Olha, "Fallout" é uma série que não decepciona - especialmente para os fãs da aclamada franquia de jogos de videogame da Bethesda. Criada por Geneva Robertson-Dworet (de "Captain Marvel") e Graham Wagner (de "Silicon Valley"), sob a supervisão atenta de Lisa Joy e Jonathan Nolan (de "Westworld"), essa adaptação da Amazon Prime Video traz para as telas a exata atmosfera pós-apocalíptica e a rica narrativa dos jogos de forma magistral. A série consegue capturar a essência do universo "Fallout" com uma combinação impressionante de efeitos visuais excelentes, um enredo dos mais envolventes e personagens muito (mas, muito) bem desenvolvidos. Puxa, que experiência cativante e imersiva! Sensacional!
A trama se desenrola em um futuro devastado pela guerra nuclear, onde os sobreviventes emergem de abrigos subterrâneos chamados Vaults para reconstruir a sociedade em uma terra desolada e cheia de perigos. É nesse contexto que acompanhamos Lucy (Ella Purnell), uma jovem que acaba deixando sua casa para encontrar seu pai (Kyle MacLachlan) que foi sequestrado. Em sua missão, a protagonista acaba descobrindo um mundo pós-apocalíptico perigoso e cheio de monstros, onde conhece o soldado Maximus (Aaron Moten) e um caçador de recompensas morto-vivo conhecido como The Ghoul (Walton Goggins). Confira o trailer:
Com muita inteligência e um pouco de ousadia, Geneva Robertson-Dworet e Graham Wagner evitam adaptar diretamente um dos capítulo da franquia, preferindo assim uma certa liberdade para criar uma história que se passa no universo conhecido dos jogos, mas que não está diretamente conectada a nenhum deles - e funciona. O roteiro sabe do seu potencial como mitologia, com isso equilibra habilmente a ação intensa com o desenvolvimento de personagens dos mais interessantes (e até complexos na sua essência, eu diria). A narrativa escolhida pelo time criativo é estruturada de maneira a manter a audiência constantemente engajado, com reviravoltas inesperadas e momentos de alta tensão - talvez aqui esteja o grande segredo dessa primeira temporada: sua dinâmica bem resolvida.
A direção de arte de "Fallout"é excepcional - ela recria com precisão o visual retrofuturista característico da série de jogos. A atenção aos detalhes, desde os trajes desgastados até os icônicos Pip-Boys, contribui para uma imersão total no mundo devastado da série. Reparem como sua estética que mistura velho-oeste,art déco e um complexo militar-industrial saído diretamente das paranóias da Guerra Fria e do medo da aniquilação nuclear, se conectam com a cultura americana dos anos 50 em seu modernismo atompunk. A atenção aos detalhes vai dos figurinos, das armas, das maquiagens, até a trilha sonora com composições que variam do melancólico ao épico, realçando a atmosfera de desolação e (des)esperança da série. A música, juntamente com uma mixagem de som meticulosa, ajuda a nos transportar para aquele ambiente hostil e vibrante de uma forma bem parecida com o play de um video-game.
"Fallout" é uma adaptação impressionante que faz justiça ao legado dos jogos, oferecendo uma experiência visual e emocionalmente rica. A série é tecnicamente perfeita, ao mesmo tempo que mostra ter "alma". Ao trazer para a jornada de Lucy temas como sobrevivência, moralidade e a luta pelo poder em um mundo sem lei, a série meio que oferece uma reflexão sobre a natureza humana em situações extremas - sem perder de vista seu propósito: entreter com a maior qualidade possível! Sinceramente, "Fallout" é uma das melhores adaptações de games que já foi produzida até aqui - autêntica à essência do seu material de origem, engenhosa e satírica; e criativa ao abraçar uma linguagem narrativa que encontra o seu caminho perante uma temática singular em seu pós-apocalipse bastante bizarro. Bom demais!
Vale muito o seu play!
Olha, "Fallout" é uma série que não decepciona - especialmente para os fãs da aclamada franquia de jogos de videogame da Bethesda. Criada por Geneva Robertson-Dworet (de "Captain Marvel") e Graham Wagner (de "Silicon Valley"), sob a supervisão atenta de Lisa Joy e Jonathan Nolan (de "Westworld"), essa adaptação da Amazon Prime Video traz para as telas a exata atmosfera pós-apocalíptica e a rica narrativa dos jogos de forma magistral. A série consegue capturar a essência do universo "Fallout" com uma combinação impressionante de efeitos visuais excelentes, um enredo dos mais envolventes e personagens muito (mas, muito) bem desenvolvidos. Puxa, que experiência cativante e imersiva! Sensacional!
A trama se desenrola em um futuro devastado pela guerra nuclear, onde os sobreviventes emergem de abrigos subterrâneos chamados Vaults para reconstruir a sociedade em uma terra desolada e cheia de perigos. É nesse contexto que acompanhamos Lucy (Ella Purnell), uma jovem que acaba deixando sua casa para encontrar seu pai (Kyle MacLachlan) que foi sequestrado. Em sua missão, a protagonista acaba descobrindo um mundo pós-apocalíptico perigoso e cheio de monstros, onde conhece o soldado Maximus (Aaron Moten) e um caçador de recompensas morto-vivo conhecido como The Ghoul (Walton Goggins). Confira o trailer:
Com muita inteligência e um pouco de ousadia, Geneva Robertson-Dworet e Graham Wagner evitam adaptar diretamente um dos capítulo da franquia, preferindo assim uma certa liberdade para criar uma história que se passa no universo conhecido dos jogos, mas que não está diretamente conectada a nenhum deles - e funciona. O roteiro sabe do seu potencial como mitologia, com isso equilibra habilmente a ação intensa com o desenvolvimento de personagens dos mais interessantes (e até complexos na sua essência, eu diria). A narrativa escolhida pelo time criativo é estruturada de maneira a manter a audiência constantemente engajado, com reviravoltas inesperadas e momentos de alta tensão - talvez aqui esteja o grande segredo dessa primeira temporada: sua dinâmica bem resolvida.
A direção de arte de "Fallout"é excepcional - ela recria com precisão o visual retrofuturista característico da série de jogos. A atenção aos detalhes, desde os trajes desgastados até os icônicos Pip-Boys, contribui para uma imersão total no mundo devastado da série. Reparem como sua estética que mistura velho-oeste,art déco e um complexo militar-industrial saído diretamente das paranóias da Guerra Fria e do medo da aniquilação nuclear, se conectam com a cultura americana dos anos 50 em seu modernismo atompunk. A atenção aos detalhes vai dos figurinos, das armas, das maquiagens, até a trilha sonora com composições que variam do melancólico ao épico, realçando a atmosfera de desolação e (des)esperança da série. A música, juntamente com uma mixagem de som meticulosa, ajuda a nos transportar para aquele ambiente hostil e vibrante de uma forma bem parecida com o play de um video-game.
"Fallout" é uma adaptação impressionante que faz justiça ao legado dos jogos, oferecendo uma experiência visual e emocionalmente rica. A série é tecnicamente perfeita, ao mesmo tempo que mostra ter "alma". Ao trazer para a jornada de Lucy temas como sobrevivência, moralidade e a luta pelo poder em um mundo sem lei, a série meio que oferece uma reflexão sobre a natureza humana em situações extremas - sem perder de vista seu propósito: entreter com a maior qualidade possível! Sinceramente, "Fallout" é uma das melhores adaptações de games que já foi produzida até aqui - autêntica à essência do seu material de origem, engenhosa e satírica; e criativa ao abraçar uma linguagem narrativa que encontra o seu caminho perante uma temática singular em seu pós-apocalipse bastante bizarro. Bom demais!
Vale muito o seu play!
“Free Guy" que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!
Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:
Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.
Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.
“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Free Guy" que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!
Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:
Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.
Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.
“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:
"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.
Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.
Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits.
Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!
O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!
Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:
"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.
Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.
Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits.
Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!
O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!
Existem duas formas de assistir "Halo" da Paramount+. A primeira, obviamente, é para quem conhece o valor estético e narrativo da franquia de videogames da Microsoft. A segunda, por outro lado, é para quem caiu de "para-quedas" na esperança de encontrar uma série de ficção cientifica com uma história interessante e que fosse, de alguma forma, um entretenimento da melhor qualidade. Pois bem, posso te garantir que para ambos, "Halo" cumpre o seu papel! Se em um primeiro olhar o projeto criado pelo Steven Kane (de "Jack Ryan") e pelo Kyle Killen (de "Awake") traz uma premissa mais existencial sobre a humanidade e o seu valor transformador perante o universo (ao melhor estilo "Duna"), rapidamente somos apresentados para uma mitologia complexa e cenas de combate dos mais empolgantes e bem realizados (remetendo ao melhor de "The Mandalorian"). Sim, a série busca expandir o universo dos games com certo equilíbrio, oferecendo uma narrativa rica em ação sem esquecer do drama, explorando com competência os conflitos intergalácticos entre a humanidade e a aliança alienígena (conhecida como Covenant) ao mesmo tempo que nos provoca ótimas reflexões carregadas de muito simbolismo.
A série retrata um período de guerras que acontece durante o século XXVI entre a raça humana, liderada pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC), e uma espécie alienígena conhecida como Covenant. Após anos de domínio, quando colônias começam a se rebelar, a liderança dos Covenant declara que humanos são hereges perante seus deuses e inicia uma onda genocida contra a raça humana. Após a redescoberta dos anéis de Halo, o super-soldado Spartan e líder Master Chief (Pablo Schreiber), também conhecido como John-117, ao lado de sua equipe e a inteligência artificial Cortana, tentam destruir o que para os Covenant é um instrumento poderoso. Em contrapartida, os alienígenas também passam por conflitos internos quando um de seus comandantes é exilado e se alia com outros divergentes já do lado dos humanos. Confira o trailer (em inglês):
É realmente muito bacana como a série se propõe a criar mais camadas e assim explorar a jornada pessoal do Master Chief, enquanto ele confronta questões de identidade, lealdade e propósito. Veja, Pablo Schreiber enfrenta o desafio de ser um personagem conhecido por seu silêncio e por sua força inabalável vinda dos jogos, porém, aqui, sua presença física imponente e intensidade dão lugar a sua humanidade e vulnerabilidade - algo que até dividiu os fãs mais puristas, mas que facilitou a conexão com uma nova audiência. Natascha McElhone como Dra. Halsey, a cientista brilhante e moralmente ambígua responsável pelo programa Spartan, ajuda muito nessa linha mais "Robocop" da série - repare como Chief causa o mesmo desconforto e caos do clássico dos anos 80 de Paul Verhoeven quando, em seu ambiente rigidamente controlado, resolve começar a viver e se sentir como uma pessoa normal.
Já na linha mais épica, "Halo" é um verdadeiro espetáculo visual. A direção de arte e os efeitos visuais são de alta qualidade, recriando fielmente o visual dos jogos - é muito curioso como o diretor Jonathan Liebesman mistura os conceitos narrativos e cria um identidade tão dinâmica para sua versão da franquia. Os designs das armaduras Spartan, das naves espaciais e das paisagens alienígenas são impecáveis e verdadeiramente imersivas. A trilha sonora complementa essa proposta com temas que evocam tanto a grandiosidade das batalhas quanto a melancolia dos momentos mais pessoais - a música ajuda a ancorar a série no universo "Halo", mas não deixa de oferecer algo novo. O roteiro de Kane e Killen luta para equilibrar a fidelidade ao material original com a sua versão palpável do sacrifício e do custo da guerra pela perspectiva mais humana.
Se a narrativa pode parecer densa e confusa para aqueles que não estão familiarizados com a extensa mitologia da franquia, "Halo" também sabe que o sucesso de sua jornada está justamente em colocar seus personagens nas posições certas do tabuleiro para que tudo exploda de tempos em tempos e assim possa se reconstruir e manipular a narrativa de acordo com seu interesse. Dito isso e se a promessa de que a série pretende se estabelecer como uma marco da ficção cientifica também no streaming se cumprir, teremos pelo menos umas 4 ou 5 temporadas para discutir e celebrar como essa nova visão revitalizou um universo tão restrito aos jogos de video-game.
Vale muito seu play!
Existem duas formas de assistir "Halo" da Paramount+. A primeira, obviamente, é para quem conhece o valor estético e narrativo da franquia de videogames da Microsoft. A segunda, por outro lado, é para quem caiu de "para-quedas" na esperança de encontrar uma série de ficção cientifica com uma história interessante e que fosse, de alguma forma, um entretenimento da melhor qualidade. Pois bem, posso te garantir que para ambos, "Halo" cumpre o seu papel! Se em um primeiro olhar o projeto criado pelo Steven Kane (de "Jack Ryan") e pelo Kyle Killen (de "Awake") traz uma premissa mais existencial sobre a humanidade e o seu valor transformador perante o universo (ao melhor estilo "Duna"), rapidamente somos apresentados para uma mitologia complexa e cenas de combate dos mais empolgantes e bem realizados (remetendo ao melhor de "The Mandalorian"). Sim, a série busca expandir o universo dos games com certo equilíbrio, oferecendo uma narrativa rica em ação sem esquecer do drama, explorando com competência os conflitos intergalácticos entre a humanidade e a aliança alienígena (conhecida como Covenant) ao mesmo tempo que nos provoca ótimas reflexões carregadas de muito simbolismo.
A série retrata um período de guerras que acontece durante o século XXVI entre a raça humana, liderada pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC), e uma espécie alienígena conhecida como Covenant. Após anos de domínio, quando colônias começam a se rebelar, a liderança dos Covenant declara que humanos são hereges perante seus deuses e inicia uma onda genocida contra a raça humana. Após a redescoberta dos anéis de Halo, o super-soldado Spartan e líder Master Chief (Pablo Schreiber), também conhecido como John-117, ao lado de sua equipe e a inteligência artificial Cortana, tentam destruir o que para os Covenant é um instrumento poderoso. Em contrapartida, os alienígenas também passam por conflitos internos quando um de seus comandantes é exilado e se alia com outros divergentes já do lado dos humanos. Confira o trailer (em inglês):
É realmente muito bacana como a série se propõe a criar mais camadas e assim explorar a jornada pessoal do Master Chief, enquanto ele confronta questões de identidade, lealdade e propósito. Veja, Pablo Schreiber enfrenta o desafio de ser um personagem conhecido por seu silêncio e por sua força inabalável vinda dos jogos, porém, aqui, sua presença física imponente e intensidade dão lugar a sua humanidade e vulnerabilidade - algo que até dividiu os fãs mais puristas, mas que facilitou a conexão com uma nova audiência. Natascha McElhone como Dra. Halsey, a cientista brilhante e moralmente ambígua responsável pelo programa Spartan, ajuda muito nessa linha mais "Robocop" da série - repare como Chief causa o mesmo desconforto e caos do clássico dos anos 80 de Paul Verhoeven quando, em seu ambiente rigidamente controlado, resolve começar a viver e se sentir como uma pessoa normal.
Já na linha mais épica, "Halo" é um verdadeiro espetáculo visual. A direção de arte e os efeitos visuais são de alta qualidade, recriando fielmente o visual dos jogos - é muito curioso como o diretor Jonathan Liebesman mistura os conceitos narrativos e cria um identidade tão dinâmica para sua versão da franquia. Os designs das armaduras Spartan, das naves espaciais e das paisagens alienígenas são impecáveis e verdadeiramente imersivas. A trilha sonora complementa essa proposta com temas que evocam tanto a grandiosidade das batalhas quanto a melancolia dos momentos mais pessoais - a música ajuda a ancorar a série no universo "Halo", mas não deixa de oferecer algo novo. O roteiro de Kane e Killen luta para equilibrar a fidelidade ao material original com a sua versão palpável do sacrifício e do custo da guerra pela perspectiva mais humana.
Se a narrativa pode parecer densa e confusa para aqueles que não estão familiarizados com a extensa mitologia da franquia, "Halo" também sabe que o sucesso de sua jornada está justamente em colocar seus personagens nas posições certas do tabuleiro para que tudo exploda de tempos em tempos e assim possa se reconstruir e manipular a narrativa de acordo com seu interesse. Dito isso e se a promessa de que a série pretende se estabelecer como uma marco da ficção cientifica também no streaming se cumprir, teremos pelo menos umas 4 ou 5 temporadas para discutir e celebrar como essa nova visão revitalizou um universo tão restrito aos jogos de video-game.
Vale muito seu play!
Se você assistiu "Tetris", filme que conta a história dos bastidores "nebulosos" que levaram o jogo a se tornar um dos mais vendidos da história, certamente você vai se surpreender com a história dessa minissérie documental produzida pela Discovery. "Morte no Vale do Silício" poderia ser, tranquilamente, a continuação da produção da AppleTV+, até porquê parte do que vimos contextualizado no filme ajuda (e muito) a entender todas as teorias que envolveram a morte do outro criador do jogo (esse não citado no filme) durante a investigação que acompanhamos em três episódios aqui. Veja, estabelecer o que representou para a União Soviética ter um produto criado em seus domínios, em plena Guerra Fria, e que acabou se tornando um fenômeno de vendas (leia-se "que gerou muito dinheiro") em todo mundo, vai te colocar em lugares muito particulares nesse excelente True Crime - pode acreditar!
Em setembro de 1998, Vladimir Pokhilko, um dos desenvolvedores do Tetris, e parceiro de Alexey Pajitno (esse sim, aquele do filme), foi encontrado morto ao lado da esposa e do filho de 12 anos em sua casa no Vale do Silício. Na época, a conclusão atestava que a morte do programador russo foi dada como um assassinato seguido de suicídio - ou seja, Pokhilko teria matado a esposa, o filho e depois se suicidado. Porém, uma das responsáveis pela investigação, Sandra Brown, retorna à cena do crime anos depois e faz uma descoberta que pode não só mudar a resolução do caso, mas também abrir novos mistérios e teorias sinistras sobre o crime que chocou os EUA. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pela talentosa Misty Showalter, produtora de vários documentários e que aqui estreia na função, "Morte no Vale do Silício"oferece uma análise minuciosa dos eventos de 1998 pelo ponto de vista dos investigadores e dos amigos das vitimas - o que acaba criando um verdadeiro choque de realidades de acordo com a resolução do caso, já que ninguém nunca acreditou que Vladimir Pokhilko seria capaz de fazer o que o laudo do legista e parte da investigação afirmaram que ele fez. Partindo desse embate de percepções, a narrativa nos conduz até a União Soviética dos anos 80 onde o roteiro se apropria de inúmeras reportagens da época, com uma edição primorosa, e tenta construir um cenário que coloca a máfia e até o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin (olha ele aí de novo), no centro dessa investigação.
Mesmo que Showalter se apoie em algumas dramatizações para construir todo o clima de mistério e até para nos impactar visualmente, sem dúvida alguma que são os depoimentos de Sandra Brown e suas novas descobertas 23 anos depois, que fazem com a história fique realmente empolgante - algumas revelações de Brown são até óbvias olhando em perspectiva, porém as reações, hoje, dos investigadores envolvidos no caso, na época, acabam dizendo muito sobre a forma como tudo foi "resolvido" sob as vistas grossas do FBI que aparentemente já vinha monitorando Pokhilko e sua possível relação com a máfia antes mesmo de sua morte.
Resumindo, "The Tetris Murders" (no original) é uma minissérie que cativa muito mais pelas perguntas do que pelas respostas - o embate que Brown provoca com seus colegas de trabalho no final do terceiro episódio dá o exato tom pessoal que a história representa. Muito bem conduzida, talvez a narrativa só tenha falhado por não ter usado algumas intervenções gráficas que ajudariam a conectar os pontos de uma forma mais fluida, já que o roteiro mergulha fundo em um crime perturbador ao mesmo tempo em que contextualiza o período sócio-politico importante e ainda cria uma espécie de extensão óbvia de tudo que assistimos no filme "Tetris" - então se você ainda não assistiu, assista o filme antes, pois isso fará total diferença na sua experiência com a minissérie.
Vale muito o seu play!
Se você assistiu "Tetris", filme que conta a história dos bastidores "nebulosos" que levaram o jogo a se tornar um dos mais vendidos da história, certamente você vai se surpreender com a história dessa minissérie documental produzida pela Discovery. "Morte no Vale do Silício" poderia ser, tranquilamente, a continuação da produção da AppleTV+, até porquê parte do que vimos contextualizado no filme ajuda (e muito) a entender todas as teorias que envolveram a morte do outro criador do jogo (esse não citado no filme) durante a investigação que acompanhamos em três episódios aqui. Veja, estabelecer o que representou para a União Soviética ter um produto criado em seus domínios, em plena Guerra Fria, e que acabou se tornando um fenômeno de vendas (leia-se "que gerou muito dinheiro") em todo mundo, vai te colocar em lugares muito particulares nesse excelente True Crime - pode acreditar!
Em setembro de 1998, Vladimir Pokhilko, um dos desenvolvedores do Tetris, e parceiro de Alexey Pajitno (esse sim, aquele do filme), foi encontrado morto ao lado da esposa e do filho de 12 anos em sua casa no Vale do Silício. Na época, a conclusão atestava que a morte do programador russo foi dada como um assassinato seguido de suicídio - ou seja, Pokhilko teria matado a esposa, o filho e depois se suicidado. Porém, uma das responsáveis pela investigação, Sandra Brown, retorna à cena do crime anos depois e faz uma descoberta que pode não só mudar a resolução do caso, mas também abrir novos mistérios e teorias sinistras sobre o crime que chocou os EUA. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pela talentosa Misty Showalter, produtora de vários documentários e que aqui estreia na função, "Morte no Vale do Silício"oferece uma análise minuciosa dos eventos de 1998 pelo ponto de vista dos investigadores e dos amigos das vitimas - o que acaba criando um verdadeiro choque de realidades de acordo com a resolução do caso, já que ninguém nunca acreditou que Vladimir Pokhilko seria capaz de fazer o que o laudo do legista e parte da investigação afirmaram que ele fez. Partindo desse embate de percepções, a narrativa nos conduz até a União Soviética dos anos 80 onde o roteiro se apropria de inúmeras reportagens da época, com uma edição primorosa, e tenta construir um cenário que coloca a máfia e até o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin (olha ele aí de novo), no centro dessa investigação.
Mesmo que Showalter se apoie em algumas dramatizações para construir todo o clima de mistério e até para nos impactar visualmente, sem dúvida alguma que são os depoimentos de Sandra Brown e suas novas descobertas 23 anos depois, que fazem com a história fique realmente empolgante - algumas revelações de Brown são até óbvias olhando em perspectiva, porém as reações, hoje, dos investigadores envolvidos no caso, na época, acabam dizendo muito sobre a forma como tudo foi "resolvido" sob as vistas grossas do FBI que aparentemente já vinha monitorando Pokhilko e sua possível relação com a máfia antes mesmo de sua morte.
Resumindo, "The Tetris Murders" (no original) é uma minissérie que cativa muito mais pelas perguntas do que pelas respostas - o embate que Brown provoca com seus colegas de trabalho no final do terceiro episódio dá o exato tom pessoal que a história representa. Muito bem conduzida, talvez a narrativa só tenha falhado por não ter usado algumas intervenções gráficas que ajudariam a conectar os pontos de uma forma mais fluida, já que o roteiro mergulha fundo em um crime perturbador ao mesmo tempo em que contextualiza o período sócio-politico importante e ainda cria uma espécie de extensão óbvia de tudo que assistimos no filme "Tetris" - então se você ainda não assistiu, assista o filme antes, pois isso fará total diferença na sua experiência com a minissérie.
Vale muito o seu play!
"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):
Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!
Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).
Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!
"Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.
Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.
O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!
Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!
"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):
Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!
Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).
Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!
"Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.
Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.
O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!
Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!
Se estiver com saudades daquele "Black Mirror" raiz, assista esse filme!
"Nerve" acompanha a tímida Vee DeMarco (Emma Roberts), uma garota comum, prestes a sair do ensino médio que sonha em ir para a faculdade. Após uma discussão com sua até então amiga Sydney (Emily Meade), ela resolve provar que tem atitude e decide se inscrever no Nerve, um jogo online onde as pessoas precisam executar tarefas criadas pelos próprios usuários. O Nerve é dividido entre observadores e jogadores, sendo que os primeiros decidem as tarefas a serem realizadas e os demais as executam (ou não). Logo em seu primeiro desafio Vee conhece Ian (Dave Franco), um jogador de passado obscuro e juntos, eles logo caem nas graças dos observadores, que passam a enviar cada vez mais tarefas e sempre aumentando a dificuldade até chegar em níveis inimagináveis. Confira o trailer:
De fato "Nerve" é entretenimento puro, muito divertido e se não fossem os 10 minutos finais poderia, realmente, ser um episódio de Black Mirror tranquilamente! Olha, eu diria que o que vemos na tela é até mais real do que a ficção pode imaginar, e acho que esse é o grande trunfo do roteiro. A maneira como a trama foi filmada pelos diretores Henry Joost e Ariel Schulman (de "Viral" e da já anunciada adaptação de "Megaman") cria uma dinâmica muito interessante para o filme, principalmente com as aplicações gráficas completamente alinhadas com a linguagem tecnologia que os jovens se identificam. A fotografia é outro elemento que merece destaque: ela tem muita personalidade para um gênero que não se apoia nesse tipo de arte, o mérito é do diretor Michael Simmonds (de "Atividade Paranormal 2"). Os atores Emma Roberts e Dave Franco não comprometem e se sustentam na química natural entre eles - funciona bem!
Embora seja um filme notavelmente voltado para o publico jovem, gostei muito do que assisti - um equilíbrio perfeito entre ação e ficção sem soar piegas ao trazer para o universo adolescente, meu único "porém" é para a resolução do terceiro ato: poderia tranquilamente ter terminado antes ou arriscado em um final menos novelesco. Fora isso vale muito pelo ótimo entretenimento!
Se estiver com saudades daquele "Black Mirror" raiz, assista esse filme!
"Nerve" acompanha a tímida Vee DeMarco (Emma Roberts), uma garota comum, prestes a sair do ensino médio que sonha em ir para a faculdade. Após uma discussão com sua até então amiga Sydney (Emily Meade), ela resolve provar que tem atitude e decide se inscrever no Nerve, um jogo online onde as pessoas precisam executar tarefas criadas pelos próprios usuários. O Nerve é dividido entre observadores e jogadores, sendo que os primeiros decidem as tarefas a serem realizadas e os demais as executam (ou não). Logo em seu primeiro desafio Vee conhece Ian (Dave Franco), um jogador de passado obscuro e juntos, eles logo caem nas graças dos observadores, que passam a enviar cada vez mais tarefas e sempre aumentando a dificuldade até chegar em níveis inimagináveis. Confira o trailer:
De fato "Nerve" é entretenimento puro, muito divertido e se não fossem os 10 minutos finais poderia, realmente, ser um episódio de Black Mirror tranquilamente! Olha, eu diria que o que vemos na tela é até mais real do que a ficção pode imaginar, e acho que esse é o grande trunfo do roteiro. A maneira como a trama foi filmada pelos diretores Henry Joost e Ariel Schulman (de "Viral" e da já anunciada adaptação de "Megaman") cria uma dinâmica muito interessante para o filme, principalmente com as aplicações gráficas completamente alinhadas com a linguagem tecnologia que os jovens se identificam. A fotografia é outro elemento que merece destaque: ela tem muita personalidade para um gênero que não se apoia nesse tipo de arte, o mérito é do diretor Michael Simmonds (de "Atividade Paranormal 2"). Os atores Emma Roberts e Dave Franco não comprometem e se sustentam na química natural entre eles - funciona bem!
Embora seja um filme notavelmente voltado para o publico jovem, gostei muito do que assisti - um equilíbrio perfeito entre ação e ficção sem soar piegas ao trazer para o universo adolescente, meu único "porém" é para a resolução do terceiro ato: poderia tranquilamente ter terminado antes ou arriscado em um final menos novelesco. Fora isso vale muito pelo ótimo entretenimento!
"O Consultor" vai dividir opiniões - principalmente pelas expectativas que ele cria (de uma forma genial) e a entrega que ele faz no final (embora mostre enorme potencial para uma sequência)! Veja, talvez o maior mérito da série, e que de fato chama atenção desde o inicio, no final se transforma em sua maior fraqueza e a razão pela qual vai te fazer questionar sobre a qualidade da história: a série da Prime Vídeo bebe de muitas referências que colocam o sarrafo lá em cima. Não é preciso ir muito fundo para perceber elementos conceituais usados em verdadeiros sucessos, mesmo que em tons diferentes, como "The Office", "Mythic Quest", "Ruptura" e até como "O Advogado do Diabo"- o grande problema é que aqui, propositalmente, o arco principal deixa muito mais um suspense, um mistério, e por isso um certo incômodo, do que se propõe a entregar respostas, por menor que sejam, para que tenhamos uma leve sensação de estarmos no caminho certo.
A questão é: existe um caminho?
Contratado como consultor para resgatar a CompWare da falência após um evento traumático para a startup especializada em games para celular, Regus Patoff (Christopher Waltz) gradualmente começa a colocar seu particular estilo de gestão, mesmo que isso não tenha absolutamente nada a ver com a cultura criada e estabelecida pelo seu fundador, o jovem Sang (Brian Yoon), o que cria uma verdadeira atmosfera de tensão e insegurança perante todos os colaboradores da empresa. Confira o trailer:
Se olharmos por um determinado ponto de vista, "O Consultor" é muito mais uma aula sobre cultura corporativado que propriamente um mero entretenimento, mas calma: é possível se divertir com a série criada pelo Tony Basgallop (de "Servant"). Inspirado no romance homônimo de Bentley Little, de 2015, "O Consultor" é uma espécie de sátira sobre a péssima relação entre umcolaborador e uma nova liderança desalinhada com a cultura da empresa, que acaba questionando o queseríamos capazes de fazer para sobreviverem um ambiente corporativo que da noite para o dia passa a ser tão tóxico quando volátil.
Christopher Waltz, de fato, constrói um protagonista brilhante, digno de prêmios! Mas a sensação é que, com o passar dos episódios, o "efeito Lost" parece fazer mais uma vitima, ou seja, mesmo com um personagem que nos provoca as mais diversas emoções, os mistérios inseridos no roteiro não entregam sequer uma resposta convincente - é como se todas as (interessantes) maluquices que vemos durante a temporada, simplesmente estão ali por estar. Diferente de "Ruptura" onde tudo parece ter algum sentido (mesmo que exija uma enorme suspensão da realidade), aqui as peças não se encaixam em nenhum momento - mesmo com um final conclusivo que, inclusive, coloca em dúvida a ideia de que uma continuidade para a história possa ter sido planejada.
"O Consultor" aposta suas fichas na sobriedade claustrofóbica de uma palheta de cores frias que contrasta com os neons que praticamente saltam ao olhos da audiência, como se precisassem pontuar um universo entre o tradicional e o moderno que não sabe muito bem o tamanho de sua importância - esse aspecto mais dúbio, envolvido por uma trilha sonora precisa e equilibrada, dá o tom do que o roteiro sugere, mas falha em validar qualquer que fosse a teoria que naturalmente levantamos desde o inicio da temporada. Entretanto, ainda que como entretenimento exista gaps narrativos imensos, é possível afirmar que algo bom pode estar por vir - a dúvida é se a audiência terá paciência e se o próprio Basgallop terá liberdade criativa para provar que tudo um dia fará sentido. Veremos!
"O Consultor" vai dividir opiniões - principalmente pelas expectativas que ele cria (de uma forma genial) e a entrega que ele faz no final (embora mostre enorme potencial para uma sequência)! Veja, talvez o maior mérito da série, e que de fato chama atenção desde o inicio, no final se transforma em sua maior fraqueza e a razão pela qual vai te fazer questionar sobre a qualidade da história: a série da Prime Vídeo bebe de muitas referências que colocam o sarrafo lá em cima. Não é preciso ir muito fundo para perceber elementos conceituais usados em verdadeiros sucessos, mesmo que em tons diferentes, como "The Office", "Mythic Quest", "Ruptura" e até como "O Advogado do Diabo"- o grande problema é que aqui, propositalmente, o arco principal deixa muito mais um suspense, um mistério, e por isso um certo incômodo, do que se propõe a entregar respostas, por menor que sejam, para que tenhamos uma leve sensação de estarmos no caminho certo.
A questão é: existe um caminho?
Contratado como consultor para resgatar a CompWare da falência após um evento traumático para a startup especializada em games para celular, Regus Patoff (Christopher Waltz) gradualmente começa a colocar seu particular estilo de gestão, mesmo que isso não tenha absolutamente nada a ver com a cultura criada e estabelecida pelo seu fundador, o jovem Sang (Brian Yoon), o que cria uma verdadeira atmosfera de tensão e insegurança perante todos os colaboradores da empresa. Confira o trailer:
Se olharmos por um determinado ponto de vista, "O Consultor" é muito mais uma aula sobre cultura corporativado que propriamente um mero entretenimento, mas calma: é possível se divertir com a série criada pelo Tony Basgallop (de "Servant"). Inspirado no romance homônimo de Bentley Little, de 2015, "O Consultor" é uma espécie de sátira sobre a péssima relação entre umcolaborador e uma nova liderança desalinhada com a cultura da empresa, que acaba questionando o queseríamos capazes de fazer para sobreviverem um ambiente corporativo que da noite para o dia passa a ser tão tóxico quando volátil.
Christopher Waltz, de fato, constrói um protagonista brilhante, digno de prêmios! Mas a sensação é que, com o passar dos episódios, o "efeito Lost" parece fazer mais uma vitima, ou seja, mesmo com um personagem que nos provoca as mais diversas emoções, os mistérios inseridos no roteiro não entregam sequer uma resposta convincente - é como se todas as (interessantes) maluquices que vemos durante a temporada, simplesmente estão ali por estar. Diferente de "Ruptura" onde tudo parece ter algum sentido (mesmo que exija uma enorme suspensão da realidade), aqui as peças não se encaixam em nenhum momento - mesmo com um final conclusivo que, inclusive, coloca em dúvida a ideia de que uma continuidade para a história possa ter sido planejada.
"O Consultor" aposta suas fichas na sobriedade claustrofóbica de uma palheta de cores frias que contrasta com os neons que praticamente saltam ao olhos da audiência, como se precisassem pontuar um universo entre o tradicional e o moderno que não sabe muito bem o tamanho de sua importância - esse aspecto mais dúbio, envolvido por uma trilha sonora precisa e equilibrada, dá o tom do que o roteiro sugere, mas falha em validar qualquer que fosse a teoria que naturalmente levantamos desde o inicio da temporada. Entretanto, ainda que como entretenimento exista gaps narrativos imensos, é possível afirmar que algo bom pode estar por vir - a dúvida é se a audiência terá paciência e se o próprio Basgallop terá liberdade criativa para provar que tudo um dia fará sentido. Veremos!
"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.
Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):
É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.
O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.
As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!
Vale muito o seu play!
PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".
"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.
Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):
É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.
O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.
As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!
Vale muito o seu play!
PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".
Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!
A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:
Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.
O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.
"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda - uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!
"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!
Vale muito o seu play!
Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!
A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:
Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.
O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.
"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda - uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!
"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!
Vale muito o seu play!