Quando "A Vida em Si" estreou no Brasil, em dezembro de 2018, o filme chegou cheio de expectativas, afinal o seu diretor e roteirista era o Dan Fogelman - nada menos do que a mente criativa por trás do sucesso "This is Us" (e se você ainda não assistiu essa série, não perca tempo, clique no link e seja muito feliz!). Acontece que essa alta expectativa acabou interferindo diretamente na percepção da crítica que, após a première, caiu matando em cima do trabalho de Fogelman! É inegável que o filme tem muitos problemas, mas nem de longe é um filme ruim - eu diria, inclusive, que o filme é bom. Dê uma olhada no trailer antes de continuarmos:
No filme, acompanhamos a história de Abby (Olivia Wilde) e Will (Oscar Isaac), um casal de nova-iorquinos apaixonados e que está prestes a ter um bebê. Contudo, um evento inesperado muda completamente o rumo do casal e de muitos personagens que, de alguma forma, vivenciaram aquela situação. Dividido em 4 atos, o roteiro tenta criar um ponto de intersecção entre Irwin (Mandy Patinkin), Dylan (Olivia Cooke), Saccione (Antonio Banderas), Javier (Sergio Peris-Mencheta), Isabel (Laia Costa) e Rodrigo (Àlex Monner) expondo os reflexos do passado nas consequências do presente - um conceito narrativo, mais ou menos, como "Amores Perros", "Babel", "Crash" e outros inúmeros exemplos, porém, nesse caso, de uma forma mais romantizada, carregada de drama e de, infelizmente, uma falta de identidade - mas isso falaremos mais abaixo!
"A Vida em Si" deve ser assistido com a menor pretensão possível, pois assim a experiência de cada uma das descobertas será essencial para o seu julgamento no final do filme. Embora com um roteiro um pouco desequilibrado, a narrativa tem ótimos momentos e, de fato, sua conclusão é bastante satisfatória. Fica a impressão que Dan Fogelman quis colocar tantos elementos (narrativos e visuais) que ele acabou se perdendo no meio de suas próprias escolhas e referências em algo que poderia ser mais profundo, mesmo que ainda manipulador! Se você gosta do estilo de "This is Us" é bem possível que você vá se identificar e gostar de "A Vida em Si". Por essa similaridade, eu recomendo!
"O quanto a vida pode ser imprevisível" - é a partir dessa premissa que Dan Fogelman começa a desenvolver seu roteiro. Acontece que ao transformar suas palavras em imagens, Fogelman é traído pela sua própria pretensão de entregar um filme inesquecível! De cara, achamos que se trata de uma comédia romântica, sem tanta densidade dramática e com atalhos que pouco me agradam - a participação de Samuel L. Jackson é um ótimo exemplo dessa falta de direção. Pouco a pouco vamos entendendo que a história tem mais verdade para mostrar e que o deslize inicial pode ser esquecido com uma breve citação entre personagens (no caso, a vontade do casal de protagonistas escreverem um roteiro juntos) e tudo bem. É aí que entra um outro atalho (ou mais uma das bengalas de Fogelman): a falta de linearidade da história tão bem trabalhada por ele em "This is Us", fica um pouco capenga aqui, pois vamos do presente para o passado em um piscar de olhos de uma forma que, embora interessante, não se sustenta até o final, pelo simples fato que o diretor não repete ou não assume essa escolha conceitual como uma identidade narrativa própria - esse é o típico pecado de quem é um excelente roteirista e só por isso acredita que será um excepcional diretor!
Existe uma razão para a escolha inteligente de colocar Abby e Will como ponto de partida para um emaranhado de histórias que virão à seguir: tanto Olivia Wilde, quanto Oscar Isaac, vão muito bem na construção desse drama e mostram ter química. A participação de Annette Benning como a Dra Cait Morris é só a cereja do bolo, até que "bum" a história simplesmente acaba - e se fosse um média-metragem, seria incrível! Mas não é; e quando começa a próxima história, sobre a filha de Abby e Will, Dylan (Olivia Cooke), entendemos que será difícil manter o mesmo tom, tanto narrativo quanto visual, que funcionou tão bem depois de o filme se encaixou. É fato que Cooke também merecia um melhor cuidado, mas ok, vamos em frente! Agora já estamos na Espanha, entra em cena Sergio Peris-Mencheta, Laia Costa e Antonio Banderas - novamente com uma história boa, ótimos diálogos e, embora mais previsível, uma trama bacana de assistir! Aqui Dan Fogelman falha novamente como diretor ao não resgatar aquelas escolhas de sua própria gramática cinematográfica e que usou na primeira parte filme, ou seja, temos a impressão que estamos assistindo um outro filme, bom, mas sem conexão ou sem uma unidade conceitual! Quando acaba esse, digamos, segundo ato, precisamos amarrar tudo para finalizar na chegada do terceiro e aí nos damos conta que, embora faça sentido dentro da tese do roteiro, o filme como um todo já perdeu sua força faz tempo! Quando somos apresentados para a narradora fica claro o esforço de recuperar nosso envolvimento, conseguimos mergulhar nas suas palavras, nos emocionamos até, mas não nos identificamos com os personagens - mesmo com um texto e com uma edição competente.
"A Vida em Si" é um bom filme, vale a pena assistir, mas a sensação de que poderia ser inesquecível com um pouco mais de cuidado no roteiro e, principalmente, na direção (mesmo com momentos bastante inspirados em ambos) pode te incomodar. Para mim, soou como entretenimento tranquilo e sem muito apego!
Quando "A Vida em Si" estreou no Brasil, em dezembro de 2018, o filme chegou cheio de expectativas, afinal o seu diretor e roteirista era o Dan Fogelman - nada menos do que a mente criativa por trás do sucesso "This is Us" (e se você ainda não assistiu essa série, não perca tempo, clique no link e seja muito feliz!). Acontece que essa alta expectativa acabou interferindo diretamente na percepção da crítica que, após a première, caiu matando em cima do trabalho de Fogelman! É inegável que o filme tem muitos problemas, mas nem de longe é um filme ruim - eu diria, inclusive, que o filme é bom. Dê uma olhada no trailer antes de continuarmos:
No filme, acompanhamos a história de Abby (Olivia Wilde) e Will (Oscar Isaac), um casal de nova-iorquinos apaixonados e que está prestes a ter um bebê. Contudo, um evento inesperado muda completamente o rumo do casal e de muitos personagens que, de alguma forma, vivenciaram aquela situação. Dividido em 4 atos, o roteiro tenta criar um ponto de intersecção entre Irwin (Mandy Patinkin), Dylan (Olivia Cooke), Saccione (Antonio Banderas), Javier (Sergio Peris-Mencheta), Isabel (Laia Costa) e Rodrigo (Àlex Monner) expondo os reflexos do passado nas consequências do presente - um conceito narrativo, mais ou menos, como "Amores Perros", "Babel", "Crash" e outros inúmeros exemplos, porém, nesse caso, de uma forma mais romantizada, carregada de drama e de, infelizmente, uma falta de identidade - mas isso falaremos mais abaixo!
"A Vida em Si" deve ser assistido com a menor pretensão possível, pois assim a experiência de cada uma das descobertas será essencial para o seu julgamento no final do filme. Embora com um roteiro um pouco desequilibrado, a narrativa tem ótimos momentos e, de fato, sua conclusão é bastante satisfatória. Fica a impressão que Dan Fogelman quis colocar tantos elementos (narrativos e visuais) que ele acabou se perdendo no meio de suas próprias escolhas e referências em algo que poderia ser mais profundo, mesmo que ainda manipulador! Se você gosta do estilo de "This is Us" é bem possível que você vá se identificar e gostar de "A Vida em Si". Por essa similaridade, eu recomendo!
"O quanto a vida pode ser imprevisível" - é a partir dessa premissa que Dan Fogelman começa a desenvolver seu roteiro. Acontece que ao transformar suas palavras em imagens, Fogelman é traído pela sua própria pretensão de entregar um filme inesquecível! De cara, achamos que se trata de uma comédia romântica, sem tanta densidade dramática e com atalhos que pouco me agradam - a participação de Samuel L. Jackson é um ótimo exemplo dessa falta de direção. Pouco a pouco vamos entendendo que a história tem mais verdade para mostrar e que o deslize inicial pode ser esquecido com uma breve citação entre personagens (no caso, a vontade do casal de protagonistas escreverem um roteiro juntos) e tudo bem. É aí que entra um outro atalho (ou mais uma das bengalas de Fogelman): a falta de linearidade da história tão bem trabalhada por ele em "This is Us", fica um pouco capenga aqui, pois vamos do presente para o passado em um piscar de olhos de uma forma que, embora interessante, não se sustenta até o final, pelo simples fato que o diretor não repete ou não assume essa escolha conceitual como uma identidade narrativa própria - esse é o típico pecado de quem é um excelente roteirista e só por isso acredita que será um excepcional diretor!
Existe uma razão para a escolha inteligente de colocar Abby e Will como ponto de partida para um emaranhado de histórias que virão à seguir: tanto Olivia Wilde, quanto Oscar Isaac, vão muito bem na construção desse drama e mostram ter química. A participação de Annette Benning como a Dra Cait Morris é só a cereja do bolo, até que "bum" a história simplesmente acaba - e se fosse um média-metragem, seria incrível! Mas não é; e quando começa a próxima história, sobre a filha de Abby e Will, Dylan (Olivia Cooke), entendemos que será difícil manter o mesmo tom, tanto narrativo quanto visual, que funcionou tão bem depois de o filme se encaixou. É fato que Cooke também merecia um melhor cuidado, mas ok, vamos em frente! Agora já estamos na Espanha, entra em cena Sergio Peris-Mencheta, Laia Costa e Antonio Banderas - novamente com uma história boa, ótimos diálogos e, embora mais previsível, uma trama bacana de assistir! Aqui Dan Fogelman falha novamente como diretor ao não resgatar aquelas escolhas de sua própria gramática cinematográfica e que usou na primeira parte filme, ou seja, temos a impressão que estamos assistindo um outro filme, bom, mas sem conexão ou sem uma unidade conceitual! Quando acaba esse, digamos, segundo ato, precisamos amarrar tudo para finalizar na chegada do terceiro e aí nos damos conta que, embora faça sentido dentro da tese do roteiro, o filme como um todo já perdeu sua força faz tempo! Quando somos apresentados para a narradora fica claro o esforço de recuperar nosso envolvimento, conseguimos mergulhar nas suas palavras, nos emocionamos até, mas não nos identificamos com os personagens - mesmo com um texto e com uma edição competente.
"A Vida em Si" é um bom filme, vale a pena assistir, mas a sensação de que poderia ser inesquecível com um pouco mais de cuidado no roteiro e, principalmente, na direção (mesmo com momentos bastante inspirados em ambos) pode te incomodar. Para mim, soou como entretenimento tranquilo e sem muito apego!
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