A nova leva de episódios do selo "Untold" da Netflix chegou ampliando seu universo de temas sempre relacionados ao esporte. Em "Ascensão e Queda da And1" o que vemos é uma estrutura narrativa que sabe equilibrar perfeitamente seu conceito de "histórias de bastidores" (ou "não contadas" como o próprio título sugere) com um viés de empreendedorismo que se apoia na importância (tão valorizada hoje) da construção de comunidades e de uma comunicação assertiva 100% alinhada com seu nicho de mercado.
Para quem não sabe, a AND1 era uma marca de roupas e calçados esportivos que popularizou o Streetball (aquele jogo de basquete que mistura esporte, entretenimento performático e hiphop ao melhor estilo Harlem Globetrotters) mundo afora, inovando na forma como se comunicava com seu publico-alvo - foram eles os precursores de uma estratégia viral de vídeos "insanos" em uma época pré-internet. Confira o trailer (em inglês):
Em mais um estudo de caso digno de um MBA de Gestão e Marketing, “Untold: Ascensão e Queda da AND1” retrata a jornada de três amigos da faculdade Wharton School que sonhavam em ser astros da NBA, mas que resolveram empreender de uma forma onde fosse possível unir um negócio com a arte do streetball. Em uma época onde a NIKE era sinônimo de basquete graças ao seu maior trunfo midiático (e esportivo), Michael Jordan, a AND1 acabou encontrando um nicho específico (e muito rentável) que, de fato, abalou a indústria bilionária de produtos esportivos a partir do inicio dos anos 90.
Dirigido pelo talentoso Kevin Wilson Jr. (indicado ao Oscar pelo seu curta-metragem "My Nephew Emmett", em 2017), esse episódio de "Untold" chama atenção ao desenvolver uma linha do tempo que deixa muito claro a importância de se comunicar com o público especifico dentro de um contexto que faz todo sentido para ambos. Se a NIKE tinha Jordan e seus produtos na NBA, faria sentido entrar nesse embate com ínfimos recursos em relação ao seu competidor? Para Jay Coen Gilbert, Seth Berger e Tom Austin, sim, mas o destino resolveu ajustar a rota dessa aposta e foi aí que entraram em cena nomes como "The Professor", "Hot Sauce", "Skip 2 My Lou", "The Main Event", Shane "the Dribble Machine", entre outros - todos astros do basquete de rua.
"Ascensão e Queda da And1" foi muito feliz em mostrar o outro lado do esporte, sem perder sua essência de se aprofundar no fator humano - nesse caso, elemento primordial e decisivo para o sucesso da marca como negócio e no "fracasso" dos esportistas que, de uma forma muito importante, fizeram parte dessa disrupção. Partindo do principio de mostrar sempre um lado da história menos, digamos, glamoroso, a série eleva ainda mais o sucesso de critica e público que foi seu volume 1. Então se você já assistiu algum episódio de "Untold" e gostou, pode se preparar porque a Netflix quer elevar sua experiência e pelo que vi até aqui, vai conseguir!
Vale muito seu play!
A nova leva de episódios do selo "Untold" da Netflix chegou ampliando seu universo de temas sempre relacionados ao esporte. Em "Ascensão e Queda da And1" o que vemos é uma estrutura narrativa que sabe equilibrar perfeitamente seu conceito de "histórias de bastidores" (ou "não contadas" como o próprio título sugere) com um viés de empreendedorismo que se apoia na importância (tão valorizada hoje) da construção de comunidades e de uma comunicação assertiva 100% alinhada com seu nicho de mercado.
Para quem não sabe, a AND1 era uma marca de roupas e calçados esportivos que popularizou o Streetball (aquele jogo de basquete que mistura esporte, entretenimento performático e hiphop ao melhor estilo Harlem Globetrotters) mundo afora, inovando na forma como se comunicava com seu publico-alvo - foram eles os precursores de uma estratégia viral de vídeos "insanos" em uma época pré-internet. Confira o trailer (em inglês):
Em mais um estudo de caso digno de um MBA de Gestão e Marketing, “Untold: Ascensão e Queda da AND1” retrata a jornada de três amigos da faculdade Wharton School que sonhavam em ser astros da NBA, mas que resolveram empreender de uma forma onde fosse possível unir um negócio com a arte do streetball. Em uma época onde a NIKE era sinônimo de basquete graças ao seu maior trunfo midiático (e esportivo), Michael Jordan, a AND1 acabou encontrando um nicho específico (e muito rentável) que, de fato, abalou a indústria bilionária de produtos esportivos a partir do inicio dos anos 90.
Dirigido pelo talentoso Kevin Wilson Jr. (indicado ao Oscar pelo seu curta-metragem "My Nephew Emmett", em 2017), esse episódio de "Untold" chama atenção ao desenvolver uma linha do tempo que deixa muito claro a importância de se comunicar com o público especifico dentro de um contexto que faz todo sentido para ambos. Se a NIKE tinha Jordan e seus produtos na NBA, faria sentido entrar nesse embate com ínfimos recursos em relação ao seu competidor? Para Jay Coen Gilbert, Seth Berger e Tom Austin, sim, mas o destino resolveu ajustar a rota dessa aposta e foi aí que entraram em cena nomes como "The Professor", "Hot Sauce", "Skip 2 My Lou", "The Main Event", Shane "the Dribble Machine", entre outros - todos astros do basquete de rua.
"Ascensão e Queda da And1" foi muito feliz em mostrar o outro lado do esporte, sem perder sua essência de se aprofundar no fator humano - nesse caso, elemento primordial e decisivo para o sucesso da marca como negócio e no "fracasso" dos esportistas que, de uma forma muito importante, fizeram parte dessa disrupção. Partindo do principio de mostrar sempre um lado da história menos, digamos, glamoroso, a série eleva ainda mais o sucesso de critica e público que foi seu volume 1. Então se você já assistiu algum episódio de "Untold" e gostou, pode se preparar porque a Netflix quer elevar sua experiência e pelo que vi até aqui, vai conseguir!
Vale muito seu play!
"Briga na NBA" é mais um documentário imperdível do selo "Untold" - eu diria, inclusive, que além de muito interessante e curioso, essa produção da Netflix pode ser considerada um importante estudo de caso sobre a capacidade emocional de atletas de alto rendimento - principalmente ao tratar dos reflexos da enorme pressão quando muitos deles se colocam como responsáveis por tirar suas famílias de situações de pobreza ou vulnerabilidade social (um assunto muito discutido em "Last Chance U", por exemplo).
Considerada a pior confusão da história da NBA, "Untold: Briga na NBA" destrincha em detalhes os motivos que culminaram em uma pancadaria generalizada entre jogadores do Indiana Pacers, em especial Ron Artest (Metta World Peace), Stephen Jackson e Jermaine O'Neal, os jogadores do Detroit Pistons, principalmente com Ben Wallace, e a torcida da casa, no final de um jogo em 2004. Uma briga que acabou saindo de qualquer controle e indo, inclusive, para as arquibancadas do The Palace Auburn Hills, em Detroit, envolvendo centenas de pessoas entre atletas, torcedores, seguranças e policiais. Confira o trailer (em inglês):
Embora o caso tenha envolvido muita gente, o documentário foi muito feliz em construir a sua linha narrativa em cima de dois personagens-chaves: Ron Artest (hoje conhecido como Metta World Peace) eJermaine O’Neal. Stephen Jackson até tem certa relevância durante os acontecimentos, mas eu diria que Artest e O’Neal são, de fato, os protagonistas - o interessante, inclusive, é que depois dos fatos ocorridos em Detroit, pouco se ouviu deles e essa postura, como será retratado no documentário, ultrapassa os limites da quadra e do esporte.
O diretor Floyd Russ (de "Zion", também da Netflix) parte de entrevistas reveladoras para aí sim investigar o que aconteceu naquela noite de sexta-feira em Detroit. O foco é entender o bastidores daquele dia, o histórico dos envolvidos e o contexto de "como" e "porquê" várias pessoas começaram (ou entraram) naquela briga. Olhar para o íntimo dos protagonistas, sem a menor dúvida, ajuda a entender como um erro cometido naquele momento marcou para sempre suas carreiras e até mesmo suas vidas. Além de muitos depoimentos de torcedores que estavam envolvidos, dos atletas, de executivos da NBA e até dos policias, ainda temos muitas imagens de arquivo e reportagens da época que ilustram perfeitamente o caso e ainda criam uma dinâmica bastante agradável para a audiência.
Essencialmente para o fã do esporte, "Untold: Briga na NBA" lembra muito os documentários produzidos pela ESPN Films - na qualidade técnica, no conteúdo jornalístico e na forma cinematográfica como a história é contada, ou seja, se você gostou de histórias como "Sobre Milagres e Homens" ou "Al Davis vs. The NFL", você certamente vai se deliciar com esse episódio marcante do esporte americano retratado nessa maravilhosa série antológica - imperdível!
Vale seu play!
"Briga na NBA" é mais um documentário imperdível do selo "Untold" - eu diria, inclusive, que além de muito interessante e curioso, essa produção da Netflix pode ser considerada um importante estudo de caso sobre a capacidade emocional de atletas de alto rendimento - principalmente ao tratar dos reflexos da enorme pressão quando muitos deles se colocam como responsáveis por tirar suas famílias de situações de pobreza ou vulnerabilidade social (um assunto muito discutido em "Last Chance U", por exemplo).
Considerada a pior confusão da história da NBA, "Untold: Briga na NBA" destrincha em detalhes os motivos que culminaram em uma pancadaria generalizada entre jogadores do Indiana Pacers, em especial Ron Artest (Metta World Peace), Stephen Jackson e Jermaine O'Neal, os jogadores do Detroit Pistons, principalmente com Ben Wallace, e a torcida da casa, no final de um jogo em 2004. Uma briga que acabou saindo de qualquer controle e indo, inclusive, para as arquibancadas do The Palace Auburn Hills, em Detroit, envolvendo centenas de pessoas entre atletas, torcedores, seguranças e policiais. Confira o trailer (em inglês):
Embora o caso tenha envolvido muita gente, o documentário foi muito feliz em construir a sua linha narrativa em cima de dois personagens-chaves: Ron Artest (hoje conhecido como Metta World Peace) eJermaine O’Neal. Stephen Jackson até tem certa relevância durante os acontecimentos, mas eu diria que Artest e O’Neal são, de fato, os protagonistas - o interessante, inclusive, é que depois dos fatos ocorridos em Detroit, pouco se ouviu deles e essa postura, como será retratado no documentário, ultrapassa os limites da quadra e do esporte.
O diretor Floyd Russ (de "Zion", também da Netflix) parte de entrevistas reveladoras para aí sim investigar o que aconteceu naquela noite de sexta-feira em Detroit. O foco é entender o bastidores daquele dia, o histórico dos envolvidos e o contexto de "como" e "porquê" várias pessoas começaram (ou entraram) naquela briga. Olhar para o íntimo dos protagonistas, sem a menor dúvida, ajuda a entender como um erro cometido naquele momento marcou para sempre suas carreiras e até mesmo suas vidas. Além de muitos depoimentos de torcedores que estavam envolvidos, dos atletas, de executivos da NBA e até dos policias, ainda temos muitas imagens de arquivo e reportagens da época que ilustram perfeitamente o caso e ainda criam uma dinâmica bastante agradável para a audiência.
Essencialmente para o fã do esporte, "Untold: Briga na NBA" lembra muito os documentários produzidos pela ESPN Films - na qualidade técnica, no conteúdo jornalístico e na forma cinematográfica como a história é contada, ou seja, se você gostou de histórias como "Sobre Milagres e Homens" ou "Al Davis vs. The NFL", você certamente vai se deliciar com esse episódio marcante do esporte americano retratado nessa maravilhosa série antológica - imperdível!
Vale seu play!
Uma história completamente surreal! Talvez seja essa a melhor definição para "Crime e Infrações", mais um episódio do selo "Untold" para a Netflix. Como todos o outros capítulos analisados até aqui, o esporte emerge de uma situação atípica, porém, dessa vez, não parece tão preocupado em entender as diversas camadas dos seus protagonistas como em "Federer x Fish"ou "Briga na NBA", para justificar uma passagem, uma atitude ou uma decisão; muito pelo contrário, o tom investigativo cria um paralelo até mais próximo de "A Bad Boy Billionaires"ou "Mito e Magnata: John Delorean".
Imagine que um time de hóquei, do que seria para nós uma espécie de "segunda divisão", é comprado por um homem multimilionário, com fortes ligações com a máfia, e que passa a ser liderado por seu filho de 17 anos, que carrega a marca da rebeldia em sua postura, e por isso resolve priorizar jogadores tão violentos quanto talentosos, subvertendo o propósito do esporte e transformando a nova franquia em um grande sucesso de marketing, mesmo que pautado em um posicionamento, digamos, duvidoso: o de "bad boys". Confira o trailer (em inglês):
Mais uma vez dirigido pela dupla Chapman e Maclain Way, "Untold: Crime e Infrações" foi muito feliz em criar uma narrativa que mistura o esporte com uma investigação policial para decupar a história do Danbury Trashers. Danbury, para quem não sabe, é uma cidadezinha localizada no estado americano de Connecticut, no Condado de Fairfield, onde um empresario do setor de coleta de lixo, James Galante, construiu um verdadeiro império. A grande questão (e por isso a comparação com "A Bad Boy Billionaires") é entender por quais meios que essa ascensão financeira e social se estabeleceu. Por outro lado, imaginem para os moradores de Danbury o que representou ter um time de hóquei profissional na cidade. Será que eles estava preocupados em entender a origem do dinheiro de Galante? - uma comparação com o Bangu de Castor de Andrade, nem soa tão absurda assim.
Como já se tornou costume, a linha narrativa da série "Untold" se apropria de inúmeras imagens de arquivo e entrevistas com quem realmente esteve envolvido na história, provocando uma viagem ao passado para, de certa forma, reinterpretar algo que, nesse caso, nem pareceu tão absurdo assim. Esse é o charme do episódio e é incrível como a relação entre os personagens, toda uma comunidade e até pela forma como a cobertura esportiva foi feita, parecem não entender o impacto que escolhas de um jovem de 17 anos, A.J. Galante, poderiam ter em curtíssimo prazo - é tão surreal a jornada de sucesso dos Trashers, que temos a exata sensação de que aquele recorte da sociedade americana não tem a menor chance de dar certo.
Esse episódio não traz nomes relevantes do esporte, mas nem por isso deixa de ser um retrato de como o poder e o dinheiro podem impactar as pessoas, toda uma comunidade e até destruir a reputação de uma instituição (no caso esportiva) mesmo quando o resultado (como negócio) parece positivo - aliás, só parece! Outro ponto que merece ser observado é a forma como as pessoas enxergavam James Galante - com um ar de "Pablo Escobar" e uma premissa de que os "meios", sim, justificam os fins! O fato é que "Untold: Crime e Infrações" impressiona muito mais pela história por trás do esporte do que em outros episódios da série, mas continua valendo muito a pena!
Uma história completamente surreal! Talvez seja essa a melhor definição para "Crime e Infrações", mais um episódio do selo "Untold" para a Netflix. Como todos o outros capítulos analisados até aqui, o esporte emerge de uma situação atípica, porém, dessa vez, não parece tão preocupado em entender as diversas camadas dos seus protagonistas como em "Federer x Fish"ou "Briga na NBA", para justificar uma passagem, uma atitude ou uma decisão; muito pelo contrário, o tom investigativo cria um paralelo até mais próximo de "A Bad Boy Billionaires"ou "Mito e Magnata: John Delorean".
Imagine que um time de hóquei, do que seria para nós uma espécie de "segunda divisão", é comprado por um homem multimilionário, com fortes ligações com a máfia, e que passa a ser liderado por seu filho de 17 anos, que carrega a marca da rebeldia em sua postura, e por isso resolve priorizar jogadores tão violentos quanto talentosos, subvertendo o propósito do esporte e transformando a nova franquia em um grande sucesso de marketing, mesmo que pautado em um posicionamento, digamos, duvidoso: o de "bad boys". Confira o trailer (em inglês):
Mais uma vez dirigido pela dupla Chapman e Maclain Way, "Untold: Crime e Infrações" foi muito feliz em criar uma narrativa que mistura o esporte com uma investigação policial para decupar a história do Danbury Trashers. Danbury, para quem não sabe, é uma cidadezinha localizada no estado americano de Connecticut, no Condado de Fairfield, onde um empresario do setor de coleta de lixo, James Galante, construiu um verdadeiro império. A grande questão (e por isso a comparação com "A Bad Boy Billionaires") é entender por quais meios que essa ascensão financeira e social se estabeleceu. Por outro lado, imaginem para os moradores de Danbury o que representou ter um time de hóquei profissional na cidade. Será que eles estava preocupados em entender a origem do dinheiro de Galante? - uma comparação com o Bangu de Castor de Andrade, nem soa tão absurda assim.
Como já se tornou costume, a linha narrativa da série "Untold" se apropria de inúmeras imagens de arquivo e entrevistas com quem realmente esteve envolvido na história, provocando uma viagem ao passado para, de certa forma, reinterpretar algo que, nesse caso, nem pareceu tão absurdo assim. Esse é o charme do episódio e é incrível como a relação entre os personagens, toda uma comunidade e até pela forma como a cobertura esportiva foi feita, parecem não entender o impacto que escolhas de um jovem de 17 anos, A.J. Galante, poderiam ter em curtíssimo prazo - é tão surreal a jornada de sucesso dos Trashers, que temos a exata sensação de que aquele recorte da sociedade americana não tem a menor chance de dar certo.
Esse episódio não traz nomes relevantes do esporte, mas nem por isso deixa de ser um retrato de como o poder e o dinheiro podem impactar as pessoas, toda uma comunidade e até destruir a reputação de uma instituição (no caso esportiva) mesmo quando o resultado (como negócio) parece positivo - aliás, só parece! Outro ponto que merece ser observado é a forma como as pessoas enxergavam James Galante - com um ar de "Pablo Escobar" e uma premissa de que os "meios", sim, justificam os fins! O fato é que "Untold: Crime e Infrações" impressiona muito mais pela história por trás do esporte do que em outros episódios da série, mas continua valendo muito a pena!
Se você assiste um filme como "King Richard" é possível presumir que todo esforço, resiliência, dedicação, talento e renúncia, um dia, será recompensado, certo? Se você respondeu "sim", sua percepção, de fato, não está errada, porém a discussão levantada nesse primeiro de cinco volumes da série documental da Netflix com o selo "Untold", traz para os holofotes uma outra pergunta: "a que preço?"
"Untold: Federer x Fish", discute a jornada de ascensão dos tenistas Andy Roddick e, especialmente, de Mardy Fish, para continuarem a tradição vencedora no tênis masculino americano em meio a muita pressão externa e até pessoal, focando nos desafios que enfrentaram dentro e fora das quadras, além de expor todo problema de saúde mental que Fish sofreu pouco antes de sua aposentadoria. Confira o trailer (em inglês):
Antes de mais nada, acho que vale uma contextualização sobre o projeto: dos criadores Chapman e Maclain Way do premiado "Wild Wild Country", o selo “Untold” se propõe a trazer novos olhares sobre histórias épicas do mundo dos esportes - do tênis ao boxe, passando pelo basquete e até pelo futebol, os volumes surpreendem pela impecável qualidade técnica e artística, além de uma narrativa envolvente, repleta de curiosidades e histórias surpreendentes.
Um dos grandes méritos de "Federer x Fish", mesmo que de Roger Federer não tenhamos praticamente nada, está em conseguir mostrar em pouco mais de uma hora, os momentos mais importantes da carreira de Mardy Fish, incluindo o momento em que o atleta resolve deixar sua posição de tenista mediano e se dedicar ferozmente para estar entre os melhores do mundo para disputar as finais da ATP em Londres - e a jornada é empolgante, já que Fish saiu da posição 123 para sétimo do mundo. Porém, se chegar ao topo exige muito, se manter exige muito mais, foi aí que o americano passou a sofrer com frequentes taquicardias provocadas por profundas crises de ansiedade e ataques de pânico.
Semelhante ao filme que deu o Oscar de Melhor Ator para Will Smith e que contou a saga de Serena Williams, aqui também vemos como um garoto criado para ser atleta e ensinado a não demonstrar fraquezas, sofre com as consequências dessa orientação e do peso de precisar ser um tenista vencedor - e o próprio Fish considera que sua carreira não foi um sucesso, o que é mais impactante ainda! Os sinceros depoimentos de Andy Roddick, que sempre esteve ligado direta (e indiretamente) à carreira e a vida de Fish, desde os tempos em que moravam e treinavam juntos em Tampa até o momento em que Roddick perde a posição de melhor americano do ranking mundial, também são simplesmente sensacionais - os relatos são honestos, humanos, desprovidos de vaidade. Impressiona e faz total sentido para a narrativa ressaltar como a carreira de duas "promessas" se misturaram.
Em "Untold: Federer x Fish" você vai encontrar elementos de outros quatro documentários igualmente imperdíveis: "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" , "Losers", "Playbook" e "Na Trilha do Sucesso". Dito isso, e com todas essas referências para validar a recomendação, aproveito para reforçar que embora "Federer x Fish" tenha o tênis como condutor narrativo, os pontos levantados e discutidos sobre a carreira de Fish vão muito além do esporte e pode ter certeza, vão te fazer refletir sobre o que é o sucesso e o que te torna um vencedor, e possivelmente, isso te remeta a pergunta que fiz no inicio desse review: "a que preço?"
Vale seu play!
Se você assiste um filme como "King Richard" é possível presumir que todo esforço, resiliência, dedicação, talento e renúncia, um dia, será recompensado, certo? Se você respondeu "sim", sua percepção, de fato, não está errada, porém a discussão levantada nesse primeiro de cinco volumes da série documental da Netflix com o selo "Untold", traz para os holofotes uma outra pergunta: "a que preço?"
"Untold: Federer x Fish", discute a jornada de ascensão dos tenistas Andy Roddick e, especialmente, de Mardy Fish, para continuarem a tradição vencedora no tênis masculino americano em meio a muita pressão externa e até pessoal, focando nos desafios que enfrentaram dentro e fora das quadras, além de expor todo problema de saúde mental que Fish sofreu pouco antes de sua aposentadoria. Confira o trailer (em inglês):
Antes de mais nada, acho que vale uma contextualização sobre o projeto: dos criadores Chapman e Maclain Way do premiado "Wild Wild Country", o selo “Untold” se propõe a trazer novos olhares sobre histórias épicas do mundo dos esportes - do tênis ao boxe, passando pelo basquete e até pelo futebol, os volumes surpreendem pela impecável qualidade técnica e artística, além de uma narrativa envolvente, repleta de curiosidades e histórias surpreendentes.
Um dos grandes méritos de "Federer x Fish", mesmo que de Roger Federer não tenhamos praticamente nada, está em conseguir mostrar em pouco mais de uma hora, os momentos mais importantes da carreira de Mardy Fish, incluindo o momento em que o atleta resolve deixar sua posição de tenista mediano e se dedicar ferozmente para estar entre os melhores do mundo para disputar as finais da ATP em Londres - e a jornada é empolgante, já que Fish saiu da posição 123 para sétimo do mundo. Porém, se chegar ao topo exige muito, se manter exige muito mais, foi aí que o americano passou a sofrer com frequentes taquicardias provocadas por profundas crises de ansiedade e ataques de pânico.
Semelhante ao filme que deu o Oscar de Melhor Ator para Will Smith e que contou a saga de Serena Williams, aqui também vemos como um garoto criado para ser atleta e ensinado a não demonstrar fraquezas, sofre com as consequências dessa orientação e do peso de precisar ser um tenista vencedor - e o próprio Fish considera que sua carreira não foi um sucesso, o que é mais impactante ainda! Os sinceros depoimentos de Andy Roddick, que sempre esteve ligado direta (e indiretamente) à carreira e a vida de Fish, desde os tempos em que moravam e treinavam juntos em Tampa até o momento em que Roddick perde a posição de melhor americano do ranking mundial, também são simplesmente sensacionais - os relatos são honestos, humanos, desprovidos de vaidade. Impressiona e faz total sentido para a narrativa ressaltar como a carreira de duas "promessas" se misturaram.
Em "Untold: Federer x Fish" você vai encontrar elementos de outros quatro documentários igualmente imperdíveis: "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" , "Losers", "Playbook" e "Na Trilha do Sucesso". Dito isso, e com todas essas referências para validar a recomendação, aproveito para reforçar que embora "Federer x Fish" tenha o tênis como condutor narrativo, os pontos levantados e discutidos sobre a carreira de Fish vão muito além do esporte e pode ter certeza, vão te fazer refletir sobre o que é o sucesso e o que te torna um vencedor, e possivelmente, isso te remeta a pergunta que fiz no inicio desse review: "a que preço?"
Vale seu play!
Muito antes dos grandes eventos do UFC e especificamente de Ronda Rousey (lutadora considerada a melhor atleta feminina de todos os tempos pela ESPN americana em 2015) existiu uma boxeadora chamada Christy Martin que foi considerada uma espécie de versão feminina de Mike Tyson pelo próprio Don King (maior produtor de lutas de boxe de todos os tempos). Mais do que um episódio especifico da carreira de Martin, "Pacto com o Diabo", do selo "Untold", faz um recorte biográfico importante da esportista, mostrando sua ascensão, claro, mas principalmente os reflexos de uma relação conturbada com seu então técnico, Jim Martin.
A sinopse oficial descreve o episódio da seguinte maneira: em pouco mais de 70 minutos, conhecemos a história da boxeadora Christy Martin, que quebrou barreiras dentro do ringue, se consagrando como uma das melhores atletas do boxe feminino. No entanto, sua luta se seguiu de forma dolorosa também em sua vida pessoal, com ela lidando com seus próprios demônios, abusos e uma grave ameaça. Confira o trailer (em inglês):
O mais biográfico de todos os episódios até aqui, considerando as análises que já fizemos de "Crime e Infrações", "Briga na NBA" e "Federer x Fish", "Pacto com o Diabo" deu um tiro certo ao iniciar sua narrativa provocando a nossa curiosidade já que "de cara" sabemos que algo deu errado na vida da protagonista, mas não sabemos exatamente "o que". Muito bem dirigido pela Laura Brownson (de "O Caso Rachel Dolezal"), o episódio gera certa ansiedade para entender "onde" e "como" sua carreira mudou, já que nos primeiros atos assistimos apenas o seu sucesso como atleta que, de fato, é impressionante!
Com inúmeros depoimentos que vão de Mike Tyson à Laila Ali (filha de Muhammad Ali e também boxeadora profissional), imagens de arquivo pessoal e várias reportagens da época em que lutava, temos um episódio com uma estrutura bastante dinâmica que está sempre ancorado no suspense, através da voz e da imagem da própria Christy Martin contando o seu ponto de vista da história sem tanta pressa. Porém o que transforma o filme em algo ainda mais interessante, é a presença (incômoda) de Jim Martin sendo entrevistado diretamente, vejam só, da cadeia. Até mais ou menos o final do segundo ato, não sabemos exatamente o que aconteceu com Jim e se sua prisão tem algo a ver com Christy, mas independente de qualquer pré-julgamento, a diretora, em nenhum momento, impede que ele conte a sua versão, faça as suas considerações e até revisite a história com a mulher que ele diz ter amado por muitos anos.
Outro grande acerto, sem dúvida, é a forma como a narrativa expõe os bastidores do boxe e a relação sempre dúbia do esporte (fantasiado de showbiz) com o dinheiro. Dito isso, eu tendo a definir que "Untold: Pacto com o Diabo" tem um conceito até mais próximo de "Pistorius" do que dos outros episódios da série, ou seja, embora os feitos esportivos sejam impressionantes, é no bastidor que a história ganha força e surpreende a audiência.
Vale seu play!
Muito antes dos grandes eventos do UFC e especificamente de Ronda Rousey (lutadora considerada a melhor atleta feminina de todos os tempos pela ESPN americana em 2015) existiu uma boxeadora chamada Christy Martin que foi considerada uma espécie de versão feminina de Mike Tyson pelo próprio Don King (maior produtor de lutas de boxe de todos os tempos). Mais do que um episódio especifico da carreira de Martin, "Pacto com o Diabo", do selo "Untold", faz um recorte biográfico importante da esportista, mostrando sua ascensão, claro, mas principalmente os reflexos de uma relação conturbada com seu então técnico, Jim Martin.
A sinopse oficial descreve o episódio da seguinte maneira: em pouco mais de 70 minutos, conhecemos a história da boxeadora Christy Martin, que quebrou barreiras dentro do ringue, se consagrando como uma das melhores atletas do boxe feminino. No entanto, sua luta se seguiu de forma dolorosa também em sua vida pessoal, com ela lidando com seus próprios demônios, abusos e uma grave ameaça. Confira o trailer (em inglês):
O mais biográfico de todos os episódios até aqui, considerando as análises que já fizemos de "Crime e Infrações", "Briga na NBA" e "Federer x Fish", "Pacto com o Diabo" deu um tiro certo ao iniciar sua narrativa provocando a nossa curiosidade já que "de cara" sabemos que algo deu errado na vida da protagonista, mas não sabemos exatamente "o que". Muito bem dirigido pela Laura Brownson (de "O Caso Rachel Dolezal"), o episódio gera certa ansiedade para entender "onde" e "como" sua carreira mudou, já que nos primeiros atos assistimos apenas o seu sucesso como atleta que, de fato, é impressionante!
Com inúmeros depoimentos que vão de Mike Tyson à Laila Ali (filha de Muhammad Ali e também boxeadora profissional), imagens de arquivo pessoal e várias reportagens da época em que lutava, temos um episódio com uma estrutura bastante dinâmica que está sempre ancorado no suspense, através da voz e da imagem da própria Christy Martin contando o seu ponto de vista da história sem tanta pressa. Porém o que transforma o filme em algo ainda mais interessante, é a presença (incômoda) de Jim Martin sendo entrevistado diretamente, vejam só, da cadeia. Até mais ou menos o final do segundo ato, não sabemos exatamente o que aconteceu com Jim e se sua prisão tem algo a ver com Christy, mas independente de qualquer pré-julgamento, a diretora, em nenhum momento, impede que ele conte a sua versão, faça as suas considerações e até revisite a história com a mulher que ele diz ter amado por muitos anos.
Outro grande acerto, sem dúvida, é a forma como a narrativa expõe os bastidores do boxe e a relação sempre dúbia do esporte (fantasiado de showbiz) com o dinheiro. Dito isso, eu tendo a definir que "Untold: Pacto com o Diabo" tem um conceito até mais próximo de "Pistorius" do que dos outros episódios da série, ou seja, embora os feitos esportivos sejam impressionantes, é no bastidor que a história ganha força e surpreende a audiência.
Vale seu play!