Antes de mais nada é preciso dizer que este que vos escreve nunca leu uma obra do Stephen King, ou seja, toda minha referência (e aí são várias) diz respeito as adaptações para o cinema e para tv, ou streaming, como preferir.
A minissérie acompanha Lisey Landon (Julianne Moore), uma viúva que perdeu o marido Scott (Clive Owen), famoso escritor de histórias de suspense, morto dois anos antes. Nesse meio tempo, ela vem sendo pressionada por fãs e pela imprensa para liberar todo o material póstumo deixado por seu marido, mas ela ainda não está pronta pra mexer em seus pertences. Quando um fã fanático e psicótico de Scott começa a persegui-la, Lisey é obrigada a reviver lembranças do passado de sua relação com o amado que havia suprimido. Essas lembranças envolvem os relatos da traumática infância de Scott e de um mundo paralelo chamado Boo’ya Moon, que seria a fonte das ideias do falecido escritor. Confira o trailer:
É inegável a qualidade técnica e artística que a Apple vem empregando nas produções de sua plataforma de streaming. Muito mais próxima da qualidade da HBO do que da quantidade da Netflix, tudo que foi disponibilizado até aqui parece muito bem desenvolvido - mesmo que algumas dessas narrativas ainda não estejam alinhadas o suficiente para ser absorvida por um público ainda em formação. O fato é que a AppleTV+ está construindo a sua identidade ao mesmo tempo em que sua plataforma precisa ganhar assinantes - em passos muito mais moderados do que a Disney, por exemplo.
Até aqui tivemos alguns flertes bastante relevantes com o nível de qualidade que a HBO está acostumada a entregar e que viraram sua marca registrada. É muito seguro citar que "Em defesa de Jacob" e "Verdade seja dita" seguem esse padrão. Com "A História de Lisey" não parece ser diferente, visualmente a minissérie impressiona de cara - a primeira sequência pausada é praticamente uma obra de arte. O grande problema - e aqui a própria HBO sofreu com isso em "Outsider", é que adaptar Stephen King é tão arriscado quanto desafiador. Mesmo com a maravilhosa direção do chileno Pablo Larraín (Prófugos), que também assina o roteiro dos 8 episódios ao lado do próprio King e com J.J. Abrams produzindo, o que vemos no primeiro episódio é um emaranhado de mistérios que pouco nos entrega. Claro que a dúvida é pertinente ao estilo da obra adaptada de King, mas, meu amigo, é muita coisa - muita mesmo!
Ao ler algumas resenhas sobre o livro, é quase unânime que "A História de Lisey" é um dos textos mais intimistas de Stephen King e que está longe de ser o melhor trabalho do autor, já que em alguns momentos o livro se revela um pouco arrastado. Essa perda de ritmo parece o maior problema para a adaptação, King costuma perder o arco principal - depois de 50 minutos de episódio é impossível dizer qual o caminho que a história vai seguir e qual o gênero que vamos assistir. Reparem como o trailer já nos dá essa dimensão.
Como muitas obras adaptadas de King, seus desfechos são invariavelmente fracos e insatisfatórios em relação ao inicio da jornada e como ele constrói os mistérios, que em "A História de Lisey" seja diferente - eu acho dificil acreditar, mas claro que não dá para deixar de conferir - principalmente por ter uma Julianne Moore carregando a trama nas costas! Seria ela a única capaz de derrotar Kate Winslet de "Mare of Easttown" no próximo Emmy?
Prometo que no final dos 8 episódios eu volto para escrever um review definitivo e, espero, fazendo um mea-culpa.
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