"Uma Ideia de Você" é uma graça - daquele tipo de comédia romântica leve e divertida que você assiste com um leve sorriso no rosto bem ao estilo "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou até "Yesterday". Dito isso, não espere muitas novidades narrativas no filme do diretor Michael Showalter (de "Os olhos de Tammy Faye") ao mesmo tempo que também é preciso elogiar sua capacidade de equilibrar uma certa atmosfera pop com uma certa crítica perante uma sociedade tão moderninha quanto hipócrita. Se basicamente essa ótima adaptação do livro homônimo de Robinne Lee soa como uma releitura atual de "Notting Hill" em sua essência, posso te garantir que assistir a história de amor de Solène e Hayes deve sim arrancar alguns suspiros de sua audiência.
"The Idea of You" (no original), basicamente, gira em torno de Solène (Anne Hathaway), uma mãe solteira de 40 anos que embarca em um romance inesperado com Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), o vocalista de 24 anos da August Moon, a boy band mais popular do planeta. No entanto, o que poderia ser uma linda e feliz história de amor, rapidamente se transforma em uma relação insustentável devido a fama da Campbell, o preconceito dos fãs perante Solène e a falta de privacidade que o casal precisa enfrentar. Confira o trailer:
Pode soar até pretensioso demais, mas "Uma Ideia de Você"não se contenta em ser apenas mais uma comédia romântica água com açúcar usual. Embora sua estrutura narrativa e seu conceito visual indiquem isso, basta olhar um pouco mais atento para o roteiro escrito pelo próprio diretor Michael Showalter ao lado da autora Robinne Lee e da roteiristaJennifer Westfeldt (da série "The First Lady"), para perceber que o filme sabe explorar com alguma sensibilidade temas como a diferença de idade nas relações, a pressão da mídia em tempos de rede social, a busca pela felicidade após um divórcio traumático e, claro, a importância de seguir seus sonhos mesmo quando tudo indica que esse não será o caminho mais tranquilo. Com um roteiro inteligente e bem escrito, saiba que o filme não foge da premissa fantasiosa e dos clichês com aquele toque de sensualidade, para contar uma história improvável de uma pessoa comum que se apaixona por uma celebridade. Se o filme não é tão original assim, tenha certeza que pelo menos ele te fará rir, chorar e até refletir sobre a vida - mas de um forma leve, ou seja, nada parecido como "Nasce uma Estrela", por exemplo.
A fotografia de "Uma Ideia de Você" é linda e colorida, capturando a energia vibrante da indústria musical - especialmente dos grandes concertos de pop. Jim Frohna (de "Big Little Lies") e o montadorPeter Teschner (de "Estrelas Além do Tempo"), estão alinhados com o estilo mais naturalista de Showalter - reparem na atenção aos detalhes e nas sensações que algumas cenas provocam. Existe uma beleza estética que lembra um filme mais autoral, independente. Sempre filmadas com lentes mais fechadas, recortadas por planos-detalhes rápidos, muitas vezes até sem uma trilha sonora ao fundo, algumas cenas expressam tanto sobre os personagens que é impossível não nos relacionarmos intimamente com eles.
É fácil perceber a química entre Hathaway e Galitzine - é inegável que os dois levam o filme para outro patamar! É possível que a comparação com Hugh Grant e com Julia Roberts soe desleal nesse sentido, mas não se pode deixar de lado a forma como Hathaway entrega uma performance comovente e divertida e como Galitzine nos surpreende com seu carisma e talento - eu prestaria mais atenção nesse rapaz. O fato é que "Uma Ideia de Você" realmente diverte com sua leveza e emoção e te conquista com sua simplicidade e sensibilidade. Ele poderia ser mais impactante se tivesse a coragem de seguir uma certa lógica em seu terceiro ato? Sim, mas aí não seria uma comédia romântica raiz com cara de sábado a tarde chuvoso, embaixo do cobertor e com um bom balde de pipoca na mão!
Vale muito o seu play
"Uma Ideia de Você" é uma graça - daquele tipo de comédia romântica leve e divertida que você assiste com um leve sorriso no rosto bem ao estilo "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou até "Yesterday". Dito isso, não espere muitas novidades narrativas no filme do diretor Michael Showalter (de "Os olhos de Tammy Faye") ao mesmo tempo que também é preciso elogiar sua capacidade de equilibrar uma certa atmosfera pop com uma certa crítica perante uma sociedade tão moderninha quanto hipócrita. Se basicamente essa ótima adaptação do livro homônimo de Robinne Lee soa como uma releitura atual de "Notting Hill" em sua essência, posso te garantir que assistir a história de amor de Solène e Hayes deve sim arrancar alguns suspiros de sua audiência.
"The Idea of You" (no original), basicamente, gira em torno de Solène (Anne Hathaway), uma mãe solteira de 40 anos que embarca em um romance inesperado com Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), o vocalista de 24 anos da August Moon, a boy band mais popular do planeta. No entanto, o que poderia ser uma linda e feliz história de amor, rapidamente se transforma em uma relação insustentável devido a fama da Campbell, o preconceito dos fãs perante Solène e a falta de privacidade que o casal precisa enfrentar. Confira o trailer:
Pode soar até pretensioso demais, mas "Uma Ideia de Você"não se contenta em ser apenas mais uma comédia romântica água com açúcar usual. Embora sua estrutura narrativa e seu conceito visual indiquem isso, basta olhar um pouco mais atento para o roteiro escrito pelo próprio diretor Michael Showalter ao lado da autora Robinne Lee e da roteiristaJennifer Westfeldt (da série "The First Lady"), para perceber que o filme sabe explorar com alguma sensibilidade temas como a diferença de idade nas relações, a pressão da mídia em tempos de rede social, a busca pela felicidade após um divórcio traumático e, claro, a importância de seguir seus sonhos mesmo quando tudo indica que esse não será o caminho mais tranquilo. Com um roteiro inteligente e bem escrito, saiba que o filme não foge da premissa fantasiosa e dos clichês com aquele toque de sensualidade, para contar uma história improvável de uma pessoa comum que se apaixona por uma celebridade. Se o filme não é tão original assim, tenha certeza que pelo menos ele te fará rir, chorar e até refletir sobre a vida - mas de um forma leve, ou seja, nada parecido como "Nasce uma Estrela", por exemplo.
A fotografia de "Uma Ideia de Você" é linda e colorida, capturando a energia vibrante da indústria musical - especialmente dos grandes concertos de pop. Jim Frohna (de "Big Little Lies") e o montadorPeter Teschner (de "Estrelas Além do Tempo"), estão alinhados com o estilo mais naturalista de Showalter - reparem na atenção aos detalhes e nas sensações que algumas cenas provocam. Existe uma beleza estética que lembra um filme mais autoral, independente. Sempre filmadas com lentes mais fechadas, recortadas por planos-detalhes rápidos, muitas vezes até sem uma trilha sonora ao fundo, algumas cenas expressam tanto sobre os personagens que é impossível não nos relacionarmos intimamente com eles.
É fácil perceber a química entre Hathaway e Galitzine - é inegável que os dois levam o filme para outro patamar! É possível que a comparação com Hugh Grant e com Julia Roberts soe desleal nesse sentido, mas não se pode deixar de lado a forma como Hathaway entrega uma performance comovente e divertida e como Galitzine nos surpreende com seu carisma e talento - eu prestaria mais atenção nesse rapaz. O fato é que "Uma Ideia de Você" realmente diverte com sua leveza e emoção e te conquista com sua simplicidade e sensibilidade. Ele poderia ser mais impactante se tivesse a coragem de seguir uma certa lógica em seu terceiro ato? Sim, mas aí não seria uma comédia romântica raiz com cara de sábado a tarde chuvoso, embaixo do cobertor e com um bom balde de pipoca na mão!
Vale muito o seu play
"A Fantastic Woman" (título original) foi o último filme que esteve na disputa do Oscar de Filme Estrangeiro 2018 que assisti na época. Baseado nisso, foi tranquilo afirmar que nem de longe era o melhor filme da disputa, mas que, por outro lado, era impossível negar sua relevância como tema, bem como a qualidade da sua realização, tanto técnica, quanto artística!
"Uma Mulher Fantástica", escrito e dirigido pelo Sebastián Lelio, conta a história de Marina Vidal (Daniela Vega), uma mulher trans, que se vê diante da raiva e do preconceito da família do seu parceiro quando ele morre. O filme mostra sua luta pelo direito de sofrer, com a mesma energia que ela lutou para viver como uma mulher em um sociedade extremamente machista e preconceituosa!
Daniela Vega está realmente incrível no papel - dá para sentir suas dores e angústias, e esse é o maior mérito do filme, pela força do texto, ao mesmo tempo pela delicadeza da direção. "Loveless"do Andrey Zvyagintsev (de "Leviatã"), também tinha isso, mas com um roteiro, na minha opinião, ainda mais consistente.
Vale play, claro, mas não espere assistir o filme da sua vida como muita gente falou, embora, para muitos tocará na alma!
"A Fantastic Woman" (título original) foi o último filme que esteve na disputa do Oscar de Filme Estrangeiro 2018 que assisti na época. Baseado nisso, foi tranquilo afirmar que nem de longe era o melhor filme da disputa, mas que, por outro lado, era impossível negar sua relevância como tema, bem como a qualidade da sua realização, tanto técnica, quanto artística!
"Uma Mulher Fantástica", escrito e dirigido pelo Sebastián Lelio, conta a história de Marina Vidal (Daniela Vega), uma mulher trans, que se vê diante da raiva e do preconceito da família do seu parceiro quando ele morre. O filme mostra sua luta pelo direito de sofrer, com a mesma energia que ela lutou para viver como uma mulher em um sociedade extremamente machista e preconceituosa!
Daniela Vega está realmente incrível no papel - dá para sentir suas dores e angústias, e esse é o maior mérito do filme, pela força do texto, ao mesmo tempo pela delicadeza da direção. "Loveless"do Andrey Zvyagintsev (de "Leviatã"), também tinha isso, mas com um roteiro, na minha opinião, ainda mais consistente.
Vale play, claro, mas não espere assistir o filme da sua vida como muita gente falou, embora, para muitos tocará na alma!
Após ser diagnosticado com poliomelite, o jovem Robin Cavendish (Andrew Garfield) fica confinado a uma cama. Contrariando a opinião dos médicos, ele e sua esposa decidem viver uma história de amor e aproveitar cada momento como se fosse o último.
O roteiro é inteligente em não perder tempo explicando com o que o tempo vai mostrar naturalmente: Robin se apaixona por Diana (Claire Foy) e rapidamente o casal feliz já espera seu primeiro filho. Robin gosta muito de viajar e em uma dessas viagens, ele começa apresentar os primeiros sintomas da doença. O diagnóstico dos médicos é simples: ele viverá durante algum tempo em uma cama de hospital e depois morrerá. Não existiam tratamentos para a poliomelite na época, remédios ou meios de fazê-lo ter uma vida melhor. Enquanto Diana assume uma postura mais inconformada, já Robin quer morrer de uma vez. Mas e o amor? O filho recém nascido? É aí que o filme fortalece o conflito em busca de repostas e transforma o desejo de viver de Robin!
"Uma Razão Para Viver" nem de longe pode ser comparado ao "Escafandro e a Borboleta" - ambos com a mesma temática, mas com conceitos narrativos completamente diferentes. É até triste o que vou escrever, mas fico imaginando o Andrew Garfield recebendo esse roteiro e pensando: vou ganhar todos os prêmios possíveis com esse personagem e de fato, existia esse perspectiva... o único problema é que colocaram o ator Andy Serkis para dirigir e aí entrou água no chopp!
O que vemos no filme é um Diretor de Fotografia extremamente competente, no caso o Robert Richardson (10 vezes indicado ao Oscar), tentando salvar a pele do Diretor que não consegue encontrar a profundidade e a sensibilidade que o filme merecia - um desperdício! Alias, belíssimas imagens Richardson conseguiu enquadrar - sem dúvida o ponto mais alto do filme!
O fato é que "Breathe" (título original) poderia ser muito melhor do que realmente é. Esse filme na mão de um diretor como Cianfrance (Blue Valentine) , Andrew Garfield estaria agradecendo até hoje!
Vale como entretenimento!
Após ser diagnosticado com poliomelite, o jovem Robin Cavendish (Andrew Garfield) fica confinado a uma cama. Contrariando a opinião dos médicos, ele e sua esposa decidem viver uma história de amor e aproveitar cada momento como se fosse o último.
O roteiro é inteligente em não perder tempo explicando com o que o tempo vai mostrar naturalmente: Robin se apaixona por Diana (Claire Foy) e rapidamente o casal feliz já espera seu primeiro filho. Robin gosta muito de viajar e em uma dessas viagens, ele começa apresentar os primeiros sintomas da doença. O diagnóstico dos médicos é simples: ele viverá durante algum tempo em uma cama de hospital e depois morrerá. Não existiam tratamentos para a poliomelite na época, remédios ou meios de fazê-lo ter uma vida melhor. Enquanto Diana assume uma postura mais inconformada, já Robin quer morrer de uma vez. Mas e o amor? O filho recém nascido? É aí que o filme fortalece o conflito em busca de repostas e transforma o desejo de viver de Robin!
"Uma Razão Para Viver" nem de longe pode ser comparado ao "Escafandro e a Borboleta" - ambos com a mesma temática, mas com conceitos narrativos completamente diferentes. É até triste o que vou escrever, mas fico imaginando o Andrew Garfield recebendo esse roteiro e pensando: vou ganhar todos os prêmios possíveis com esse personagem e de fato, existia esse perspectiva... o único problema é que colocaram o ator Andy Serkis para dirigir e aí entrou água no chopp!
O que vemos no filme é um Diretor de Fotografia extremamente competente, no caso o Robert Richardson (10 vezes indicado ao Oscar), tentando salvar a pele do Diretor que não consegue encontrar a profundidade e a sensibilidade que o filme merecia - um desperdício! Alias, belíssimas imagens Richardson conseguiu enquadrar - sem dúvida o ponto mais alto do filme!
O fato é que "Breathe" (título original) poderia ser muito melhor do que realmente é. Esse filme na mão de um diretor como Cianfrance (Blue Valentine) , Andrew Garfield estaria agradecendo até hoje!
Vale como entretenimento!
"Upload", nova série produzida pela Amazon para o seu Prime Vídeo, poderia ser, tranquilamente, um episódio engraçadinho (com uma ótima discussão existencial) de "Black Mirror" - já com grande potencial para um spin-offcomo "Nosedive" ou "San Junipero". Embora minha preferência seja pelos episódios mais dramáticos da série, é inegável que, desde sua criação, "Black Mirror" trás em seu DNA essa alternância inteligente e criativa entre gêneros. "Upload" não é uma antologia episódica, mas se aproveita dessa mesma estratégia para estabelecer seu universo e transitar entre vários temas, tendo como pano de fundo a tecnologia - e como tom, um certo sarcasmo!
Nathan Brown (Robbie Amell) é um jovem programador que, após sofrer um acidente bastante suspeito em um carro autônomo, tem seu "upload" feito para viver em uma espécie de paraíso tecnológico chamado Lakeview. Lá, ele percebe que a experiência pós-vida, exaustivamente anunciada pelo marketing da empresa "Horizon", não é tão perfeita quanto ele imaginava. Caro e vigiado por uma espécie de serviço de assistência 24h, chamado "Angel", Nathan percebe que estar alí não é um privilégio e sim a solução que sua namorada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards) encontrou para manter seu relacionamento eternamente - já que a interação entre vivos e "mortos" funciona através de Realidade Virtual. Confira o trailer (em inglês):
"Upload" é uma mistura de "Black Mirror" (Netflix) com "Silicon Valley" (HBO) já que toda tecnologia nos é apresentada em uma versão (propositalmente) exagerada e com várias referências que, para os amantes desse universo, serão facilmente percebidas. Além disso, o roteiro insere várias situações que funcionam como uma espécie de crítica social - a própria contratação dos planos para viver nessa "eternidade virtual" se baseia em elementos que estamos bem acostumados, como a diferença entre aqueles que podem se dar ao luxo de comprar um pacote de dados ilimitados e outros que usam um "pré-pago" de 2GB que limitam suas ações e travam sua existência até o mês seguinte assim que o pacote acaba. De fato esses paralelos são divertidos e transformaram essa primeira temporada em um ótimo (e leve) entretenimento.
Criada por Greg Daniels, roteirista com passagens por "Os Simpsons" e "Saturday Night Live", e também responsável pela criação de sucessos como "The Office" e "Parks and Recreation" , "Upload" acerta ao equilibrar seu conteúdo com a forma: todas as discussões sociais e referências tecnológicas são pontuadas através da comédia pastelão, enquanto a trama principal esconde um certo mistério, quase policial; e a relação entre Nathan Brown e seu "anjo" Nora (Andy Allo) dão aquele toque final e frescor de uma comédia romântica - muitos podem até achar uma falta de identidade do roteiro, mas na minha interpretação, a série da Amazon aproveita dessa variação de gêneros como uma estratégia narrativa para criar uma ótima dinâmica ao mesmo tempo que nos mantém curiosos durante toda temporada.
Muito bem produzida, alternando (propositalmente também) ótimos efeitos visuais com outros extremamente toscos, "Upload" é um ótimo exemplo de alinhamento conceitual entre roteiro, direção e interpretação. Robbie Amell e Andy Allo estão excelentes nos papéis Nathan e Nora, com uma química invejável. Destaco também o trabalho de Kevin Bigley como o "sem noção" Luke e o ótimo Rhys Slack como Dylan.
Olha, posso dizer tranquilamente que a série me surpreendeu em vários aspectos e, mesmo não sendo meu gênero preferido, acabou me conquistando. A segunda temporada já foi confirmada pela Amazon e a esperança é que mantenha sua qualidade e, quem sabe, não desperdice tantas oportunidades de se aprofundar em alguns temas de maneira divertida e criativa - da mesma forma como foi capaz de apresentar ótimos personagens. Dez episódios de 30 minutos é a dose perfeita para esse tipo de série e "Upload" soube aproveitar desse formato muito bem! Não perca mais tempo e divirta-se!
"Upload", nova série produzida pela Amazon para o seu Prime Vídeo, poderia ser, tranquilamente, um episódio engraçadinho (com uma ótima discussão existencial) de "Black Mirror" - já com grande potencial para um spin-offcomo "Nosedive" ou "San Junipero". Embora minha preferência seja pelos episódios mais dramáticos da série, é inegável que, desde sua criação, "Black Mirror" trás em seu DNA essa alternância inteligente e criativa entre gêneros. "Upload" não é uma antologia episódica, mas se aproveita dessa mesma estratégia para estabelecer seu universo e transitar entre vários temas, tendo como pano de fundo a tecnologia - e como tom, um certo sarcasmo!
Nathan Brown (Robbie Amell) é um jovem programador que, após sofrer um acidente bastante suspeito em um carro autônomo, tem seu "upload" feito para viver em uma espécie de paraíso tecnológico chamado Lakeview. Lá, ele percebe que a experiência pós-vida, exaustivamente anunciada pelo marketing da empresa "Horizon", não é tão perfeita quanto ele imaginava. Caro e vigiado por uma espécie de serviço de assistência 24h, chamado "Angel", Nathan percebe que estar alí não é um privilégio e sim a solução que sua namorada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards) encontrou para manter seu relacionamento eternamente - já que a interação entre vivos e "mortos" funciona através de Realidade Virtual. Confira o trailer (em inglês):
"Upload" é uma mistura de "Black Mirror" (Netflix) com "Silicon Valley" (HBO) já que toda tecnologia nos é apresentada em uma versão (propositalmente) exagerada e com várias referências que, para os amantes desse universo, serão facilmente percebidas. Além disso, o roteiro insere várias situações que funcionam como uma espécie de crítica social - a própria contratação dos planos para viver nessa "eternidade virtual" se baseia em elementos que estamos bem acostumados, como a diferença entre aqueles que podem se dar ao luxo de comprar um pacote de dados ilimitados e outros que usam um "pré-pago" de 2GB que limitam suas ações e travam sua existência até o mês seguinte assim que o pacote acaba. De fato esses paralelos são divertidos e transformaram essa primeira temporada em um ótimo (e leve) entretenimento.
Criada por Greg Daniels, roteirista com passagens por "Os Simpsons" e "Saturday Night Live", e também responsável pela criação de sucessos como "The Office" e "Parks and Recreation" , "Upload" acerta ao equilibrar seu conteúdo com a forma: todas as discussões sociais e referências tecnológicas são pontuadas através da comédia pastelão, enquanto a trama principal esconde um certo mistério, quase policial; e a relação entre Nathan Brown e seu "anjo" Nora (Andy Allo) dão aquele toque final e frescor de uma comédia romântica - muitos podem até achar uma falta de identidade do roteiro, mas na minha interpretação, a série da Amazon aproveita dessa variação de gêneros como uma estratégia narrativa para criar uma ótima dinâmica ao mesmo tempo que nos mantém curiosos durante toda temporada.
Muito bem produzida, alternando (propositalmente também) ótimos efeitos visuais com outros extremamente toscos, "Upload" é um ótimo exemplo de alinhamento conceitual entre roteiro, direção e interpretação. Robbie Amell e Andy Allo estão excelentes nos papéis Nathan e Nora, com uma química invejável. Destaco também o trabalho de Kevin Bigley como o "sem noção" Luke e o ótimo Rhys Slack como Dylan.
Olha, posso dizer tranquilamente que a série me surpreendeu em vários aspectos e, mesmo não sendo meu gênero preferido, acabou me conquistando. A segunda temporada já foi confirmada pela Amazon e a esperança é que mantenha sua qualidade e, quem sabe, não desperdice tantas oportunidades de se aprofundar em alguns temas de maneira divertida e criativa - da mesma forma como foi capaz de apresentar ótimos personagens. Dez episódios de 30 minutos é a dose perfeita para esse tipo de série e "Upload" soube aproveitar desse formato muito bem! Não perca mais tempo e divirta-se!
Antes de iniciar esse review, uma pergunta: você mentiria para seu companheiro com o intuito de não desmotivá-lo perante uma jornada? Pois bem, é na tentativa de responder essa pergunta capciosa que a diretora e roteirista Nicole Holofcener (dos excelentes "Mrs. Fletcher" e "Togetherness") constrói um retrato ácido e comovente sobre as relações e as complexidades do casamento pela perspectiva da insegurança e da busca pela validação mesmo depois de uma certa idade. "Verdades Dolorosas" é um filme leve, divertido, mas muito realista - tão realista que não serão poucas as vezes que você vai se pegar rindo de si mesma ao se ver retratada na tela. Mas fica um aviso: ao melhor estilo Woody Allen, o filme ambientado em Nova York é quase uma crônica sobre as neuroses e os dilemas da classe média alta que, mais do que nos divertir, nos convida para ótimas reflexões, ou seja, é preciso gostar desse estilo narrativo onde o charme da história está naquilo com que nos identificamos, não necessariamente naquilo que estamos assistindo.
Protagonizado pela icônica Julia Louis-Dreyfus (de "Veep") e pelo versátil Tobias Menzies (de "The Crown" e "Game of Thrones"), "You Hurt My Feelings" (no original) acompanha a jornada de Beth, uma romancista de sucesso, e Don, seu marido, em uma vida aparentemente perfeita, mas que começa a ruir quando ela acidentalmente ouve ele criticando seu novo livro de forma brutal e honesta, mesmo dizendo repetidamente para ela que havia gostado! Confira o trailer:
A partir de um evento aparentemente banal, "Verdades Dolorosas" tece uma narrativa rica em nuances, explorando os meandros da comunicação, a fragilidade do ego e os questionamentos que surgem quando a verdade nua e crua é exposta. Como já havia provado em seus outros trabalhos, Holofcener demonstra maestria na construção de personagens para esse tipo de embate, explorando camadas e ambiguidades que os tornam extremamente humanos e cativantes - daí a facilidade de identificação com as dores e frustrações de cada um deles.
Obviamente que a química entre Louis-Dreyfus e Menzies ajuda muito nessa entrega - a relação de seus personagens é tão palpável quanto suas performances, transbordando sensações e sentimentos repletos de emoção. Veja, o trabalho de Holofcener como diretora (essencialmente de atores) permite que eles transitem com a mesma competência entre a comédia sutil até o drama mais intimista onde percebemos uma real e profunda dor, só que sem pesar muito na mão. Existe uma precisão e uma sensibilidade que somados ao trabalho magistral do fotógrafo Jeffrey Waldron (de "The Morning Show") elevam a qualidade da narrativa colocando-a em outro patamar - o que eu quero dizer é que, por mais que possa parecer bobinha em um primeiro olhar, "Verdades Dolorosas" vai te tocar. Waldron usa uma câmera mais fixa e lentes mais fechadas para criar uma atmosfera intimista e claustrofóbica que reflete o estado emocional dos personagens, enquanto seus planos mais abertos passeiam por uma charmosa e apaixonante Nova York. A trilha sonora mais minimalista, composta por Michael Andrews, sem dúvida, complementa essa atmosfera com notas melancólicas e introspectivas, ao mesmo tempo otimistas e emotivas.
O fato é que "Verdades Dolorosas" não se limita a ser apenas um filme sobre um casamento em crise. Aqui temos uma reflexão profunda (e divertida) sobre a natureza das relações verdadeiramente sinceras, senão pelas palavras, pelo receio de magoar quem realmente amamos. Discussões sobre a busca pela aprovação do outro e a importância de uma comunicação honesta em qualquer relacionamento estão ali, mas acredite: a beleza desse filme está no entendimento de que a última coisa que queremos é magoar aqueles que escolhemos para dividir essa jornada complicada chamada vida!
Vale seu play!
Antes de iniciar esse review, uma pergunta: você mentiria para seu companheiro com o intuito de não desmotivá-lo perante uma jornada? Pois bem, é na tentativa de responder essa pergunta capciosa que a diretora e roteirista Nicole Holofcener (dos excelentes "Mrs. Fletcher" e "Togetherness") constrói um retrato ácido e comovente sobre as relações e as complexidades do casamento pela perspectiva da insegurança e da busca pela validação mesmo depois de uma certa idade. "Verdades Dolorosas" é um filme leve, divertido, mas muito realista - tão realista que não serão poucas as vezes que você vai se pegar rindo de si mesma ao se ver retratada na tela. Mas fica um aviso: ao melhor estilo Woody Allen, o filme ambientado em Nova York é quase uma crônica sobre as neuroses e os dilemas da classe média alta que, mais do que nos divertir, nos convida para ótimas reflexões, ou seja, é preciso gostar desse estilo narrativo onde o charme da história está naquilo com que nos identificamos, não necessariamente naquilo que estamos assistindo.
Protagonizado pela icônica Julia Louis-Dreyfus (de "Veep") e pelo versátil Tobias Menzies (de "The Crown" e "Game of Thrones"), "You Hurt My Feelings" (no original) acompanha a jornada de Beth, uma romancista de sucesso, e Don, seu marido, em uma vida aparentemente perfeita, mas que começa a ruir quando ela acidentalmente ouve ele criticando seu novo livro de forma brutal e honesta, mesmo dizendo repetidamente para ela que havia gostado! Confira o trailer:
A partir de um evento aparentemente banal, "Verdades Dolorosas" tece uma narrativa rica em nuances, explorando os meandros da comunicação, a fragilidade do ego e os questionamentos que surgem quando a verdade nua e crua é exposta. Como já havia provado em seus outros trabalhos, Holofcener demonstra maestria na construção de personagens para esse tipo de embate, explorando camadas e ambiguidades que os tornam extremamente humanos e cativantes - daí a facilidade de identificação com as dores e frustrações de cada um deles.
Obviamente que a química entre Louis-Dreyfus e Menzies ajuda muito nessa entrega - a relação de seus personagens é tão palpável quanto suas performances, transbordando sensações e sentimentos repletos de emoção. Veja, o trabalho de Holofcener como diretora (essencialmente de atores) permite que eles transitem com a mesma competência entre a comédia sutil até o drama mais intimista onde percebemos uma real e profunda dor, só que sem pesar muito na mão. Existe uma precisão e uma sensibilidade que somados ao trabalho magistral do fotógrafo Jeffrey Waldron (de "The Morning Show") elevam a qualidade da narrativa colocando-a em outro patamar - o que eu quero dizer é que, por mais que possa parecer bobinha em um primeiro olhar, "Verdades Dolorosas" vai te tocar. Waldron usa uma câmera mais fixa e lentes mais fechadas para criar uma atmosfera intimista e claustrofóbica que reflete o estado emocional dos personagens, enquanto seus planos mais abertos passeiam por uma charmosa e apaixonante Nova York. A trilha sonora mais minimalista, composta por Michael Andrews, sem dúvida, complementa essa atmosfera com notas melancólicas e introspectivas, ao mesmo tempo otimistas e emotivas.
O fato é que "Verdades Dolorosas" não se limita a ser apenas um filme sobre um casamento em crise. Aqui temos uma reflexão profunda (e divertida) sobre a natureza das relações verdadeiramente sinceras, senão pelas palavras, pelo receio de magoar quem realmente amamos. Discussões sobre a busca pela aprovação do outro e a importância de uma comunicação honesta em qualquer relacionamento estão ali, mas acredite: a beleza desse filme está no entendimento de que a última coisa que queremos é magoar aqueles que escolhemos para dividir essa jornada complicada chamada vida!
Vale seu play!
"Volta pra Mim" é a típica comédia romântica, onde um texto leve, divertido a aparentemente despretensioso esconde boas reflexões - então eu recomendo: não menospreze a história pelo seu primeiro ato, com o tempo ela melhora e proporciona uma ótima experiência para quem gosta do gênero (mesmo achando, e essa é uma opinião muito pessoal, que o filme poderia ter terminado 15 minutos antes).
Peter (Charlie Day) e Emma (Jenny Slate) pensaram que estavam a um passo de viver os maiores momentos da vida – casamento, filhos e casa no subúrbio – até que seus respectivos parceiros, Noah (Scott Eastwood) e Anne (Gina Rodriguez), os abandonaram. Horrorizados ao saber que seus parceiros já seguiram em frente, Peter e Emma tramam um plano, para reconquistá-los, mas, claro, os resultados são inesperados. Confira o trailer:
"I Want You Back" (no original) é uma produção da Amazon Studios que aposta em um conceito que já deu certo durante muitos anos e mesmo com toda previsibilidade do roteiro (que nos dias de hoje parece fazer pouco sentido) ainda consegue impactar positivamente a audiência. Em seu segundo filme como diretor, Jason Orley (de "Amizade Adolescente" - que chegou a ser indicado como Melhor Filme em Drama no Festival de Sundance em 2019) deixa claro que conhece bem a gramática cinematográfica de um gênero que foi se transformando através dos anos, mas que parecia ter perdido o equilíbrio entre o "bobinho" e o "cabeça demais". Sem o propósito de criticar esses dois conceitos narrativos, Orley parece transitar bem entre eles e assim nos presentear com uma obra bastante agradável de assistir - mesmo quando cede à tentação do final "felizes para sempre".
Talvez o grande trunfo de "Volta pra Mim" seja seu objetivo oculto: discutir sobre o amadurecimento das pessoas fora de relações que pareciam os deixar no comodismo. Se em determinado momento Noah pergunta para sua ex: “porque você queria tanto voltar pra mim, se parecia sempre tão desmotivada em nossa relação?” e Emma passa a perceber que, de fato, algo dentro de si mudou, pode ter certeza que esse processo não diz respeito apenas àquela personagem - sim, todos nós já nos fizemos essa pergunta e pode reparar: esses momentos de identificação imediata surgem em várias passagens do filme (acredite: isso vai te fazer rir de si mesmo).
Charlie Day e Jenny Slate funcionam como protagonistas, mas demoram para encontrar o tom exato - principalmente Slate. Com o desenrolar da história começam a brilhar e suas performances ajudam o diretor a encontrar aquele equilíbrio que mencionamos acima. Mesmo com passagens menos, digamos, realistas, as situações criadas para simbolizar que na vida nem tudo será sempre divertido ou trágico, trazem um certo frescor para a narrativa. Nesse sentido não espere muita profundidade, mas sim uma história bacana - ao subir os créditos, eu diria que "Volta pra Mim" poderia ser tranquilamente um episódio engraçadinho de "Modern Love" (da mesma Prime Vídeo) ou de "Easy" (da Netflix), então vale o seu play!
"Volta pra Mim" é a típica comédia romântica, onde um texto leve, divertido a aparentemente despretensioso esconde boas reflexões - então eu recomendo: não menospreze a história pelo seu primeiro ato, com o tempo ela melhora e proporciona uma ótima experiência para quem gosta do gênero (mesmo achando, e essa é uma opinião muito pessoal, que o filme poderia ter terminado 15 minutos antes).
Peter (Charlie Day) e Emma (Jenny Slate) pensaram que estavam a um passo de viver os maiores momentos da vida – casamento, filhos e casa no subúrbio – até que seus respectivos parceiros, Noah (Scott Eastwood) e Anne (Gina Rodriguez), os abandonaram. Horrorizados ao saber que seus parceiros já seguiram em frente, Peter e Emma tramam um plano, para reconquistá-los, mas, claro, os resultados são inesperados. Confira o trailer:
"I Want You Back" (no original) é uma produção da Amazon Studios que aposta em um conceito que já deu certo durante muitos anos e mesmo com toda previsibilidade do roteiro (que nos dias de hoje parece fazer pouco sentido) ainda consegue impactar positivamente a audiência. Em seu segundo filme como diretor, Jason Orley (de "Amizade Adolescente" - que chegou a ser indicado como Melhor Filme em Drama no Festival de Sundance em 2019) deixa claro que conhece bem a gramática cinematográfica de um gênero que foi se transformando através dos anos, mas que parecia ter perdido o equilíbrio entre o "bobinho" e o "cabeça demais". Sem o propósito de criticar esses dois conceitos narrativos, Orley parece transitar bem entre eles e assim nos presentear com uma obra bastante agradável de assistir - mesmo quando cede à tentação do final "felizes para sempre".
Talvez o grande trunfo de "Volta pra Mim" seja seu objetivo oculto: discutir sobre o amadurecimento das pessoas fora de relações que pareciam os deixar no comodismo. Se em determinado momento Noah pergunta para sua ex: “porque você queria tanto voltar pra mim, se parecia sempre tão desmotivada em nossa relação?” e Emma passa a perceber que, de fato, algo dentro de si mudou, pode ter certeza que esse processo não diz respeito apenas àquela personagem - sim, todos nós já nos fizemos essa pergunta e pode reparar: esses momentos de identificação imediata surgem em várias passagens do filme (acredite: isso vai te fazer rir de si mesmo).
Charlie Day e Jenny Slate funcionam como protagonistas, mas demoram para encontrar o tom exato - principalmente Slate. Com o desenrolar da história começam a brilhar e suas performances ajudam o diretor a encontrar aquele equilíbrio que mencionamos acima. Mesmo com passagens menos, digamos, realistas, as situações criadas para simbolizar que na vida nem tudo será sempre divertido ou trágico, trazem um certo frescor para a narrativa. Nesse sentido não espere muita profundidade, mas sim uma história bacana - ao subir os créditos, eu diria que "Volta pra Mim" poderia ser tranquilamente um episódio engraçadinho de "Modern Love" (da mesma Prime Vídeo) ou de "Easy" (da Netflix), então vale o seu play!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!