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(500) Dias com Ela

Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos. 

O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):

Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.

Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.

O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso,  "(500) Days of Summer" (no original)  transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!

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A Delicadeza do Amor

"La délicatesse" (no original) é mais um daqueles filmes que você assiste sorrindo - até quando o peito aperta um pouquinho, dá para prever que algo bom vem pela frente. Eu diria que o filme traz um cinema francês clássico sob um novo olhar, com a propriedade de quem tem a sensibilidade de captar os pequenos gestos no meio de grandes atuações. Mérito de Audrey Tautou e François Damiens e de uma direção segura de David e Stéphane Foenkinos que vale a sessão!

Nathalie (Audrey Tautou) tem uma vida maravilhosa. Ela é jovem, bonita e tem o casamento perfeito. Mas depois de um terrível acidente, seu mundo vira de ponta cabeça. Nos anos seguintes, ela foca em seu trabalho, deixando seus sentimentos de lado. Então, de repente, sem mesmo entender o porquê, ela beija o homem mais inesperado -- seu colega de trabalho, Markus (François Damiens). Esse casal incomum embarca numa jornada emocional; uma jornada que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho. Confira o trailer:

A grande questão que o roteiro levanta, brilhantemente adaptado do romance do próprio David Foenkinos, é se, de fato, podemos escolher uma maneira de redescobrir o prazer de viver?

Veja, Nathalie e Markus formam um casal improvável: ele, sueco, introspectivo e fisicamente desajeitado; ela, linda, naturalmente irradiante. E aqui cabe uma passagem interessante do filme que define a inteligência do roteiro e a felicidade da escolha do elenco: em um fim de noite, já levemente bêbado de vinho (e paixão), Charles (Bruno Todeschini), o chefe de Nathalie , diz: “Nathalie é daquela categoria especial de mulher que anula todas as outras. Nathalie é Yoko Ono – do tipo que é capaz de acabar com a maior banda de rock do mundo.”

Talvez o prólogo de "A Delicadeza do Amor" não justifique o que vem a seguir, mas ao mesmo tempo é muito inteligente ao nos posicionar naquilo que Tautou parece fazer de melhor no cinema: viver um conto de fadas - então espere, tenha paciência com a história! A própria fotografia do diretor Rémy Chevrin vai nos transportando para Paris pouco a pouco, da mesma forma que Gordon Willis fez com Manhattan de Woody Allen. Ela cria uma atmosfera de fantasia dentro de um cenário realista que é lindo de sentir. O filme dos irmãos Foenkinos é justamente isso: um drama sensorial, que nos tira da realidade, mesmo em muitos momentos explorando situações brutalmente reais! Esse choque é justamente o diferencial da narrativa!

"A Delicadeza do Amor" é uma história de renascimento, mas é também um conto sobre a singularidade do amor, que prova, mais uma vez, que a beleza está nos detalhes. Reparem como um filme de 2011 continua extremamente atual, em tempos instagramáveis de uma supervalorização da aparência, da beleza fútil, do sucesso material e da riqueza vazia, existem valores muito mais importantes e verdadeiros!

Vale muito a pena!

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"La délicatesse" (no original) é mais um daqueles filmes que você assiste sorrindo - até quando o peito aperta um pouquinho, dá para prever que algo bom vem pela frente. Eu diria que o filme traz um cinema francês clássico sob um novo olhar, com a propriedade de quem tem a sensibilidade de captar os pequenos gestos no meio de grandes atuações. Mérito de Audrey Tautou e François Damiens e de uma direção segura de David e Stéphane Foenkinos que vale a sessão!

Nathalie (Audrey Tautou) tem uma vida maravilhosa. Ela é jovem, bonita e tem o casamento perfeito. Mas depois de um terrível acidente, seu mundo vira de ponta cabeça. Nos anos seguintes, ela foca em seu trabalho, deixando seus sentimentos de lado. Então, de repente, sem mesmo entender o porquê, ela beija o homem mais inesperado -- seu colega de trabalho, Markus (François Damiens). Esse casal incomum embarca numa jornada emocional; uma jornada que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho. Confira o trailer:

A grande questão que o roteiro levanta, brilhantemente adaptado do romance do próprio David Foenkinos, é se, de fato, podemos escolher uma maneira de redescobrir o prazer de viver?

Veja, Nathalie e Markus formam um casal improvável: ele, sueco, introspectivo e fisicamente desajeitado; ela, linda, naturalmente irradiante. E aqui cabe uma passagem interessante do filme que define a inteligência do roteiro e a felicidade da escolha do elenco: em um fim de noite, já levemente bêbado de vinho (e paixão), Charles (Bruno Todeschini), o chefe de Nathalie , diz: “Nathalie é daquela categoria especial de mulher que anula todas as outras. Nathalie é Yoko Ono – do tipo que é capaz de acabar com a maior banda de rock do mundo.”

Talvez o prólogo de "A Delicadeza do Amor" não justifique o que vem a seguir, mas ao mesmo tempo é muito inteligente ao nos posicionar naquilo que Tautou parece fazer de melhor no cinema: viver um conto de fadas - então espere, tenha paciência com a história! A própria fotografia do diretor Rémy Chevrin vai nos transportando para Paris pouco a pouco, da mesma forma que Gordon Willis fez com Manhattan de Woody Allen. Ela cria uma atmosfera de fantasia dentro de um cenário realista que é lindo de sentir. O filme dos irmãos Foenkinos é justamente isso: um drama sensorial, que nos tira da realidade, mesmo em muitos momentos explorando situações brutalmente reais! Esse choque é justamente o diferencial da narrativa!

"A Delicadeza do Amor" é uma história de renascimento, mas é também um conto sobre a singularidade do amor, que prova, mais uma vez, que a beleza está nos detalhes. Reparem como um filme de 2011 continua extremamente atual, em tempos instagramáveis de uma supervalorização da aparência, da beleza fútil, do sucesso material e da riqueza vazia, existem valores muito mais importantes e verdadeiros!

Vale muito a pena!

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A Linha Vermelha do Destino

"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas sem o talento do diretor Richard Linklater! 

Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?

Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.

Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!

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"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas sem o talento do diretor Richard Linklater! 

Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?

Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.

Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!

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A Pior Pessoa do Mundo

“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.

Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:

Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.

A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!

“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.

Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.

Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:

Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.

A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!

“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.

Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Adoráveis Mulheres

Adoráveis Mulheres

"Adoráveis Mulheres", novo projeto da diretora de "Lady Bird", Greta Gerwig, é uma graça! O filme é mais uma adaptação do livro homônimo de Louisa May Alcott e conta a história das irmãs March, quatro jovens americanas de personalidades completamente diferentes e que vivem em uma família cheia de valores e união. 

O processo de amadurecimento de cada uma delas, sem a presença do pai que luta na Guerra Civil, é o fio narrativo dessa história que fala sobre a essência da vida e como a felicidade pode estar nos pequenos gestos, na simplicidade do dia a dia, na ingenuidade dos sonhos adolescentes e na esperança de uma plenitude eterna - e é isso que nos toca e até nos machuca, pois sabemos que a vida não é bem assim

Transitando do passado para o presente com muita delicadeza e inteligência, Gerwig entrega um filme com alma, que mexe com a gente, mas com muito respeito (como deve ser). Uma aula de sensibilidade para falar sobre saudade, que merece ser aplaudida. Prestem atenção nesse filme - tenho certeza que ele estará no Oscar 2020, inclusive na disputa de melhor filme (ou no mínimo de melhor roteiro adaptado).

"Adoráveis Mulheres" é um destes textos clássicos várias vezes adaptados para o cinema - a mais famosa, contou com Winona Ryder, Susan Sarandon, Christian Bale e Kirsten Dusnt e foi produzida em 1994. Essa versão, dirigida pela australiana Gillian Armstrong, foi indicada para o Oscar em três categorias: melhor atriz (Winona Ryder), figurino e música. Pelo que vimos, o filme de Greta Gerwig tem tudo para se tornar a versão mais premiada da obra, começando pelas atuações marcantes de Saoirse Ronan como Jo March e mais um excelente trabalho de Laura Dern como Marmee March - lembrando que Dern deve ser indicada como coadjuvante por "Cenas de um Casamento". Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen também merecem destaque - foram interpretações honestíssimas, principalmente de Pugh! Timothée Chalamet (Me chame pelo seu nome) é outro que entrega um grande personagem! Tenho a impressão que Saoirse Ronan receberá sua quinta indicação e que Greta Gerwig representará as mulheres em duas categorias: melhor direção e roteiro adaptado!

A fotografia do francés Yorick Le Saux é maravilhosa e pontuada com um tons mais quentes (amarelados) no passado, transbordando alegria e com tons mais frios (azulados) no presente, o que trás uma sensação mais real, da dificuldade da vida, do amadurecimento forçado - aliás, é basicamente na troca de cor e de temperatura que entendemos essa dinâmica de "vai e vem" na linha do tempo - é muito delicado, demora algumas cenas para percebermos, mas depois flui tão naturalmente que fica fácil de acompanhar! A montagem também ajuda nessa organicidade, claro, e, para mim, mereceria uma indicação ao Oscar junto com Desenho de Produção e Figurino. Até entendo se isso não acontecer em todas as categorias, mas é importante deixar registrado que potencial para várias indicações teria! Todos esses elementos técnicos só colaboram na entrega de um filme belíssimo, bem dirigido, bem interpretado e lindo visualmente. A capacidade de Gerwig em nos transportar para a vida dessas quatro mulheres, estabelece uma relação de cumplicidade e empatia que dificilmente vemos nos filmes de hoje com tanta sensibilidade. De fato não é um filme complexo ou com reviravoltas surpreendentes, mas as mais de duas horas de história servem como convite à revisitar nosso passado, nossos laços e lembranças - e a linda trilha sonora só colabora nessa imersão - reparem!

"Adoráveis Mulheres" é um filme leve ao mesmo tempo em que é denso, otimista ao mesmo tempo em que é saudoso, lindo ao mesmo tempo em que é difícil de digerir! "Adoráveis Mulheres" é um grande filme, técnico e artístico, e tranquilamente merece sua audiência!

Up-date: "Adoráveis Mulheres" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Figurino!

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"Adoráveis Mulheres", novo projeto da diretora de "Lady Bird", Greta Gerwig, é uma graça! O filme é mais uma adaptação do livro homônimo de Louisa May Alcott e conta a história das irmãs March, quatro jovens americanas de personalidades completamente diferentes e que vivem em uma família cheia de valores e união. 

O processo de amadurecimento de cada uma delas, sem a presença do pai que luta na Guerra Civil, é o fio narrativo dessa história que fala sobre a essência da vida e como a felicidade pode estar nos pequenos gestos, na simplicidade do dia a dia, na ingenuidade dos sonhos adolescentes e na esperança de uma plenitude eterna - e é isso que nos toca e até nos machuca, pois sabemos que a vida não é bem assim

Transitando do passado para o presente com muita delicadeza e inteligência, Gerwig entrega um filme com alma, que mexe com a gente, mas com muito respeito (como deve ser). Uma aula de sensibilidade para falar sobre saudade, que merece ser aplaudida. Prestem atenção nesse filme - tenho certeza que ele estará no Oscar 2020, inclusive na disputa de melhor filme (ou no mínimo de melhor roteiro adaptado).

"Adoráveis Mulheres" é um destes textos clássicos várias vezes adaptados para o cinema - a mais famosa, contou com Winona Ryder, Susan Sarandon, Christian Bale e Kirsten Dusnt e foi produzida em 1994. Essa versão, dirigida pela australiana Gillian Armstrong, foi indicada para o Oscar em três categorias: melhor atriz (Winona Ryder), figurino e música. Pelo que vimos, o filme de Greta Gerwig tem tudo para se tornar a versão mais premiada da obra, começando pelas atuações marcantes de Saoirse Ronan como Jo March e mais um excelente trabalho de Laura Dern como Marmee March - lembrando que Dern deve ser indicada como coadjuvante por "Cenas de um Casamento". Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen também merecem destaque - foram interpretações honestíssimas, principalmente de Pugh! Timothée Chalamet (Me chame pelo seu nome) é outro que entrega um grande personagem! Tenho a impressão que Saoirse Ronan receberá sua quinta indicação e que Greta Gerwig representará as mulheres em duas categorias: melhor direção e roteiro adaptado!

A fotografia do francés Yorick Le Saux é maravilhosa e pontuada com um tons mais quentes (amarelados) no passado, transbordando alegria e com tons mais frios (azulados) no presente, o que trás uma sensação mais real, da dificuldade da vida, do amadurecimento forçado - aliás, é basicamente na troca de cor e de temperatura que entendemos essa dinâmica de "vai e vem" na linha do tempo - é muito delicado, demora algumas cenas para percebermos, mas depois flui tão naturalmente que fica fácil de acompanhar! A montagem também ajuda nessa organicidade, claro, e, para mim, mereceria uma indicação ao Oscar junto com Desenho de Produção e Figurino. Até entendo se isso não acontecer em todas as categorias, mas é importante deixar registrado que potencial para várias indicações teria! Todos esses elementos técnicos só colaboram na entrega de um filme belíssimo, bem dirigido, bem interpretado e lindo visualmente. A capacidade de Gerwig em nos transportar para a vida dessas quatro mulheres, estabelece uma relação de cumplicidade e empatia que dificilmente vemos nos filmes de hoje com tanta sensibilidade. De fato não é um filme complexo ou com reviravoltas surpreendentes, mas as mais de duas horas de história servem como convite à revisitar nosso passado, nossos laços e lembranças - e a linda trilha sonora só colabora nessa imersão - reparem!

"Adoráveis Mulheres" é um filme leve ao mesmo tempo em que é denso, otimista ao mesmo tempo em que é saudoso, lindo ao mesmo tempo em que é difícil de digerir! "Adoráveis Mulheres" é um grande filme, técnico e artístico, e tranquilamente merece sua audiência!

Up-date: "Adoráveis Mulheres" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Figurino!

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Amor e outras Drogas

“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Amor ou Consequência

“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!

“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer: 

Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain",  “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.

Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!

Recomendadíssimo!!!!! 

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“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!

“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer: 

Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain",  “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.

Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!

Recomendadíssimo!!!!! 

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Apenas uma Vez

Já vamos partir de um principio básico: "Apenas uma Vez" é imperdível - daqueles filmes gostosos de assistir e que mesmo soando "meio água com açúcar", nos conquista pela sua capacidade de nos emocionar com uma premissa simples, mas muito eficaz: a de que mesmo nas dificuldades, a vida está sempre pronta para nos mostrar que podemos ser felizes! Sim, se você está em busca de um filme descomplicado e ao mesmo tempo muito surpreendente, "Once" (no original) é perfeito - para assistir várias vezes! O filme dirigidopelo John Carney, de fato, oferece uma experiência profundamente cativante e envolvente que combina uma narrativa simples e bem desenvolvida, performances excepcionais de um elenco muito bem escalado (com alma) e uma trilha sonora que olha, é de tirar o fôlego. Não é de surpreender que "Apenas uma Vez" tenha conquistado tantos elogios e prêmios no cenário independente até chegar no Oscar de 2008, para faturar a estatueta de "Melhor Canção Original" - e na minha opinião, foi pouco!

Na trama, somos jogados em meio às ruas movimentadas de Dublin, na Irlanda, onde um músico talentoso de rua e sem nome (Glen Hansard) encontra uma imigrante tcheca (Markéta Irglová) que toca piano. O destino que os uniu através da música faz com que eles compartilhem histórias pessoais, esperanças e sonhos, construindo uma conexão profunda, única e apaixonante. Confira o trailer (em inglês):

"Apenas uma Vez" é uma verdadeira joia do cinema indie que explora a alma humana através de sua sensibilidade e delicadeza. A beleza do filme reside muito na sua autenticidade e na forma como os personagens, interpretados de maneira magnífica por Glen Hansard e Markéta Irglová, transmitem emoções cruas e genuínas - eles são tão reais que parecem ter saído de um documentário. Hansard e Irglová não são apenas atores talentosos, mas também músicos excepcionais que oferecem performances deslumbrantes que evocam sensações que transitam entre a melancolia e a esperança. Hansard é vocalista da banda dublinense The Frames, onde, não por acaso, Carney participou como contrabaixista até 1993. Já  Irglova trabalhou com Hansard no álbum folk, The Swell Season.

A direção talentosa de Carney é evidente na escolha do elenco, mas também na construção do tom da narrativa - reparem nas pausas dramáticas que ele estimula entre um diálogo e outro. As belíssimas locações de Dublin se conectam perfeitamente com a fotografia do grande Tim Fleming (de "Citadel") - a maneira como ele captura a atmosfera da cidade, tornando-a quase um personagem em si mesma, lembra muito o trabalho de Sean Price Williams em "Amor, Drogas e Nova York".A fotografia contrastada e uma montagem extremamente cuidadosa do Paul Mullen aprofundam a imersão na história de um maneira arrebatadora - e é aí que entra a estrela do filme: a trilha sonora! Composta principalmente por canções originais escritas pelos próprios protagonistas, posso te garantir que é uma das mais marcantes da história do cinema independente - daquelas onde as músicas continuam ecoando na sua mente muito tempo após o término do filme e que passam a fazer parte da nossa playlist com muita naturalidade.

"Apenas uma Vez" é uma homenagem à beleza da música como uma forma de comunicação universal que transcende as barreiras linguísticas e culturais. O filme é uma jornada emocional que vai tocar seu coração e que alimentará sua alma pelo que ele é na sua essência - e isso é tão raro. Não hesite em dar o play para um filme que se destacou nos festivais independentes do mundo inteiro e se consolidou como um dos melhores exemplos do poder transformador que cinema pode proporcionar. Seja você um amante da boa música ou simplesmente alguém que busca uma história emocionalmente rica e muito sensível, "Once" é uma escolha inigualável que você não pode perder. É sério!

Assista Agora

Já vamos partir de um principio básico: "Apenas uma Vez" é imperdível - daqueles filmes gostosos de assistir e que mesmo soando "meio água com açúcar", nos conquista pela sua capacidade de nos emocionar com uma premissa simples, mas muito eficaz: a de que mesmo nas dificuldades, a vida está sempre pronta para nos mostrar que podemos ser felizes! Sim, se você está em busca de um filme descomplicado e ao mesmo tempo muito surpreendente, "Once" (no original) é perfeito - para assistir várias vezes! O filme dirigidopelo John Carney, de fato, oferece uma experiência profundamente cativante e envolvente que combina uma narrativa simples e bem desenvolvida, performances excepcionais de um elenco muito bem escalado (com alma) e uma trilha sonora que olha, é de tirar o fôlego. Não é de surpreender que "Apenas uma Vez" tenha conquistado tantos elogios e prêmios no cenário independente até chegar no Oscar de 2008, para faturar a estatueta de "Melhor Canção Original" - e na minha opinião, foi pouco!

Na trama, somos jogados em meio às ruas movimentadas de Dublin, na Irlanda, onde um músico talentoso de rua e sem nome (Glen Hansard) encontra uma imigrante tcheca (Markéta Irglová) que toca piano. O destino que os uniu através da música faz com que eles compartilhem histórias pessoais, esperanças e sonhos, construindo uma conexão profunda, única e apaixonante. Confira o trailer (em inglês):

"Apenas uma Vez" é uma verdadeira joia do cinema indie que explora a alma humana através de sua sensibilidade e delicadeza. A beleza do filme reside muito na sua autenticidade e na forma como os personagens, interpretados de maneira magnífica por Glen Hansard e Markéta Irglová, transmitem emoções cruas e genuínas - eles são tão reais que parecem ter saído de um documentário. Hansard e Irglová não são apenas atores talentosos, mas também músicos excepcionais que oferecem performances deslumbrantes que evocam sensações que transitam entre a melancolia e a esperança. Hansard é vocalista da banda dublinense The Frames, onde, não por acaso, Carney participou como contrabaixista até 1993. Já  Irglova trabalhou com Hansard no álbum folk, The Swell Season.

A direção talentosa de Carney é evidente na escolha do elenco, mas também na construção do tom da narrativa - reparem nas pausas dramáticas que ele estimula entre um diálogo e outro. As belíssimas locações de Dublin se conectam perfeitamente com a fotografia do grande Tim Fleming (de "Citadel") - a maneira como ele captura a atmosfera da cidade, tornando-a quase um personagem em si mesma, lembra muito o trabalho de Sean Price Williams em "Amor, Drogas e Nova York".A fotografia contrastada e uma montagem extremamente cuidadosa do Paul Mullen aprofundam a imersão na história de um maneira arrebatadora - e é aí que entra a estrela do filme: a trilha sonora! Composta principalmente por canções originais escritas pelos próprios protagonistas, posso te garantir que é uma das mais marcantes da história do cinema independente - daquelas onde as músicas continuam ecoando na sua mente muito tempo após o término do filme e que passam a fazer parte da nossa playlist com muita naturalidade.

"Apenas uma Vez" é uma homenagem à beleza da música como uma forma de comunicação universal que transcende as barreiras linguísticas e culturais. O filme é uma jornada emocional que vai tocar seu coração e que alimentará sua alma pelo que ele é na sua essência - e isso é tão raro. Não hesite em dar o play para um filme que se destacou nos festivais independentes do mundo inteiro e se consolidou como um dos melhores exemplos do poder transformador que cinema pode proporcionar. Seja você um amante da boa música ou simplesmente alguém que busca uma história emocionalmente rica e muito sensível, "Once" é uma escolha inigualável que você não pode perder. É sério!

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As Leis da Termodinâmica

"As Leis da Termodinâmica", filme espanhol distribuído pela Netflix (por isso o selo de Original), é muito bacana. Na verdade ele começa um pouco lento, fiquei até na dúvida se o filme era um documentário ou uma ficção e isso até me gerou um certo desconforto. O fato é que o filme é um híbrido dos dois gêneros e assim que se entende a dinâmica narrativa, o filme flui muito tranquilo porque tem um roteiro inteligente e é muito bem dirigido pelo Mateo Gil - um dos roteiristas de "Mar Adentro" do chileno Alejandro Amenábar e vencedor do Oscar estrangeiro de 2005.

"Las leyes de la termodinámica" (no original), conta a história (improvável) de amor entre um assistente de professor universitário e cientista com uma modelo famosa - uma pegada meio "Nothing Hill". O grande trunfo do filme, é a forma como essa história é contada, pois é feito um paralelo entre as fases de um relacionamento com as Leis da Termodinâmica - pode parecer chato e até um formato repetitivo, mas é muito inteligente e extremamente bem explorada pelo diretor (que também assina o roteiro). Fica impossível não se identificar com uma ou outra situação! O filme é categorizado como uma comédia romântica, mas é inteligente e vai além do óbvio, surpreende pela qualidade.

Tecnicamente é excelente também: tem uma montagem dinâmica, intervenções gráficas interessantes (e que ajudam contar a história sem chamar muito a atenção) e os atores estão ótimos (Vito Sanz, especialmente).  Vale muito a pena. Entretenimento leve e inteligente! 

\Vale o play. Vale a indicação!!! Assistam no clima que a surpresa será boa!!!

"As Leis da Termodinâmica", filme espanhol distribuído pela Netflix (por isso o selo de Original), é muito bacana. Na verdade ele começa um pouco lento, fiquei até na dúvida se o filme era um documentário ou uma ficção e isso até me gerou um certo desconforto. O fato é que o filme é um híbrido dos dois gêneros e assim que se entende a dinâmica narrativa, o filme flui muito tranquilo porque tem um roteiro inteligente e é muito bem dirigido pelo Mateo Gil - um dos roteiristas de "Mar Adentro" do chileno Alejandro Amenábar e vencedor do Oscar estrangeiro de 2005.

"Las leyes de la termodinámica" (no original), conta a história (improvável) de amor entre um assistente de professor universitário e cientista com uma modelo famosa - uma pegada meio "Nothing Hill". O grande trunfo do filme, é a forma como essa história é contada, pois é feito um paralelo entre as fases de um relacionamento com as Leis da Termodinâmica - pode parecer chato e até um formato repetitivo, mas é muito inteligente e extremamente bem explorada pelo diretor (que também assina o roteiro). Fica impossível não se identificar com uma ou outra situação! O filme é categorizado como uma comédia romântica, mas é inteligente e vai além do óbvio, surpreende pela qualidade.

Tecnicamente é excelente também: tem uma montagem dinâmica, intervenções gráficas interessantes (e que ajudam contar a história sem chamar muito a atenção) e os atores estão ótimos (Vito Sanz, especialmente).  Vale muito a pena. Entretenimento leve e inteligente! 

\Vale o play. Vale a indicação!!! Assistam no clima que a surpresa será boa!!!

Belle Époque

"Belle Époque" é um delicioso convite à nostalgia! Como em "Meia-noite em Paris" ou em “O Último Amor de Mr. Morgan”, o filme traz no roteiro uma leveza e uma sensibilidade impressionantes para discutir a importância de olhar para si, para só depois poder encontrar o outro. Eu diria, inclusive, que essa produção francesa dirigida pelo talentoso Nicolas Bedos (de "Os Infiéis") traz o que existe de melhor nos dramas de relação para o tom envolvente de uma comédia que em nenhum instante se perde no usual e que sabe aproveitar os gatilhos emocionais para nos perguntar, a cada momento, se estaríamos dispostos a viver a melhor época de nossa vida de novo!

Victor (Daniel Auteuil) é um sexagenário desiludido com o casamento em crise. Quando ele é apresentado para a empresa de Antoine (Guillaume Canet) que o sugere um serviço que une encenação teatral com recriação histórica, sua vida vira de cabeça para baixo. Victor decide então reviver o que ele considera a semana mais marcante de sua vida, onde, 40 anos antes, conheceu um grande e inesquecível amor. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "Belle Époque" seja o de nos provocar, não só uma reflexão profunda como também a lidar com a dor da autoindulgência! Obviamente que todo aquele sentimento mais nostálgico escondido em nossa memória e principalmente em nosso coração, nos acompanha por toda jornada, porém o texto do próprio Bedos estabelece que mesmo nas decisões mais racionais, de alguma forma, é possível encontrar um leve sorriso ou um aprendizado capaz de mudar nossa percepção - essa dinâmica narrativa deixa tudo mais agradável, te garanto. Sim, eu sei que pode até parecer filosófico demais, mas é justamente por isso que o filme nos prende do começo ao fim - a identificação com Victor é imediata e a conexão com sua situação soa tão realista que nos permite estar ao seu lado, custe o que custar.

Guillaume Canet (como Antoine) e a belíssima Doria Tillier (como Margot) representam com muita sabedoria alguns arquétipos que se encaixam perfeitamente ao novo olhar sobre o sucesso e o fracasso das relações: o controlador e bem sucedido empresário que se apaixona pela sensível e talentosa artista que busca o seu lugar no mundo. Esse é exatamente o mesmo recorte, só que invertido, de Marianne Drumond (Fanny Ardant) e de Victor (Daniel Auteuil) - aqui as discussões sobre o peso de algumas escolhas e o reflexo de determinadas decisões de vida vão do presente ao passado para o casal em crise com a mesma simetria que um dia pode se tornar o futuro do casal que ainda luta para se encontrar.

Com uma trilha sonora original que vai de Billie Holiday à Fontella Bass, "La Belle Époque" (no original) celebra o amor sem pieguice - como uma bela poesia aos saudosistas ou um choque de realidade aos mais racionais, tudo sem esquecer do bom entretenimento. Se a arte nos permite sonhar, Bedos certamente se aproveitou da sua para nos presentear com um universo tão mágico quanto palpável, daqueles que não queremos acordar mesmo na hora marcada. Se o filme soa como uma reencenação de uma história de amor, certamente você vai sentir seu coração apertar por desejar reviver algum momento especial da sua vida!

E é por isso que vale muito o seu play!

Assista Agora

"Belle Époque" é um delicioso convite à nostalgia! Como em "Meia-noite em Paris" ou em “O Último Amor de Mr. Morgan”, o filme traz no roteiro uma leveza e uma sensibilidade impressionantes para discutir a importância de olhar para si, para só depois poder encontrar o outro. Eu diria, inclusive, que essa produção francesa dirigida pelo talentoso Nicolas Bedos (de "Os Infiéis") traz o que existe de melhor nos dramas de relação para o tom envolvente de uma comédia que em nenhum instante se perde no usual e que sabe aproveitar os gatilhos emocionais para nos perguntar, a cada momento, se estaríamos dispostos a viver a melhor época de nossa vida de novo!

Victor (Daniel Auteuil) é um sexagenário desiludido com o casamento em crise. Quando ele é apresentado para a empresa de Antoine (Guillaume Canet) que o sugere um serviço que une encenação teatral com recriação histórica, sua vida vira de cabeça para baixo. Victor decide então reviver o que ele considera a semana mais marcante de sua vida, onde, 40 anos antes, conheceu um grande e inesquecível amor. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "Belle Époque" seja o de nos provocar, não só uma reflexão profunda como também a lidar com a dor da autoindulgência! Obviamente que todo aquele sentimento mais nostálgico escondido em nossa memória e principalmente em nosso coração, nos acompanha por toda jornada, porém o texto do próprio Bedos estabelece que mesmo nas decisões mais racionais, de alguma forma, é possível encontrar um leve sorriso ou um aprendizado capaz de mudar nossa percepção - essa dinâmica narrativa deixa tudo mais agradável, te garanto. Sim, eu sei que pode até parecer filosófico demais, mas é justamente por isso que o filme nos prende do começo ao fim - a identificação com Victor é imediata e a conexão com sua situação soa tão realista que nos permite estar ao seu lado, custe o que custar.

Guillaume Canet (como Antoine) e a belíssima Doria Tillier (como Margot) representam com muita sabedoria alguns arquétipos que se encaixam perfeitamente ao novo olhar sobre o sucesso e o fracasso das relações: o controlador e bem sucedido empresário que se apaixona pela sensível e talentosa artista que busca o seu lugar no mundo. Esse é exatamente o mesmo recorte, só que invertido, de Marianne Drumond (Fanny Ardant) e de Victor (Daniel Auteuil) - aqui as discussões sobre o peso de algumas escolhas e o reflexo de determinadas decisões de vida vão do presente ao passado para o casal em crise com a mesma simetria que um dia pode se tornar o futuro do casal que ainda luta para se encontrar.

Com uma trilha sonora original que vai de Billie Holiday à Fontella Bass, "La Belle Époque" (no original) celebra o amor sem pieguice - como uma bela poesia aos saudosistas ou um choque de realidade aos mais racionais, tudo sem esquecer do bom entretenimento. Se a arte nos permite sonhar, Bedos certamente se aproveitou da sua para nos presentear com um universo tão mágico quanto palpável, daqueles que não queremos acordar mesmo na hora marcada. Se o filme soa como uma reencenação de uma história de amor, certamente você vai sentir seu coração apertar por desejar reviver algum momento especial da sua vida!

E é por isso que vale muito o seu play!

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David contra os Bancos

Essa é mais uma comédia inglesa, daquelas gostosas de assistir, bem ao estilo de "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou "Yesterday" - o diferencial aqui, é que a história de "David contra os Bancos" é baseada em fatos "quase" reais. No filme dirigido pelo Chris Foggin (de "Um Natal Improvável") entendemos a importância histórica de retratar a jornada de resiliência de um homem comum em face de desafios extraordinários, no caso o sistema econômico britânico, mas sem esquecer daquilo que nos mantém sorrindo durante os momentos de dificuldade: o amor! Sim, a receita "Notting Hill" está em cada detalhe do roteiro e mesmo supondo como será o final, fica impossível não se envolver com aqueles personagens!

O filme, basicamente, narra a trajetória do empresário idealista Dave Fishwick (Rory Kinnear), proprietário de uma empresa de vans na pequena cidade de Burnley na Inglaterra, que decide lutar contra um sistema financeiro secular para conseguir uma licença e assim abrir seu próprio banco com o intuito de ajudar sua comunidade, sem cobrar taxas abusivas, em um período pós-recessão. Para isso ele conta como a ajuda do jovem advogado de Londres, Huch (Joel Fry), que acredita estar perdendo seu tempo até que se vê envolvido com a sobrinha de Dave, Alexandra (Phoebe Dynevor). Confira o trailer:

Se em "O Próprio Enterro" acompanhamos uma complexa batalha “David x Golias corporativo" com um toque de "Erin Brockovich", aqui temos o mesmo principio, porém em um tom infinitamente mais leve.Veja, as críticas contra o sistema econômico e a política elitista dos bancos britânicos estão lá. O desafio pela busca de prosperidade em pequenas comunidades que se organizam independente das dificuldades geográficas ou de segregação também. Mas talvez o fato que mais nos conecta com a história é o de sabermos que existe um homem (podemos dizer, milionário) que quer criar um banco para simplesmente fomentar o progresso de sua comunidade sem pedir absolutamente nada em troca! Essa foi a escolha mais sábia de Foggin e de seu roteirista Piers Ashworth (de "Fisherman's Friends: One and All"): realizar um filme positivo e simples em todos os sentidos, que não busca grandes coisas além de uma história feliz que agrade todos os públicos. 

Quando o enredo resolve acompanhar a vida desse visionário empreendedor, imediatamente criamos empatia por Dave e pela sua causa - praticamente partimos para a luta contra as barreiras confortáveis do Sistema em uma jornada emocional e cativante repleta de aprendizado e superação. Se o alívio emocional vem da relação "(im)provável" de seu advogado com sua sobrinha, pode ter certeza que é pela seu envolvimento com a música que encontramos o combustível para seguir em clima de "juntos vamos conseguir". Pelas mãos do produtor e compositor Christian Henson partimos de um pub/karaokê onde parte da comunidade se reune todas as noites até seu ápice narrativo do terceiro ato com um grande espetáculo ao som da banda "Def Leppard" que, inexplicavelmente, multiplica toda aaquela noção de comunidade que o filme construiu nos seus primeiros atos - mas tudo bem, faz parte do estilo "Notting Hill" de mover a história que, no final das contas, se amarra de forma coerente, mesmo que sobrem passagens sem muito sentido e que só ocorrem para nos levar ao ponto que Foggin deslumbrou - e até que funciona com certa competência!

O fato é que "Bank of Dave" (no original) traz o ingênuo e o inofensivo para sua narrativa maniqueísta, buscando puramente o entretenimento e a sensação de que, com resiliência e muita vontade, tudo é possível. Mesmo sabendo que a política, em suas diversas formas e ideologias, está sempre presente nos diálogos e em vários momentos da trama, posso te garantir que a experiência está longe de ser profunda ou crítica demais, deixando apenas nas entrelinhas um material interessante para discussão que, mal colocado, poderia ter acabado com o que o filme tem de melhor: sua leveza chancelada pelo fato de ser uma história real e que merecia ser contada. 

Vale muito o seu play!

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Essa é mais uma comédia inglesa, daquelas gostosas de assistir, bem ao estilo de "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou "Yesterday" - o diferencial aqui, é que a história de "David contra os Bancos" é baseada em fatos "quase" reais. No filme dirigido pelo Chris Foggin (de "Um Natal Improvável") entendemos a importância histórica de retratar a jornada de resiliência de um homem comum em face de desafios extraordinários, no caso o sistema econômico britânico, mas sem esquecer daquilo que nos mantém sorrindo durante os momentos de dificuldade: o amor! Sim, a receita "Notting Hill" está em cada detalhe do roteiro e mesmo supondo como será o final, fica impossível não se envolver com aqueles personagens!

O filme, basicamente, narra a trajetória do empresário idealista Dave Fishwick (Rory Kinnear), proprietário de uma empresa de vans na pequena cidade de Burnley na Inglaterra, que decide lutar contra um sistema financeiro secular para conseguir uma licença e assim abrir seu próprio banco com o intuito de ajudar sua comunidade, sem cobrar taxas abusivas, em um período pós-recessão. Para isso ele conta como a ajuda do jovem advogado de Londres, Huch (Joel Fry), que acredita estar perdendo seu tempo até que se vê envolvido com a sobrinha de Dave, Alexandra (Phoebe Dynevor). Confira o trailer:

Se em "O Próprio Enterro" acompanhamos uma complexa batalha “David x Golias corporativo" com um toque de "Erin Brockovich", aqui temos o mesmo principio, porém em um tom infinitamente mais leve.Veja, as críticas contra o sistema econômico e a política elitista dos bancos britânicos estão lá. O desafio pela busca de prosperidade em pequenas comunidades que se organizam independente das dificuldades geográficas ou de segregação também. Mas talvez o fato que mais nos conecta com a história é o de sabermos que existe um homem (podemos dizer, milionário) que quer criar um banco para simplesmente fomentar o progresso de sua comunidade sem pedir absolutamente nada em troca! Essa foi a escolha mais sábia de Foggin e de seu roteirista Piers Ashworth (de "Fisherman's Friends: One and All"): realizar um filme positivo e simples em todos os sentidos, que não busca grandes coisas além de uma história feliz que agrade todos os públicos. 

Quando o enredo resolve acompanhar a vida desse visionário empreendedor, imediatamente criamos empatia por Dave e pela sua causa - praticamente partimos para a luta contra as barreiras confortáveis do Sistema em uma jornada emocional e cativante repleta de aprendizado e superação. Se o alívio emocional vem da relação "(im)provável" de seu advogado com sua sobrinha, pode ter certeza que é pela seu envolvimento com a música que encontramos o combustível para seguir em clima de "juntos vamos conseguir". Pelas mãos do produtor e compositor Christian Henson partimos de um pub/karaokê onde parte da comunidade se reune todas as noites até seu ápice narrativo do terceiro ato com um grande espetáculo ao som da banda "Def Leppard" que, inexplicavelmente, multiplica toda aaquela noção de comunidade que o filme construiu nos seus primeiros atos - mas tudo bem, faz parte do estilo "Notting Hill" de mover a história que, no final das contas, se amarra de forma coerente, mesmo que sobrem passagens sem muito sentido e que só ocorrem para nos levar ao ponto que Foggin deslumbrou - e até que funciona com certa competência!

O fato é que "Bank of Dave" (no original) traz o ingênuo e o inofensivo para sua narrativa maniqueísta, buscando puramente o entretenimento e a sensação de que, com resiliência e muita vontade, tudo é possível. Mesmo sabendo que a política, em suas diversas formas e ideologias, está sempre presente nos diálogos e em vários momentos da trama, posso te garantir que a experiência está longe de ser profunda ou crítica demais, deixando apenas nas entrelinhas um material interessante para discussão que, mal colocado, poderia ter acabado com o que o filme tem de melhor: sua leveza chancelada pelo fato de ser uma história real e que merecia ser contada. 

Vale muito o seu play!

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Flora e Filho

"Flora e Filho" que no Brasil ganhou o "inspirado" subtítulo de "Música em Família" é uma graça, daqueles que assistimos com um leve sorriso no rosto e que no final deixa nosso coração quentinho, sabe? E tudo isso não é por acaso, já que o diretor John Carney é o mesmo do imperdível "Apenas Uma Vez" e do excelente "Mesmo Se Nada Der Certo", e ainda traz uma premissa narrativa bem parecida com seus filmes anteriores, ou seja, contar uma história sobre um relacionamento difícil, dessa vez entre mãe e filho, que encontra um propósito em comum por meio da música. O filme distribuído pela Apple foi exibido noFestival de Toronto 2023 e acabou recebendo muitos elogios, tanto dos críticos quanto do público.

Flora (Eve Hewson) é uma mãe solteira que simplesmente não sabe mais o que fazer para se conectar com Max (Orén Kinlan), seu filho adolescente e, claro, rebelde. Quando a polícia sugere que Flora encontre um hobby para Max, ela entrega um antigo violão reformado para ele. O que ela imaginava que transformaria a vida do seu filho, acaba transformando a dela quando ela passa a ter aulas de violão pela internet com um músico fracassado de Los Angeles, Jeff (Joseph Gordon-Levitt). A partir daí, Flora e Max descobrem o poder que a música pode ter em uma relação que parecia impossível de funcionar. Confira o trailer (em inglês):

"Flora e Filho" é um filme que, de fato, transcende as barreiras do sub-gênero musical com aquele leve toque de comédia romântica. Como já faz parte da sua identidade, a direção de John Carney, se aproveita do drama familiar, ou da desconstrução dele, para discutir o real poder da conexão humana e a importância do perdão para que as coisas possam voltar a funcionar. E aqui não estamos falando do perdão entre mãe e filho, e sim sobre o "se perdoar". Obviamente que Carney não pesa na mão em nenhum momento, ou seja, não espere nada muito profundo ou desenvolvido demais, a ideia é mesmo contar uma história que nos faça lembrar que, mesmo nos momentos mais difíceis, a música pode iluminar nosso caminho e nos unir de maneiras inesperadas. Sim, eu sei que pode parecer poético demais e até soar um pouco "auto-ajuda", mas é por aí mesmo que encontramos a beleza do filme como um entretenimento despretensioso, mas muito acolhedor. 

O roteiro do próprio Carney é bom, mas tem um certo desequilíbrio estrutural: os dois primeiros atos parecem mais cadenciados que sua conclusão, que soa apressada demais. É certo que o filme merecia pelo menos mais dez minutos de história - foi uma escolha conceitual do diretor e roteirista que funciona, mas também deixa uma sensação de que cabia mais. A fotografia cativante do experiente John Conroy (de "Westworld") ajuda a quebrar uma atmosfera de solidão com movimentos e soluções criativas que aproximam os personagens mesmo estando distantes - seja geograficamente ou emocionalmente. Reparem como de repente conexões são criadas e tudo parece fazer sentido. As poucas cenas de performances musicais funcionam como a "cereja do bolo" capturando a magia do processo criativo, proporcionando para audiência uma imersão emotiva na história. É aqui que, curiosamente, Eve Hewson mais se destaca - é impressionante como ela usa bem o seu olhar mais íntimo, criando um contra-ponto com ótimas e engraçadas passagens em que seu jeito "desbocado" de se expressar nos diverte.

Se a trilha sonora de "Flora e Filho" não tem a potência tão característica da filmografia de Carney (que já lhe rendeu dezenas de prêmios e uma indicação ao Oscar), saiba que a música original “High Life” vai sim te pegar! Agora um aviso: esteja preparado para um jornada que se recusa a romantizar a experiência da maternidade e que consegue incluir diálogos inquietantes quanto “às vezes eu gostaria que ele sumisse” sem fazer com que percamos a simpatia por uma mão que busca a todo custo se conectar com seu filho - o olhar para si, aqui, nunca é tratado como egoísmo e sim como autodescoberta; fica a reflexão!

Ps: Antes de finalizar, é impossível não citar a propaganda descarada do GarageBand. Embora o filme tenha sido adquirido pela Apple já basicamente pronto, o “papel” do software na trama não me parece apenas uma coincidência. Novos tempos, meu amigo!

Assista Agora

"Flora e Filho" que no Brasil ganhou o "inspirado" subtítulo de "Música em Família" é uma graça, daqueles que assistimos com um leve sorriso no rosto e que no final deixa nosso coração quentinho, sabe? E tudo isso não é por acaso, já que o diretor John Carney é o mesmo do imperdível "Apenas Uma Vez" e do excelente "Mesmo Se Nada Der Certo", e ainda traz uma premissa narrativa bem parecida com seus filmes anteriores, ou seja, contar uma história sobre um relacionamento difícil, dessa vez entre mãe e filho, que encontra um propósito em comum por meio da música. O filme distribuído pela Apple foi exibido noFestival de Toronto 2023 e acabou recebendo muitos elogios, tanto dos críticos quanto do público.

Flora (Eve Hewson) é uma mãe solteira que simplesmente não sabe mais o que fazer para se conectar com Max (Orén Kinlan), seu filho adolescente e, claro, rebelde. Quando a polícia sugere que Flora encontre um hobby para Max, ela entrega um antigo violão reformado para ele. O que ela imaginava que transformaria a vida do seu filho, acaba transformando a dela quando ela passa a ter aulas de violão pela internet com um músico fracassado de Los Angeles, Jeff (Joseph Gordon-Levitt). A partir daí, Flora e Max descobrem o poder que a música pode ter em uma relação que parecia impossível de funcionar. Confira o trailer (em inglês):

"Flora e Filho" é um filme que, de fato, transcende as barreiras do sub-gênero musical com aquele leve toque de comédia romântica. Como já faz parte da sua identidade, a direção de John Carney, se aproveita do drama familiar, ou da desconstrução dele, para discutir o real poder da conexão humana e a importância do perdão para que as coisas possam voltar a funcionar. E aqui não estamos falando do perdão entre mãe e filho, e sim sobre o "se perdoar". Obviamente que Carney não pesa na mão em nenhum momento, ou seja, não espere nada muito profundo ou desenvolvido demais, a ideia é mesmo contar uma história que nos faça lembrar que, mesmo nos momentos mais difíceis, a música pode iluminar nosso caminho e nos unir de maneiras inesperadas. Sim, eu sei que pode parecer poético demais e até soar um pouco "auto-ajuda", mas é por aí mesmo que encontramos a beleza do filme como um entretenimento despretensioso, mas muito acolhedor. 

O roteiro do próprio Carney é bom, mas tem um certo desequilíbrio estrutural: os dois primeiros atos parecem mais cadenciados que sua conclusão, que soa apressada demais. É certo que o filme merecia pelo menos mais dez minutos de história - foi uma escolha conceitual do diretor e roteirista que funciona, mas também deixa uma sensação de que cabia mais. A fotografia cativante do experiente John Conroy (de "Westworld") ajuda a quebrar uma atmosfera de solidão com movimentos e soluções criativas que aproximam os personagens mesmo estando distantes - seja geograficamente ou emocionalmente. Reparem como de repente conexões são criadas e tudo parece fazer sentido. As poucas cenas de performances musicais funcionam como a "cereja do bolo" capturando a magia do processo criativo, proporcionando para audiência uma imersão emotiva na história. É aqui que, curiosamente, Eve Hewson mais se destaca - é impressionante como ela usa bem o seu olhar mais íntimo, criando um contra-ponto com ótimas e engraçadas passagens em que seu jeito "desbocado" de se expressar nos diverte.

Se a trilha sonora de "Flora e Filho" não tem a potência tão característica da filmografia de Carney (que já lhe rendeu dezenas de prêmios e uma indicação ao Oscar), saiba que a música original “High Life” vai sim te pegar! Agora um aviso: esteja preparado para um jornada que se recusa a romantizar a experiência da maternidade e que consegue incluir diálogos inquietantes quanto “às vezes eu gostaria que ele sumisse” sem fazer com que percamos a simpatia por uma mão que busca a todo custo se conectar com seu filho - o olhar para si, aqui, nunca é tratado como egoísmo e sim como autodescoberta; fica a reflexão!

Ps: Antes de finalizar, é impossível não citar a propaganda descarada do GarageBand. Embora o filme tenha sido adquirido pela Apple já basicamente pronto, o “papel” do software na trama não me parece apenas uma coincidência. Novos tempos, meu amigo!

Assista Agora

Heartstopper

Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Juliet, Nua e Crua

Um filme que tem o propósito de conectar a importância da música como obra que impacta a vida das pessoas com uma narrativa cativante e uma leve pitada de comédia romântica - assim é o pouco comentado "Juliet, Nua e Crua". Dirigido pelo Jesse Peretz (o mesmo de "Alta Fidelidade" e "Orange is the New Black"), esse filme de 2018 é muito sagaz em trazer personagens recheados de problemas existenciais que impactam diretamente em seus relacionamentos, se apropriando de uma certa imaturidade para justificar a busca por uma condição de vida mais, digamos, independente. Em uma obra que mistura o drama com a comédia e o romance, eu diria que aqui nos colocamos em uma boa, mas cinzenta, posição de fãs que amaram desde "Once: Apenas Uma Vez" até "Um Lugar Chamado Notting Hill". 

"Juliet, Nua e Crua" nos apresenta Annie Platt (Rose Byrne), uma mulher que vive em uma pequena cidade da Inglaterra e que se sente presa em seu relacionamento desgastado e monótono com Duncan Thomson (Chris O'Dowd), um professor de cinema que é obcecado por Tucker Crowe (Ethan Hawke), um cantor aposentado, sucesso de "um hit só", que há muito tempo vive recluso em algum lugar dos EUA. Quando uma versão "nua e crua" do álbum de Tucker Crowe, "Juliet", é finalmente encontrada, Annie critica a obra no blog de seu marido para provocá-lo, porém é justamente esse texto que a leva para uma inesperada conexão com o próprio Crowe, desencadeando uma jornada de autodescoberta que impacta sua vida para sempre. Confira o trailer:

Reconhecida mundialmente por ser de alto teor intelectual, a comédia sobre relações britânica é realmente cativante pela maneira como explora as complexidades dos encontros e desencontros na vida de uma pessoa. Em "Juliet, Nua e Crua", mais uma história criada pelo Nick Hornby (indicado para dois Oscars por "Educação" e "Brooklyn"), o que vemos é um filme que engana pela simplicidade e traz em seu subtexto uma série de provocações sobre atitudes e suas consequências ao longo da vida. É aqui que a fotografia do também indicado ao Oscar, Remi Adefarasin (de "Elizabeth") brilha - ele habilmente captura a atmosfera melancólica de uma cidade costeira, pela perspectiva de quem sofre com aquela "mesmice".

Ao adicionarmos dois nomes talentosos nesse contexto, entendemos exatamente onde o diretor Jesse Peretz quer nos levar. São eles Rose Byrne e Ethan Hawke. Começando por Byrne, temos uma performance profunda e contida (raro para o gênero) que nos toca de verdade - as lutas e transformações de sua personagem são convincentes pela dor, pela esperança e pela disponibilidade de encontrar a felicidade depois de tanto tempo. O reencontro de Annie e Duncan já no final do terceiro ato diz muito sobre o tom dessa descoberta. Já Ethan Hawke, um homem de meia idade que tenta desesperadamente consertar seu passado e se reconectar com a vida através do amor pelo seu filho mais novo, olha, é de aplaudir de pé. Não se enganem pelas situações absurdas que Tucker se envolve, sua jornada tem muito mais camadas que os diálogos seriam capazes de entregar.  

Peretz alcança o equilíbrio inteligente entre a comédia e o drama. A trilha sonora, centrada nas músicas fictícias de Tucker Crowe, também adiciona uma dimensão única para o filme. Mas sugiro que você repare mesmo é em como as letras e melodias refletem exatamente as emoções dos personagens e evocam uma conexão genuína com quem assiste - isso é brilhante. Aliás, “Juliet Naked” (no original), mesmo sendo uma jornada emocionante, autêntica e que pode ressoar em qualquer pessoa que já tenha se sentido presa em sua própria vida, não será uma unanimidade. Digo isso, pois essa celebração da música e dos encontros inesperados que podem transformar nossas vidas, depende muito do humor como você as recebe, então saiba que mesmo parecendo um "água com açúcar", o filme pode te surpreender indo muito além no seu íntimo!

Essa é uma história para rir, se emocionar e se apaixonar pela sinceridade e charme, por isso vale seu play!

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Um filme que tem o propósito de conectar a importância da música como obra que impacta a vida das pessoas com uma narrativa cativante e uma leve pitada de comédia romântica - assim é o pouco comentado "Juliet, Nua e Crua". Dirigido pelo Jesse Peretz (o mesmo de "Alta Fidelidade" e "Orange is the New Black"), esse filme de 2018 é muito sagaz em trazer personagens recheados de problemas existenciais que impactam diretamente em seus relacionamentos, se apropriando de uma certa imaturidade para justificar a busca por uma condição de vida mais, digamos, independente. Em uma obra que mistura o drama com a comédia e o romance, eu diria que aqui nos colocamos em uma boa, mas cinzenta, posição de fãs que amaram desde "Once: Apenas Uma Vez" até "Um Lugar Chamado Notting Hill". 

"Juliet, Nua e Crua" nos apresenta Annie Platt (Rose Byrne), uma mulher que vive em uma pequena cidade da Inglaterra e que se sente presa em seu relacionamento desgastado e monótono com Duncan Thomson (Chris O'Dowd), um professor de cinema que é obcecado por Tucker Crowe (Ethan Hawke), um cantor aposentado, sucesso de "um hit só", que há muito tempo vive recluso em algum lugar dos EUA. Quando uma versão "nua e crua" do álbum de Tucker Crowe, "Juliet", é finalmente encontrada, Annie critica a obra no blog de seu marido para provocá-lo, porém é justamente esse texto que a leva para uma inesperada conexão com o próprio Crowe, desencadeando uma jornada de autodescoberta que impacta sua vida para sempre. Confira o trailer:

Reconhecida mundialmente por ser de alto teor intelectual, a comédia sobre relações britânica é realmente cativante pela maneira como explora as complexidades dos encontros e desencontros na vida de uma pessoa. Em "Juliet, Nua e Crua", mais uma história criada pelo Nick Hornby (indicado para dois Oscars por "Educação" e "Brooklyn"), o que vemos é um filme que engana pela simplicidade e traz em seu subtexto uma série de provocações sobre atitudes e suas consequências ao longo da vida. É aqui que a fotografia do também indicado ao Oscar, Remi Adefarasin (de "Elizabeth") brilha - ele habilmente captura a atmosfera melancólica de uma cidade costeira, pela perspectiva de quem sofre com aquela "mesmice".

Ao adicionarmos dois nomes talentosos nesse contexto, entendemos exatamente onde o diretor Jesse Peretz quer nos levar. São eles Rose Byrne e Ethan Hawke. Começando por Byrne, temos uma performance profunda e contida (raro para o gênero) que nos toca de verdade - as lutas e transformações de sua personagem são convincentes pela dor, pela esperança e pela disponibilidade de encontrar a felicidade depois de tanto tempo. O reencontro de Annie e Duncan já no final do terceiro ato diz muito sobre o tom dessa descoberta. Já Ethan Hawke, um homem de meia idade que tenta desesperadamente consertar seu passado e se reconectar com a vida através do amor pelo seu filho mais novo, olha, é de aplaudir de pé. Não se enganem pelas situações absurdas que Tucker se envolve, sua jornada tem muito mais camadas que os diálogos seriam capazes de entregar.  

Peretz alcança o equilíbrio inteligente entre a comédia e o drama. A trilha sonora, centrada nas músicas fictícias de Tucker Crowe, também adiciona uma dimensão única para o filme. Mas sugiro que você repare mesmo é em como as letras e melodias refletem exatamente as emoções dos personagens e evocam uma conexão genuína com quem assiste - isso é brilhante. Aliás, “Juliet Naked” (no original), mesmo sendo uma jornada emocionante, autêntica e que pode ressoar em qualquer pessoa que já tenha se sentido presa em sua própria vida, não será uma unanimidade. Digo isso, pois essa celebração da música e dos encontros inesperados que podem transformar nossas vidas, depende muito do humor como você as recebe, então saiba que mesmo parecendo um "água com açúcar", o filme pode te surpreender indo muito além no seu íntimo!

Essa é uma história para rir, se emocionar e se apaixonar pela sinceridade e charme, por isso vale seu play!

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Mesmo se nada der certo

Na linha de "Nothing Hill" com leves toques de "Nasce uma Estrela", "Mesmo se nada der certo" é daqueles filmes que assistimos com um leve sorriso no rosto mesmo quando as coisas não caminham, digamos, tão bem para os protagonistas. Sua narrativa transporta para a ficção inúmeras historias de resiliência e dedicação que cansamos de ouvir em depoimentos de famosos em premiações de destaque no cenário musical - o interessante, porém, é que a magia do cinema despretensioso do diretor irlandês John Carney (o mesmo do também incrível "Apenas Uma Vez") traz uma certa leveza, um ar quase romântico para uma jornada que vai além da musicalidade, que discute as relações humanas (sejam elas entre casais ou familiares) com muita sensibilidade e honestidade.

Em "Begin Again" (no original), uma talentosa compositora inglesa, Gretta (Keira Knightley), se muda para Nova York com seu namorado, um músico americano em ascensão. Acontece que ele decide terminar o relacionamento logo depois. Sozinha, ela é convidada por um amigo para cantar em um bar onde é descoberta por um famoso, porém decadente, produtor musical, Dan (Mark Ruffalo). A partir daí ele tenta convencê-la de que, com sua ajuda, ela pode se tornar uma grande estrela. Confira o trailer:

Ex-baixista do The Frames, um influente grupo da cena irlandesa, John Carney trocou a música pelo cinema. Porém não é necessário assistir muito tempo dos seus filmes para perceber o quanto a música ainda é importante para ele, como ela serve de fio condutor para suas histórias, e, principalmente, como, através dela, ele consegue provocar na audiências as mais diferentes emoções. Em "Mesmo se nada der certo", por exemplo, ele é capaz de mexer com nossa percepção ao contar uma mesma cena (musical) de três maneiras diferentes: a primeira vez, pelos olhos do público, ainda sem muito contexto; depois, pelo ponto de vista de Dan; e por fim, pelos olhos da própria Gretta - além de sensível, essa dinâmica narrativa diz muito sobre os personagens, suas motivações e sobre seus fantasmas!

Embora a estrutura proposta pelo roteiro nos leve a pensar que o filme se trata de uma comédia romântica bem "água com açúcar", o que encontramos é, de fato, um certo drama de relações. Existe, claro, uma marca na direção de Carney que, bem equilibrada, coloca a trama em um outro patamar - ele não dá mais valor ao pessimismo do que a história precisa, ou seja, em nenhum momento sofremos com algo que pode dar errado, mas somos "sim" surpreendidos quando vemos que nem tudo sai como estávamos, de fato, imaginando - não se surpreenda se você externar um pedido para que a protagonista aja de uma determinada maneira que, na tela, ela está prestes a fazer. Essa sensação de que com um "empurrãozinho" tudo vai se resolver, vai te acompanhar por quase duas horas.

"Mesmo se nada der certo" é um filme adorável onde as relações são tão plausíveis quanto complexas, fazendo com que até mesmo o cenário (uma linda, mas caótica Nova York) se torne elemento essencial para que os personagens possam se transformar - aliás, eu diria que o filme talvez nem seja essencialmente sobre transformação, mas sim sobre aceitação, adaptabilidade; afinal é a partir da música que eles passam a compreender a própria história. 

Vale muito a pena!

Up-date: "Mesmo se nada der certo" foi indicado ao Oscar 2015 com a canção "Lost Stars".

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Na linha de "Nothing Hill" com leves toques de "Nasce uma Estrela", "Mesmo se nada der certo" é daqueles filmes que assistimos com um leve sorriso no rosto mesmo quando as coisas não caminham, digamos, tão bem para os protagonistas. Sua narrativa transporta para a ficção inúmeras historias de resiliência e dedicação que cansamos de ouvir em depoimentos de famosos em premiações de destaque no cenário musical - o interessante, porém, é que a magia do cinema despretensioso do diretor irlandês John Carney (o mesmo do também incrível "Apenas Uma Vez") traz uma certa leveza, um ar quase romântico para uma jornada que vai além da musicalidade, que discute as relações humanas (sejam elas entre casais ou familiares) com muita sensibilidade e honestidade.

Em "Begin Again" (no original), uma talentosa compositora inglesa, Gretta (Keira Knightley), se muda para Nova York com seu namorado, um músico americano em ascensão. Acontece que ele decide terminar o relacionamento logo depois. Sozinha, ela é convidada por um amigo para cantar em um bar onde é descoberta por um famoso, porém decadente, produtor musical, Dan (Mark Ruffalo). A partir daí ele tenta convencê-la de que, com sua ajuda, ela pode se tornar uma grande estrela. Confira o trailer:

Ex-baixista do The Frames, um influente grupo da cena irlandesa, John Carney trocou a música pelo cinema. Porém não é necessário assistir muito tempo dos seus filmes para perceber o quanto a música ainda é importante para ele, como ela serve de fio condutor para suas histórias, e, principalmente, como, através dela, ele consegue provocar na audiências as mais diferentes emoções. Em "Mesmo se nada der certo", por exemplo, ele é capaz de mexer com nossa percepção ao contar uma mesma cena (musical) de três maneiras diferentes: a primeira vez, pelos olhos do público, ainda sem muito contexto; depois, pelo ponto de vista de Dan; e por fim, pelos olhos da própria Gretta - além de sensível, essa dinâmica narrativa diz muito sobre os personagens, suas motivações e sobre seus fantasmas!

Embora a estrutura proposta pelo roteiro nos leve a pensar que o filme se trata de uma comédia romântica bem "água com açúcar", o que encontramos é, de fato, um certo drama de relações. Existe, claro, uma marca na direção de Carney que, bem equilibrada, coloca a trama em um outro patamar - ele não dá mais valor ao pessimismo do que a história precisa, ou seja, em nenhum momento sofremos com algo que pode dar errado, mas somos "sim" surpreendidos quando vemos que nem tudo sai como estávamos, de fato, imaginando - não se surpreenda se você externar um pedido para que a protagonista aja de uma determinada maneira que, na tela, ela está prestes a fazer. Essa sensação de que com um "empurrãozinho" tudo vai se resolver, vai te acompanhar por quase duas horas.

"Mesmo se nada der certo" é um filme adorável onde as relações são tão plausíveis quanto complexas, fazendo com que até mesmo o cenário (uma linda, mas caótica Nova York) se torne elemento essencial para que os personagens possam se transformar - aliás, eu diria que o filme talvez nem seja essencialmente sobre transformação, mas sim sobre aceitação, adaptabilidade; afinal é a partir da música que eles passam a compreender a própria história. 

Vale muito a pena!

Up-date: "Mesmo se nada der certo" foi indicado ao Oscar 2015 com a canção "Lost Stars".

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O céu está em todo lugar

"O céu está em todo lugar" é um graça, embora discuta um tema extremamente delicado e que vai exigir certa sensibilidade para entender o conceito por trás da narrativa lúdica que simboliza o "luto na adolescência". Veja, o que você vai encontrar nesse filme dirigido pela Josephine Decker (de "Shirley") é um drama jovem, com toque de comédia romântica, alguns clichês, mas muita honestidade - é como se assistíssemos um mix de "No Ritmo do Coração" com o "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".

"O céu está em todo lugar" segue Lennie (Grace Kaufman), uma jovem de 17 anos, após a morte da irmã mais velha e melhor amiga, Bailey (Havana Rose Liu). Ela se vê dividida entre Toby (Pico Alexander), o namorado de Bailey que na visão dela é o único que compartilha sua dor, e Joe (Jacques Colimon), o novo garoto da cidade que explode de vida. Cada um oferece a Lennie algo que ela precisa desesperadamente para superar seu luto. Através das experiências do primeiro relacionamento e da reflexão sobre as escolhas para o seu futuro, Lennie precisa encarar a vida real, mesmo que essa fique entre a linha tênue do sonho de um amor verdadeiro e o pesadelo da perda de alguém tão especial. Confira o trailer (em inglês):

Baseado no best-seller de Jandy Nelson, "O céu está em todo lugar" se beneficia da inteligência e criatividade de Josephine Decker que respeitou o "espirito" da história contada no livro, ao criar uma narrativa completamente lúdica que transformou uma premissa densa, onde uma família que não sabe lidar com a dor da perda e uma adolescente que tinha todos os motivos para viver em um mundo de lamentações, em uma jornada de aceitação e auto-descoberta através da arte - e aqui não falo apenas do amor de Lennie e Joe pela música, mas sim pelas representações cênicas que Decker utilizou para expressar alguns dos sentimentos e sensações dos personagens.

Obviamente que ter Jandy Nelson como roteirista ajudou nesse processo, mas de fato o filme transita muito bem entre a dura realidade do luto e a fantasia do recomeço, sem deixar de tocar nas feridas de uma forma muito dura até: quando Lennie pergunta para sua vó, Fiona, a incrível Cherry Jones, se o luto vai durar para sempre, a resposta é de cortar o coração, pela sinceridade e delicadeza da conversa. Aliás essa não é a única cena em que as duas juntas brilham: reparem na cena em que Fiona confronta Lennie sobre o egoísmo dela e expõe pela primeira vez seus sentimentos em relação a morte da neta - é lindo, mas toca fundo!

"The Sky is Everywherer" (no original) vai se conectar com os mais jovens pelas indagações e pela beleza da descoberta do amor; e com os mais velhos (como esse que vos escreve) pela capacidade que o roteiro tem de criar inúmeras camadas, em vários personagens, saindo completamente da superfície para discutir o luto como um sentimento muito particular, com visões, percepções e atitudes diferentes, mas não menos importante ou difícil de lidar, não importa para quem seja.

Vale seu play.

Assista Agora

"O céu está em todo lugar" é um graça, embora discuta um tema extremamente delicado e que vai exigir certa sensibilidade para entender o conceito por trás da narrativa lúdica que simboliza o "luto na adolescência". Veja, o que você vai encontrar nesse filme dirigido pela Josephine Decker (de "Shirley") é um drama jovem, com toque de comédia romântica, alguns clichês, mas muita honestidade - é como se assistíssemos um mix de "No Ritmo do Coração" com o "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".

"O céu está em todo lugar" segue Lennie (Grace Kaufman), uma jovem de 17 anos, após a morte da irmã mais velha e melhor amiga, Bailey (Havana Rose Liu). Ela se vê dividida entre Toby (Pico Alexander), o namorado de Bailey que na visão dela é o único que compartilha sua dor, e Joe (Jacques Colimon), o novo garoto da cidade que explode de vida. Cada um oferece a Lennie algo que ela precisa desesperadamente para superar seu luto. Através das experiências do primeiro relacionamento e da reflexão sobre as escolhas para o seu futuro, Lennie precisa encarar a vida real, mesmo que essa fique entre a linha tênue do sonho de um amor verdadeiro e o pesadelo da perda de alguém tão especial. Confira o trailer (em inglês):

Baseado no best-seller de Jandy Nelson, "O céu está em todo lugar" se beneficia da inteligência e criatividade de Josephine Decker que respeitou o "espirito" da história contada no livro, ao criar uma narrativa completamente lúdica que transformou uma premissa densa, onde uma família que não sabe lidar com a dor da perda e uma adolescente que tinha todos os motivos para viver em um mundo de lamentações, em uma jornada de aceitação e auto-descoberta através da arte - e aqui não falo apenas do amor de Lennie e Joe pela música, mas sim pelas representações cênicas que Decker utilizou para expressar alguns dos sentimentos e sensações dos personagens.

Obviamente que ter Jandy Nelson como roteirista ajudou nesse processo, mas de fato o filme transita muito bem entre a dura realidade do luto e a fantasia do recomeço, sem deixar de tocar nas feridas de uma forma muito dura até: quando Lennie pergunta para sua vó, Fiona, a incrível Cherry Jones, se o luto vai durar para sempre, a resposta é de cortar o coração, pela sinceridade e delicadeza da conversa. Aliás essa não é a única cena em que as duas juntas brilham: reparem na cena em que Fiona confronta Lennie sobre o egoísmo dela e expõe pela primeira vez seus sentimentos em relação a morte da neta - é lindo, mas toca fundo!

"The Sky is Everywherer" (no original) vai se conectar com os mais jovens pelas indagações e pela beleza da descoberta do amor; e com os mais velhos (como esse que vos escreve) pela capacidade que o roteiro tem de criar inúmeras camadas, em vários personagens, saindo completamente da superfície para discutir o luto como um sentimento muito particular, com visões, percepções e atitudes diferentes, mas não menos importante ou difícil de lidar, não importa para quem seja.

Vale seu play.

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Questão de Tempo

"Questão de Tempo" é delicioso de assistir, daqueles filmes que você não tira o sorriso no rosto - leve, engraçado, emocionante e muito bacana! Mas te adianto: essa paixão toda não é imediata. O prólogo apresenta uma premissa quase infantil e sua aplicação na narrativa pode soar adolescente demais, mas eu te garanto: dê uma chance que você não vai se arrepender. Pode me cobrar depois.

Veja, o filme conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem inglês que, depois de uma conversa com o pai (Bill Nighy), descobre que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo, porém apenas para o passado. Com esse conhecimento, ele começa a resolver todas as suas inseguranças e fragilidades de uma forma muito natural. Quando Tim vai morar em Londres com Harry (Tom Hollander), um mal humorado produtor de teatro e amigo de seu pai, para cursar a faculdade de Direito, ele conhece Mary (Rachel McAdams), por quem se apaixona à primeira vista. A partir daí ele passa a criar (e a reviver quando necessário) as melhores experiências para que os dois fiquem juntos para sempre. Confira o trailer:

Richard Curtis que tem no seu currículo de diretor poucos e competentes trabalhos como "Simplesmente Amor", carrega a experiência de dominar um tipo de narrativa que está no seu DNA de roteirista - já é seu estilo, inclusive. É dele os roteiros de "O Diário de Bridget Jones", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Um Lugar Chamado Notting Hill" e "Yesterday"- apenas para citar alguns dos seus sucessos. Em "Questão de Tempo", Curtis é muito inteligente ao usar o conceito da viagem no tempo apenas para estabelecer a possibilidade de uma segunda chance, mesmo que algumas vezes essa chance não mude em nada o destino do protagonista. O bacana é que roteiro aproveita dessa ferramenta dramática para traduzir de forma leve e inteligente as aflições que todos nós vivemos em algum momento. Ao estabelecer as “regras” para essas viagens, entendemos pelos olhos de Tim que tudo tem um limite e a cada escolha do personagem, te garanto, nosso coração se enche de coisa boa - mesmo nos momentos mais sensíveis!

A música, como em todo trabalho de Curtis, é um espetáculo a parte. A trilha sonora funcionam praticamente como um personagem, ou pelo como parte deles. Temos algumas pérolas como “How Long Will I Love You” e “Mid Air” - tudo se encaixa tão bem que curtimos cada cena de uma forma bem particular. No elenco temos um Domhnall Gleeson excelente e Rachel McAdams que é, definitivamente, uma graça - do mesmo nível de Ellen Page em "Juno". Agora, quem rouba a cena é o pai de Tim, Bill Nighy - ele tem a delicadeza do texto e a sensibilidade do olhar mais fraternal que um filho pode receber. Emocionante!

"Questão de Tempo" (ou "About Time" no original) é o melhor que podemos assistir para aquecer nosso coração e a nossa alma se esse for o clima para um excelente momento de entretenimento. O filme é capaz de emocionar e divertir na mesma medida, com personagens extremamente cativantes e um roteiro que mesmo apoiado em idéias pouco originais, vai nos passar ótimas lições de vida através do seu simbolismo e inteligência.

Vale muito o seu play!

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"Questão de Tempo" é delicioso de assistir, daqueles filmes que você não tira o sorriso no rosto - leve, engraçado, emocionante e muito bacana! Mas te adianto: essa paixão toda não é imediata. O prólogo apresenta uma premissa quase infantil e sua aplicação na narrativa pode soar adolescente demais, mas eu te garanto: dê uma chance que você não vai se arrepender. Pode me cobrar depois.

Veja, o filme conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem inglês que, depois de uma conversa com o pai (Bill Nighy), descobre que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo, porém apenas para o passado. Com esse conhecimento, ele começa a resolver todas as suas inseguranças e fragilidades de uma forma muito natural. Quando Tim vai morar em Londres com Harry (Tom Hollander), um mal humorado produtor de teatro e amigo de seu pai, para cursar a faculdade de Direito, ele conhece Mary (Rachel McAdams), por quem se apaixona à primeira vista. A partir daí ele passa a criar (e a reviver quando necessário) as melhores experiências para que os dois fiquem juntos para sempre. Confira o trailer:

Richard Curtis que tem no seu currículo de diretor poucos e competentes trabalhos como "Simplesmente Amor", carrega a experiência de dominar um tipo de narrativa que está no seu DNA de roteirista - já é seu estilo, inclusive. É dele os roteiros de "O Diário de Bridget Jones", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Um Lugar Chamado Notting Hill" e "Yesterday"- apenas para citar alguns dos seus sucessos. Em "Questão de Tempo", Curtis é muito inteligente ao usar o conceito da viagem no tempo apenas para estabelecer a possibilidade de uma segunda chance, mesmo que algumas vezes essa chance não mude em nada o destino do protagonista. O bacana é que roteiro aproveita dessa ferramenta dramática para traduzir de forma leve e inteligente as aflições que todos nós vivemos em algum momento. Ao estabelecer as “regras” para essas viagens, entendemos pelos olhos de Tim que tudo tem um limite e a cada escolha do personagem, te garanto, nosso coração se enche de coisa boa - mesmo nos momentos mais sensíveis!

A música, como em todo trabalho de Curtis, é um espetáculo a parte. A trilha sonora funcionam praticamente como um personagem, ou pelo como parte deles. Temos algumas pérolas como “How Long Will I Love You” e “Mid Air” - tudo se encaixa tão bem que curtimos cada cena de uma forma bem particular. No elenco temos um Domhnall Gleeson excelente e Rachel McAdams que é, definitivamente, uma graça - do mesmo nível de Ellen Page em "Juno". Agora, quem rouba a cena é o pai de Tim, Bill Nighy - ele tem a delicadeza do texto e a sensibilidade do olhar mais fraternal que um filho pode receber. Emocionante!

"Questão de Tempo" (ou "About Time" no original) é o melhor que podemos assistir para aquecer nosso coração e a nossa alma se esse for o clima para um excelente momento de entretenimento. O filme é capaz de emocionar e divertir na mesma medida, com personagens extremamente cativantes e um roteiro que mesmo apoiado em idéias pouco originais, vai nos passar ótimas lições de vida através do seu simbolismo e inteligência.

Vale muito o seu play!

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Talk-Show

"Talk-Show", que no Brasil recebeu o inspirado subtítulo de "Reinventando a Comédia", é uma graça! Embora possa ser definida como uma comédia, eu diria que o filme tem muitos elementos do drama, porém discutidos no roteiro de uma forma muito leve, divertida e até despretensiosa - e muito desse equilíbrio perfeito, sempre no tom certo e com muita inteligência, é mérito do talento da roteirista (e protagonista), Mindy Kaling. 

Em "Late Night" (no original), uma lendária apresentadora de um famoso talk-show noturno, Katherine Newbury (Emma Thompson), vive a tensão de ter seu emprego ameaçado graças aos baixos índices de audiência e um natural desgaste do formato, no ar há tantos anos. É justamente nesse momento, que Newbury contrata Molly Patel (Mindy Kaling) uma mulher, de descendência indiana e sem experiência alguma na TV, para sua equipe de roteiristas, formada essencialmente por homens, brancos e heterossexuais, e assim tentar mudar o destino de sua atração. Confira o trailer (em inglês):

Se inicialmente "Talk-Show - Reinventando a Comédia" soa como uma versão menos glamourosa (se é que se pode definir assim) de o "O diabo veste Prada", rapidamente o filme pende para a série da AppleTV+, "Morning Show" - o fato é que a produção da Amazon transita muito bem entre as duas referências citadas respeitando suas diferenças, mas aproveitando muitos elementos narrativos de ambas. Katherine Newbury é a perfeita união de Miranda Priestly de Meryl Streep com Alex Levy de Jennifer Aniston - se a personalidade forte da primeira se sobressai perante a insegurança da segunda, isso é interpretativo, porém fica claro que Emma Thompson foi capaz de definir perfeitamente todas as camadas da personagem de uma forma brilhante. É de se perguntar, inclusive, por que "raios" ela não foi indicada ao Oscar de 2020, mesmo depois de uma forte indicação para o Globo de Ouro - talvez pelo filme ser uma comédia pautada em esteriótipos da indústria? Mas Meryl Streep foi indicada 2007 com sua Miranda - enfim, coisas da Academia!

A diretora Nisha Ganatra que tem séries como "Transparent" no currículo, entrega um filme tecnicamente irretocável, com um excelente trabalho na direção de atores. Se Mindy Kaling ainda não tem o reconhecimento como atriz que tem como roteirista e produtora executiva (são 6 indicações ao Emmy), em "Talk-Show" ela entrega uma personagem perfeita para nos apaixonarmos. Agora, quando nos aprofundamos na história que Kaling criou, aí o nível vai lá em cima: ela pontua tão bem a comédia com o drama sem perder o tom e a delicadeza, mesmo nos assuntos mais, digamos, espinhosos - e aqui estamos falando de discussões sobre  "política de cotas" até chegar nas dificuldades das mulheres encontrarem espaço na indústria do entretenimento à medida que envelhecem e também na forma como elas são tratadas em meio a um escândalo, pela mídia e pela opinião pública.

Obviamente que a "forma" de "Talk-Show", suaviza o seu "conteúdo" - propositalmente. Embora irônico e sagaz, nenhum comentário serve de gatilho para discussões mais profundas, mas é impressionante como cada uma das "cutucadas" vem com time ideal para que a história evolua. Saiba que o filme é divertido e muito bem realizado, um entretenimento de excelente qualidade para quem gosta do gênero.

Vale o play!

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"Talk-Show", que no Brasil recebeu o inspirado subtítulo de "Reinventando a Comédia", é uma graça! Embora possa ser definida como uma comédia, eu diria que o filme tem muitos elementos do drama, porém discutidos no roteiro de uma forma muito leve, divertida e até despretensiosa - e muito desse equilíbrio perfeito, sempre no tom certo e com muita inteligência, é mérito do talento da roteirista (e protagonista), Mindy Kaling. 

Em "Late Night" (no original), uma lendária apresentadora de um famoso talk-show noturno, Katherine Newbury (Emma Thompson), vive a tensão de ter seu emprego ameaçado graças aos baixos índices de audiência e um natural desgaste do formato, no ar há tantos anos. É justamente nesse momento, que Newbury contrata Molly Patel (Mindy Kaling) uma mulher, de descendência indiana e sem experiência alguma na TV, para sua equipe de roteiristas, formada essencialmente por homens, brancos e heterossexuais, e assim tentar mudar o destino de sua atração. Confira o trailer (em inglês):

Se inicialmente "Talk-Show - Reinventando a Comédia" soa como uma versão menos glamourosa (se é que se pode definir assim) de o "O diabo veste Prada", rapidamente o filme pende para a série da AppleTV+, "Morning Show" - o fato é que a produção da Amazon transita muito bem entre as duas referências citadas respeitando suas diferenças, mas aproveitando muitos elementos narrativos de ambas. Katherine Newbury é a perfeita união de Miranda Priestly de Meryl Streep com Alex Levy de Jennifer Aniston - se a personalidade forte da primeira se sobressai perante a insegurança da segunda, isso é interpretativo, porém fica claro que Emma Thompson foi capaz de definir perfeitamente todas as camadas da personagem de uma forma brilhante. É de se perguntar, inclusive, por que "raios" ela não foi indicada ao Oscar de 2020, mesmo depois de uma forte indicação para o Globo de Ouro - talvez pelo filme ser uma comédia pautada em esteriótipos da indústria? Mas Meryl Streep foi indicada 2007 com sua Miranda - enfim, coisas da Academia!

A diretora Nisha Ganatra que tem séries como "Transparent" no currículo, entrega um filme tecnicamente irretocável, com um excelente trabalho na direção de atores. Se Mindy Kaling ainda não tem o reconhecimento como atriz que tem como roteirista e produtora executiva (são 6 indicações ao Emmy), em "Talk-Show" ela entrega uma personagem perfeita para nos apaixonarmos. Agora, quando nos aprofundamos na história que Kaling criou, aí o nível vai lá em cima: ela pontua tão bem a comédia com o drama sem perder o tom e a delicadeza, mesmo nos assuntos mais, digamos, espinhosos - e aqui estamos falando de discussões sobre  "política de cotas" até chegar nas dificuldades das mulheres encontrarem espaço na indústria do entretenimento à medida que envelhecem e também na forma como elas são tratadas em meio a um escândalo, pela mídia e pela opinião pública.

Obviamente que a "forma" de "Talk-Show", suaviza o seu "conteúdo" - propositalmente. Embora irônico e sagaz, nenhum comentário serve de gatilho para discussões mais profundas, mas é impressionante como cada uma das "cutucadas" vem com time ideal para que a história evolua. Saiba que o filme é divertido e muito bem realizado, um entretenimento de excelente qualidade para quem gosta do gênero.

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Um lugar bem longe daqui

Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas para que você possa se conectar com a história de "Um lugar bem longe daqui" sem se decepcionar com sua trama - embora o trailer (e toda campanha de marketing) tenha sugerido, o filme não é um suspense policial, muito menos um drama de tribunal! "Um lugar bem longe daqui" é muito mais um drama de relação, quase adolescente, que se apoia nas descobertas do amadurecimento, nos fantasmas do passado e no pré-conceito social para construir uma narrativa muito interessante com a única intenção de te tocar a alma! E cá entre nós, funciona!

Abandonada quando menina, Kya (Daisy Edgar-Jones) cresceu isolada em uma pequena propriedade nos perigosos pântanos da Carolina do Norte. Quando Chase Andrews (Harris Dickinson), um rico garoto da cidade é encontrado morto, Kya imediatamente se torna a principal suspeita. À medida que o caso se desenrola, o veredicto torna-se cada vez mais obscuro, já que muitos elementos do passado podem mostrar o que de fato aconteceu com Andrews. Confira o trailer:

Baseado no fenômeno mundial que é o livro homônimo de Delia Owens, "Um lugar bem longe daqui"sofre por não encontrar sua identidade logo de cara, já que o prólogo escrito pela Lucy Alibar (indicada ao Oscar por "Indomável Sonhadora" em 2012) sugere um caminho que na realidade está bem distante do que realmente a história vai contar. Se inicialmente temos a sensação de estar assistindo um filme sobre um misterioso assassinato em uma pequena cidade dos EUA ao melhor estilo HBO, basta alguns minutos para entendermos que esse é apenas o pano de fundo distante para uma história bem mais água com açúcar. Isso é ruim? Não, mas é inegável que os dois gêneros não se conversam e com isso muitas pessoas tendem a se decepcionar.

Entendido o gênero de "Um lugar bem longe daqui", tudo muda! Embora a narrativa soe cadenciada demais, é de elogiar a forma como a diretora Olivia Newman (de "Minha primeira luta") vai conduzindo a história de Kya sem parecer apressada demais - é como se tudo tivesse seu tempo de acontecer e quando nos damos conta, não conseguimos mais tirar os olhos da tela. A história vai te envolvendo com delicadeza e potência ato a ato e mesmo com alguns clichês (muitos deles mais literários do que cinematográficos), nos conquista. Muito desse mérito tem nome e sobrenome: Daisy Edgar-Jones - essa menina é um verdadeiro talento e vem trilhando uma carreira que muito em breve vai fazer ela ser reconhecida como uma das melhores atrizes de sua geração!

 "Um lugar bem longe daqui" é um ótimo e fácil entretenimento, com uma história honesta e dinâmica na sua construção, que parece sair do contexto cinematográfico para homenagear o leitor do best-seller. Competente tecnicamente, bem realizado artisticamente, o filme de Newman vai transitar perfeitamente entre o suspiro de "Uma Garota Exemplar" e o peso de "O Castelo de Vidro", mas que na verdade é muito mais um "O céu está em todo lugar" sem a pirotecnia gráfica ou a fantasia do amor perfeito - ops, o amor perfeito está lá sim!

Vale seu play!

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Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas para que você possa se conectar com a história de "Um lugar bem longe daqui" sem se decepcionar com sua trama - embora o trailer (e toda campanha de marketing) tenha sugerido, o filme não é um suspense policial, muito menos um drama de tribunal! "Um lugar bem longe daqui" é muito mais um drama de relação, quase adolescente, que se apoia nas descobertas do amadurecimento, nos fantasmas do passado e no pré-conceito social para construir uma narrativa muito interessante com a única intenção de te tocar a alma! E cá entre nós, funciona!

Abandonada quando menina, Kya (Daisy Edgar-Jones) cresceu isolada em uma pequena propriedade nos perigosos pântanos da Carolina do Norte. Quando Chase Andrews (Harris Dickinson), um rico garoto da cidade é encontrado morto, Kya imediatamente se torna a principal suspeita. À medida que o caso se desenrola, o veredicto torna-se cada vez mais obscuro, já que muitos elementos do passado podem mostrar o que de fato aconteceu com Andrews. Confira o trailer:

Baseado no fenômeno mundial que é o livro homônimo de Delia Owens, "Um lugar bem longe daqui"sofre por não encontrar sua identidade logo de cara, já que o prólogo escrito pela Lucy Alibar (indicada ao Oscar por "Indomável Sonhadora" em 2012) sugere um caminho que na realidade está bem distante do que realmente a história vai contar. Se inicialmente temos a sensação de estar assistindo um filme sobre um misterioso assassinato em uma pequena cidade dos EUA ao melhor estilo HBO, basta alguns minutos para entendermos que esse é apenas o pano de fundo distante para uma história bem mais água com açúcar. Isso é ruim? Não, mas é inegável que os dois gêneros não se conversam e com isso muitas pessoas tendem a se decepcionar.

Entendido o gênero de "Um lugar bem longe daqui", tudo muda! Embora a narrativa soe cadenciada demais, é de elogiar a forma como a diretora Olivia Newman (de "Minha primeira luta") vai conduzindo a história de Kya sem parecer apressada demais - é como se tudo tivesse seu tempo de acontecer e quando nos damos conta, não conseguimos mais tirar os olhos da tela. A história vai te envolvendo com delicadeza e potência ato a ato e mesmo com alguns clichês (muitos deles mais literários do que cinematográficos), nos conquista. Muito desse mérito tem nome e sobrenome: Daisy Edgar-Jones - essa menina é um verdadeiro talento e vem trilhando uma carreira que muito em breve vai fazer ela ser reconhecida como uma das melhores atrizes de sua geração!

 "Um lugar bem longe daqui" é um ótimo e fácil entretenimento, com uma história honesta e dinâmica na sua construção, que parece sair do contexto cinematográfico para homenagear o leitor do best-seller. Competente tecnicamente, bem realizado artisticamente, o filme de Newman vai transitar perfeitamente entre o suspiro de "Uma Garota Exemplar" e o peso de "O Castelo de Vidro", mas que na verdade é muito mais um "O céu está em todo lugar" sem a pirotecnia gráfica ou a fantasia do amor perfeito - ops, o amor perfeito está lá sim!

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Um Reencontro

"Um Reencontro" é um típico romance francês - daqueles que assistimos sorrindo. Se você busca um filme sobre relações, leve, bem escrito, bem dirigido e bastante despretensioso, pode dar o play sem receio que sua diversão está garantida e também pode ter certeza: ele vai te provocar deliciosas memórias!

Pierre (François Cluzet) é um advogado criminalista reconhecido, casado há mais de 15 anos e que sempre coloca a família em primeiro lugar. Elsa (Sophie Marceau) é uma escritora recém-saída de um divórcio com dois filhos adolescentes e que vive um bom momento profissional. Um relacionamento amoroso entre os dois, portanto, seria proibido, mas desde a primeira troca de olhares, algo mudou na vida dos dois. Agora, eles terão que decidir se seguem esse desejo e essa paixão ou se param enquanto conseguem resistir um ao outro. Confira o trailer: 

Essa história escrita e dirigida pela francesa Lisa Azuelos (que também faz uma interessante participação como Anne, a mulher de Pierre) tem um elemento, que por sinal é explicado rapidamente durante o filme e que não tem a menor intenção de fazer dessa premissa uma verdade absoluta como em "As Leis da Termodinâmica", que remete à física quântica. Veja, se um átomo pode estar em diferentes lugares ao mesmo tempo, consequentemente, é possível que existam trajetórias diferentes ao mesmo tempo. Transportando para um relacionamento, diferentes possibilidades a partir de uma única ação não é algo tão absurdo - tanto que o livro que a personagem Elsa está lançando na ficção é intitulado “Homem Quântico”.

Feito esse disclaimer, "Um Reencontro" constrói sua narrativa em cima de algumas possibilidades a cada reencontro de Pierre e Elsa, respeitando uma ideia clara de "e se?" e assim se divertindo com todas as suspensões de realidade que um romance permitiria ter. Visualmente, Azuelos se alinha com o mesmo conceito: sua câmera passeia pelas reações dos protagonistas com uma delicadeza e sensibilidade impressionantes. Se os planos são fechamos, entendemos seus desejos mais íntimos; se plano está mais aberto, o que vemos é a confusão entre "razão" e "coração" que ambos precisam lidar a cada encontro. As transições entre essas duas situações, inclusive, são, além de criativas, tecnicamente muito bem executadas, criando um dinâmica muito bacana de assistir.

Tanto Marceau quanto François estão perfeitos - existe uma química entre os dois de dar inveja! A trilha sonora ajuda, e muito, na construção dessa relação e é um espetáculo a parte. Reparem como a montagem, responsabilidade de Stan Collet e Karine Prido, encaixa ótimos diálogos com essa trilha empolgante a partir de cortes precisos, dando um ar de modernidade diferenciado ao filme - além de reforçar a ideia sobre as diferentes possibilidades de uma relação entre dois personagens apaixonados que não podem se envolver - nesse sentido, as referência da literatura também estão no roteiro.  Eu diria que é o clássico do conteúdo com a modernidade da forma! Funciona!

"Um Reencontro" vale muito a pena mesmo! 

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"Um Reencontro" é um típico romance francês - daqueles que assistimos sorrindo. Se você busca um filme sobre relações, leve, bem escrito, bem dirigido e bastante despretensioso, pode dar o play sem receio que sua diversão está garantida e também pode ter certeza: ele vai te provocar deliciosas memórias!

Pierre (François Cluzet) é um advogado criminalista reconhecido, casado há mais de 15 anos e que sempre coloca a família em primeiro lugar. Elsa (Sophie Marceau) é uma escritora recém-saída de um divórcio com dois filhos adolescentes e que vive um bom momento profissional. Um relacionamento amoroso entre os dois, portanto, seria proibido, mas desde a primeira troca de olhares, algo mudou na vida dos dois. Agora, eles terão que decidir se seguem esse desejo e essa paixão ou se param enquanto conseguem resistir um ao outro. Confira o trailer: 

Essa história escrita e dirigida pela francesa Lisa Azuelos (que também faz uma interessante participação como Anne, a mulher de Pierre) tem um elemento, que por sinal é explicado rapidamente durante o filme e que não tem a menor intenção de fazer dessa premissa uma verdade absoluta como em "As Leis da Termodinâmica", que remete à física quântica. Veja, se um átomo pode estar em diferentes lugares ao mesmo tempo, consequentemente, é possível que existam trajetórias diferentes ao mesmo tempo. Transportando para um relacionamento, diferentes possibilidades a partir de uma única ação não é algo tão absurdo - tanto que o livro que a personagem Elsa está lançando na ficção é intitulado “Homem Quântico”.

Feito esse disclaimer, "Um Reencontro" constrói sua narrativa em cima de algumas possibilidades a cada reencontro de Pierre e Elsa, respeitando uma ideia clara de "e se?" e assim se divertindo com todas as suspensões de realidade que um romance permitiria ter. Visualmente, Azuelos se alinha com o mesmo conceito: sua câmera passeia pelas reações dos protagonistas com uma delicadeza e sensibilidade impressionantes. Se os planos são fechamos, entendemos seus desejos mais íntimos; se plano está mais aberto, o que vemos é a confusão entre "razão" e "coração" que ambos precisam lidar a cada encontro. As transições entre essas duas situações, inclusive, são, além de criativas, tecnicamente muito bem executadas, criando um dinâmica muito bacana de assistir.

Tanto Marceau quanto François estão perfeitos - existe uma química entre os dois de dar inveja! A trilha sonora ajuda, e muito, na construção dessa relação e é um espetáculo a parte. Reparem como a montagem, responsabilidade de Stan Collet e Karine Prido, encaixa ótimos diálogos com essa trilha empolgante a partir de cortes precisos, dando um ar de modernidade diferenciado ao filme - além de reforçar a ideia sobre as diferentes possibilidades de uma relação entre dois personagens apaixonados que não podem se envolver - nesse sentido, as referência da literatura também estão no roteiro.  Eu diria que é o clássico do conteúdo com a modernidade da forma! Funciona!

"Um Reencontro" vale muito a pena mesmo! 

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