indika.tv - Mrs. America
Mrs-America.jpeg

Mrs. America

Elenco
Cate Blanchett, Rose Byrne, Elizabeth Banks, Uzo Aduba
Ano
2020
País
EUA

Drama ml-real ml-relacoes ml-epoca ml-politico ml-biografia ml-racismo ml-livro ml-gb Disney+

Mrs. America

Essa minissérie é incrível, mas já te adianto: você vai se sentir provocado a muitas reflexões e provavelmente também se sentirá desconfortável por muitas delas. "Mrs. America", criada por Dahvi Waller (de "Mad Man" e de "Halt and Catch Fire"), explora com muita inteligência a batalha pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos durante a década de 1970, tendo como foco central a oposição ao movimento feminista liderada por Phyllis Schlafly (Cate Blanchett). Com uma narrativa que equilibra fatos históricos e uma exploração profunda de seus personagens, levantando questões sempre pertinentes, "Mrs. America", eu diria, é uma análise fascinante e muito complexa sobre igualdade de gênero pelo viés do poder e da política - além de ser um retrato fiel de um período crucial na história americana.

A trama acompanha os eventos que cercaram a tentativa de ratificação da Emenda dos Direitos Iguais (ERA, na sigla em inglês), que visava garantir a igualdade de direitos independentemente do sexo. Enquanto líderes feministas como Gloria Steinem (Rose Byrne), Shirley Chisholm (Uzo Aduba) e Betty Friedan (Tracey Ullman) lutavam pela aprovação da emenda, Phyllis Schlafly emergia como a principal voz contra a ERA, argumentando que ela destruiria as bases tradicionais da família americana. "Mrs. America" explora o impacto dessa oposição e a divisão política que se formou em torno dos direitos das mulheres em vários aspectos. Confira o trailer (em inglês):

"Mrs. America" é repleta de pontos positivos - não por acaso foi um dos destaques na temporada 2020 de premiações, sendo indicada, por exemplo, em 10 categorias no Emmy daquele ano. Pois bem, vamos começar pelo roteiro: sem dúvida um dos destaques da produção, já que ele consegue contextualizar de maneira acessível os debates políticos e sociais complexos da época, sem cair na simplificação ou na caricatura da polarização. As cenas de debates entre feministas e conservadoras são bem construídas e equilibradas, mostrando como ambos os lados utilizaram argumentos emocionais e racionais para conquistar apoio popular. A narrativa destaca, mesmo dentro do movimento feminista, como existiam divergências significativas sobre temas sensíveis, como raça, classe social e até orientação sexual, mostrando que a luta pela igualdade de gênero não era tão homogênea, mas sim repleta de tensões internas. Outro mérito da minissérie é não tratar Schlafly apenas como uma antagonista unidimensional, muito pelo contrário, o roteiro é competente o suficiente para explorar as camadas de suas crenças e suas estratégias, revelando uma mulher que, apesar de defender uma visão conservadora da sociedade, usava as próprias armas do feminismo para promover sua agenda. Essa abordagem, inclusive, humaniza a personagem e proporciona uma reflexão mais profunda sobre o conservadorismo e o papel das mulheres dentro desse recorte.

Cate Blanchett, em uma performance magistral como Phyllis Schlafly, é o grande destaque do elenco ao lado de Uzo Aduba. Blanchett traz uma consciência dramática impressionante para o papel, retratando Schlafly não como uma vilã estereotipada, mas como uma mulher ambiciosa e estrategista que, apesar de defender valores tradicionais, tenta alcançar seus objetivos políticos a qualquer custo - é impressionante como Blanchett captura as nuances de sua personagem, desde o carisma e a perspicácia até a rigidez e a contradição interna de uma mulher que luta contra a emancipação feminina enquanto busca se afirmar em um mundo dominado por homens. Já Aduba, como Shirley Chisholm, oferece uma performance intensa, explorando as lutas de uma mulher negra no movimento, cujas questões específicas muitas vezes foram marginalizadas pelas próprias feministas. Nesse sentido a minissérie entrega um excelente trabalho ao dar espaço para as vozes diversas dentro de um mesmo movimento, mostrando como a luta pela igualdade nunca foi algo simples.

O fato é que "Mrs. America" se destaca pelo equilíbrio cuidadoso entre drama e história. A série não apenas explora os eventos em torno da ERA, mas também humaniza os personagens, revelando suas motivações, dilemas e contradições. Ao mostrar os bastidores de ambos os lados do debate, tanto das feministas quanto das conservadoras liderados por Schlafly, a minissérie acaba entregando um retrato multifacetado da política americana, revelando estratégias e alianças, mas também as as traições que moldaram a década de 1970 e continuam a reverberando até hoje - mesmo que essa narrativa possa soar um enfraquecimento do movimento feminista e da importância da ERA.

Se você está preparado para encarar uma jornada repleta de contrastes ideológicos e emocionais que vai te tirar da zona de conforto, não deixe de dar o play. Vale muito a pena!

Assista Agora

Essa minissérie é incrível, mas já te adianto: você vai se sentir provocado a muitas reflexões e provavelmente também se sentirá desconfortável por muitas delas. "Mrs. America", criada por Dahvi Waller (de "Mad Man" e de "Halt and Catch Fire"), explora com muita inteligência a batalha pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos durante a década de 1970, tendo como foco central a oposição ao movimento feminista liderada por Phyllis Schlafly (Cate Blanchett). Com uma narrativa que equilibra fatos históricos e uma exploração profunda de seus personagens, levantando questões sempre pertinentes, "Mrs. America", eu diria, é uma análise fascinante e muito complexa sobre igualdade de gênero pelo viés do poder e da política - além de ser um retrato fiel de um período crucial na história americana.

A trama acompanha os eventos que cercaram a tentativa de ratificação da Emenda dos Direitos Iguais (ERA, na sigla em inglês), que visava garantir a igualdade de direitos independentemente do sexo. Enquanto líderes feministas como Gloria Steinem (Rose Byrne), Shirley Chisholm (Uzo Aduba) e Betty Friedan (Tracey Ullman) lutavam pela aprovação da emenda, Phyllis Schlafly emergia como a principal voz contra a ERA, argumentando que ela destruiria as bases tradicionais da família americana. "Mrs. America" explora o impacto dessa oposição e a divisão política que se formou em torno dos direitos das mulheres em vários aspectos. Confira o trailer (em inglês):

"Mrs. America" é repleta de pontos positivos - não por acaso foi um dos destaques na temporada 2020 de premiações, sendo indicada, por exemplo, em 10 categorias no Emmy daquele ano. Pois bem, vamos começar pelo roteiro: sem dúvida um dos destaques da produção, já que ele consegue contextualizar de maneira acessível os debates políticos e sociais complexos da época, sem cair na simplificação ou na caricatura da polarização. As cenas de debates entre feministas e conservadoras são bem construídas e equilibradas, mostrando como ambos os lados utilizaram argumentos emocionais e racionais para conquistar apoio popular. A narrativa destaca, mesmo dentro do movimento feminista, como existiam divergências significativas sobre temas sensíveis, como raça, classe social e até orientação sexual, mostrando que a luta pela igualdade de gênero não era tão homogênea, mas sim repleta de tensões internas. Outro mérito da minissérie é não tratar Schlafly apenas como uma antagonista unidimensional, muito pelo contrário, o roteiro é competente o suficiente para explorar as camadas de suas crenças e suas estratégias, revelando uma mulher que, apesar de defender uma visão conservadora da sociedade, usava as próprias armas do feminismo para promover sua agenda. Essa abordagem, inclusive, humaniza a personagem e proporciona uma reflexão mais profunda sobre o conservadorismo e o papel das mulheres dentro desse recorte.

Cate Blanchett, em uma performance magistral como Phyllis Schlafly, é o grande destaque do elenco ao lado de Uzo Aduba. Blanchett traz uma consciência dramática impressionante para o papel, retratando Schlafly não como uma vilã estereotipada, mas como uma mulher ambiciosa e estrategista que, apesar de defender valores tradicionais, tenta alcançar seus objetivos políticos a qualquer custo - é impressionante como Blanchett captura as nuances de sua personagem, desde o carisma e a perspicácia até a rigidez e a contradição interna de uma mulher que luta contra a emancipação feminina enquanto busca se afirmar em um mundo dominado por homens. Já Aduba, como Shirley Chisholm, oferece uma performance intensa, explorando as lutas de uma mulher negra no movimento, cujas questões específicas muitas vezes foram marginalizadas pelas próprias feministas. Nesse sentido a minissérie entrega um excelente trabalho ao dar espaço para as vozes diversas dentro de um mesmo movimento, mostrando como a luta pela igualdade nunca foi algo simples.

O fato é que "Mrs. America" se destaca pelo equilíbrio cuidadoso entre drama e história. A série não apenas explora os eventos em torno da ERA, mas também humaniza os personagens, revelando suas motivações, dilemas e contradições. Ao mostrar os bastidores de ambos os lados do debate, tanto das feministas quanto das conservadoras liderados por Schlafly, a minissérie acaba entregando um retrato multifacetado da política americana, revelando estratégias e alianças, mas também as as traições que moldaram a década de 1970 e continuam a reverberando até hoje - mesmo que essa narrativa possa soar um enfraquecimento do movimento feminista e da importância da ERA.

Se você está preparado para encarar uma jornada repleta de contrastes ideológicos e emocionais que vai te tirar da zona de conforto, não deixe de dar o play. Vale muito a pena!

Assista Agora

Acesse com o Facebook Acesse com o Google

Cookies: a gente guarda estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação, ao continuar navegando você concorda com a nossa Política de Privacidade.