Ciência de dados? Big data analytics? Que história é essa?
Na verdade, é um processo. A ciência de dados pode parecer para um leigo algo que é realizado por iniciados que utilizam bolas de cristal – sim, estamos falando de MacBook Pros – falam uma língua esquisita sobre aprendizado de máquina, árvores aleatórias, redes profundas armazenadas em poderosos data warehouse, classificadores bayesianos e produzem previsões incrivelmente detalhadas do que o futuro trará.
Por mais que a equipe da Always On fique tentada com a ideia de ser vista como um conjunto de super heróis, a realidade é um pouco diferente. Tem mais a ver com aquela frase do Thomas Edison: “talento é 1% inspiração e 99% transpiração”.
O poder da ciência de dados vem do esforço permanente de profissionais preparados para adquirir uma compreensão cada vez mais profunda de:
- estatísticas e algoritmos;
- programação e hacking; e
- habilidades de comunicação.
E, mais importante, trata-se da aplicação desses três conjuntos de habilidades de maneira disciplinada e sistemática. Esse processo tem vários passos:
- Defina o problema;
- Colete os dados brutos necessários para resolver o problema;
- Estruture os dados;
- Explore as informações;
- Realize análises aprofundadas (aprendizado de máquina, modelos estatísticos); e
- Comunique os resultados da análise (data analytics).
Todas as análises e resultados técnicos que você apresentar são de pouco valor, a menos que você possa explicar às partes interessadas o que eles significam, de uma forma que seja compreensível e convincente.
A narrativa de dados é uma habilidade crítica e subestimada que você precisará aprender a construir e usar.
Uma das formas de tangibilizar o acesso a estas e outras informações é utilizar ferramentas de data visualization (visualização de dados) - como Power BI (para dar um exemplo).
Serviços de streaming e o que mais?
Como vimos no exemplo da Netflix, a ciência de dados e data analytics podem ser usadas como uma arma poderosa quando se trata de entender o comportamento do consumidor.
E não apenas para quem precisa de audiências engajadas, como é o caso de serviços de streaming de vídeo. Ela pode ser usada por praticamente todos os setores.
Analistas de sinistros de seguros podem usar a ciência de dados para identificar comportamento fraudulento, cientistas de dados de comércio eletrônico podem construir experiências personalizadas para seus clientes, empresas de streaming de música podem usá-lo para criar diferentes gêneros de playlists – as possibilidades são infinitas.
Mas você não precisa esperar para conhecê-las.
Como vimos, a Netflix leva a ciência de dados para o nível seguinte do jogo (big data analytics), usando os insights que retira de suas análises para orientar a forma como seus executivos compram, licenciam e criam novos conteúdos.
Foi assim com o "Round 6" que, com o mundo conturbado pelos revezes do Covid 19, o big data analytics revelou para os executivos Netflix a relevância da série.
"Round 6" - Netflix teria gasto uma “pechincha” para comprar a série
Para ter a série "Round 6" em seu catálogo, a Netflix teria desembolsado a quantia de US$ 21,4 milhões, o equivalente a quase R$ 118 milhões, de acordo com informações obtidas pela Bloomberg.
Desde seu lançamento, a trama segue no topo da lista dos títulos mais assistidos em diversos países e se tornou a produção original da Netflix mais assistida em todo o mundo.
Mas o mais curioso disso tudo é que o valor nem de longe está perto de outras aquisições milionárias feitas pela Netflix — e, na verdade, ela foi uma "pechincha".
Por exemplo, a plataforma de streaming investiu US$ 118 milhões para obter exclusividade sobre "Friends" no passado e desembolsou cerca de US$ 130 milhões para desenvolver a série original "The Crown", que conta a história da Rainha Elizabeth II.
Importante ressaltar aqui alguns pontos que poderiam ser inibidores para a escolha de "Round 6" e que a utilização do big data analytics pela Netflix possibilitou superá-los, viabilizando sua aquisição:
- Produção sul-coreana;
- Diretor e elenco desconhecidos no ocidente;
- Falado em coreano;
- Round 6 traz tipicidades de uma cultura (sul coreana) pouco conhecida além fronteiras;
O sucesso de "Round 6" ressalta a importância de se contar com uma inteligência de dados para alavancar uma visão negocial compatível com a r(evolução) digital em escala exponencial.
Estamos avançando celeremente numa era onde a inteligência de dados passa a ser indispensável.
Esse texto foi escrito pelo Paulo Pereira, especialista em Data Science e Marketing Digital, Fundador & CEO da "Desbrava Data". O Paulo vai colaborar com o Blog da Viu Review sempre que o tema esbarrar no mercado de entretenimento, mas se você se interessa pelo assunto "Ciência de Dados", sugiro que você assine a newsletter "A Era do Dados", basta clicar no botão abaixo: