basta reparar em tantas produções com a mesma temática que vieram depois:  de Google Earth até Spotify, passando pelo Uber, pela Theranos e pelo WeWork.

A beleza de assistir filmes como "A Rede Social", aqui por muito mérito de Fincher e Sorkin, está justamente na possibilidade de olhar para o novo pela perspectiva de quem esteve lá desde o princípio, sem necessariamente ter que mergulhar em um documentário denso ou mais cadenciado. Quando Fincher se propôs a contar essa história, ele tinha em mente nos permitir olhar para um fato e, dadas as informações, julgar algumas atitudes - ou pelo menos a de entender a razão delas. Quando ouvimos que o sucesso de uma startup está na forma como seu fundador constrói uma solução de um problema em um mercado enorme, nem nos damos conta que muita coisa acontece por acaso, dentro de um contexto nem tão brilhante assim, onde é necessário ligar alguns pontos e que para isso crescer, alguém precisa acreditar (e investir). Talvez hoje, isso fique mais claro para a audiência e, para mim, esse filme foi como abrir uma janela de possibilidades onde perceber que a disrupção tem um custo e quem nem todos estão dispostos a pagar, faz parte do jogo!

Vale muito seu play!  

Up-date: "A Rede Social" ganhou em três das oito indicações no Oscar 2011: Melhor Edição, e Melhor Música e Melhor Roteiro Adaptado!

Assista Agora

Se você ainda não assistiu, assista! Se você já assistiu, posso te garantir: nos dias de hoje, nossa percepção sobre a história da criação do Facebook é completamente diferente daquela que tínhamos em 2010 quando o filme foi lançado. Indicado em 8 categorias no Oscar de 2011, "A Rede Social" foi uma das produções mais premiadas daquela temporada em festivais importantes ao redor do planeta, com cerca de 175 vitórias e mais de 180 indicações - um verdadeiro fenômeno! A questão é que "o filme do Facebook" foi construído em cima do livro, "Bilionários por Acaso" do Bem Mezrich, em uma época que ainda não estávamos familiarizados com termos como Startup, Equity, Venture Capital e até, podemos dizer, com o enorme potencial que uma rede social viria a ter para gerar lucros. Te garanto que todos esses detalhes ganham uma outra dimensão no segundo "play", por isso mereceu uma análise mais atual!

Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), um jovem desenvolvedor de Harvard, senta na frente de seu computador e irritado com o término de um relacionamento, começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história graças ao sucesso de sua nova rede social: o Facebook. Esse sucesso, no entanto, acaba gerando muita dor de cabeça para ele, já que muitas pessoas envolvidas na criação do Facebook passam a cobrar de Zuckerberg os créditos e, talvez o mais impressionante, valores astronômicos referente a uma porcentagem dos investimentos feitos até ali na plataforma. Confira o trailer:

Dirigido pelo genial David Fincher e com um roteiro primoroso (vencedor do Oscar) do Aaron Sorkin, "A Rede Social" é extremamente competente ao retratar os bastidores do surgimento da Rede Social que mudou a maneira como nós nos relacionamos com a internet, pelos olhos de seu criador. Obviamente que atribuir esse status ao Mark Zuckerberg (brilhantemente interpretado pelo Eisenberg) e esquecer do brasileiro Eduardo Saverin (com um show do Andrew Garfield) e talvez (um pouco menos) dos irmãos Winklevoss (Armie Hammer), pode soar um pouco injusto, mas é inegável que a construção narrativa do filme deixa claro que o embate psicológico dessa jornada, de fato, merecia ser contada - e aqui cabe uma observação: o plot principal não tem nada a ver com tecnologia, mas sim com as relações estabelecidas durante a criação e o desenvolvimento do projeto.

Muito bem editado pelo Kirk Baxter e pelo Angus Wall (ambos vencedores do Oscar também por "The Girl with the Dragon Tattoo"), o filme é tão dinâmico quanto a forma como Mark Zuckerberg vai conectando suas ideias - para aqueles que se apoiam na legenda para entender os diálogos, se preparem, pois a leitura exige rapidez. Com a quebra da linha temporal, Fincher retratar pontos-chaves de uma complexa e turbulenta história real sem nos dar a sensação de que faltou algo. Talvez, com o streaming e se "A Rede Social" fosse uma minissérie, seu sucesso seria ainda mais estrondoso -  basta reparar em tantas produções com a mesma temática que vieram depois:  de Google Earth até Spotify, passando pelo Uber, pela Theranos e pelo WeWork.

A beleza de assistir filmes como "A Rede Social", aqui por muito mérito de Fincher e Sorkin, está justamente na possibilidade de olhar para o novo pela perspectiva de quem esteve lá desde o princípio, sem necessariamente ter que mergulhar em um documentário denso ou mais cadenciado. Quando Fincher se propôs a contar essa história, ele tinha em mente nos permitir olhar para um fato e, dadas as informações, julgar algumas atitudes - ou pelo menos a de entender a razão delas. Quando ouvimos que o sucesso de uma startup está na forma como seu fundador constrói uma solução de um problema em um mercado enorme, nem nos damos conta que muita coisa acontece por acaso, dentro de um contexto nem tão brilhante assim, onde é necessário ligar alguns pontos e que para isso crescer, alguém precisa acreditar (e investir). Talvez hoje, isso fique mais claro para a audiência e, para mim, esse filme foi como abrir uma janela de possibilidades onde perceber que a disrupção tem um custo e quem nem todos estão dispostos a pagar, faz parte do jogo!

Vale muito seu play!  

Up-date: "A Rede Social" ganhou em três das oito indicações no Oscar 2011: Melhor Edição, e Melhor Música e Melhor Roteiro Adaptado!

Assista Agora

A Verdadeira História do Roubo do Século

Parece ficção, mas é real -  e justamente por isso é simplesmente genial esse documentário da Netflix! "A Verdadeira História do Roubo do Século" é um "La Casa de Papel" da vida real, contado pelos próprios assaltantes anos depois do crime - aliás, a riqueza de detalhes com que o diretor Matías Gueilburt (de "El Che" e "Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua") constrói a narrativa é tão impressionante que até parece mentira!

Em 2006, a Argentina sofreu o maior assalto a banco da sua história. Um plano perfeito colocado em prática foi capaz de enganar 23 reféns, 300 policias e a toda mídia argentina por um bom tempo. "Los Ladrones" (no original) conta com os depoimentos de todos os envolvidos no golpe e expõe em detalhes como toda essa jornada foi arquitetada e realizada. Confira o trailer (em espanhol):

O que mais me chamou a atenção em "A Verdadeira História do Roubo do Século" foi justamente a qualidade dos elementos que transformam qualquer obra em um grande sucesso. O fato de ser um documentário, naturalmente, dificulta essa conjunção, porém aqui temos personagens incríveis (destaque para o "professor" Fernando Araujo), uma história sensacional e uma produção de altíssima qualidade. A forma como Gueilburt aproveita todo esse material, cria uma dinâmica que dificilmente encontramos no gênero - são várias técnicas, elementos gráficos, reconstituições conceituais, além é claro dos já tradicionais depoimentos e cenas de arquivo.

Muito criativo, Gueilburt nos provoca uma reflexão ao melhor estilo Vince Gilligan (de "Breaking Bad"): seriam esses personagens verdadeiros anti-heróis (quem sabe até heróis) com personalidades marcantes, que merecem nossa torcida já que o propósito de suas ações eram justificáveis e talvez até nobres? Essa dualidade narrativa é tão empolgante que chegamos ao ponto de nos irritarmos quando descobrimos que um "pequeno detalhe" impediu que o plano fosse 100% perfeito - até o protagonista Fernando Araujo que no inicio parece uma pessoa estranha, pouco empática, se transforma em um personagem único que nutre uma certa genialidade em seu âmago.

Se você gostou da série "Roubos Inacreditáveis", pode dar um play tranquilamente que esse filme foi feito especialmente para a sua diversão - e não se julgue caso resolva torcer para os bandidos, pois toda história te fará ponderar sobre o que é "certo", o que é "errado" e, principalmente, se "valeria o risco". Essa é a "brincadeira" que sustenta esse entretenimento da melhor qualidade.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Parece ficção, mas é real -  e justamente por isso é simplesmente genial esse documentário da Netflix! "A Verdadeira História do Roubo do Século" é um "La Casa de Papel" da vida real, contado pelos próprios assaltantes anos depois do crime - aliás, a riqueza de detalhes com que o diretor Matías Gueilburt (de "El Che" e "Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua") constrói a narrativa é tão impressionante que até parece mentira!

Em 2006, a Argentina sofreu o maior assalto a banco da sua história. Um plano perfeito colocado em prática foi capaz de enganar 23 reféns, 300 policias e a toda mídia argentina por um bom tempo. "Los Ladrones" (no original) conta com os depoimentos de todos os envolvidos no golpe e expõe em detalhes como toda essa jornada foi arquitetada e realizada. Confira o trailer (em espanhol):

O que mais me chamou a atenção em "A Verdadeira História do Roubo do Século" foi justamente a qualidade dos elementos que transformam qualquer obra em um grande sucesso. O fato de ser um documentário, naturalmente, dificulta essa conjunção, porém aqui temos personagens incríveis (destaque para o "professor" Fernando Araujo), uma história sensacional e uma produção de altíssima qualidade. A forma como Gueilburt aproveita todo esse material, cria uma dinâmica que dificilmente encontramos no gênero - são várias técnicas, elementos gráficos, reconstituições conceituais, além é claro dos já tradicionais depoimentos e cenas de arquivo.

Muito criativo, Gueilburt nos provoca uma reflexão ao melhor estilo Vince Gilligan (de "Breaking Bad"): seriam esses personagens verdadeiros anti-heróis (quem sabe até heróis) com personalidades marcantes, que merecem nossa torcida já que o propósito de suas ações eram justificáveis e talvez até nobres? Essa dualidade narrativa é tão empolgante que chegamos ao ponto de nos irritarmos quando descobrimos que um "pequeno detalhe" impediu que o plano fosse 100% perfeito - até o protagonista Fernando Araujo que no inicio parece uma pessoa estranha, pouco empática, se transforma em um personagem único que nutre uma certa genialidade em seu âmago.

Se você gostou da série "Roubos Inacreditáveis", pode dar um play tranquilamente que esse filme foi feito especialmente para a sua diversão - e não se julgue caso resolva torcer para os bandidos, pois toda história te fará ponderar sobre o que é "certo", o que é "errado" e, principalmente, se "valeria o risco". Essa é a "brincadeira" que sustenta esse entretenimento da melhor qualidade.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda

Esse documentário da Netflix é mais um estudo de caso dos mais interessantes sobre "cultura corporativa" - e que, pode ter certeza, vai te provocar várias reflexões. A "Abercrombie & Fitch" se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90, porém sua jornada foi marcada por inúmeras acusações que vão desde abusos (inclusive sexuais) até atitudes de preconceito e racismo. 

"Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" faz uma análise sobre o impacto da marca na cultura pop americana na virada do milênio, esmiuçando as estratégias de marketing e as escolhas conceituais para atingir o imaginário popular, além de discutir em detalhes como a marca prosperou e depois entrou em queda livre por defender o principio da exclusão durante três décadas. Confira o trailer (em inglês):

Definida como uma marca que representava o verdadeiro estilo americanos de ser "cool", a "Abercrombie & Fitch" se posicionou entre o sexy da Calvin Klein e o engomadinho da Ralph Lauren. O interessante porém, é que a proposta da empresa não levou em conta o que o público de 18 à 22 anos queria usar, e sim como uma excelente estratégia de marketing faria com que esse mesmo público desejasse usar suas peças - e funcionou!

Dirigido pela premiada Alison Klayman (do excelente "Jagged" da HBO Max), o documentário constrói uma linha do tempo muito competente, criando uma narrativa dinâmica, mas ao mesmo tempo de fácil entendimento. A forma como Klayman aproveita o sucesso da marca para sugerir os problemas que viriam à tona anos depois, é sensacional. Desde a chegada de Lex Wexner da L-Brands (o cara que transformou a Victoria Secret) até a escolha de Michael Jeffries como CEO, passando pelas polêmicas campanhas de Bruce Weber que tem em seu currículo trabalhos para marcas como  Calvin Klein, Ralph Lauren, Pirelli, Revlon e Gianni Versace; o documentário explora como "Abercrombie & Fitch" inovou em muitos sentidos, mas como também parou no tempo, não evoluindo de acordo com as gerações, com a tecnologia e com o entendimento de determinados posicionamentos que já não faziam o menor sentido - essa contextualização é muito importante antes de qualquer julgamento precipitado ou superficial.

Com inúmeros depoimentos de ex-funcionários, ativistas e jornalistas; além de imagens de arquivo e ótimas aplicações gráficas que ajudam a ilustrar tudo o que é contado pelas fontes, "Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" vai além de uma história curiosa e passa a ser um relevante material de estudos sobre como fazer para moldar a percepção de uma sociedade (e de um mercado) e o que não fazer para se manter evoluindo quando o foco é diferenciação de produto (e de experiência).  

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Esse documentário da Netflix é mais um estudo de caso dos mais interessantes sobre "cultura corporativa" - e que, pode ter certeza, vai te provocar várias reflexões. A "Abercrombie & Fitch" se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90, porém sua jornada foi marcada por inúmeras acusações que vão desde abusos (inclusive sexuais) até atitudes de preconceito e racismo. 

"Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" faz uma análise sobre o impacto da marca na cultura pop americana na virada do milênio, esmiuçando as estratégias de marketing e as escolhas conceituais para atingir o imaginário popular, além de discutir em detalhes como a marca prosperou e depois entrou em queda livre por defender o principio da exclusão durante três décadas. Confira o trailer (em inglês):

Definida como uma marca que representava o verdadeiro estilo americanos de ser "cool", a "Abercrombie & Fitch" se posicionou entre o sexy da Calvin Klein e o engomadinho da Ralph Lauren. O interessante porém, é que a proposta da empresa não levou em conta o que o público de 18 à 22 anos queria usar, e sim como uma excelente estratégia de marketing faria com que esse mesmo público desejasse usar suas peças - e funcionou!

Dirigido pela premiada Alison Klayman (do excelente "Jagged" da HBO Max), o documentário constrói uma linha do tempo muito competente, criando uma narrativa dinâmica, mas ao mesmo tempo de fácil entendimento. A forma como Klayman aproveita o sucesso da marca para sugerir os problemas que viriam à tona anos depois, é sensacional. Desde a chegada de Lex Wexner da L-Brands (o cara que transformou a Victoria Secret) até a escolha de Michael Jeffries como CEO, passando pelas polêmicas campanhas de Bruce Weber que tem em seu currículo trabalhos para marcas como  Calvin Klein, Ralph Lauren, Pirelli, Revlon e Gianni Versace; o documentário explora como "Abercrombie & Fitch" inovou em muitos sentidos, mas como também parou no tempo, não evoluindo de acordo com as gerações, com a tecnologia e com o entendimento de determinados posicionamentos que já não faziam o menor sentido - essa contextualização é muito importante antes de qualquer julgamento precipitado ou superficial.

Com inúmeros depoimentos de ex-funcionários, ativistas e jornalistas; além de imagens de arquivo e ótimas aplicações gráficas que ajudam a ilustrar tudo o que é contado pelas fontes, "Abercrombie & Fitch - Ascensão e Queda" vai além de uma história curiosa e passa a ser um relevante material de estudos sobre como fazer para moldar a percepção de uma sociedade (e de um mercado) e o que não fazer para se manter evoluindo quando o foco é diferenciação de produto (e de experiência).  

Vale muito o seu play!

Assista Agora

AIR: A história por trás do logo

Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

Assista Agora

Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

Assista Agora