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A Mulher na Parede

Diretor
Harry Wootliff, Rachna Suri
Elenco
Ruth Wilson, Daryl McCormack, Philippa Dunne
Ano
2023
País
Reino Unido

Suspense ml-investigação ml-serial-killer ml-crime ml-sobrenatural ml-livro ml-pf ml-vc Paramount

A Mulher na Parede

Angustiante e com uma trama muito bem construída - e tudo isso muito bem envolvido em um conceito estético realmente belíssimo! "A Mulher na Parede" é mesmo surpreendente! Criada por Joe Murtagh e produzida pela BBC, essa é mais uma minissérie de suspense psicológico que explora os limites entre o trauma e a memória, sempre pautada em muito mistério. Ambientada em uma pequena cidade irlandesa,  "A Mulher na Parede" se destaca pela intensidade emocional de sua protagonista e pela atmosfera sombria e envolvente que permeia cada episódio. A produção combina um mistério intrigante com uma crítica social real sobre os abusos cometidos em instituições religiosas na Irlanda, especificamente em torno das chamadas Magdalene Laundries, onde mulheres (geralmente solteiras grávidas, prostitutas ou pessoas vistas de alguma forma como moralmente degradadas) eram mantidas em condições desumanas por décadas com o único objetivo de "dar a luz"!

A trama de "The Woman in the Wall" (no original) gira em torno de Lorna Brady (Ruth Wilson), uma mulher assombrada por eventos de seu passado relacionados ao tempo que passou em uma determinada instituição religiosa. Lorna, que sofre de episódios de amnésia e sonambulismo, acorda um dia para descobrir um cadáver em sua casa, mas não tem ideia de como ele foi parar lá. À medida que tenta desvendar o mistério, Lorna precisa enfrentar os fantasmas do passado, descobrir a verdade sobre sua relação com o convento e as mulheres que desapareceram de lá. É nesse contexto que conhecemos o detetive Colman Akande (Daryl McCormack), que investiga o caso e revela segredos que vão muito além de um crime comum. Confira o trailer:

Murtagh (de "Gangs of London") constrói uma narrativa rica em tensão. A minissérie é sombria em tom e estética, com uma direção que utiliza habilmente os cenários da pequena cidade irlandesa para criar uma sensação de isolamento e claustrofobia impressionante. A atmosfera opressiva escolhida pelas diretoras Harry Wootliff (de "Only You") e  Rachna Suri (de "O Filho Bastardo do Diabo") reflete perfeitamente o estado mental de Lorna, além de remeter à sensação de desespero e perda de controle das mulheres que passaram pelas Magdalene Laundries - a minissérie é habilidosa em retratar como o passado pode assombrar o presente, e como instituições que deveriam cuidar das pessoas mais vulneráveis acabaram causando traumas ainda mais profundos. Essa crítica social de "A Mulher na Parede" é até sutil, mas poderosa. Veja, as Magdalene Laundries são retratadas como o cerne do mistério e também como um símbolo dos abusos institucionais sofridos por mulheres marginalizadas na sociedade irlandesa e embora o foco da trama esteja no suspense e na investigação, a crítica a essas instituições é clara.

Ruth Wilson, mais uma vez, dá um show em "A Mulher na Parede". Sua performance é repleta de camadas, oscilando entre vulnerabilidade e determinação com muita habilidade. Wilson retrata com sensibilidade o trauma psicológico de sua personagem, enquanto o mistério do corpo encontrado em sua casa funciona como uma metáfora para o peso das memórias reprimidas e os abusos sofridos em algum momento de sua vida. Lorna é sim uma figura trágica, mas também resiliente, e Wilson consegue transitar entres esses pólos de forma convincente, nos levando em uma jornada emocional de fato intensa. Daryl McCormack, o detetive Colman Akande, também merece destaque - ele traz uma dinâmica interessante para a narrativa através de sua interação com Lorna. É um misto de empatia e desconfiança, onde as descobertas que ele faz ao longo dos episódios acabam revelando que o mistério central é apenas a ponta do iceberg.

Uma infinidade de tons frios e sombrios intensificam esse aspecto mais melancólico e opressor da narrativa, enquanto as cenas externas capturam a beleza austera da paisagem irlandesa. A cidade pequena e isolada funciona quase como um personagem adicional, com seus segredos escondidos em cada esquina, ecoando a própria mente fragmentada de Lorna. Obviamente que esse mood visual reforça a atmosfera de mistério e tensão da narrativa, no entanto, por ser menos intrusiva, essa cadência pode afastar parte da audiência. A profundidade psicológica da trama e o foco em traumas pessoais podem parecer mais importantes que mistério central em certos episódios, no entanto, tudo é tão bem amarrado e os personagens são tão bem desenvolvidos que esse forte subtexto emocional em nada atrapalha nossa experiência, muito pelo contrário: assim que entendemos a proposta de Joe Murtagh é difícil parar de assistir!

Resumindo, "A Mulher na Parede" é uma reflexão poderosa sobre o passado e seus ecos no presente, fantasiada de investigação criminal, que vale muito o seu play!

Assista Agora

Angustiante e com uma trama muito bem construída - e tudo isso muito bem envolvido em um conceito estético realmente belíssimo! "A Mulher na Parede" é mesmo surpreendente! Criada por Joe Murtagh e produzida pela BBC, essa é mais uma minissérie de suspense psicológico que explora os limites entre o trauma e a memória, sempre pautada em muito mistério. Ambientada em uma pequena cidade irlandesa,  "A Mulher na Parede" se destaca pela intensidade emocional de sua protagonista e pela atmosfera sombria e envolvente que permeia cada episódio. A produção combina um mistério intrigante com uma crítica social real sobre os abusos cometidos em instituições religiosas na Irlanda, especificamente em torno das chamadas Magdalene Laundries, onde mulheres (geralmente solteiras grávidas, prostitutas ou pessoas vistas de alguma forma como moralmente degradadas) eram mantidas em condições desumanas por décadas com o único objetivo de "dar a luz"!

A trama de "The Woman in the Wall" (no original) gira em torno de Lorna Brady (Ruth Wilson), uma mulher assombrada por eventos de seu passado relacionados ao tempo que passou em uma determinada instituição religiosa. Lorna, que sofre de episódios de amnésia e sonambulismo, acorda um dia para descobrir um cadáver em sua casa, mas não tem ideia de como ele foi parar lá. À medida que tenta desvendar o mistério, Lorna precisa enfrentar os fantasmas do passado, descobrir a verdade sobre sua relação com o convento e as mulheres que desapareceram de lá. É nesse contexto que conhecemos o detetive Colman Akande (Daryl McCormack), que investiga o caso e revela segredos que vão muito além de um crime comum. Confira o trailer:

Murtagh (de "Gangs of London") constrói uma narrativa rica em tensão. A minissérie é sombria em tom e estética, com uma direção que utiliza habilmente os cenários da pequena cidade irlandesa para criar uma sensação de isolamento e claustrofobia impressionante. A atmosfera opressiva escolhida pelas diretoras Harry Wootliff (de "Only You") e  Rachna Suri (de "O Filho Bastardo do Diabo") reflete perfeitamente o estado mental de Lorna, além de remeter à sensação de desespero e perda de controle das mulheres que passaram pelas Magdalene Laundries - a minissérie é habilidosa em retratar como o passado pode assombrar o presente, e como instituições que deveriam cuidar das pessoas mais vulneráveis acabaram causando traumas ainda mais profundos. Essa crítica social de "A Mulher na Parede" é até sutil, mas poderosa. Veja, as Magdalene Laundries são retratadas como o cerne do mistério e também como um símbolo dos abusos institucionais sofridos por mulheres marginalizadas na sociedade irlandesa e embora o foco da trama esteja no suspense e na investigação, a crítica a essas instituições é clara.

Ruth Wilson, mais uma vez, dá um show em "A Mulher na Parede". Sua performance é repleta de camadas, oscilando entre vulnerabilidade e determinação com muita habilidade. Wilson retrata com sensibilidade o trauma psicológico de sua personagem, enquanto o mistério do corpo encontrado em sua casa funciona como uma metáfora para o peso das memórias reprimidas e os abusos sofridos em algum momento de sua vida. Lorna é sim uma figura trágica, mas também resiliente, e Wilson consegue transitar entres esses pólos de forma convincente, nos levando em uma jornada emocional de fato intensa. Daryl McCormack, o detetive Colman Akande, também merece destaque - ele traz uma dinâmica interessante para a narrativa através de sua interação com Lorna. É um misto de empatia e desconfiança, onde as descobertas que ele faz ao longo dos episódios acabam revelando que o mistério central é apenas a ponta do iceberg.

Uma infinidade de tons frios e sombrios intensificam esse aspecto mais melancólico e opressor da narrativa, enquanto as cenas externas capturam a beleza austera da paisagem irlandesa. A cidade pequena e isolada funciona quase como um personagem adicional, com seus segredos escondidos em cada esquina, ecoando a própria mente fragmentada de Lorna. Obviamente que esse mood visual reforça a atmosfera de mistério e tensão da narrativa, no entanto, por ser menos intrusiva, essa cadência pode afastar parte da audiência. A profundidade psicológica da trama e o foco em traumas pessoais podem parecer mais importantes que mistério central em certos episódios, no entanto, tudo é tão bem amarrado e os personagens são tão bem desenvolvidos que esse forte subtexto emocional em nada atrapalha nossa experiência, muito pelo contrário: assim que entendemos a proposta de Joe Murtagh é difícil parar de assistir!

Resumindo, "A Mulher na Parede" é uma reflexão poderosa sobre o passado e seus ecos no presente, fantasiada de investigação criminal, que vale muito o seu play!

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