Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".
Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):
Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.
Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?
Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.
Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!
PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.
Se você gostou de "Arremessando Alto" (a ficção "Hustle", da Netflix) e de "Rise" (cinebiografia de Giannis Antetokounmpo do Disney+) certamente você vai se encantar com "The Long Game: Bigger Than Basketball" (no original) da AppleTV+. A minissérie de 5 episódios é na verdade uma mistura dos dois filmes, só que com mais tempo para desenvolver os personagens e em formato de documentário. Veja, se em "Arremessando Alto" conhecemos o tutor/coach Sugerman (Adam Sandler), aqui Ed Smith exerce essa função; enquanto em "Rise" a jornada da família nigeriana/grega "Antetokounmpo" está no foco, aqui estamos falando da família sudanesa/australiana "Maker".
Makur Maker era um forte candidato a ser recrutado nas primeiras posições do Draft da NBA quando uma escolha ideológica o levou do Ensino Médio para Howard (uma Universidade historicamente negra dos EUA e sem muita tradição no esporte). A minissérie conta a história de Makur após essa decisão, suas dificuldades esportivas em meio a chegada avassaladora do Covid e, principalmente, discute os caminhos e a forma como seu staff projetava sua carreira com o objetivo de coloca-lo entre os melhores da liga. Confira o trailer (em inglês):
Dirigida pelo talentoso Seth Gordon (de "For All Mankind"), a minissérie é muito inteligente em equilibrar os dramas esportivos com as inseguranças pessoais em relação ao "negócio", ou melhor, em como a NBA enxerga suas futuras estrelas com uma forte orientação aos dados - chega ser impressionante (e na minha opinião até limitada) a forma como a imprensa especializada americana e a liga profissional se apoiam apenas nos números para definir o futuro dos jovens atletas.
Como pode ser visto em "Rise" e em "Arremessando Alto", a relação entre o tutor e o atleta imigrante, pobre, mas incrivelmente talentoso que vê no esporte a chance de mudar de vida, levanta uma série de questões éticas que muitas vezes são discutidas sem muita profundidade, mas que, confesso, chega a incomodar - embora o próprio Ed, use o exemplo de outro Maker, o primo mais velho de Makur, Thon, décima escolha no Draft de 2016, para justificar a importância do seu trabalho, ele chega a questionar (para não dizer provocar) o diretor: você conhece algum atleta sudanês que em três anos colocou 12 milhões de dólares no bolso?
Esse recorte mais íntimo da vida de Makur como estudante/atleta que sonha em chegar na NBA é a linha narrativa principal da minissérie, mas com muita habilidade, Gordon ainda cria paralelos entre Makur, seu primo Thon (mostrando que a dificuldade de chegar entre os 10 primeiros do Draft é só o inicio da jornada e que, isoladamente, não garante o sucesso profissional) e ainda a família de Ed, que se divide entre preparar o jovem para os desafios da carreira e lidar com uma série de problemas pessoais. Obviamente que todas essas histórias misturadas, porém conectadas, criam uma dinâmica muito interessante e muito agradável de acompanhar, principalmente para quem gosta de esportes, de cases de atletas de alta performance e, claro, dos bastidores esportivo como negócio.
Dito isso, "A Grande Jogada: Além das Quadras" é uma verdadeira pérola escondida no catálogo da AppleTV+ que merece demais a sua atenção - e não vou me surpreender se algumas importantes indicações começarem a surgir daqui para frente. Vale muito seu play!
PS: Outra série da Apple sobre basquete, "Swagger", também traça ótimos paralelos entre vida pessoal e profissional de um atleta (fenômeno) que sofre com as suas próprias expectativas, com sua personalidade marcante, suas orientações familiares e até com os reflexos do Covid na construção da sua carreira. As semelhanças são impressionantes.
A parceira Adam Sandler e Netflix quase colocou o ator, com toda justiça, na disputa do Oscar com "Jóias Brutas". Em "Arremessando Alto", tenho a impressão, que a performance não esteja no mesmo nível do filme anterior, porém é inegável a capacidade que Sandler tem de se reinventar e aqui, mais uma vez, ele entrega um personagem cheio de camadas, com uma profundidade emocional bastante interessante e, principalmente, com o um range de interpretação que coloca seu Stanley Sugerman como um dos seus melhores trabalhos.
Sugerman é um olheiro que trabalha para uma das franquias mais famosas do basquete americano, o 76ers da Filadélfia. Com a proposta de se tornar assistente técnico do lendário coach Doc Rivers, Sugerman precisa encontrar um jogador com potencial de sucesso para mudar os rumos do time na próxima temporada, porém seu superior não acredita que isso seja possível, é quando o olheiro e seu pupilo, o espanhol Bo Cruz (Juancho Hernangomez), passam a se esforçar ao máximo para provar que ambos merecem uma chance real na NBA. Confira o trailer:
Todo review que faço, onde o esporte é o pano de fundo, eu procuro pontuar o quanto conhecer sobre determinada modalidade vai impactar na experiência de quem assiste o filme. Alguns filmes usam do basquete, do futebol americano e até do futebol para contar uma história de superação, seja social ou até mesmo esportiva, traduzindo a premissa em uma jornada muito mais universal do que de nicho. Em "Arremessando Alto" a questão é um pouco diferente, pois mesmo trazendo elementos mais dramáticos para a narrativa, é o basquete que pauta 90% do roteiro escrito pelo Will Fetters (de "Nasce Uma Estrela ") e pelo Taylor Materne (responsável pelo projeto, olha que curioso, de um dos jogos mais incríveis de basquete da atualidade e que cobre, justamente, a jornada de descoberta e ascensão de um atleta, o NBA 2K20).
Mesmo com um roteiro cheio de clichês, "Arremessando Alto" entrega uma narrativa coerente com a proposta e, eu diria, despreocupada com a história - se na série "Swagger" da AppleTV+ encontramos uma discussão de ideais de superação, autoestima e resiliência, até temas mais delicados como o abandono parental e tensão racial impregnada na sociedade americana, aqui o que vemos é muito mais simples e direto: um ex-jogador que virou olheiro tentando provar o seu valor através do talento acima da média de um atleta europeu que, não fosse ele, não teria chance alguma de chegar no topo da NBA. Dito isso, se você está familiarizado com os astros da Liga, você vai se divertir ainda mais, pois são tantas participações especiais (e muitas delas bem relevantes para a história) que até perdi a conta.
Dirigido pelo estreante Jeremiah Zagar, "Hustle" (no original) foi feito para o fã de basquete que talvez nem esteja preocupado em se aprofundar na história, mas sim em se divertir com ela. São muitas curiosidades de bastidores orquestradas para um ator que vem mostrando seu valor dramático e que com isso cria um certo layer especial para o filme - de fato Sandler brilha! A curiosidade fica pelos 86% de aprovação da crítica e pelos 94% do público no Rotten Tomatoes, o que prova que a produção da Netflix foi muito feliz em equilibrar o drama de personagem com o entretenimento despretensioso de um filme sobre... basquete!
Vale muito seu play!
A parceira Adam Sandler e Netflix quase colocou o ator, com toda justiça, na disputa do Oscar com "Jóias Brutas". Em "Arremessando Alto", tenho a impressão, que a performance não esteja no mesmo nível do filme anterior, porém é inegável a capacidade que Sandler tem de se reinventar e aqui, mais uma vez, ele entrega um personagem cheio de camadas, com uma profundidade emocional bastante interessante e, principalmente, com o um range de interpretação que coloca seu Stanley Sugerman como um dos seus melhores trabalhos.
Sugerman é um olheiro que trabalha para uma das franquias mais famosas do basquete americano, o 76ers da Filadélfia. Com a proposta de se tornar assistente técnico do lendário coach Doc Rivers, Sugerman precisa encontrar um jogador com potencial de sucesso para mudar os rumos do time na próxima temporada, porém seu superior não acredita que isso seja possível, é quando o olheiro e seu pupilo, o espanhol Bo Cruz (Juancho Hernangomez), passam a se esforçar ao máximo para provar que ambos merecem uma chance real na NBA. Confira o trailer:
Todo review que faço, onde o esporte é o pano de fundo, eu procuro pontuar o quanto conhecer sobre determinada modalidade vai impactar na experiência de quem assiste o filme. Alguns filmes usam do basquete, do futebol americano e até do futebol para contar uma história de superação, seja social ou até mesmo esportiva, traduzindo a premissa em uma jornada muito mais universal do que de nicho. Em "Arremessando Alto" a questão é um pouco diferente, pois mesmo trazendo elementos mais dramáticos para a narrativa, é o basquete que pauta 90% do roteiro escrito pelo Will Fetters (de "Nasce Uma Estrela ") e pelo Taylor Materne (responsável pelo projeto, olha que curioso, de um dos jogos mais incríveis de basquete da atualidade e que cobre, justamente, a jornada de descoberta e ascensão de um atleta, o NBA 2K20).
Mesmo com um roteiro cheio de clichês, "Arremessando Alto" entrega uma narrativa coerente com a proposta e, eu diria, despreocupada com a história - se na série "Swagger" da AppleTV+ encontramos uma discussão de ideais de superação, autoestima e resiliência, até temas mais delicados como o abandono parental e tensão racial impregnada na sociedade americana, aqui o que vemos é muito mais simples e direto: um ex-jogador que virou olheiro tentando provar o seu valor através do talento acima da média de um atleta europeu que, não fosse ele, não teria chance alguma de chegar no topo da NBA. Dito isso, se você está familiarizado com os astros da Liga, você vai se divertir ainda mais, pois são tantas participações especiais (e muitas delas bem relevantes para a história) que até perdi a conta.
Dirigido pelo estreante Jeremiah Zagar, "Hustle" (no original) foi feito para o fã de basquete que talvez nem esteja preocupado em se aprofundar na história, mas sim em se divertir com ela. São muitas curiosidades de bastidores orquestradas para um ator que vem mostrando seu valor dramático e que com isso cria um certo layer especial para o filme - de fato Sandler brilha! A curiosidade fica pelos 86% de aprovação da crítica e pelos 94% do público no Rotten Tomatoes, o que prova que a produção da Netflix foi muito feliz em equilibrar o drama de personagem com o entretenimento despretensioso de um filme sobre... basquete!
Vale muito seu play!
Tão sensacional quanto "Formula 1: Dirigir para Sobreviver", "Arremesso Final" tem dois diferenciais que precisam ser destacados, o primeiro é para o lado bom: dentro de uma história narrativamente muito bem construída temos um personagem que é simplesmente único e certamente está entre os três maiores gênios de todos os esportes em todos os tempos - Michael Jordan. Já o segundo não é tão bom assim: o projeto se trata de uma minissérie de apenas 10 episódios - é impossível não querer saber mais de todas aquelas histórias, seja você um amante de basquete ou só um curioso em conhecer os bastidores da criação de um mito! Confira o trailer:
"Last Dance", título original e infinitamente mais coerente que "Arremesso Final", é um registro imperdível de um dos períodos mais importantes da história do basquete americano e da NBA, onde o Chicago Bulls (saco de pancadas da Liga) vai se transformando em no time quase imbatível que alcançou a incrível marca de seis títulos em oito anos, depois da chegada de Jordan, um atleta que além de fenômeno no esporte, alcançou patamares inimagináveis até aquele momento no que diz respeito a influência cultural e poder de marketing! O mais sensacional disso tudo é que o diretor Jason Hehir conseguiu construir uma narrativa tão dinâmica e coerente para contar essa história que temos a sensação de estar revivendo aqueles momentos como se fosse hoje!
Embora seja impossível desassociar o sucesso dos Bulls com a ascensão esportiva de Michael Jordan, "Arremesso Final" vai muito além ao contar histórias bastante peculiares tanto dos bastidores do time (nas temporadas que ganharam e que perderam), quanto das pessoas que rodeavam o grande astro. Rodman, Kerr, Paxton, Pippen e até Phil Jackson foram de extrema importância em momentos-chaves de toda essa jornada que começou em 1985 com a terceira escolha no draft. O bacana é que são tantas curiosidades, muitas delas contadas pela primeira vez e pelos próprios personagens, que não conseguimos parar de assistir os episódios - mesmo sofrendo por saber que são apenas 10!
Esse projeto começou durante a temporada 1997/98 daNBA, quando uma equipe de filmagem ganhou total acesso aos bastidores do Chicago Bulls para registrar as coletivas de imprensa, as conversas de vestiários e todo o cotidiano de treinos e viagens do time. O material de mais de um ano de gravações ficou guardado por duas décadas, até que produtores da NBA em parceria com a ESPN entraram em contato com o próprio Jordan, dono dos direitos, e prometeram um verdadeiro tratado sobre sua carreira para que as novas gerações pudessem conhecer o seu legado no esporte e na cultura pop.
Um dos (vários) postos-altos da minissérie é a forma como Hehir equilibra a construção da jornada esportiva de MJ com a transformação cultural dos anos 90 - sempre pontuada por uma trilha sonora nostálgica! A edição tem um papel fundamental nesse trabalho - ela usa dos noticiários da época para ilustrar algumas passagens como o atentado terrorista que matou o pai de Steve Kerr ou os possíveis indícios da relação de Jordan com o vício em jogos de azar que poderiam, inclusive, ter sido a razão da sua primeira aposentadoria e, para quem gosta de teorias da conspiração, a causa da morte de seu pai. Já pelo lado esportivo, o diretor se baseia no sexto (e último) título dos Bulls para desconstruir todas as demais campanhas até ali, indo e voltando na linha do tempo, para justificar algumas dificuldades pontais, aumentar a força dramática e relacionar causas com efeitos para que a audiência entenda perfeitamente o valor de cada conquista.
"Arremesso Final" é uma daquelas relíquias que, graças a Deus, foram produzidas e democratizadas pelo streaming! Uma aula de história esportiva e um mergulho no dia a dia de um atleta que para muitos pertencia a um outro planeta, mas que na verdade foi uma pessoa como nós, com todas as imperfeições e angustias, mas que se dedicou e buscou seus objetivos com muita resiliência, treinamento e talento. Olha, a minissérie é, de fato, imperdível! Play now!!!!
Tão sensacional quanto "Formula 1: Dirigir para Sobreviver", "Arremesso Final" tem dois diferenciais que precisam ser destacados, o primeiro é para o lado bom: dentro de uma história narrativamente muito bem construída temos um personagem que é simplesmente único e certamente está entre os três maiores gênios de todos os esportes em todos os tempos - Michael Jordan. Já o segundo não é tão bom assim: o projeto se trata de uma minissérie de apenas 10 episódios - é impossível não querer saber mais de todas aquelas histórias, seja você um amante de basquete ou só um curioso em conhecer os bastidores da criação de um mito! Confira o trailer:
"Last Dance", título original e infinitamente mais coerente que "Arremesso Final", é um registro imperdível de um dos períodos mais importantes da história do basquete americano e da NBA, onde o Chicago Bulls (saco de pancadas da Liga) vai se transformando em no time quase imbatível que alcançou a incrível marca de seis títulos em oito anos, depois da chegada de Jordan, um atleta que além de fenômeno no esporte, alcançou patamares inimagináveis até aquele momento no que diz respeito a influência cultural e poder de marketing! O mais sensacional disso tudo é que o diretor Jason Hehir conseguiu construir uma narrativa tão dinâmica e coerente para contar essa história que temos a sensação de estar revivendo aqueles momentos como se fosse hoje!
Embora seja impossível desassociar o sucesso dos Bulls com a ascensão esportiva de Michael Jordan, "Arremesso Final" vai muito além ao contar histórias bastante peculiares tanto dos bastidores do time (nas temporadas que ganharam e que perderam), quanto das pessoas que rodeavam o grande astro. Rodman, Kerr, Paxton, Pippen e até Phil Jackson foram de extrema importância em momentos-chaves de toda essa jornada que começou em 1985 com a terceira escolha no draft. O bacana é que são tantas curiosidades, muitas delas contadas pela primeira vez e pelos próprios personagens, que não conseguimos parar de assistir os episódios - mesmo sofrendo por saber que são apenas 10!
Esse projeto começou durante a temporada 1997/98 daNBA, quando uma equipe de filmagem ganhou total acesso aos bastidores do Chicago Bulls para registrar as coletivas de imprensa, as conversas de vestiários e todo o cotidiano de treinos e viagens do time. O material de mais de um ano de gravações ficou guardado por duas décadas, até que produtores da NBA em parceria com a ESPN entraram em contato com o próprio Jordan, dono dos direitos, e prometeram um verdadeiro tratado sobre sua carreira para que as novas gerações pudessem conhecer o seu legado no esporte e na cultura pop.
Um dos (vários) postos-altos da minissérie é a forma como Hehir equilibra a construção da jornada esportiva de MJ com a transformação cultural dos anos 90 - sempre pontuada por uma trilha sonora nostálgica! A edição tem um papel fundamental nesse trabalho - ela usa dos noticiários da época para ilustrar algumas passagens como o atentado terrorista que matou o pai de Steve Kerr ou os possíveis indícios da relação de Jordan com o vício em jogos de azar que poderiam, inclusive, ter sido a razão da sua primeira aposentadoria e, para quem gosta de teorias da conspiração, a causa da morte de seu pai. Já pelo lado esportivo, o diretor se baseia no sexto (e último) título dos Bulls para desconstruir todas as demais campanhas até ali, indo e voltando na linha do tempo, para justificar algumas dificuldades pontais, aumentar a força dramática e relacionar causas com efeitos para que a audiência entenda perfeitamente o valor de cada conquista.
"Arremesso Final" é uma daquelas relíquias que, graças a Deus, foram produzidas e democratizadas pelo streaming! Uma aula de história esportiva e um mergulho no dia a dia de um atleta que para muitos pertencia a um outro planeta, mas que na verdade foi uma pessoa como nós, com todas as imperfeições e angustias, mas que se dedicou e buscou seus objetivos com muita resiliência, treinamento e talento. Olha, a minissérie é, de fato, imperdível! Play now!!!!
Se você está procurando um filme leve que vai melhorar o seu astral, daqueles que você assiste com um leve sorriso no rosto e que, de fato, te toca a alma; "Campeões" é a escolha certa. Versão americana do filme espanhol vencedor do prêmio Goya em 2019, "Campeões" é realmente um filme imperdível, que conquista corações e desafia o preconceito de uma forma muito sensível e bem humorada. Ao abordar as dificuldades impregnadas na sociedade quando o assunto é a inclusão de pessoas com deficiência, o diretor Bobby Farrelly (de "Quem Vai Ficar com Mary?") acaba encontrando o exato equilíbrio entre o drama e a comédia de uma maneira muito realista, emocionante e totalmente humana. Mesmo que soe se apoiar em alguns clichês, algo que a versão original não tem, Farrelly mostra que é possível entregar uma mensagem dura e direta sem precisar impactar visualmente a audiência. Tenha certeza que estamos diante de um filme delicioso de assistir!
Aqui Woody Harrelson protagoniza uma hilária e comovente história sobre um ex-técnico de basquete da liga secundária americana, chamado Marcus, que, após uma série de vacilos, é ordenado pelo tribunal a gerenciar de forma voluntária um time de jovens jogadores com algum tipo de deficiência intelectual. Ao perceber que, apesar de suas dúvidas e dificuldades, ele e o time podem ir muito mais longe do que todos jamais imaginaram, se inicia uma linda jornada de superação e auto-conhecimento. Confira o trailer:
Antes de mais nada, saiba que esse filme não é sobre basquete - "Campeões" é sobre pessoas! Baseado no brilhante roteiro de Javier Fesser e David Marqués, esse inteligente e bem estruturado filme sabe muito bem como alternar momentos de humor (daqueles que o texto só amplifica o poder da situação) com cenas de profunda emoção ao som de uma trilha sonora belíssima e muito bem trabalhada para nos provocar sensações bastante particulares. Farrelly demonstra sensibilidade e competência ao conduzir a história, criando uma atmosfera acolhedora e inspiradora de fácil conexão. Eu diria que é impossível não se apaixonar pelo time dos "Friends" e por sua jornada!
Não é preciso mais do que duas cenas para entender como "Campeões" se destaca pela performance impecável do elenco. Harrelson, mais uma vez, parece se divertir em cena, entregando um personagem complexo e em constante transformação - sem nunca pesar na mão. Já o time de atores com deficiência, como Kevin Iannucci e James Day Keith, brilham em seus papeis, mostrando um talento impressionante e um carisma que olha, vai deixar muita gente de queixo caído. Reparem como a química entre os membros do time é tão contagiante que temos a exata sensação de que aquela história é mais do que uma ficção - essa relação que o diretor conseguiu construir, contribui demais para a veracidade da história. A fotografia do indicado ao Emmy por por "Still - Ainda Sou Michael J. Fox", C. Kim Miles, é vibrante e imersiva - o que ratifica a leveza da trama ao mesmo tempo em que documenta a realidade de cada personagem.
A grande verdade, aliás, é que "Champions" (no original) além de impecável tecnicamente, tem todos os elementos artísticos que chancelam o filme como "imperdível". Para todos que acreditam no poder transformador da inclusão, temos uma história simples e envolvente que vai te fazer rir, chorar e, principalmente, te fazer refletir sobre a importância da empatia e do respeito perante as diferenças. Olha, na linha de "Extraordinário" (mas com um certo "upgrade" narrativo), o filme é mesmo um verdadeiro triunfo que nos convida a celebrar a beleza real da diversidade na prática!
Golaço, ou melhor "cestaça"!
Se você está procurando um filme leve que vai melhorar o seu astral, daqueles que você assiste com um leve sorriso no rosto e que, de fato, te toca a alma; "Campeões" é a escolha certa. Versão americana do filme espanhol vencedor do prêmio Goya em 2019, "Campeões" é realmente um filme imperdível, que conquista corações e desafia o preconceito de uma forma muito sensível e bem humorada. Ao abordar as dificuldades impregnadas na sociedade quando o assunto é a inclusão de pessoas com deficiência, o diretor Bobby Farrelly (de "Quem Vai Ficar com Mary?") acaba encontrando o exato equilíbrio entre o drama e a comédia de uma maneira muito realista, emocionante e totalmente humana. Mesmo que soe se apoiar em alguns clichês, algo que a versão original não tem, Farrelly mostra que é possível entregar uma mensagem dura e direta sem precisar impactar visualmente a audiência. Tenha certeza que estamos diante de um filme delicioso de assistir!
Aqui Woody Harrelson protagoniza uma hilária e comovente história sobre um ex-técnico de basquete da liga secundária americana, chamado Marcus, que, após uma série de vacilos, é ordenado pelo tribunal a gerenciar de forma voluntária um time de jovens jogadores com algum tipo de deficiência intelectual. Ao perceber que, apesar de suas dúvidas e dificuldades, ele e o time podem ir muito mais longe do que todos jamais imaginaram, se inicia uma linda jornada de superação e auto-conhecimento. Confira o trailer:
Antes de mais nada, saiba que esse filme não é sobre basquete - "Campeões" é sobre pessoas! Baseado no brilhante roteiro de Javier Fesser e David Marqués, esse inteligente e bem estruturado filme sabe muito bem como alternar momentos de humor (daqueles que o texto só amplifica o poder da situação) com cenas de profunda emoção ao som de uma trilha sonora belíssima e muito bem trabalhada para nos provocar sensações bastante particulares. Farrelly demonstra sensibilidade e competência ao conduzir a história, criando uma atmosfera acolhedora e inspiradora de fácil conexão. Eu diria que é impossível não se apaixonar pelo time dos "Friends" e por sua jornada!
Não é preciso mais do que duas cenas para entender como "Campeões" se destaca pela performance impecável do elenco. Harrelson, mais uma vez, parece se divertir em cena, entregando um personagem complexo e em constante transformação - sem nunca pesar na mão. Já o time de atores com deficiência, como Kevin Iannucci e James Day Keith, brilham em seus papeis, mostrando um talento impressionante e um carisma que olha, vai deixar muita gente de queixo caído. Reparem como a química entre os membros do time é tão contagiante que temos a exata sensação de que aquela história é mais do que uma ficção - essa relação que o diretor conseguiu construir, contribui demais para a veracidade da história. A fotografia do indicado ao Emmy por por "Still - Ainda Sou Michael J. Fox", C. Kim Miles, é vibrante e imersiva - o que ratifica a leveza da trama ao mesmo tempo em que documenta a realidade de cada personagem.
A grande verdade, aliás, é que "Champions" (no original) além de impecável tecnicamente, tem todos os elementos artísticos que chancelam o filme como "imperdível". Para todos que acreditam no poder transformador da inclusão, temos uma história simples e envolvente que vai te fazer rir, chorar e, principalmente, te fazer refletir sobre a importância da empatia e do respeito perante as diferenças. Olha, na linha de "Extraordinário" (mas com um certo "upgrade" narrativo), o filme é mesmo um verdadeiro triunfo que nos convida a celebrar a beleza real da diversidade na prática!
Golaço, ou melhor "cestaça"!
"Coach Carter" é uma ficção, embora baseada em uma história real, que de fato acontece com mais frequência do que imaginamos - basta assistir as excelentes séries documentais da Netflix, "Last Chance U"ou "Nada de Bandeja", para entender que a dinâmica entre educação/esporte está inserida na sociedade americana de diversas formas e em níveis de importância e pressão que, muitas vezes, beiram a hipocrisia, mas também fomentam a esperança de jovens talentosos em busca de uma (única oportunidade de) ascensão social.
"Coach Carter" (que no Brasil ganhou o sugestivo subtítulo de "Treino Para a Vida") é um filme de 2005 que narra a história real de Ken Carter (Samuel L. Jackson), um dono de loja de artigos esportivos de uma pequena cidade da Califórnia, que assume a tarefa de treinar um time de basquete de sua antiga escola. Carter é um homem rígido, disciplinador, com métodos de treinamento pouco convencionais, mas que domina o esporte com a mesma vitalidade que impõe seu caráter transformador, dentro e fora das quadras, lutando para que seus comandados, além de atletas, se tornem alunos preparados para enfrentar as universidades. Confira o trailer:
O veterano diretor Thomas Carter, vencedor de três Emmys em sua carreira, foi muito competente em contar uma história que embora pareça simples, tem uma complexidade narrativa enorme, já que precisa condensar uma passagem biográfica marcante que envolve vários personagens (e seus respectivos dramas pessoais) em pouco mais de duas horas. Sua condução não traz nenhuma inovação conceitual que chame a atenção, é uma direção "feijão com arroz" - que nesse caso acaba deixando muito espaço para os atores brilharem. Samuel L. Jackson está impecável como sempre, mas aproveito para destacar o trabalho de Rick Gonzalez como Timo Cruz e uma (na época) não tão conhecida Octavia Spencer como Mrs. Battle.
Mesmo parecendo que "Coach Carter" segue um roteiro batido e completamente previsível, é de se destacar a qualidade dos diálogos e a coragem ao escolher o caminho menos óbvio para entregar uma experiência muito agradável para quem assiste o filme. Bem ao estilo "Sessão da Tarde", mas com uma mensagem muito bacana e cheio de lições de liderança e postura perante a vida. O filme é imperdível para quem gosta de esporte, de um bom drama de superação ou até para aqueles que buscam referências empreendedoras e inspiracionais para lidar com pessoas.
Vale a pena!
"Coach Carter" é uma ficção, embora baseada em uma história real, que de fato acontece com mais frequência do que imaginamos - basta assistir as excelentes séries documentais da Netflix, "Last Chance U"ou "Nada de Bandeja", para entender que a dinâmica entre educação/esporte está inserida na sociedade americana de diversas formas e em níveis de importância e pressão que, muitas vezes, beiram a hipocrisia, mas também fomentam a esperança de jovens talentosos em busca de uma (única oportunidade de) ascensão social.
"Coach Carter" (que no Brasil ganhou o sugestivo subtítulo de "Treino Para a Vida") é um filme de 2005 que narra a história real de Ken Carter (Samuel L. Jackson), um dono de loja de artigos esportivos de uma pequena cidade da Califórnia, que assume a tarefa de treinar um time de basquete de sua antiga escola. Carter é um homem rígido, disciplinador, com métodos de treinamento pouco convencionais, mas que domina o esporte com a mesma vitalidade que impõe seu caráter transformador, dentro e fora das quadras, lutando para que seus comandados, além de atletas, se tornem alunos preparados para enfrentar as universidades. Confira o trailer:
O veterano diretor Thomas Carter, vencedor de três Emmys em sua carreira, foi muito competente em contar uma história que embora pareça simples, tem uma complexidade narrativa enorme, já que precisa condensar uma passagem biográfica marcante que envolve vários personagens (e seus respectivos dramas pessoais) em pouco mais de duas horas. Sua condução não traz nenhuma inovação conceitual que chame a atenção, é uma direção "feijão com arroz" - que nesse caso acaba deixando muito espaço para os atores brilharem. Samuel L. Jackson está impecável como sempre, mas aproveito para destacar o trabalho de Rick Gonzalez como Timo Cruz e uma (na época) não tão conhecida Octavia Spencer como Mrs. Battle.
Mesmo parecendo que "Coach Carter" segue um roteiro batido e completamente previsível, é de se destacar a qualidade dos diálogos e a coragem ao escolher o caminho menos óbvio para entregar uma experiência muito agradável para quem assiste o filme. Bem ao estilo "Sessão da Tarde", mas com uma mensagem muito bacana e cheio de lições de liderança e postura perante a vida. O filme é imperdível para quem gosta de esporte, de um bom drama de superação ou até para aqueles que buscam referências empreendedoras e inspiracionais para lidar com pessoas.
Vale a pena!
"Estrada para a Glória" é um filmaço, mas que provavelmente você já assistiu algo parecido - e isso não é (e nem deve ser) um problema, pois histórias como essa movem a sociedade para frente, nos faz refletir e, principalmente, serve de ensinamento para inúmeros momentos da nossa vida se tivermos a capacidade de fazer a leitura certa. O fato é que se você gosta de filmes como "No Limite", "Talento e Fé"e "Coach Carter", você não vai se arrepender de ler esse review e dar o play!
O filme é baseado em uma história real que se passa em 1966 e conta a jornada do primeiro time de basquete universitário da NCAA formado apenas por negros como titulares. Em um momento de grande discriminação racial, o treinador Don Hanskins (Josh Lucas) inicia uma busca incansável pelos melhores jogadores de basquete do EUA, independente da cor de sua pele. Hanskins tinha como propósito avaliar um jogador apenas por suas habilidades e comprometimento, mas suas escolhas impactaram para além do esporte, iniciando assim uma luta admirável pelo fim do preconceito racial.
Embora o roteiro dos estreantes (em 2006) Christopher Cleveland e Bettina Gilois, não seja um primor técnico, sem dúvida que a produção de Jerry Bruckheimer é! "Glory Road" (no original) faz uma reconstrução de época extremamente detalhista e muito bem alinhado com o conceito estético que o diretor James Gartner e seu fotógrafo Jeffrey L. Kimball (de "Os Mercenários") impõem na narrativa. Você vai reparar que a imagem é até granulada, "suja", amarelada; tudo isso para nos colocar naquela atmosfera antiga e de tensão social dos anos 60. Talvez, para nós brasileiros, soe até um pouco distante entender o tamanho da responsabilidade que é treinar um time universitário de basquete, porém o roteiro trata de colocar os elementos dramáticos essenciais exatamente onde devem estar, para termos a noção de como os desafios daqueles personagens caminham para o sentido exato da história - se alguns plots são mal desenvolvidos, como a relação de Hanskins com sua mulher Mary (Emily Deschanel) ou até as ameaças que ela vinha recebendo por ser casada com um treinador acostumado a quebrar regras, até o drama sobre a condição de saúde que poderia ter matado um dos atletas durante a temporada; tudo parece se dissolver no último ato quando a "hora da verdade" chega.
Mas qual é "hora da verdade"? Simples: o grande jogo, a final da NCAA! E não, isso não é um spoiler e tenho certeza que você que leu até aqui não seria ingênuo de pensar que isso não aconteceria e é para você, que provavelmente conhece do esporte, que dois pontos do filme passam a enriquecer a experiência. O primeiro á a participação de luxo de Jon Voight como Adolph Rupp um dos treinadores mais bem-sucedidos da história de Kentucky e o segundo em número de vitórias da liga - Voight não tem muito tempo na tela, mas soube usar com muita sabedoria e talento. O outro ponto para se atentar diz respeito a um nome que não deve e nem pode passar despercebido - do então jogador de Kentucky, Pat Riley (Wes Brown). Riley é, até hoje, considerado um dos maiores da NBA de todos os tempos, com cinco títulos como treinador principal, um como jogador e mais quatro envolvido como assistente ou executivo.
"Estrada para a Glória" não é um filme exclusivo para os amantes do esporte - mas claro que será melhor aproveitados por eles. A trama é de fato potente, bem produzida, bem dirigida e traz todos os elementos dramáticos necessários para um bom entretenimento com o bônus de ser uma história real.
E em tempo: Texas Western X Kentucky é considerado até hoje o “Jogo do Século” no basquete universitário.
Vale a muito pena!
"Estrada para a Glória" é um filmaço, mas que provavelmente você já assistiu algo parecido - e isso não é (e nem deve ser) um problema, pois histórias como essa movem a sociedade para frente, nos faz refletir e, principalmente, serve de ensinamento para inúmeros momentos da nossa vida se tivermos a capacidade de fazer a leitura certa. O fato é que se você gosta de filmes como "No Limite", "Talento e Fé"e "Coach Carter", você não vai se arrepender de ler esse review e dar o play!
O filme é baseado em uma história real que se passa em 1966 e conta a jornada do primeiro time de basquete universitário da NCAA formado apenas por negros como titulares. Em um momento de grande discriminação racial, o treinador Don Hanskins (Josh Lucas) inicia uma busca incansável pelos melhores jogadores de basquete do EUA, independente da cor de sua pele. Hanskins tinha como propósito avaliar um jogador apenas por suas habilidades e comprometimento, mas suas escolhas impactaram para além do esporte, iniciando assim uma luta admirável pelo fim do preconceito racial.
Embora o roteiro dos estreantes (em 2006) Christopher Cleveland e Bettina Gilois, não seja um primor técnico, sem dúvida que a produção de Jerry Bruckheimer é! "Glory Road" (no original) faz uma reconstrução de época extremamente detalhista e muito bem alinhado com o conceito estético que o diretor James Gartner e seu fotógrafo Jeffrey L. Kimball (de "Os Mercenários") impõem na narrativa. Você vai reparar que a imagem é até granulada, "suja", amarelada; tudo isso para nos colocar naquela atmosfera antiga e de tensão social dos anos 60. Talvez, para nós brasileiros, soe até um pouco distante entender o tamanho da responsabilidade que é treinar um time universitário de basquete, porém o roteiro trata de colocar os elementos dramáticos essenciais exatamente onde devem estar, para termos a noção de como os desafios daqueles personagens caminham para o sentido exato da história - se alguns plots são mal desenvolvidos, como a relação de Hanskins com sua mulher Mary (Emily Deschanel) ou até as ameaças que ela vinha recebendo por ser casada com um treinador acostumado a quebrar regras, até o drama sobre a condição de saúde que poderia ter matado um dos atletas durante a temporada; tudo parece se dissolver no último ato quando a "hora da verdade" chega.
Mas qual é "hora da verdade"? Simples: o grande jogo, a final da NCAA! E não, isso não é um spoiler e tenho certeza que você que leu até aqui não seria ingênuo de pensar que isso não aconteceria e é para você, que provavelmente conhece do esporte, que dois pontos do filme passam a enriquecer a experiência. O primeiro á a participação de luxo de Jon Voight como Adolph Rupp um dos treinadores mais bem-sucedidos da história de Kentucky e o segundo em número de vitórias da liga - Voight não tem muito tempo na tela, mas soube usar com muita sabedoria e talento. O outro ponto para se atentar diz respeito a um nome que não deve e nem pode passar despercebido - do então jogador de Kentucky, Pat Riley (Wes Brown). Riley é, até hoje, considerado um dos maiores da NBA de todos os tempos, com cinco títulos como treinador principal, um como jogador e mais quatro envolvido como assistente ou executivo.
"Estrada para a Glória" não é um filme exclusivo para os amantes do esporte - mas claro que será melhor aproveitados por eles. A trama é de fato potente, bem produzida, bem dirigida e traz todos os elementos dramáticos necessários para um bom entretenimento com o bônus de ser uma história real.
E em tempo: Texas Western X Kentucky é considerado até hoje o “Jogo do Século” no basquete universitário.
Vale a muito pena!
"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...
O filme fala sobre um "lockout" da NBA. "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir.
O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!
Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????
"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!!
Vale o play!!! Vale a reflexão!!!
"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...
O filme fala sobre um "lockout" da NBA. "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir.
O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!
Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????
"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!!
Vale o play!!! Vale a reflexão!!!
"Lakers: Hora de Vencer" é simplesmente sensacional! Mesmo com alguns excessos conceituais, é inegável que a produção da HBO é um sopro de criatividade e autenticidade na construção de uma narrativa digna do tamanho da representatividade que o Lakers e seus personagens têm para o esporte americano e mundial. Mas a série é para o amante do basquete? Creio que não, mas para quem tem mais de 40 anos e um certo conhecimento sobre o esporte, a experiência será como poucas - além da nostalgia, um excelente entretenimento!
A série, basicamente, gira em torno do novo proprietário do Los Angeles Lakers, Jerry Buss (John C. Reilly) e toda a celebração pela escolha do então novato Earvin "Magic" Johnson (Quincy Isaiah). Além de Magic, outros jogadores icônicos fazem parte da formação, como o pivô Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes), que participaram do processo de reconstrução do time, transformando o Lakers em uma das franquias mais rentáveis e valiosas do esporte americano. Confira o trailer:
A produção de Adam McKay, Max Borenstein e Jim Hecht se apoia no livro "Showtime: Magic, Kareem, Riley, and the Los Angeles Lakers Dynasty of the 1980s", de Jeff Pearlman, para dramatizar a reformulação da franquia e a formação do time que se tornou referência na década de 1980 - os mais antigos ainda vão se lembrar do primeiro jogo, ainda no PC, "Lakers x Celtics", e que depois, em 1991, a Electronic Arts lançou com enorme sucesso para o Mega Drive (mas essa é uma outra história). O fato que conecta essas duas pontas é que se em 1979, o futuro da NBA parecia sombrio, sofrendo com a queda de audiência, graves problemas financeiros e as sempre presentes tensões de um Estados Unidos racista, e foi na ascensão do Lakers (de "Magic" Johnson) e sua rivalidade com o Boston Celtics (de Larry Bird) que ajudaram a mudar as coisas.
Quase documental, e McKay adora construir seu conceito narrativo e visual misturando as duas linguagens, a série tem uma fluidez que poucas vezes encontrei em uma adaptação de uma história real e que tem um recorte bastante extenso de tempo. Só para se ter uma ideia, a temporada da NBA tem 82 jogos e se vemos 5 durante os 10 episódios, é muito - o mais incrível, é que a ação em quadra não faz a menor falta porque o foco da história não está no que acontecia durante os jogos, mas sim nas pessoas que faziam o esporte funcionar - as interações nos bastidores são incríveis. Veja, a série da HBO consegue apoiar todo seu drama nas particularidades de seus personagens e nas performances de um elenco primoroso, de forma que a ausência de um foco narrativo (seja na quadra, no negócio, ou na vida pessoal dos atletas) se torna irrelevante para o entendimento daquele universo e das peculiaridades de uma linha temporal muito bem planejada no roteiro.
John C. Reilly está impecável (separa o Emmy, é sério!). Os estreantes Quincy Isaiah e Solomon Hughes parecem veteranos - a química entre eles transcende a interpretação e acaba na quadra como se fossem, na verdade, dois jogadores profissionais de basquete. Acertar na representação dessas duas figuras tão emblemáticas para o esporte era essencial para que todo o argumento da série funcionasse - e não por acaso ela terá mais temporadas (ainda bem!). Dito isso, é simples indicar "Lakers: Hora de Vencer" se você gostou de "Arremesso Final" da Netflix - mesmo que o gênero seja outro, a jornada é basicamente a mesma, com personagens complexos, momentos de tensão esportiva, de decisões complicadas e de relatos repletos de curiosidade e emoção!
Vale muito a pena!
"Lakers: Hora de Vencer" é simplesmente sensacional! Mesmo com alguns excessos conceituais, é inegável que a produção da HBO é um sopro de criatividade e autenticidade na construção de uma narrativa digna do tamanho da representatividade que o Lakers e seus personagens têm para o esporte americano e mundial. Mas a série é para o amante do basquete? Creio que não, mas para quem tem mais de 40 anos e um certo conhecimento sobre o esporte, a experiência será como poucas - além da nostalgia, um excelente entretenimento!
A série, basicamente, gira em torno do novo proprietário do Los Angeles Lakers, Jerry Buss (John C. Reilly) e toda a celebração pela escolha do então novato Earvin "Magic" Johnson (Quincy Isaiah). Além de Magic, outros jogadores icônicos fazem parte da formação, como o pivô Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes), que participaram do processo de reconstrução do time, transformando o Lakers em uma das franquias mais rentáveis e valiosas do esporte americano. Confira o trailer:
A produção de Adam McKay, Max Borenstein e Jim Hecht se apoia no livro "Showtime: Magic, Kareem, Riley, and the Los Angeles Lakers Dynasty of the 1980s", de Jeff Pearlman, para dramatizar a reformulação da franquia e a formação do time que se tornou referência na década de 1980 - os mais antigos ainda vão se lembrar do primeiro jogo, ainda no PC, "Lakers x Celtics", e que depois, em 1991, a Electronic Arts lançou com enorme sucesso para o Mega Drive (mas essa é uma outra história). O fato que conecta essas duas pontas é que se em 1979, o futuro da NBA parecia sombrio, sofrendo com a queda de audiência, graves problemas financeiros e as sempre presentes tensões de um Estados Unidos racista, e foi na ascensão do Lakers (de "Magic" Johnson) e sua rivalidade com o Boston Celtics (de Larry Bird) que ajudaram a mudar as coisas.
Quase documental, e McKay adora construir seu conceito narrativo e visual misturando as duas linguagens, a série tem uma fluidez que poucas vezes encontrei em uma adaptação de uma história real e que tem um recorte bastante extenso de tempo. Só para se ter uma ideia, a temporada da NBA tem 82 jogos e se vemos 5 durante os 10 episódios, é muito - o mais incrível, é que a ação em quadra não faz a menor falta porque o foco da história não está no que acontecia durante os jogos, mas sim nas pessoas que faziam o esporte funcionar - as interações nos bastidores são incríveis. Veja, a série da HBO consegue apoiar todo seu drama nas particularidades de seus personagens e nas performances de um elenco primoroso, de forma que a ausência de um foco narrativo (seja na quadra, no negócio, ou na vida pessoal dos atletas) se torna irrelevante para o entendimento daquele universo e das peculiaridades de uma linha temporal muito bem planejada no roteiro.
John C. Reilly está impecável (separa o Emmy, é sério!). Os estreantes Quincy Isaiah e Solomon Hughes parecem veteranos - a química entre eles transcende a interpretação e acaba na quadra como se fossem, na verdade, dois jogadores profissionais de basquete. Acertar na representação dessas duas figuras tão emblemáticas para o esporte era essencial para que todo o argumento da série funcionasse - e não por acaso ela terá mais temporadas (ainda bem!). Dito isso, é simples indicar "Lakers: Hora de Vencer" se você gostou de "Arremesso Final" da Netflix - mesmo que o gênero seja outro, a jornada é basicamente a mesma, com personagens complexos, momentos de tensão esportiva, de decisões complicadas e de relatos repletos de curiosidade e emoção!
Vale muito a pena!
"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!
Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos, “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!
Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.
Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.
Vale muito a pena!
"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!
Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos, “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!
Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.
Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.
Vale muito a pena!
"Nada de Bandeja" (Basketball or Nothing) é uma série documental, Original Netflix, que acompanha a temporada de um time de basquete do Ensino Médio nos EUA. Tenho certeza que por essa descrição, seu interesse pode não ter sido dos maiores - a não ser que você seja um viciado em esportes como eu! Pois bem, o diferencial dessa história é que a escola desses garotos fica dentro de uma reserva indígena Navajo, onde as condições de vida são extremamente limitadas e a expectativa de ascensão social quase não existe, pelo simples fato que não existem oportunidades (por isso do título em inglês, algo como: "Basquete ou Nada"). São 6 episódios de 30 minutos, em média, contando a trajetória esportiva dos jovens Navajos e, muito mais importante, mostrando o processo de amadurecimento como homens, apoiado em valores que só o esporte pode proporcionar... e é emocionante!
Diferente de "Last Chance U", não vemos histórias de "jogadores problema" ou de grandes talentos obcecados pela vitória ou por uma chance na NFL; não, "Nada de Bandeja" é um série mais leve, menos dramática, menos profunda, mas, na minha opinião, tão importante quanto. É impressionante como a modo de vida americano interfere na cultura indígena daquela região de uma forma natural - da estrutura absurda do ginásio da Chinle High School (uma antítese das condições precárias da comunidade) ao fone de ouvido hype que os jovens usam quando viajam para os jogos. Pelo menos na série, não existe um choque de culturas ou uma necessidade de priorizar um ou outro comportamento e isso é muito bacana, pois não se levanta nenhuma bandeira ideológica - tudo está lá e cabe a quem assiste tirar suas próprias conclusões. Em cada episódio descobrimos um pouco mais da vida de um dos jogadores, seus sonhos, seus anseios; e aí fica claro a importâncias das suas raízes, ao mesmo tempo em que todos concordam que ter a oportunidade de ampliar os horizontes é o melhor caminho. O senso de agradecimento e pertencimento é enorme e legítimo, mas a prioridade é criar ferramentas para que os garotos possam se desenvolver e lutar pelos seus sonhos - isso merece uma reflexão! A prioridade é o desenvolvimento do ser humana - repito!!!!
Embora curtinha, a série muitas vezes se torna repetitiva, principalmente nos primeiros 2 episódios, mas depois o ritmo melhora e nem vemos o final chegar. Nos colocar ao lado daqueles jovens jogadores é muito interessante, mas conhecendo a história de cada um, fica impossível não torcer pela vitória deles na vida. O roteiro nos provoca a cada minuto para isso e a produção aproveita um cenário deslumbrante do Arizona, que a fotografia só potencializa, para gerar uma certa sensação de solidão e ao mesmo de esperança. Essa brincadeira dá o tom da série! Imagine um lugar árido, deserto, que se enche de vida nos dias de jogos - é demais!!!
"Nada de Bandeja" é daquelas séries que vão além das histórias que vemos na tela. Vão além da busca por um título inédito para uma comunidade carente de sucesso. Vão além de disputas esportivas ou da necessidade de vencer a qualquer preço. "Nada de Bandeja" não é sobre basquete, é sobre entender o significado da esperança pelos olhos de jovens navajos. Em quase 3 horas é possível assistir a temporada inteira e se você estiver disposto a viver aquela história, certamente se sentirá mais leve nos créditos finais.
"Nada de Bandeja" (Basketball or Nothing) é uma série documental, Original Netflix, que acompanha a temporada de um time de basquete do Ensino Médio nos EUA. Tenho certeza que por essa descrição, seu interesse pode não ter sido dos maiores - a não ser que você seja um viciado em esportes como eu! Pois bem, o diferencial dessa história é que a escola desses garotos fica dentro de uma reserva indígena Navajo, onde as condições de vida são extremamente limitadas e a expectativa de ascensão social quase não existe, pelo simples fato que não existem oportunidades (por isso do título em inglês, algo como: "Basquete ou Nada"). São 6 episódios de 30 minutos, em média, contando a trajetória esportiva dos jovens Navajos e, muito mais importante, mostrando o processo de amadurecimento como homens, apoiado em valores que só o esporte pode proporcionar... e é emocionante!
Diferente de "Last Chance U", não vemos histórias de "jogadores problema" ou de grandes talentos obcecados pela vitória ou por uma chance na NFL; não, "Nada de Bandeja" é um série mais leve, menos dramática, menos profunda, mas, na minha opinião, tão importante quanto. É impressionante como a modo de vida americano interfere na cultura indígena daquela região de uma forma natural - da estrutura absurda do ginásio da Chinle High School (uma antítese das condições precárias da comunidade) ao fone de ouvido hype que os jovens usam quando viajam para os jogos. Pelo menos na série, não existe um choque de culturas ou uma necessidade de priorizar um ou outro comportamento e isso é muito bacana, pois não se levanta nenhuma bandeira ideológica - tudo está lá e cabe a quem assiste tirar suas próprias conclusões. Em cada episódio descobrimos um pouco mais da vida de um dos jogadores, seus sonhos, seus anseios; e aí fica claro a importâncias das suas raízes, ao mesmo tempo em que todos concordam que ter a oportunidade de ampliar os horizontes é o melhor caminho. O senso de agradecimento e pertencimento é enorme e legítimo, mas a prioridade é criar ferramentas para que os garotos possam se desenvolver e lutar pelos seus sonhos - isso merece uma reflexão! A prioridade é o desenvolvimento do ser humana - repito!!!!
Embora curtinha, a série muitas vezes se torna repetitiva, principalmente nos primeiros 2 episódios, mas depois o ritmo melhora e nem vemos o final chegar. Nos colocar ao lado daqueles jovens jogadores é muito interessante, mas conhecendo a história de cada um, fica impossível não torcer pela vitória deles na vida. O roteiro nos provoca a cada minuto para isso e a produção aproveita um cenário deslumbrante do Arizona, que a fotografia só potencializa, para gerar uma certa sensação de solidão e ao mesmo de esperança. Essa brincadeira dá o tom da série! Imagine um lugar árido, deserto, que se enche de vida nos dias de jogos - é demais!!!
"Nada de Bandeja" é daquelas séries que vão além das histórias que vemos na tela. Vão além da busca por um título inédito para uma comunidade carente de sucesso. Vão além de disputas esportivas ou da necessidade de vencer a qualquer preço. "Nada de Bandeja" não é sobre basquete, é sobre entender o significado da esperança pelos olhos de jovens navajos. Em quase 3 horas é possível assistir a temporada inteira e se você estiver disposto a viver aquela história, certamente se sentirá mais leve nos créditos finais.
"O Caminho de Volta" não é sobre basquete ou como o esporte pode mudar a vida das pessoas. O filme dirigido pelo Gavin O'Connor (uma das mentes criativas por trás do sucesso que foi "Mare of Easttown") vai muito além, pois ele desconstrói, justamente, essa premissa; mostrando a realidade da luta diária que é combater o vício e, olhem só, mais do que isso, ele procura explorar os motivos que levam uma pessoa ao fundo poço. Eu diria que o filme é uma dura jornada sobre o divórcio, o luto, a saudade, a solidão e a dor de ter que conviver com tudo isso e não conseguir seguir em frente.
O ex-atleta e considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial, Jack Cunningham (Ben Affleck) luta contra o alcoolismo ao mesmo tempo em que encara as dificuldades de um emprego monótono. Ele então recebe a oportunidade de treinar um time de basquete e recomeçar. Na medida em que o time começa a vencer, a sua vida melhora, mas as vitórias não parecem suficientes ao ponto de salvá-lo. Confira o trailer:
Muitos críticos consideram esse trabalho de Affleck como a atuação mais sincera de toda sua carreira - e isso pode não ser por acaso dado os problemas que o ator sofreu graças ao alcoolismo. O próprio ator comentou sobre a necessidade que uma pessoa tem de entender o vício, de procurar se recompor, aprender com ele, e depois aprender um pouco mais, para aí sim tentar seguir em frente. "O Caminho de Volta" discute o assunto de uma forma muito honesta e é até surpreendente o pouco destaque que o filme teve no circuito comercial. A escolha de O'Connor para comandar o projeto imprime o que o diretor tem de melhor: sua enorme capacidade de desvendar as camadas mais intimas de um personagem e explora-las sem sensacionalismo ou necessidade de chocar a audiência visualmente ("Mare of Easttown" foi assim).
Aqui, a qualidade técnica soa invejável para um filme (de orçamento) considerado tão pequeno, quase independente. Existe de fato um cuidado estético que tanto O'Connor quanto o fotógrafo Eduard Grau (do também excelente "Meu nome é Magic Johnson") insistem em preservar. Se o roteiro de Brad Ingelsby (de “The Friend”) sugere apresentar aquela fórmula clássica de filmes esportivos, onde um time fracassado e cheio de problemas de relacionamento muda de comportamento e começa a ganhar, rapidamente entendemos que o foco gira mesmo em torno do drama que é o simples ato de ir em bar e como isso ganha outra proporção quando o protagonista é um alcoólatra. Se a decisão conceitual de paralisar a imagem no inicio de quase todos os jogos do time e imediatamente mostrar seu placar final, parece ter sido acertada, ela ganha ainda mais mérito por estabelecer que nem tudo precisa ser mostrado, discutido ou exposto - quando o diálogo não é necessário, o impacto visual ganha muito mais potência. A cena de Jack no hospital assistindo seus amigos recebendo o resultado de um exame do filho, é um ótimo exemplo que fala por si só!
“O Caminho de Volta” é sensível e dolorido, não tem receio algum de provocar muitos momentos de emoção ao som de uma trilha sonora fabulosa composta pelo Rob Simonsen ( de “Tully”). Um filme com uma direção minimalista, impecável ao meu ver, com um ótimo roteiro e uma montagem primorosa, que utiliza o esporte como pano de fundo, mas que subverte a fórmula do caminho para a redenção. Como disse: não será um jornada das mais tranquilas, mas certamente vai te surpreender.
Vale muito seu play!
"O Caminho de Volta" não é sobre basquete ou como o esporte pode mudar a vida das pessoas. O filme dirigido pelo Gavin O'Connor (uma das mentes criativas por trás do sucesso que foi "Mare of Easttown") vai muito além, pois ele desconstrói, justamente, essa premissa; mostrando a realidade da luta diária que é combater o vício e, olhem só, mais do que isso, ele procura explorar os motivos que levam uma pessoa ao fundo poço. Eu diria que o filme é uma dura jornada sobre o divórcio, o luto, a saudade, a solidão e a dor de ter que conviver com tudo isso e não conseguir seguir em frente.
O ex-atleta e considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial, Jack Cunningham (Ben Affleck) luta contra o alcoolismo ao mesmo tempo em que encara as dificuldades de um emprego monótono. Ele então recebe a oportunidade de treinar um time de basquete e recomeçar. Na medida em que o time começa a vencer, a sua vida melhora, mas as vitórias não parecem suficientes ao ponto de salvá-lo. Confira o trailer:
Muitos críticos consideram esse trabalho de Affleck como a atuação mais sincera de toda sua carreira - e isso pode não ser por acaso dado os problemas que o ator sofreu graças ao alcoolismo. O próprio ator comentou sobre a necessidade que uma pessoa tem de entender o vício, de procurar se recompor, aprender com ele, e depois aprender um pouco mais, para aí sim tentar seguir em frente. "O Caminho de Volta" discute o assunto de uma forma muito honesta e é até surpreendente o pouco destaque que o filme teve no circuito comercial. A escolha de O'Connor para comandar o projeto imprime o que o diretor tem de melhor: sua enorme capacidade de desvendar as camadas mais intimas de um personagem e explora-las sem sensacionalismo ou necessidade de chocar a audiência visualmente ("Mare of Easttown" foi assim).
Aqui, a qualidade técnica soa invejável para um filme (de orçamento) considerado tão pequeno, quase independente. Existe de fato um cuidado estético que tanto O'Connor quanto o fotógrafo Eduard Grau (do também excelente "Meu nome é Magic Johnson") insistem em preservar. Se o roteiro de Brad Ingelsby (de “The Friend”) sugere apresentar aquela fórmula clássica de filmes esportivos, onde um time fracassado e cheio de problemas de relacionamento muda de comportamento e começa a ganhar, rapidamente entendemos que o foco gira mesmo em torno do drama que é o simples ato de ir em bar e como isso ganha outra proporção quando o protagonista é um alcoólatra. Se a decisão conceitual de paralisar a imagem no inicio de quase todos os jogos do time e imediatamente mostrar seu placar final, parece ter sido acertada, ela ganha ainda mais mérito por estabelecer que nem tudo precisa ser mostrado, discutido ou exposto - quando o diálogo não é necessário, o impacto visual ganha muito mais potência. A cena de Jack no hospital assistindo seus amigos recebendo o resultado de um exame do filho, é um ótimo exemplo que fala por si só!
“O Caminho de Volta” é sensível e dolorido, não tem receio algum de provocar muitos momentos de emoção ao som de uma trilha sonora fabulosa composta pelo Rob Simonsen ( de “Tully”). Um filme com uma direção minimalista, impecável ao meu ver, com um ótimo roteiro e uma montagem primorosa, que utiliza o esporte como pano de fundo, mas que subverte a fórmula do caminho para a redenção. Como disse: não será um jornada das mais tranquilas, mas certamente vai te surpreender.
Vale muito seu play!
"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.
"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):
Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.
Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".
Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!
Vale muito o seu play!
"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.
"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):
Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.
Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".
Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!
Vale muito o seu play!
Um MBA de Liderança!
Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!
Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:
Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!
Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!
"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.
Vale muito o seu play!
E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.
Um MBA de Liderança!
Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!
Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:
Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!
Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!
"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.
Vale muito o seu play!
E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.
Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):
Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!
Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.
"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.
Vale muito o seu play!
No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.
Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):
Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!
Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.
"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.
Vale muito o seu play!
"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.
"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):
Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida".
"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.
Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!
Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.
Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!
"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.
"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):
Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida".
"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.
Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!
Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.
Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!
A nova leva de episódios do selo "Untold" da Netflix chegou ampliando seu universo de temas sempre relacionados ao esporte. Em "Ascensão e Queda da And1" o que vemos é uma estrutura narrativa que sabe equilibrar perfeitamente seu conceito de "histórias de bastidores" (ou "não contadas" como o próprio título sugere) com um viés de empreendedorismo que se apoia na importância (tão valorizada hoje) da construção de comunidades e de uma comunicação assertiva 100% alinhada com seu nicho de mercado.
Para quem não sabe, a AND1 era uma marca de roupas e calçados esportivos que popularizou o Streetball (aquele jogo de basquete que mistura esporte, entretenimento performático e hiphop ao melhor estilo Harlem Globetrotters) mundo afora, inovando na forma como se comunicava com seu publico-alvo - foram eles os precursores de uma estratégia viral de vídeos "insanos" em uma época pré-internet. Confira o trailer (em inglês):
Em mais um estudo de caso digno de um MBA de Gestão e Marketing, “Untold: Ascensão e Queda da AND1” retrata a jornada de três amigos da faculdade Wharton School que sonhavam em ser astros da NBA, mas que resolveram empreender de uma forma onde fosse possível unir um negócio com a arte do streetball. Em uma época onde a NIKE era sinônimo de basquete graças ao seu maior trunfo midiático (e esportivo), Michael Jordan, a AND1 acabou encontrando um nicho específico (e muito rentável) que, de fato, abalou a indústria bilionária de produtos esportivos a partir do inicio dos anos 90.
Dirigido pelo talentoso Kevin Wilson Jr. (indicado ao Oscar pelo seu curta-metragem "My Nephew Emmett", em 2017), esse episódio de "Untold" chama atenção ao desenvolver uma linha do tempo que deixa muito claro a importância de se comunicar com o público especifico dentro de um contexto que faz todo sentido para ambos. Se a NIKE tinha Jordan e seus produtos na NBA, faria sentido entrar nesse embate com ínfimos recursos em relação ao seu competidor? Para Jay Coen Gilbert, Seth Berger e Tom Austin, sim, mas o destino resolveu ajustar a rota dessa aposta e foi aí que entraram em cena nomes como "The Professor", "Hot Sauce", "Skip 2 My Lou", "The Main Event", Shane "the Dribble Machine", entre outros - todos astros do basquete de rua.
"Ascensão e Queda da And1" foi muito feliz em mostrar o outro lado do esporte, sem perder sua essência de se aprofundar no fator humano - nesse caso, elemento primordial e decisivo para o sucesso da marca como negócio e no "fracasso" dos esportistas que, de uma forma muito importante, fizeram parte dessa disrupção. Partindo do principio de mostrar sempre um lado da história menos, digamos, glamoroso, a série eleva ainda mais o sucesso de critica e público que foi seu volume 1. Então se você já assistiu algum episódio de "Untold" e gostou, pode se preparar porque a Netflix quer elevar sua experiência e pelo que vi até aqui, vai conseguir!
Vale muito seu play!
A nova leva de episódios do selo "Untold" da Netflix chegou ampliando seu universo de temas sempre relacionados ao esporte. Em "Ascensão e Queda da And1" o que vemos é uma estrutura narrativa que sabe equilibrar perfeitamente seu conceito de "histórias de bastidores" (ou "não contadas" como o próprio título sugere) com um viés de empreendedorismo que se apoia na importância (tão valorizada hoje) da construção de comunidades e de uma comunicação assertiva 100% alinhada com seu nicho de mercado.
Para quem não sabe, a AND1 era uma marca de roupas e calçados esportivos que popularizou o Streetball (aquele jogo de basquete que mistura esporte, entretenimento performático e hiphop ao melhor estilo Harlem Globetrotters) mundo afora, inovando na forma como se comunicava com seu publico-alvo - foram eles os precursores de uma estratégia viral de vídeos "insanos" em uma época pré-internet. Confira o trailer (em inglês):
Em mais um estudo de caso digno de um MBA de Gestão e Marketing, “Untold: Ascensão e Queda da AND1” retrata a jornada de três amigos da faculdade Wharton School que sonhavam em ser astros da NBA, mas que resolveram empreender de uma forma onde fosse possível unir um negócio com a arte do streetball. Em uma época onde a NIKE era sinônimo de basquete graças ao seu maior trunfo midiático (e esportivo), Michael Jordan, a AND1 acabou encontrando um nicho específico (e muito rentável) que, de fato, abalou a indústria bilionária de produtos esportivos a partir do inicio dos anos 90.
Dirigido pelo talentoso Kevin Wilson Jr. (indicado ao Oscar pelo seu curta-metragem "My Nephew Emmett", em 2017), esse episódio de "Untold" chama atenção ao desenvolver uma linha do tempo que deixa muito claro a importância de se comunicar com o público especifico dentro de um contexto que faz todo sentido para ambos. Se a NIKE tinha Jordan e seus produtos na NBA, faria sentido entrar nesse embate com ínfimos recursos em relação ao seu competidor? Para Jay Coen Gilbert, Seth Berger e Tom Austin, sim, mas o destino resolveu ajustar a rota dessa aposta e foi aí que entraram em cena nomes como "The Professor", "Hot Sauce", "Skip 2 My Lou", "The Main Event", Shane "the Dribble Machine", entre outros - todos astros do basquete de rua.
"Ascensão e Queda da And1" foi muito feliz em mostrar o outro lado do esporte, sem perder sua essência de se aprofundar no fator humano - nesse caso, elemento primordial e decisivo para o sucesso da marca como negócio e no "fracasso" dos esportistas que, de uma forma muito importante, fizeram parte dessa disrupção. Partindo do principio de mostrar sempre um lado da história menos, digamos, glamoroso, a série eleva ainda mais o sucesso de critica e público que foi seu volume 1. Então se você já assistiu algum episódio de "Untold" e gostou, pode se preparar porque a Netflix quer elevar sua experiência e pelo que vi até aqui, vai conseguir!
Vale muito seu play!
"Briga na NBA" é mais um documentário imperdível do selo "Untold" - eu diria, inclusive, que além de muito interessante e curioso, essa produção da Netflix pode ser considerada um importante estudo de caso sobre a capacidade emocional de atletas de alto rendimento - principalmente ao tratar dos reflexos da enorme pressão quando muitos deles se colocam como responsáveis por tirar suas famílias de situações de pobreza ou vulnerabilidade social (um assunto muito discutido em "Last Chance U", por exemplo).
Considerada a pior confusão da história da NBA, "Untold: Briga na NBA" destrincha em detalhes os motivos que culminaram em uma pancadaria generalizada entre jogadores do Indiana Pacers, em especial Ron Artest (Metta World Peace), Stephen Jackson e Jermaine O'Neal, os jogadores do Detroit Pistons, principalmente com Ben Wallace, e a torcida da casa, no final de um jogo em 2004. Uma briga que acabou saindo de qualquer controle e indo, inclusive, para as arquibancadas do The Palace Auburn Hills, em Detroit, envolvendo centenas de pessoas entre atletas, torcedores, seguranças e policiais. Confira o trailer (em inglês):
Embora o caso tenha envolvido muita gente, o documentário foi muito feliz em construir a sua linha narrativa em cima de dois personagens-chaves: Ron Artest (hoje conhecido como Metta World Peace) eJermaine O’Neal. Stephen Jackson até tem certa relevância durante os acontecimentos, mas eu diria que Artest e O’Neal são, de fato, os protagonistas - o interessante, inclusive, é que depois dos fatos ocorridos em Detroit, pouco se ouviu deles e essa postura, como será retratado no documentário, ultrapassa os limites da quadra e do esporte.
O diretor Floyd Russ (de "Zion", também da Netflix) parte de entrevistas reveladoras para aí sim investigar o que aconteceu naquela noite de sexta-feira em Detroit. O foco é entender o bastidores daquele dia, o histórico dos envolvidos e o contexto de "como" e "porquê" várias pessoas começaram (ou entraram) naquela briga. Olhar para o íntimo dos protagonistas, sem a menor dúvida, ajuda a entender como um erro cometido naquele momento marcou para sempre suas carreiras e até mesmo suas vidas. Além de muitos depoimentos de torcedores que estavam envolvidos, dos atletas, de executivos da NBA e até dos policias, ainda temos muitas imagens de arquivo e reportagens da época que ilustram perfeitamente o caso e ainda criam uma dinâmica bastante agradável para a audiência.
Essencialmente para o fã do esporte, "Untold: Briga na NBA" lembra muito os documentários produzidos pela ESPN Films - na qualidade técnica, no conteúdo jornalístico e na forma cinematográfica como a história é contada, ou seja, se você gostou de histórias como "Sobre Milagres e Homens" ou "Al Davis vs. The NFL", você certamente vai se deliciar com esse episódio marcante do esporte americano retratado nessa maravilhosa série antológica - imperdível!
Vale seu play!
"Briga na NBA" é mais um documentário imperdível do selo "Untold" - eu diria, inclusive, que além de muito interessante e curioso, essa produção da Netflix pode ser considerada um importante estudo de caso sobre a capacidade emocional de atletas de alto rendimento - principalmente ao tratar dos reflexos da enorme pressão quando muitos deles se colocam como responsáveis por tirar suas famílias de situações de pobreza ou vulnerabilidade social (um assunto muito discutido em "Last Chance U", por exemplo).
Considerada a pior confusão da história da NBA, "Untold: Briga na NBA" destrincha em detalhes os motivos que culminaram em uma pancadaria generalizada entre jogadores do Indiana Pacers, em especial Ron Artest (Metta World Peace), Stephen Jackson e Jermaine O'Neal, os jogadores do Detroit Pistons, principalmente com Ben Wallace, e a torcida da casa, no final de um jogo em 2004. Uma briga que acabou saindo de qualquer controle e indo, inclusive, para as arquibancadas do The Palace Auburn Hills, em Detroit, envolvendo centenas de pessoas entre atletas, torcedores, seguranças e policiais. Confira o trailer (em inglês):
Embora o caso tenha envolvido muita gente, o documentário foi muito feliz em construir a sua linha narrativa em cima de dois personagens-chaves: Ron Artest (hoje conhecido como Metta World Peace) eJermaine O’Neal. Stephen Jackson até tem certa relevância durante os acontecimentos, mas eu diria que Artest e O’Neal são, de fato, os protagonistas - o interessante, inclusive, é que depois dos fatos ocorridos em Detroit, pouco se ouviu deles e essa postura, como será retratado no documentário, ultrapassa os limites da quadra e do esporte.
O diretor Floyd Russ (de "Zion", também da Netflix) parte de entrevistas reveladoras para aí sim investigar o que aconteceu naquela noite de sexta-feira em Detroit. O foco é entender o bastidores daquele dia, o histórico dos envolvidos e o contexto de "como" e "porquê" várias pessoas começaram (ou entraram) naquela briga. Olhar para o íntimo dos protagonistas, sem a menor dúvida, ajuda a entender como um erro cometido naquele momento marcou para sempre suas carreiras e até mesmo suas vidas. Além de muitos depoimentos de torcedores que estavam envolvidos, dos atletas, de executivos da NBA e até dos policias, ainda temos muitas imagens de arquivo e reportagens da época que ilustram perfeitamente o caso e ainda criam uma dinâmica bastante agradável para a audiência.
Essencialmente para o fã do esporte, "Untold: Briga na NBA" lembra muito os documentários produzidos pela ESPN Films - na qualidade técnica, no conteúdo jornalístico e na forma cinematográfica como a história é contada, ou seja, se você gostou de histórias como "Sobre Milagres e Homens" ou "Al Davis vs. The NFL", você certamente vai se deliciar com esse episódio marcante do esporte americano retratado nessa maravilhosa série antológica - imperdível!
Vale seu play!