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The Third Day

"The third day" surgiu como uma aposta da HBO, um novo modelo narrativo, uma experiência audiovisual: a minissérie foi criada com duas fases de três de episódios, cada uma delas focada em um protagonista, Sam (Jude Law) e Helen (Naomie Harris), respectivamente, e que seriam conectadas por uma espécie de livestream nas redes sociais com duração de 12 horas ininterruptas, em apenas um plano sequência e com os mesmos atores. Esse projeto do Dennis Kelly (Utopia) em parceria com Felix Barrett, da companhia teatral "Punchdrunk", pode ser analisado de duas formas: como uma ótima estratégia de marketing em tempos de pandemia e pela qualidade do produto que está disponível no streaming da HBO - vou focar na segunda opção e com o máximo de cuidado para não soltar nenhum spoiler!

Na história, após sofrer uma tragédia familiar, Sam está fazendo uma viagem pela costa da Inglaterra, sozinho, quando encontra uma jovem em perigo. Ao salvar a vida de Epona (Jessie Ross), ele resolve acompanha-la até sua casa - mesmo contra a vontade da garota. O grande problema é que Epona mora em um lugar bastante peculiar: uma ilha chamada Osea, um pedaço de terra que está ligado ao continente apenas por uma sinuosa e estreita estradinha, que só aparece poucos minutos por dia, quando a maré está baixa. Ao chegar em Osea, Sam percebe que se trata de uma comunidade extremamente religiosa, aparentemente amigável, que está se preparando para um tradicional festival. Pouco a pouco, porém, ele entende que alguns costumes dos habitantes da ilha são assustadores, mas Sam precisa manter a calma, lidar com suas incertezas (e fantasmas) até que a estrada esteja disponível novamente para que ele possa voltar ao continente sem causar problemas. Confira o trailer:

Se você gostou de "Midsommar" do Ari Aster pode dar um play sem medo - a história é bem semelhante e o conceito narrativo também. Se eu pudesse definir, eu diria que a primeira parte é mais autoral, uma aula de construção visual alinhada com uma narrativa interessante (e moderna) comandada pelo premiado diretor Marc Munden (O Jardim Secreto). Já na segunda parte, encontramos um conceito mais tradicional, mas não por isso mal executado pela diretora Philippa Lowthorpe (The Crown). Interessante que mesmo com um visual que não se conecta, cada uma das partes tem um identidade e uma razão para tal, o que nos dá a impressão que estamos assistindo produtos completamente independentes - mas não é o caso: tudo vai se conectar (vamos falar sobre isso mais a frente)!

Caso queira parar por aqui, "The third day" é um suspense psicológico com toques sobrenaturais que vai te entreter e entregar muitas respostas, mas tudo no seu tempo e, acredite, tudo que não for respondido só servirá para colocar a história em um patamar ainda mais interessante!

Quando terminamos de assistir a primeira parte da minissérie, temos a impressão de que tudo está resolvido e que podemos seguir para a segunda sem nos preocupar em fazer conexões que vão além do cenário que se passa a história: Osea. A própria dinâmica narrativa e visual nos motivam a pensar assim, mas quando Helen (Naomie Harris) e suas duas filhas, Ellie (Nico Parker) e Talulah (Charlotte Gairdner-Mihell) chegam na ilha percebemos uma total decadência, estabelecendo imediatamente uma atmosfera muito mais pesada, opressora, antipática - um mood totalmente oposto de quando Sam chegou. Ao nos depararmos com os mesmos personagens, automaticamente entendemos que não só o cenário é igual, mas que, mesmo sem uma indicação temporal exata, a história continuou. Mais uma vez, Paddy Considine e Emily Watson, como Sr. e Sra. Martin, são os anfitriões, mas será só no final do episódio 4 que tudo fará sentido e te prenderá até o final!

Um ponto interessante e que merece elogios é a maneira como Dennis Kelly foi amarrando todos detalhes mesmo respeitando as diferenças entre as partes: o que era mais introspectivo com Sam, onde a tensão estava dentro do protagonista, agora ganha um tom mais próximo do horror visual, com os habitantes da ilha praticamente transformados em entidades do mal. Helen, que chega na ilha com a desculpa de comemorar o aniversário de Ellie, sua filha mais velha, não entende muito bem o que está acontecendo ao seu redor e é por isso que somos convidados à se relacionar com as consequências do que aconteceu na primeira parte, quase como se soubéssemos todas as respostas - e, claro, não sabemos de nada! Ao nos induzir a acreditar que os protagonistas são Sam e Helen e que suas histórias são completamente independentes, o roteiro ganha em qualidade sem roubar no jogo!

Como o já citado "Midsommar""The third day"não agradará a todos e não será um entretenimento dos mais fáceis de assistir, mas é um fato que Dennis Kelly aproveita a tendência de narrativas menos convencionais, apoiadas em um movimento que enaltecesse o terror psicológico onde o visual que choca é cirurgicamente pontuado apenas para servir como apoio, para entregar uma minissérie de altíssima qualidade técnica e artística, e que nos provoca a cada episódio.

Série com o carimbo HBO, experimentando sempre!

Curiosidade: A premissa é baseada em fatos reais, já que a Ilha de Osea, localizada no estuário do rio Blackwater, em Essex, no leste da Inglaterra, realmente existe e ela realmente é conectada à margem por uma estrada sinuosa que só aparece em maré baixa. Além disso, ela foi de propriedade de Frederick Nicholas Charrington, herdeiro de uma família cervejeira milionária que abriu mão da fortuna para criar uma clínica de tratamento de vícios na ilha, resultando em uma espécie de culto. E, como se isso não bastasse, Charrington foi mesmo um dos investigados pela Scotland Yard por suspeita de ser Jack, o Estripador. (Fonte: Plano Crítico)

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"The third day" surgiu como uma aposta da HBO, um novo modelo narrativo, uma experiência audiovisual: a minissérie foi criada com duas fases de três de episódios, cada uma delas focada em um protagonista, Sam (Jude Law) e Helen (Naomie Harris), respectivamente, e que seriam conectadas por uma espécie de livestream nas redes sociais com duração de 12 horas ininterruptas, em apenas um plano sequência e com os mesmos atores. Esse projeto do Dennis Kelly (Utopia) em parceria com Felix Barrett, da companhia teatral "Punchdrunk", pode ser analisado de duas formas: como uma ótima estratégia de marketing em tempos de pandemia e pela qualidade do produto que está disponível no streaming da HBO - vou focar na segunda opção e com o máximo de cuidado para não soltar nenhum spoiler!

Na história, após sofrer uma tragédia familiar, Sam está fazendo uma viagem pela costa da Inglaterra, sozinho, quando encontra uma jovem em perigo. Ao salvar a vida de Epona (Jessie Ross), ele resolve acompanha-la até sua casa - mesmo contra a vontade da garota. O grande problema é que Epona mora em um lugar bastante peculiar: uma ilha chamada Osea, um pedaço de terra que está ligado ao continente apenas por uma sinuosa e estreita estradinha, que só aparece poucos minutos por dia, quando a maré está baixa. Ao chegar em Osea, Sam percebe que se trata de uma comunidade extremamente religiosa, aparentemente amigável, que está se preparando para um tradicional festival. Pouco a pouco, porém, ele entende que alguns costumes dos habitantes da ilha são assustadores, mas Sam precisa manter a calma, lidar com suas incertezas (e fantasmas) até que a estrada esteja disponível novamente para que ele possa voltar ao continente sem causar problemas. Confira o trailer:

Se você gostou de "Midsommar" do Ari Aster pode dar um play sem medo - a história é bem semelhante e o conceito narrativo também. Se eu pudesse definir, eu diria que a primeira parte é mais autoral, uma aula de construção visual alinhada com uma narrativa interessante (e moderna) comandada pelo premiado diretor Marc Munden (O Jardim Secreto). Já na segunda parte, encontramos um conceito mais tradicional, mas não por isso mal executado pela diretora Philippa Lowthorpe (The Crown). Interessante que mesmo com um visual que não se conecta, cada uma das partes tem um identidade e uma razão para tal, o que nos dá a impressão que estamos assistindo produtos completamente independentes - mas não é o caso: tudo vai se conectar (vamos falar sobre isso mais a frente)!

Caso queira parar por aqui, "The third day" é um suspense psicológico com toques sobrenaturais que vai te entreter e entregar muitas respostas, mas tudo no seu tempo e, acredite, tudo que não for respondido só servirá para colocar a história em um patamar ainda mais interessante!

Quando terminamos de assistir a primeira parte da minissérie, temos a impressão de que tudo está resolvido e que podemos seguir para a segunda sem nos preocupar em fazer conexões que vão além do cenário que se passa a história: Osea. A própria dinâmica narrativa e visual nos motivam a pensar assim, mas quando Helen (Naomie Harris) e suas duas filhas, Ellie (Nico Parker) e Talulah (Charlotte Gairdner-Mihell) chegam na ilha percebemos uma total decadência, estabelecendo imediatamente uma atmosfera muito mais pesada, opressora, antipática - um mood totalmente oposto de quando Sam chegou. Ao nos depararmos com os mesmos personagens, automaticamente entendemos que não só o cenário é igual, mas que, mesmo sem uma indicação temporal exata, a história continuou. Mais uma vez, Paddy Considine e Emily Watson, como Sr. e Sra. Martin, são os anfitriões, mas será só no final do episódio 4 que tudo fará sentido e te prenderá até o final!

Um ponto interessante e que merece elogios é a maneira como Dennis Kelly foi amarrando todos detalhes mesmo respeitando as diferenças entre as partes: o que era mais introspectivo com Sam, onde a tensão estava dentro do protagonista, agora ganha um tom mais próximo do horror visual, com os habitantes da ilha praticamente transformados em entidades do mal. Helen, que chega na ilha com a desculpa de comemorar o aniversário de Ellie, sua filha mais velha, não entende muito bem o que está acontecendo ao seu redor e é por isso que somos convidados à se relacionar com as consequências do que aconteceu na primeira parte, quase como se soubéssemos todas as respostas - e, claro, não sabemos de nada! Ao nos induzir a acreditar que os protagonistas são Sam e Helen e que suas histórias são completamente independentes, o roteiro ganha em qualidade sem roubar no jogo!

Como o já citado "Midsommar""The third day"não agradará a todos e não será um entretenimento dos mais fáceis de assistir, mas é um fato que Dennis Kelly aproveita a tendência de narrativas menos convencionais, apoiadas em um movimento que enaltecesse o terror psicológico onde o visual que choca é cirurgicamente pontuado apenas para servir como apoio, para entregar uma minissérie de altíssima qualidade técnica e artística, e que nos provoca a cada episódio.

Série com o carimbo HBO, experimentando sempre!

Curiosidade: A premissa é baseada em fatos reais, já que a Ilha de Osea, localizada no estuário do rio Blackwater, em Essex, no leste da Inglaterra, realmente existe e ela realmente é conectada à margem por uma estrada sinuosa que só aparece em maré baixa. Além disso, ela foi de propriedade de Frederick Nicholas Charrington, herdeiro de uma família cervejeira milionária que abriu mão da fortuna para criar uma clínica de tratamento de vícios na ilha, resultando em uma espécie de culto. E, como se isso não bastasse, Charrington foi mesmo um dos investigados pela Scotland Yard por suspeita de ser Jack, o Estripador. (Fonte: Plano Crítico)

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Them

"Them" consegue ser ambígua e polêmica desde o título: a série tem sido traduzida por "Eles" e "Outros" nas diferentes plataformas e sites. Nessa série antológica de época, uma família afro-americana se muda para um bairro caucasiano e racista. Acompanhamos seus 10 primeiros dias no novo lar. Confira o trailer:

A qualidade técnica é indiscutível e a ambientação do subúrbio americano dos anos 50 é simplesmente impecável, dos carros à trilha sonora. O contexto histórico também é retratado: na primeira metade do século 20, cerca de 6 milhões de afro-americanos deixaram o sul – rural e ainda segregacionista – em direção a centros urbanos, noutras regiões do país, no movimento conhecido como Grande Migração.

Os elementos de tensão e horror são diversos e muito bem trabalhados: traumas do passado, vizinhança hostil, sociedade racista, pesadelos, entidades ameaçadoras... A realidade é dúbia e a dúvida é sustentada, pelo menos, até o ousado penúltimo episódio – um flashback em preto e branco, focado em um personagem que até então mal havia dado as caras.

Em vários momentos, porém, a ousadia se transforma num flerte com o sadismo: além do horror psicológico, há uma dezena de cenas de violência explícita e até tortura. Isso não seria um problema se a direção não cruzasse a linha da “violência que serve à história”.

A partir do polêmico 5º episódio – onde avisos de gatilho, não à toa, aparecem antes do início – a crítica social sucumbe em detrimento ao horror onde o propósito parece ser chocar a audiência. Basta ver como as recentes produções "Lovecraft Country", "Nós" e "Corra!" trabalham o mesmo tema (racismo), dentro do mesmo gênero (terror), de forma mais equilibrada.

O casal protagonista convence tanto nos momentos dramáticos quanto nos explosivos, o que não é fácil. Interpretações num tom acima ou abaixo, somadas à violência desviada da mensagem central, comprometeriam o resultado final. A principal "vilã" também se destaca: ela ganha camadas e se vê forçada a flexibilizar convicções durante a jornada, sempre com um sorriso amarelo acompanhado de iminentes lágrimas.

Usando alegorias sádicas e excessos narrativos para falar sobre luto, culpa e racismo, "Them" te desafia a assisti-la sem revirar os olhos (ou o estômago) pelo menos uma vez. Uma experiência intensa e perturbadora, que vale mais pela jornada!

Escrito por Ricelli Ribeiro com Edição de André Siqueira - uma parceria@dicastreaming

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"Them" consegue ser ambígua e polêmica desde o título: a série tem sido traduzida por "Eles" e "Outros" nas diferentes plataformas e sites. Nessa série antológica de época, uma família afro-americana se muda para um bairro caucasiano e racista. Acompanhamos seus 10 primeiros dias no novo lar. Confira o trailer:

A qualidade técnica é indiscutível e a ambientação do subúrbio americano dos anos 50 é simplesmente impecável, dos carros à trilha sonora. O contexto histórico também é retratado: na primeira metade do século 20, cerca de 6 milhões de afro-americanos deixaram o sul – rural e ainda segregacionista – em direção a centros urbanos, noutras regiões do país, no movimento conhecido como Grande Migração.

Os elementos de tensão e horror são diversos e muito bem trabalhados: traumas do passado, vizinhança hostil, sociedade racista, pesadelos, entidades ameaçadoras... A realidade é dúbia e a dúvida é sustentada, pelo menos, até o ousado penúltimo episódio – um flashback em preto e branco, focado em um personagem que até então mal havia dado as caras.

Em vários momentos, porém, a ousadia se transforma num flerte com o sadismo: além do horror psicológico, há uma dezena de cenas de violência explícita e até tortura. Isso não seria um problema se a direção não cruzasse a linha da “violência que serve à história”.

A partir do polêmico 5º episódio – onde avisos de gatilho, não à toa, aparecem antes do início – a crítica social sucumbe em detrimento ao horror onde o propósito parece ser chocar a audiência. Basta ver como as recentes produções "Lovecraft Country", "Nós" e "Corra!" trabalham o mesmo tema (racismo), dentro do mesmo gênero (terror), de forma mais equilibrada.

O casal protagonista convence tanto nos momentos dramáticos quanto nos explosivos, o que não é fácil. Interpretações num tom acima ou abaixo, somadas à violência desviada da mensagem central, comprometeriam o resultado final. A principal "vilã" também se destaca: ela ganha camadas e se vê forçada a flexibilizar convicções durante a jornada, sempre com um sorriso amarelo acompanhado de iminentes lágrimas.

Usando alegorias sádicas e excessos narrativos para falar sobre luto, culpa e racismo, "Them" te desafia a assisti-la sem revirar os olhos (ou o estômago) pelo menos uma vez. Uma experiência intensa e perturbadora, que vale mais pela jornada!

Escrito por Ricelli Ribeiro com Edição de André Siqueira - uma parceria@dicastreaming

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Twilight Zone

"Twilight Zone" da CBS (all access), distribuído pela Amazon Prime Vídeo aqui no Brasil, é uma grande homenagem ao clássico programa de 1959. Criada por Rod Serling, "Além da Imaginação", como ficou conhecido por aqui, possui episódios independentes que mostram histórias com personagens que por alguma razão existencial precisam enfrentar algum problema (normalmente apresentado de forma exagerada) tendo como pano de fundo elementos de suspense, mistério e fantasia. Eu diria que  "Twilight Zone" é a versão raiz de "Black Mirror" e essa nova versão soube equilibrar muito bem a tradição e o conceito narrativo da série com a modernidade e as ferramentas de um cinema quase autoral. O resultado, embora satisfatório, varia de acordo com os episódios - existe sim uma inconsistência, mas que vai depender do gosto e das preferências de quem assiste e aí é que a série navega com tranquilidade, pois talvez não seja uma unanimidade total, mas vai divertir e entreter na maior parte do tempo. É uma boa pedida para maratonar da mesma forma que funciona em episódios isolados! Vale seu play!

Um dos elementos que encontramos no DNA de "Twilight Zone" e que depois foi muito bem trabalhado em "Amazing Stories" de Steven Spielberg - que aliás já está repaginando o seu formato com a equipe da Amblim deve fazer seu lançamento ainda esse ano na Apple TV+ - é subtexto por trás de cada história central dos episódios. É fundamental para quem assiste, entender que a série usa desse artificio como justificativa para o exagero ou para o aproveitar seu direito de ser inexplicável! Nessa nova versão é muito fácil encontrar esse subtexto, mas em alguns episódios ele parece tão superficial que chegamos a duvidar da sua eficiência, mesmo com um elenco de peso. Vejamos:

- Episódio 1: O comediante Samir Wassan (Kumail Nanjiani - indicado ao Emmy 2019 como "melhor ator convidado") quer ser famoso a qualquer custo, mas para isso é preciso pagar um preço e o roteiro trabalha muito bem esse conceito que nos acompanha durante toda a vida: será que estamos dispostos a pagar o preço para nos diferenciarmos na multidão? A grande maioria não quer, mas os poucos que querem, em algum momento, se perguntam se valeu a pena, mas aí já pode ser tarde! - Para mim, esse é um dos melhores episódios dessa primeira temporada.

-  Episódio 2: O jornalista Justin Sanderson (Adam Scott) encontra uma gravação que fala sobre o futuro e como suas decisões podem afetar o destino do Voo 1015, onde ele á passageiro. O episódio mostra a luta contra o tempo e a angustia de um homem que sabe como ajudar, mas é incompreendido pelas suas ações - tão atual, não? 

- Episódio 3: Uma velha filmadora tem o poder de rebobinar o tempo e esse excelente episódio mostra como o racismo é tão incontrolável quanto a vida cotidiana. Sem dúvida um dos melhores episódios e que nos convida à uma reflexão profunda. Agora prepare-se, tenho a impressão que é a história mais visceral e sufocante da temporada. Muito dolorida!

-  Episódio 4: É Natal e em uma cidade militar do Alaska, um viajante misterioso chega para movimentar a noite e provocar os mais diversos sentimentos nas pessoas. Esse episódio é meio arrastado. Mesmo com momentos interessantes, a história não me convenceu, embora o subtexto seja um dos mais provocativos ao trazer para discussão a hipocrisia humana!

- Episódio 5: Um profissional responsável por campanhas eleitorais está quase em ruínas quando resolve criar um novo ícone para concorrer a presidência dos EUA: no caso uma criança de 11 anos. Outro tema muito atual: a discussão do populismo e da força das mídias sociais - mas a história não me pareceu muito inspirada. Basta lembrar que o próprio "Black Mirror" fez algo muito parecido, porém com muito mais habilidade e criatividade em “The Waldo Moment”!

- Episódio 6: O mais "ficção científica" da temporada mostra uma tripulação tendo que fazer escolhas a todo momento para chegar a marte depois que os EUA sofrem um ataque nuclear da China! Mais um episódio arrastado na minha opinião. O conceito é excelente, mas na prática criou poucos conflitos interessantes e o final, embora cause uma certa surpresa, me pareceu bobo.

- Episódio 7: Depois de um chuva de meteoros, surge uma infecção que transforma a maneira como os homens reagem a determinadas situações. O assunto "a masculinidade tóxica" é discutido aqui com muita criatividade. Talvez esse seja o episódio com mais elementos de terror da temporada.

- Episódio 8: Uma rica dona de casa é levada para um centro de detenção sem entender muito bem os motivos, o que mexe com sua realidade e com seu passado. A discussão sobre os violentos centros de detenção de imigrantes nos EUA é o pano de fundo dessa história. Mais uma vez: embora o assunto seja excelente, o resultado do episódio fica muito aquém do seu potencial. Esse episódio eu achei chato!

- Episódio 9: Um professor de antropologia encontra um revolver que parece ter vida própria, no pente uma bala com seu nome. Esse é um episódio bem intrigante, fala sobre as mudanças da vida e como isso pode interferir na personalidade das pessoas. É interessante, mas não surpreende.

- Episódio 10: A roteirista (ficticia) do "Twilight Zone" é assombrada por uma entidade que representa muito do seu passado. Esse episódio é muito mais interessante pela homenagem as origens da série do que propriamente por uma história magnifica construída para encerrar a temporada em alto estilo. Na verdade eu diria até que o episódio fraco, mas o resgate do gênero com uma pegada mais de suspense e sobrenatural carregam a trama até um final de certa forma nostálgico. 

De fato os episódios são muito bem produzidos, embora a maioria deles usem de um mesmo cenário para contar toda a história o que não seria um problema se o texto fosse muito bom - o que não é o caso! A dinâmica narrativa sofre com essa limitação e, certamente, acusa o golpe quando os roteiros são menos inspirados. Jordan Peele é o narrador perfeito para a série - tem o tom, as pausas dramáticas e uma postura enigmática, além de ser uma referência, ou melhor, a personificação do renascimento de um gênero que estava esquecido: o suspense fantástico!

Como disse anteriormente,  "Twilight Zone" é agradável como entretenimento, mas não é e nem será o fenômeno que foi no final dos anos 50. Talvez uma segunda temporada traga mais oxigênio para série, quem sabe diminuindo o tempo dos episódios ou cuidando melhor das histórias, mas independente de qualquer coisa, vale como divertimento.

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"Twilight Zone" da CBS (all access), distribuído pela Amazon Prime Vídeo aqui no Brasil, é uma grande homenagem ao clássico programa de 1959. Criada por Rod Serling, "Além da Imaginação", como ficou conhecido por aqui, possui episódios independentes que mostram histórias com personagens que por alguma razão existencial precisam enfrentar algum problema (normalmente apresentado de forma exagerada) tendo como pano de fundo elementos de suspense, mistério e fantasia. Eu diria que  "Twilight Zone" é a versão raiz de "Black Mirror" e essa nova versão soube equilibrar muito bem a tradição e o conceito narrativo da série com a modernidade e as ferramentas de um cinema quase autoral. O resultado, embora satisfatório, varia de acordo com os episódios - existe sim uma inconsistência, mas que vai depender do gosto e das preferências de quem assiste e aí é que a série navega com tranquilidade, pois talvez não seja uma unanimidade total, mas vai divertir e entreter na maior parte do tempo. É uma boa pedida para maratonar da mesma forma que funciona em episódios isolados! Vale seu play!

Um dos elementos que encontramos no DNA de "Twilight Zone" e que depois foi muito bem trabalhado em "Amazing Stories" de Steven Spielberg - que aliás já está repaginando o seu formato com a equipe da Amblim deve fazer seu lançamento ainda esse ano na Apple TV+ - é subtexto por trás de cada história central dos episódios. É fundamental para quem assiste, entender que a série usa desse artificio como justificativa para o exagero ou para o aproveitar seu direito de ser inexplicável! Nessa nova versão é muito fácil encontrar esse subtexto, mas em alguns episódios ele parece tão superficial que chegamos a duvidar da sua eficiência, mesmo com um elenco de peso. Vejamos:

- Episódio 1: O comediante Samir Wassan (Kumail Nanjiani - indicado ao Emmy 2019 como "melhor ator convidado") quer ser famoso a qualquer custo, mas para isso é preciso pagar um preço e o roteiro trabalha muito bem esse conceito que nos acompanha durante toda a vida: será que estamos dispostos a pagar o preço para nos diferenciarmos na multidão? A grande maioria não quer, mas os poucos que querem, em algum momento, se perguntam se valeu a pena, mas aí já pode ser tarde! - Para mim, esse é um dos melhores episódios dessa primeira temporada.

-  Episódio 2: O jornalista Justin Sanderson (Adam Scott) encontra uma gravação que fala sobre o futuro e como suas decisões podem afetar o destino do Voo 1015, onde ele á passageiro. O episódio mostra a luta contra o tempo e a angustia de um homem que sabe como ajudar, mas é incompreendido pelas suas ações - tão atual, não? 

- Episódio 3: Uma velha filmadora tem o poder de rebobinar o tempo e esse excelente episódio mostra como o racismo é tão incontrolável quanto a vida cotidiana. Sem dúvida um dos melhores episódios e que nos convida à uma reflexão profunda. Agora prepare-se, tenho a impressão que é a história mais visceral e sufocante da temporada. Muito dolorida!

-  Episódio 4: É Natal e em uma cidade militar do Alaska, um viajante misterioso chega para movimentar a noite e provocar os mais diversos sentimentos nas pessoas. Esse episódio é meio arrastado. Mesmo com momentos interessantes, a história não me convenceu, embora o subtexto seja um dos mais provocativos ao trazer para discussão a hipocrisia humana!

- Episódio 5: Um profissional responsável por campanhas eleitorais está quase em ruínas quando resolve criar um novo ícone para concorrer a presidência dos EUA: no caso uma criança de 11 anos. Outro tema muito atual: a discussão do populismo e da força das mídias sociais - mas a história não me pareceu muito inspirada. Basta lembrar que o próprio "Black Mirror" fez algo muito parecido, porém com muito mais habilidade e criatividade em “The Waldo Moment”!

- Episódio 6: O mais "ficção científica" da temporada mostra uma tripulação tendo que fazer escolhas a todo momento para chegar a marte depois que os EUA sofrem um ataque nuclear da China! Mais um episódio arrastado na minha opinião. O conceito é excelente, mas na prática criou poucos conflitos interessantes e o final, embora cause uma certa surpresa, me pareceu bobo.

- Episódio 7: Depois de um chuva de meteoros, surge uma infecção que transforma a maneira como os homens reagem a determinadas situações. O assunto "a masculinidade tóxica" é discutido aqui com muita criatividade. Talvez esse seja o episódio com mais elementos de terror da temporada.

- Episódio 8: Uma rica dona de casa é levada para um centro de detenção sem entender muito bem os motivos, o que mexe com sua realidade e com seu passado. A discussão sobre os violentos centros de detenção de imigrantes nos EUA é o pano de fundo dessa história. Mais uma vez: embora o assunto seja excelente, o resultado do episódio fica muito aquém do seu potencial. Esse episódio eu achei chato!

- Episódio 9: Um professor de antropologia encontra um revolver que parece ter vida própria, no pente uma bala com seu nome. Esse é um episódio bem intrigante, fala sobre as mudanças da vida e como isso pode interferir na personalidade das pessoas. É interessante, mas não surpreende.

- Episódio 10: A roteirista (ficticia) do "Twilight Zone" é assombrada por uma entidade que representa muito do seu passado. Esse episódio é muito mais interessante pela homenagem as origens da série do que propriamente por uma história magnifica construída para encerrar a temporada em alto estilo. Na verdade eu diria até que o episódio fraco, mas o resgate do gênero com uma pegada mais de suspense e sobrenatural carregam a trama até um final de certa forma nostálgico. 

De fato os episódios são muito bem produzidos, embora a maioria deles usem de um mesmo cenário para contar toda a história o que não seria um problema se o texto fosse muito bom - o que não é o caso! A dinâmica narrativa sofre com essa limitação e, certamente, acusa o golpe quando os roteiros são menos inspirados. Jordan Peele é o narrador perfeito para a série - tem o tom, as pausas dramáticas e uma postura enigmática, além de ser uma referência, ou melhor, a personificação do renascimento de um gênero que estava esquecido: o suspense fantástico!

Como disse anteriormente,  "Twilight Zone" é agradável como entretenimento, mas não é e nem será o fenômeno que foi no final dos anos 50. Talvez uma segunda temporada traga mais oxigênio para série, quem sabe diminuindo o tempo dos episódios ou cuidando melhor das histórias, mas independente de qualquer coisa, vale como divertimento.

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