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Aniquilação

É muito difícil pensar que "Aniquilação" seria uma unanimidade - pelo contrário, embora cheio de camadas e interpretações que realmente nos envolvem, o filme dirigido pelo Alex Garland (de "Devs") é muito mais para aquele amante do cinema que aprecia narrativas mais desafiadoras, com visuais deslumbrantes, mas fora do óbvio; do que para aquele que busca apenas o conforto de um bom entretenimento. Sim, "Aniquilação" é realmente desconfortável na sua essência, principalmente por explorar de uma forma muito inteligente, a fragilidade da humanidade perante o desconhecido, mergulhando fundo em conceitos existenciais e psicológicos que olha, são de cair o queixo.

Na trama, acompanhamos a jornada da bióloga Lena (Natalie Portman) para descobrir o motivo do desaparecimento de seu marido Kane (Oscar Isaac). Após um longo tempo sem respostas, Lena é contactada pela doutora Ventress (Jennifer Jason Leigh), uma psicóloga que trabalha para o governo e que há três anos estuda um fenômeno que vem ganhando proporções catastróficas. Conversando com a doutora, a bióloga descobre que o marido desapareceu em um local chamado "Area X", marco zero desse misterioso fenômeno. É então que Lena parte para uma expedição, com outras três cientistas, cada uma em sua especialidade, com o propósito de descobrir o que realmente está acontecendo naquela região. Confira o trailer:

Talvez o primeiro impacto de "Aniquilação" seja justamente a qualidade de diversos aspectos técnicos e artísticos. A direção de Alex Garland cria uma atmosfera intensa e misteriosa, incorporando elementos que vão desde o terror psicológico até a ficção científica extraterrestre, passando por ótimos momentos de ação e suspense. Ao usar na narrativa sua enorme capacidade de mergulhar na psicologia humana e explorar o desconhecido como poucos, Garland entrega personagens complexos emocionalmente em uma jornada de sobrevivência  que vai muito além das mutações e dos eventos aparentemente inexplicáveis. Veja, o filme levanta questões profundas sobre identidade, sobre autodestruição e sobre a própria natureza como se fosse um enorme quebra-cabeça que nem todos estarão dispostos a desvendar.

Visualmente belíssimo, mas com algumas escolhas conceituais que também vão dividir opiniões, eu diria que é a fotografia do Rob Hardy (também de "Devs") que alinha as expectativas entre o bom gosto do real e e a provocação do imaginário como função cinematográfica -  com visuais que misturam beleza e terror em um só golpe, tornando a "Área X" um lugar intrigante e amedrontador, "Aniquilação" ganha tons de angustia e ansiedade como dificilmente encontramos. É aí que entra uma trilha sonora simplesmente genial - Geoff Barrow e Ben Salisbury complementam a experiência, jogando a audiência em um verdadeiro estado imersivo e alucinante (literalmente).

Natalie Portman, claro, segura a história com elegância - ela captura a complexidade emocional de sua personagem enquanto enfrenta o desconhecido (externo e íntimo). Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson, Gina Rodriguez e Oscar Isaac também entregam boas performances, acrescentando certa profundidade aos membros da expedição, cada um com suas próprias motivações e medos - mas aqui eu achei que faltou um pouco de tempo de tela para que essas relações, de fato, impactassem no todo como poderia.

Produzido pela Netflix, "Aniquilação" nos desafia a questionar o que somos e como enfrentamos o que não podemos explicar, algo como vimos em "A Chegada".  E creio eu que é essa reflexão que torna a obra realmente imperdível, então se você prefere narrativas mais leves e previsíveis, talvez seja melhor buscar outra opção, caso contrário pode dar o play sem medo!

Assista Agora

É muito difícil pensar que "Aniquilação" seria uma unanimidade - pelo contrário, embora cheio de camadas e interpretações que realmente nos envolvem, o filme dirigido pelo Alex Garland (de "Devs") é muito mais para aquele amante do cinema que aprecia narrativas mais desafiadoras, com visuais deslumbrantes, mas fora do óbvio; do que para aquele que busca apenas o conforto de um bom entretenimento. Sim, "Aniquilação" é realmente desconfortável na sua essência, principalmente por explorar de uma forma muito inteligente, a fragilidade da humanidade perante o desconhecido, mergulhando fundo em conceitos existenciais e psicológicos que olha, são de cair o queixo.

Na trama, acompanhamos a jornada da bióloga Lena (Natalie Portman) para descobrir o motivo do desaparecimento de seu marido Kane (Oscar Isaac). Após um longo tempo sem respostas, Lena é contactada pela doutora Ventress (Jennifer Jason Leigh), uma psicóloga que trabalha para o governo e que há três anos estuda um fenômeno que vem ganhando proporções catastróficas. Conversando com a doutora, a bióloga descobre que o marido desapareceu em um local chamado "Area X", marco zero desse misterioso fenômeno. É então que Lena parte para uma expedição, com outras três cientistas, cada uma em sua especialidade, com o propósito de descobrir o que realmente está acontecendo naquela região. Confira o trailer:

Talvez o primeiro impacto de "Aniquilação" seja justamente a qualidade de diversos aspectos técnicos e artísticos. A direção de Alex Garland cria uma atmosfera intensa e misteriosa, incorporando elementos que vão desde o terror psicológico até a ficção científica extraterrestre, passando por ótimos momentos de ação e suspense. Ao usar na narrativa sua enorme capacidade de mergulhar na psicologia humana e explorar o desconhecido como poucos, Garland entrega personagens complexos emocionalmente em uma jornada de sobrevivência  que vai muito além das mutações e dos eventos aparentemente inexplicáveis. Veja, o filme levanta questões profundas sobre identidade, sobre autodestruição e sobre a própria natureza como se fosse um enorme quebra-cabeça que nem todos estarão dispostos a desvendar.

Visualmente belíssimo, mas com algumas escolhas conceituais que também vão dividir opiniões, eu diria que é a fotografia do Rob Hardy (também de "Devs") que alinha as expectativas entre o bom gosto do real e e a provocação do imaginário como função cinematográfica -  com visuais que misturam beleza e terror em um só golpe, tornando a "Área X" um lugar intrigante e amedrontador, "Aniquilação" ganha tons de angustia e ansiedade como dificilmente encontramos. É aí que entra uma trilha sonora simplesmente genial - Geoff Barrow e Ben Salisbury complementam a experiência, jogando a audiência em um verdadeiro estado imersivo e alucinante (literalmente).

Natalie Portman, claro, segura a história com elegância - ela captura a complexidade emocional de sua personagem enquanto enfrenta o desconhecido (externo e íntimo). Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson, Gina Rodriguez e Oscar Isaac também entregam boas performances, acrescentando certa profundidade aos membros da expedição, cada um com suas próprias motivações e medos - mas aqui eu achei que faltou um pouco de tempo de tela para que essas relações, de fato, impactassem no todo como poderia.

Produzido pela Netflix, "Aniquilação" nos desafia a questionar o que somos e como enfrentamos o que não podemos explicar, algo como vimos em "A Chegada".  E creio eu que é essa reflexão que torna a obra realmente imperdível, então se você prefere narrativas mais leves e previsíveis, talvez seja melhor buscar outra opção, caso contrário pode dar o play sem medo!

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Filhos da Esperança

“Filhos da Esperança” é um grande filme - tenso, angustiante, muito bem construído e desenvolvido pelo incrível Alfonso Cuarón (de "Gravidade"). Lançado em 2006, essa produção é realmente imperdível já que sua narrativa transcende a ficção científica distópica para entregar um drama dos mais profundos e reflexivos sobre o valor da vida! Aclamado por sua direção visionária (talvez aqui esteja um dos planos-sequência mais bem realizados da história do cinema moderno), Cuarón captura com muita sensibilidade um futuro sombrio, mas de uma maneira muito humana e, claro, visualmente provocadora. Não à toa que o filme foi indicada a três Oscars em 2007, incluindo Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Comparável em impacto a outros filmes clássicos do gênero como “Blade Runner” e “Mad Max”, “Filhos da Esperança”, acredite, vai te tirar da zona de conforto com seu realismo imersivo que tece comentários sociais afiados a partir de uma estética realmente singular.

No ano de 2027, o mundo está em colapso. As mulheres se tornaram inexplicavelmente estéreis, e a sociedade enfrenta um declínio sem esperança. Em meio ao caos, Theo Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido, é abordado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore) para ajudar uma jovem mulher, Kee (Clare-Hope Ashitey), que milagrosamente está grávida. Ao lado do amigo Jasper (Michael Caine), Theo embarca em uma perigosa missão para transportar Kee para a organização chamada "O Projeto Humano" - que pode salvar a mulher bem como toda humanidade. Confira o trailer:

Você não vai precisar mais do que dez minutos para entender como “Filhos da Esperança” é impulsionado por uma direção fenomenal - repare como os longos planos-sequência, uma marca registrada de Cuarón, conferem ao filme um realismo extremamente visceral capaz de gerar uma tensão constante de tirar o fôlego. A cena do ataque no carro e o clímax na zona de conflito são exemplos notáveis de como a câmera de Cuarón se torna um personagem ativo, colocando a audiência no centro da ação com uma intensidade quase palpável. O uso de câmera na mão com tanta sabedoria, contribui para um sentido de imediatismo e autenticidade, nos transportando diretamente para o caos e para o desespero de um mundo à beira da extinção - é impressionante como esse filme é imersivo!

Obviamente que a fotografia do inigualável Emmanuel Lubezki merece um destaque especial. Se você ainda não sabe, Lubezki foi o responsável pelo visual de "O Regresso", "Birdman" e "Gravidade" - só para citar os três Oscars que ele tem na prateleira de oito indicações até aqui. Pois bem, suas escolhas conceituais, da iluminação ao enquadramento cirúrgico, criam um ambiente tão opressor quanto desesperador, refletindo toda a desolação de uma sociedade em pleno colapso. Lubezki utiliza tons frios e uma paleta de cores desbotada para enfatizar a falta de esperança, contrastando com breves momentos de "luz" que simbolizam a possibilidade de redenção. Veja, a atenção aos detalhes visuais, como os ambientes decadentes e as paisagens urbanas distópicas, enriquecem aquela atmosfera de uma forma que a própria narrativa parece se aproveitar de tudo isso para brincar com nossas sensações - especialmente a do vazio.

No cerne de “Filhos da Esperança” estão as performances excepcionais do elenco. Clive Owen traz uma profundidade emocional a Theo, um personagem cínico mas que, ao longo do filme, redescobre sua humanidade e um sentido de esperança. Julianne Moore, embora em um papel menor, deixa uma marca indelével com sua presença forte e carismática. Michael Caine, em um dos papéis mais memoráveis de sua carreira, oferece um alívio cômico tocante e um lembrete da bondade persistente em tempos sombrios. Clare-Hope Ashitey como Kee transmite uma vulnerabilidade e uma força que faz de "Children of Men" (no original) não apenas um filme sobre um futuro distópico, mas uma reflexão profunda sobre a humanidade e a esperança em meio ao desespero.

Para quem busca um filme que sabe nos desafiar com a mesma força com que nos provoca, “Filhos da Esperança” é uma escolha indispensável! Vale muito o seu play!

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“Filhos da Esperança” é um grande filme - tenso, angustiante, muito bem construído e desenvolvido pelo incrível Alfonso Cuarón (de "Gravidade"). Lançado em 2006, essa produção é realmente imperdível já que sua narrativa transcende a ficção científica distópica para entregar um drama dos mais profundos e reflexivos sobre o valor da vida! Aclamado por sua direção visionária (talvez aqui esteja um dos planos-sequência mais bem realizados da história do cinema moderno), Cuarón captura com muita sensibilidade um futuro sombrio, mas de uma maneira muito humana e, claro, visualmente provocadora. Não à toa que o filme foi indicada a três Oscars em 2007, incluindo Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Comparável em impacto a outros filmes clássicos do gênero como “Blade Runner” e “Mad Max”, “Filhos da Esperança”, acredite, vai te tirar da zona de conforto com seu realismo imersivo que tece comentários sociais afiados a partir de uma estética realmente singular.

No ano de 2027, o mundo está em colapso. As mulheres se tornaram inexplicavelmente estéreis, e a sociedade enfrenta um declínio sem esperança. Em meio ao caos, Theo Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido, é abordado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore) para ajudar uma jovem mulher, Kee (Clare-Hope Ashitey), que milagrosamente está grávida. Ao lado do amigo Jasper (Michael Caine), Theo embarca em uma perigosa missão para transportar Kee para a organização chamada "O Projeto Humano" - que pode salvar a mulher bem como toda humanidade. Confira o trailer:

Você não vai precisar mais do que dez minutos para entender como “Filhos da Esperança” é impulsionado por uma direção fenomenal - repare como os longos planos-sequência, uma marca registrada de Cuarón, conferem ao filme um realismo extremamente visceral capaz de gerar uma tensão constante de tirar o fôlego. A cena do ataque no carro e o clímax na zona de conflito são exemplos notáveis de como a câmera de Cuarón se torna um personagem ativo, colocando a audiência no centro da ação com uma intensidade quase palpável. O uso de câmera na mão com tanta sabedoria, contribui para um sentido de imediatismo e autenticidade, nos transportando diretamente para o caos e para o desespero de um mundo à beira da extinção - é impressionante como esse filme é imersivo!

Obviamente que a fotografia do inigualável Emmanuel Lubezki merece um destaque especial. Se você ainda não sabe, Lubezki foi o responsável pelo visual de "O Regresso", "Birdman" e "Gravidade" - só para citar os três Oscars que ele tem na prateleira de oito indicações até aqui. Pois bem, suas escolhas conceituais, da iluminação ao enquadramento cirúrgico, criam um ambiente tão opressor quanto desesperador, refletindo toda a desolação de uma sociedade em pleno colapso. Lubezki utiliza tons frios e uma paleta de cores desbotada para enfatizar a falta de esperança, contrastando com breves momentos de "luz" que simbolizam a possibilidade de redenção. Veja, a atenção aos detalhes visuais, como os ambientes decadentes e as paisagens urbanas distópicas, enriquecem aquela atmosfera de uma forma que a própria narrativa parece se aproveitar de tudo isso para brincar com nossas sensações - especialmente a do vazio.

No cerne de “Filhos da Esperança” estão as performances excepcionais do elenco. Clive Owen traz uma profundidade emocional a Theo, um personagem cínico mas que, ao longo do filme, redescobre sua humanidade e um sentido de esperança. Julianne Moore, embora em um papel menor, deixa uma marca indelével com sua presença forte e carismática. Michael Caine, em um dos papéis mais memoráveis de sua carreira, oferece um alívio cômico tocante e um lembrete da bondade persistente em tempos sombrios. Clare-Hope Ashitey como Kee transmite uma vulnerabilidade e uma força que faz de "Children of Men" (no original) não apenas um filme sobre um futuro distópico, mas uma reflexão profunda sobre a humanidade e a esperança em meio ao desespero.

Para quem busca um filme que sabe nos desafiar com a mesma força com que nos provoca, “Filhos da Esperança” é uma escolha indispensável! Vale muito o seu play!

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Finch

"Finch" é para você que procura entretenimento leve, com algum laço emocional e um toque de reflexão sobre as relações humanas, mesmo que, mais uma vez, Tom Hanks esteja praticamente sozinho em cena. Veja, se em "Náufrago" (de 2000), Hanks se relacionou com uma bola de vôlei e provou ser possível sobreviver em uma ilha deserta após um acidente aéreo, em "Finch" o conceito é praticamente o mesmo, mas dessa vez o personagem nos entrega uma espécie de manual de sobrevivência no fim do mundo e seus companheiros de jornada são: um cachorro (muito simpático por sinal) e um robô (muito bem desenhado) que está aprendendo a viver.

Na trama, Hanks interpreta Finch, um engenheiro de robótica e um dos poucos sobreviventes de um evento solar cataclísmico que praticamente dizimou a humanidade. Ao adquirir uma doença terminal, ele decide criar um robô (vivido por Caleb Landry Jones) para que ele possa cuidar do seu cachorro, Goodyear, quando morrer. Ao perceber que uma enorme tempestade se aproxima, os três embarcam em uma peculiar jornada de sobrevivência em meio a uma América completamente destruída, onde Finch precisa ensinar para um robô o real significado de ser um humano e como as relações de confiança podem criar laços tão profundos e sentimentais que nos movem na busca de algo maior, e muitas vezes inexplicável. Confira o trailer (em inglês):

Miguel Sapochnik (o cara por trás da Batalha dos Bastardos em "Game of Thrones"), dirige um filme que tinha tudo para ser "mais do mesmo", mas que não é, pela enorme habilidade de um roteiro aqui assinado por Craig Luck e Ivor Powell, que usa de alegorias para construir uma relação imperfeita entre os personagens - como aliás, é na vida real. Se em "Náufrago" o diretor Robert Zemeckis ("De volta para o Futuro") preferiu buscar na fantasia uma condição realista e dramática, Sapochnik faz justamente o caminho inverso ao respeitar a história como uma fantástica jornada de descobertas sem a necessidade de trazer o peso ou impacto dramático além do universo onde os personagens estão inseridos. Como em "O Mágico de Óz", vamos descobrindo os motivos da transformação do mundo em um caos junto com um dos personagens - nossa Dorothy é o robô Jeff. E aqui cabe um elogio: o ator Caleb Landry Jones que dá voz (e vida) ao robô, juntamente com o time de design de produção e de efeitos especiais, conseguem entregar um personagem com verdade, ingênuo até, mas divertido - basicamente um bebê robô perfeito que precisa aprender a se virar em um mundo imperfeito.

Embora você vá encontrar uma ou outra cena com mais ação (eu destacaria a cena do tornado e do hospital), "Finch" é essencialmente um drama existencial dentro de um road movie - um "Amor e Monstros"mais adulto e menos blockbuster. O fato é que Tom Hanks impulsiona a história com sua enorme capacidade de nos tocar, enquanto um time excepcional cria personagens coadjuvantes encantadores, dando um ar de leveza para a trama, mesmo nos momentos mais sensíveis. Sapochnik que sai das grandes séries e praticamente estreia em um longa-metragem, mostra que sua capacidade de construir narrativas visuais que vão além do "movimento"e da "ação" - existe "alma" e "reflexão" no seu trabalho!

Vale o play!

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"Finch" é para você que procura entretenimento leve, com algum laço emocional e um toque de reflexão sobre as relações humanas, mesmo que, mais uma vez, Tom Hanks esteja praticamente sozinho em cena. Veja, se em "Náufrago" (de 2000), Hanks se relacionou com uma bola de vôlei e provou ser possível sobreviver em uma ilha deserta após um acidente aéreo, em "Finch" o conceito é praticamente o mesmo, mas dessa vez o personagem nos entrega uma espécie de manual de sobrevivência no fim do mundo e seus companheiros de jornada são: um cachorro (muito simpático por sinal) e um robô (muito bem desenhado) que está aprendendo a viver.

Na trama, Hanks interpreta Finch, um engenheiro de robótica e um dos poucos sobreviventes de um evento solar cataclísmico que praticamente dizimou a humanidade. Ao adquirir uma doença terminal, ele decide criar um robô (vivido por Caleb Landry Jones) para que ele possa cuidar do seu cachorro, Goodyear, quando morrer. Ao perceber que uma enorme tempestade se aproxima, os três embarcam em uma peculiar jornada de sobrevivência em meio a uma América completamente destruída, onde Finch precisa ensinar para um robô o real significado de ser um humano e como as relações de confiança podem criar laços tão profundos e sentimentais que nos movem na busca de algo maior, e muitas vezes inexplicável. Confira o trailer (em inglês):

Miguel Sapochnik (o cara por trás da Batalha dos Bastardos em "Game of Thrones"), dirige um filme que tinha tudo para ser "mais do mesmo", mas que não é, pela enorme habilidade de um roteiro aqui assinado por Craig Luck e Ivor Powell, que usa de alegorias para construir uma relação imperfeita entre os personagens - como aliás, é na vida real. Se em "Náufrago" o diretor Robert Zemeckis ("De volta para o Futuro") preferiu buscar na fantasia uma condição realista e dramática, Sapochnik faz justamente o caminho inverso ao respeitar a história como uma fantástica jornada de descobertas sem a necessidade de trazer o peso ou impacto dramático além do universo onde os personagens estão inseridos. Como em "O Mágico de Óz", vamos descobrindo os motivos da transformação do mundo em um caos junto com um dos personagens - nossa Dorothy é o robô Jeff. E aqui cabe um elogio: o ator Caleb Landry Jones que dá voz (e vida) ao robô, juntamente com o time de design de produção e de efeitos especiais, conseguem entregar um personagem com verdade, ingênuo até, mas divertido - basicamente um bebê robô perfeito que precisa aprender a se virar em um mundo imperfeito.

Embora você vá encontrar uma ou outra cena com mais ação (eu destacaria a cena do tornado e do hospital), "Finch" é essencialmente um drama existencial dentro de um road movie - um "Amor e Monstros"mais adulto e menos blockbuster. O fato é que Tom Hanks impulsiona a história com sua enorme capacidade de nos tocar, enquanto um time excepcional cria personagens coadjuvantes encantadores, dando um ar de leveza para a trama, mesmo nos momentos mais sensíveis. Sapochnik que sai das grandes séries e praticamente estreia em um longa-metragem, mostra que sua capacidade de construir narrativas visuais que vão além do "movimento"e da "ação" - existe "alma" e "reflexão" no seu trabalho!

Vale o play!

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Her

Her

"Her" é um grande filme! O roteiro é tão bom, é tão bem filmado que você nem se dá conta que 90% do filme está apoiado em um ator falando sozinho!

Escrito e dirigido por Spike Jonze (de "Onde Vivem os Monstros"), "Her" se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma espécie de entidade intuitiva e única - é aí que ele conhece "Samantha", uma voz feminina sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor de um pelo outro. 

"Her" é uma história de amor extremamente original que explora a natureza evolutiva - e os riscos - da intimidade no mundo moderno. Spike Jonze, sempre um gênio, mereceu o Oscar de Roteiro Original (2014) por esse filme, mas merecia o de direção também - foi uma injustiça ele nem ter sido indicado. O filme, tecnicamente, beira a perfeição: cada movimento, cada corte, cada close... Jonze nos coloca dentro daquele universo de uma forma brutal, provocando aquela sensação de solidão do Twombly a todo momento - impressionante!

Não tem como não recomendar esse filme de olhos fechados! Spike Jonze é um mestre, tudo que ele faz é muito bom - se você ainda não conhece o trabalho dele, pode ir atrás que você não vai se arrepender! Olha, eu seria capaz de afirmar que "Her" é um dos melhores filmes que eu já assisti na vida! Se você, como eu, foi deixando essa maravilha de lado, corre porque é uma obra prima que merece muito o seu play!!!

PS: "Her" ganhou em apenas uma das quatro categorias na qual foi indicado para Oscar de 2014, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!

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"Her" é um grande filme! O roteiro é tão bom, é tão bem filmado que você nem se dá conta que 90% do filme está apoiado em um ator falando sozinho!

Escrito e dirigido por Spike Jonze (de "Onde Vivem os Monstros"), "Her" se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma espécie de entidade intuitiva e única - é aí que ele conhece "Samantha", uma voz feminina sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor de um pelo outro. 

"Her" é uma história de amor extremamente original que explora a natureza evolutiva - e os riscos - da intimidade no mundo moderno. Spike Jonze, sempre um gênio, mereceu o Oscar de Roteiro Original (2014) por esse filme, mas merecia o de direção também - foi uma injustiça ele nem ter sido indicado. O filme, tecnicamente, beira a perfeição: cada movimento, cada corte, cada close... Jonze nos coloca dentro daquele universo de uma forma brutal, provocando aquela sensação de solidão do Twombly a todo momento - impressionante!

Não tem como não recomendar esse filme de olhos fechados! Spike Jonze é um mestre, tudo que ele faz é muito bom - se você ainda não conhece o trabalho dele, pode ir atrás que você não vai se arrepender! Olha, eu seria capaz de afirmar que "Her" é um dos melhores filmes que eu já assisti na vida! Se você, como eu, foi deixando essa maravilha de lado, corre porque é uma obra prima que merece muito o seu play!!!

PS: "Her" ganhou em apenas uma das quatro categorias na qual foi indicado para Oscar de 2014, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!

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Homecoming

Homecoming

Intrigante! Uma atmosfera que nos remete ao excelente "Devs", mas que não nos deixa esquecer de "Ruptura" - só que com o mérito de ter sido lançada bem antes dessas duas pérolas do streaming. O fato é que "Homecoming" é muito mais que uma minissérie de suspense psicológico, ela é um verdadeiro quebra-cabeça narrativo que nos provoca e nos surpreende a cada nova peça apresentada. Criada por Sam Esmail (a mente criativa por trás de "Mr. Robot") essa recomendação é um prato cheio para quem aprecia um bom thriller com fortes elementos de mistério e algumas camadas de drama. Vale lembrar, inclusive, que "Homecoming" venceu o Satellite Awards como Melhor Série Dramática em 2019, além de ter recebido indicações importantes no Globo de Ouro e no Emmy do mesmo ano. 

Boas intenções. Chefes inconstantes. Paranoia crescente. Consequências imprevistas saindo de controle. Heidi (Julia Roberts) trabalha em Homecoming, uma unidade que ajuda soldados no processo de transição para a vida civil. Anos após ela começar uma nova vida, o Departamento de Defesa do EUA passa a questionar Heidi para entender os reais motivos de sua saída do misterioso programa e é justamente a partir daí que ela entende que há uma outra história por trás daquela que ela acreditava ser a verdadeira. Confira o trailer (em inglês):

Nem o amável sorriso de Heidi consegue disfarçar que há algo de errado em "Homecoming" - desde o primeiro episódio somos fisgados pelo clima de tensão e mistério que vai tomando conta dos corredores deste que se anuncia como um projeto revolucionário, mas que claramente esconde nos seus benefícios, interesses maliciosos. Explorando a fragilidade da mente humana e os efeitos psicológicos do trauma, Esmail sabe exatamente como criar uma complexa e bem elaborada trama, com personagens realmente intrigantes e uma atmosfera que nos faz questionar, a cada episódio, tudo o que sabemos, ou pelo menos, tudo o que nos vai sendo contado.

Com duas linhas temporais distintas, que inicialmente não se completam, "Homecoming" dá um show como proposta narrativa e conceito estético - mais do que uma mudança sutil no visual da protagonista, os períodos são filmados de modos muito diferentes. Enquanto o passado ocupa toda a tela da TV e valoriza as cores do arborizado e moderno centro de recuperação, o presente é apresentado no formato 4:3, aquele mais quadrado, com tons opacos e acinzentados - tudo isso para criar um sentimento de angustia e melancolia que se misturam e que acaba se justificando pela perspectiva de uma inteligente metáfora que vai surgindo com o final da temporada. O fato é que, em "Homecoming", nada é por acaso.

Com atuações impecáveis de Julia Roberts e Stephan James (que interpreta o soldado Walter Cruz que Heidi monitora) o que vemos na tela é a potencialização da complexidade emocional do ser humano se sobrepondo perante sua própria fragilidade. Sim, a sentença pode até soar redundante, mas ao mergulharmos na proposta de Esmail entendemos perfeitamente sua estratégia de criar esse senso de desorientação permanente, nos provocando e instigando nossa curiosidade como poucas vezes experienciamos. No entanto, antes do play, saiba que "Homecoming" não é uma jornada simples, sua narrativa é mais cadenciada e seu propósito como obra é naturalmente pouco expositivo. Dito isso, se prepare para uma jornada viciante (ainda mais sabendo que cada episódio tem apenas 30 minutos) onde os perigos do poder e da manipulação serão ótimos assuntos para uma discussão - pós-créditos, claro.

Imperdível!

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Intrigante! Uma atmosfera que nos remete ao excelente "Devs", mas que não nos deixa esquecer de "Ruptura" - só que com o mérito de ter sido lançada bem antes dessas duas pérolas do streaming. O fato é que "Homecoming" é muito mais que uma minissérie de suspense psicológico, ela é um verdadeiro quebra-cabeça narrativo que nos provoca e nos surpreende a cada nova peça apresentada. Criada por Sam Esmail (a mente criativa por trás de "Mr. Robot") essa recomendação é um prato cheio para quem aprecia um bom thriller com fortes elementos de mistério e algumas camadas de drama. Vale lembrar, inclusive, que "Homecoming" venceu o Satellite Awards como Melhor Série Dramática em 2019, além de ter recebido indicações importantes no Globo de Ouro e no Emmy do mesmo ano. 

Boas intenções. Chefes inconstantes. Paranoia crescente. Consequências imprevistas saindo de controle. Heidi (Julia Roberts) trabalha em Homecoming, uma unidade que ajuda soldados no processo de transição para a vida civil. Anos após ela começar uma nova vida, o Departamento de Defesa do EUA passa a questionar Heidi para entender os reais motivos de sua saída do misterioso programa e é justamente a partir daí que ela entende que há uma outra história por trás daquela que ela acreditava ser a verdadeira. Confira o trailer (em inglês):

Nem o amável sorriso de Heidi consegue disfarçar que há algo de errado em "Homecoming" - desde o primeiro episódio somos fisgados pelo clima de tensão e mistério que vai tomando conta dos corredores deste que se anuncia como um projeto revolucionário, mas que claramente esconde nos seus benefícios, interesses maliciosos. Explorando a fragilidade da mente humana e os efeitos psicológicos do trauma, Esmail sabe exatamente como criar uma complexa e bem elaborada trama, com personagens realmente intrigantes e uma atmosfera que nos faz questionar, a cada episódio, tudo o que sabemos, ou pelo menos, tudo o que nos vai sendo contado.

Com duas linhas temporais distintas, que inicialmente não se completam, "Homecoming" dá um show como proposta narrativa e conceito estético - mais do que uma mudança sutil no visual da protagonista, os períodos são filmados de modos muito diferentes. Enquanto o passado ocupa toda a tela da TV e valoriza as cores do arborizado e moderno centro de recuperação, o presente é apresentado no formato 4:3, aquele mais quadrado, com tons opacos e acinzentados - tudo isso para criar um sentimento de angustia e melancolia que se misturam e que acaba se justificando pela perspectiva de uma inteligente metáfora que vai surgindo com o final da temporada. O fato é que, em "Homecoming", nada é por acaso.

Com atuações impecáveis de Julia Roberts e Stephan James (que interpreta o soldado Walter Cruz que Heidi monitora) o que vemos na tela é a potencialização da complexidade emocional do ser humano se sobrepondo perante sua própria fragilidade. Sim, a sentença pode até soar redundante, mas ao mergulharmos na proposta de Esmail entendemos perfeitamente sua estratégia de criar esse senso de desorientação permanente, nos provocando e instigando nossa curiosidade como poucas vezes experienciamos. No entanto, antes do play, saiba que "Homecoming" não é uma jornada simples, sua narrativa é mais cadenciada e seu propósito como obra é naturalmente pouco expositivo. Dito isso, se prepare para uma jornada viciante (ainda mais sabendo que cada episódio tem apenas 30 minutos) onde os perigos do poder e da manipulação serão ótimos assuntos para uma discussão - pós-créditos, claro.

Imperdível!

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O Céu da Meia-Noite

"O Céu da Meia-Noite" é uma difícil adaptação do livro "Good Morning, Midnight " da norte-americana Lily Brooks-Dalton, que trás elementos narrativos similares a filmes como, por exemplo, "Interestelar" (2014), para compor uma história de Ficção Científica, mas que fala mesmo é sobre "solidão" (e, talvez, sobre a necessidade de se perdoar como ser humano e como humanidade) - isso vai ficar muito claro no terceiro ato do filme!

Dirigido e protagonizado pelo George Clooney, o filme acompanha Augustine, um solitário cientista que precisa se comunicar com uma equipe de astronautas que estão em uma missão no espaço e assim impedir que eles retornem para a Terra em meio a uma misteriosa catástrofe ambiental que praticamente dizimou a humanidade. Confira o trailer:

"O Céu da Meia-Noite" é um ótimo entretenimento, mas certamente vai dividir opiniões. Veja, o filme tem cenas de ação que criam aquele senso de urgência, mas também se apoia muito no sentimentalismo e na necessidade de passar uma mensagem de esperança, que, na minha opinião, pareceu sem tanta profundidade e o propósito (até filosófico) de "Interestelar". O que eu quero dizer é que a própria dinâmica narrativa impediu um aprofundamento maior nos dramas de vários personagens (e muitos deles são completamente dispensáveis), já que a história é contada a partir de dois grandes arcos principais: o de Augustine na Terra e o de Sully (Felicity Jones), junto com os astronautas, no espaço - é muita coisa para apenas duas horas de filme! Embora o roteiro use alguns atalhos para minimizar esse problema e nos provocar uma certa empatia com os personagens (alguns vão chamar de "clichês"), faltou tempo de tela para que essa identificação justificasse nossa paixão, nossa torcida.

Tecnicamente o filme tem grandes momentos, conceitos visuais muito bacanas (e outros nem tanto). A ótima trilha sonora ajuda a pontuar nossas emoções que vão nos acompanhar durante todo filme e que, facilmente, nos ajuda encontrar seu ápice no final - o que é ótimo, mas nos dá até a sensação de que o filme é muito melhor do que ele realmente é! Mas é inegável: nos emocionamos sim e ficamos satisfeitos com o filme! É isso que importa!

Vale seu play, mas não espere todas as repostas, o "caos" que acompanhamos é apenas o pano de fundo para refletirmos sobre algumas escolhas e suas consequências!

Assista Agora 

"O Céu da Meia-Noite" é uma difícil adaptação do livro "Good Morning, Midnight " da norte-americana Lily Brooks-Dalton, que trás elementos narrativos similares a filmes como, por exemplo, "Interestelar" (2014), para compor uma história de Ficção Científica, mas que fala mesmo é sobre "solidão" (e, talvez, sobre a necessidade de se perdoar como ser humano e como humanidade) - isso vai ficar muito claro no terceiro ato do filme!

Dirigido e protagonizado pelo George Clooney, o filme acompanha Augustine, um solitário cientista que precisa se comunicar com uma equipe de astronautas que estão em uma missão no espaço e assim impedir que eles retornem para a Terra em meio a uma misteriosa catástrofe ambiental que praticamente dizimou a humanidade. Confira o trailer:

"O Céu da Meia-Noite" é um ótimo entretenimento, mas certamente vai dividir opiniões. Veja, o filme tem cenas de ação que criam aquele senso de urgência, mas também se apoia muito no sentimentalismo e na necessidade de passar uma mensagem de esperança, que, na minha opinião, pareceu sem tanta profundidade e o propósito (até filosófico) de "Interestelar". O que eu quero dizer é que a própria dinâmica narrativa impediu um aprofundamento maior nos dramas de vários personagens (e muitos deles são completamente dispensáveis), já que a história é contada a partir de dois grandes arcos principais: o de Augustine na Terra e o de Sully (Felicity Jones), junto com os astronautas, no espaço - é muita coisa para apenas duas horas de filme! Embora o roteiro use alguns atalhos para minimizar esse problema e nos provocar uma certa empatia com os personagens (alguns vão chamar de "clichês"), faltou tempo de tela para que essa identificação justificasse nossa paixão, nossa torcida.

Tecnicamente o filme tem grandes momentos, conceitos visuais muito bacanas (e outros nem tanto). A ótima trilha sonora ajuda a pontuar nossas emoções que vão nos acompanhar durante todo filme e que, facilmente, nos ajuda encontrar seu ápice no final - o que é ótimo, mas nos dá até a sensação de que o filme é muito melhor do que ele realmente é! Mas é inegável: nos emocionamos sim e ficamos satisfeitos com o filme! É isso que importa!

Vale seu play, mas não espere todas as repostas, o "caos" que acompanhamos é apenas o pano de fundo para refletirmos sobre algumas escolhas e suas consequências!

Assista Agora 

O Homem Duplicado

"Enemy" (título original) é simplesmente sensacional, mas já aviso: é uma loucura, daqueles de dar nó na cabeça ao melhor estilo Nolan - e por isso pode decepcionar quem busca algo mais, digamos, tradicional! 

O filme narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), professor universitário preso a uma monótona rotina diária, que descobre um sósia famoso enquanto assiste a um filme. Intrigado, ele passa a seguir este homem, transformando a vida de ambos em uma loucura. Baseado no livro "O Homem Duplicado" de José Saramago, o filme vai te provocar e fazer com que você busque muitas respostas fora do filme - sim, esse é daqueles que nos faz pensar, discutir, pesquisar por horas!

A força de "O Homem Duplicado" reside justamente em sua habilidade de criar uma atmosfera de tensão e paranoia, alimentada pela atuação magistral de Gyllenhaal. Sua interpretação de dois personagens aparentemente idênticos, mas com nuances distintas, é verdadeiramente impressionante e cativante. Villeneuve, conhecido por sua habilidade em construir tramas cheias de suspense, utiliza cenários sombrios e uma trilha sonora inquietante para mergulhar a audiência na mente perturbada de Adam.

O roteiro de Javier Gullón (de "Invasor") é de uma complexidade e profundidade absurdos. Ao explorar temas como identidade, alienação e desejo, o filme desafia as nossas expectativas a cada nova descoberta e nos convida à reflexão sobre a natureza da realidade e da individualidade sem pedir permissão. A escolha de Villeneuve em manter o mistério e a ambiguidade ao longo da narrativa eleva o filme a um nível absurdo de excelência artística, deixando espaço para interpretações diversas e debates profundos após os créditos.

Além da performance estelar de Gyllenhaal, o elenco de apoio também merece destaque, com atuações sólidas de Mélanie Laurent, Sarah Gadon e Isabella Rossellini. Cada personagem adiciona uma camada adicional à complexidade da trama, contribuindo para a riqueza emocional e intelectual do filme. Dito isso, recomendar "O Homem Duplicado" acaba se tornando fácil, já que é considerada por muitos uma obra-prima do cinema moderno, que combina uma narrativa envolvente, performances excepcionais e uma profundidade temática incomparável. 

Assista Agora

"Enemy" (título original) é simplesmente sensacional, mas já aviso: é uma loucura, daqueles de dar nó na cabeça ao melhor estilo Nolan - e por isso pode decepcionar quem busca algo mais, digamos, tradicional! 

O filme narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), professor universitário preso a uma monótona rotina diária, que descobre um sósia famoso enquanto assiste a um filme. Intrigado, ele passa a seguir este homem, transformando a vida de ambos em uma loucura. Baseado no livro "O Homem Duplicado" de José Saramago, o filme vai te provocar e fazer com que você busque muitas respostas fora do filme - sim, esse é daqueles que nos faz pensar, discutir, pesquisar por horas!

A força de "O Homem Duplicado" reside justamente em sua habilidade de criar uma atmosfera de tensão e paranoia, alimentada pela atuação magistral de Gyllenhaal. Sua interpretação de dois personagens aparentemente idênticos, mas com nuances distintas, é verdadeiramente impressionante e cativante. Villeneuve, conhecido por sua habilidade em construir tramas cheias de suspense, utiliza cenários sombrios e uma trilha sonora inquietante para mergulhar a audiência na mente perturbada de Adam.

O roteiro de Javier Gullón (de "Invasor") é de uma complexidade e profundidade absurdos. Ao explorar temas como identidade, alienação e desejo, o filme desafia as nossas expectativas a cada nova descoberta e nos convida à reflexão sobre a natureza da realidade e da individualidade sem pedir permissão. A escolha de Villeneuve em manter o mistério e a ambiguidade ao longo da narrativa eleva o filme a um nível absurdo de excelência artística, deixando espaço para interpretações diversas e debates profundos após os créditos.

Além da performance estelar de Gyllenhaal, o elenco de apoio também merece destaque, com atuações sólidas de Mélanie Laurent, Sarah Gadon e Isabella Rossellini. Cada personagem adiciona uma camada adicional à complexidade da trama, contribuindo para a riqueza emocional e intelectual do filme. Dito isso, recomendar "O Homem Duplicado" acaba se tornando fácil, já que é considerada por muitos uma obra-prima do cinema moderno, que combina uma narrativa envolvente, performances excepcionais e uma profundidade temática incomparável. 

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O Lagosta

Ame ou odeie! Sem dúvida essa será a sensação de assistir "O Lagosta", dirigido por Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"). Embora seja assumidamente um drama distópico, o tom non-sentede sua narrativa extrapola e desafia as convenções do cinema contemporâneo que estamos acostumados. Lanthimos sabe exatamente como mergulhar sua audiência nesse mundo absurdo e sombrio, onde as relações humanas são exploradas de forma provocativa e muitas vezes perturbadora - reparem como a performance dos atores só aumenta o desconforto que a própria situação, por si só, já representa. Mais uma vez, o diretor demonstra uma habilidade magistral em criar uma atmosfera única, combinando um pontual humor negro, cheio de simbolismos, com o surrealismo prático - ao ponto de desprezar a lógica e renegar os padrões estabelecidos de ordem moral e social para criticar a superficialidade das conexões emocionais de maneira brilhante. Olha, você pode até não gostar de proposta de Lanthimos, mas nunca poderá negar que se trata de uma experiência cinematográfica verdadeiramente original e muito reflexiva.

A trama de "O Lagosta" se passa em um futuro distópico, onde os solteiros são obrigados a encontrar um parceiro dentro de um prazo estipulado. Caso contrário, são transformados em um animal de sua escolha e soltos na floresta. Após perder a esposa, o protagonista, David (Colin Farrell), decide se refugiar em um hotel peculiar, onde os hóspedes têm a oportunidade de encontrar um novo amor. No entanto, o que parece ser uma simples busca por companhia revela-se uma jornada existencial surreal. Condira o trailer (em inglês):

Mais atual do que nunca, "O Lagosta" é uma obra de arte que transcende o ordinário ao fazer um retrato dos relacionamentos em uma sociedade que não tolera o meio-termo, ou seja, onde o extremismo faz parte do dia a dia auto-destrutivo daquele universo. E é justamente nesse ponto que a direção de Lanthimos soa magistral, já que ele potencializa essa atmosfera de estranheza e alienação permeando toda a narrativa com metáforas muito inteligentes - reparem na forma como os hóspedes do hotel se relacionam entre si, todos da mesma forma, vestidos iguais, seguindo as mesmas regras rígidas e, principalmente, sabendo que o tempo é seu pior inimigo nesse objetivo de encontrar um grande amor e assim não virar, por exemplo, uma lagosta.  

O roteiro, co-escrito por Lanthimos e Efthymis Filippou, chegou a ser indicado ao Oscar em 2017 por sua originalidade acima da média. Seu texto é uma mistura perspicaz de comédia, drama e sátira social que usa de uma linguagem peculiar e de diálogos absurdos para acrescentar uma camada extra de estranheza e humor capaz de desafiar nossas expectativas a cada nova sequência - algo entre "O Ensaio sobre a Cegueira" e "Parasita". A fotografia do Thimios Bakatakis (de "O Chalé") segue o mesmo conceito desolador da narrativa e dentro daqueles cenários minimalistas, clean ao extremo, contribui ainda mais para a construção de um gélido mundo distópico, onde as regras sociais são tão distorcidas quanto a solidão como uma forma de ameaça constante.

O elenco, é preciso ressaltar, entrega performances excepcionais, com destaque para Colin Farrell, Rachel Weisz e Olivia Colman. Farrell incorpora brilhantemente a angústia e a vulnerabilidade de seu personagem, enquanto Weisz e Colman trazem uma profundidade emocional cativante às suas interpretações - a química entre eles é tão palpável que adiciona uma complexidade para as relações que de fato nos faz refletir sobre temas como identidade, amor e liberdade de escolha. "The Lobster" (no original) realmente desafia e fascina em igual medida, então se você está em busca de uma experiência verdadeiramente única e provocativa, não ignore essa recomendação - mas saiba que você está prestes a navegar por um oceano pouquíssimo explorado no cinema comercial!

Vale seu play!

Assista Agora

Ame ou odeie! Sem dúvida essa será a sensação de assistir "O Lagosta", dirigido por Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"). Embora seja assumidamente um drama distópico, o tom non-sentede sua narrativa extrapola e desafia as convenções do cinema contemporâneo que estamos acostumados. Lanthimos sabe exatamente como mergulhar sua audiência nesse mundo absurdo e sombrio, onde as relações humanas são exploradas de forma provocativa e muitas vezes perturbadora - reparem como a performance dos atores só aumenta o desconforto que a própria situação, por si só, já representa. Mais uma vez, o diretor demonstra uma habilidade magistral em criar uma atmosfera única, combinando um pontual humor negro, cheio de simbolismos, com o surrealismo prático - ao ponto de desprezar a lógica e renegar os padrões estabelecidos de ordem moral e social para criticar a superficialidade das conexões emocionais de maneira brilhante. Olha, você pode até não gostar de proposta de Lanthimos, mas nunca poderá negar que se trata de uma experiência cinematográfica verdadeiramente original e muito reflexiva.

A trama de "O Lagosta" se passa em um futuro distópico, onde os solteiros são obrigados a encontrar um parceiro dentro de um prazo estipulado. Caso contrário, são transformados em um animal de sua escolha e soltos na floresta. Após perder a esposa, o protagonista, David (Colin Farrell), decide se refugiar em um hotel peculiar, onde os hóspedes têm a oportunidade de encontrar um novo amor. No entanto, o que parece ser uma simples busca por companhia revela-se uma jornada existencial surreal. Condira o trailer (em inglês):

Mais atual do que nunca, "O Lagosta" é uma obra de arte que transcende o ordinário ao fazer um retrato dos relacionamentos em uma sociedade que não tolera o meio-termo, ou seja, onde o extremismo faz parte do dia a dia auto-destrutivo daquele universo. E é justamente nesse ponto que a direção de Lanthimos soa magistral, já que ele potencializa essa atmosfera de estranheza e alienação permeando toda a narrativa com metáforas muito inteligentes - reparem na forma como os hóspedes do hotel se relacionam entre si, todos da mesma forma, vestidos iguais, seguindo as mesmas regras rígidas e, principalmente, sabendo que o tempo é seu pior inimigo nesse objetivo de encontrar um grande amor e assim não virar, por exemplo, uma lagosta.  

O roteiro, co-escrito por Lanthimos e Efthymis Filippou, chegou a ser indicado ao Oscar em 2017 por sua originalidade acima da média. Seu texto é uma mistura perspicaz de comédia, drama e sátira social que usa de uma linguagem peculiar e de diálogos absurdos para acrescentar uma camada extra de estranheza e humor capaz de desafiar nossas expectativas a cada nova sequência - algo entre "O Ensaio sobre a Cegueira" e "Parasita". A fotografia do Thimios Bakatakis (de "O Chalé") segue o mesmo conceito desolador da narrativa e dentro daqueles cenários minimalistas, clean ao extremo, contribui ainda mais para a construção de um gélido mundo distópico, onde as regras sociais são tão distorcidas quanto a solidão como uma forma de ameaça constante.

O elenco, é preciso ressaltar, entrega performances excepcionais, com destaque para Colin Farrell, Rachel Weisz e Olivia Colman. Farrell incorpora brilhantemente a angústia e a vulnerabilidade de seu personagem, enquanto Weisz e Colman trazem uma profundidade emocional cativante às suas interpretações - a química entre eles é tão palpável que adiciona uma complexidade para as relações que de fato nos faz refletir sobre temas como identidade, amor e liberdade de escolha. "The Lobster" (no original) realmente desafia e fascina em igual medida, então se você está em busca de uma experiência verdadeiramente única e provocativa, não ignore essa recomendação - mas saiba que você está prestes a navegar por um oceano pouquíssimo explorado no cinema comercial!

Vale seu play!

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Osmosis

Quando assisti o trailer de "Osmosis" minha primeira impressão foi que a série poderia, tranquilamente, ser um episódio (ou um spin-off) de "Black Mirror". Porém, quando você vai assistindo os episódios da primeira temporada, ela vai, pouco a pouco, se afastando de "Black Mirror" e se aproximando de "Sense 8" - tanto no seu conceito narrativo (e em muitos momentos até na sua estrutura, o que pode parecer cansativo para aqueles que preferem mais ação e menos reflexão) quanto nas escolhas estéticas da direção e da fotografia: tudo é mais poético, com planos mais fechados, lentos e câmeras um pouco mais soltas do que normalmente vemos em uma ficção científica. O fato é que "Osmosis" vai agradar alguns, mas muitos vão odiar!

A série francesa é mais uma Original da Netflix e parte da premissa, criada pela Audrey Fouché (do sucesso “Les Revenants”), de que uma nova tecnologia é capaz de decodificar algumas informações químicas do nosso corpo, identificando assim quem seria nossa alma gêmea. Para isso, a empresa detentora dessa tecnologia, recruta algumas pessoas para testar esse aplicativo e é aí que o projeto começa desandar, afinal a própria motivação dos irmãos que comandam a empresa são diferentes e conflitantes.  Uma pergunta feita por uma personagem bem interessante, no episódio 3 (se não me engano), define bem as discussões que a série traz e que em muitos momentos derrapa em seu desenvolvimento pela superficialidade: "Seres humanos suportam um estado de felicidade permanente?"

Encontrar sua alma gêmea é ter a certeza de uma vida amorosa feliz, certo? Errado, porque as pessoas se relacionam com os sentimentos de formas completamente diferentes uma das outras! Essa camada é o ponto alto da série, mas, já adianto, é preciso uma boa dose de reflexão e de boa vontade para compreender coisas que o roteiro simplesmente parece ignorar (ou pelo menos aposta que deixar subentendido é o suficiente)! Os personagens são excelentes, mas ficaram na zona de conforto nessa 1ª temporada e nisso "Sense 8" dá de 10 a zero! As subtramas são fracas, especialmente a da protagonista Esther (Agathe Bonitzer) que quer usar a tecnologia que criou para salvar a vida da mãe que está em coma - tudo isso sem uma explicação plausível (pelo menos até agora) de como a finalidade do aplicativo pode servir para outra tão diferente - a série apenas cita o fato dela ter salvado o irmão de uma condição parecida, mas também sem muita coerência de fatos.

Eu pessoalmente gostei da série, mesmo com essas falhas narrativas. Achei a produção excelente, com uma fotografia linda e uma construção de futuro inteligente, pois usa dos detalhes (e um orçamento modesto) para nos ambientar, sem precisar de maiores intervenções de cenários em CG (que normalmente soam tão fakes) como em 3%, por exemplo. A direção também é muito bacana, autoral, delicada, poética! Os atores são mais inconstantes, as vezes internalizam uma situação chave muito bem, outras vezes saem completamente fora tom se apoiando em esteriótipos que escancaram a canastrice!

Bom, se você gostou de "Sense 8" é mais provável que você se identifique com "Osmosis". De "Black Mirror" você só vai encontrar uma lembrança distante "Hang the DJ"!!! Vale dar uma chance...

Assista Agora

Quando assisti o trailer de "Osmosis" minha primeira impressão foi que a série poderia, tranquilamente, ser um episódio (ou um spin-off) de "Black Mirror". Porém, quando você vai assistindo os episódios da primeira temporada, ela vai, pouco a pouco, se afastando de "Black Mirror" e se aproximando de "Sense 8" - tanto no seu conceito narrativo (e em muitos momentos até na sua estrutura, o que pode parecer cansativo para aqueles que preferem mais ação e menos reflexão) quanto nas escolhas estéticas da direção e da fotografia: tudo é mais poético, com planos mais fechados, lentos e câmeras um pouco mais soltas do que normalmente vemos em uma ficção científica. O fato é que "Osmosis" vai agradar alguns, mas muitos vão odiar!

A série francesa é mais uma Original da Netflix e parte da premissa, criada pela Audrey Fouché (do sucesso “Les Revenants”), de que uma nova tecnologia é capaz de decodificar algumas informações químicas do nosso corpo, identificando assim quem seria nossa alma gêmea. Para isso, a empresa detentora dessa tecnologia, recruta algumas pessoas para testar esse aplicativo e é aí que o projeto começa desandar, afinal a própria motivação dos irmãos que comandam a empresa são diferentes e conflitantes.  Uma pergunta feita por uma personagem bem interessante, no episódio 3 (se não me engano), define bem as discussões que a série traz e que em muitos momentos derrapa em seu desenvolvimento pela superficialidade: "Seres humanos suportam um estado de felicidade permanente?"

Encontrar sua alma gêmea é ter a certeza de uma vida amorosa feliz, certo? Errado, porque as pessoas se relacionam com os sentimentos de formas completamente diferentes uma das outras! Essa camada é o ponto alto da série, mas, já adianto, é preciso uma boa dose de reflexão e de boa vontade para compreender coisas que o roteiro simplesmente parece ignorar (ou pelo menos aposta que deixar subentendido é o suficiente)! Os personagens são excelentes, mas ficaram na zona de conforto nessa 1ª temporada e nisso "Sense 8" dá de 10 a zero! As subtramas são fracas, especialmente a da protagonista Esther (Agathe Bonitzer) que quer usar a tecnologia que criou para salvar a vida da mãe que está em coma - tudo isso sem uma explicação plausível (pelo menos até agora) de como a finalidade do aplicativo pode servir para outra tão diferente - a série apenas cita o fato dela ter salvado o irmão de uma condição parecida, mas também sem muita coerência de fatos.

Eu pessoalmente gostei da série, mesmo com essas falhas narrativas. Achei a produção excelente, com uma fotografia linda e uma construção de futuro inteligente, pois usa dos detalhes (e um orçamento modesto) para nos ambientar, sem precisar de maiores intervenções de cenários em CG (que normalmente soam tão fakes) como em 3%, por exemplo. A direção também é muito bacana, autoral, delicada, poética! Os atores são mais inconstantes, as vezes internalizam uma situação chave muito bem, outras vezes saem completamente fora tom se apoiando em esteriótipos que escancaram a canastrice!

Bom, se você gostou de "Sense 8" é mais provável que você se identifique com "Osmosis". De "Black Mirror" você só vai encontrar uma lembrança distante "Hang the DJ"!!! Vale dar uma chance...

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Resistência

Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 -  o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.

"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:

Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.

O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!

A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.

"The Creator" (no original) é realmente imperdível!

Assista Agora

Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 -  o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.

"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:

Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.

O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!

A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.

"The Creator" (no original) é realmente imperdível!

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Ruptura

Sabe aquele episódio de "Black Mirror" que daria uma excelente série se fosse desenvolvido com mais calma, com ótimos personagens e ainda um arco cheio de mistério para "Iniciativa Dharma" alguma colocar defeito? Pois é, temos! "Ruptura", nova série da AppleTV+, é uma jóia para quem gosta de um drama bem construído, com elementos de ficção cientifica (com alma!) ao melhor estilo "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", cheio de camadas e muito bem dirigido pela talentosa Aoife McArdle e pelo, acreditem, Ben Stiller - tudo isso baseado na criação de um estreante, o surpreendente Dan Erickson (guardem esse nome)!

Na trama conhecemos a história de alguns funcionários de uma empresa de tecnologia chamada Lumon. Sem muitas explicações, eles aceitam fazer um procedimento chamado de Severance, ou seja, eles separam suas personalidades em duas: uma que representa um funcionário exclusivo da Lumon e outra que é a pessoa que eles realmente são na vida real. O intrigante é que uma versão não sabe da outra, fazendo com que a mesma pessoa, viva em duas realidades distintas. Confira o trailer:

Em tempos pós-pandemia "Ruptura" tem um texto muito inteligente, cheio de críticas à tecnologia e, principalmente, perante nossas dinâmicas através dela. Claramente cheia de alegorias, muito bem colocadas e sempre cercada de muita ironia, o roteiro transforma o cotidiano dos personagens em uma espécie de prisão corporativista, explorando uma rotina exaustiva e completamente alienada que serve como fuga para o "eu" real - curioso como conhecemos muitas pessoas assim, não?

Mark (Adam Scott) resolveu fazer a ruptura para esquecer por 8 horas que sua mulher morreu em um acidente de carro, porém o mistério acompanha todos os outros personagens: seja a chefona durona totalmente non-sense, Harmony (Patricia Arquette), até o funcionário modelo Irving (John Turturro), ou o excêntrico Dylan (Zach Cherry) e a rebelde nova funcionária Holly (Britt Lower) - o elenco é tão incrível que eu já separaria muitos prêmios no próximo Emmy. Isso porque eu nem citei o impagável segurança Milchick (Tramell Tillman).

Outro ponto que merece sua atenção diz respeito ao desenho de produção: o ambiente criado pelo Jeremy Hindle ("A hora mais escura") é genial - uma verdadeira folha em branco, cheia de corredores e totalmente desprovido de vida - o movimento de câmera acompanhando os atores pelos longos corredores dá a exata impressão de que todos são ratos de laboratório num labirinto interminável. Chega a ser claustrofóbico! Aliás a sensação de vazio que o cenário nos passa é impressionante - eu diria que essa configuração visual é tão impactante e importante que pode ser considerado um personagem.

Antes de finalizar, é preciso dizer que "Ruptura" tem uma narrativa bastante cadenciada, o que pode dar a impressão que a história não está indo para lugar algum - esquece, pois tudo (eu disse "tudo") tem uma razão de estar em cena. Todo diálogo é importante. E toda pergunta parece ter uma resposta - os dois últimos episódios dão uma boa ideia de como essa série pode entrar para a história. Sem exageros, "Ruptura" é uma das melhores coisas que assisti em muitos anos - desde o cuidado técnico para nos mergulhar em inúmeras alegorias e mistérios até os subtextos críticos e filosóficos em torno de temas profundamente realistas e atuais.

Vale muito seu play!

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Sabe aquele episódio de "Black Mirror" que daria uma excelente série se fosse desenvolvido com mais calma, com ótimos personagens e ainda um arco cheio de mistério para "Iniciativa Dharma" alguma colocar defeito? Pois é, temos! "Ruptura", nova série da AppleTV+, é uma jóia para quem gosta de um drama bem construído, com elementos de ficção cientifica (com alma!) ao melhor estilo "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", cheio de camadas e muito bem dirigido pela talentosa Aoife McArdle e pelo, acreditem, Ben Stiller - tudo isso baseado na criação de um estreante, o surpreendente Dan Erickson (guardem esse nome)!

Na trama conhecemos a história de alguns funcionários de uma empresa de tecnologia chamada Lumon. Sem muitas explicações, eles aceitam fazer um procedimento chamado de Severance, ou seja, eles separam suas personalidades em duas: uma que representa um funcionário exclusivo da Lumon e outra que é a pessoa que eles realmente são na vida real. O intrigante é que uma versão não sabe da outra, fazendo com que a mesma pessoa, viva em duas realidades distintas. Confira o trailer:

Em tempos pós-pandemia "Ruptura" tem um texto muito inteligente, cheio de críticas à tecnologia e, principalmente, perante nossas dinâmicas através dela. Claramente cheia de alegorias, muito bem colocadas e sempre cercada de muita ironia, o roteiro transforma o cotidiano dos personagens em uma espécie de prisão corporativista, explorando uma rotina exaustiva e completamente alienada que serve como fuga para o "eu" real - curioso como conhecemos muitas pessoas assim, não?

Mark (Adam Scott) resolveu fazer a ruptura para esquecer por 8 horas que sua mulher morreu em um acidente de carro, porém o mistério acompanha todos os outros personagens: seja a chefona durona totalmente non-sense, Harmony (Patricia Arquette), até o funcionário modelo Irving (John Turturro), ou o excêntrico Dylan (Zach Cherry) e a rebelde nova funcionária Holly (Britt Lower) - o elenco é tão incrível que eu já separaria muitos prêmios no próximo Emmy. Isso porque eu nem citei o impagável segurança Milchick (Tramell Tillman).

Outro ponto que merece sua atenção diz respeito ao desenho de produção: o ambiente criado pelo Jeremy Hindle ("A hora mais escura") é genial - uma verdadeira folha em branco, cheia de corredores e totalmente desprovido de vida - o movimento de câmera acompanhando os atores pelos longos corredores dá a exata impressão de que todos são ratos de laboratório num labirinto interminável. Chega a ser claustrofóbico! Aliás a sensação de vazio que o cenário nos passa é impressionante - eu diria que essa configuração visual é tão impactante e importante que pode ser considerado um personagem.

Antes de finalizar, é preciso dizer que "Ruptura" tem uma narrativa bastante cadenciada, o que pode dar a impressão que a história não está indo para lugar algum - esquece, pois tudo (eu disse "tudo") tem uma razão de estar em cena. Todo diálogo é importante. E toda pergunta parece ter uma resposta - os dois últimos episódios dão uma boa ideia de como essa série pode entrar para a história. Sem exageros, "Ruptura" é uma das melhores coisas que assisti em muitos anos - desde o cuidado técnico para nos mergulhar em inúmeras alegorias e mistérios até os subtextos críticos e filosóficos em torno de temas profundamente realistas e atuais.

Vale muito seu play!

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Silo

Você não vai precisar mais do que um episódio para se perguntar "por que diabos eu não assisti essa série antes?". "Silo", da AppleTV+, é uma ficção científica de respeito, que se baseia no aclamado romance "Wool" de Hugh Howey. Desenvolvida por Graham Yost (de "From the Earth to the Moon"), a série nos transporta para um futuro distópico onde a humanidade vive em um gigantesco silo subterrâneo de 144 andares, protegido de um mundo exterior tóxico e desconhecido. Com uma narrativa das mais misteriosas e envolventes, um conceito visual impressionante e um elenco de peso, "Silo" realmente chama atenção pela forma como oferece uma exploração profunda, cheia de simbologia, sobre o controle da informação, os mistérios da sobrevivência e a incessante busca pela verdade.

Basicamente, a trama gira em torno dos habitantes desse silo, uma sociedade fechada e rigidamente controlada que obedece a um conjunto de estritas regras chamada de Pacto, com a mais radical sendo que, se alguém manifestar a vontade de sair de lá e encarar o envenenado mundo exterior, esse desejo passa ser obrigatório e a pessoa será, então, expulsa do silo com um único pedido: antes de morrer ela precisa limpar a lente do sensor que é o único olhar de seus pares para a desolação do lado de fora. Quando uma sucessão de acontecimentos faz com que Juliette Nichols (Rebecca Ferguson), uma engenheira do andar mais profundo do silo, hesitantemente aceite ser a nova chefe de polícia, ela começa a fazer investigações que a levam a duvidar de tudo aquilo que conhece, com consequências cada vez mais angustiantes e perigosas. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que "Silo" é muito bem-sucedida em criar um mundo envolvente e misterioso, no entanto o seu estilo de narrativa, naturalmente, brinca com nossa percepção ao deixar claro que as respostas não virão com tanta facilidade - certamente isso vai testar a paciência de quem espera por uma jornada de fácil entendimento. Ao melhor estilo "Lost" com um toque de "Ruptura", a densidade do texto adaptado por Yost faz com que certos aspectos da trama pareçam complexos demais para serem totalmente explorados em uma única temporada, ou seja, esteja preparado para lidar com a angústia de um dia saber o final - internamente é sugerido que a série tenha 4 temporadas.

O roteiro é habilmente construído para equilibrar o desenvolvimento de personagens cheio de camadas com uma progressão da trama que envolve todas essas revelações e mistérios. Yost sabe como manter a audiência engajada, oferecendo reviravoltas e momentos de alta tensão sempre no tom certo - dificilmente você terá a sensação de que está sendo "enrolado". Ao trazer temas profundos como a verdade versus a mentira, o controle autoritário e a natureza da liberdade, tudo de uma maneira que é ao mesmo tempo intelectual e emocionalmente ressonante, a série adiciona o drama real mesmo envelopada de distópica. Rebecca Ferguson entrega uma performance poderosa e convincente como Juliette, capturando a determinação, a inteligência e a vulnerabilidade da sua personagem - existe uma profundidade emocional impressionante no seu trabalho. Aliás, o elenco de apoio inteiro, incluindo Tim Robbins como o misterioso Bernard e Rashida Jones como Allison, também oferece atuações sólidas que só enriquecem a narrativa.

"Silo" tem uma estética visual sombria e claustrofóbica que reflete a opressão do ambiente subterrâneo que, de fato, é impactante. Os enquadramentos acentuam essa sensação de confinamento e a tensão constantes, o que nos leva a uma reflexão importante sobre os extremos do controle social e da vulnerabilidade de uma pseudo-resistência humana - essa abordagem mais intelectual e emocional, repare, só complementa perfeitamente a atmosfera dessa série imperdível.

Saiba que "Silo" vale muito o seu play, especialmente se você for fã de ficção científica com esse mood mais distópico.

Assista Agora

Você não vai precisar mais do que um episódio para se perguntar "por que diabos eu não assisti essa série antes?". "Silo", da AppleTV+, é uma ficção científica de respeito, que se baseia no aclamado romance "Wool" de Hugh Howey. Desenvolvida por Graham Yost (de "From the Earth to the Moon"), a série nos transporta para um futuro distópico onde a humanidade vive em um gigantesco silo subterrâneo de 144 andares, protegido de um mundo exterior tóxico e desconhecido. Com uma narrativa das mais misteriosas e envolventes, um conceito visual impressionante e um elenco de peso, "Silo" realmente chama atenção pela forma como oferece uma exploração profunda, cheia de simbologia, sobre o controle da informação, os mistérios da sobrevivência e a incessante busca pela verdade.

Basicamente, a trama gira em torno dos habitantes desse silo, uma sociedade fechada e rigidamente controlada que obedece a um conjunto de estritas regras chamada de Pacto, com a mais radical sendo que, se alguém manifestar a vontade de sair de lá e encarar o envenenado mundo exterior, esse desejo passa ser obrigatório e a pessoa será, então, expulsa do silo com um único pedido: antes de morrer ela precisa limpar a lente do sensor que é o único olhar de seus pares para a desolação do lado de fora. Quando uma sucessão de acontecimentos faz com que Juliette Nichols (Rebecca Ferguson), uma engenheira do andar mais profundo do silo, hesitantemente aceite ser a nova chefe de polícia, ela começa a fazer investigações que a levam a duvidar de tudo aquilo que conhece, com consequências cada vez mais angustiantes e perigosas. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que "Silo" é muito bem-sucedida em criar um mundo envolvente e misterioso, no entanto o seu estilo de narrativa, naturalmente, brinca com nossa percepção ao deixar claro que as respostas não virão com tanta facilidade - certamente isso vai testar a paciência de quem espera por uma jornada de fácil entendimento. Ao melhor estilo "Lost" com um toque de "Ruptura", a densidade do texto adaptado por Yost faz com que certos aspectos da trama pareçam complexos demais para serem totalmente explorados em uma única temporada, ou seja, esteja preparado para lidar com a angústia de um dia saber o final - internamente é sugerido que a série tenha 4 temporadas.

O roteiro é habilmente construído para equilibrar o desenvolvimento de personagens cheio de camadas com uma progressão da trama que envolve todas essas revelações e mistérios. Yost sabe como manter a audiência engajada, oferecendo reviravoltas e momentos de alta tensão sempre no tom certo - dificilmente você terá a sensação de que está sendo "enrolado". Ao trazer temas profundos como a verdade versus a mentira, o controle autoritário e a natureza da liberdade, tudo de uma maneira que é ao mesmo tempo intelectual e emocionalmente ressonante, a série adiciona o drama real mesmo envelopada de distópica. Rebecca Ferguson entrega uma performance poderosa e convincente como Juliette, capturando a determinação, a inteligência e a vulnerabilidade da sua personagem - existe uma profundidade emocional impressionante no seu trabalho. Aliás, o elenco de apoio inteiro, incluindo Tim Robbins como o misterioso Bernard e Rashida Jones como Allison, também oferece atuações sólidas que só enriquecem a narrativa.

"Silo" tem uma estética visual sombria e claustrofóbica que reflete a opressão do ambiente subterrâneo que, de fato, é impactante. Os enquadramentos acentuam essa sensação de confinamento e a tensão constantes, o que nos leva a uma reflexão importante sobre os extremos do controle social e da vulnerabilidade de uma pseudo-resistência humana - essa abordagem mais intelectual e emocional, repare, só complementa perfeitamente a atmosfera dessa série imperdível.

Saiba que "Silo" vale muito o seu play, especialmente se você for fã de ficção científica com esse mood mais distópico.

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The Handmaid's Tale

"The Handmaid's Tale" (ou "O Conto da Aia") é o tipo da série que nos faz assinar um serviço de streaming só para poder assistir todas as temporadas - mais ou menos como foi "House of Cards" nos primórdios da Netflix. Impecável na forma, sensacional no conteúdo - não existe outra forma de definir a série da Hulu que aqui no Brasil está na Globoplay!

Baseado no livro homônimo escrito pela canadense Margaret Atwood, a série conta a história da queda do governo democrático dos EUA e consequentemente a ascensão de uma nova forma de autoridade, a República de Gilead, uma espécie de administração cristã fundamentalista totalitária na qual o respeito às leis sagradas deve ser seguido acima de tudo e onde a mulher passa a ser massacrada como indivíduo, sendo obrigada a servir aos Comandantes para, simplesmente, parir seus filhos - tudo isso pelos olhos de June/Offred (Elisabeth Moss). Confira o trailer:

Impactante visualmente e narrativamente, "The Handmaid's Tale" é uma pérola - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas. Muito dessa qualidade se dá pelo fato de que a própria autora do livro tenha trabalhado ao lado de Bruce Miller (de "The 4400") na adaptação para a tela desse futuro não tão distópico que toca em elementos muito presentes em nossa sociedade atual que vai do feminismo radical ao fundamentalismo religioso. E não é só isso, a dualidade das questões também impressiona, veja: com a queda abrupta da taxa de natalidade, segundo os fundamentalistas causado pelos elevados níveis de poluição e pelo comportamento permissivo da comunidade que vivia em um universo de drogas e de desrespeito aos valores tradicionais, o sexo feminino se torna um bem valioso ao mesmo tempo em que é necessário o uso da força para conquista-lo.

Entende como as "boas intenções" escondem camadas muito mais profundas e perigosas?

O roteiro foi muito feliz em dividir a trama em duas linhas temporais que se misturam sem muito aviso, mas que ao perceber essa dinâmica da montagem, nos trazem uma enorme sensação de insegurança e de angústia. As peças são apresentadas aos poucos, mas a potência com que isso acontece é muito marcante. De um lado temos o dia-a-dia das aias, as poucas mulheres férteis que ainda restaram nos Estados Unidos que foram capturadas, torturadas, mutiladas e tendo passado por uma verdadeira lavagem cerebral, coação e castigos físicos, para que os Comandantes as estuprem como se fosse a coisa mais normal do mundo - esse é o status atual das mulheres neste Universo. Já do outro lado, conhecemos o passado, extremamente fragmentado e sem respeitar uma linearidade, onde os personagens são construídos e as situações são explicadas ponto a ponto - é aqui que entendemos o valor da complexa performance de Elisabeth Moss que lhe rendeu um Emmy em 2017.

Com um elenco muito bom, uma direção de arte de se aplaudir de pé e uma fotografia belíssima, "The Handmaid's Tale" justifica o prêmio de melhor série dramática de 2017. Uma série que nos mostra o que uma sociedade pode se tornar quando uma camada extremista assume o controle e passa a dizer o que deve ou o que não deve ser feito. Em um cenário com muitas interferências, um ódio gratuito contra a sexualidade do outro, inúmeras tentativas de suprimir os direitos individuais, fica impossível não refletir sobre nossa realidade (e as redes sociais estão estão aí para provar como isso tudo é perigoso). Com inteligência e aproveitando o poder do entretenimento, eu diria que "The Handmaid's Tale" é uma série tão necessária quanto imperdível!

E que vale muito o seu play!

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"The Handmaid's Tale" (ou "O Conto da Aia") é o tipo da série que nos faz assinar um serviço de streaming só para poder assistir todas as temporadas - mais ou menos como foi "House of Cards" nos primórdios da Netflix. Impecável na forma, sensacional no conteúdo - não existe outra forma de definir a série da Hulu que aqui no Brasil está na Globoplay!

Baseado no livro homônimo escrito pela canadense Margaret Atwood, a série conta a história da queda do governo democrático dos EUA e consequentemente a ascensão de uma nova forma de autoridade, a República de Gilead, uma espécie de administração cristã fundamentalista totalitária na qual o respeito às leis sagradas deve ser seguido acima de tudo e onde a mulher passa a ser massacrada como indivíduo, sendo obrigada a servir aos Comandantes para, simplesmente, parir seus filhos - tudo isso pelos olhos de June/Offred (Elisabeth Moss). Confira o trailer:

Impactante visualmente e narrativamente, "The Handmaid's Tale" é uma pérola - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas. Muito dessa qualidade se dá pelo fato de que a própria autora do livro tenha trabalhado ao lado de Bruce Miller (de "The 4400") na adaptação para a tela desse futuro não tão distópico que toca em elementos muito presentes em nossa sociedade atual que vai do feminismo radical ao fundamentalismo religioso. E não é só isso, a dualidade das questões também impressiona, veja: com a queda abrupta da taxa de natalidade, segundo os fundamentalistas causado pelos elevados níveis de poluição e pelo comportamento permissivo da comunidade que vivia em um universo de drogas e de desrespeito aos valores tradicionais, o sexo feminino se torna um bem valioso ao mesmo tempo em que é necessário o uso da força para conquista-lo.

Entende como as "boas intenções" escondem camadas muito mais profundas e perigosas?

O roteiro foi muito feliz em dividir a trama em duas linhas temporais que se misturam sem muito aviso, mas que ao perceber essa dinâmica da montagem, nos trazem uma enorme sensação de insegurança e de angústia. As peças são apresentadas aos poucos, mas a potência com que isso acontece é muito marcante. De um lado temos o dia-a-dia das aias, as poucas mulheres férteis que ainda restaram nos Estados Unidos que foram capturadas, torturadas, mutiladas e tendo passado por uma verdadeira lavagem cerebral, coação e castigos físicos, para que os Comandantes as estuprem como se fosse a coisa mais normal do mundo - esse é o status atual das mulheres neste Universo. Já do outro lado, conhecemos o passado, extremamente fragmentado e sem respeitar uma linearidade, onde os personagens são construídos e as situações são explicadas ponto a ponto - é aqui que entendemos o valor da complexa performance de Elisabeth Moss que lhe rendeu um Emmy em 2017.

Com um elenco muito bom, uma direção de arte de se aplaudir de pé e uma fotografia belíssima, "The Handmaid's Tale" justifica o prêmio de melhor série dramática de 2017. Uma série que nos mostra o que uma sociedade pode se tornar quando uma camada extremista assume o controle e passa a dizer o que deve ou o que não deve ser feito. Em um cenário com muitas interferências, um ódio gratuito contra a sexualidade do outro, inúmeras tentativas de suprimir os direitos individuais, fica impossível não refletir sobre nossa realidade (e as redes sociais estão estão aí para provar como isso tudo é perigoso). Com inteligência e aproveitando o poder do entretenimento, eu diria que "The Handmaid's Tale" é uma série tão necessária quanto imperdível!

E que vale muito o seu play!

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