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Amores Brutos

Se você é um leitor que nos acompanha há algum tempo, você sabe quanto apreciamos um cinema que valoriza obras que transcendem a tela, que de fato deixam uma marca e que nos permite horas e horas de conversa assim que os créditos sobem. Pensando nisso, é impossível deixar passar o primeiro filme do vencedor de 4 Oscars, Alejandro G. Iñárritu,  "Amores Brutos"! O filme é simplesmente imperdível, daqueles para ver e rever - e que se por acaso você deixou passar, acredite, deve estar no topo da sua lista de prioridades. Um verdadeiro tour de force cinematográfico, repleto de elementos técnicos e artísticos que o colocam como uma verdadeira obra-prima do cinema contemporâneo - para você ter uma ideia, mais de vinte anos do seu lançamento, ele ainda é considerado um dos melhores filmes de todos tempos. "Amores Brutos" não apenas recebeu reconhecimento da crítica e do público, mas também abriu caminho para uma nova era do cinema latino-americano, estabelecendo Iñárritu como um diretor visionário capaz de nos oferecer experiências intensas e inesquecíveis - e aqui não é diferente!

Aqui temos uma narrativa poderosa e visceral que entrelaça a vida de três personagens diferentes na Cidade do México. Octavio (Gael García Bernal), é um jovem apaixonado que se envolve em lutas ilegais de cães para ganhar dinheiro e fugir com a mulher que ama, sua cunhada Susana (Vanessa Bauche). Ao mesmo tempo, Daniel, um homem de meia-idade vivido por Álvaro Guerrero, enfrenta uma tragédia familiar que o coloca em rota de colisão com Octavio. Já a terceira história gira em torno de El Chivo, um ex-guerrilheiro interpretado por Emilio Echevarría, que encontra um vínculo inesperado com os outros personagens enquanto tenta voltar para sua família. Confira o trailer (em espanhol):

É inegável a qualidade do roteiro do Guillermo Arriaga (de "Babel") em construir tão bem três histórias entrelaçadas que se desenrolam de forma tão inteligente quanto complexa e emocionante. Ao imprimir um conceito extremamente autoral com aquela atmosfera do cinema independente envolvente que se apoia no talento e na criatividade para criar uma narrativa única, Iñárritu se conecta com Arriaga para nos provocar a todo momento, revelando uma certa beleza crua da vida nas ruas da Cidade do México que se mistura com os dramas mais íntimos de cada um dos personagens - olha, é lindo de ver!

Dito isso, fica fácil afirmar que a fotografia do Rodrigo Prieto (de "O Irlandês") é realmente uma verdadeira poesia visual. A maneira como ele captura a realidade da cidade e a beleza oculta das paisagens urbanas, digamos, mais underground, é impressionante. Esse contexto impacta diretamente na performance do elenco - aliás, é de tirar o fôlego como Gael García Bernal entrega uma atuação carregada de paixão e vulnerabilidade. Emilio Echevarría também brilha - seu personagem é profundamente humano na agonia de sua condição e na "moralidade" de suas decisões. A direção de Iñárritu é virtuosa também nesse sentida, já que ele usa de uma narrativa não linear para costurar as histórias desses personagens de maneira que tudo faça sentido em esferas diferentes, mas complementares.

A trilha sonora é outro elemento essencial na experiência da audiência - as músicas evocam uma sensação de melancolia e esperança que complementa perfeitamente o conceito narrativo que o diretor imprime em todo o filme. A montagem do Luis Carballar com o Fernando Pérez Unda e com o próprio Iñárritu, dá o tom dinâmico para esse quebra-cabeça visual - é ela que mantém o ritmo pulsante da narrativa, nos mantendo imersos nas três  histórias com a mesma competência.

"Amores Perros" (no original) aborda temas profundos, como o destino, a redenção e a violência que permeia a vida urbana no inicio dos anos 2000. A maneira como o filme examina as relações humanas em um ambiente tão brutal e caótico oferece uma perspectiva muito particular sobre a complexidade da vida em diversos níveis sociais. "Amores Brutos" é um filme que transcende as barreiras do tempo e da cultura, mantendo sua relevância e impacto mesmo anos após seu lançamento. É uma obra-prima de verdade - que cativa com sua intensidade emocional. Se você busca um filme que desafia, emociona e deixa uma marca duradoura, não esqueça de dar o play. Eu diria que é uma experiência que vai provocar suas emoções e fazer você refletir sobre a beleza e a brutalidade que pode ser a vida.

PS: Essa versão que está na Netflix foi restaurada a partir das cópias originais em 35 mm e passadas para 4k com ajustes de cor e som - tudo aprovado pelo grande Alejandro G. Iñárritu.

Assista Agora

Se você é um leitor que nos acompanha há algum tempo, você sabe quanto apreciamos um cinema que valoriza obras que transcendem a tela, que de fato deixam uma marca e que nos permite horas e horas de conversa assim que os créditos sobem. Pensando nisso, é impossível deixar passar o primeiro filme do vencedor de 4 Oscars, Alejandro G. Iñárritu,  "Amores Brutos"! O filme é simplesmente imperdível, daqueles para ver e rever - e que se por acaso você deixou passar, acredite, deve estar no topo da sua lista de prioridades. Um verdadeiro tour de force cinematográfico, repleto de elementos técnicos e artísticos que o colocam como uma verdadeira obra-prima do cinema contemporâneo - para você ter uma ideia, mais de vinte anos do seu lançamento, ele ainda é considerado um dos melhores filmes de todos tempos. "Amores Brutos" não apenas recebeu reconhecimento da crítica e do público, mas também abriu caminho para uma nova era do cinema latino-americano, estabelecendo Iñárritu como um diretor visionário capaz de nos oferecer experiências intensas e inesquecíveis - e aqui não é diferente!

Aqui temos uma narrativa poderosa e visceral que entrelaça a vida de três personagens diferentes na Cidade do México. Octavio (Gael García Bernal), é um jovem apaixonado que se envolve em lutas ilegais de cães para ganhar dinheiro e fugir com a mulher que ama, sua cunhada Susana (Vanessa Bauche). Ao mesmo tempo, Daniel, um homem de meia-idade vivido por Álvaro Guerrero, enfrenta uma tragédia familiar que o coloca em rota de colisão com Octavio. Já a terceira história gira em torno de El Chivo, um ex-guerrilheiro interpretado por Emilio Echevarría, que encontra um vínculo inesperado com os outros personagens enquanto tenta voltar para sua família. Confira o trailer (em espanhol):

É inegável a qualidade do roteiro do Guillermo Arriaga (de "Babel") em construir tão bem três histórias entrelaçadas que se desenrolam de forma tão inteligente quanto complexa e emocionante. Ao imprimir um conceito extremamente autoral com aquela atmosfera do cinema independente envolvente que se apoia no talento e na criatividade para criar uma narrativa única, Iñárritu se conecta com Arriaga para nos provocar a todo momento, revelando uma certa beleza crua da vida nas ruas da Cidade do México que se mistura com os dramas mais íntimos de cada um dos personagens - olha, é lindo de ver!

Dito isso, fica fácil afirmar que a fotografia do Rodrigo Prieto (de "O Irlandês") é realmente uma verdadeira poesia visual. A maneira como ele captura a realidade da cidade e a beleza oculta das paisagens urbanas, digamos, mais underground, é impressionante. Esse contexto impacta diretamente na performance do elenco - aliás, é de tirar o fôlego como Gael García Bernal entrega uma atuação carregada de paixão e vulnerabilidade. Emilio Echevarría também brilha - seu personagem é profundamente humano na agonia de sua condição e na "moralidade" de suas decisões. A direção de Iñárritu é virtuosa também nesse sentida, já que ele usa de uma narrativa não linear para costurar as histórias desses personagens de maneira que tudo faça sentido em esferas diferentes, mas complementares.

A trilha sonora é outro elemento essencial na experiência da audiência - as músicas evocam uma sensação de melancolia e esperança que complementa perfeitamente o conceito narrativo que o diretor imprime em todo o filme. A montagem do Luis Carballar com o Fernando Pérez Unda e com o próprio Iñárritu, dá o tom dinâmico para esse quebra-cabeça visual - é ela que mantém o ritmo pulsante da narrativa, nos mantendo imersos nas três  histórias com a mesma competência.

"Amores Perros" (no original) aborda temas profundos, como o destino, a redenção e a violência que permeia a vida urbana no inicio dos anos 2000. A maneira como o filme examina as relações humanas em um ambiente tão brutal e caótico oferece uma perspectiva muito particular sobre a complexidade da vida em diversos níveis sociais. "Amores Brutos" é um filme que transcende as barreiras do tempo e da cultura, mantendo sua relevância e impacto mesmo anos após seu lançamento. É uma obra-prima de verdade - que cativa com sua intensidade emocional. Se você busca um filme que desafia, emociona e deixa uma marca duradoura, não esqueça de dar o play. Eu diria que é uma experiência que vai provocar suas emoções e fazer você refletir sobre a beleza e a brutalidade que pode ser a vida.

PS: Essa versão que está na Netflix foi restaurada a partir das cópias originais em 35 mm e passadas para 4k com ajustes de cor e som - tudo aprovado pelo grande Alejandro G. Iñárritu.

Assista Agora

Cassandro

"Cassandro" é sensível em sua temática, mas muito potente em sua mensagem! Dirigido pelo documentarista Roger Ross Williams, vencedor do Oscar pelo curta-metragem "Music by Prudence" e depois indicado pelo longa "Life, Animated", essa ficção é muito feliz ao fazer um recorte certeiro da vida de Saúl Armendáriz, oferecendo uma visão única e emocionante de um lutador gay de luta-livre que precisou vencer o preconceito para se estabelecer como uma verdadeira estrela do entretenimento mexicano nos anos 80 e 90. Saiba que o filme não será uma unanimidade, pela sua forma, com uma pegada mais independente de cinema, como pelo seu conteúdo, muitas vezes provocativo ao extremo - porém é preciso destacar sua abordagem bastante corajosa e autêntica, não apenas explorando a intensidade dos bastidores do mundo da luta livre, como também os desafios da homossexualidade perante as normas sociais da época. Com uma narrativa cativante e uma impecável direção, Williams nos entrega um retrato multifacetado de Cassandro que certamente vai tocar seu coração.

Saúl Armendáriz (Gael García Bernal), um lutador gay de lucha libre de El Paso, alcança a fama internacional depois de criar o personagem "exótico" Cassandro, conhecido como o "Liberace da Lucha Libre". Durante esse processo, no entanto, ele subverte não apenas o mundo machista do entretenimento, como também precisa se assumir perante a própria vida com a ajuda de sua mãe Yocasta (Perla De La Rosa), até que o relacionamento com um homem casado e alguns fantasmas do passado colocam tudo isso a perder. Confira o trailer:

Parta do princípio que "Cassandro" é um olhar profundo sobre a família - de uma relação protetora quase patológica entre mãe e filho até o conflito doloroso com o pai Eduardo (Robert Salas), figura que lhe fez amar o esporte que viraria sua profissão, mas que também deixou a marca da destruição familiar ao abandonar Yocasta quando Saúl ainda era uma criança. Por outro lado existe o simbolismo da luta-livre, que encena a brutalidade e expõe o preconceito dentro e fora do ringue - e é aqui que nasce uma forte amizade com Sabrina (Roberta Colindrez), um encontro proporcionado pela admiração profissional e pelo amor ao esporte, mas que acaba construindo uma nova maneira dele enxergar o mundo que vive. 

Na realidade, a força do filme não está apenas na história cativante de um personagem realmente interessante, complexo e real, mas também na maestria técnica e artística com que Williams conduz sua narrativa. Ao lado do fotógrafo argentino Matias Penachino (de "Tiempo Compartido"), o diretor entrega um conceito visual muito impactante e extremamente imersivo, mesmo com um aspecto 4:3 (aquele das TVs de antigamente, capturando a intensidade das lutas ao mesmo tempo que mergulha na vulnerabilidade do protagonista fora do ringue. A trilha sonora, aliás, aprimora essa atmosfera, nos conectando emocionalmente e proporcionando para Gael García Bernal todas as ferramentas para que ele possa brilhar de verdade - e como ele brilha! Performance digna de indicação ao Oscar, eu arriscaria.

Existe uma pesquisa meticulosa, facilmente percebida na relação: direção de arte / roteiro / direção - são tantos detalhes que em muitos momentos acreditamos que estamos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena da entrevista entre "El Hijo del Santo" (o original) e o lutador é um excelente exemplo dessa quebra de realidades. O fato é que o filme não apenas retrata a vida de Saúl Armendáriz, mas também serve como uma reflexão profunda sobre temas universais como identidade, aceitação e coragem. Ao analisar essas inúmeras camadas emocionais, bem como as pressões sociais enfrentadas pelo protagonista, fica fácil atestar que "Cassandro" nos oferece uma visão que não tem muito a ver com a luta livre em si, mas sim com as complexidades das relações humanas com aquela forte influência de melancolia.

Assista Agora

"Cassandro" é sensível em sua temática, mas muito potente em sua mensagem! Dirigido pelo documentarista Roger Ross Williams, vencedor do Oscar pelo curta-metragem "Music by Prudence" e depois indicado pelo longa "Life, Animated", essa ficção é muito feliz ao fazer um recorte certeiro da vida de Saúl Armendáriz, oferecendo uma visão única e emocionante de um lutador gay de luta-livre que precisou vencer o preconceito para se estabelecer como uma verdadeira estrela do entretenimento mexicano nos anos 80 e 90. Saiba que o filme não será uma unanimidade, pela sua forma, com uma pegada mais independente de cinema, como pelo seu conteúdo, muitas vezes provocativo ao extremo - porém é preciso destacar sua abordagem bastante corajosa e autêntica, não apenas explorando a intensidade dos bastidores do mundo da luta livre, como também os desafios da homossexualidade perante as normas sociais da época. Com uma narrativa cativante e uma impecável direção, Williams nos entrega um retrato multifacetado de Cassandro que certamente vai tocar seu coração.

Saúl Armendáriz (Gael García Bernal), um lutador gay de lucha libre de El Paso, alcança a fama internacional depois de criar o personagem "exótico" Cassandro, conhecido como o "Liberace da Lucha Libre". Durante esse processo, no entanto, ele subverte não apenas o mundo machista do entretenimento, como também precisa se assumir perante a própria vida com a ajuda de sua mãe Yocasta (Perla De La Rosa), até que o relacionamento com um homem casado e alguns fantasmas do passado colocam tudo isso a perder. Confira o trailer:

Parta do princípio que "Cassandro" é um olhar profundo sobre a família - de uma relação protetora quase patológica entre mãe e filho até o conflito doloroso com o pai Eduardo (Robert Salas), figura que lhe fez amar o esporte que viraria sua profissão, mas que também deixou a marca da destruição familiar ao abandonar Yocasta quando Saúl ainda era uma criança. Por outro lado existe o simbolismo da luta-livre, que encena a brutalidade e expõe o preconceito dentro e fora do ringue - e é aqui que nasce uma forte amizade com Sabrina (Roberta Colindrez), um encontro proporcionado pela admiração profissional e pelo amor ao esporte, mas que acaba construindo uma nova maneira dele enxergar o mundo que vive. 

Na realidade, a força do filme não está apenas na história cativante de um personagem realmente interessante, complexo e real, mas também na maestria técnica e artística com que Williams conduz sua narrativa. Ao lado do fotógrafo argentino Matias Penachino (de "Tiempo Compartido"), o diretor entrega um conceito visual muito impactante e extremamente imersivo, mesmo com um aspecto 4:3 (aquele das TVs de antigamente, capturando a intensidade das lutas ao mesmo tempo que mergulha na vulnerabilidade do protagonista fora do ringue. A trilha sonora, aliás, aprimora essa atmosfera, nos conectando emocionalmente e proporcionando para Gael García Bernal todas as ferramentas para que ele possa brilhar de verdade - e como ele brilha! Performance digna de indicação ao Oscar, eu arriscaria.

Existe uma pesquisa meticulosa, facilmente percebida na relação: direção de arte / roteiro / direção - são tantos detalhes que em muitos momentos acreditamos que estamos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena da entrevista entre "El Hijo del Santo" (o original) e o lutador é um excelente exemplo dessa quebra de realidades. O fato é que o filme não apenas retrata a vida de Saúl Armendáriz, mas também serve como uma reflexão profunda sobre temas universais como identidade, aceitação e coragem. Ao analisar essas inúmeras camadas emocionais, bem como as pressões sociais enfrentadas pelo protagonista, fica fácil atestar que "Cassandro" nos oferece uma visão que não tem muito a ver com a luta livre em si, mas sim com as complexidades das relações humanas com aquela forte influência de melancolia.

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