indika.tv - Bom Dia, Verônica
Bom-dia-veronica.jpg

Bom Dia, Verônica

Diretor
José Henrique Fonseca
Elenco
Tainá Müller, Elisa Volpatto, Silvio Guindane
Ano
2020
País
Brasil

Drama netflix ml-investigação ml-serial-killer ml-crime ml-sexo ml-brasil ml-pf

Bom Dia, Verônica

"Bom Dia, Verônica" é uma produção nacional que merece elogios - mesmo exigindo uma enorme abstração da realidade para que a experiência seja de fato imersiva e empolgante. É inegável que o acesso à referências que vão do clássico "Silêncio dos Inocentes" ao sucesso da inglesa "Marcella", dão o tom da narrativa dirigida pelo sempre muito competente José Henrique Fonseca (o mesmo de "Mandrake"), mas calma: ainda existe um longo caminho até soltarmos um "agora sim, isso é bom demais!".

Baseado no romance homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes (que na época de seu lançamento assinavam sob o pseudônimo Andrea Killmore), o que vemos na tela dos oitos episódios da primeira temporada, é certamente muito mais impactante do que o que ouvimos nos diálogos entre os personagens (na minha opinião o ponto fraco da série), mas por outro lado, existe um ritmo que nos envolve de uma maneira muito particular e praticamente nos impede de esquecer de jornada de Verônica até quando nos deparamos com momentos, digamos, menos inspirados. O que eu quero dizer é que a "Bom Dia, Verônica" tem seus problemas, mas não deixa de ser uma excelente pedida para se "maratonar" em um domingo chuvoso.

Verônica Torres (Tainá Müller) trabalha como escrivã na Delegacia de Homicídios de São Paulo e tem uma rotina bastante entediante. Após presenciar um suicídio, ela precisa lutar contra os traumas de seu passado e acaba tomando uma arriscada decisão: usar toda a sua habilidade investigativa para ajudar duas mulheres desconhecidas. A primeira é uma jovem que se vê enganada por um golpista na internet. Já a segunda, Janete (Camila Morgado), é a esposa submissa de Brandão (Eduardo Moscovis), um policial de alta patente que a maltrata e leva uma vida dupla. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que eu vou me basear para essa análise apenas na série da Netflix, pois pelo que pesquisei, o livro é muito mais corajoso que sua adaptação. Talvez, inclusive, seja nessa troca de linguagem que algo importante tenha se perdido: uma unidade narrativa onde cada peça do quebra-cabeça, em algum momento, mostrasse seu valor. Para aqueles acostumados com dramas policiais (especialmente os nórdicos) ou séries de "true crime", alguns plots de "Bom Dia, Verônica" vão parecer frágeis demais, como se servissem apenas de gatilho para algo que facilmente poderia ser resolvido em uma ou outra cena - é o caso da trama inicial, que no primeiro momento soa forte e eficiente, colocando a protagonista em evidência, mas que no fim não passa de uma investigação muito mais preocupada em expor um problema real de violência contra a mulher do que criar camadas que poderiam influenciar no arco maior - tanto que esse plot acaba sendo deixado de lado antes mesmo da metade da temporada.

Quando as atenções parecem se voltar para o casal formado por Janete e Brandão, a série ganha muito no drama e na ação - mérito do elenco, com uma Camila Morgado entregando uma personagem cheia de profundidade, que se aproveita da sua dor mais íntima para questionar sua relação e, principalmente, sua postura perante a vida. Já Moscovis (talvez em seu melhor trabalho na TV) cria um contraponto à dedicação de sua parceira, construindo um personagem tão desprezível quanto amedrontador. Para dar liga, ainda temos Tainá Müller que vai se transformando durante a temporada e ganhando estrutura e consistência para se manter nos holofotes até quando o roteiro insiste em derruba-la: seu drama familiar é muito frágil, por exemplo.

"Bom Dia, Verônica" é uma ótima série e vai te entreter com a mais absoluta certeza. Seus problemas de roteiro pouco impactam em sua proposta de ser um seriado policial sólido. A qualidade técnica e artística é perceptível - o nível da produção é altíssimo. A direção geral de Fonseca dá força aos momentos mais impactantes com uma excelência poucas vezes vista e a fotografia do Flávio Zangrandi (de "Pico da Neblina") acerta na mosca ao conduzir todo suspense com aquela atmosfera meio macabra dos filmes neo noir que nos acostumamos a assistir. Dito isso, fica fácil afirmar que essa produção nacional da Netflix, ainda que não seja perfeita, se arrisca e faz toda a jornada valer muito a pena!

PS: A série terá três temporadas. 

Assista Agora

"Bom Dia, Verônica" é uma produção nacional que merece elogios - mesmo exigindo uma enorme abstração da realidade para que a experiência seja de fato imersiva e empolgante. É inegável que o acesso à referências que vão do clássico "Silêncio dos Inocentes" ao sucesso da inglesa "Marcella", dão o tom da narrativa dirigida pelo sempre muito competente José Henrique Fonseca (o mesmo de "Mandrake"), mas calma: ainda existe um longo caminho até soltarmos um "agora sim, isso é bom demais!".

Baseado no romance homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes (que na época de seu lançamento assinavam sob o pseudônimo Andrea Killmore), o que vemos na tela dos oitos episódios da primeira temporada, é certamente muito mais impactante do que o que ouvimos nos diálogos entre os personagens (na minha opinião o ponto fraco da série), mas por outro lado, existe um ritmo que nos envolve de uma maneira muito particular e praticamente nos impede de esquecer de jornada de Verônica até quando nos deparamos com momentos, digamos, menos inspirados. O que eu quero dizer é que a "Bom Dia, Verônica" tem seus problemas, mas não deixa de ser uma excelente pedida para se "maratonar" em um domingo chuvoso.

Verônica Torres (Tainá Müller) trabalha como escrivã na Delegacia de Homicídios de São Paulo e tem uma rotina bastante entediante. Após presenciar um suicídio, ela precisa lutar contra os traumas de seu passado e acaba tomando uma arriscada decisão: usar toda a sua habilidade investigativa para ajudar duas mulheres desconhecidas. A primeira é uma jovem que se vê enganada por um golpista na internet. Já a segunda, Janete (Camila Morgado), é a esposa submissa de Brandão (Eduardo Moscovis), um policial de alta patente que a maltrata e leva uma vida dupla. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que eu vou me basear para essa análise apenas na série da Netflix, pois pelo que pesquisei, o livro é muito mais corajoso que sua adaptação. Talvez, inclusive, seja nessa troca de linguagem que algo importante tenha se perdido: uma unidade narrativa onde cada peça do quebra-cabeça, em algum momento, mostrasse seu valor. Para aqueles acostumados com dramas policiais (especialmente os nórdicos) ou séries de "true crime", alguns plots de "Bom Dia, Verônica" vão parecer frágeis demais, como se servissem apenas de gatilho para algo que facilmente poderia ser resolvido em uma ou outra cena - é o caso da trama inicial, que no primeiro momento soa forte e eficiente, colocando a protagonista em evidência, mas que no fim não passa de uma investigação muito mais preocupada em expor um problema real de violência contra a mulher do que criar camadas que poderiam influenciar no arco maior - tanto que esse plot acaba sendo deixado de lado antes mesmo da metade da temporada.

Quando as atenções parecem se voltar para o casal formado por Janete e Brandão, a série ganha muito no drama e na ação - mérito do elenco, com uma Camila Morgado entregando uma personagem cheia de profundidade, que se aproveita da sua dor mais íntima para questionar sua relação e, principalmente, sua postura perante a vida. Já Moscovis (talvez em seu melhor trabalho na TV) cria um contraponto à dedicação de sua parceira, construindo um personagem tão desprezível quanto amedrontador. Para dar liga, ainda temos Tainá Müller que vai se transformando durante a temporada e ganhando estrutura e consistência para se manter nos holofotes até quando o roteiro insiste em derruba-la: seu drama familiar é muito frágil, por exemplo.

"Bom Dia, Verônica" é uma ótima série e vai te entreter com a mais absoluta certeza. Seus problemas de roteiro pouco impactam em sua proposta de ser um seriado policial sólido. A qualidade técnica e artística é perceptível - o nível da produção é altíssimo. A direção geral de Fonseca dá força aos momentos mais impactantes com uma excelência poucas vezes vista e a fotografia do Flávio Zangrandi (de "Pico da Neblina") acerta na mosca ao conduzir todo suspense com aquela atmosfera meio macabra dos filmes neo noir que nos acostumamos a assistir. Dito isso, fica fácil afirmar que essa produção nacional da Netflix, ainda que não seja perfeita, se arrisca e faz toda a jornada valer muito a pena!

PS: A série terá três temporadas. 

Assista Agora

Acesse com o Facebook Acesse com o Google

Cookies: a gente guarda estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação, ao continuar navegando você concorda com a nossa Política de Privacidade.