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Sexta, 20 Dezembro 2019 14:47

Primeiras impressões - "The Witcher" é o retrato do que se tornaram as séries da Netflix

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Finalmente "The Witcher" chegou na Netflix e mesmo com muitos elogios vindo de todos os lados do planeta, infelizmente, eu me decepcionei! Vou tentar explicar porque acho que a série tropeçou na sua própria pretensão. Confira:

Desde o final medíocre de Game of Thrones até o lançamento do Teaser Oficial em julho e o espectacular Trailer Final de "The Witcher", os fãs de séries de fantasia com um toque medieval aguardavam ansiosamente o dia de hoje! A expectativa era tão grandiosa que a própria Netflix organizou um corujão inédito de 7 horas, cheio de influenciadores do mais alto nível, para transformar a estreia da série em um verdadeiro evento - pode ter funcionado nos números e até sugestionado alguma análise mais crítica após a exibição do primeiro episódio, mas para mim,  "The Witcher" não entregou o que prometeu!

Obviamente que ainda é muito cedo para cravar que a série é uma porcaria, até porque ela não é; mas eu tenho a mais absoluta certeza que ela não chega aos pés do início promissor de Game of Thrones - e antes que alguém possa justificar que se tratam de projetos completamente diferentes, eu já retruco: são diferentes, mas o contexto aproxima demais as duas produções e a Netflix alimentou isso! Começando pela time criativo: o cineasta Alik Sakharov dirigiu e fotografou GoT - mas seu trabalho em "The Witcher" é extremamente irregular, com erros técnicos inconcebíveis para uma produção desse tamanho: a cena da conversa entre a Rainha, o Rei e a Princesa Ciri na mesa do banquete enquanto a dança acontece no salão é muito mal resolvida, com planos mal elaborados que criam a sensação de "pulo" entre um corte e outro de uma forma quase amadora - não se deixa o mesmo personagem no centro de uma conversa de três pessoas, com a mesma lente, o mesmo enquadramento, e se faz um corte para focar apenas em duas de cada vez! No entanto todas as cenas de ação do primeiro episódio, seja na invasão do Reino ou na luta da Vila, estão excelentes e muito bem realizadas - com uma identidade própria que, espero, não se perca com o tempo. O fato é que Sakharov vai muito melhor na ação do que nos diálogos - aliás, meu Deus, Henry Cavill como Geralt está perfeito visualmente, mas catastrófico como personagem, completamente estereotipado e sem a menor modulação entre uma cena e outra! Os diretores de fotografia Jean-Philippe Gossart (de Britannia) e Gavin Struthers (de Black Sails) erram e acertam na mesma proporção - até ponto de luz artificial aparece em uma cena! Está certo que o cenários não ajudam (sério, parece de novela), mas faltou uma tratamento de cor mais cuidadoso - em uma das cenas do episódio 2, não existe uma continuidade na iluminação e a cor de um corte para o outro varia demais: é como se a cena tivesse um erro de render - chega a ser inacreditável! Claro que existem cenas bem fotografadas, principalmente as cenas em locação e as mais abertas, mas outras, estão tão iluminadas que fica claro que se trata de um estúdio!

Eu sei que pode parecer que eu odiei a série, mas não é o caso - só estou citando erros técnicos que em uma produção tão cara como essa, não deveriam acontecer e muito menos ser aprovadas antes de se ajustar esse tipo de falha tão primária! O que me incomodou de verdade foi o roteiro - ele não estabelece o Universo e muito menos facilita o entendimento para quem não conhece muito da franquia! Tomei o cuidado de assistir o primeiro episódio de GoT para entender o que funcionou em um e o que me incomodou tanto em outro: simples, em GoT o núcleos são muito bem definidos e a relação entre eles fica claro logo de cara. Mesmo não conhecendo a obra do George R.R. Martin, os showrunners da série, D.B. Weiss e David Benioff, foram muito inteligentes de focar na relação afetiva e nas motivações politicas de poucos personagens e não na grandiosidade das cenas ou na apresentação de um universo tão complexo logo de cara. Em "The Witcher" são tantos nomes novos que fica impossível processar suas relações. Aqui cabe um disclamer: antigamente se aprovava a produção da temporada pelo episódio piloto ou seja, se fazia tudo que se podia nesse episódio para impressionar os executivos, hoje não é mais preciso agir assim, o que interessa é o todo, então a história pode ser melhor desenvolvida - não justifica tanta pressa.

Eu nem vou falar dos efeitos especiais para não parecer chato, mas vai precisar melhorar muito para chegar próximo do que vimos em 90% de GoT; aliás eu vi muitas pessoas comentando que as batalhas de "The Witcher" são melhores que as de "Game of Thrones"; meu amigo, tudo bem que gosto é gosto, mas ainda não dá para comparar - assista a "Batalha dos Bastardos" e depois peça desculpas e revise o seu texto! Eu sinceramente espero que "The Witcher" encontre o seu caminho e que se torne tão grandiosa como GoT, mas o que eu vejo na série é o reflexo do que foi a Netflix esse ano: apressada, descuidada e pretensiosa! O grande trabalho nos filmes (que merece elogio) não deu chance a nenhuma série - tirando "Olhos que condenam" e talvez "Inacreditável" (que aliás são minisséries), acho que sobra pouca coisa para chamar de imperdível quando o assunto é super-produção - talvez a nova temporada de "The Crown"! Tudo bem que a finada "Marco Polo" não durou muito, mas não se pode comparar a qualidade de produção que vimos lá atrás com o que se tornou a Netflix com "The Witcher"!

Com séries como a de "Senhor dos Anéis" e "The Mandalorianchegando por aí ou até como "Carnival Row" ou "His Dark Materials" eu ficaria bem atento porque, infelizmente, "The Witcher" ainda não convenceu! 

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