Não sou um entusiasta de comédias, mas preciso admitir que a espanhola "Toc toc" é divertida e inteligente, mesmo com seus excessos! Um ótimo exemplo de como os esteriótipos podem render boas risadas sem ter que usar o escrachado como bengala!
O filme, como o próprio nome sugere, é uma história sobre pessoas com transtornos obsessivos compulsivos - uma livre adaptação da peça francesa de Laurent Baffie. Toda confusão gira em torno de 6 personagens que possuem diferentes tipos de TOC. Por um erro no sistema, todos acabam sendo agendados para o mesmo dia e horário, se encontrando na sala de espera do famoso psiquiatra, o Dr. Palomero. Para ajudar, o psiquiatra se atrasa e eles se veem obrigados a encarar seus problemas individuais como se estivessem em uma espécie de terapia de grupo.
É preciso dizer, que o roteiro dá umas derrapadas no didatismo e soa previsível, mas que acaba não prejudicando em nada o ótimo e despretensioso entretenimento que é o filme. Destaque para o excelente elenco que conta com Paco León, Alexandra Jiménez, Rossy de Palma, Nuria Herrero, Adrián Lastra, Ana Rujas e o sempre sensacional Oscar Martínez!
Olha, "Toc toc" é realmente divertido! Vale muito o seu play se você estiver buscando algo leve, porém inteligente!
Não sou um entusiasta de comédias, mas preciso admitir que a espanhola "Toc toc" é divertida e inteligente, mesmo com seus excessos! Um ótimo exemplo de como os esteriótipos podem render boas risadas sem ter que usar o escrachado como bengala!
O filme, como o próprio nome sugere, é uma história sobre pessoas com transtornos obsessivos compulsivos - uma livre adaptação da peça francesa de Laurent Baffie. Toda confusão gira em torno de 6 personagens que possuem diferentes tipos de TOC. Por um erro no sistema, todos acabam sendo agendados para o mesmo dia e horário, se encontrando na sala de espera do famoso psiquiatra, o Dr. Palomero. Para ajudar, o psiquiatra se atrasa e eles se veem obrigados a encarar seus problemas individuais como se estivessem em uma espécie de terapia de grupo.
É preciso dizer, que o roteiro dá umas derrapadas no didatismo e soa previsível, mas que acaba não prejudicando em nada o ótimo e despretensioso entretenimento que é o filme. Destaque para o excelente elenco que conta com Paco León, Alexandra Jiménez, Rossy de Palma, Nuria Herrero, Adrián Lastra, Ana Rujas e o sempre sensacional Oscar Martínez!
Olha, "Toc toc" é realmente divertido! Vale muito o seu play se você estiver buscando algo leve, porém inteligente!
"Toda Forma de Amor" (ou "Beginners") do diretor Mike Mills é um excelente filme! Na verdade é o típico filme que fala sobre relações de uma maneira muito delicada, sensível, onde o trabalho de direção se alinha com a história através de planos muito bem estudados, movimentos que acompanham uma narrativa leve, delicada, mesmo abordando assuntos tão pesados.
Aos 75 anos, o pai de Oliver (Ewan McGregor) se assume gay, diz que está com câncer terminal e por isso passou a ter uma vida mais ativa até a sua morte. Meses depois, Oliver conhece a imprevisível e irreverente Anna (Mélanie Laurent), o que faz com que ele se dedique a amá-la, lembrando-se de fatos e ensinamentos de seu saudoso pai, Hal (Christopher Plummer). Confira o trailer:
Mike Mills foi muito inteligente ao subverter o roteiro de "Toda Forma de Amor" iniciando uma jornada de (auto) conhecimento a partir da morte de Hal. Com uma história atemporal, as lembranças do protagonista se encaixam perfeitamente na maneira como ele enxerga a possibilidade de ser feliz ao lado de uma mulher que, olhem só, pode ama-lo de verdade! Essa dinâmica funciona como uma forma de Oliver tentar justificar sua dificuldade em corresponder Anna, o que transforma a história em um drama de relação leve, mas não por isso raso.
Christopher Plummer merece uma menção especial: seu trabalho mostrou exatamente a razão pela qual ganhou quase todos os principais prêmios da temporada, inclusive o Oscar e o Globo de Ouro de "Ator Coadjuvante" em 2012! Ele está irretocável - reparem!
"Toda Forma de Amor" é daqueles filmes que chegam sem muito marketing, mas que nos conquistam, discretamente, e nos fazem ter aquela deliciosa sensação de ter assistido um belíssimo filme! Pode dar o play sem receio!
"Toda Forma de Amor" (ou "Beginners") do diretor Mike Mills é um excelente filme! Na verdade é o típico filme que fala sobre relações de uma maneira muito delicada, sensível, onde o trabalho de direção se alinha com a história através de planos muito bem estudados, movimentos que acompanham uma narrativa leve, delicada, mesmo abordando assuntos tão pesados.
Aos 75 anos, o pai de Oliver (Ewan McGregor) se assume gay, diz que está com câncer terminal e por isso passou a ter uma vida mais ativa até a sua morte. Meses depois, Oliver conhece a imprevisível e irreverente Anna (Mélanie Laurent), o que faz com que ele se dedique a amá-la, lembrando-se de fatos e ensinamentos de seu saudoso pai, Hal (Christopher Plummer). Confira o trailer:
Mike Mills foi muito inteligente ao subverter o roteiro de "Toda Forma de Amor" iniciando uma jornada de (auto) conhecimento a partir da morte de Hal. Com uma história atemporal, as lembranças do protagonista se encaixam perfeitamente na maneira como ele enxerga a possibilidade de ser feliz ao lado de uma mulher que, olhem só, pode ama-lo de verdade! Essa dinâmica funciona como uma forma de Oliver tentar justificar sua dificuldade em corresponder Anna, o que transforma a história em um drama de relação leve, mas não por isso raso.
Christopher Plummer merece uma menção especial: seu trabalho mostrou exatamente a razão pela qual ganhou quase todos os principais prêmios da temporada, inclusive o Oscar e o Globo de Ouro de "Ator Coadjuvante" em 2012! Ele está irretocável - reparem!
"Toda Forma de Amor" é daqueles filmes que chegam sem muito marketing, mas que nos conquistam, discretamente, e nos fazem ter aquela deliciosa sensação de ter assistido um belíssimo filme! Pode dar o play sem receio!
Essa é uma série despretenciosa que foi lançada sem tanto alarde pela HBO em 2015. e que fechou o seu ciclo com apenas duas temporadas - se você gosta de séries como "Easy"ou "Modern Love", certamente "Togetherness" é para você, mas saiba que o gostinho de "quero mais" pode te consumir no final do 16º episódio. Criada pelos irmãos Duplass (dos geniais "Transparent" e "Room 104") e por Steve Zissis (de "Cruella"), "Togetherness" te fará rir e chorar em uma jornada, de fato, apaixonante. Com um humor até certo ponto ácido e uma sensibilidade bastante aguçada, a narrativa explora com muita inteligência os desafios da vida adulta com um toque de realismo que nos distancia daquelas comédias românticas mais tradicionais - talvez por isso ela tenha agradado mais a critica do que o público em geral, mesmo depois das duas indicações no "Critics Choice Awards" de 2015.
A trama, basicamente, gira em torno de Brett (Mark Duplass) e Michelle (Melanie Lynskey), um casal que enfrenta uma crise no casamento após a chegada dos filhos. Buscando recuperar a chama da paixão, eles decidem convidar o melhor amigo de Brett, Alex (Steve Zissis), e a irmã de Michelle, Tina (Amanda Peet), para morarem com eles. A convivência entre os quatro personagens, com suas próprias frustrações e inseguranças, gera situações hilárias e comoventes, explorando temas como amizade, amor, família e a busca pela felicidade. Confira o trailer a seguir (em inglês):
Me diga se você já viu isso em algum ligar: primeiro um casal na faixa dos seus 35 anos, com família e tudo mais, que se amam, mas que vem sofrendo com o desgaste natural após 10 anos de relacionamento. Segundo, um outro casal de amigos improváveis formado por um ator, quase fracassado, e uma linda mulher que ainda está solteira, mas não se conforma com isso. Pois é, eu sei sua resposta e é justamente isso que torna "Togetherness" imperdível - a forma como os irmãos Duplass e a Nicole Holofcener capturam a essência da vida real, com seus altos e baixos, sem filtros ou romantizações, é impressionante (e dolorido). Reparem como a série até começa apresentando um lado mais cômico da trama e de seus personagens, mas conforme vão passando os episódios é o drama que vai dando o tom da narrativa.
"Togetherness" se destaca pela naturalidade das atuações de seu pequeno elenco - mérito da direção sensível e cirúrgica dos Duplass. Não por acaso, todo aquele contexto de identificação nos leva para uma jornada verdadeiramente emocional, onde nos empatizamos com as dúvidas e angústias dos personagens ao ponto de nos fazer questionar nossas próprias escolhas de vida. Sem dúvida que a série representa um convite a reflexão sobre o que realmente importa na vida.
Ao mesmo tempo que nos diverte com situações e personagens excêntricos cheios de camadas que nos conquistam com sua humanidade, "Togetherness" também sabe ser apaixonante pelas discussões sobre os dilemas da vida adulta. Os irmãos Duplass mais uma vez marcam um golaço com essa comédia dramática que aposta na sabedoria de seu conceito narrativo para falar de sentimentos e trazer sensações muito presentes em algum momento da nossa vida - é o equilíbrio perfeito entre o alivio cômico e o drama mais intenso! Olhando alguns anos em retrospectiva, fica fácil atestar que "Togetherness" merecia uma melhor chance - leia-se uma terceira e definitiva temporada!
Sim, essa é daquelas de sentimos seu cancelamento, mas que ainda assim merece ser descoberta!
Essa é uma série despretenciosa que foi lançada sem tanto alarde pela HBO em 2015. e que fechou o seu ciclo com apenas duas temporadas - se você gosta de séries como "Easy"ou "Modern Love", certamente "Togetherness" é para você, mas saiba que o gostinho de "quero mais" pode te consumir no final do 16º episódio. Criada pelos irmãos Duplass (dos geniais "Transparent" e "Room 104") e por Steve Zissis (de "Cruella"), "Togetherness" te fará rir e chorar em uma jornada, de fato, apaixonante. Com um humor até certo ponto ácido e uma sensibilidade bastante aguçada, a narrativa explora com muita inteligência os desafios da vida adulta com um toque de realismo que nos distancia daquelas comédias românticas mais tradicionais - talvez por isso ela tenha agradado mais a critica do que o público em geral, mesmo depois das duas indicações no "Critics Choice Awards" de 2015.
A trama, basicamente, gira em torno de Brett (Mark Duplass) e Michelle (Melanie Lynskey), um casal que enfrenta uma crise no casamento após a chegada dos filhos. Buscando recuperar a chama da paixão, eles decidem convidar o melhor amigo de Brett, Alex (Steve Zissis), e a irmã de Michelle, Tina (Amanda Peet), para morarem com eles. A convivência entre os quatro personagens, com suas próprias frustrações e inseguranças, gera situações hilárias e comoventes, explorando temas como amizade, amor, família e a busca pela felicidade. Confira o trailer a seguir (em inglês):
Me diga se você já viu isso em algum ligar: primeiro um casal na faixa dos seus 35 anos, com família e tudo mais, que se amam, mas que vem sofrendo com o desgaste natural após 10 anos de relacionamento. Segundo, um outro casal de amigos improváveis formado por um ator, quase fracassado, e uma linda mulher que ainda está solteira, mas não se conforma com isso. Pois é, eu sei sua resposta e é justamente isso que torna "Togetherness" imperdível - a forma como os irmãos Duplass e a Nicole Holofcener capturam a essência da vida real, com seus altos e baixos, sem filtros ou romantizações, é impressionante (e dolorido). Reparem como a série até começa apresentando um lado mais cômico da trama e de seus personagens, mas conforme vão passando os episódios é o drama que vai dando o tom da narrativa.
"Togetherness" se destaca pela naturalidade das atuações de seu pequeno elenco - mérito da direção sensível e cirúrgica dos Duplass. Não por acaso, todo aquele contexto de identificação nos leva para uma jornada verdadeiramente emocional, onde nos empatizamos com as dúvidas e angústias dos personagens ao ponto de nos fazer questionar nossas próprias escolhas de vida. Sem dúvida que a série representa um convite a reflexão sobre o que realmente importa na vida.
Ao mesmo tempo que nos diverte com situações e personagens excêntricos cheios de camadas que nos conquistam com sua humanidade, "Togetherness" também sabe ser apaixonante pelas discussões sobre os dilemas da vida adulta. Os irmãos Duplass mais uma vez marcam um golaço com essa comédia dramática que aposta na sabedoria de seu conceito narrativo para falar de sentimentos e trazer sensações muito presentes em algum momento da nossa vida - é o equilíbrio perfeito entre o alivio cômico e o drama mais intenso! Olhando alguns anos em retrospectiva, fica fácil atestar que "Togetherness" merecia uma melhor chance - leia-se uma terceira e definitiva temporada!
Sim, essa é daquelas de sentimos seu cancelamento, mas que ainda assim merece ser descoberta!
Filmaço! Bem na linha do genial "White Lotus", o surpreendente, e indicado ao Oscar 2023, "Triângulo da Tristeza" é uma verdadeira coleção de criticas sociais, políticas e até, com uma certa pitada proposital de hipocrisia, ideológicas. Com uma narrativa muito bem construída, se apoiando em uma sátira fundamentada, o filme que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2022 coloca em uma mesma prateleira as nuances (mesmo que estereotipadas) de uma luta de classes constante com os notáveis prazeres e desprazeres do capitalismo - na mesma linha de "Parasita", mas talvez aqui melhor posicionado quanto sua predileção.
Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) são dois jovens modelos que acabam sendo convidados para um cruzeiro em um iate de luxo, repleto de milionários que esbanjam auto-confiança e desprezo pelos menos favorecidos. Porém, após uma noite de tormenta e um ataque de piratas, o barco acaba naufragando, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. É nesse contexto que hierarquia social se inverte, afinal, ali, o dinheiro pouco importa e uma pessoa que sabe como sobreviver nesse local inóspito vira rei. Confira o trailer:
Dirigido e escrito pelo multi-talentoso sueco Ruben Östlund (de "The Square"), "Triângulo da Tristeza" expõe com muita inteligência a fragilidade de uma nova classe de privilegiados que nada se diferencia daquela usualmente criticada por eles mesmos através de suas inúmeras "#", os influencers! A partir de diálogos inteligentes, profundos e irônicos, os personagens vão se contradizendo a cada nova situação que aquele universo proporciona, normalmente de forma bem bem-humorada, mas nem por isso menos impactante - a cena da senhora rica tentando convencer a jovem que trabalha no iate a entrar e relaxar na piscina é tão desconcertante quanto genial e dá o exato tom do filme.
Como nas duas referências citadas, além do roteiro ácido na medida certa, o elenco também se sobressai - na verdade, os personagens são tão bem construídos que os diálogos acabam fluindo de uma maneira muito orgânica, dando a exata sensação que nada ali é por acaso. Veja, se Carl é inseguro, sua namorada, Yaya, é uma modelo famosa que quer mais ser influencer (ou troféu de marido, como ela mesmo diz) mesmo que seu conteúdo consista apenas em selfies mentirosas. O filme ainda apresenta um simpático casal de idosos britânicos cuja fortuna foi conquistada com a venda de armas (e que sobreviveu, vejam só, a taxação de 25% sobre as minas terrestres, campeã de vendas da empresa) e um magnata russo, Dimitry (Zlatko Buric), que cresceu às custas da exploração do Leste Europeu pós-União Soviética, vendendo adubo, e que está aproveitando o cruzeiro junto com sua antiga esposa e sua atual (e claro, mais jovem) namorada.
"Triângulo da Tristeza" tem o mérito de transitar por todas as camadas desse abismo social com a sensibilidade de quem consegue enxergar além do luxo e do dinheiro. O roteiro visivelmente critica uma elite tão cega e presa na sua própria bolha, que nem no choque de realidade é capaz de trazer um pouco de bom senso para o seu modo de se relacionar com o mundo. Mas não se enganem, esse é o tipo do filme onde é necessário um olhar atento aos detalhes, pois é na forma como um hóspede rejeita uma bebida ou como a tripulação se prepara para o cruzeiro pensando exclusivamente na gordas gorjetas, que entendemos perfeitamente como é a "ocasião que faz o ladrão".
Vale muito o seu play!
Ah, em tempo, "Triângulo da Tristeza" foi indicado em 3 categorias: "Melhor Roteiro Original", "Melhor Direção" e "Melhor Filme"!
Filmaço! Bem na linha do genial "White Lotus", o surpreendente, e indicado ao Oscar 2023, "Triângulo da Tristeza" é uma verdadeira coleção de criticas sociais, políticas e até, com uma certa pitada proposital de hipocrisia, ideológicas. Com uma narrativa muito bem construída, se apoiando em uma sátira fundamentada, o filme que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2022 coloca em uma mesma prateleira as nuances (mesmo que estereotipadas) de uma luta de classes constante com os notáveis prazeres e desprazeres do capitalismo - na mesma linha de "Parasita", mas talvez aqui melhor posicionado quanto sua predileção.
Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) são dois jovens modelos que acabam sendo convidados para um cruzeiro em um iate de luxo, repleto de milionários que esbanjam auto-confiança e desprezo pelos menos favorecidos. Porém, após uma noite de tormenta e um ataque de piratas, o barco acaba naufragando, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. É nesse contexto que hierarquia social se inverte, afinal, ali, o dinheiro pouco importa e uma pessoa que sabe como sobreviver nesse local inóspito vira rei. Confira o trailer:
Dirigido e escrito pelo multi-talentoso sueco Ruben Östlund (de "The Square"), "Triângulo da Tristeza" expõe com muita inteligência a fragilidade de uma nova classe de privilegiados que nada se diferencia daquela usualmente criticada por eles mesmos através de suas inúmeras "#", os influencers! A partir de diálogos inteligentes, profundos e irônicos, os personagens vão se contradizendo a cada nova situação que aquele universo proporciona, normalmente de forma bem bem-humorada, mas nem por isso menos impactante - a cena da senhora rica tentando convencer a jovem que trabalha no iate a entrar e relaxar na piscina é tão desconcertante quanto genial e dá o exato tom do filme.
Como nas duas referências citadas, além do roteiro ácido na medida certa, o elenco também se sobressai - na verdade, os personagens são tão bem construídos que os diálogos acabam fluindo de uma maneira muito orgânica, dando a exata sensação que nada ali é por acaso. Veja, se Carl é inseguro, sua namorada, Yaya, é uma modelo famosa que quer mais ser influencer (ou troféu de marido, como ela mesmo diz) mesmo que seu conteúdo consista apenas em selfies mentirosas. O filme ainda apresenta um simpático casal de idosos britânicos cuja fortuna foi conquistada com a venda de armas (e que sobreviveu, vejam só, a taxação de 25% sobre as minas terrestres, campeã de vendas da empresa) e um magnata russo, Dimitry (Zlatko Buric), que cresceu às custas da exploração do Leste Europeu pós-União Soviética, vendendo adubo, e que está aproveitando o cruzeiro junto com sua antiga esposa e sua atual (e claro, mais jovem) namorada.
"Triângulo da Tristeza" tem o mérito de transitar por todas as camadas desse abismo social com a sensibilidade de quem consegue enxergar além do luxo e do dinheiro. O roteiro visivelmente critica uma elite tão cega e presa na sua própria bolha, que nem no choque de realidade é capaz de trazer um pouco de bom senso para o seu modo de se relacionar com o mundo. Mas não se enganem, esse é o tipo do filme onde é necessário um olhar atento aos detalhes, pois é na forma como um hóspede rejeita uma bebida ou como a tripulação se prepara para o cruzeiro pensando exclusivamente na gordas gorjetas, que entendemos perfeitamente como é a "ocasião que faz o ladrão".
Vale muito o seu play!
Ah, em tempo, "Triângulo da Tristeza" foi indicado em 3 categorias: "Melhor Roteiro Original", "Melhor Direção" e "Melhor Filme"!
Todos temos a certeza que um dia vamos morrer, faz parte do ciclo natural da vida; porém saber que esse dia se aproxima e que algumas questões precisam ser resolvidas não deve ser o melhor dos sentimentos. "Truman" trata desse assunto delicado de uma forma mais leve - não divertida, mas talvez com uma sensibilidade que nos conecta imediatamente aos personagens e nos convida a acompanhar essa jornada de despedidas. "Truman" é um filme duro, mas muito bonito e, principalmente, honesto com o sentimento de todos os personagens sem aquela obrigação de parecer politicamente correto - esse é apenas um dos muitos elogios que essa premiada co-produção argentina/espanhola merece.
Quando Julián (Ricardo Darín) recebe a visita de seu amigo de infância, Tomás (Javier Cámara), ele sabe que, na verdade, o reencontro não será de todo feliz. Julián tem câncer e decidiu parar o tratamento para aproveitar os últimos meses de vida e colocar as coisas em ordem antes de partir. Para isso, ele precisa da ajuda de Tomás, em especial, para achar um lar adequado para o seu amado cachorro, Truman. Confira o trailer:
Veja, diferente de "O melhor está por vir", belíssimo filme francês, que equilibra perfeitamente a comédia e o drama partindo de uma premissa muito parecida; "Truman" é mais realista, com isso o drama acaba se sobressaindo - obviamente que isso não exclui momentos divertidos e até constrangedores da relação entre Julián e Tomás, mas, de fato, aqui o tom é outro. Dirigido e roteirizado (em parceria com Tomàs Aragay) pelo excelente diretor espanhol, Cesc Gay (de "O Que os Homens Falam"), a trama não tem deslizes, não escolhe o caminho fácil do dramalhão e nos coloca um sorriso no rosto com a mesma tranquilidade com que nos emociona.
Ter o Darín no elenco é a certeza de encontrar um personagem humano, cheio de camadas, com qualidades e defeitos. Mais uma vez ele entrega uma performance exemplar - dessa vez pontuando com a mesma classe uma certa afetuosidade com um dolorido enfrentamento da realidade. A coisa só melhora quando encontramos ao seu lado o ótimo Javier Cámara (um dos atores favoritos de Pedro Almodóvar e que já esteve em três de seus filmes) que embora coadjuvante, tem uma sensibilidade impressionante e mesmo com suas fraquezas como homem, justifica sua dor, seus arrependimentos e sua empatia - o interessante de tudo isso, é que os diálogos não contam essa história, mas o subtexto sim.
"Truman" tem seu maior valor ao nos provocar olhar para dentro, em revisitar nossa memória afetiva e, claro, fazendo tudo isso sem nos obrigar a carregar o peso de nossas escolhas. Premiado em Festivais renomados como o "Gaudí Awards", "Goya Awards" e "San Sebastián" (só para citar alguns), esse drama com toques de comédia, é muito mais importante pelo significado que carrega do que pela sequência de ações de cada uma das cenas, ou seja, se algo pode parecer superficial ou cotidiano demais, é justamente no silêncio da alma que essa história ganha força e beleza.
Tipo do filme que ao final, merece um brinde de uma boa taça de vinho ao lado das pessoas que amamos para que assim possamos celebrar a vida!
Vale muito seu play!
Todos temos a certeza que um dia vamos morrer, faz parte do ciclo natural da vida; porém saber que esse dia se aproxima e que algumas questões precisam ser resolvidas não deve ser o melhor dos sentimentos. "Truman" trata desse assunto delicado de uma forma mais leve - não divertida, mas talvez com uma sensibilidade que nos conecta imediatamente aos personagens e nos convida a acompanhar essa jornada de despedidas. "Truman" é um filme duro, mas muito bonito e, principalmente, honesto com o sentimento de todos os personagens sem aquela obrigação de parecer politicamente correto - esse é apenas um dos muitos elogios que essa premiada co-produção argentina/espanhola merece.
Quando Julián (Ricardo Darín) recebe a visita de seu amigo de infância, Tomás (Javier Cámara), ele sabe que, na verdade, o reencontro não será de todo feliz. Julián tem câncer e decidiu parar o tratamento para aproveitar os últimos meses de vida e colocar as coisas em ordem antes de partir. Para isso, ele precisa da ajuda de Tomás, em especial, para achar um lar adequado para o seu amado cachorro, Truman. Confira o trailer:
Veja, diferente de "O melhor está por vir", belíssimo filme francês, que equilibra perfeitamente a comédia e o drama partindo de uma premissa muito parecida; "Truman" é mais realista, com isso o drama acaba se sobressaindo - obviamente que isso não exclui momentos divertidos e até constrangedores da relação entre Julián e Tomás, mas, de fato, aqui o tom é outro. Dirigido e roteirizado (em parceria com Tomàs Aragay) pelo excelente diretor espanhol, Cesc Gay (de "O Que os Homens Falam"), a trama não tem deslizes, não escolhe o caminho fácil do dramalhão e nos coloca um sorriso no rosto com a mesma tranquilidade com que nos emociona.
Ter o Darín no elenco é a certeza de encontrar um personagem humano, cheio de camadas, com qualidades e defeitos. Mais uma vez ele entrega uma performance exemplar - dessa vez pontuando com a mesma classe uma certa afetuosidade com um dolorido enfrentamento da realidade. A coisa só melhora quando encontramos ao seu lado o ótimo Javier Cámara (um dos atores favoritos de Pedro Almodóvar e que já esteve em três de seus filmes) que embora coadjuvante, tem uma sensibilidade impressionante e mesmo com suas fraquezas como homem, justifica sua dor, seus arrependimentos e sua empatia - o interessante de tudo isso, é que os diálogos não contam essa história, mas o subtexto sim.
"Truman" tem seu maior valor ao nos provocar olhar para dentro, em revisitar nossa memória afetiva e, claro, fazendo tudo isso sem nos obrigar a carregar o peso de nossas escolhas. Premiado em Festivais renomados como o "Gaudí Awards", "Goya Awards" e "San Sebastián" (só para citar alguns), esse drama com toques de comédia, é muito mais importante pelo significado que carrega do que pela sequência de ações de cada uma das cenas, ou seja, se algo pode parecer superficial ou cotidiano demais, é justamente no silêncio da alma que essa história ganha força e beleza.
Tipo do filme que ao final, merece um brinde de uma boa taça de vinho ao lado das pessoas que amamos para que assim possamos celebrar a vida!
Vale muito seu play!
Se você gosta de uma série capaz de te emocionar ao ponto de deixar seus olhos marejados uma cena depois de você ter dado muitas gargalhadas, pois bem, você encontrou uma que vai te fazer perguntar a razão de não ter assistido ela antes! Estou falando da imperdível "Trying", lançada pela AppleTV+ em 2022 e pouquíssimo comentada pelos críticos e pelo público - mesmo tendo uma qualidade excepcional de texto e de produção. Essa série é uma comédia dramática britânica que foge do convencional por explorar de forma honesta, tocante e genuinamente engraçada os desafios da adoção e da vida adulta. Criada por Andy Wolton, a série equilibra humor e emoção com uma leveza rara para o gênero, lembrando produções como "Alguém em Algum Lugar" ou até "Amor Platônico", mas com uma doçura própria e uma abordagem calorosa que conquista a audiência pela alma desde o primeiro (e inesquecível) episódio.
A trama acompanha Nikki (Esther Smith) e Jason (Rafe Spall), um casal de trinta e poucos anos que, após inúmeras tentativas frustradas de ter um filho, decide embarcar na jornada da adoção. No entanto, o caminho não é fácil: além da burocracia e das dificuldades emocionais do processo, eles precisam provar para si mesmos (e para os assistentes sociais) que estão preparados para serem pais. A série se desenrola a partir desse dilema, misturando momentos cômicos e vulneráveis em igual medida, enquanto Nikki e Jason navegam pelas incertezas, expectativas e desventuras da parentalidade. Confira o trailer:
Chega ser impressionante como "Trying" sabe potencializar sua maior força: a química impecável entre Esther Smith e Rafe Spall. O casal protagonista traz uma autenticidade tão especial que se torna muito fácil a conexão com seus dilemas ao ponto de torcermos por eles a cada desafio enfrentado - sério, é como se eles fossem nossos amigos há anos! Smith entrega uma performance realmente encantadora, cheia de entusiasmo e inseguranças; enquanto Spall equilibra a impulsividade de Jason com um carisma todo desajeitado, mas muito divertido. O elenco de apoio, que inclui Imelda Staunton como a assistente social Penny, adiciona ainda mais profundidade à série, garantindo que os momentos dramáticos sejam tão impactantes quanto os cômicos. E aqui está o mérito do roteiro de Andy Wolton - ele evita cair nos clichês melodramáticos e com isso constrói uma narrativa que se mantém realista sem perder o tom otimista. Os diálogos são ótimos, bem-humorados e recheados de reflexões sutis sobre os relacionamentos de um casal, sobre as expectativas sociais e sobre a complexidade de uma paternidade que não chega com manual de instruções. Wolton conseguiu, de fato, encontrar o tom perfeito da série, garantindo que o humor nunca desvalorize os momentos emocionais ao mesmo tempo que o drama nunca se torna pesado demais.
A direção e a estética visual de "Trying", responsabilidade de Jim O'Hanlon (da versão original de "Shameless") também merecem destaque. A série é filmada em Londres, e a cidade ganha um charme todo especial, servindo como pano de fundo para uma vida caótica, mas adorável, do casal. A fotografia usa das cores vibrantes e de uma iluminação mais naturalista para refletir a atmosfera acolhedora do universo da série. A trilha sonora, composta por músicas indie emocionantes, contribui demais para uma imersão importante na história - ela funciona como um complemento perfeito para os altos e baixos da jornada de Nikki e Jason - e não se espante por desejar ter toda ela na sua playlist! Outro diferencial de "Trying" é a forma como ela aborda o tema "adoção" de maneira sensível e sem romantizações exageradas. A série não ignora os desafios reais do processo, desde a burocracia até as dificuldades emocionais e psicológicas que podem surgir para os futuros pais e para as crianças envolvidas. Ainda assim, essa abordagem nunca é pessimista – ao contrário, "Trying" celebra a vida, o crescimento pessoal e a força do amor, mostrando que a família é construída por laços muito mais profundos do que os biológicos. Emocionante!
"Trying" já concluiu sua jornada de produção com as quatro temporadas disponíveis na AppleTV+ e justamente por isso posso afirmar que a série se firma como uma das melhores comédias dramáticas dos últimos tempos - uma joia rara escondida no streaming! "Trying" prova que é possível contar histórias profundas e significativas sem recorrer a exageros emocionais ou tramas excessivamente pesadas. Essa é o tipo de obra que aquece o coração e nos faz rir na mesma medida, tornando-se uma recomendação essencial para quem busca algo leve, inteligente e cheio de sensibilidade.
"Trying" é uma escolha imperdível!
Se você gosta de uma série capaz de te emocionar ao ponto de deixar seus olhos marejados uma cena depois de você ter dado muitas gargalhadas, pois bem, você encontrou uma que vai te fazer perguntar a razão de não ter assistido ela antes! Estou falando da imperdível "Trying", lançada pela AppleTV+ em 2022 e pouquíssimo comentada pelos críticos e pelo público - mesmo tendo uma qualidade excepcional de texto e de produção. Essa série é uma comédia dramática britânica que foge do convencional por explorar de forma honesta, tocante e genuinamente engraçada os desafios da adoção e da vida adulta. Criada por Andy Wolton, a série equilibra humor e emoção com uma leveza rara para o gênero, lembrando produções como "Alguém em Algum Lugar" ou até "Amor Platônico", mas com uma doçura própria e uma abordagem calorosa que conquista a audiência pela alma desde o primeiro (e inesquecível) episódio.
A trama acompanha Nikki (Esther Smith) e Jason (Rafe Spall), um casal de trinta e poucos anos que, após inúmeras tentativas frustradas de ter um filho, decide embarcar na jornada da adoção. No entanto, o caminho não é fácil: além da burocracia e das dificuldades emocionais do processo, eles precisam provar para si mesmos (e para os assistentes sociais) que estão preparados para serem pais. A série se desenrola a partir desse dilema, misturando momentos cômicos e vulneráveis em igual medida, enquanto Nikki e Jason navegam pelas incertezas, expectativas e desventuras da parentalidade. Confira o trailer:
Chega ser impressionante como "Trying" sabe potencializar sua maior força: a química impecável entre Esther Smith e Rafe Spall. O casal protagonista traz uma autenticidade tão especial que se torna muito fácil a conexão com seus dilemas ao ponto de torcermos por eles a cada desafio enfrentado - sério, é como se eles fossem nossos amigos há anos! Smith entrega uma performance realmente encantadora, cheia de entusiasmo e inseguranças; enquanto Spall equilibra a impulsividade de Jason com um carisma todo desajeitado, mas muito divertido. O elenco de apoio, que inclui Imelda Staunton como a assistente social Penny, adiciona ainda mais profundidade à série, garantindo que os momentos dramáticos sejam tão impactantes quanto os cômicos. E aqui está o mérito do roteiro de Andy Wolton - ele evita cair nos clichês melodramáticos e com isso constrói uma narrativa que se mantém realista sem perder o tom otimista. Os diálogos são ótimos, bem-humorados e recheados de reflexões sutis sobre os relacionamentos de um casal, sobre as expectativas sociais e sobre a complexidade de uma paternidade que não chega com manual de instruções. Wolton conseguiu, de fato, encontrar o tom perfeito da série, garantindo que o humor nunca desvalorize os momentos emocionais ao mesmo tempo que o drama nunca se torna pesado demais.
A direção e a estética visual de "Trying", responsabilidade de Jim O'Hanlon (da versão original de "Shameless") também merecem destaque. A série é filmada em Londres, e a cidade ganha um charme todo especial, servindo como pano de fundo para uma vida caótica, mas adorável, do casal. A fotografia usa das cores vibrantes e de uma iluminação mais naturalista para refletir a atmosfera acolhedora do universo da série. A trilha sonora, composta por músicas indie emocionantes, contribui demais para uma imersão importante na história - ela funciona como um complemento perfeito para os altos e baixos da jornada de Nikki e Jason - e não se espante por desejar ter toda ela na sua playlist! Outro diferencial de "Trying" é a forma como ela aborda o tema "adoção" de maneira sensível e sem romantizações exageradas. A série não ignora os desafios reais do processo, desde a burocracia até as dificuldades emocionais e psicológicas que podem surgir para os futuros pais e para as crianças envolvidas. Ainda assim, essa abordagem nunca é pessimista – ao contrário, "Trying" celebra a vida, o crescimento pessoal e a força do amor, mostrando que a família é construída por laços muito mais profundos do que os biológicos. Emocionante!
"Trying" já concluiu sua jornada de produção com as quatro temporadas disponíveis na AppleTV+ e justamente por isso posso afirmar que a série se firma como uma das melhores comédias dramáticas dos últimos tempos - uma joia rara escondida no streaming! "Trying" prova que é possível contar histórias profundas e significativas sem recorrer a exageros emocionais ou tramas excessivamente pesadas. Essa é o tipo de obra que aquece o coração e nos faz rir na mesma medida, tornando-se uma recomendação essencial para quem busca algo leve, inteligente e cheio de sensibilidade.
"Trying" é uma escolha imperdível!
"Um Brinde ao Sucesso" é muito divertido e uma delícia de assistir! Embora discuta temas como a "inveja", o "rancor", a "insegurança" e a "falsidade", essa produção francesa dirigida pelo ótimo Daniel Cohen (de "Como um Chef") é daquelas que se destaca não apenas pela trama envolvente, mas também pela habilidade única de capturar a essência da vida cotidiana de uma maneira encantadoramente real. O filme, tranquilamente, poderia ser um episódio de "Modern Love" ou algo que Woody Allen adoraria ter feito, no entanto o toque francês contemporâneo que explora as complexidades das relações humanas com uma leve pitada de humor, olha, é incrível e mais uma vez mostra estar bem afiado.
Na trama, a dinâmica entre dois casais de "grandes" amigos é abalada quando a subestimada (e submissa) Léa Monteil (Bérénice Bejo) resolve escrever um livro que rapidamente se transforma em um super best-seller. Seu sucesso inesperado desperta inveja de sua melhor amiga Karine Léger (Florence Foresti) e a insegurança de seu namorado, Marc Seyriey (Vincent Cassel), gerando assim uma profunda crise pessoal em todos ao seu redor. Confira o trailer:
Embora o título nacional "Um Brinde ao Sucesso" seja absolutamente irônico e inteligente (coisa rara hoje em dia), o original em francês "Le bonheur des uns...", algo como “A felicidade de uns...”, transforma essas "reticências" em um gatilho tão alinhado ao roteiro e a forma como Cohen conduz a narrativa que chega ser um pecado não ter sido usado por aqui também. Sim, o filme é cheio de "reticências" que exige da audiência uma interpretação que vai além daquilo que é falado - e aqui fica impossível não citar o extraordinário trabalho do seu elenco.
Bejo, Foresti, Cassel e até o "sem noção" François Damiens (Francis Léger) dão uma aula de conexão. A química entre eles transforma nossa experiência em algo tão próximo que é impossível não nos projetarmos para as situações absurdas que todos vivem - sem falar nos comentários ácidos do casal Léger que certamente vai te fazer lembrar de alguém(s). A atuação magistral do elenco adiciona profundidade aos personagens, tornando a trama mais rica e envolvente, se apoiando na comédia de situação, sem esquecer do drama mais íntimo de cada um deles - essa dicotomia é perfeita para construir uma dinâmica que nos faz achar graça, mas que também nos incomoda (no bom sentido) em muitos momentos.
A trilha sonora de Maxime Desprez e de Michaël Tordjman (ambos de "Homens à Beira de um Ataque de Nervos") é tão sutil quanto eficaz, mas junto com a cinematografia de Stephan Massis (da ótima série francesa, "Engrenages") dão o tom daquela atmosfera moderna de Paris que transforma a vida urbana francesa em sequências e enquadramentos quase poéticos. O que eu quero dizer é que, ao capturar a autenticidade das relações humanas nesse cenário tão particular, especialmente quando confrontadas com as complexidades da ambição e do sucesso, o filme ganha força pela sua realidade quase que cruel. Mas calma, pois a abordagem do diretor pretende explorar muito mais as nuances da amizade e do ego com uma visão única sobre as escolhas que fazemos quando estamos buscando a felicidade que percebemos no outro, do que o embate constrangedor de quem não tem nada para nos acrescentar durante a vida (embora eu, no lugar da protagonista, não sei se teria tanta paciência)!
Acredite, "Um Brinde ao Sucesso" é mais um dos tesouros escondidos nas plataformas de streaming que merece o seu play!
"Um Brinde ao Sucesso" é muito divertido e uma delícia de assistir! Embora discuta temas como a "inveja", o "rancor", a "insegurança" e a "falsidade", essa produção francesa dirigida pelo ótimo Daniel Cohen (de "Como um Chef") é daquelas que se destaca não apenas pela trama envolvente, mas também pela habilidade única de capturar a essência da vida cotidiana de uma maneira encantadoramente real. O filme, tranquilamente, poderia ser um episódio de "Modern Love" ou algo que Woody Allen adoraria ter feito, no entanto o toque francês contemporâneo que explora as complexidades das relações humanas com uma leve pitada de humor, olha, é incrível e mais uma vez mostra estar bem afiado.
Na trama, a dinâmica entre dois casais de "grandes" amigos é abalada quando a subestimada (e submissa) Léa Monteil (Bérénice Bejo) resolve escrever um livro que rapidamente se transforma em um super best-seller. Seu sucesso inesperado desperta inveja de sua melhor amiga Karine Léger (Florence Foresti) e a insegurança de seu namorado, Marc Seyriey (Vincent Cassel), gerando assim uma profunda crise pessoal em todos ao seu redor. Confira o trailer:
Embora o título nacional "Um Brinde ao Sucesso" seja absolutamente irônico e inteligente (coisa rara hoje em dia), o original em francês "Le bonheur des uns...", algo como “A felicidade de uns...”, transforma essas "reticências" em um gatilho tão alinhado ao roteiro e a forma como Cohen conduz a narrativa que chega ser um pecado não ter sido usado por aqui também. Sim, o filme é cheio de "reticências" que exige da audiência uma interpretação que vai além daquilo que é falado - e aqui fica impossível não citar o extraordinário trabalho do seu elenco.
Bejo, Foresti, Cassel e até o "sem noção" François Damiens (Francis Léger) dão uma aula de conexão. A química entre eles transforma nossa experiência em algo tão próximo que é impossível não nos projetarmos para as situações absurdas que todos vivem - sem falar nos comentários ácidos do casal Léger que certamente vai te fazer lembrar de alguém(s). A atuação magistral do elenco adiciona profundidade aos personagens, tornando a trama mais rica e envolvente, se apoiando na comédia de situação, sem esquecer do drama mais íntimo de cada um deles - essa dicotomia é perfeita para construir uma dinâmica que nos faz achar graça, mas que também nos incomoda (no bom sentido) em muitos momentos.
A trilha sonora de Maxime Desprez e de Michaël Tordjman (ambos de "Homens à Beira de um Ataque de Nervos") é tão sutil quanto eficaz, mas junto com a cinematografia de Stephan Massis (da ótima série francesa, "Engrenages") dão o tom daquela atmosfera moderna de Paris que transforma a vida urbana francesa em sequências e enquadramentos quase poéticos. O que eu quero dizer é que, ao capturar a autenticidade das relações humanas nesse cenário tão particular, especialmente quando confrontadas com as complexidades da ambição e do sucesso, o filme ganha força pela sua realidade quase que cruel. Mas calma, pois a abordagem do diretor pretende explorar muito mais as nuances da amizade e do ego com uma visão única sobre as escolhas que fazemos quando estamos buscando a felicidade que percebemos no outro, do que o embate constrangedor de quem não tem nada para nos acrescentar durante a vida (embora eu, no lugar da protagonista, não sei se teria tanta paciência)!
Acredite, "Um Brinde ao Sucesso" é mais um dos tesouros escondidos nas plataformas de streaming que merece o seu play!
"Um Reencontro" é um típico romance francês - daqueles que assistimos sorrindo. Se você busca um filme sobre relações, leve, bem escrito, bem dirigido e bastante despretensioso, pode dar o play sem receio que sua diversão está garantida e também pode ter certeza: ele vai te provocar deliciosas memórias!
Pierre (François Cluzet) é um advogado criminalista reconhecido, casado há mais de 15 anos e que sempre coloca a família em primeiro lugar. Elsa (Sophie Marceau) é uma escritora recém-saída de um divórcio com dois filhos adolescentes e que vive um bom momento profissional. Um relacionamento amoroso entre os dois, portanto, seria proibido, mas desde a primeira troca de olhares, algo mudou na vida dos dois. Agora, eles terão que decidir se seguem esse desejo e essa paixão ou se param enquanto conseguem resistir um ao outro. Confira o trailer:
Essa história escrita e dirigida pela francesa Lisa Azuelos (que também faz uma interessante participação como Anne, a mulher de Pierre) tem um elemento, que por sinal é explicado rapidamente durante o filme e que não tem a menor intenção de fazer dessa premissa uma verdade absoluta como em "As Leis da Termodinâmica", que remete à física quântica. Veja, se um átomo pode estar em diferentes lugares ao mesmo tempo, consequentemente, é possível que existam trajetórias diferentes ao mesmo tempo. Transportando para um relacionamento, diferentes possibilidades a partir de uma única ação não é algo tão absurdo - tanto que o livro que a personagem Elsa está lançando na ficção é intitulado “Homem Quântico”.
Feito esse disclaimer, "Um Reencontro" constrói sua narrativa em cima de algumas possibilidades a cada reencontro de Pierre e Elsa, respeitando uma ideia clara de "e se?" e assim se divertindo com todas as suspensões de realidade que um romance permitiria ter. Visualmente, Azuelos se alinha com o mesmo conceito: sua câmera passeia pelas reações dos protagonistas com uma delicadeza e sensibilidade impressionantes. Se os planos são fechamos, entendemos seus desejos mais íntimos; se plano está mais aberto, o que vemos é a confusão entre "razão" e "coração" que ambos precisam lidar a cada encontro. As transições entre essas duas situações, inclusive, são, além de criativas, tecnicamente muito bem executadas, criando um dinâmica muito bacana de assistir.
Tanto Marceau quanto François estão perfeitos - existe uma química entre os dois de dar inveja! A trilha sonora ajuda, e muito, na construção dessa relação e é um espetáculo a parte. Reparem como a montagem, responsabilidade de Stan Collet e Karine Prido, encaixa ótimos diálogos com essa trilha empolgante a partir de cortes precisos, dando um ar de modernidade diferenciado ao filme - além de reforçar a ideia sobre as diferentes possibilidades de uma relação entre dois personagens apaixonados que não podem se envolver - nesse sentido, as referência da literatura também estão no roteiro. Eu diria que é o clássico do conteúdo com a modernidade da forma! Funciona!
"Um Reencontro" vale muito a pena mesmo!
"Um Reencontro" é um típico romance francês - daqueles que assistimos sorrindo. Se você busca um filme sobre relações, leve, bem escrito, bem dirigido e bastante despretensioso, pode dar o play sem receio que sua diversão está garantida e também pode ter certeza: ele vai te provocar deliciosas memórias!
Pierre (François Cluzet) é um advogado criminalista reconhecido, casado há mais de 15 anos e que sempre coloca a família em primeiro lugar. Elsa (Sophie Marceau) é uma escritora recém-saída de um divórcio com dois filhos adolescentes e que vive um bom momento profissional. Um relacionamento amoroso entre os dois, portanto, seria proibido, mas desde a primeira troca de olhares, algo mudou na vida dos dois. Agora, eles terão que decidir se seguem esse desejo e essa paixão ou se param enquanto conseguem resistir um ao outro. Confira o trailer:
Essa história escrita e dirigida pela francesa Lisa Azuelos (que também faz uma interessante participação como Anne, a mulher de Pierre) tem um elemento, que por sinal é explicado rapidamente durante o filme e que não tem a menor intenção de fazer dessa premissa uma verdade absoluta como em "As Leis da Termodinâmica", que remete à física quântica. Veja, se um átomo pode estar em diferentes lugares ao mesmo tempo, consequentemente, é possível que existam trajetórias diferentes ao mesmo tempo. Transportando para um relacionamento, diferentes possibilidades a partir de uma única ação não é algo tão absurdo - tanto que o livro que a personagem Elsa está lançando na ficção é intitulado “Homem Quântico”.
Feito esse disclaimer, "Um Reencontro" constrói sua narrativa em cima de algumas possibilidades a cada reencontro de Pierre e Elsa, respeitando uma ideia clara de "e se?" e assim se divertindo com todas as suspensões de realidade que um romance permitiria ter. Visualmente, Azuelos se alinha com o mesmo conceito: sua câmera passeia pelas reações dos protagonistas com uma delicadeza e sensibilidade impressionantes. Se os planos são fechamos, entendemos seus desejos mais íntimos; se plano está mais aberto, o que vemos é a confusão entre "razão" e "coração" que ambos precisam lidar a cada encontro. As transições entre essas duas situações, inclusive, são, além de criativas, tecnicamente muito bem executadas, criando um dinâmica muito bacana de assistir.
Tanto Marceau quanto François estão perfeitos - existe uma química entre os dois de dar inveja! A trilha sonora ajuda, e muito, na construção dessa relação e é um espetáculo a parte. Reparem como a montagem, responsabilidade de Stan Collet e Karine Prido, encaixa ótimos diálogos com essa trilha empolgante a partir de cortes precisos, dando um ar de modernidade diferenciado ao filme - além de reforçar a ideia sobre as diferentes possibilidades de uma relação entre dois personagens apaixonados que não podem se envolver - nesse sentido, as referência da literatura também estão no roteiro. Eu diria que é o clássico do conteúdo com a modernidade da forma! Funciona!
"Um Reencontro" vale muito a pena mesmo!
"Uma Ideia de Você" é uma graça - daquele tipo de comédia romântica leve e divertida que você assiste com um leve sorriso no rosto bem ao estilo "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou até "Yesterday". Dito isso, não espere muitas novidades narrativas no filme do diretor Michael Showalter (de "Os olhos de Tammy Faye") ao mesmo tempo que também é preciso elogiar sua capacidade de equilibrar uma certa atmosfera pop com uma certa crítica perante uma sociedade tão moderninha quanto hipócrita. Se basicamente essa ótima adaptação do livro homônimo de Robinne Lee soa como uma releitura atual de "Notting Hill" em sua essência, posso te garantir que assistir a história de amor de Solène e Hayes deve sim arrancar alguns suspiros de sua audiência.
"The Idea of You" (no original), basicamente, gira em torno de Solène (Anne Hathaway), uma mãe solteira de 40 anos que embarca em um romance inesperado com Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), o vocalista de 24 anos da August Moon, a boy band mais popular do planeta. No entanto, o que poderia ser uma linda e feliz história de amor, rapidamente se transforma em uma relação insustentável devido a fama da Campbell, o preconceito dos fãs perante Solène e a falta de privacidade que o casal precisa enfrentar. Confira o trailer:
Pode soar até pretensioso demais, mas "Uma Ideia de Você"não se contenta em ser apenas mais uma comédia romântica água com açúcar usual. Embora sua estrutura narrativa e seu conceito visual indiquem isso, basta olhar um pouco mais atento para o roteiro escrito pelo próprio diretor Michael Showalter ao lado da autora Robinne Lee e da roteiristaJennifer Westfeldt (da série "The First Lady"), para perceber que o filme sabe explorar com alguma sensibilidade temas como a diferença de idade nas relações, a pressão da mídia em tempos de rede social, a busca pela felicidade após um divórcio traumático e, claro, a importância de seguir seus sonhos mesmo quando tudo indica que esse não será o caminho mais tranquilo. Com um roteiro inteligente e bem escrito, saiba que o filme não foge da premissa fantasiosa e dos clichês com aquele toque de sensualidade, para contar uma história improvável de uma pessoa comum que se apaixona por uma celebridade. Se o filme não é tão original assim, tenha certeza que pelo menos ele te fará rir, chorar e até refletir sobre a vida - mas de um forma leve, ou seja, nada parecido como "Nasce uma Estrela", por exemplo.
A fotografia de "Uma Ideia de Você" é linda e colorida, capturando a energia vibrante da indústria musical - especialmente dos grandes concertos de pop. Jim Frohna (de "Big Little Lies") e o montadorPeter Teschner (de "Estrelas Além do Tempo"), estão alinhados com o estilo mais naturalista de Showalter - reparem na atenção aos detalhes e nas sensações que algumas cenas provocam. Existe uma beleza estética que lembra um filme mais autoral, independente. Sempre filmadas com lentes mais fechadas, recortadas por planos-detalhes rápidos, muitas vezes até sem uma trilha sonora ao fundo, algumas cenas expressam tanto sobre os personagens que é impossível não nos relacionarmos intimamente com eles.
É fácil perceber a química entre Hathaway e Galitzine - é inegável que os dois levam o filme para outro patamar! É possível que a comparação com Hugh Grant e com Julia Roberts soe desleal nesse sentido, mas não se pode deixar de lado a forma como Hathaway entrega uma performance comovente e divertida e como Galitzine nos surpreende com seu carisma e talento - eu prestaria mais atenção nesse rapaz. O fato é que "Uma Ideia de Você" realmente diverte com sua leveza e emoção e te conquista com sua simplicidade e sensibilidade. Ele poderia ser mais impactante se tivesse a coragem de seguir uma certa lógica em seu terceiro ato? Sim, mas aí não seria uma comédia romântica raiz com cara de sábado a tarde chuvoso, embaixo do cobertor e com um bom balde de pipoca na mão!
Vale muito o seu play
"Uma Ideia de Você" é uma graça - daquele tipo de comédia romântica leve e divertida que você assiste com um leve sorriso no rosto bem ao estilo "Um Lugar Chamado Notting Hill" ou até "Yesterday". Dito isso, não espere muitas novidades narrativas no filme do diretor Michael Showalter (de "Os olhos de Tammy Faye") ao mesmo tempo que também é preciso elogiar sua capacidade de equilibrar uma certa atmosfera pop com uma certa crítica perante uma sociedade tão moderninha quanto hipócrita. Se basicamente essa ótima adaptação do livro homônimo de Robinne Lee soa como uma releitura atual de "Notting Hill" em sua essência, posso te garantir que assistir a história de amor de Solène e Hayes deve sim arrancar alguns suspiros de sua audiência.
"The Idea of You" (no original), basicamente, gira em torno de Solène (Anne Hathaway), uma mãe solteira de 40 anos que embarca em um romance inesperado com Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), o vocalista de 24 anos da August Moon, a boy band mais popular do planeta. No entanto, o que poderia ser uma linda e feliz história de amor, rapidamente se transforma em uma relação insustentável devido a fama da Campbell, o preconceito dos fãs perante Solène e a falta de privacidade que o casal precisa enfrentar. Confira o trailer:
Pode soar até pretensioso demais, mas "Uma Ideia de Você"não se contenta em ser apenas mais uma comédia romântica água com açúcar usual. Embora sua estrutura narrativa e seu conceito visual indiquem isso, basta olhar um pouco mais atento para o roteiro escrito pelo próprio diretor Michael Showalter ao lado da autora Robinne Lee e da roteiristaJennifer Westfeldt (da série "The First Lady"), para perceber que o filme sabe explorar com alguma sensibilidade temas como a diferença de idade nas relações, a pressão da mídia em tempos de rede social, a busca pela felicidade após um divórcio traumático e, claro, a importância de seguir seus sonhos mesmo quando tudo indica que esse não será o caminho mais tranquilo. Com um roteiro inteligente e bem escrito, saiba que o filme não foge da premissa fantasiosa e dos clichês com aquele toque de sensualidade, para contar uma história improvável de uma pessoa comum que se apaixona por uma celebridade. Se o filme não é tão original assim, tenha certeza que pelo menos ele te fará rir, chorar e até refletir sobre a vida - mas de um forma leve, ou seja, nada parecido como "Nasce uma Estrela", por exemplo.
A fotografia de "Uma Ideia de Você" é linda e colorida, capturando a energia vibrante da indústria musical - especialmente dos grandes concertos de pop. Jim Frohna (de "Big Little Lies") e o montadorPeter Teschner (de "Estrelas Além do Tempo"), estão alinhados com o estilo mais naturalista de Showalter - reparem na atenção aos detalhes e nas sensações que algumas cenas provocam. Existe uma beleza estética que lembra um filme mais autoral, independente. Sempre filmadas com lentes mais fechadas, recortadas por planos-detalhes rápidos, muitas vezes até sem uma trilha sonora ao fundo, algumas cenas expressam tanto sobre os personagens que é impossível não nos relacionarmos intimamente com eles.
É fácil perceber a química entre Hathaway e Galitzine - é inegável que os dois levam o filme para outro patamar! É possível que a comparação com Hugh Grant e com Julia Roberts soe desleal nesse sentido, mas não se pode deixar de lado a forma como Hathaway entrega uma performance comovente e divertida e como Galitzine nos surpreende com seu carisma e talento - eu prestaria mais atenção nesse rapaz. O fato é que "Uma Ideia de Você" realmente diverte com sua leveza e emoção e te conquista com sua simplicidade e sensibilidade. Ele poderia ser mais impactante se tivesse a coragem de seguir uma certa lógica em seu terceiro ato? Sim, mas aí não seria uma comédia romântica raiz com cara de sábado a tarde chuvoso, embaixo do cobertor e com um bom balde de pipoca na mão!
Vale muito o seu play
"Upload", nova série produzida pela Amazon para o seu Prime Vídeo, poderia ser, tranquilamente, um episódio engraçadinho (com uma ótima discussão existencial) de "Black Mirror" - já com grande potencial para um spin-offcomo "Nosedive" ou "San Junipero". Embora minha preferência seja pelos episódios mais dramáticos da série, é inegável que, desde sua criação, "Black Mirror" trás em seu DNA essa alternância inteligente e criativa entre gêneros. "Upload" não é uma antologia episódica, mas se aproveita dessa mesma estratégia para estabelecer seu universo e transitar entre vários temas, tendo como pano de fundo a tecnologia - e como tom, um certo sarcasmo!
Nathan Brown (Robbie Amell) é um jovem programador que, após sofrer um acidente bastante suspeito em um carro autônomo, tem seu "upload" feito para viver em uma espécie de paraíso tecnológico chamado Lakeview. Lá, ele percebe que a experiência pós-vida, exaustivamente anunciada pelo marketing da empresa "Horizon", não é tão perfeita quanto ele imaginava. Caro e vigiado por uma espécie de serviço de assistência 24h, chamado "Angel", Nathan percebe que estar alí não é um privilégio e sim a solução que sua namorada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards) encontrou para manter seu relacionamento eternamente - já que a interação entre vivos e "mortos" funciona através de Realidade Virtual. Confira o trailer (em inglês):
"Upload" é uma mistura de "Black Mirror" (Netflix) com "Silicon Valley" (HBO) já que toda tecnologia nos é apresentada em uma versão (propositalmente) exagerada e com várias referências que, para os amantes desse universo, serão facilmente percebidas. Além disso, o roteiro insere várias situações que funcionam como uma espécie de crítica social - a própria contratação dos planos para viver nessa "eternidade virtual" se baseia em elementos que estamos bem acostumados, como a diferença entre aqueles que podem se dar ao luxo de comprar um pacote de dados ilimitados e outros que usam um "pré-pago" de 2GB que limitam suas ações e travam sua existência até o mês seguinte assim que o pacote acaba. De fato esses paralelos são divertidos e transformaram essa primeira temporada em um ótimo (e leve) entretenimento.
Criada por Greg Daniels, roteirista com passagens por "Os Simpsons" e "Saturday Night Live", e também responsável pela criação de sucessos como "The Office" e "Parks and Recreation" , "Upload" acerta ao equilibrar seu conteúdo com a forma: todas as discussões sociais e referências tecnológicas são pontuadas através da comédia pastelão, enquanto a trama principal esconde um certo mistério, quase policial; e a relação entre Nathan Brown e seu "anjo" Nora (Andy Allo) dão aquele toque final e frescor de uma comédia romântica - muitos podem até achar uma falta de identidade do roteiro, mas na minha interpretação, a série da Amazon aproveita dessa variação de gêneros como uma estratégia narrativa para criar uma ótima dinâmica ao mesmo tempo que nos mantém curiosos durante toda temporada.
Muito bem produzida, alternando (propositalmente também) ótimos efeitos visuais com outros extremamente toscos, "Upload" é um ótimo exemplo de alinhamento conceitual entre roteiro, direção e interpretação. Robbie Amell e Andy Allo estão excelentes nos papéis Nathan e Nora, com uma química invejável. Destaco também o trabalho de Kevin Bigley como o "sem noção" Luke e o ótimo Rhys Slack como Dylan.
Olha, posso dizer tranquilamente que a série me surpreendeu em vários aspectos e, mesmo não sendo meu gênero preferido, acabou me conquistando. A segunda temporada já foi confirmada pela Amazon e a esperança é que mantenha sua qualidade e, quem sabe, não desperdice tantas oportunidades de se aprofundar em alguns temas de maneira divertida e criativa - da mesma forma como foi capaz de apresentar ótimos personagens. Dez episódios de 30 minutos é a dose perfeita para esse tipo de série e "Upload" soube aproveitar desse formato muito bem! Não perca mais tempo e divirta-se!
"Upload", nova série produzida pela Amazon para o seu Prime Vídeo, poderia ser, tranquilamente, um episódio engraçadinho (com uma ótima discussão existencial) de "Black Mirror" - já com grande potencial para um spin-offcomo "Nosedive" ou "San Junipero". Embora minha preferência seja pelos episódios mais dramáticos da série, é inegável que, desde sua criação, "Black Mirror" trás em seu DNA essa alternância inteligente e criativa entre gêneros. "Upload" não é uma antologia episódica, mas se aproveita dessa mesma estratégia para estabelecer seu universo e transitar entre vários temas, tendo como pano de fundo a tecnologia - e como tom, um certo sarcasmo!
Nathan Brown (Robbie Amell) é um jovem programador que, após sofrer um acidente bastante suspeito em um carro autônomo, tem seu "upload" feito para viver em uma espécie de paraíso tecnológico chamado Lakeview. Lá, ele percebe que a experiência pós-vida, exaustivamente anunciada pelo marketing da empresa "Horizon", não é tão perfeita quanto ele imaginava. Caro e vigiado por uma espécie de serviço de assistência 24h, chamado "Angel", Nathan percebe que estar alí não é um privilégio e sim a solução que sua namorada Ingrid Kannerman (Allegra Edwards) encontrou para manter seu relacionamento eternamente - já que a interação entre vivos e "mortos" funciona através de Realidade Virtual. Confira o trailer (em inglês):
"Upload" é uma mistura de "Black Mirror" (Netflix) com "Silicon Valley" (HBO) já que toda tecnologia nos é apresentada em uma versão (propositalmente) exagerada e com várias referências que, para os amantes desse universo, serão facilmente percebidas. Além disso, o roteiro insere várias situações que funcionam como uma espécie de crítica social - a própria contratação dos planos para viver nessa "eternidade virtual" se baseia em elementos que estamos bem acostumados, como a diferença entre aqueles que podem se dar ao luxo de comprar um pacote de dados ilimitados e outros que usam um "pré-pago" de 2GB que limitam suas ações e travam sua existência até o mês seguinte assim que o pacote acaba. De fato esses paralelos são divertidos e transformaram essa primeira temporada em um ótimo (e leve) entretenimento.
Criada por Greg Daniels, roteirista com passagens por "Os Simpsons" e "Saturday Night Live", e também responsável pela criação de sucessos como "The Office" e "Parks and Recreation" , "Upload" acerta ao equilibrar seu conteúdo com a forma: todas as discussões sociais e referências tecnológicas são pontuadas através da comédia pastelão, enquanto a trama principal esconde um certo mistério, quase policial; e a relação entre Nathan Brown e seu "anjo" Nora (Andy Allo) dão aquele toque final e frescor de uma comédia romântica - muitos podem até achar uma falta de identidade do roteiro, mas na minha interpretação, a série da Amazon aproveita dessa variação de gêneros como uma estratégia narrativa para criar uma ótima dinâmica ao mesmo tempo que nos mantém curiosos durante toda temporada.
Muito bem produzida, alternando (propositalmente também) ótimos efeitos visuais com outros extremamente toscos, "Upload" é um ótimo exemplo de alinhamento conceitual entre roteiro, direção e interpretação. Robbie Amell e Andy Allo estão excelentes nos papéis Nathan e Nora, com uma química invejável. Destaco também o trabalho de Kevin Bigley como o "sem noção" Luke e o ótimo Rhys Slack como Dylan.
Olha, posso dizer tranquilamente que a série me surpreendeu em vários aspectos e, mesmo não sendo meu gênero preferido, acabou me conquistando. A segunda temporada já foi confirmada pela Amazon e a esperança é que mantenha sua qualidade e, quem sabe, não desperdice tantas oportunidades de se aprofundar em alguns temas de maneira divertida e criativa - da mesma forma como foi capaz de apresentar ótimos personagens. Dez episódios de 30 minutos é a dose perfeita para esse tipo de série e "Upload" soube aproveitar desse formato muito bem! Não perca mais tempo e divirta-se!
Antes de iniciar esse review, uma pergunta: você mentiria para seu companheiro com o intuito de não desmotivá-lo perante uma jornada? Pois bem, é na tentativa de responder essa pergunta capciosa que a diretora e roteirista Nicole Holofcener (dos excelentes "Mrs. Fletcher" e "Togetherness") constrói um retrato ácido e comovente sobre as relações e as complexidades do casamento pela perspectiva da insegurança e da busca pela validação mesmo depois de uma certa idade. "Verdades Dolorosas" é um filme leve, divertido, mas muito realista - tão realista que não serão poucas as vezes que você vai se pegar rindo de si mesma ao se ver retratada na tela. Mas fica um aviso: ao melhor estilo Woody Allen, o filme ambientado em Nova York é quase uma crônica sobre as neuroses e os dilemas da classe média alta que, mais do que nos divertir, nos convida para ótimas reflexões, ou seja, é preciso gostar desse estilo narrativo onde o charme da história está naquilo com que nos identificamos, não necessariamente naquilo que estamos assistindo.
Protagonizado pela icônica Julia Louis-Dreyfus (de "Veep") e pelo versátil Tobias Menzies (de "The Crown" e "Game of Thrones"), "You Hurt My Feelings" (no original) acompanha a jornada de Beth, uma romancista de sucesso, e Don, seu marido, em uma vida aparentemente perfeita, mas que começa a ruir quando ela acidentalmente ouve ele criticando seu novo livro de forma brutal e honesta, mesmo dizendo repetidamente para ela que havia gostado! Confira o trailer:
A partir de um evento aparentemente banal, "Verdades Dolorosas" tece uma narrativa rica em nuances, explorando os meandros da comunicação, a fragilidade do ego e os questionamentos que surgem quando a verdade nua e crua é exposta. Como já havia provado em seus outros trabalhos, Holofcener demonstra maestria na construção de personagens para esse tipo de embate, explorando camadas e ambiguidades que os tornam extremamente humanos e cativantes - daí a facilidade de identificação com as dores e frustrações de cada um deles.
Obviamente que a química entre Louis-Dreyfus e Menzies ajuda muito nessa entrega - a relação de seus personagens é tão palpável quanto suas performances, transbordando sensações e sentimentos repletos de emoção. Veja, o trabalho de Holofcener como diretora (essencialmente de atores) permite que eles transitem com a mesma competência entre a comédia sutil até o drama mais intimista onde percebemos uma real e profunda dor, só que sem pesar muito na mão. Existe uma precisão e uma sensibilidade que somados ao trabalho magistral do fotógrafo Jeffrey Waldron (de "The Morning Show") elevam a qualidade da narrativa colocando-a em outro patamar - o que eu quero dizer é que, por mais que possa parecer bobinha em um primeiro olhar, "Verdades Dolorosas" vai te tocar. Waldron usa uma câmera mais fixa e lentes mais fechadas para criar uma atmosfera intimista e claustrofóbica que reflete o estado emocional dos personagens, enquanto seus planos mais abertos passeiam por uma charmosa e apaixonante Nova York. A trilha sonora mais minimalista, composta por Michael Andrews, sem dúvida, complementa essa atmosfera com notas melancólicas e introspectivas, ao mesmo tempo otimistas e emotivas.
O fato é que "Verdades Dolorosas" não se limita a ser apenas um filme sobre um casamento em crise. Aqui temos uma reflexão profunda (e divertida) sobre a natureza das relações verdadeiramente sinceras, senão pelas palavras, pelo receio de magoar quem realmente amamos. Discussões sobre a busca pela aprovação do outro e a importância de uma comunicação honesta em qualquer relacionamento estão ali, mas acredite: a beleza desse filme está no entendimento de que a última coisa que queremos é magoar aqueles que escolhemos para dividir essa jornada complicada chamada vida!
Vale seu play!
Antes de iniciar esse review, uma pergunta: você mentiria para seu companheiro com o intuito de não desmotivá-lo perante uma jornada? Pois bem, é na tentativa de responder essa pergunta capciosa que a diretora e roteirista Nicole Holofcener (dos excelentes "Mrs. Fletcher" e "Togetherness") constrói um retrato ácido e comovente sobre as relações e as complexidades do casamento pela perspectiva da insegurança e da busca pela validação mesmo depois de uma certa idade. "Verdades Dolorosas" é um filme leve, divertido, mas muito realista - tão realista que não serão poucas as vezes que você vai se pegar rindo de si mesma ao se ver retratada na tela. Mas fica um aviso: ao melhor estilo Woody Allen, o filme ambientado em Nova York é quase uma crônica sobre as neuroses e os dilemas da classe média alta que, mais do que nos divertir, nos convida para ótimas reflexões, ou seja, é preciso gostar desse estilo narrativo onde o charme da história está naquilo com que nos identificamos, não necessariamente naquilo que estamos assistindo.
Protagonizado pela icônica Julia Louis-Dreyfus (de "Veep") e pelo versátil Tobias Menzies (de "The Crown" e "Game of Thrones"), "You Hurt My Feelings" (no original) acompanha a jornada de Beth, uma romancista de sucesso, e Don, seu marido, em uma vida aparentemente perfeita, mas que começa a ruir quando ela acidentalmente ouve ele criticando seu novo livro de forma brutal e honesta, mesmo dizendo repetidamente para ela que havia gostado! Confira o trailer:
A partir de um evento aparentemente banal, "Verdades Dolorosas" tece uma narrativa rica em nuances, explorando os meandros da comunicação, a fragilidade do ego e os questionamentos que surgem quando a verdade nua e crua é exposta. Como já havia provado em seus outros trabalhos, Holofcener demonstra maestria na construção de personagens para esse tipo de embate, explorando camadas e ambiguidades que os tornam extremamente humanos e cativantes - daí a facilidade de identificação com as dores e frustrações de cada um deles.
Obviamente que a química entre Louis-Dreyfus e Menzies ajuda muito nessa entrega - a relação de seus personagens é tão palpável quanto suas performances, transbordando sensações e sentimentos repletos de emoção. Veja, o trabalho de Holofcener como diretora (essencialmente de atores) permite que eles transitem com a mesma competência entre a comédia sutil até o drama mais intimista onde percebemos uma real e profunda dor, só que sem pesar muito na mão. Existe uma precisão e uma sensibilidade que somados ao trabalho magistral do fotógrafo Jeffrey Waldron (de "The Morning Show") elevam a qualidade da narrativa colocando-a em outro patamar - o que eu quero dizer é que, por mais que possa parecer bobinha em um primeiro olhar, "Verdades Dolorosas" vai te tocar. Waldron usa uma câmera mais fixa e lentes mais fechadas para criar uma atmosfera intimista e claustrofóbica que reflete o estado emocional dos personagens, enquanto seus planos mais abertos passeiam por uma charmosa e apaixonante Nova York. A trilha sonora mais minimalista, composta por Michael Andrews, sem dúvida, complementa essa atmosfera com notas melancólicas e introspectivas, ao mesmo tempo otimistas e emotivas.
O fato é que "Verdades Dolorosas" não se limita a ser apenas um filme sobre um casamento em crise. Aqui temos uma reflexão profunda (e divertida) sobre a natureza das relações verdadeiramente sinceras, senão pelas palavras, pelo receio de magoar quem realmente amamos. Discussões sobre a busca pela aprovação do outro e a importância de uma comunicação honesta em qualquer relacionamento estão ali, mas acredite: a beleza desse filme está no entendimento de que a última coisa que queremos é magoar aqueles que escolhemos para dividir essa jornada complicada chamada vida!
Vale seu play!
"Viver duas vezes" é um filme interessante, pois ele transita entre a comédia e o drama em um piscar de olhos e isso, sem dúvida, nos provoca os mais diversos sentimentos - o que para um filme como esse, não poderia ser um melhor elogio. Esse filme espanhol (mais um dos bons) conta a história de um professor de matemática aposentado chamado Emilio (Oscar Martínez do excelente "O Cidadão Ilustre"). Mal humorado, metódico e completamente avesso ao uso de tecnologia, Emilio é um homem solitário que se contenta com uma vida pacata, tranquila, onde seus momentos de prazer se resumem em comer um pão com tomate e jogar Sudoku (que ele insiste em chamar de quadrado mágico) no seu Café preferido em Valência. Porém, sua vida vira de ponta cabeça quando ele é diagnosticado com Alzheimer. Resiliente com sua condição ele resolve procurar pelo seu grande amor adolescente antes que possa esquecê-la definitivamente por causa da doença. Confira o trailer, dublado:
Além de um Oscar Martínez brilhante como é de costume, o grande mérito de "Viver duas vezes" é, sem dúvida, a forma como a roteirista María Mínguez trata o assunto da doença e como a diretora Maria Ripoll imprime leveza e bom humor durante toda a jornada de Emilio na sua busca por Margarita (Isabel Requena). Enquanto Emilio não demonstra nenhum tipo de auto-piedade, sua neta Blanca (a divertida Mafalda Carbonell), uma pré-adolescente com deficiência física, escarancara uma relação verdadeira recheada de ironias e provocações bem humoradas devido as respectivas condições. O roteiro trás diálogos tão inteligentes que equilibra de uma forma magistral a comédia de situações e relações familiares com o drama e angustia da ação devastadora da doença! Olha, vale muito a pena - talvez o finalzinho deixe um pouco a desejar pela necessidade de entregar uma mensagem de amor, mas de resto é uma excelente pedida!
"Viver duas vezes" se apoia no trabalho do elenco sem deixar de valorizar um ótimo roteiro e uma direção bastante competente. Peço licença para repetir uma passagem que escrevi no review da série "O Método Kominsky" e que se encaixa perfeitamente aqui: "O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento ao lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade)". Reparem na forma como as relações são discutidas: entre marido e mulher, entre pai e filha, entre vô e neta; ou como a dinâmica social atual e escolhas pessoais fundamentadas na superficialidade são discutidas quando Blanca comenta sobre a profissão de Coach do pai: “É uma profissão que ele inventou para não admitir que está desempregado”. E até quando Emilio comenta sobre a profissão que a filha insiste em contextualizar como mais importante do que realmente é, apenas para impressionar os outros ou ganhar algum respeito!
Porém, nem tudo é perfeito! A crise no casamento entre Julia (Inma Cuesta) e Felipe (Nacho López) ou a descoberta do namorado virtual de Blanca e ainda a progressão da doença de Emilio no final do filme, poderiam ser melhor trabalhados. Algumas soluções narrativas não me agradaram: a maneira como Blanca consegue o endereço verdadeiro de Margarita é um bom exemplo - sem falar na cena do casamento, completamente dispensável, não fosse o alivio dramático que ela gerou na introdução do terceiro ato. Outro elemento muito bacana e que joga o filme lá para cima é a fotografia da diretora Núria Roldos (de "Merlí") - é impossível não desejar conhecer o visual deslumbrante de Valência e Navarra, na Espanha.
"Viver duas vezes" é um filme muito bacana, com muito mais acertos do que falhas. É uma dramédia característica do novo cinema espanhol e que vai conquistar muitos assinantes da Netflix. Se não tem a delicadeza ou a profundidade do cinema francês em filmes como "O melhor está por vir" ou "Intocáveis" tem o humor ácido e inteligente de "O Cidadão Ilustre" ou do argentino "Minha Obra-Prima". Pode dar o play sem o menor receio que a diversão e a emoção estão garantidos!
"Viver duas vezes" é um filme interessante, pois ele transita entre a comédia e o drama em um piscar de olhos e isso, sem dúvida, nos provoca os mais diversos sentimentos - o que para um filme como esse, não poderia ser um melhor elogio. Esse filme espanhol (mais um dos bons) conta a história de um professor de matemática aposentado chamado Emilio (Oscar Martínez do excelente "O Cidadão Ilustre"). Mal humorado, metódico e completamente avesso ao uso de tecnologia, Emilio é um homem solitário que se contenta com uma vida pacata, tranquila, onde seus momentos de prazer se resumem em comer um pão com tomate e jogar Sudoku (que ele insiste em chamar de quadrado mágico) no seu Café preferido em Valência. Porém, sua vida vira de ponta cabeça quando ele é diagnosticado com Alzheimer. Resiliente com sua condição ele resolve procurar pelo seu grande amor adolescente antes que possa esquecê-la definitivamente por causa da doença. Confira o trailer, dublado:
Além de um Oscar Martínez brilhante como é de costume, o grande mérito de "Viver duas vezes" é, sem dúvida, a forma como a roteirista María Mínguez trata o assunto da doença e como a diretora Maria Ripoll imprime leveza e bom humor durante toda a jornada de Emilio na sua busca por Margarita (Isabel Requena). Enquanto Emilio não demonstra nenhum tipo de auto-piedade, sua neta Blanca (a divertida Mafalda Carbonell), uma pré-adolescente com deficiência física, escarancara uma relação verdadeira recheada de ironias e provocações bem humoradas devido as respectivas condições. O roteiro trás diálogos tão inteligentes que equilibra de uma forma magistral a comédia de situações e relações familiares com o drama e angustia da ação devastadora da doença! Olha, vale muito a pena - talvez o finalzinho deixe um pouco a desejar pela necessidade de entregar uma mensagem de amor, mas de resto é uma excelente pedida!
"Viver duas vezes" se apoia no trabalho do elenco sem deixar de valorizar um ótimo roteiro e uma direção bastante competente. Peço licença para repetir uma passagem que escrevi no review da série "O Método Kominsky" e que se encaixa perfeitamente aqui: "O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento ao lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade)". Reparem na forma como as relações são discutidas: entre marido e mulher, entre pai e filha, entre vô e neta; ou como a dinâmica social atual e escolhas pessoais fundamentadas na superficialidade são discutidas quando Blanca comenta sobre a profissão de Coach do pai: “É uma profissão que ele inventou para não admitir que está desempregado”. E até quando Emilio comenta sobre a profissão que a filha insiste em contextualizar como mais importante do que realmente é, apenas para impressionar os outros ou ganhar algum respeito!
Porém, nem tudo é perfeito! A crise no casamento entre Julia (Inma Cuesta) e Felipe (Nacho López) ou a descoberta do namorado virtual de Blanca e ainda a progressão da doença de Emilio no final do filme, poderiam ser melhor trabalhados. Algumas soluções narrativas não me agradaram: a maneira como Blanca consegue o endereço verdadeiro de Margarita é um bom exemplo - sem falar na cena do casamento, completamente dispensável, não fosse o alivio dramático que ela gerou na introdução do terceiro ato. Outro elemento muito bacana e que joga o filme lá para cima é a fotografia da diretora Núria Roldos (de "Merlí") - é impossível não desejar conhecer o visual deslumbrante de Valência e Navarra, na Espanha.
"Viver duas vezes" é um filme muito bacana, com muito mais acertos do que falhas. É uma dramédia característica do novo cinema espanhol e que vai conquistar muitos assinantes da Netflix. Se não tem a delicadeza ou a profundidade do cinema francês em filmes como "O melhor está por vir" ou "Intocáveis" tem o humor ácido e inteligente de "O Cidadão Ilustre" ou do argentino "Minha Obra-Prima". Pode dar o play sem o menor receio que a diversão e a emoção estão garantidos!
"Volta pra Mim" é a típica comédia romântica, onde um texto leve, divertido a aparentemente despretensioso esconde boas reflexões - então eu recomendo: não menospreze a história pelo seu primeiro ato, com o tempo ela melhora e proporciona uma ótima experiência para quem gosta do gênero (mesmo achando, e essa é uma opinião muito pessoal, que o filme poderia ter terminado 15 minutos antes).
Peter (Charlie Day) e Emma (Jenny Slate) pensaram que estavam a um passo de viver os maiores momentos da vida – casamento, filhos e casa no subúrbio – até que seus respectivos parceiros, Noah (Scott Eastwood) e Anne (Gina Rodriguez), os abandonaram. Horrorizados ao saber que seus parceiros já seguiram em frente, Peter e Emma tramam um plano, para reconquistá-los, mas, claro, os resultados são inesperados. Confira o trailer:
"I Want You Back" (no original) é uma produção da Amazon Studios que aposta em um conceito que já deu certo durante muitos anos e mesmo com toda previsibilidade do roteiro (que nos dias de hoje parece fazer pouco sentido) ainda consegue impactar positivamente a audiência. Em seu segundo filme como diretor, Jason Orley (de "Amizade Adolescente" - que chegou a ser indicado como Melhor Filme em Drama no Festival de Sundance em 2019) deixa claro que conhece bem a gramática cinematográfica de um gênero que foi se transformando através dos anos, mas que parecia ter perdido o equilíbrio entre o "bobinho" e o "cabeça demais". Sem o propósito de criticar esses dois conceitos narrativos, Orley parece transitar bem entre eles e assim nos presentear com uma obra bastante agradável de assistir - mesmo quando cede à tentação do final "felizes para sempre".
Talvez o grande trunfo de "Volta pra Mim" seja seu objetivo oculto: discutir sobre o amadurecimento das pessoas fora de relações que pareciam os deixar no comodismo. Se em determinado momento Noah pergunta para sua ex: “porque você queria tanto voltar pra mim, se parecia sempre tão desmotivada em nossa relação?” e Emma passa a perceber que, de fato, algo dentro de si mudou, pode ter certeza que esse processo não diz respeito apenas àquela personagem - sim, todos nós já nos fizemos essa pergunta e pode reparar: esses momentos de identificação imediata surgem em várias passagens do filme (acredite: isso vai te fazer rir de si mesmo).
Charlie Day e Jenny Slate funcionam como protagonistas, mas demoram para encontrar o tom exato - principalmente Slate. Com o desenrolar da história começam a brilhar e suas performances ajudam o diretor a encontrar aquele equilíbrio que mencionamos acima. Mesmo com passagens menos, digamos, realistas, as situações criadas para simbolizar que na vida nem tudo será sempre divertido ou trágico, trazem um certo frescor para a narrativa. Nesse sentido não espere muita profundidade, mas sim uma história bacana - ao subir os créditos, eu diria que "Volta pra Mim" poderia ser tranquilamente um episódio engraçadinho de "Modern Love" (da mesma Prime Vídeo) ou de "Easy" (da Netflix), então vale o seu play!
"Volta pra Mim" é a típica comédia romântica, onde um texto leve, divertido a aparentemente despretensioso esconde boas reflexões - então eu recomendo: não menospreze a história pelo seu primeiro ato, com o tempo ela melhora e proporciona uma ótima experiência para quem gosta do gênero (mesmo achando, e essa é uma opinião muito pessoal, que o filme poderia ter terminado 15 minutos antes).
Peter (Charlie Day) e Emma (Jenny Slate) pensaram que estavam a um passo de viver os maiores momentos da vida – casamento, filhos e casa no subúrbio – até que seus respectivos parceiros, Noah (Scott Eastwood) e Anne (Gina Rodriguez), os abandonaram. Horrorizados ao saber que seus parceiros já seguiram em frente, Peter e Emma tramam um plano, para reconquistá-los, mas, claro, os resultados são inesperados. Confira o trailer:
"I Want You Back" (no original) é uma produção da Amazon Studios que aposta em um conceito que já deu certo durante muitos anos e mesmo com toda previsibilidade do roteiro (que nos dias de hoje parece fazer pouco sentido) ainda consegue impactar positivamente a audiência. Em seu segundo filme como diretor, Jason Orley (de "Amizade Adolescente" - que chegou a ser indicado como Melhor Filme em Drama no Festival de Sundance em 2019) deixa claro que conhece bem a gramática cinematográfica de um gênero que foi se transformando através dos anos, mas que parecia ter perdido o equilíbrio entre o "bobinho" e o "cabeça demais". Sem o propósito de criticar esses dois conceitos narrativos, Orley parece transitar bem entre eles e assim nos presentear com uma obra bastante agradável de assistir - mesmo quando cede à tentação do final "felizes para sempre".
Talvez o grande trunfo de "Volta pra Mim" seja seu objetivo oculto: discutir sobre o amadurecimento das pessoas fora de relações que pareciam os deixar no comodismo. Se em determinado momento Noah pergunta para sua ex: “porque você queria tanto voltar pra mim, se parecia sempre tão desmotivada em nossa relação?” e Emma passa a perceber que, de fato, algo dentro de si mudou, pode ter certeza que esse processo não diz respeito apenas àquela personagem - sim, todos nós já nos fizemos essa pergunta e pode reparar: esses momentos de identificação imediata surgem em várias passagens do filme (acredite: isso vai te fazer rir de si mesmo).
Charlie Day e Jenny Slate funcionam como protagonistas, mas demoram para encontrar o tom exato - principalmente Slate. Com o desenrolar da história começam a brilhar e suas performances ajudam o diretor a encontrar aquele equilíbrio que mencionamos acima. Mesmo com passagens menos, digamos, realistas, as situações criadas para simbolizar que na vida nem tudo será sempre divertido ou trágico, trazem um certo frescor para a narrativa. Nesse sentido não espere muita profundidade, mas sim uma história bacana - ao subir os créditos, eu diria que "Volta pra Mim" poderia ser tranquilamente um episódio engraçadinho de "Modern Love" (da mesma Prime Vídeo) ou de "Easy" (da Netflix), então vale o seu play!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!