Só assista "Victoria" se conseguir lidar com a angustiante sensação do "vai dar m..." a todo momento - e se você for pai e de uma menina, tenho certeza que a experiência será ainda mais visceral!
Se em 2018 o diretor Erik Poppe nos colocou dentro da ilha de Utoya na Noruega e sofremos por 71 minutos o desespero daqueles jovens, tentando sobreviver a um ataque terrorista, com um plano sequência de tirar o fôlego e que um ano depois foi brilhantemente apropriado (mesmo que aqui com dois ou três cortes) pelo diretor Sam Mendes em 1917, agora é a vez de aplaudir de pé o resultado que o alemão Sebastian Schipper conseguiu com "Victoria" - foram 134 minutos sem cortes e melhor, trazendo um aspecto documental para o filme que vai nos consumindo de uma forma impressionante.
Victoria (Laia Costa) é uma jovem espanhola que está morando em Berlin há apenas 3 meses. Certa noite ela vai para um clube sozinha e acaba conhecendo Sonne (Frederick Lau) e seus três amigos (Boxer, Blinker e Fuss). Lentamente, Sonne vai se aproximando da garota e ganhando sua confiança até que ela resolve curtir o restinho da noite com o grupo. Acontece que a noite vai se mostrando mais perigosa do que Victoria poderia imaginar. Confira o trailer:
Inegavelmente que a gramática cinematográfica imposta por Schipper e pela talentosa diretora de fotografia norueguesa Sturla Brandth Grøvlen (que na época estava apenas em seu segundo longa-metragem, muito antes de explodir com "Druk - Mais Uma Rodada") é o que mais chama atenção logo de cara. Organicamente, a câmera segue os cinco personagens como se fossemos parte da cena. Com imagens que passeiam por uma Berlin prestes a amanhecer (emprestando um aspecto “Dogma 95” à obra) temos a exata impressão de viver aquela experiência sem ter que lidar com uma possível superficialidade de movimentos exagerados e tampouco com a instabilidade ou a perda de foco - de fato o aspecto técnico do filme impressiona.
É raro encontrarmos um filme que realmente nos coloca no meio da ação, criando uma experiência imersiva única e "Victoria" é muito bem sucedida nisso, porém a história também vai envolvendo e se aproveita muito bem de todas as escolhas conceituais que o diretor fez. Com um roteiro de certa forma enxuto e aproveitando a naturalidade (e o improviso) dos atores, em nenhum minuto sabemos o que vai acontecer com a protagonista, mas temos certeza que algo vai acontecer, pois a construção das relações e a concepção daquela dinâmica entre os personagens deixa claro que Victoria está em um barril de pólvora prestes a explodir - só não sabemos quando e como.
Não vai ser uma vez que você vai pensar: "Filha, vai para casa. Larga esses caras. Isso vai dar confusão". Obviamente que ela não vai te escutar e é essa expectativa não atendida que acaba sendo cruel para quem assiste. Não existe um aprofundamento relevante nas motivações ou personalidades dos personagens propositalmente - como tudo acontece em pouco mais de duas horas, em uma única noite, a proposta se encaixa e traz uma realidade brutal ao filme. Alemães (orientais) falando em um inglês quase monossilábico com uma jovem espanhola sozinha na madrugada em Berlin - tem como o clima se mostrar mais tenso?
"Victoria" é uma experiência imersiva imperdível! Vale muito o seu play!
Só assista "Victoria" se conseguir lidar com a angustiante sensação do "vai dar m..." a todo momento - e se você for pai e de uma menina, tenho certeza que a experiência será ainda mais visceral!
Se em 2018 o diretor Erik Poppe nos colocou dentro da ilha de Utoya na Noruega e sofremos por 71 minutos o desespero daqueles jovens, tentando sobreviver a um ataque terrorista, com um plano sequência de tirar o fôlego e que um ano depois foi brilhantemente apropriado (mesmo que aqui com dois ou três cortes) pelo diretor Sam Mendes em 1917, agora é a vez de aplaudir de pé o resultado que o alemão Sebastian Schipper conseguiu com "Victoria" - foram 134 minutos sem cortes e melhor, trazendo um aspecto documental para o filme que vai nos consumindo de uma forma impressionante.
Victoria (Laia Costa) é uma jovem espanhola que está morando em Berlin há apenas 3 meses. Certa noite ela vai para um clube sozinha e acaba conhecendo Sonne (Frederick Lau) e seus três amigos (Boxer, Blinker e Fuss). Lentamente, Sonne vai se aproximando da garota e ganhando sua confiança até que ela resolve curtir o restinho da noite com o grupo. Acontece que a noite vai se mostrando mais perigosa do que Victoria poderia imaginar. Confira o trailer:
Inegavelmente que a gramática cinematográfica imposta por Schipper e pela talentosa diretora de fotografia norueguesa Sturla Brandth Grøvlen (que na época estava apenas em seu segundo longa-metragem, muito antes de explodir com "Druk - Mais Uma Rodada") é o que mais chama atenção logo de cara. Organicamente, a câmera segue os cinco personagens como se fossemos parte da cena. Com imagens que passeiam por uma Berlin prestes a amanhecer (emprestando um aspecto “Dogma 95” à obra) temos a exata impressão de viver aquela experiência sem ter que lidar com uma possível superficialidade de movimentos exagerados e tampouco com a instabilidade ou a perda de foco - de fato o aspecto técnico do filme impressiona.
É raro encontrarmos um filme que realmente nos coloca no meio da ação, criando uma experiência imersiva única e "Victoria" é muito bem sucedida nisso, porém a história também vai envolvendo e se aproveita muito bem de todas as escolhas conceituais que o diretor fez. Com um roteiro de certa forma enxuto e aproveitando a naturalidade (e o improviso) dos atores, em nenhum minuto sabemos o que vai acontecer com a protagonista, mas temos certeza que algo vai acontecer, pois a construção das relações e a concepção daquela dinâmica entre os personagens deixa claro que Victoria está em um barril de pólvora prestes a explodir - só não sabemos quando e como.
Não vai ser uma vez que você vai pensar: "Filha, vai para casa. Larga esses caras. Isso vai dar confusão". Obviamente que ela não vai te escutar e é essa expectativa não atendida que acaba sendo cruel para quem assiste. Não existe um aprofundamento relevante nas motivações ou personalidades dos personagens propositalmente - como tudo acontece em pouco mais de duas horas, em uma única noite, a proposta se encaixa e traz uma realidade brutal ao filme. Alemães (orientais) falando em um inglês quase monossilábico com uma jovem espanhola sozinha na madrugada em Berlin - tem como o clima se mostrar mais tenso?
"Victoria" é uma experiência imersiva imperdível! Vale muito o seu play!
Se você está procurando uma jornada realmente angustiante e que vai te tirar completamente da zona de conforto, você está no review certo! "Your Honor", criada por Peter Moffat (de "A Grande Entrevista") e lançada em 2020 pela Showtime, era para ser uma minissérie, mas graças a sua narrativa envolvente, o sucesso foi tão grande que acabou virando série - e funcionou demais! O fato é que aqui temos um drama com fortes elementos de suspense (psicológico) que mergulha nas profundezas da moralidade, da ética e das complexas dinâmicas de poder. Estrelada por Bryan Cranston (o inesquecível Walter White), "Your Honor" explora com muita inteligência o quão longe uma pessoa está disposta a ir para proteger alguém que ama, especialmente quando o dever e a justiça entram em conflito direto com os laços familiares. Com uma narrativa tensa na sua essência e performances bastante impactantes, "Your Honor" vai te fisgar com a mais absoluta certeza!
A série, basicamente, segue Michael Desiato (Bryan Cranston), um respeitado juiz de Nova Orleans, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando seu filho adolescente, Adam (Hunter Doohan), se envolve em um acidente que resulta na morte de um jovem. O dilema moral de Michael começa quando ele descobre que a vítima é o filho de um perigoso chefe do crime, Jimmy Baxter (Michael Stuhlbarg). Enfrentando uma escolha impossível entre entregar seu filho à justiça ou protegê-lo a qualquer custo, Michael se vê descendo em uma espiral de mentiras, manipulações e decisões que desafiam todos os princípios que ele sempre defendeu. Confira o trailer:
Peter Moffat, conhecido por seu trabalho em dramas jurídicos como "Criminal Justice" (que inclusive inspirou o inesquecível "The Night Of" da HBO), traz novamente para tela uma abordagem introspectiva e sombria das mais incômodas! "Your Honor" não é apenas um thriller investigativo, mas sim um estudo sensível das escolhas que fazemos sob pressão e suas complicadas consequências. É impressionante como Moffat constrói a narrativa de maneira meticulosa, tecendo uma rede de dilemas morais (carregadas de decepções) que se desdobram em um ritmo crescente que soa insuportável! Veja, como em "The Night Of" , a série é marcada por um senso constante de tensão e inevitabilidade, com cada decisão levando a outra situação ainda mais complexa - a sensação de que "vai dar m..." é quase insuportável! A direção, liderada por nomes como Edward Berger (de "Nada de Novo no Front") e Clark Johnson (de "Bosch"), sabe disso, então utiliza um conceito narrativo e visual que enfatiza esse ambiente mais opressor de Nova Orleans - como em "Ozark", a atmosfera é fria, refletindo o desespero e a tensão emocional contínua dos personagens. Essas escolhas ajudam a criar uma dinâmica sufocante, onde as paredes parecem se fechar ao redor de Michael à medida que suas ações o colocam em uma posição cada vez mais insustentável.
Bryan Cranston, que já demonstrou seu talento em papéis moralmente ambíguos como em "Breaking Bad", captura com perfeição a dualidade de um homem dividido entre seu papel de juiz imparcial e suas responsabilidades como pai desesperado. Sua atuação é carregada de detalhes, transmitindo o peso das decisões que Michael toma, mesmo quando ele sabe que estão erradas. Hunter Doohan, como Adam, também entrega uma performance sólida, retratando a fragilidade e o medo de um jovem que cometeu um erro trágico e irresponsável - você vai se irritar com ele. Te garanto! Já Michael Stuhlbarg, como Jimmy Baxter, é um antagonista exemplar. Ele traz uma intensidade controlada ao personagem, fazendo de Baxter uma figura ameaçadora, mas também profundamente humana - o que contribui significativamente para a complexidade que a narrativa se propõe a construir. Em "Your Honor" nada é simples!
"Your Honor" é uma exploração poderosa e emocionalmente carregada de como o poder, o medo e o amor paternal podem levar uma pessoa a cruzar linhas que nunca imaginou atravessar - é impossível não se pegar pensando sobre decisão tomaria em uma determinada situação! A série parte desse principio: questionar o significado de ser justo perante o imponderável e até onde um pai estaria disposto a ir para proteger seu filho, mesmo sabendo que o preço a se pagar pode ser caro demais!
Envolvente e provocativa, "Your Honor" vale muito o seu play, mas esteja preparado para perder o fôlego como poucas vezes você experienciou!
Se você está procurando uma jornada realmente angustiante e que vai te tirar completamente da zona de conforto, você está no review certo! "Your Honor", criada por Peter Moffat (de "A Grande Entrevista") e lançada em 2020 pela Showtime, era para ser uma minissérie, mas graças a sua narrativa envolvente, o sucesso foi tão grande que acabou virando série - e funcionou demais! O fato é que aqui temos um drama com fortes elementos de suspense (psicológico) que mergulha nas profundezas da moralidade, da ética e das complexas dinâmicas de poder. Estrelada por Bryan Cranston (o inesquecível Walter White), "Your Honor" explora com muita inteligência o quão longe uma pessoa está disposta a ir para proteger alguém que ama, especialmente quando o dever e a justiça entram em conflito direto com os laços familiares. Com uma narrativa tensa na sua essência e performances bastante impactantes, "Your Honor" vai te fisgar com a mais absoluta certeza!
A série, basicamente, segue Michael Desiato (Bryan Cranston), um respeitado juiz de Nova Orleans, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando seu filho adolescente, Adam (Hunter Doohan), se envolve em um acidente que resulta na morte de um jovem. O dilema moral de Michael começa quando ele descobre que a vítima é o filho de um perigoso chefe do crime, Jimmy Baxter (Michael Stuhlbarg). Enfrentando uma escolha impossível entre entregar seu filho à justiça ou protegê-lo a qualquer custo, Michael se vê descendo em uma espiral de mentiras, manipulações e decisões que desafiam todos os princípios que ele sempre defendeu. Confira o trailer:
Peter Moffat, conhecido por seu trabalho em dramas jurídicos como "Criminal Justice" (que inclusive inspirou o inesquecível "The Night Of" da HBO), traz novamente para tela uma abordagem introspectiva e sombria das mais incômodas! "Your Honor" não é apenas um thriller investigativo, mas sim um estudo sensível das escolhas que fazemos sob pressão e suas complicadas consequências. É impressionante como Moffat constrói a narrativa de maneira meticulosa, tecendo uma rede de dilemas morais (carregadas de decepções) que se desdobram em um ritmo crescente que soa insuportável! Veja, como em "The Night Of" , a série é marcada por um senso constante de tensão e inevitabilidade, com cada decisão levando a outra situação ainda mais complexa - a sensação de que "vai dar m..." é quase insuportável! A direção, liderada por nomes como Edward Berger (de "Nada de Novo no Front") e Clark Johnson (de "Bosch"), sabe disso, então utiliza um conceito narrativo e visual que enfatiza esse ambiente mais opressor de Nova Orleans - como em "Ozark", a atmosfera é fria, refletindo o desespero e a tensão emocional contínua dos personagens. Essas escolhas ajudam a criar uma dinâmica sufocante, onde as paredes parecem se fechar ao redor de Michael à medida que suas ações o colocam em uma posição cada vez mais insustentável.
Bryan Cranston, que já demonstrou seu talento em papéis moralmente ambíguos como em "Breaking Bad", captura com perfeição a dualidade de um homem dividido entre seu papel de juiz imparcial e suas responsabilidades como pai desesperado. Sua atuação é carregada de detalhes, transmitindo o peso das decisões que Michael toma, mesmo quando ele sabe que estão erradas. Hunter Doohan, como Adam, também entrega uma performance sólida, retratando a fragilidade e o medo de um jovem que cometeu um erro trágico e irresponsável - você vai se irritar com ele. Te garanto! Já Michael Stuhlbarg, como Jimmy Baxter, é um antagonista exemplar. Ele traz uma intensidade controlada ao personagem, fazendo de Baxter uma figura ameaçadora, mas também profundamente humana - o que contribui significativamente para a complexidade que a narrativa se propõe a construir. Em "Your Honor" nada é simples!
"Your Honor" é uma exploração poderosa e emocionalmente carregada de como o poder, o medo e o amor paternal podem levar uma pessoa a cruzar linhas que nunca imaginou atravessar - é impossível não se pegar pensando sobre decisão tomaria em uma determinada situação! A série parte desse principio: questionar o significado de ser justo perante o imponderável e até onde um pai estaria disposto a ir para proteger seu filho, mesmo sabendo que o preço a se pagar pode ser caro demais!
Envolvente e provocativa, "Your Honor" vale muito o seu play, mas esteja preparado para perder o fôlego como poucas vezes você experienciou!