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Terça, 27 Julho 2021 13:50

Tempo - M. Night Shyamalan decepciona de novo

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Desde que a Universal Pictures divulgou o primeiro trailer e o pôster oficial de "Tempo", a expectativa só aumentava quando o assunto era o tão aguardado novo thriller de mistério com toques de horror dirigido por um dos cineastas mais talentosos da sua geração, M. Night Shyamalan. E como em uma parte considerável da sua filmografia, seu novo trabalho chega acompanhado de muitas críticas. Confira:

Antes de mais nada eu preciso dizer que sou fã de M. Night Shyamalan, principalmente como diretor. Sempre fui um defensor voraz de seu trabalho, graças a sua inventividade e criatividade na hora de posicionar a câmera para contar uma história. Como roteirista, sua carreira me parecia menos brilhante, com muitos altos e baixos - eu diria até que mais baixos do que altos!

Mesmo em filmes muito criticados pelo público, era inegável que o problema não estava na direção, mas sim em roteiros que já nasciam com a pretensão de se tornar inesquecíveis e com um plot twist matador que nos deixaria sem chão, como aconteceu em "Sexto Sentido", principalmente.

No seu mais recente trabalho, uma adaptação da HQ "Castelo de Areia" de Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, encontramos uma premissa sensacional (como inclusive virou marca em quase todos os seus filmes), mas com uma execução patética. E escrever isso me incomoda, pois até o que Shyamalan tem de melhor, é ruim nesse filme. 

Alguns planos são bons, mas são poucos. Destaco o travelling que acompanha a chegada do casal de protagonistas no quarto do hotel, quando a personagem Priska (Vicky Krieps) fica em primeiro plano e vemos a relação do seu marido Guy (Gael García Bernal) com os filhos através do vidro - cheia de simbolismo é como se existisse uma barreira, dois mundo, distanciamento, entre eles. Sem nenhum diálogo, Shyamalan já estabelece o momento da relação.

O grande problema é que essa sensibilidade se desfaz daí para frente, transformando uma história que é boa em um amontoado de estereótipos com péssimas perfomances dos atores - eu diria que beira o trash!

Shyamalan sempre foi um excelente diretor de atores, o que me surpreende ao ver Vicky Krieps, Rufus Sewell e até Bernal tão abaixo das expectativas. Tem uma cena onde Bernal muda a voz para parecer mais velho que chega a ser ridículo. Talvez até não tenha ficado pior porque o diretor posicionou a câmera atrás dos atores, então não vemos suas reações.

Ok, mas sobre o que estamos falando? 

Bem, o filme acompanha alguns hóspedes de um hotel de luxo que são convidados pelo gerente a conhecer uma linda praia, isolada e deserta. O problema é que cada um dos personagens, misteriosamente, começa envelhecer rapidamente, de modo que suas vidas inteiras se resumem a um único dia. Confira o trailer:

Veja, "Tempo" tem uma premissa digna de Twilight Zone e traz muitas referências de Lost (inclusive por contar com Ken Leung no elenco), o que nos leva a crer que se fosse uma série, nosso veredito poderia até ser diferente.

A grande questão é que colocamos as expectativas lá no alto, e o filme não cumpre o seu papel. O roteiro é infantil, com diálogos completamente descartáveis e soluções previsíveis - sem falar nos furos amadores que impactam demais nas nossa experiência: do tipo onde personagens some sem nenhum explicação (onde foi parar a mãe do médico?)  ou tem motivações inexplicáveis, sem nenhuma progressão ou sensibilidade para construir camadas mais profundas (o Rapper, por exemplo).

A montagem do Brett M. Reed, que já havia trabalhado com Shyamalan no ótimo "Servent" da AppleTV+, está irreconhecível. Muito fraca!

Eu juro que gostaria de estar escrevendo um review mais elogioso, mas não posso fechar os olhos para um filme mal escrito, mal dirigido e mal executado tecnicamente.

Faço questão de colar algumas criticas que vieram dos EUA para expandir sua percepção sobre o filme:

“‘Tempo é inequivocamente um filme em que ou você está comprometido de vez ou está ansioso para ir embora” – Nate Adams, The Only Critic.

“Conceito intrigante, execução imperfeita” – Rafer Guzman, Newsday.

“Embora Tempo não seja totalmente bem sucedido, eu curti o filme” – Chris Hewitt, Minneapolis Star Tribune.

“Tempo apresenta um cenário de lapso temporal absurdo. Sem reviravoltas ou surpresas pontuam esta viagem bizarra, apenas alguns momentos de horror e muito humor constrangedor” – Meagan Navarro, Bloody Disgusting.

 

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