Existem duas formas de assistir "Halo" da Paramount+. A primeira, obviamente, é para quem conhece o valor estético e narrativo da franquia de videogames da Microsoft. A segunda, por outro lado, é para quem caiu de "para-quedas" na esperança de encontrar uma série de ficção cientifica com uma história interessante e que fosse, de alguma forma, um entretenimento da melhor qualidade. Pois bem, posso te garantir que para ambos, "Halo" cumpre o seu papel! Se em um primeiro olhar o projeto criado pelo Steven Kane (de "Jack Ryan") e pelo Kyle Killen (de "Awake") traz uma premissa mais existencial sobre a humanidade e o seu valor transformador perante o universo (ao melhor estilo "Duna"), rapidamente somos apresentados para uma mitologia complexa e cenas de combate dos mais empolgantes e bem realizados (remetendo ao melhor de "The Mandalorian"). Sim, a série busca expandir o universo dos games com certo equilíbrio, oferecendo uma narrativa rica em ação sem esquecer do drama, explorando com competência os conflitos intergalácticos entre a humanidade e a aliança alienígena (conhecida como Covenant) ao mesmo tempo que nos provoca ótimas reflexões carregadas de muito simbolismo.
A série retrata um período de guerras que acontece durante o século XXVI entre a raça humana, liderada pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC), e uma espécie alienígena conhecida como Covenant. Após anos de domínio, quando colônias começam a se rebelar, a liderança dos Covenant declara que humanos são hereges perante seus deuses e inicia uma onda genocida contra a raça humana. Após a redescoberta dos anéis de Halo, o super-soldado Spartan e líder Master Chief (Pablo Schreiber), também conhecido como John-117, ao lado de sua equipe e a inteligência artificial Cortana, tentam destruir o que para os Covenant é um instrumento poderoso. Em contrapartida, os alienígenas também passam por conflitos internos quando um de seus comandantes é exilado e se alia com outros divergentes já do lado dos humanos. Confira o trailer (em inglês):
É realmente muito bacana como a série se propõe a criar mais camadas e assim explorar a jornada pessoal do Master Chief, enquanto ele confronta questões de identidade, lealdade e propósito. Veja, Pablo Schreiber enfrenta o desafio de ser um personagem conhecido por seu silêncio e por sua força inabalável vinda dos jogos, porém, aqui, sua presença física imponente e intensidade dão lugar a sua humanidade e vulnerabilidade - algo que até dividiu os fãs mais puristas, mas que facilitou a conexão com uma nova audiência. Natascha McElhone como Dra. Halsey, a cientista brilhante e moralmente ambígua responsável pelo programa Spartan, ajuda muito nessa linha mais "Robocop" da série - repare como Chief causa o mesmo desconforto e caos do clássico dos anos 80 de Paul Verhoeven quando, em seu ambiente rigidamente controlado, resolve começar a viver e se sentir como uma pessoa normal.
Já na linha mais épica, "Halo" é um verdadeiro espetáculo visual. A direção de arte e os efeitos visuais são de alta qualidade, recriando fielmente o visual dos jogos - é muito curioso como o diretor Jonathan Liebesman mistura os conceitos narrativos e cria um identidade tão dinâmica para sua versão da franquia. Os designs das armaduras Spartan, das naves espaciais e das paisagens alienígenas são impecáveis e verdadeiramente imersivas. A trilha sonora complementa essa proposta com temas que evocam tanto a grandiosidade das batalhas quanto a melancolia dos momentos mais pessoais - a música ajuda a ancorar a série no universo "Halo", mas não deixa de oferecer algo novo. O roteiro de Kane e Killen luta para equilibrar a fidelidade ao material original com a sua versão palpável do sacrifício e do custo da guerra pela perspectiva mais humana.
Se a narrativa pode parecer densa e confusa para aqueles que não estão familiarizados com a extensa mitologia da franquia, "Halo" também sabe que o sucesso de sua jornada está justamente em colocar seus personagens nas posições certas do tabuleiro para que tudo exploda de tempos em tempos e assim possa se reconstruir e manipular a narrativa de acordo com seu interesse. Dito isso e se a promessa de que a série pretende se estabelecer como uma marco da ficção cientifica também no streaming se cumprir, teremos pelo menos umas 4 ou 5 temporadas para discutir e celebrar como essa nova visão revitalizou um universo tão restrito aos jogos de video-game.
Vale muito seu play!
Existem duas formas de assistir "Halo" da Paramount+. A primeira, obviamente, é para quem conhece o valor estético e narrativo da franquia de videogames da Microsoft. A segunda, por outro lado, é para quem caiu de "para-quedas" na esperança de encontrar uma série de ficção cientifica com uma história interessante e que fosse, de alguma forma, um entretenimento da melhor qualidade. Pois bem, posso te garantir que para ambos, "Halo" cumpre o seu papel! Se em um primeiro olhar o projeto criado pelo Steven Kane (de "Jack Ryan") e pelo Kyle Killen (de "Awake") traz uma premissa mais existencial sobre a humanidade e o seu valor transformador perante o universo (ao melhor estilo "Duna"), rapidamente somos apresentados para uma mitologia complexa e cenas de combate dos mais empolgantes e bem realizados (remetendo ao melhor de "The Mandalorian"). Sim, a série busca expandir o universo dos games com certo equilíbrio, oferecendo uma narrativa rica em ação sem esquecer do drama, explorando com competência os conflitos intergalácticos entre a humanidade e a aliança alienígena (conhecida como Covenant) ao mesmo tempo que nos provoca ótimas reflexões carregadas de muito simbolismo.
A série retrata um período de guerras que acontece durante o século XXVI entre a raça humana, liderada pelo Comando Espacial das Nações Unidas (UNSC), e uma espécie alienígena conhecida como Covenant. Após anos de domínio, quando colônias começam a se rebelar, a liderança dos Covenant declara que humanos são hereges perante seus deuses e inicia uma onda genocida contra a raça humana. Após a redescoberta dos anéis de Halo, o super-soldado Spartan e líder Master Chief (Pablo Schreiber), também conhecido como John-117, ao lado de sua equipe e a inteligência artificial Cortana, tentam destruir o que para os Covenant é um instrumento poderoso. Em contrapartida, os alienígenas também passam por conflitos internos quando um de seus comandantes é exilado e se alia com outros divergentes já do lado dos humanos. Confira o trailer (em inglês):
É realmente muito bacana como a série se propõe a criar mais camadas e assim explorar a jornada pessoal do Master Chief, enquanto ele confronta questões de identidade, lealdade e propósito. Veja, Pablo Schreiber enfrenta o desafio de ser um personagem conhecido por seu silêncio e por sua força inabalável vinda dos jogos, porém, aqui, sua presença física imponente e intensidade dão lugar a sua humanidade e vulnerabilidade - algo que até dividiu os fãs mais puristas, mas que facilitou a conexão com uma nova audiência. Natascha McElhone como Dra. Halsey, a cientista brilhante e moralmente ambígua responsável pelo programa Spartan, ajuda muito nessa linha mais "Robocop" da série - repare como Chief causa o mesmo desconforto e caos do clássico dos anos 80 de Paul Verhoeven quando, em seu ambiente rigidamente controlado, resolve começar a viver e se sentir como uma pessoa normal.
Já na linha mais épica, "Halo" é um verdadeiro espetáculo visual. A direção de arte e os efeitos visuais são de alta qualidade, recriando fielmente o visual dos jogos - é muito curioso como o diretor Jonathan Liebesman mistura os conceitos narrativos e cria um identidade tão dinâmica para sua versão da franquia. Os designs das armaduras Spartan, das naves espaciais e das paisagens alienígenas são impecáveis e verdadeiramente imersivas. A trilha sonora complementa essa proposta com temas que evocam tanto a grandiosidade das batalhas quanto a melancolia dos momentos mais pessoais - a música ajuda a ancorar a série no universo "Halo", mas não deixa de oferecer algo novo. O roteiro de Kane e Killen luta para equilibrar a fidelidade ao material original com a sua versão palpável do sacrifício e do custo da guerra pela perspectiva mais humana.
Se a narrativa pode parecer densa e confusa para aqueles que não estão familiarizados com a extensa mitologia da franquia, "Halo" também sabe que o sucesso de sua jornada está justamente em colocar seus personagens nas posições certas do tabuleiro para que tudo exploda de tempos em tempos e assim possa se reconstruir e manipular a narrativa de acordo com seu interesse. Dito isso e se a promessa de que a série pretende se estabelecer como uma marco da ficção cientifica também no streaming se cumprir, teremos pelo menos umas 4 ou 5 temporadas para discutir e celebrar como essa nova visão revitalizou um universo tão restrito aos jogos de video-game.
Vale muito seu play!
"Her" é um grande filme! O roteiro é tão bom, é tão bem filmado que você nem se dá conta que 90% do filme está apoiado em um ator falando sozinho!
Escrito e dirigido por Spike Jonze (de "Onde Vivem os Monstros"), "Her" se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma espécie de entidade intuitiva e única - é aí que ele conhece "Samantha", uma voz feminina sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor de um pelo outro.
"Her" é uma história de amor extremamente original que explora a natureza evolutiva - e os riscos - da intimidade no mundo moderno. Spike Jonze, sempre um gênio, mereceu o Oscar de Roteiro Original (2014) por esse filme, mas merecia o de direção também - foi uma injustiça ele nem ter sido indicado. O filme, tecnicamente, beira a perfeição: cada movimento, cada corte, cada close... Jonze nos coloca dentro daquele universo de uma forma brutal, provocando aquela sensação de solidão do Twombly a todo momento - impressionante!
Não tem como não recomendar esse filme de olhos fechados! Spike Jonze é um mestre, tudo que ele faz é muito bom - se você ainda não conhece o trabalho dele, pode ir atrás que você não vai se arrepender! Olha, eu seria capaz de afirmar que "Her" é um dos melhores filmes que eu já assisti na vida! Se você, como eu, foi deixando essa maravilha de lado, corre porque é uma obra prima que merece muito o seu play!!!
PS: "Her" ganhou em apenas uma das quatro categorias na qual foi indicado para Oscar de 2014, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
"Her" é um grande filme! O roteiro é tão bom, é tão bem filmado que você nem se dá conta que 90% do filme está apoiado em um ator falando sozinho!
Escrito e dirigido por Spike Jonze (de "Onde Vivem os Monstros"), "Her" se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma espécie de entidade intuitiva e única - é aí que ele conhece "Samantha", uma voz feminina sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor de um pelo outro.
"Her" é uma história de amor extremamente original que explora a natureza evolutiva - e os riscos - da intimidade no mundo moderno. Spike Jonze, sempre um gênio, mereceu o Oscar de Roteiro Original (2014) por esse filme, mas merecia o de direção também - foi uma injustiça ele nem ter sido indicado. O filme, tecnicamente, beira a perfeição: cada movimento, cada corte, cada close... Jonze nos coloca dentro daquele universo de uma forma brutal, provocando aquela sensação de solidão do Twombly a todo momento - impressionante!
Não tem como não recomendar esse filme de olhos fechados! Spike Jonze é um mestre, tudo que ele faz é muito bom - se você ainda não conhece o trabalho dele, pode ir atrás que você não vai se arrepender! Olha, eu seria capaz de afirmar que "Her" é um dos melhores filmes que eu já assisti na vida! Se você, como eu, foi deixando essa maravilha de lado, corre porque é uma obra prima que merece muito o seu play!!!
PS: "Her" ganhou em apenas uma das quatro categorias na qual foi indicado para Oscar de 2014, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
"I am Mother" é um filme australiano, distribuído pela Netflix, que foi lançado na plataforma no começo de junho de 2019 e, olha, vou te dizer, ficção científica com alma! Grande filme, inteligente, profundo e um excelente entretenimento além de tudo! Tipo do filme que te faz refletir, na linha de "Mother!" do Aronofsky ou "Ex-Machina" do Alex Garland ou até de "Rua Cloverfild, 10" do Dan Trachtenberg.
O filme conta a história de uma adolescente, interpretada pela ótima Clara Rugaard (mas poderia ter sido a Jennifer Lawrence tranquilamente), que é criada em uma espécie de bunker após a extinção total da raça humana. Um robô auto-denominado "Mãe", projetado para ajudar na reconstrução da Terra, é a responsável por preparar sua "Filha" para expandir essa missão, elevando a capacidade humana de existir baseado em valores éticos e morais. Porém, toda essa realidade começa a ser colocada em dúvida com a chegada inesperada de uma suposta sobrevivente, papel da Hilary Swank. Confira o trailer:
Eu diria que "I am Mother" poderia ter sido dirigido pelo Nolan ou até pelo mestre Stanley Kubrick, dada a sua complexidade visual e elegância narrativa - no entanto, é visível a limitação de orçamento em vários elementos artísticos do filme: desde seu desenho de produção até na própria composição de pós em algumas cenas! Mas isso não atrapalha em absolutamente nada a experiência do filme, pois o roteiro é muito bem amarrado e fosse uma super produção, certamente estaria fazendo um enorme barulho!
Esse é o primeiro filme do diretor Grant Sputore - marquem esse nome, porque o cara é muito talentoso - e sua condução encontrou o equilíbrio perfeito entre o drama e a ficção, sempre pontuada por uma série de alegorias muito referenciadas em filmes como "Mother!", por exemplo. Aliás, vale uma pesquisa "pós-filme" para entender ou confirmar algumas interpretações e teorias que vamos encontrando durante toda jornada. Outro ponto que me chamou a atenção é a beleza da fotografia, grande trabalho do também novato Steve Annis - ele está nos créditos de impressionantes 58 curtas-metargem antes de assinar seu primeiro longa, ou seja, preparado ele está!
"I am Mother" é uma agradável surpresa que vale muito a pena e posso garantir: quanto menos souber do filme, melhor. Por isso tomei esse cuidado para não prejudicar a sua experiência, mas se posso dar uma única dica: preste muita atenção nos letterings no início do filme, eles farão toda a diferença lá no final!
Vale muito o play!!!!
"I am Mother" é um filme australiano, distribuído pela Netflix, que foi lançado na plataforma no começo de junho de 2019 e, olha, vou te dizer, ficção científica com alma! Grande filme, inteligente, profundo e um excelente entretenimento além de tudo! Tipo do filme que te faz refletir, na linha de "Mother!" do Aronofsky ou "Ex-Machina" do Alex Garland ou até de "Rua Cloverfild, 10" do Dan Trachtenberg.
O filme conta a história de uma adolescente, interpretada pela ótima Clara Rugaard (mas poderia ter sido a Jennifer Lawrence tranquilamente), que é criada em uma espécie de bunker após a extinção total da raça humana. Um robô auto-denominado "Mãe", projetado para ajudar na reconstrução da Terra, é a responsável por preparar sua "Filha" para expandir essa missão, elevando a capacidade humana de existir baseado em valores éticos e morais. Porém, toda essa realidade começa a ser colocada em dúvida com a chegada inesperada de uma suposta sobrevivente, papel da Hilary Swank. Confira o trailer:
Eu diria que "I am Mother" poderia ter sido dirigido pelo Nolan ou até pelo mestre Stanley Kubrick, dada a sua complexidade visual e elegância narrativa - no entanto, é visível a limitação de orçamento em vários elementos artísticos do filme: desde seu desenho de produção até na própria composição de pós em algumas cenas! Mas isso não atrapalha em absolutamente nada a experiência do filme, pois o roteiro é muito bem amarrado e fosse uma super produção, certamente estaria fazendo um enorme barulho!
Esse é o primeiro filme do diretor Grant Sputore - marquem esse nome, porque o cara é muito talentoso - e sua condução encontrou o equilíbrio perfeito entre o drama e a ficção, sempre pontuada por uma série de alegorias muito referenciadas em filmes como "Mother!", por exemplo. Aliás, vale uma pesquisa "pós-filme" para entender ou confirmar algumas interpretações e teorias que vamos encontrando durante toda jornada. Outro ponto que me chamou a atenção é a beleza da fotografia, grande trabalho do também novato Steve Annis - ele está nos créditos de impressionantes 58 curtas-metargem antes de assinar seu primeiro longa, ou seja, preparado ele está!
"I am Mother" é uma agradável surpresa que vale muito a pena e posso garantir: quanto menos souber do filme, melhor. Por isso tomei esse cuidado para não prejudicar a sua experiência, mas se posso dar uma única dica: preste muita atenção nos letterings no início do filme, eles farão toda a diferença lá no final!
Vale muito o play!!!!
"Interestelar" do Christopher Nolan é genial. É um filme tecnicamente perfeito e nem vale a pena falar da direção porque é chover no molhado; mas o roteiro é, realmente, incrível - um dos mais profundos que o cinema recente teve o prazer de produzir! Como eu gosto de dizer, esse filme é uma ficção científica com alma - talvez uma ótima combinação de estilos que envolveria ícones como Spielberg, Kubrick e Malick. Com todo cuidado para não parecer exagerado e não decepcionar aqueles que esperam algo mais óbvio, é preciso alinhar as expectativas já que o filme é uma verdadeira jornada interdimensional que combina elementos científicos intrigantes com uma profundidade emocional arrebatadora - ao discutir a espiritualidade, o roteiro usa inúmeras referências de muitas doutrinas, mas tudo com um toque empírico e ao mesmo tempo com muita sensibilidade!
Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. No entanto, com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy / Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta. Confira o trailer (que já é uma obra-prima):
Levantar questionamentos sobre o amor, a humanidade e o desconhecido. Sim, "Interestelar" não é apenas uma aventura espacial, mas também uma exploração íntima das conexões humanas. A relação entre Cooper (McConaughey) e sua filha Murphy (Chastain) é o coração pulsante do filme. A emoção desse vínculo ecoa através das vastas extensões do espaço, estabelecendo uma ligação única entre a jornada intergaláctica e as nossas experiências pessoais - especialmente se você tiver filhos. Nolan habilmente entrelaça a narrativa com fortes elementos científicos e com o que há de melhor no cinema: as emoções humanas. É impressionante como ele cria uma experiência cinematográfica verdadeiramente envolvente.
O aspecto científico de "Interestelar" também não pode ser subestimado. O filme mergulha na teoria da relatividade e explora o conceito de que o tempo pode ser afetado por campos gravitacionais intensos. A equipe de astronautas embarca em uma missão para encontrar um novo lar para a humanidade em planetas distantes, cada um com sua própria relação complexa com o tempo. A exploração desses mundos e a luta para entender as implicações do tempo dilatado geram momentos de tensão e emoção, mais uma vez demonstrando a mestria de Nolan em equilibrar ciência e entretenimento. A trilha sonora de Hans Zimmer desempenha um papel vital sob esse conceito - com sua combinação de elementos orquestrais e eletrônicos, a música intensifica as emoções e a grandiosidade das cenas. A trilha sonora se torna um elemento narrativo por si só, amplificando os momentos de suspense e de reflexão. A fusão entre a música de Zimmer e a direção de Nolan cria uma atmosfera única que ressoa profundamente na nossa alma!
No vasto panorama do cinema contemporâneo, poucos diretores conseguiram capturar a imaginação do público como Christopher Nolan. Seu épico sci-fi "Interestelar" está cheio de camadas, de interpretações e de teorias (cientificas e espirituais). A sensação que eu tive quando terminou o filme foi ainda mais especial e profunda de quando assisti o excelente "Contato" em 1997 - e olha, "Interestelar" é o tipo do filme onde é preciso ir "além" do que vemos na tela mesmo! Obra-Prima!
Se você não assistiu, assista. Se você assistiu em 2014, reveja - sua experiência será igualmente espetacular!
Up-date: "Interestelar" ganhou em uma categoria no Oscar 2015: Melhor Efeitos Visuais, mas foram cinco indicações.
"Interestelar" do Christopher Nolan é genial. É um filme tecnicamente perfeito e nem vale a pena falar da direção porque é chover no molhado; mas o roteiro é, realmente, incrível - um dos mais profundos que o cinema recente teve o prazer de produzir! Como eu gosto de dizer, esse filme é uma ficção científica com alma - talvez uma ótima combinação de estilos que envolveria ícones como Spielberg, Kubrick e Malick. Com todo cuidado para não parecer exagerado e não decepcionar aqueles que esperam algo mais óbvio, é preciso alinhar as expectativas já que o filme é uma verdadeira jornada interdimensional que combina elementos científicos intrigantes com uma profundidade emocional arrebatadora - ao discutir a espiritualidade, o roteiro usa inúmeras referências de muitas doutrinas, mas tudo com um toque empírico e ao mesmo tempo com muita sensibilidade!
Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. No entanto, com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy / Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta. Confira o trailer (que já é uma obra-prima):
Levantar questionamentos sobre o amor, a humanidade e o desconhecido. Sim, "Interestelar" não é apenas uma aventura espacial, mas também uma exploração íntima das conexões humanas. A relação entre Cooper (McConaughey) e sua filha Murphy (Chastain) é o coração pulsante do filme. A emoção desse vínculo ecoa através das vastas extensões do espaço, estabelecendo uma ligação única entre a jornada intergaláctica e as nossas experiências pessoais - especialmente se você tiver filhos. Nolan habilmente entrelaça a narrativa com fortes elementos científicos e com o que há de melhor no cinema: as emoções humanas. É impressionante como ele cria uma experiência cinematográfica verdadeiramente envolvente.
O aspecto científico de "Interestelar" também não pode ser subestimado. O filme mergulha na teoria da relatividade e explora o conceito de que o tempo pode ser afetado por campos gravitacionais intensos. A equipe de astronautas embarca em uma missão para encontrar um novo lar para a humanidade em planetas distantes, cada um com sua própria relação complexa com o tempo. A exploração desses mundos e a luta para entender as implicações do tempo dilatado geram momentos de tensão e emoção, mais uma vez demonstrando a mestria de Nolan em equilibrar ciência e entretenimento. A trilha sonora de Hans Zimmer desempenha um papel vital sob esse conceito - com sua combinação de elementos orquestrais e eletrônicos, a música intensifica as emoções e a grandiosidade das cenas. A trilha sonora se torna um elemento narrativo por si só, amplificando os momentos de suspense e de reflexão. A fusão entre a música de Zimmer e a direção de Nolan cria uma atmosfera única que ressoa profundamente na nossa alma!
No vasto panorama do cinema contemporâneo, poucos diretores conseguiram capturar a imaginação do público como Christopher Nolan. Seu épico sci-fi "Interestelar" está cheio de camadas, de interpretações e de teorias (cientificas e espirituais). A sensação que eu tive quando terminou o filme foi ainda mais especial e profunda de quando assisti o excelente "Contato" em 1997 - e olha, "Interestelar" é o tipo do filme onde é preciso ir "além" do que vemos na tela mesmo! Obra-Prima!
Se você não assistiu, assista. Se você assistiu em 2014, reveja - sua experiência será igualmente espetacular!
Up-date: "Interestelar" ganhou em uma categoria no Oscar 2015: Melhor Efeitos Visuais, mas foram cinco indicações.
Simplesmente impressionante e surpreendente - eu diria que é uma mistura equilibrada e muito bem construída de "Devs"e "Ruptura" com um leve toque do saudoso "Fringe"! "Matéria Escura", criada por Blake Crouch para a Apple TV+, é uma adaptação de seu próprio romance de ficção científica lançado em 2016. A série mergulha profundamente em temas como identidade, livre-arbítrio e realidades alternativas, proporcionando uma narrativa de fato envolvente e cheia de mistério e suspense, com elementos de uma complexa cadeia de ficção e ciência. Com uma premissa que explora as infinitas possibilidades da física quântica e as escolhas espirituais que definem nossas vidas, "Matéria Escura" cumpre a promessa de não apenas entreter, mas também de desafiar a audiência a refletir sobre as questões filosóficas que a história levanta com muita sabedoria.
A trama em si gira em torno de Jason Dessen (Joel Edgerton), um professor de física quântica cuja vida aparentemente comum é subitamente virada de cabeça para baixo quando ele é sequestrado e transportado para uma realidade paralela. Nessa nova realidade, Jason não é o homem de família simples que conhecemos, mas sim um renomado cientista que fez uma descoberta revolucionária sobre viagem entre universos paralelos. A série parte da busca de Jason para voltar à sua realidade original e à sua família, especialmente para sua mulher Daniela Vargas Dessen (Jennifer Connelly), enquanto navega pelas consequências de suas escolhas em múltiplos universos onde enfrenta versões alternativas de si mesmo. Confira o trailer:
É inegável;avel que a premissa central da série é ao mesmo tempo fascinante e complexa. A ideia de universos paralelos e as infinitas ramificações de cada escolha feita na vida de uma pessoa são habilmente exploradas por Blake Crouch, tanto no romance quanto na série. A física quântica e a teoria dos muitos mundos servem de base para a narrativa, mas "Matéria Escura" não se limita a ser apenas uma história de ficção científica; é também um drama emocional poderoso sobre a natureza das nossas decisões e o desejo universal de encontrar o nosso propósito e felicidade em meio às incertezas inerentes da nossa jornada. O roteiro é tão bem estruturado, com diálogos que equilibram a exposição científica necessária com momentos emocionais mais profundos, que nos sentimos bem confortáveis qualquer que seja o assunto. As questões filosóficas que surgem ao longo da série, como "O que define quem somos?" ou "As nossas escolhas realmente importam?", são abordadas de maneira direta, sem se tornarem excessivamente complicadas ou abstratas - isso, ao meu olhar, é o golaço da série!
Visualmente impressionante, "Matéria Escura" tem uma fotografia muito interessante que reflete o caos e a estranheza dos universos paralelos que Jason atravessa - mérito de John Lindley (de Your Honor") e de Jeffrey Greeley (especialista em efeitos especiais de "Jurrassic Park"). Os enquadramentos entregam cenários que variam de um mundo para o outro, desde paisagens distópicas até versões ligeiramente diferentes da nossa realidade, sempre mantendo a audiência imersa nas possibilidades infinitas desse multiverso. A Apple TV+, aliás, investiu pesado em efeitos visuais de alta qualidade aqui, o que foi essencial para tornar realista as transições entre as várias realidades que encontramos durante a jornada. Reparem como essas mudanças visuais ajudam a criar uma atmosfera de constante desorientação, refletindo o estado psicológico de Jason conforme ele perde a noção do que é real.
Antes de finalizar, é preciso comentar que, embora a ciência seja parte integrante da história, pode ser difícil para os menos familiarizados com esse conceito de mundos paralelos acompanhar todos os detalhes técnicos sem se sentir perdido em algum momento. Mesmo com o ritmo narrativo variando entre episódios, o impacto emocional da trama está sempre apoiado nas teses mais divertidas da física quântica, ou seja, a proposta de Crouch é mesmo o de provocar (para não dizer fritar) nosso intelecto, mas sem ser bitolado demais. Olha, para os fãs de ficção científica que apreciam uma boa dose de filosofia e drama, essa série oferece uma experiência realmente imersiva que sabe misturar entretenimento com uma exploração menos superficial de questões universais sobre a vida como entendemos!
Intrigante e que vai fazer valer muito o seu play!
Simplesmente impressionante e surpreendente - eu diria que é uma mistura equilibrada e muito bem construída de "Devs"e "Ruptura" com um leve toque do saudoso "Fringe"! "Matéria Escura", criada por Blake Crouch para a Apple TV+, é uma adaptação de seu próprio romance de ficção científica lançado em 2016. A série mergulha profundamente em temas como identidade, livre-arbítrio e realidades alternativas, proporcionando uma narrativa de fato envolvente e cheia de mistério e suspense, com elementos de uma complexa cadeia de ficção e ciência. Com uma premissa que explora as infinitas possibilidades da física quântica e as escolhas espirituais que definem nossas vidas, "Matéria Escura" cumpre a promessa de não apenas entreter, mas também de desafiar a audiência a refletir sobre as questões filosóficas que a história levanta com muita sabedoria.
A trama em si gira em torno de Jason Dessen (Joel Edgerton), um professor de física quântica cuja vida aparentemente comum é subitamente virada de cabeça para baixo quando ele é sequestrado e transportado para uma realidade paralela. Nessa nova realidade, Jason não é o homem de família simples que conhecemos, mas sim um renomado cientista que fez uma descoberta revolucionária sobre viagem entre universos paralelos. A série parte da busca de Jason para voltar à sua realidade original e à sua família, especialmente para sua mulher Daniela Vargas Dessen (Jennifer Connelly), enquanto navega pelas consequências de suas escolhas em múltiplos universos onde enfrenta versões alternativas de si mesmo. Confira o trailer:
É inegável;avel que a premissa central da série é ao mesmo tempo fascinante e complexa. A ideia de universos paralelos e as infinitas ramificações de cada escolha feita na vida de uma pessoa são habilmente exploradas por Blake Crouch, tanto no romance quanto na série. A física quântica e a teoria dos muitos mundos servem de base para a narrativa, mas "Matéria Escura" não se limita a ser apenas uma história de ficção científica; é também um drama emocional poderoso sobre a natureza das nossas decisões e o desejo universal de encontrar o nosso propósito e felicidade em meio às incertezas inerentes da nossa jornada. O roteiro é tão bem estruturado, com diálogos que equilibram a exposição científica necessária com momentos emocionais mais profundos, que nos sentimos bem confortáveis qualquer que seja o assunto. As questões filosóficas que surgem ao longo da série, como "O que define quem somos?" ou "As nossas escolhas realmente importam?", são abordadas de maneira direta, sem se tornarem excessivamente complicadas ou abstratas - isso, ao meu olhar, é o golaço da série!
Visualmente impressionante, "Matéria Escura" tem uma fotografia muito interessante que reflete o caos e a estranheza dos universos paralelos que Jason atravessa - mérito de John Lindley (de Your Honor") e de Jeffrey Greeley (especialista em efeitos especiais de "Jurrassic Park"). Os enquadramentos entregam cenários que variam de um mundo para o outro, desde paisagens distópicas até versões ligeiramente diferentes da nossa realidade, sempre mantendo a audiência imersa nas possibilidades infinitas desse multiverso. A Apple TV+, aliás, investiu pesado em efeitos visuais de alta qualidade aqui, o que foi essencial para tornar realista as transições entre as várias realidades que encontramos durante a jornada. Reparem como essas mudanças visuais ajudam a criar uma atmosfera de constante desorientação, refletindo o estado psicológico de Jason conforme ele perde a noção do que é real.
Antes de finalizar, é preciso comentar que, embora a ciência seja parte integrante da história, pode ser difícil para os menos familiarizados com esse conceito de mundos paralelos acompanhar todos os detalhes técnicos sem se sentir perdido em algum momento. Mesmo com o ritmo narrativo variando entre episódios, o impacto emocional da trama está sempre apoiado nas teses mais divertidas da física quântica, ou seja, a proposta de Crouch é mesmo o de provocar (para não dizer fritar) nosso intelecto, mas sem ser bitolado demais. Olha, para os fãs de ficção científica que apreciam uma boa dose de filosofia e drama, essa série oferece uma experiência realmente imersiva que sabe misturar entretenimento com uma exploração menos superficial de questões universais sobre a vida como entendemos!
Intrigante e que vai fazer valer muito o seu play!
"Não Me Abandone Jamais" vai te fazer se perguntar a razão pela qual você não assistiu esse filme antes! "Não Me Abandone Jamais" é lindo, bem estruturado, envolvente e, principalmente, cirúrgico ao capturar a essência da vulnerabilidade humana de maneira única e comovente. Dirigido por Mark Romanek (não por acaso diretor de "Tales from the Loop"), o filme, de fato, tem uma capacidade ímpar de mesclar um cenário de ficção científica com um drama existencial dos mais profundos, criando uma experiência realmente intensa e inesquecível. Baseado no aclamado romance de Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de Literatura, "Never Let Me Go" (no original) é uma poesia visual, que se apoia nas mais honestas camadas emocionais para te provocar de uma forma avassaladora. Com uma recepção da crítica das mais positivas na época de seu lançamento, testemunho de sua inegável qualidade, e vários elogios direcionados à sua direção, performances e fotografia, eu diria que estamos diante de uma obra imperdível que, pode acreditar, irá além do entretenimento passageiro.
A trama acompanha três amigos, Kathy (Carey Mulligan), Tommy (Andrew Garfield) e Ruth (Keira Knightley), desde os primeiros tempos de escola até a juventude adulta, quando descobrem uma verdade sombria sobre suas existências. Criados em um internato aparentemente idílico chamado Hailsham, eles percebem que nada é exatamente como eles imaginavam e é aí que eles passam a confrontar, cada um de sua forma, o amor, a perda e a inevitabilidade de seu destino. Confira o trailer (em inglês):
A narrativa de "Não Me Abandone Jamais" é uma espécie de meditação sobre o que significa ser humano e o valor da vida - temas universais que ressoam profundamente, mas que também nos tiram da zona de conforto e nos fazem refletir. Baseado em construções alegóricas, Romanek sabe exatamente o valor do roteiro de Alex Garland (de "Devs") ao explorar, por meio de um cenário utópico/distópico, as relações humanas pela perspectiva de sua condição de finitude. Tecnicamente perfeito, o filme traz para a tela uma paleta de cores fria e austera que reflete perfeitamente o clima melancólico que a história se propõe a desenvolver. Veja, cada quadro é meticulosamente composto, contribuindo para a sensação de opressão e de desesperança que a própria fotografia do genial Adam Kimmel (de "Capote") destaca. Repare como as paisagens bucólicas contrastam com a crueza da trama - aqui, a escolha de filmar em locações, ao invés de sets com fundo verde, adiciona uma camada extra de autenticidade que só intensifica o impacto emocional.
A performance do elenco é outro ponto alto do filme. Carey Mulligan entrega uma atuação sutil e profundamente comovente como Kathy, transmitindo uma gama complexa de emoções com uma quietude impressionante. Andrew Garfield e Keira Knightley também brilham em seus papéis, trazendo vulnerabilidade e intensidade para seus personagens; no entanto é a química entre os três protagonistas que faz a diferença - tudo é palpável, o que torna suas jornadas individuais e coletivas ainda mais tocantes e viscerais. A trilha sonora, composta por Rachel Portman (vencedora do Oscar por "Emma") também merece destaque: ela é delicada e etérea, complementando perfeitamente esse conceito narrativo imposto por Romanek, Garland e Kimmel. As composições de Portman adicionam uma camada de emoção, guiando a audiência através dos altos e baixos da jornada dos personagens com uma sensibilidade, olha, impressionante - o que eu quero dizer é que a música nunca é intrusiva, mas sim uma presença constante que realça os momentos mais impactantes do filme.
"Não Me Abandone Jamais" é uma obra que nos desafia a confrontar questões mais desconfortáveis sobre a vida e a morte. É um filme para ser sentido, mais do que apenas assistido, e graças a sua narrativa poética e visualmente deslumbrante, para ser apreciado! Se você procura dramas existenciais e/ou ficções científicas com uma carga emocional realmente intensa, este filme é uma escolha imperdível - uma verdadeira joia que estava escondida no catálogo do streaming.
Vale muito o seu play!
"Não Me Abandone Jamais" vai te fazer se perguntar a razão pela qual você não assistiu esse filme antes! "Não Me Abandone Jamais" é lindo, bem estruturado, envolvente e, principalmente, cirúrgico ao capturar a essência da vulnerabilidade humana de maneira única e comovente. Dirigido por Mark Romanek (não por acaso diretor de "Tales from the Loop"), o filme, de fato, tem uma capacidade ímpar de mesclar um cenário de ficção científica com um drama existencial dos mais profundos, criando uma experiência realmente intensa e inesquecível. Baseado no aclamado romance de Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de Literatura, "Never Let Me Go" (no original) é uma poesia visual, que se apoia nas mais honestas camadas emocionais para te provocar de uma forma avassaladora. Com uma recepção da crítica das mais positivas na época de seu lançamento, testemunho de sua inegável qualidade, e vários elogios direcionados à sua direção, performances e fotografia, eu diria que estamos diante de uma obra imperdível que, pode acreditar, irá além do entretenimento passageiro.
A trama acompanha três amigos, Kathy (Carey Mulligan), Tommy (Andrew Garfield) e Ruth (Keira Knightley), desde os primeiros tempos de escola até a juventude adulta, quando descobrem uma verdade sombria sobre suas existências. Criados em um internato aparentemente idílico chamado Hailsham, eles percebem que nada é exatamente como eles imaginavam e é aí que eles passam a confrontar, cada um de sua forma, o amor, a perda e a inevitabilidade de seu destino. Confira o trailer (em inglês):
A narrativa de "Não Me Abandone Jamais" é uma espécie de meditação sobre o que significa ser humano e o valor da vida - temas universais que ressoam profundamente, mas que também nos tiram da zona de conforto e nos fazem refletir. Baseado em construções alegóricas, Romanek sabe exatamente o valor do roteiro de Alex Garland (de "Devs") ao explorar, por meio de um cenário utópico/distópico, as relações humanas pela perspectiva de sua condição de finitude. Tecnicamente perfeito, o filme traz para a tela uma paleta de cores fria e austera que reflete perfeitamente o clima melancólico que a história se propõe a desenvolver. Veja, cada quadro é meticulosamente composto, contribuindo para a sensação de opressão e de desesperança que a própria fotografia do genial Adam Kimmel (de "Capote") destaca. Repare como as paisagens bucólicas contrastam com a crueza da trama - aqui, a escolha de filmar em locações, ao invés de sets com fundo verde, adiciona uma camada extra de autenticidade que só intensifica o impacto emocional.
A performance do elenco é outro ponto alto do filme. Carey Mulligan entrega uma atuação sutil e profundamente comovente como Kathy, transmitindo uma gama complexa de emoções com uma quietude impressionante. Andrew Garfield e Keira Knightley também brilham em seus papéis, trazendo vulnerabilidade e intensidade para seus personagens; no entanto é a química entre os três protagonistas que faz a diferença - tudo é palpável, o que torna suas jornadas individuais e coletivas ainda mais tocantes e viscerais. A trilha sonora, composta por Rachel Portman (vencedora do Oscar por "Emma") também merece destaque: ela é delicada e etérea, complementando perfeitamente esse conceito narrativo imposto por Romanek, Garland e Kimmel. As composições de Portman adicionam uma camada de emoção, guiando a audiência através dos altos e baixos da jornada dos personagens com uma sensibilidade, olha, impressionante - o que eu quero dizer é que a música nunca é intrusiva, mas sim uma presença constante que realça os momentos mais impactantes do filme.
"Não Me Abandone Jamais" é uma obra que nos desafia a confrontar questões mais desconfortáveis sobre a vida e a morte. É um filme para ser sentido, mais do que apenas assistido, e graças a sua narrativa poética e visualmente deslumbrante, para ser apreciado! Se você procura dramas existenciais e/ou ficções científicas com uma carga emocional realmente intensa, este filme é uma escolha imperdível - uma verdadeira joia que estava escondida no catálogo do streaming.
Vale muito o seu play!
Se em um primeiro momento "Não Volte para Casa" parece mais um terror ao melhor estilo "mansão mal-assombrada" (algo como "A Maldição da Residência Hill"), se prepare para se surpreender, pois essa minissérie tailandesa da Netflix está muito mais para uma ótima ficção-científica na linha de "Dark"! Criada pelo novato Woottidanai Intarakaset, "Não Volte para Casa" parece um amontoado de clichês em um primeiro olhar, especialmente por abusar de gatilhos dramáticos muito característico do terror ou do suspense psicológico onde seu único objetivo é dar sustos na audiência. Aqui, o que vemos nos primeiros episódios são inúmeras cenas marcadas por uma trilha sonora que estabelece um contexto de medo ou movimentos de câmera que rapidamente trocam um plano pelo outro, só para enquadrar uma entidade sobrenatural atrás de algum personagem desavisado (sempre bem alinhado com aquele efeito sonoro impactante, claro). Acontece que tudo isso é proposital e assim que entendemos a proposta conceitual de Intarakaset, somos jogados em um verdadeiro e bem construído turbilhão de mistérios, quase catártico eu diria, onde o passado sombrio da protagonista passa a impactar não só na sua história, como também na de sua filha.
A história acompanha Varee (Woranuch BhiromBhakdi), uma jovem que retorna à sua cidade natal após 30 anos de ausência para tentar recomeçar sua vida após um casamento abusivo. A volta para a casa da família, no entanto, desencadeia uma série de eventos estranhos e perturbadores, incluindo visões do passado, comportamentos inexplicáveis entre os moradores locais e a reabertura de feridas emocionais que ela pensava ter deixado para trás. O problema é que à medida em que tenta desvendar os segredos de sua família, Varee precisa lidar com o recente desaparecimento de sua filha Min (Ploypaphas Fonkaewsiwaporn) e com a desconfiança da investigadora local, Aon (Savika Kanchanamas). Confira o trailer (com legendas em inglês):
A combinação de elementos sobrenaturais com uma narrativa de investigação que te leva para uma complexa ficção científica soa confusa demais, eu admito, no entanto é justamente essa mistura inusitada que faz de "Não Volte para Casa" uma minissérie interessante ao ponto de manter a audiência em constante estado de alerta - aliás, chega ser irritante a qualidade absurda que são os ganchos entre um episódio e outro! Intarakaset constrói sua narrativa com uma habilidade que merece atenção já que ele enfatiza a tensão, com uma abordagem clássica e que soa ultrapassada, mas que com o passar dos episódios vai sendo desconstruída para entregar um final realmente satisfatório. O roteiro, também escrito pelo diretor, vai te envolvendo e te provocando, no mínimo, muita curiosidade - e por ser cheio de camadas, ele nos tira da zona de conforto e vai nos posicionando perante o mistério de forma muito homeopática, mas sempre no tempo certo.
O legal de "Não Volte para Casa" é que ela brinca com nossa percepção. Ao mesmo tempo que explora a fragilidade da memória com uma série de signos e nuances, o roteiro ainda sugere com muita inteligência que a relação entre o passado e o presente vai muito além do que um mero artifício narrativo para se tornar uma solução dramática bem planejadinha - embora carregue um certo didatismo que poderia ser deixado de lado. Veja, Varee desponta como uma personagem para lá de complexa, cuja jornada é marcada tanto pela busca por respostas quanto por seu próprio processo de enfrentamento de traumas. A narrativa, nesse sentido, sabe misturar pistas e reviravoltas com maestria, mantendo a audiência intrigada até o sexto e derradeiro episódio.
Embora a minissérie seja bem-sucedida em criar uma atmosfera de suspense e mistério, será necessário embarcar na proposta de Intarakaset com alguma boa vontade e paciência. O ritmo da narrativa pode ser um desafio para alguns e suas soluções complicadas de entender, mas posso garantir que tudo vai fazer sentido no final e nenhuma peça colocada no tabuleiro está ali por acaso - ok, talvez algumas estejam ali só para confundir, mas no geral a trama é realmente bem construída. Se as revelações sobre os segredos envolvendo Varee, sua família e o desaparecimento de sua filha exigem certa abstração da realidade, como entretenimento, "Não Volte para Casa" cumpre muito bem sua função, criando uma experiência tanto como uma história de mistério quanto uma jornada de busca pelas peças certas dentro de um quebra-cabeça temporal que, de fato, exige do intelecto da audiência.
Inesquecível? Com certeza não, mas desafiadora ao ponto de merecer o seu play - especialmente para aqueles dispostos a reviver a empolgação de "Dark", de "Durante a Tormenta" ou de "A Ligação"!
Se em um primeiro momento "Não Volte para Casa" parece mais um terror ao melhor estilo "mansão mal-assombrada" (algo como "A Maldição da Residência Hill"), se prepare para se surpreender, pois essa minissérie tailandesa da Netflix está muito mais para uma ótima ficção-científica na linha de "Dark"! Criada pelo novato Woottidanai Intarakaset, "Não Volte para Casa" parece um amontoado de clichês em um primeiro olhar, especialmente por abusar de gatilhos dramáticos muito característico do terror ou do suspense psicológico onde seu único objetivo é dar sustos na audiência. Aqui, o que vemos nos primeiros episódios são inúmeras cenas marcadas por uma trilha sonora que estabelece um contexto de medo ou movimentos de câmera que rapidamente trocam um plano pelo outro, só para enquadrar uma entidade sobrenatural atrás de algum personagem desavisado (sempre bem alinhado com aquele efeito sonoro impactante, claro). Acontece que tudo isso é proposital e assim que entendemos a proposta conceitual de Intarakaset, somos jogados em um verdadeiro e bem construído turbilhão de mistérios, quase catártico eu diria, onde o passado sombrio da protagonista passa a impactar não só na sua história, como também na de sua filha.
A história acompanha Varee (Woranuch BhiromBhakdi), uma jovem que retorna à sua cidade natal após 30 anos de ausência para tentar recomeçar sua vida após um casamento abusivo. A volta para a casa da família, no entanto, desencadeia uma série de eventos estranhos e perturbadores, incluindo visões do passado, comportamentos inexplicáveis entre os moradores locais e a reabertura de feridas emocionais que ela pensava ter deixado para trás. O problema é que à medida em que tenta desvendar os segredos de sua família, Varee precisa lidar com o recente desaparecimento de sua filha Min (Ploypaphas Fonkaewsiwaporn) e com a desconfiança da investigadora local, Aon (Savika Kanchanamas). Confira o trailer (com legendas em inglês):
A combinação de elementos sobrenaturais com uma narrativa de investigação que te leva para uma complexa ficção científica soa confusa demais, eu admito, no entanto é justamente essa mistura inusitada que faz de "Não Volte para Casa" uma minissérie interessante ao ponto de manter a audiência em constante estado de alerta - aliás, chega ser irritante a qualidade absurda que são os ganchos entre um episódio e outro! Intarakaset constrói sua narrativa com uma habilidade que merece atenção já que ele enfatiza a tensão, com uma abordagem clássica e que soa ultrapassada, mas que com o passar dos episódios vai sendo desconstruída para entregar um final realmente satisfatório. O roteiro, também escrito pelo diretor, vai te envolvendo e te provocando, no mínimo, muita curiosidade - e por ser cheio de camadas, ele nos tira da zona de conforto e vai nos posicionando perante o mistério de forma muito homeopática, mas sempre no tempo certo.
O legal de "Não Volte para Casa" é que ela brinca com nossa percepção. Ao mesmo tempo que explora a fragilidade da memória com uma série de signos e nuances, o roteiro ainda sugere com muita inteligência que a relação entre o passado e o presente vai muito além do que um mero artifício narrativo para se tornar uma solução dramática bem planejadinha - embora carregue um certo didatismo que poderia ser deixado de lado. Veja, Varee desponta como uma personagem para lá de complexa, cuja jornada é marcada tanto pela busca por respostas quanto por seu próprio processo de enfrentamento de traumas. A narrativa, nesse sentido, sabe misturar pistas e reviravoltas com maestria, mantendo a audiência intrigada até o sexto e derradeiro episódio.
Embora a minissérie seja bem-sucedida em criar uma atmosfera de suspense e mistério, será necessário embarcar na proposta de Intarakaset com alguma boa vontade e paciência. O ritmo da narrativa pode ser um desafio para alguns e suas soluções complicadas de entender, mas posso garantir que tudo vai fazer sentido no final e nenhuma peça colocada no tabuleiro está ali por acaso - ok, talvez algumas estejam ali só para confundir, mas no geral a trama é realmente bem construída. Se as revelações sobre os segredos envolvendo Varee, sua família e o desaparecimento de sua filha exigem certa abstração da realidade, como entretenimento, "Não Volte para Casa" cumpre muito bem sua função, criando uma experiência tanto como uma história de mistério quanto uma jornada de busca pelas peças certas dentro de um quebra-cabeça temporal que, de fato, exige do intelecto da audiência.
Inesquecível? Com certeza não, mas desafiadora ao ponto de merecer o seu play - especialmente para aqueles dispostos a reviver a empolgação de "Dark", de "Durante a Tormenta" ou de "A Ligação"!
Na linha do "ame ou odeie", "Não! Não Olhe!", dirigido por Jordan Peele e lançado em 2022, é uma obra que de fato desafia aquele tipo de categorização fácil já que seu roteiro mistura elementos de suspense, ficção científica e, claro, crítica social em uma narrativa dinâmica e singular. Peele, conhecido por seus trabalhos anteriores como "Corra!" e "Nós", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar histórias que são tanto provocativas quanto profundamente envolventes e "Não! Não Olhe!" segue essa identidade, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e intelectualmente estimulante - porém sem tanto impacto da violência como vimos anteriormente.
A trama segue os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer), que administram um rancho de cavalos em uma área rural da Califórnia. Após a morte misteriosa de seu pai, os irmãos começam a notar atividades estranhas no céu acima de sua propriedade. Decididos a descobrir a verdade e capturar evidências da presença de OVNIs, eles se envolvem em uma série de eventos cada vez mais inquietantes. Confira o trailer:
"Nope" (no original) é muito inteligente ao explorar o desejo humano de controlar o desconhecido (e de como se dar bem com isso). Baseado nessa premissa, o roteiro de Peele acaba sendo uma ótima combinação de mistério e crítica social capaz de abordar temas mais sensíveis como a exploração da dor e do trauma como forma de entretenimento - a mercantilização do medo e o impacto do espetáculo na sociedade contemporânea, mais uma vez, provocam ótimas discussões. Peele, conhecido por suas incisivas observações comportamentais, utiliza de uma inofensiva trama de ficção científica para comentar sobre a obsessão humana em diferentes níveis. Repare como os diálogos afiados e cheios de subtexto incentivam a audiência a refletir sobre as camadas mais profundas da história. Já sua direção é, como sempre, meticulosa e inventiva. Peele utiliza uma paleta de cores contrastante e uma cinematografia de grande escala para capturar a beleza e a ameaça daquele cenário desértico. A escolha de locações com grande amplitude pontua ainda mais a sensação claustrofóbica de saber que existe uma força invisível que nos observa e quer nos fazer mal (a qualquer momento).
Daniel Kaluuya oferece uma performance introspectiva, capturando a dor de um homem assombrado pela perda do pai e pelo dever de proteger o legado de sua família. Kaluuya, com seu olhar penetrante e presença reservada, traz uma profundidade emocional ao papel, tornando OJ um personagem cativante e empático - sempre no tom certo. Já Keke Palmer é um contraponto energético e carismático, imbuindo sua personagem com uma mistura de ambição, coragem e vulnerabilidade. No entanto é a química entre os dois que torna essa maluquice de Peele palpável, fundamentando a narrativa em uma relação fraternal convincente e marcante.
"Não! Não Olhe!" é visualmente impressionante e desafiador, mas não esteve isento de críticas - com momentos de introspecção que interrompem a construção do suspense, muito se falou sobre "quebra de expectativas" como algo ruim. Eu discordo, mas entendo que a natureza abstrata de algumas das metáforas e mensagens do diretor podem não ressoar com todos os públicos, deixando algumas interpretações muito abertas. O fato é que, como M. Night Shyamalan, Jordan Peele não se faz de desentendido ao trazer o mistério como sua arma de marketing, mesmo que com isso se torne refém de seus mecanismos de plot twist! Se "Sinais" de Shyamalan era um filme sobre fé, saiba que "Não! Não Olhe!" é um filme sobre evidências para aqueles que apreciam histórias que são ao mesmo tempo entretenimento e reflexão!
Vale seu play!
Na linha do "ame ou odeie", "Não! Não Olhe!", dirigido por Jordan Peele e lançado em 2022, é uma obra que de fato desafia aquele tipo de categorização fácil já que seu roteiro mistura elementos de suspense, ficção científica e, claro, crítica social em uma narrativa dinâmica e singular. Peele, conhecido por seus trabalhos anteriores como "Corra!" e "Nós", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar histórias que são tanto provocativas quanto profundamente envolventes e "Não! Não Olhe!" segue essa identidade, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e intelectualmente estimulante - porém sem tanto impacto da violência como vimos anteriormente.
A trama segue os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer), que administram um rancho de cavalos em uma área rural da Califórnia. Após a morte misteriosa de seu pai, os irmãos começam a notar atividades estranhas no céu acima de sua propriedade. Decididos a descobrir a verdade e capturar evidências da presença de OVNIs, eles se envolvem em uma série de eventos cada vez mais inquietantes. Confira o trailer:
"Nope" (no original) é muito inteligente ao explorar o desejo humano de controlar o desconhecido (e de como se dar bem com isso). Baseado nessa premissa, o roteiro de Peele acaba sendo uma ótima combinação de mistério e crítica social capaz de abordar temas mais sensíveis como a exploração da dor e do trauma como forma de entretenimento - a mercantilização do medo e o impacto do espetáculo na sociedade contemporânea, mais uma vez, provocam ótimas discussões. Peele, conhecido por suas incisivas observações comportamentais, utiliza de uma inofensiva trama de ficção científica para comentar sobre a obsessão humana em diferentes níveis. Repare como os diálogos afiados e cheios de subtexto incentivam a audiência a refletir sobre as camadas mais profundas da história. Já sua direção é, como sempre, meticulosa e inventiva. Peele utiliza uma paleta de cores contrastante e uma cinematografia de grande escala para capturar a beleza e a ameaça daquele cenário desértico. A escolha de locações com grande amplitude pontua ainda mais a sensação claustrofóbica de saber que existe uma força invisível que nos observa e quer nos fazer mal (a qualquer momento).
Daniel Kaluuya oferece uma performance introspectiva, capturando a dor de um homem assombrado pela perda do pai e pelo dever de proteger o legado de sua família. Kaluuya, com seu olhar penetrante e presença reservada, traz uma profundidade emocional ao papel, tornando OJ um personagem cativante e empático - sempre no tom certo. Já Keke Palmer é um contraponto energético e carismático, imbuindo sua personagem com uma mistura de ambição, coragem e vulnerabilidade. No entanto é a química entre os dois que torna essa maluquice de Peele palpável, fundamentando a narrativa em uma relação fraternal convincente e marcante.
"Não! Não Olhe!" é visualmente impressionante e desafiador, mas não esteve isento de críticas - com momentos de introspecção que interrompem a construção do suspense, muito se falou sobre "quebra de expectativas" como algo ruim. Eu discordo, mas entendo que a natureza abstrata de algumas das metáforas e mensagens do diretor podem não ressoar com todos os públicos, deixando algumas interpretações muito abertas. O fato é que, como M. Night Shyamalan, Jordan Peele não se faz de desentendido ao trazer o mistério como sua arma de marketing, mesmo que com isso se torne refém de seus mecanismos de plot twist! Se "Sinais" de Shyamalan era um filme sobre fé, saiba que "Não! Não Olhe!" é um filme sobre evidências para aqueles que apreciam histórias que são ao mesmo tempo entretenimento e reflexão!
Vale seu play!
"Ninguém Vai te Salvar" é mais um que entra naquela prateleira do "ame ou odeie" e a razão é muito simples - existe uma quebra de expectativa após o segundo ato que, mesmo inteligente (e muito interpretativo), subverte o estilo narrativo proposto no inicio e impacta diretamente na experiência emocional daquela audiência que até ali sofreu com seus medos e, claro, com muitos sustos junto com a protagonista. O que eu quero dizer, é que o filme escrito e dirigido pelo Brian Duffield (roteirista de "Amor e Monstros") é muito mais do que um suspense sobre extraterrestres que chegam no meio da noite para te abduzir - ainda que esse elemento fantástico (e nostálgico) esteja presente, é o horror da culpa e a perda das conexões humanas que realmente assustam a protagonista e nem todo mundo vai comprar isso!
"No One Will Save You" (título original) acompanha a vida da jovem e reclusa Brynn Adams (Kaitlyn Dever) quando, em uma certa noite, criaturas extraterrestres inexplicavelmente invadem sua casa, forçando ela a lutar por sua sobrevivência ao mesmo tempo em que precisa lidar com seus traumas do passado. Confira o trailer:
Se você está em busca de um filme que sabe exatamente despertar alguns "medos" que intimamente sabemos ter sido construídos muito mais pela própria cultura cinematográfica que vem da nossa infância do que por experiências evidentemente reais, pode dar o play em "Ninguém Vai te Salvar" que seu entretenimento está garantido. No entanto, preciso alinhar alguns pontos com você: o que faz desse filme algo, de fato, singular é a dose generosa de drama psicológico que a história carrega, equilibrando perfeitamente aquele tom de ficção cientifica mais independente de "A Vastidão da Noite" com a gramática angustiante e requintada conceitualmente de uma grande produção como "Sinais" do Shyamalan.
Mais até do que a competente direção de Duffield., é no seu texto que a verdadeira magia de "Ninguém Vai te Salvar" reside - a sua capacidade de nos fazer questionar a natureza daquela realidade em várias sequências onde qualquer tipo de diálogo é completamente descartável (por mais paradoxal que possa parecer) e a tensão é representada apenas pelos olhos da protagonista que enxerga seu inimigo sem ao menos entender a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, olha, eu diria que é um mergulho emocional e sensorial na trama. São tantas sensações que em pouco mais de 90 minutos, dificilmente encontramos tempo para respirar ou refletir sobre o que realmente causa mais terror em Adams: um extraterrestre ou os fantasmas que voltam à tona pelo contato com eles. E aqui cabe um comentário: Kaitlyn Dever é peça fundamental para que esse complicado quebra-cabeça funcione - sozinha, ela leva o filme nas costas e mesmo quando o diretor abre mão daquela estratégia de manter o "monstro" em segredo para estabelecer o terror e só depois impactar a audiência visualmente, é mesmo pelo seu drama mais pessoal que criamos a conexão direta com ela - a cena que ela entra na delegacia após a primeira noite de invasão, é um ótimo exemplo disso!
Antes de finalizar, é importante destacar a inteligência do roteiro em brincar com as nossas expectativas - é o que nos mantém constantemente intrigados. Os sustos com as criaturas existem, mas a necessidade de entender tudo aquilo que está acontecendo (e seus reflexos na protagonista) é muito mais envolvente. Cada cena é uma pista, e cada elemento cênico, uma revelação - isso exige muita atenção aos detalhes e alguma capacidade interpretativa já que o filme não entrega todas as respostas e por isso muitos vão odiar seu final (já adianto). Agora, tudo vai fazer muito mais sentido se você embarcar na maneira inteligente como "Ninguém Vai te Salvar" aborda temas como identidade e trauma - essa abordagem profundamente tocante cria uma camada extra para a narrativa, mais subjetiva, até reflexiva eu diria, e mesmo assim não exclui alguns bons sustos, perseguições, e toda angústia sobre aquela relação assustadora com o desconhecido que carregamos desde "Contatos Imediatos do Terceiro Grau"!
Vale seu play, desde que você seja capaz de enxergar além de um garota fugindo de um monstro de outro planeta!
"Ninguém Vai te Salvar" é mais um que entra naquela prateleira do "ame ou odeie" e a razão é muito simples - existe uma quebra de expectativa após o segundo ato que, mesmo inteligente (e muito interpretativo), subverte o estilo narrativo proposto no inicio e impacta diretamente na experiência emocional daquela audiência que até ali sofreu com seus medos e, claro, com muitos sustos junto com a protagonista. O que eu quero dizer, é que o filme escrito e dirigido pelo Brian Duffield (roteirista de "Amor e Monstros") é muito mais do que um suspense sobre extraterrestres que chegam no meio da noite para te abduzir - ainda que esse elemento fantástico (e nostálgico) esteja presente, é o horror da culpa e a perda das conexões humanas que realmente assustam a protagonista e nem todo mundo vai comprar isso!
"No One Will Save You" (título original) acompanha a vida da jovem e reclusa Brynn Adams (Kaitlyn Dever) quando, em uma certa noite, criaturas extraterrestres inexplicavelmente invadem sua casa, forçando ela a lutar por sua sobrevivência ao mesmo tempo em que precisa lidar com seus traumas do passado. Confira o trailer:
Se você está em busca de um filme que sabe exatamente despertar alguns "medos" que intimamente sabemos ter sido construídos muito mais pela própria cultura cinematográfica que vem da nossa infância do que por experiências evidentemente reais, pode dar o play em "Ninguém Vai te Salvar" que seu entretenimento está garantido. No entanto, preciso alinhar alguns pontos com você: o que faz desse filme algo, de fato, singular é a dose generosa de drama psicológico que a história carrega, equilibrando perfeitamente aquele tom de ficção cientifica mais independente de "A Vastidão da Noite" com a gramática angustiante e requintada conceitualmente de uma grande produção como "Sinais" do Shyamalan.
Mais até do que a competente direção de Duffield., é no seu texto que a verdadeira magia de "Ninguém Vai te Salvar" reside - a sua capacidade de nos fazer questionar a natureza daquela realidade em várias sequências onde qualquer tipo de diálogo é completamente descartável (por mais paradoxal que possa parecer) e a tensão é representada apenas pelos olhos da protagonista que enxerga seu inimigo sem ao menos entender a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, olha, eu diria que é um mergulho emocional e sensorial na trama. São tantas sensações que em pouco mais de 90 minutos, dificilmente encontramos tempo para respirar ou refletir sobre o que realmente causa mais terror em Adams: um extraterrestre ou os fantasmas que voltam à tona pelo contato com eles. E aqui cabe um comentário: Kaitlyn Dever é peça fundamental para que esse complicado quebra-cabeça funcione - sozinha, ela leva o filme nas costas e mesmo quando o diretor abre mão daquela estratégia de manter o "monstro" em segredo para estabelecer o terror e só depois impactar a audiência visualmente, é mesmo pelo seu drama mais pessoal que criamos a conexão direta com ela - a cena que ela entra na delegacia após a primeira noite de invasão, é um ótimo exemplo disso!
Antes de finalizar, é importante destacar a inteligência do roteiro em brincar com as nossas expectativas - é o que nos mantém constantemente intrigados. Os sustos com as criaturas existem, mas a necessidade de entender tudo aquilo que está acontecendo (e seus reflexos na protagonista) é muito mais envolvente. Cada cena é uma pista, e cada elemento cênico, uma revelação - isso exige muita atenção aos detalhes e alguma capacidade interpretativa já que o filme não entrega todas as respostas e por isso muitos vão odiar seu final (já adianto). Agora, tudo vai fazer muito mais sentido se você embarcar na maneira inteligente como "Ninguém Vai te Salvar" aborda temas como identidade e trauma - essa abordagem profundamente tocante cria uma camada extra para a narrativa, mais subjetiva, até reflexiva eu diria, e mesmo assim não exclui alguns bons sustos, perseguições, e toda angústia sobre aquela relação assustadora com o desconhecido que carregamos desde "Contatos Imediatos do Terceiro Grau"!
Vale seu play, desde que você seja capaz de enxergar além de um garota fugindo de um monstro de outro planeta!
"O Canto do Cisne" é um filme sobre a "dor da despedida"! Mesmo fantasiada de ficção científica ao melhor estilo "Black Mirror", essa produção original da Apple é um drama dos mais profundos, onde uma trama aparentemente simples, vai se construindo em um complexo estudo de personagem, tocando em assuntos extremamente sensíveis e provocando discussões que vão da "ética" ao "perdão". Além de muito elegante cinematograficamente, estamos diante de mais uma aula de interpretação de Mahershala Ali!
Ambientado em um futuro próximo, "O Canto do Cisne" conta a história de uma jornada emocionante e poderosa pelo ponto de vista de Cameron (Mahershala Ali), um pai e marido amoroso que acaba de ser diagnosticado com uma doença terminal, mas que recebe de sua médica Dr. Jo Scott (Glenn Close) uma solução alternativapara proteger a família do luto. Enquanto Cam luta para decidir qual será o destino da família, ele aprende mais sobre a vida e o amor do que jamais havia imaginado. Confira o trailer (em inglês):
Existe uma sensibilidade em "O Canto do Cisne" que envolve a audiência sem precisar se apoiar em nenhum tipo de atalho para nos tocar fundo. As relações entre os personagens que o talentoso diretor Benjamin Cleary (vencedor do Oscar com seu curta-metragem "Stutterer" em 2016) vai estabelecendo, dita a cadência exata da narrativa com muita identidade e elegância. Se visualmente o filme chama atenção pela qualidade da fotografia do Masanobu Takayanagi (de "Spotlight: Segredos Revelados" e "O Lado bom da Vida") e pelo desenho de produção futurista da sempre incrível Annie Beauchamp (de "Moulin Rouge" e, claro, "Black Mirror"), é no roteiro do próprio Cleary e na montagem do Nathan Nugent (de "Normal People") que o filme sai do óbvio e brilha.
Lidar com uma decisão tão importante, que é fortemente acompanhada por inúmeras dúvidas existenciais, espirituais e, principalmente, pela difícil tarefa de redefinir a singularidade da essência do ser humano, faz de Cameron um personagem extremamente complexo, além de ser um presente para Mahershala Ali - já que o ator precisa se "duplicar" para servir de contraponto ético com o outro lado da história, a do seu clone Jack. Se a narrativa se apoia na ficção da transferência das memórias ou no aprendizado de uma inteligência artificial para discutir os principais elementos que definem o indivíduo, é no sentimento mais profundo de uma "saudade" que está por vir, que realmente nos conectamos com os dramas emocionais do personagem - e aqui cabe um comentário: mesmo com uma participação bem pontual, Awkwafina (e sua Kate) está perfeita. Ela funciona como uma espécie de catalisadora desse sentimento de vazio.
O fato é que "O Canto do Cisne" tem uma premissa muito parecida com um dos episódios da série "Solos"da Prime Vídeo, onde o ator Anthony Mackie também se relaciona com um novo produto tecnológico para evitar o sofrimento do "luto", porém aqui ampliamos as discussões trazendo ótimas referências na linha de "Ex-Machina" e "Black Mirror", mas sem esquecer da "alma" de "Tales from the Loop".
Vale muito a pena, mas saiba que estamos falando de um drama, sem nenhuma intenção de criar qualquer cena de ação - o que importa são as relações, com o outro e consigo mesmo!
"O Canto do Cisne" é um filme sobre a "dor da despedida"! Mesmo fantasiada de ficção científica ao melhor estilo "Black Mirror", essa produção original da Apple é um drama dos mais profundos, onde uma trama aparentemente simples, vai se construindo em um complexo estudo de personagem, tocando em assuntos extremamente sensíveis e provocando discussões que vão da "ética" ao "perdão". Além de muito elegante cinematograficamente, estamos diante de mais uma aula de interpretação de Mahershala Ali!
Ambientado em um futuro próximo, "O Canto do Cisne" conta a história de uma jornada emocionante e poderosa pelo ponto de vista de Cameron (Mahershala Ali), um pai e marido amoroso que acaba de ser diagnosticado com uma doença terminal, mas que recebe de sua médica Dr. Jo Scott (Glenn Close) uma solução alternativapara proteger a família do luto. Enquanto Cam luta para decidir qual será o destino da família, ele aprende mais sobre a vida e o amor do que jamais havia imaginado. Confira o trailer (em inglês):
Existe uma sensibilidade em "O Canto do Cisne" que envolve a audiência sem precisar se apoiar em nenhum tipo de atalho para nos tocar fundo. As relações entre os personagens que o talentoso diretor Benjamin Cleary (vencedor do Oscar com seu curta-metragem "Stutterer" em 2016) vai estabelecendo, dita a cadência exata da narrativa com muita identidade e elegância. Se visualmente o filme chama atenção pela qualidade da fotografia do Masanobu Takayanagi (de "Spotlight: Segredos Revelados" e "O Lado bom da Vida") e pelo desenho de produção futurista da sempre incrível Annie Beauchamp (de "Moulin Rouge" e, claro, "Black Mirror"), é no roteiro do próprio Cleary e na montagem do Nathan Nugent (de "Normal People") que o filme sai do óbvio e brilha.
Lidar com uma decisão tão importante, que é fortemente acompanhada por inúmeras dúvidas existenciais, espirituais e, principalmente, pela difícil tarefa de redefinir a singularidade da essência do ser humano, faz de Cameron um personagem extremamente complexo, além de ser um presente para Mahershala Ali - já que o ator precisa se "duplicar" para servir de contraponto ético com o outro lado da história, a do seu clone Jack. Se a narrativa se apoia na ficção da transferência das memórias ou no aprendizado de uma inteligência artificial para discutir os principais elementos que definem o indivíduo, é no sentimento mais profundo de uma "saudade" que está por vir, que realmente nos conectamos com os dramas emocionais do personagem - e aqui cabe um comentário: mesmo com uma participação bem pontual, Awkwafina (e sua Kate) está perfeita. Ela funciona como uma espécie de catalisadora desse sentimento de vazio.
O fato é que "O Canto do Cisne" tem uma premissa muito parecida com um dos episódios da série "Solos"da Prime Vídeo, onde o ator Anthony Mackie também se relaciona com um novo produto tecnológico para evitar o sofrimento do "luto", porém aqui ampliamos as discussões trazendo ótimas referências na linha de "Ex-Machina" e "Black Mirror", mas sem esquecer da "alma" de "Tales from the Loop".
Vale muito a pena, mas saiba que estamos falando de um drama, sem nenhuma intenção de criar qualquer cena de ação - o que importa são as relações, com o outro e consigo mesmo!
"O Céu da Meia-Noite" é uma difícil adaptação do livro "Good Morning, Midnight " da norte-americana Lily Brooks-Dalton, que trás elementos narrativos similares a filmes como, por exemplo, "Interestelar" (2014), para compor uma história de Ficção Científica, mas que fala mesmo é sobre "solidão" (e, talvez, sobre a necessidade de se perdoar como ser humano e como humanidade) - isso vai ficar muito claro no terceiro ato do filme!
Dirigido e protagonizado pelo George Clooney, o filme acompanha Augustine, um solitário cientista que precisa se comunicar com uma equipe de astronautas que estão em uma missão no espaço e assim impedir que eles retornem para a Terra em meio a uma misteriosa catástrofe ambiental que praticamente dizimou a humanidade. Confira o trailer:
"O Céu da Meia-Noite" é um ótimo entretenimento, mas certamente vai dividir opiniões. Veja, o filme tem cenas de ação que criam aquele senso de urgência, mas também se apoia muito no sentimentalismo e na necessidade de passar uma mensagem de esperança, que, na minha opinião, pareceu sem tanta profundidade e o propósito (até filosófico) de "Interestelar". O que eu quero dizer é que a própria dinâmica narrativa impediu um aprofundamento maior nos dramas de vários personagens (e muitos deles são completamente dispensáveis), já que a história é contada a partir de dois grandes arcos principais: o de Augustine na Terra e o de Sully (Felicity Jones), junto com os astronautas, no espaço - é muita coisa para apenas duas horas de filme! Embora o roteiro use alguns atalhos para minimizar esse problema e nos provocar uma certa empatia com os personagens (alguns vão chamar de "clichês"), faltou tempo de tela para que essa identificação justificasse nossa paixão, nossa torcida.
Tecnicamente o filme tem grandes momentos, conceitos visuais muito bacanas (e outros nem tanto). A ótima trilha sonora ajuda a pontuar nossas emoções que vão nos acompanhar durante todo filme e que, facilmente, nos ajuda encontrar seu ápice no final - o que é ótimo, mas nos dá até a sensação de que o filme é muito melhor do que ele realmente é! Mas é inegável: nos emocionamos sim e ficamos satisfeitos com o filme! É isso que importa!
Vale seu play, mas não espere todas as repostas, o "caos" que acompanhamos é apenas o pano de fundo para refletirmos sobre algumas escolhas e suas consequências!
"O Céu da Meia-Noite" é uma difícil adaptação do livro "Good Morning, Midnight " da norte-americana Lily Brooks-Dalton, que trás elementos narrativos similares a filmes como, por exemplo, "Interestelar" (2014), para compor uma história de Ficção Científica, mas que fala mesmo é sobre "solidão" (e, talvez, sobre a necessidade de se perdoar como ser humano e como humanidade) - isso vai ficar muito claro no terceiro ato do filme!
Dirigido e protagonizado pelo George Clooney, o filme acompanha Augustine, um solitário cientista que precisa se comunicar com uma equipe de astronautas que estão em uma missão no espaço e assim impedir que eles retornem para a Terra em meio a uma misteriosa catástrofe ambiental que praticamente dizimou a humanidade. Confira o trailer:
"O Céu da Meia-Noite" é um ótimo entretenimento, mas certamente vai dividir opiniões. Veja, o filme tem cenas de ação que criam aquele senso de urgência, mas também se apoia muito no sentimentalismo e na necessidade de passar uma mensagem de esperança, que, na minha opinião, pareceu sem tanta profundidade e o propósito (até filosófico) de "Interestelar". O que eu quero dizer é que a própria dinâmica narrativa impediu um aprofundamento maior nos dramas de vários personagens (e muitos deles são completamente dispensáveis), já que a história é contada a partir de dois grandes arcos principais: o de Augustine na Terra e o de Sully (Felicity Jones), junto com os astronautas, no espaço - é muita coisa para apenas duas horas de filme! Embora o roteiro use alguns atalhos para minimizar esse problema e nos provocar uma certa empatia com os personagens (alguns vão chamar de "clichês"), faltou tempo de tela para que essa identificação justificasse nossa paixão, nossa torcida.
Tecnicamente o filme tem grandes momentos, conceitos visuais muito bacanas (e outros nem tanto). A ótima trilha sonora ajuda a pontuar nossas emoções que vão nos acompanhar durante todo filme e que, facilmente, nos ajuda encontrar seu ápice no final - o que é ótimo, mas nos dá até a sensação de que o filme é muito melhor do que ele realmente é! Mas é inegável: nos emocionamos sim e ficamos satisfeitos com o filme! É isso que importa!
Vale seu play, mas não espere todas as repostas, o "caos" que acompanhamos é apenas o pano de fundo para refletirmos sobre algumas escolhas e suas consequências!
"O Mar da Tranquilidade" é uma excelente série de ficção científica, mas é preciso que se diga: embora dinâmica, não serão as ótimas cenas de ação que vão fazer a diferença na sua experiência! Aqui, o foco está na construção de uma história potente, na busca por respostas e, principalmente, na relação humana sob diversos olhares - mas uma coisa eu garanto, embora com um certo lirismo, toda essa estrutura narrativa está apoiada em um impactante conceito visual com efeitos muito bacanas.
Em um planeta Terra do futuro que sofre uma terrível crise hídrica, a série (que tranquilamente poderia ser uma minissérie) acompanha a cientista e astrobióloga, Song Ji-an (Bae Doona de "Sense8"), que decide se juntar a uma importante missão para recuperar misteriosas amostras de uma substância em uma estação espacial na Lua. Porém, algum tempo antes, um trágico acidente aconteceu na estação, matando todos os astronautas que estavam lá, incluindo sua irmã. Agora esse novo grupo precisará descobrir o que aconteceu e talvez enfrentar uma perigosa ameaça. Confira o trailer:
Mar da Tranquilidade é uma região na lua, onde o Módulo Lunar Eagle, da Apollo 11, pousou em 1969 - e é justamente nesse local que se encontra uma enorme Estação de Pesquisa Lunar chamada "Balhae" e onde se desenvolve grande parte da história dessa produção sul coreana surpreendente. Apoiada em uma construção cênica sensacional, que mais parece um labirinto claustrofóbico do que um laboratório de pesquisa, o roteiro da série é muito inteligente em trabalhar, dentro da ficção científica, elementos que misturam suspense e conspiração política.
É inegável que muitas das cenas, e até pelo clima de tensão construído pelo diretor estreante Choi Hang-Yong, nos fazem lembrar os bons tempos de "Alien, o Oitavo Passageiro" de Ridley Scott. Ao mesmo tempo que a narrativa vai nos entregando as peças de um enorme quebra-cabeça e as relações entre os personagens vão se estabelecendo, existe um certo tom de urgência e de mistério que nos move episódio por episódio - a edição é um primor! Mas não é só isso, Hang-Yong também se apropria das dores mais intimas dos seus personagens e, pouco a pouco, vai justificando suas atitudes a partir das memórias mais marcantes de cada um - e desfecho do capitão Han (Gong Yoo de "Round 6") é um ótimo exemplo.
Baseado em um curta-metragem homônimo do próprio Choi Hang-Yong, "O Mar da Tranquilidade" sabe trabalhar os símbolos de esperança (ao melhor estilo "Armagedom"), indicando que com inteligência, estudo e amor é possível almejar uma continuidade improvável diante de uma paisagem pós-apocalíptica (como em "O Céu da Meia-Noite") mesmo com muitos seres-humanos, mais uma vez, pensando só em si (como em "Passageiro Acidental").
Se você gosta de uma ficção científica raiz ao melhor estilo "Enigma de Andromeda", com uma história muito boa e uma produção incrível, pode dar o play sem medo!
"O Mar da Tranquilidade" é uma excelente série de ficção científica, mas é preciso que se diga: embora dinâmica, não serão as ótimas cenas de ação que vão fazer a diferença na sua experiência! Aqui, o foco está na construção de uma história potente, na busca por respostas e, principalmente, na relação humana sob diversos olhares - mas uma coisa eu garanto, embora com um certo lirismo, toda essa estrutura narrativa está apoiada em um impactante conceito visual com efeitos muito bacanas.
Em um planeta Terra do futuro que sofre uma terrível crise hídrica, a série (que tranquilamente poderia ser uma minissérie) acompanha a cientista e astrobióloga, Song Ji-an (Bae Doona de "Sense8"), que decide se juntar a uma importante missão para recuperar misteriosas amostras de uma substância em uma estação espacial na Lua. Porém, algum tempo antes, um trágico acidente aconteceu na estação, matando todos os astronautas que estavam lá, incluindo sua irmã. Agora esse novo grupo precisará descobrir o que aconteceu e talvez enfrentar uma perigosa ameaça. Confira o trailer:
Mar da Tranquilidade é uma região na lua, onde o Módulo Lunar Eagle, da Apollo 11, pousou em 1969 - e é justamente nesse local que se encontra uma enorme Estação de Pesquisa Lunar chamada "Balhae" e onde se desenvolve grande parte da história dessa produção sul coreana surpreendente. Apoiada em uma construção cênica sensacional, que mais parece um labirinto claustrofóbico do que um laboratório de pesquisa, o roteiro da série é muito inteligente em trabalhar, dentro da ficção científica, elementos que misturam suspense e conspiração política.
É inegável que muitas das cenas, e até pelo clima de tensão construído pelo diretor estreante Choi Hang-Yong, nos fazem lembrar os bons tempos de "Alien, o Oitavo Passageiro" de Ridley Scott. Ao mesmo tempo que a narrativa vai nos entregando as peças de um enorme quebra-cabeça e as relações entre os personagens vão se estabelecendo, existe um certo tom de urgência e de mistério que nos move episódio por episódio - a edição é um primor! Mas não é só isso, Hang-Yong também se apropria das dores mais intimas dos seus personagens e, pouco a pouco, vai justificando suas atitudes a partir das memórias mais marcantes de cada um - e desfecho do capitão Han (Gong Yoo de "Round 6") é um ótimo exemplo.
Baseado em um curta-metragem homônimo do próprio Choi Hang-Yong, "O Mar da Tranquilidade" sabe trabalhar os símbolos de esperança (ao melhor estilo "Armagedom"), indicando que com inteligência, estudo e amor é possível almejar uma continuidade improvável diante de uma paisagem pós-apocalíptica (como em "O Céu da Meia-Noite") mesmo com muitos seres-humanos, mais uma vez, pensando só em si (como em "Passageiro Acidental").
Se você gosta de uma ficção científica raiz ao melhor estilo "Enigma de Andromeda", com uma história muito boa e uma produção incrível, pode dar o play sem medo!
"O Problema dos 3 Corpos" é uma mistura de "Contato", "A Chegada" e até de "V" (aquela do SBT mesmo, dos extraterrestres lagartos e tal). Lançada em 2024 pela Netflix, essa série é uma adaptação ambiciosa da aclamada trilogia de ficção científica escrita por Cixin Liu e desenvolvida por nada menos que David Benioff e D. B. Weiss (de "Game of Thrones") e pelo Alexander Woo (de "True Blood"). Com um nível de produção bastante requintado, essa adaptação busca capturar a complexidade e a profundidade do material original, trazendo uma narrativa densa e intelectualmente estimulante para as telas, explorando os meandros da ciência, da filosofia, da humanidade e do mistério com muito equilíbrio e sem esquecer do entretenimento. E oha, que entretenimento bom!
A trama de "O Problema dos 3 Corpos" gira em torno da descoberta da existência de uma civilização alienígena em um sistema estelar triplamente complexo, que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade em algum momento do futuro. A série alterna entre o passado e o presente, começando com os eventos da Revolução Cultural Chinesa e progredindo até os dias de hoje onde cientistas enfrentam a possibilidade de um invasão extraterrestre. Confira o trailer:
Benioff e Weiss, juntamente com Woo, trazem sua experiência em criar narrativas épicas para uma ficção científica que vai construindo camadas, de fato, envolventes. Desde o primeiro episódio, o que vemos é a essência filosófica e científica do romance de Liu, adaptada em uma história dinâmica e provocadora. O roteiro é denso e exige atenção pela falta de linearidade temporal e por carregar na sua gênese temas menos usuais para a audiência, por outro lado é recompensador para os apreciadores do gênero todo esse desafio intelectual e, principalmente, essa provocação sobre uma percepção de mundo cheia de simbolismos. A direção de Minkie Spiro (de "Fosse/Verdon") e dos outros diretores envolvidos no projeto, é eficaz ao capturar a grandiosidade do universo original com maestria - se há alguns anos essa adaptação parecia impossível, posso dizer que a cinematografia aplicada em "O Problema dos 3 Corpos" é realmente impressionante - com uma paleta de cores rica e efeitos visuais de alta qualidade, a direção foi capaz de criar cenários visualmente deslumbrantes. As sequências que retratam o sistema estelar triplamente complexo pela perspectiva de um jogo de video-game são particularmente notáveis, oferecendo uma sensação de maravilha pelo visual e de perigo iminente pela narrativa. Incrível!
A série também se destaca por performances convincentes de seu elenco realmente talentoso. Zine Tseng no passado e Rosalind Chao no presente, entregam uma jornada poderosa e emotiva para Ye Wenjie, capturando a dor e a determinação de uma mulher que testemunhou tragédias inimagináveis e que busca respostas em meio ao caos. já Eiza González (como Auggie Salazar), Jess Hong (como Jin Cheng) e Jovan Adepo (como Saul Durand) trazem uma mistura de curiosidade intelectual e vulnerabilidade emocional, tornando seus personagens cativantes em suas dinâmicas de amizade. Benedict Wong e Jonathan Pryce também merecem elogios por entregar atuações sólidas que ajudam a ancorar a narrativa em uma realidade que passa a ser palpável graças a eles - a cena em que Pryce tenta explicar sobre a mentira a partir de um conto de fadas para alguém que é literal é simplesmente sensacional.
É inegável que "O Problema dos 3 Corpos" carrega o peso de sua profundidade como narrativa e de sua densidade vinda do material original - não é uma série fácil de acompanhar e isso pode afastar aqueles que buscam só um entretenimento banal. Aqui, nada é banal - o que vemos na tela é realmente algo ambicioso e estimulante, uma história que oferece uma visão fascinante de um dos romances de ficção científica mais influentes dos últimos tempos e que, com um conceito visual estilizado e sua narrativa desafiadora, nos faz pensar com mais cuidado sobre a ciência e a existência humana através do tempo e do espaço. Simples, não?
Um golaço da Netflix que pede o seu play!
"O Problema dos 3 Corpos" é uma mistura de "Contato", "A Chegada" e até de "V" (aquela do SBT mesmo, dos extraterrestres lagartos e tal). Lançada em 2024 pela Netflix, essa série é uma adaptação ambiciosa da aclamada trilogia de ficção científica escrita por Cixin Liu e desenvolvida por nada menos que David Benioff e D. B. Weiss (de "Game of Thrones") e pelo Alexander Woo (de "True Blood"). Com um nível de produção bastante requintado, essa adaptação busca capturar a complexidade e a profundidade do material original, trazendo uma narrativa densa e intelectualmente estimulante para as telas, explorando os meandros da ciência, da filosofia, da humanidade e do mistério com muito equilíbrio e sem esquecer do entretenimento. E oha, que entretenimento bom!
A trama de "O Problema dos 3 Corpos" gira em torno da descoberta da existência de uma civilização alienígena em um sistema estelar triplamente complexo, que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade em algum momento do futuro. A série alterna entre o passado e o presente, começando com os eventos da Revolução Cultural Chinesa e progredindo até os dias de hoje onde cientistas enfrentam a possibilidade de um invasão extraterrestre. Confira o trailer:
Benioff e Weiss, juntamente com Woo, trazem sua experiência em criar narrativas épicas para uma ficção científica que vai construindo camadas, de fato, envolventes. Desde o primeiro episódio, o que vemos é a essência filosófica e científica do romance de Liu, adaptada em uma história dinâmica e provocadora. O roteiro é denso e exige atenção pela falta de linearidade temporal e por carregar na sua gênese temas menos usuais para a audiência, por outro lado é recompensador para os apreciadores do gênero todo esse desafio intelectual e, principalmente, essa provocação sobre uma percepção de mundo cheia de simbolismos. A direção de Minkie Spiro (de "Fosse/Verdon") e dos outros diretores envolvidos no projeto, é eficaz ao capturar a grandiosidade do universo original com maestria - se há alguns anos essa adaptação parecia impossível, posso dizer que a cinematografia aplicada em "O Problema dos 3 Corpos" é realmente impressionante - com uma paleta de cores rica e efeitos visuais de alta qualidade, a direção foi capaz de criar cenários visualmente deslumbrantes. As sequências que retratam o sistema estelar triplamente complexo pela perspectiva de um jogo de video-game são particularmente notáveis, oferecendo uma sensação de maravilha pelo visual e de perigo iminente pela narrativa. Incrível!
A série também se destaca por performances convincentes de seu elenco realmente talentoso. Zine Tseng no passado e Rosalind Chao no presente, entregam uma jornada poderosa e emotiva para Ye Wenjie, capturando a dor e a determinação de uma mulher que testemunhou tragédias inimagináveis e que busca respostas em meio ao caos. já Eiza González (como Auggie Salazar), Jess Hong (como Jin Cheng) e Jovan Adepo (como Saul Durand) trazem uma mistura de curiosidade intelectual e vulnerabilidade emocional, tornando seus personagens cativantes em suas dinâmicas de amizade. Benedict Wong e Jonathan Pryce também merecem elogios por entregar atuações sólidas que ajudam a ancorar a narrativa em uma realidade que passa a ser palpável graças a eles - a cena em que Pryce tenta explicar sobre a mentira a partir de um conto de fadas para alguém que é literal é simplesmente sensacional.
É inegável que "O Problema dos 3 Corpos" carrega o peso de sua profundidade como narrativa e de sua densidade vinda do material original - não é uma série fácil de acompanhar e isso pode afastar aqueles que buscam só um entretenimento banal. Aqui, nada é banal - o que vemos na tela é realmente algo ambicioso e estimulante, uma história que oferece uma visão fascinante de um dos romances de ficção científica mais influentes dos últimos tempos e que, com um conceito visual estilizado e sua narrativa desafiadora, nos faz pensar com mais cuidado sobre a ciência e a existência humana através do tempo e do espaço. Simples, não?
Um golaço da Netflix que pede o seu play!
Quando assisti o trailer de "Osmosis" minha primeira impressão foi que a série poderia, tranquilamente, ser um episódio (ou um spin-off) de "Black Mirror". Porém, quando você vai assistindo os episódios da primeira temporada, ela vai, pouco a pouco, se afastando de "Black Mirror" e se aproximando de "Sense 8" - tanto no seu conceito narrativo (e em muitos momentos até na sua estrutura, o que pode parecer cansativo para aqueles que preferem mais ação e menos reflexão) quanto nas escolhas estéticas da direção e da fotografia: tudo é mais poético, com planos mais fechados, lentos e câmeras um pouco mais soltas do que normalmente vemos em uma ficção científica. O fato é que "Osmosis" vai agradar alguns, mas muitos vão odiar!
A série francesa é mais uma Original da Netflix e parte da premissa, criada pela Audrey Fouché (do sucesso “Les Revenants”), de que uma nova tecnologia é capaz de decodificar algumas informações químicas do nosso corpo, identificando assim quem seria nossa alma gêmea. Para isso, a empresa detentora dessa tecnologia, recruta algumas pessoas para testar esse aplicativo e é aí que o projeto começa desandar, afinal a própria motivação dos irmãos que comandam a empresa são diferentes e conflitantes. Uma pergunta feita por uma personagem bem interessante, no episódio 3 (se não me engano), define bem as discussões que a série traz e que em muitos momentos derrapa em seu desenvolvimento pela superficialidade: "Seres humanos suportam um estado de felicidade permanente?"
Encontrar sua alma gêmea é ter a certeza de uma vida amorosa feliz, certo? Errado, porque as pessoas se relacionam com os sentimentos de formas completamente diferentes uma das outras! Essa camada é o ponto alto da série, mas, já adianto, é preciso uma boa dose de reflexão e de boa vontade para compreender coisas que o roteiro simplesmente parece ignorar (ou pelo menos aposta que deixar subentendido é o suficiente)! Os personagens são excelentes, mas ficaram na zona de conforto nessa 1ª temporada e nisso "Sense 8" dá de 10 a zero! As subtramas são fracas, especialmente a da protagonista Esther (Agathe Bonitzer) que quer usar a tecnologia que criou para salvar a vida da mãe que está em coma - tudo isso sem uma explicação plausível (pelo menos até agora) de como a finalidade do aplicativo pode servir para outra tão diferente - a série apenas cita o fato dela ter salvado o irmão de uma condição parecida, mas também sem muita coerência de fatos.
Eu pessoalmente gostei da série, mesmo com essas falhas narrativas. Achei a produção excelente, com uma fotografia linda e uma construção de futuro inteligente, pois usa dos detalhes (e um orçamento modesto) para nos ambientar, sem precisar de maiores intervenções de cenários em CG (que normalmente soam tão fakes) como em 3%, por exemplo. A direção também é muito bacana, autoral, delicada, poética! Os atores são mais inconstantes, as vezes internalizam uma situação chave muito bem, outras vezes saem completamente fora tom se apoiando em esteriótipos que escancaram a canastrice!
Bom, se você gostou de "Sense 8" é mais provável que você se identifique com "Osmosis". De "Black Mirror" você só vai encontrar uma lembrança distante "Hang the DJ"!!! Vale dar uma chance...
Quando assisti o trailer de "Osmosis" minha primeira impressão foi que a série poderia, tranquilamente, ser um episódio (ou um spin-off) de "Black Mirror". Porém, quando você vai assistindo os episódios da primeira temporada, ela vai, pouco a pouco, se afastando de "Black Mirror" e se aproximando de "Sense 8" - tanto no seu conceito narrativo (e em muitos momentos até na sua estrutura, o que pode parecer cansativo para aqueles que preferem mais ação e menos reflexão) quanto nas escolhas estéticas da direção e da fotografia: tudo é mais poético, com planos mais fechados, lentos e câmeras um pouco mais soltas do que normalmente vemos em uma ficção científica. O fato é que "Osmosis" vai agradar alguns, mas muitos vão odiar!
A série francesa é mais uma Original da Netflix e parte da premissa, criada pela Audrey Fouché (do sucesso “Les Revenants”), de que uma nova tecnologia é capaz de decodificar algumas informações químicas do nosso corpo, identificando assim quem seria nossa alma gêmea. Para isso, a empresa detentora dessa tecnologia, recruta algumas pessoas para testar esse aplicativo e é aí que o projeto começa desandar, afinal a própria motivação dos irmãos que comandam a empresa são diferentes e conflitantes. Uma pergunta feita por uma personagem bem interessante, no episódio 3 (se não me engano), define bem as discussões que a série traz e que em muitos momentos derrapa em seu desenvolvimento pela superficialidade: "Seres humanos suportam um estado de felicidade permanente?"
Encontrar sua alma gêmea é ter a certeza de uma vida amorosa feliz, certo? Errado, porque as pessoas se relacionam com os sentimentos de formas completamente diferentes uma das outras! Essa camada é o ponto alto da série, mas, já adianto, é preciso uma boa dose de reflexão e de boa vontade para compreender coisas que o roteiro simplesmente parece ignorar (ou pelo menos aposta que deixar subentendido é o suficiente)! Os personagens são excelentes, mas ficaram na zona de conforto nessa 1ª temporada e nisso "Sense 8" dá de 10 a zero! As subtramas são fracas, especialmente a da protagonista Esther (Agathe Bonitzer) que quer usar a tecnologia que criou para salvar a vida da mãe que está em coma - tudo isso sem uma explicação plausível (pelo menos até agora) de como a finalidade do aplicativo pode servir para outra tão diferente - a série apenas cita o fato dela ter salvado o irmão de uma condição parecida, mas também sem muita coerência de fatos.
Eu pessoalmente gostei da série, mesmo com essas falhas narrativas. Achei a produção excelente, com uma fotografia linda e uma construção de futuro inteligente, pois usa dos detalhes (e um orçamento modesto) para nos ambientar, sem precisar de maiores intervenções de cenários em CG (que normalmente soam tão fakes) como em 3%, por exemplo. A direção também é muito bacana, autoral, delicada, poética! Os atores são mais inconstantes, as vezes internalizam uma situação chave muito bem, outras vezes saem completamente fora tom se apoiando em esteriótipos que escancaram a canastrice!
Bom, se você gostou de "Sense 8" é mais provável que você se identifique com "Osmosis". De "Black Mirror" você só vai encontrar uma lembrança distante "Hang the DJ"!!! Vale dar uma chance...
"Oxigênio" segue o conceito narrativo de "Náufrago", filme lançado em 2000 com Tom Hanks. Mas calma, os ajustes entre gênero e modernidade, na minha opinião, funcionam muito melhor nessa ficção científica francesa da Netflix do diretor Alexandre Aja do que no filme do Robert Zemeckis . Veja, em pouco mais de 90 minutos acompanhamos uma única atriz, em um único cenário, atuando com uma voz sintetizada, ou seja, troque o ótimo trabalho de Tom Hanks pela igualmente competente Mélanie Laurent, uma ilha deserta por uma claustrofóbica câmara criogênica e o Wilson pela inteligência artificial, MILO (com um ótimo trabalho de voz de Mathieu Amalric) - e não acabou, adicione uma ambientação marcante cheia de mistério e incertezas, e a angústia da corrida contra o tempo na busca pela sobrevivência!
"Oxygène" (no original) conta a história de Elisabeth Hansen (Laurent), que acorda envolta de uma espécie de casulo em uma câmara criogênica. Ela retoma a consciência com dificuldade para lembrar o seu passado, sem entender como funciona a cápsula que se encontra trancada e ainda precisa correr contra o tempo para viver, afinal um monitor apresenta um limite de 35% de oxigênio disponível. A sensação de claustrofobia e o desespero a deixam confusa, sem saber o que é realidade e o que é uma memória falsa. No limite da sua sanidade, ela tenta entender o que está acontecendo, mas, principalmente, encontrar uma saída com vida. Confira o trailer:
Obviamente que dois elementos saltam aos olhos de cara: a capacidade de Mélanie Laurent carregar o filme praticamente sozinha sem contracenar com ninguém (nem com uma bola) e o roteiro inteligente e dinâmico da estreante Christie LeBlanc. É impressionante como não sentimos o tempo passar e como todos os melhores recursos de suspense e mistério funcionam em torno da história, conforme Elisabeth vai descobrindo cada novo dispositivo na câmara e como as pistas sobre como ela foi parar ali vão sendo apresentadas - aqui cabem duas ótimas referências: "Calls" e "A Chegada".
O trabalho do diretor Alexandre Aja merece elogios, afinal, mesmo preso em suas próprias limitações cênicas, ele consegue desenvolver uma movimentação de câmera bastante criativa, flutuando pelo espaço reduzido e criando momentos de alívios narrativos - que acaba trazendo uma sensação de "respiro", mas que imediatamente é diluída com a tensão limitadora da falta de oxigênio - aí ele usa e abusa das lentes mais fechadas, focando no rosto da protagonista para demonstrar suas reações perante essa situação. Reparem como a câmera, de fato, está ali para contar a história apoiada apenas em sensações que o diretor quer nos provocar! A fotografia, a base de leds e cirurgicamente azulada, do diretor Maxime Alexandre lembra muito o genial trabalho do Dion Beebe e do Paul Cameron em "Colateral".
“Oxigênio” transita entre o surpreendente e o óbvio, mas é inegável como tantos "pontos de virada" entregam um excelente ritmo ao filme. Veja, ele pode até começar com pegada claramente minimalista, mas não necessariamente terminará assim - na forma e no conteúdo. Minha única crítica diz respeito a última cena: completamente dispensável, mas aqui é uma opinião muito pessoal - sem impacto algum na ótima experiência que é assistir “Oxigênio”.
Embora seja uma ficção científica de qualidade, seus elementos de suspense psicológico só colaboram para que o roteiro e a performance da protagonista brilhem! Vale muito seu play por todos esses motivos e se você gostar do gênero!
"Oxigênio" segue o conceito narrativo de "Náufrago", filme lançado em 2000 com Tom Hanks. Mas calma, os ajustes entre gênero e modernidade, na minha opinião, funcionam muito melhor nessa ficção científica francesa da Netflix do diretor Alexandre Aja do que no filme do Robert Zemeckis . Veja, em pouco mais de 90 minutos acompanhamos uma única atriz, em um único cenário, atuando com uma voz sintetizada, ou seja, troque o ótimo trabalho de Tom Hanks pela igualmente competente Mélanie Laurent, uma ilha deserta por uma claustrofóbica câmara criogênica e o Wilson pela inteligência artificial, MILO (com um ótimo trabalho de voz de Mathieu Amalric) - e não acabou, adicione uma ambientação marcante cheia de mistério e incertezas, e a angústia da corrida contra o tempo na busca pela sobrevivência!
"Oxygène" (no original) conta a história de Elisabeth Hansen (Laurent), que acorda envolta de uma espécie de casulo em uma câmara criogênica. Ela retoma a consciência com dificuldade para lembrar o seu passado, sem entender como funciona a cápsula que se encontra trancada e ainda precisa correr contra o tempo para viver, afinal um monitor apresenta um limite de 35% de oxigênio disponível. A sensação de claustrofobia e o desespero a deixam confusa, sem saber o que é realidade e o que é uma memória falsa. No limite da sua sanidade, ela tenta entender o que está acontecendo, mas, principalmente, encontrar uma saída com vida. Confira o trailer:
Obviamente que dois elementos saltam aos olhos de cara: a capacidade de Mélanie Laurent carregar o filme praticamente sozinha sem contracenar com ninguém (nem com uma bola) e o roteiro inteligente e dinâmico da estreante Christie LeBlanc. É impressionante como não sentimos o tempo passar e como todos os melhores recursos de suspense e mistério funcionam em torno da história, conforme Elisabeth vai descobrindo cada novo dispositivo na câmara e como as pistas sobre como ela foi parar ali vão sendo apresentadas - aqui cabem duas ótimas referências: "Calls" e "A Chegada".
O trabalho do diretor Alexandre Aja merece elogios, afinal, mesmo preso em suas próprias limitações cênicas, ele consegue desenvolver uma movimentação de câmera bastante criativa, flutuando pelo espaço reduzido e criando momentos de alívios narrativos - que acaba trazendo uma sensação de "respiro", mas que imediatamente é diluída com a tensão limitadora da falta de oxigênio - aí ele usa e abusa das lentes mais fechadas, focando no rosto da protagonista para demonstrar suas reações perante essa situação. Reparem como a câmera, de fato, está ali para contar a história apoiada apenas em sensações que o diretor quer nos provocar! A fotografia, a base de leds e cirurgicamente azulada, do diretor Maxime Alexandre lembra muito o genial trabalho do Dion Beebe e do Paul Cameron em "Colateral".
“Oxigênio” transita entre o surpreendente e o óbvio, mas é inegável como tantos "pontos de virada" entregam um excelente ritmo ao filme. Veja, ele pode até começar com pegada claramente minimalista, mas não necessariamente terminará assim - na forma e no conteúdo. Minha única crítica diz respeito a última cena: completamente dispensável, mas aqui é uma opinião muito pessoal - sem impacto algum na ótima experiência que é assistir “Oxigênio”.
Embora seja uma ficção científica de qualidade, seus elementos de suspense psicológico só colaboram para que o roteiro e a performance da protagonista brilhem! Vale muito seu play por todos esses motivos e se você gostar do gênero!
"Paraíso" é um filme alemão lançado pela Netflix que chegou quietinho, mas que rapidamente se tornou bastante popular entre os assinantes ao redor do mundo. Combinando elementos de drama, suspense e, principalmente, ficção científica, bem ao estilo "Black Mirror", a série oferece uma visão muito particular sobre uma sociedade onde alguns avanços tecnológicos subvertem a forma como nos relacionamos com a vida finita do ser-humano. Sempre se apoiando em temas complexos que vão desde os problemas de distribuição de renda e os reflexos do capitalismo descontrolado até a questão dos refugiados na Europa, o filme dirigido pelo trio de novatos Boris Kunz, Tomas Jonsgården e Indre Juskute, acerta em cheio ao levar a expressão "tempo é dinheiro" para outro patamar, no entanto, e é preciso que se diga, a ansiedade em tratar tantos temas acaba prejudicando (um pouco) nossa experiência.
Max (Kostja Ullmann) é um executivo de vendas de uma empresa que fez fortuna ao comprar o tempo de pessoas pobres e vender para os muito ricos. Sim, com uma tecnologia revolucionária a AEON explora as pessoas que precisam mais de dinheiro do que do tempo para viver, para lucrar muito. Tudo vai bem entre ele e a esposa, Elena (Marlene Tanczik), até que o apartamento do casal pega fogo misteriosamente e os dois, completamente falidos, precisam ceder 40 anos da vida dela, para acertar as contas com o banco. Como ver sua esposa envelhecer tanto da noite para o dia parece não ser uma opção, Max inicia uma dura jornada para tentar salvá-la. Confira o trailer (com legendas em inglês):
Sem dúvida que o ponto alto de "Paraíso" está no forma como o roteiro contextualiza esse futuro distópico sem fugir da realidade - pelo menos nas discussões morais que implicam o conceito base da narrativa: o de trocar tempo por dinheiro. Com toda a frieza do já reconhecido cinema alemão, o trio de diretores nos colocam nessa história com certo requinte de crueldade, já que a conexão com os protagonistas é praticamente imediata - mesmo que alguns diálogos do primeiro ato soem muito mais institucionalizados do que naturais. Se em um primeiro momento os protagonistas parecem dois burgueses que não se importam em explorar os mais pobres em troca de uma condição de vida melhor, rapidamente eles se tornam vítimas do próprio sistema que ajudamalimentar (sim, você terá a sensação de ter assistido algo assim em algum momento).
Veja, o fato do protagonista em conflito não ser um herói de nada, cria camadas que poderiam ser melhor desenvolvidas, mas falta tempo (e desculpem o trocadilho)! Se fosse uma série, "Paraíso" certamente cadenciaria mais a narrativa, exploraria a situação de uma maneira mais intima, onde o protagonista, que até então estava em sua bolha, acomodado, a partir de seu trauma invocaria para si um sentido de heroísmo que poderia transforma-lo mesmo com seu passado condenável. Acontece que os 120 minutos do filme jogam contra, pois é preciso acelerar e entre uma cena e outra se perde o potencial da premissa.
Rodado todo na Lituânia o filme sabe equilibrar perfeitamente um ótimo desenho de produção com locações deslumbrantes - meio "Filhos da Esperança" do Alfonso Cuarón. A fotografia do Christian Stangassinger e a trilha sonora do David Reichelt merecem elogios, já que são essenciais para criar toda uma atmosfera distópica extremamente densa. Assim, é realmente uma pena que a história tenha sofrido com o formato já que poderia render algo muito mais impactante. Ao escolher ser uma aventura rápida e sem maiores pretensões, "Paraíso" sai da prateleira da disrupção narrativa dos primeiros anos de "Black Mirror" e entra na do entretenimento puro de "Osmosis" e "The One". Funciona, diverte, mas não marca!
"Paraíso" é um filme alemão lançado pela Netflix que chegou quietinho, mas que rapidamente se tornou bastante popular entre os assinantes ao redor do mundo. Combinando elementos de drama, suspense e, principalmente, ficção científica, bem ao estilo "Black Mirror", a série oferece uma visão muito particular sobre uma sociedade onde alguns avanços tecnológicos subvertem a forma como nos relacionamos com a vida finita do ser-humano. Sempre se apoiando em temas complexos que vão desde os problemas de distribuição de renda e os reflexos do capitalismo descontrolado até a questão dos refugiados na Europa, o filme dirigido pelo trio de novatos Boris Kunz, Tomas Jonsgården e Indre Juskute, acerta em cheio ao levar a expressão "tempo é dinheiro" para outro patamar, no entanto, e é preciso que se diga, a ansiedade em tratar tantos temas acaba prejudicando (um pouco) nossa experiência.
Max (Kostja Ullmann) é um executivo de vendas de uma empresa que fez fortuna ao comprar o tempo de pessoas pobres e vender para os muito ricos. Sim, com uma tecnologia revolucionária a AEON explora as pessoas que precisam mais de dinheiro do que do tempo para viver, para lucrar muito. Tudo vai bem entre ele e a esposa, Elena (Marlene Tanczik), até que o apartamento do casal pega fogo misteriosamente e os dois, completamente falidos, precisam ceder 40 anos da vida dela, para acertar as contas com o banco. Como ver sua esposa envelhecer tanto da noite para o dia parece não ser uma opção, Max inicia uma dura jornada para tentar salvá-la. Confira o trailer (com legendas em inglês):
Sem dúvida que o ponto alto de "Paraíso" está no forma como o roteiro contextualiza esse futuro distópico sem fugir da realidade - pelo menos nas discussões morais que implicam o conceito base da narrativa: o de trocar tempo por dinheiro. Com toda a frieza do já reconhecido cinema alemão, o trio de diretores nos colocam nessa história com certo requinte de crueldade, já que a conexão com os protagonistas é praticamente imediata - mesmo que alguns diálogos do primeiro ato soem muito mais institucionalizados do que naturais. Se em um primeiro momento os protagonistas parecem dois burgueses que não se importam em explorar os mais pobres em troca de uma condição de vida melhor, rapidamente eles se tornam vítimas do próprio sistema que ajudamalimentar (sim, você terá a sensação de ter assistido algo assim em algum momento).
Veja, o fato do protagonista em conflito não ser um herói de nada, cria camadas que poderiam ser melhor desenvolvidas, mas falta tempo (e desculpem o trocadilho)! Se fosse uma série, "Paraíso" certamente cadenciaria mais a narrativa, exploraria a situação de uma maneira mais intima, onde o protagonista, que até então estava em sua bolha, acomodado, a partir de seu trauma invocaria para si um sentido de heroísmo que poderia transforma-lo mesmo com seu passado condenável. Acontece que os 120 minutos do filme jogam contra, pois é preciso acelerar e entre uma cena e outra se perde o potencial da premissa.
Rodado todo na Lituânia o filme sabe equilibrar perfeitamente um ótimo desenho de produção com locações deslumbrantes - meio "Filhos da Esperança" do Alfonso Cuarón. A fotografia do Christian Stangassinger e a trilha sonora do David Reichelt merecem elogios, já que são essenciais para criar toda uma atmosfera distópica extremamente densa. Assim, é realmente uma pena que a história tenha sofrido com o formato já que poderia render algo muito mais impactante. Ao escolher ser uma aventura rápida e sem maiores pretensões, "Paraíso" sai da prateleira da disrupção narrativa dos primeiros anos de "Black Mirror" e entra na do entretenimento puro de "Osmosis" e "The One". Funciona, diverte, mas não marca!
"Passageiro Acidental" é uma excelente surpresa no catálogo da Netflix. Partindo do princípio que o filme chegou sem grandes expectativas e com uma estratégia de marketing bem tímida, fica fácil afirmar que o segundo filme dirigido pelo brasileiro Joe Penna (o primeiro foi o ótimo "Arctic") é um grande acerto da plataforma - o que para uma parcela de seus assinantes vem se tornando cada vez mais raros.
Na história acompanhamos uma talentosa tripulação de três pessoas em uma missão que vai durar dois anos até Marte: a Dra. Zoe Levenson (Anna Kendrick), o cientista David Kim (Daniel Dae Kim) e a comandante Marina Barnett (Toni Collete). No entanto, as coisas ficam complicadas para eles quando um passageiro inesperado, Michael Adams (Shamier Anderson), acidentalmente causa danos irreparáveis à nave. Com os recursos comprometidos e diante de um resultado fatal, a tripulação é obrigada a tomar uma difícil decisão: só existe oxigênio para três pessoas, ou seja, alguém vai ter que perder a vida! Confira o trailer:
Esse é o tipo de filme que vai dividir opiniões, já que sua estrutura narrativa não está linhada com aquele tipo de audiência que chegou ao título pelo gênero e sem saber muito sobre a história. Não será surpresa nenhuma que alguém se decepcione por não se tratar de uma trama cheia de suspense ou até de terror espacial - esquece! "Passageiro Acidental" está mais para "Gravidade" e anos luz de "Alien".
É até compreensível supor que um passageiro misterioso possa ter uma motivação maior para está ali, inclusive, sendo uma ameaça para todos - em muitos momentos do primeiro ato temos a sensação que algo aterrorizante está por vir, porém se lermos atentamente o conceito imposto logo na primeira sequência do filme (que é ótima por sinal) é de se imaginar que a imersão psicológica de estar em um ambiente sem total controle dos personagens, é o que vai pautar essa jornada. Se Penna não tem a experiência (e o orçamento) de Alfonso Cuarón é de se elogiar sua coerência ao transformar uma premissa simples em um experiência social que nos provoca reflexão e julgamentos a todo momento. Lembre-se: pouco importa qual é a verdadeira razão de um passageiro clandestino estar ali, o grande conflito está na luta pela sobrevivência e nos dilemas morais que isso representa!
Como em "Gravidade", temos um roteiro enxuto e uma edição muito competente para criar uma dinâmica consistente para nos prender por pouco mais de 120 minutos. As sequências são eficientes, envolventes e bem articuladas, mas carecia de um cuidado técnico maior, principalmente na fotografia e na composição entre edição de som e mixagem - faltou silêncio ao filme, muitos efeitos foram exagerados e a trilha para pontuar a emoção serviu quase como uma bengala. Não é um problema que atrapalhe a experiência, mas precisa ser pontuado.
"Passageiro Acidental" (ou "Stowaway" no original) é um drama no espaço! O drama na concepção da palavra se encaixa perfeitamente às sensações que temos ao assistir o filme e a escolha do roteiro em nos limitar algumas informações, como quando a comandante Barnett se comunica com a Terra, só colabora para transformar uma jornada que parece morna em algo angustiante e misterioso. Se você não gosta de filmes como "Gravidade" ou que testam os limites morais como "127 horas", por exemplo, não dê o play. Agora se você se identifica com os dilemas por trás de cenas bem construídas, vai tranquilo que sua surpresa está garantida.
Excelente entretenimento!
"Passageiro Acidental" é uma excelente surpresa no catálogo da Netflix. Partindo do princípio que o filme chegou sem grandes expectativas e com uma estratégia de marketing bem tímida, fica fácil afirmar que o segundo filme dirigido pelo brasileiro Joe Penna (o primeiro foi o ótimo "Arctic") é um grande acerto da plataforma - o que para uma parcela de seus assinantes vem se tornando cada vez mais raros.
Na história acompanhamos uma talentosa tripulação de três pessoas em uma missão que vai durar dois anos até Marte: a Dra. Zoe Levenson (Anna Kendrick), o cientista David Kim (Daniel Dae Kim) e a comandante Marina Barnett (Toni Collete). No entanto, as coisas ficam complicadas para eles quando um passageiro inesperado, Michael Adams (Shamier Anderson), acidentalmente causa danos irreparáveis à nave. Com os recursos comprometidos e diante de um resultado fatal, a tripulação é obrigada a tomar uma difícil decisão: só existe oxigênio para três pessoas, ou seja, alguém vai ter que perder a vida! Confira o trailer:
Esse é o tipo de filme que vai dividir opiniões, já que sua estrutura narrativa não está linhada com aquele tipo de audiência que chegou ao título pelo gênero e sem saber muito sobre a história. Não será surpresa nenhuma que alguém se decepcione por não se tratar de uma trama cheia de suspense ou até de terror espacial - esquece! "Passageiro Acidental" está mais para "Gravidade" e anos luz de "Alien".
É até compreensível supor que um passageiro misterioso possa ter uma motivação maior para está ali, inclusive, sendo uma ameaça para todos - em muitos momentos do primeiro ato temos a sensação que algo aterrorizante está por vir, porém se lermos atentamente o conceito imposto logo na primeira sequência do filme (que é ótima por sinal) é de se imaginar que a imersão psicológica de estar em um ambiente sem total controle dos personagens, é o que vai pautar essa jornada. Se Penna não tem a experiência (e o orçamento) de Alfonso Cuarón é de se elogiar sua coerência ao transformar uma premissa simples em um experiência social que nos provoca reflexão e julgamentos a todo momento. Lembre-se: pouco importa qual é a verdadeira razão de um passageiro clandestino estar ali, o grande conflito está na luta pela sobrevivência e nos dilemas morais que isso representa!
Como em "Gravidade", temos um roteiro enxuto e uma edição muito competente para criar uma dinâmica consistente para nos prender por pouco mais de 120 minutos. As sequências são eficientes, envolventes e bem articuladas, mas carecia de um cuidado técnico maior, principalmente na fotografia e na composição entre edição de som e mixagem - faltou silêncio ao filme, muitos efeitos foram exagerados e a trilha para pontuar a emoção serviu quase como uma bengala. Não é um problema que atrapalhe a experiência, mas precisa ser pontuado.
"Passageiro Acidental" (ou "Stowaway" no original) é um drama no espaço! O drama na concepção da palavra se encaixa perfeitamente às sensações que temos ao assistir o filme e a escolha do roteiro em nos limitar algumas informações, como quando a comandante Barnett se comunica com a Terra, só colabora para transformar uma jornada que parece morna em algo angustiante e misterioso. Se você não gosta de filmes como "Gravidade" ou que testam os limites morais como "127 horas", por exemplo, não dê o play. Agora se você se identifica com os dilemas por trás de cenas bem construídas, vai tranquilo que sua surpresa está garantida.
Excelente entretenimento!
Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 - o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.
"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:
Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.
O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!
A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.
"The Creator" (no original) é realmente imperdível!
Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 - o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.
"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:
Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.
O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!
A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.
"The Creator" (no original) é realmente imperdível!
Sabe aquele episódio de "Black Mirror" que daria uma excelente série se fosse desenvolvido com mais calma, com ótimos personagens e ainda um arco cheio de mistério para "Iniciativa Dharma" alguma colocar defeito? Pois é, temos! "Ruptura", nova série da AppleTV+, é uma jóia para quem gosta de um drama bem construído, com elementos de ficção cientifica (com alma!) ao melhor estilo "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", cheio de camadas e muito bem dirigido pela talentosa Aoife McArdle e pelo, acreditem, Ben Stiller - tudo isso baseado na criação de um estreante, o surpreendente Dan Erickson (guardem esse nome)!
Na trama conhecemos a história de alguns funcionários de uma empresa de tecnologia chamada Lumon. Sem muitas explicações, eles aceitam fazer um procedimento chamado de Severance, ou seja, eles separam suas personalidades em duas: uma que representa um funcionário exclusivo da Lumon e outra que é a pessoa que eles realmente são na vida real. O intrigante é que uma versão não sabe da outra, fazendo com que a mesma pessoa, viva em duas realidades distintas. Confira o trailer:
Em tempos pós-pandemia "Ruptura" tem um texto muito inteligente, cheio de críticas à tecnologia e, principalmente, perante nossas dinâmicas através dela. Claramente cheia de alegorias, muito bem colocadas e sempre cercada de muita ironia, o roteiro transforma o cotidiano dos personagens em uma espécie de prisão corporativista, explorando uma rotina exaustiva e completamente alienada que serve como fuga para o "eu" real - curioso como conhecemos muitas pessoas assim, não?
Mark (Adam Scott) resolveu fazer a ruptura para esquecer por 8 horas que sua mulher morreu em um acidente de carro, porém o mistério acompanha todos os outros personagens: seja a chefona durona totalmente non-sense, Harmony (Patricia Arquette), até o funcionário modelo Irving (John Turturro), ou o excêntrico Dylan (Zach Cherry) e a rebelde nova funcionária Holly (Britt Lower) - o elenco é tão incrível que eu já separaria muitos prêmios no próximo Emmy. Isso porque eu nem citei o impagável segurança Milchick (Tramell Tillman).
Outro ponto que merece sua atenção diz respeito ao desenho de produção: o ambiente criado pelo Jeremy Hindle ("A hora mais escura") é genial - uma verdadeira folha em branco, cheia de corredores e totalmente desprovido de vida - o movimento de câmera acompanhando os atores pelos longos corredores dá a exata impressão de que todos são ratos de laboratório num labirinto interminável. Chega a ser claustrofóbico! Aliás a sensação de vazio que o cenário nos passa é impressionante - eu diria que essa configuração visual é tão impactante e importante que pode ser considerado um personagem.
Antes de finalizar, é preciso dizer que "Ruptura" tem uma narrativa bastante cadenciada, o que pode dar a impressão que a história não está indo para lugar algum - esquece, pois tudo (eu disse "tudo") tem uma razão de estar em cena. Todo diálogo é importante. E toda pergunta parece ter uma resposta - os dois últimos episódios dão uma boa ideia de como essa série pode entrar para a história. Sem exageros, "Ruptura" é uma das melhores coisas que assisti em muitos anos - desde o cuidado técnico para nos mergulhar em inúmeras alegorias e mistérios até os subtextos críticos e filosóficos em torno de temas profundamente realistas e atuais.
Vale muito seu play!
Sabe aquele episódio de "Black Mirror" que daria uma excelente série se fosse desenvolvido com mais calma, com ótimos personagens e ainda um arco cheio de mistério para "Iniciativa Dharma" alguma colocar defeito? Pois é, temos! "Ruptura", nova série da AppleTV+, é uma jóia para quem gosta de um drama bem construído, com elementos de ficção cientifica (com alma!) ao melhor estilo "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", cheio de camadas e muito bem dirigido pela talentosa Aoife McArdle e pelo, acreditem, Ben Stiller - tudo isso baseado na criação de um estreante, o surpreendente Dan Erickson (guardem esse nome)!
Na trama conhecemos a história de alguns funcionários de uma empresa de tecnologia chamada Lumon. Sem muitas explicações, eles aceitam fazer um procedimento chamado de Severance, ou seja, eles separam suas personalidades em duas: uma que representa um funcionário exclusivo da Lumon e outra que é a pessoa que eles realmente são na vida real. O intrigante é que uma versão não sabe da outra, fazendo com que a mesma pessoa, viva em duas realidades distintas. Confira o trailer:
Em tempos pós-pandemia "Ruptura" tem um texto muito inteligente, cheio de críticas à tecnologia e, principalmente, perante nossas dinâmicas através dela. Claramente cheia de alegorias, muito bem colocadas e sempre cercada de muita ironia, o roteiro transforma o cotidiano dos personagens em uma espécie de prisão corporativista, explorando uma rotina exaustiva e completamente alienada que serve como fuga para o "eu" real - curioso como conhecemos muitas pessoas assim, não?
Mark (Adam Scott) resolveu fazer a ruptura para esquecer por 8 horas que sua mulher morreu em um acidente de carro, porém o mistério acompanha todos os outros personagens: seja a chefona durona totalmente non-sense, Harmony (Patricia Arquette), até o funcionário modelo Irving (John Turturro), ou o excêntrico Dylan (Zach Cherry) e a rebelde nova funcionária Holly (Britt Lower) - o elenco é tão incrível que eu já separaria muitos prêmios no próximo Emmy. Isso porque eu nem citei o impagável segurança Milchick (Tramell Tillman).
Outro ponto que merece sua atenção diz respeito ao desenho de produção: o ambiente criado pelo Jeremy Hindle ("A hora mais escura") é genial - uma verdadeira folha em branco, cheia de corredores e totalmente desprovido de vida - o movimento de câmera acompanhando os atores pelos longos corredores dá a exata impressão de que todos são ratos de laboratório num labirinto interminável. Chega a ser claustrofóbico! Aliás a sensação de vazio que o cenário nos passa é impressionante - eu diria que essa configuração visual é tão impactante e importante que pode ser considerado um personagem.
Antes de finalizar, é preciso dizer que "Ruptura" tem uma narrativa bastante cadenciada, o que pode dar a impressão que a história não está indo para lugar algum - esquece, pois tudo (eu disse "tudo") tem uma razão de estar em cena. Todo diálogo é importante. E toda pergunta parece ter uma resposta - os dois últimos episódios dão uma boa ideia de como essa série pode entrar para a história. Sem exageros, "Ruptura" é uma das melhores coisas que assisti em muitos anos - desde o cuidado técnico para nos mergulhar em inúmeras alegorias e mistérios até os subtextos críticos e filosóficos em torno de temas profundamente realistas e atuais.
Vale muito seu play!
Vou começar o review de uma forma diferente. Prestem a atenção na história: Um bem sucedido executivo catalão perde sua família em um acidente de carro. Além da dor, a culpa toma conta dele, afinal sua mulher havia se queixado de um problema no carro um dia antes, mas ele não deu a mínima atenção. Com isso vem a depressão e a vontade de acabar com a própria vida, porém no momento do suicídio surge uma mulher e impede que o ato seja consumado! Essa mulher, uma Mestre em astrofísica americana, sabendo que a vida já não importava mais para ele, convida nosso protagonista para participar de uma experiência única! Ela desenvolveu uma tecnologia capaz de abrir portais para os mais diversos universos, ou seja, seria possível ver (e interferir?!) nos rumos da história para entender o que poderia ser diferente se uma ou outra decisão fosse tomada, por ele e por quem o rodeia. Será que o acidente poderia ter sido evitado se ele não tivesse deixado a mulher sair com o carro dela naquele estado? Acontece que nem tudo sai como ele imaginava (claro!!!) e ao perceber que essas outras decisões também teriam suas consequências, o caos se instala na sua vida em diversas dimensões e suas interferências acabam virando uma bola de neve!!! - Nada muito original, mas interessante, não?
Acontece que "Se eu não tivesse te conhecido", produção catalã Original Netflix (de 10 episódios com 50 minutos cada) reuniu tudo o que existe de mais clichê em uma única série - na verdade, é um novelão! O over acting é tão presente em todos os personagens que qualquer possibilidade de imersão naquele realismo fantástico vai para o ralo. O primeiro episódio, sem brincadeira, são 40 minutos de lamentações para justificar uma coisa que seria tão natural: se sentir arrasado e sem esperanças após perder toda sua família em um acidente trágico! Não precisa alimentar esse sentimento mais do que 5 minutos, porque é óbvio que o personagem se sentiria assim, mas não, existe uma necessidade enorme de atingir a audiência com gatilhos emocionais completamente dispensáveis!!! Por exemplo: o desenho de som é terrível, a cada cena surge um violino depressivo tentando te fazer chorar... Eu não estou brincando, acho que a cada 2 minutos tem uma intervenção como essa, sem o menor sentido narrativo porque a história parece não te levar para frente nunca (ou pelo menos demora muito)! A produção também não ajuda, a qualidade oscila muito: as vezes temos planos lindos, com uma bela fotografia, uma qualidade cinematográfica incrível e logo em seguida uma cena que não consegue esconder que foi rodada em estúdio (ou na garagem de casa) - muito, mas muito, mal iluminada! Maquiagem e efeitos especiais dignos de Chapollin Colorado...
Mas tem gente que gosta de um dramalhão, então vamos dar algum crédito: os ganchos entre um episódio e outro são excelentes (por incrível que pareça). Se você estiver disposto a fechar os olhos para a qualidade estética e narrativa da série, por gostar do tema ou do gênero, é bem capaz que você consiga seguir por mais de um episódio. Sério, os ganchos são tão bons que me fizeram assistir 3 episódios seguidos mesmo com todas essas limitações. O problema é que o gancho não se sustenta quando começa o episódio, dois minutos e tudo vai para o lixo de novo, mas aí você se esforça, se permite, vem outro gancho bom e resolve ir para mais um episódio e assim vai feito um ciclo vicioso até que você diz: "Chega!"
Bom, se você gostou de "O Barco", você talvez se interesse pela série. Se você gostou de "Dark", não dê o play em hipótese alguma!!! Enfim, tudo é uma questão de gosto! Assista por conta e risco!!!
Vou começar o review de uma forma diferente. Prestem a atenção na história: Um bem sucedido executivo catalão perde sua família em um acidente de carro. Além da dor, a culpa toma conta dele, afinal sua mulher havia se queixado de um problema no carro um dia antes, mas ele não deu a mínima atenção. Com isso vem a depressão e a vontade de acabar com a própria vida, porém no momento do suicídio surge uma mulher e impede que o ato seja consumado! Essa mulher, uma Mestre em astrofísica americana, sabendo que a vida já não importava mais para ele, convida nosso protagonista para participar de uma experiência única! Ela desenvolveu uma tecnologia capaz de abrir portais para os mais diversos universos, ou seja, seria possível ver (e interferir?!) nos rumos da história para entender o que poderia ser diferente se uma ou outra decisão fosse tomada, por ele e por quem o rodeia. Será que o acidente poderia ter sido evitado se ele não tivesse deixado a mulher sair com o carro dela naquele estado? Acontece que nem tudo sai como ele imaginava (claro!!!) e ao perceber que essas outras decisões também teriam suas consequências, o caos se instala na sua vida em diversas dimensões e suas interferências acabam virando uma bola de neve!!! - Nada muito original, mas interessante, não?
Acontece que "Se eu não tivesse te conhecido", produção catalã Original Netflix (de 10 episódios com 50 minutos cada) reuniu tudo o que existe de mais clichê em uma única série - na verdade, é um novelão! O over acting é tão presente em todos os personagens que qualquer possibilidade de imersão naquele realismo fantástico vai para o ralo. O primeiro episódio, sem brincadeira, são 40 minutos de lamentações para justificar uma coisa que seria tão natural: se sentir arrasado e sem esperanças após perder toda sua família em um acidente trágico! Não precisa alimentar esse sentimento mais do que 5 minutos, porque é óbvio que o personagem se sentiria assim, mas não, existe uma necessidade enorme de atingir a audiência com gatilhos emocionais completamente dispensáveis!!! Por exemplo: o desenho de som é terrível, a cada cena surge um violino depressivo tentando te fazer chorar... Eu não estou brincando, acho que a cada 2 minutos tem uma intervenção como essa, sem o menor sentido narrativo porque a história parece não te levar para frente nunca (ou pelo menos demora muito)! A produção também não ajuda, a qualidade oscila muito: as vezes temos planos lindos, com uma bela fotografia, uma qualidade cinematográfica incrível e logo em seguida uma cena que não consegue esconder que foi rodada em estúdio (ou na garagem de casa) - muito, mas muito, mal iluminada! Maquiagem e efeitos especiais dignos de Chapollin Colorado...
Mas tem gente que gosta de um dramalhão, então vamos dar algum crédito: os ganchos entre um episódio e outro são excelentes (por incrível que pareça). Se você estiver disposto a fechar os olhos para a qualidade estética e narrativa da série, por gostar do tema ou do gênero, é bem capaz que você consiga seguir por mais de um episódio. Sério, os ganchos são tão bons que me fizeram assistir 3 episódios seguidos mesmo com todas essas limitações. O problema é que o gancho não se sustenta quando começa o episódio, dois minutos e tudo vai para o lixo de novo, mas aí você se esforça, se permite, vem outro gancho bom e resolve ir para mais um episódio e assim vai feito um ciclo vicioso até que você diz: "Chega!"
Bom, se você gostou de "O Barco", você talvez se interesse pela série. Se você gostou de "Dark", não dê o play em hipótese alguma!!! Enfim, tudo é uma questão de gosto! Assista por conta e risco!!!