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Minamata

Diretor
Andrew Levitas
Elenco
Johnny Depp, Minami, Bill Nighy
Ano
2020
País
EUA

Drama ml-real ml-investigação ml-relacoes ml-politico ml-catastrofe Youtube ml-gb

Minamata

"Minamata" é um filme difícil de assistir, não por ser uma narrativa complexa, mas pelo impacto de uma história que precisava ser contada. Menos hollywoodiana que "O Preço da Verdade", mas igualmente impactante, o filme do diretor Andrew Levitas (de "A Última Canção") segue a mesma linha "denúncia" e expõe de uma maneira nada suave um drama real, de consequências gravíssimas e que até hoje é mascarado pelo governo japonês.

W. Eugene Smith (Johnny Depp) ganhou fama fotografando nas linhas de frente durante a Segunda Guerra Mundial, mas sua personalidade e a bebida praticamente destruiram sua carreira. Quando ele apresenta para o editor da Life Magazine a oportunidade de expor um grande escândalo ambiental, ele é enviado ao Japão para revelar ao mundo a realidade dos moradores de Minamata, uma cidade costeira onde toda a comunidade está sendo envenenada por mercúrio. Confira o trailer (em inglês):

Exibido no 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2020, "Minamata" dividiu opiniões, principalmente entre crítica e público. Enquanto a crítica implicava com a forma como a história de W. Eugene Smith foi contada, o público vibrava justamente com o conteúdo dessa mesma história. Eu diria que a critica tem um pouco de razão, principalmente ao pontuar algumas escolhas criativas como um excessivo didatismo nos diálogos, recheados de frases de efeito e sempre acompanhado de uma música extremamente sentimentalista. Por outro lado, existe um uma relação poética entre a fotografia do protagonista e o sofrimento da comunidade de Minamata que conecta o público imediatamente - embora o diretor use e abuse de planos onde vemos desde crianças deformadas até o drama dos pais que cuidam com o maior carinho dos seus filhos completamente incapacitados pelo envenenamento.

A performance de Depp também não foi unanimidade, mas, pessoalmente, achei que ele mais acertou do que errou. Existe uma linha muito tênue entre o genial e o canastrão quando o ator precisa explorar o descaso com o próprio corpo decorrente das marcas de uma vida "injusta" que, normalmente, não são desenvolvidas pelo roteiro para estar no filme - o que eu quero dizer é que em alguns momentos Smith parece pouco palpável, enquanto em outros sua complexidade instiga. Se em uma cena ele enxerga, mesmo destroçado socialmente, a beleza artística de uma criança doente tocando acordeom sob a chuva, iluminada por uma luz perfeita, em outra vemos seu personagem bêbado tentando falar no telefone com o chefe que vai desistir da missão enquanto soa ser a única esperança para salvar os japoneses. A questão é que não sobra tempo para mostrar o meio do caminho. 

"Minamata" sofre com o maniqueísmo do roteiro, mas se aproveita da força de sua história e da total empatia que ela proporciona. O fato de ser um dos maiores casos de poluição industrial que o mundo já viu e que pouca gente conhece (mesmo se passando nos anos 70), espanta. Tecnicamente o filme entrega o drama e sentimento de urgência que a história provoca e é perceptível o quanto isso nos tira da sensação de conforto e nos faz refletir.

Vale muito a pena, mesmo com alguns deslizes.

Assista Agora

"Minamata" é um filme difícil de assistir, não por ser uma narrativa complexa, mas pelo impacto de uma história que precisava ser contada. Menos hollywoodiana que "O Preço da Verdade", mas igualmente impactante, o filme do diretor Andrew Levitas (de "A Última Canção") segue a mesma linha "denúncia" e expõe de uma maneira nada suave um drama real, de consequências gravíssimas e que até hoje é mascarado pelo governo japonês.

W. Eugene Smith (Johnny Depp) ganhou fama fotografando nas linhas de frente durante a Segunda Guerra Mundial, mas sua personalidade e a bebida praticamente destruiram sua carreira. Quando ele apresenta para o editor da Life Magazine a oportunidade de expor um grande escândalo ambiental, ele é enviado ao Japão para revelar ao mundo a realidade dos moradores de Minamata, uma cidade costeira onde toda a comunidade está sendo envenenada por mercúrio. Confira o trailer (em inglês):

Exibido no 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2020, "Minamata" dividiu opiniões, principalmente entre crítica e público. Enquanto a crítica implicava com a forma como a história de W. Eugene Smith foi contada, o público vibrava justamente com o conteúdo dessa mesma história. Eu diria que a critica tem um pouco de razão, principalmente ao pontuar algumas escolhas criativas como um excessivo didatismo nos diálogos, recheados de frases de efeito e sempre acompanhado de uma música extremamente sentimentalista. Por outro lado, existe um uma relação poética entre a fotografia do protagonista e o sofrimento da comunidade de Minamata que conecta o público imediatamente - embora o diretor use e abuse de planos onde vemos desde crianças deformadas até o drama dos pais que cuidam com o maior carinho dos seus filhos completamente incapacitados pelo envenenamento.

A performance de Depp também não foi unanimidade, mas, pessoalmente, achei que ele mais acertou do que errou. Existe uma linha muito tênue entre o genial e o canastrão quando o ator precisa explorar o descaso com o próprio corpo decorrente das marcas de uma vida "injusta" que, normalmente, não são desenvolvidas pelo roteiro para estar no filme - o que eu quero dizer é que em alguns momentos Smith parece pouco palpável, enquanto em outros sua complexidade instiga. Se em uma cena ele enxerga, mesmo destroçado socialmente, a beleza artística de uma criança doente tocando acordeom sob a chuva, iluminada por uma luz perfeita, em outra vemos seu personagem bêbado tentando falar no telefone com o chefe que vai desistir da missão enquanto soa ser a única esperança para salvar os japoneses. A questão é que não sobra tempo para mostrar o meio do caminho. 

"Minamata" sofre com o maniqueísmo do roteiro, mas se aproveita da força de sua história e da total empatia que ela proporciona. O fato de ser um dos maiores casos de poluição industrial que o mundo já viu e que pouca gente conhece (mesmo se passando nos anos 70), espanta. Tecnicamente o filme entrega o drama e sentimento de urgência que a história provoca e é perceptível o quanto isso nos tira da sensação de conforto e nos faz refletir.

Vale muito a pena, mesmo com alguns deslizes.

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