Analisar "What If...?" sob o contexto pontual de uma série de animação que subverte o Universo da Marvel sem a menor preocupação de ser imparcial é um erro tão claro quanto imaginar que esse mesmo produto é uma espécie de alivio narrativo sem a pretensão de se conectar com tudo que foi construído até aqui. Se você está lendo esse review, você já deveria saber: a Marvel não entrega uma produção que não possa fazer parte do seu enorme quebra-cabeça - mesmo que isso gere criticas como: "What If…? termina como uma oportunidade perdida". Não meu caro critico, provavelmente você ainda não entendeu a diferença entre planejamento e criatividade!
"What If...?" parte de um conceito genial vindo das HQs: "E se..." a história de determinado personagem fosse outra, baseada em algumas decisões específicas de uma jornada, transformando certos momentos-chave em outros acontecimentos que mudam seu destino? Confira o trailer para ficar um pouco mais claro:
Tecnicamente os episódios de "What…If?" tem uma estética sensacional - muito próximo do princípio cinematográfico de que uma ação é o resultado de uma sobreposição de 24 desenhos por segundo. Ou seja, é como se estivéssemos lendo uma página com 24 quadros de uma HQ com cenários belíssimos, uma fotografia repleta de luzes e sombras e uma colorização que parece uma pintura. Em muitos momentos você terá a exata sensação de estar assistindo alguns dos filmes em live-action da Marvel, só que em animação 2D. Soma-se a isso um conceito narrativo poético embarcada no off do brilhante Jeffrey Wright, que me fez lembrar os bons tempos da primeira temporada de "Heroes" de 2006. É lindo!
Durante os episódios de "What If…?", a montagem cria uma dinâmica sem atropelos, que apresenta uma situação, um personagem e, imediatamente, a sua nova versão, para aí sim desenrolar a trama - é preciso dizer, porém, que muitos episódios deixam pontas abertas e nem todas são fechadas durante o episódio final que tem a clara intenção de conectar essa experiência ao MCU, servindo como uma espécie de prólogo, ambientando a audiência para as novas propostas narrativas que estão sendo criadas para a nova fase e fortalecendo o entendimento do que já foi feito, principalmente sobre o propósito de alguns personagens (mesmo sob o olhar de um novo contexto).
Eu diria que essa primeira temporada de "What…If?" tem um elemento nostálgico que coloca suas histórias além do entretenimento superficial - é como se cada um dos detalhes (e são muitos) funcionassem como um primeiro esboço de um novo universo cheio de possibilidades, mas igualmente divertido. Você não será o único a refletir sobre o potencial escondido atrás de personagens incríveis que podem ganhar muito com a liberdade criativa de mentes como A.C. Bradley e Matthew Chauncey (os roteiristas da série).
Se você gosta do gênero, sua diversão está garantida e, provavelmente, muito das criticas que a série recebeu nessa temporada se transformarão em um pedido de desculpas no futuro quando outras peças começarem a se encaixar.
Veremos!
Analisar "What If...?" sob o contexto pontual de uma série de animação que subverte o Universo da Marvel sem a menor preocupação de ser imparcial é um erro tão claro quanto imaginar que esse mesmo produto é uma espécie de alivio narrativo sem a pretensão de se conectar com tudo que foi construído até aqui. Se você está lendo esse review, você já deveria saber: a Marvel não entrega uma produção que não possa fazer parte do seu enorme quebra-cabeça - mesmo que isso gere criticas como: "What If…? termina como uma oportunidade perdida". Não meu caro critico, provavelmente você ainda não entendeu a diferença entre planejamento e criatividade!
"What If...?" parte de um conceito genial vindo das HQs: "E se..." a história de determinado personagem fosse outra, baseada em algumas decisões específicas de uma jornada, transformando certos momentos-chave em outros acontecimentos que mudam seu destino? Confira o trailer para ficar um pouco mais claro:
Tecnicamente os episódios de "What…If?" tem uma estética sensacional - muito próximo do princípio cinematográfico de que uma ação é o resultado de uma sobreposição de 24 desenhos por segundo. Ou seja, é como se estivéssemos lendo uma página com 24 quadros de uma HQ com cenários belíssimos, uma fotografia repleta de luzes e sombras e uma colorização que parece uma pintura. Em muitos momentos você terá a exata sensação de estar assistindo alguns dos filmes em live-action da Marvel, só que em animação 2D. Soma-se a isso um conceito narrativo poético embarcada no off do brilhante Jeffrey Wright, que me fez lembrar os bons tempos da primeira temporada de "Heroes" de 2006. É lindo!
Durante os episódios de "What If…?", a montagem cria uma dinâmica sem atropelos, que apresenta uma situação, um personagem e, imediatamente, a sua nova versão, para aí sim desenrolar a trama - é preciso dizer, porém, que muitos episódios deixam pontas abertas e nem todas são fechadas durante o episódio final que tem a clara intenção de conectar essa experiência ao MCU, servindo como uma espécie de prólogo, ambientando a audiência para as novas propostas narrativas que estão sendo criadas para a nova fase e fortalecendo o entendimento do que já foi feito, principalmente sobre o propósito de alguns personagens (mesmo sob o olhar de um novo contexto).
Eu diria que essa primeira temporada de "What…If?" tem um elemento nostálgico que coloca suas histórias além do entretenimento superficial - é como se cada um dos detalhes (e são muitos) funcionassem como um primeiro esboço de um novo universo cheio de possibilidades, mas igualmente divertido. Você não será o único a refletir sobre o potencial escondido atrás de personagens incríveis que podem ganhar muito com a liberdade criativa de mentes como A.C. Bradley e Matthew Chauncey (os roteiristas da série).
Se você gosta do gênero, sua diversão está garantida e, provavelmente, muito das criticas que a série recebeu nessa temporada se transformarão em um pedido de desculpas no futuro quando outras peças começarem a se encaixar.
Veremos!
"Wish", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Poder dos Desejos", é uma graça - e para muitos uma verdadeira viagem até uma época onde a técnica de animação funcionava a favor da história, não ao contrário. Talvez essa percepção mais nostálgica sobre os valores de uma filme com o "selo Disney" que para muitos representa uma força inimaginável, para outros tenha um impacto diametralmente inverso, ou seja, o da falta de criatividade e de ousadia para inovar - o que, acreditem, não é uma verdade absoluta. Sim, "Wish" pode despertar essa reflexão, mas dentro de um contexto mais amplo eu diria que o filme dirigido por Chris Buck (de "Frozen") e Fawn Veerasunthorn (de "Moana"), é um deleite atemporal para os amantes da animação clássica e um presente honesto e apaixonante pelo centenário do estúdio de animação fundado por Walt Disney.
A história é simples e direta, ela acompanha Asha (Ariana DeBose), uma jovem otimista e talentosa que vive em um reino onde os desejos podem se tornar realidade se o Rei Magnifico (Chris Pine) assim for convencido. Ao perceber que sua maior referência no mundo da magia é na verdade um ser desprezível, egocêntrico e egoísta, Asha embarca em uma aventura épica ao lado de Valentino (Alan Tudyk), determinada a encontrar a estrela cadente que realmente concede desejos e que pode ser a chave para desmascarar o Rei de Rosas. Confira o trailer:
Inteligente, "Wish" se apropria de inúmeras referências e até alguns easter eggs que funcionam como uma verdadeira homenagem aos clássicos do Estúdio, mesmo que em fases distintas de sua história. Com uma paleta de cores que nos remetem aos tons mágicos de uma aquarela, o visual do filme se conecta diretamente ao roteiro de Jennifer Lee (vencedora do Oscar por "Frozen") e de Allison Moore (do live-action de "A Bela e a Fera") que de repente transforma animais em personagens falantes, que entrega um vilão vaidoso e obcecado por espelhos logo de cara, e que dá para a protagonista sete amigos leais que vão ajuda-la em sua nobre missão. Entende o clima? Isso é Disney!
Mas calma, existem pontos que merecem ser mencionados: Asha, por exemplo, é uma protagonista forte e inspiradora que desafia os padrões tradicionais das princesas Disney. Sua inteligência, perspicácia e determinação fazem dela um modelo positivo, mesmo que inconsciente, para a jovem audiência - aqui existe uma atualização de conceito narrativo e de construção de personagem importantes. Ao longo da jornada, ela aprende o verdadeiro significado dos desejos e da felicidade, descobrindo que a força interior e a perseverança são as ferramentas mais poderosas para alcançar seus objetivos. Disney de novo! Já a trilha sonora original, composta por Dave Metzge (também de "Frozen"), é até competente, mas não tão grandiosa como estamos acostumados - talvez por isso "Wish" nos dê a sensação de que algo poderia ser melhor. Se antes as músicas complementavam nossa experiência com performances memoráveis que amplificavam nossas emoções, aqui ela soa mais protocolar. É fofo? Sim, mas não vai entrar naquela prateleira de "Alladin" ou da própria "Frozen".
Em resumo, em seus erros e acertos, "Wish" é uma carta de amor à rica história secular da Disney. Elementos mágicos e inspiradores estão de volta em uma combinação do clássico com o atual em uma narrativa com personagens cativantes que torna o filme uma delicia de assistir com a família. O objetivo de ser uma celebração da esperança, da perseverança e da magia que habita dentro de cada um de nós, é cumprido, no entanto isso não chancela a história como inesquecível - e aqui, os anos podem funcionar muito a seu favor. Tenha certeza que teremos, no futuro, um olhar mais carinhoso por "Wish".
Vale muito pelo entretenimento afetivo, daqueles com um leve sorriso no rosto!
"Wish", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Poder dos Desejos", é uma graça - e para muitos uma verdadeira viagem até uma época onde a técnica de animação funcionava a favor da história, não ao contrário. Talvez essa percepção mais nostálgica sobre os valores de uma filme com o "selo Disney" que para muitos representa uma força inimaginável, para outros tenha um impacto diametralmente inverso, ou seja, o da falta de criatividade e de ousadia para inovar - o que, acreditem, não é uma verdade absoluta. Sim, "Wish" pode despertar essa reflexão, mas dentro de um contexto mais amplo eu diria que o filme dirigido por Chris Buck (de "Frozen") e Fawn Veerasunthorn (de "Moana"), é um deleite atemporal para os amantes da animação clássica e um presente honesto e apaixonante pelo centenário do estúdio de animação fundado por Walt Disney.
A história é simples e direta, ela acompanha Asha (Ariana DeBose), uma jovem otimista e talentosa que vive em um reino onde os desejos podem se tornar realidade se o Rei Magnifico (Chris Pine) assim for convencido. Ao perceber que sua maior referência no mundo da magia é na verdade um ser desprezível, egocêntrico e egoísta, Asha embarca em uma aventura épica ao lado de Valentino (Alan Tudyk), determinada a encontrar a estrela cadente que realmente concede desejos e que pode ser a chave para desmascarar o Rei de Rosas. Confira o trailer:
Inteligente, "Wish" se apropria de inúmeras referências e até alguns easter eggs que funcionam como uma verdadeira homenagem aos clássicos do Estúdio, mesmo que em fases distintas de sua história. Com uma paleta de cores que nos remetem aos tons mágicos de uma aquarela, o visual do filme se conecta diretamente ao roteiro de Jennifer Lee (vencedora do Oscar por "Frozen") e de Allison Moore (do live-action de "A Bela e a Fera") que de repente transforma animais em personagens falantes, que entrega um vilão vaidoso e obcecado por espelhos logo de cara, e que dá para a protagonista sete amigos leais que vão ajuda-la em sua nobre missão. Entende o clima? Isso é Disney!
Mas calma, existem pontos que merecem ser mencionados: Asha, por exemplo, é uma protagonista forte e inspiradora que desafia os padrões tradicionais das princesas Disney. Sua inteligência, perspicácia e determinação fazem dela um modelo positivo, mesmo que inconsciente, para a jovem audiência - aqui existe uma atualização de conceito narrativo e de construção de personagem importantes. Ao longo da jornada, ela aprende o verdadeiro significado dos desejos e da felicidade, descobrindo que a força interior e a perseverança são as ferramentas mais poderosas para alcançar seus objetivos. Disney de novo! Já a trilha sonora original, composta por Dave Metzge (também de "Frozen"), é até competente, mas não tão grandiosa como estamos acostumados - talvez por isso "Wish" nos dê a sensação de que algo poderia ser melhor. Se antes as músicas complementavam nossa experiência com performances memoráveis que amplificavam nossas emoções, aqui ela soa mais protocolar. É fofo? Sim, mas não vai entrar naquela prateleira de "Alladin" ou da própria "Frozen".
Em resumo, em seus erros e acertos, "Wish" é uma carta de amor à rica história secular da Disney. Elementos mágicos e inspiradores estão de volta em uma combinação do clássico com o atual em uma narrativa com personagens cativantes que torna o filme uma delicia de assistir com a família. O objetivo de ser uma celebração da esperança, da perseverança e da magia que habita dentro de cada um de nós, é cumprido, no entanto isso não chancela a história como inesquecível - e aqui, os anos podem funcionar muito a seu favor. Tenha certeza que teremos, no futuro, um olhar mais carinhoso por "Wish".
Vale muito pelo entretenimento afetivo, daqueles com um leve sorriso no rosto!