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Nocaute

"Nocaute" é um excelente exemplo daquele tipo de filme que bastam algumas cenas para você já saber exatamente tudo que vai acontecer durante os 120 minutos de jornada do protagonista! Mas isso faz do filme uma experiência ruim? Não vejo dessa forma, até porquê estamos falando de um estilo de filme bem específico, mas é inegável que a enorme quantidade de clichês narrativos nos dá a sensação de que já assistimos aquela história, com aqueles tipos de personagens e ainda assim nos divertimos com tudo isso. O que eu quero dizer é que a história é do lutador Billy Hope, mas poderia ser de Adonis "Creed" Johnson ou até de Rocky Balboa. Pegou?

Billy "The Great" Hope (Jake Gyllenhaal), é um fenômeno do boxe. Um lutador com 43 vitórias e nenhuma derrota que trilhou o seu caminho rumo ao título de campeão mundial enquanto enfrentava diversas tragédias em sua vida pessoal. Após um evento traumático, Hope perde tudo, inclusive o respeito como atleta; é quando ele é forçado a voltar a lutar para tentar reconquistar a guarda e o amor de sua filha, em uma verdadeira cruzada na busca pela redenção. Confira o trailer:

Dirigido pelo inconstante Antoine Fuqua (de "Dia da Treinamento"), "Southpaw" (no original) é um verdadeiro "filme de ator" - e nesse ponto é visível o esforço de Gyllenhaal para transformar um roteiro mediano (por tudo que comentei acima) em um projeto 100% pessoal. Fico imaginando Gyllenhaal lendo o roteiro e pensando: esse é o meu "Touro Indomável", basta eu me transformar fisicamente como Robert De Niro, trabalhar minha enorme capacidade de atuação, equilibrando momentos de introspecção com algumas explosões emocionais (e físicas), para não exagerar no overacting,que meu Oscar está garantido! Acontece que mesmo com o bom trabalho do ator e com Fuqua impondo um bom ritmo narrativo e lutando (sem trocadilho) para encontrar uma identidade cinematográfica mais requintada, trazendo o "charme" daquela atmosfera novaiorquina do submundo do boxe; a história não se sustenta - ou melhor, não inova e não surpreende.

Essa desconexão entre a qualidade técnica dos realizadores e falta de originalidade da trama que foi desenvolvida pelo Kurt Sutter (de "Sons of Anarchy") certamente distanciou Gyllenhaal do seu objetivo maior, mas pode se dizer que não diminuiu o propósito do filme - o de entreter um público médio. A montagem mais frenética do competente John Refoua (indicado ao Oscar por "Avatar"), a trilha sonora empolgante do saudoso James Horner, repleta de hip-hop e notas de tensão (aquelas que descaradamente pontuam as emoções dos personagens), e a câmera mais nervosa do diretor de fotografia Mauro Fiore (esse sim vencedor do Oscar por "Avatar"), compõem esse cenário envolvente, em muitos momentos, vibrante, e em alguns poucos, emocionante (aliás, para quem é pai de menina, isso fará ainda mais sentido).

“Nocaute” segue a cartilha dos filmes de superação com louvor - quem gosta, gosta muito, e provavelmente vai gostar desse também! Embora não encontre forças suficientes para ser reconhecido como um filme inesquecível, algo como "Creed" (para citar o primo mais novo), podemos dizer que ele cumpre muito bem o seu papel. 

Assista Agora

"Nocaute" é um excelente exemplo daquele tipo de filme que bastam algumas cenas para você já saber exatamente tudo que vai acontecer durante os 120 minutos de jornada do protagonista! Mas isso faz do filme uma experiência ruim? Não vejo dessa forma, até porquê estamos falando de um estilo de filme bem específico, mas é inegável que a enorme quantidade de clichês narrativos nos dá a sensação de que já assistimos aquela história, com aqueles tipos de personagens e ainda assim nos divertimos com tudo isso. O que eu quero dizer é que a história é do lutador Billy Hope, mas poderia ser de Adonis "Creed" Johnson ou até de Rocky Balboa. Pegou?

Billy "The Great" Hope (Jake Gyllenhaal), é um fenômeno do boxe. Um lutador com 43 vitórias e nenhuma derrota que trilhou o seu caminho rumo ao título de campeão mundial enquanto enfrentava diversas tragédias em sua vida pessoal. Após um evento traumático, Hope perde tudo, inclusive o respeito como atleta; é quando ele é forçado a voltar a lutar para tentar reconquistar a guarda e o amor de sua filha, em uma verdadeira cruzada na busca pela redenção. Confira o trailer:

Dirigido pelo inconstante Antoine Fuqua (de "Dia da Treinamento"), "Southpaw" (no original) é um verdadeiro "filme de ator" - e nesse ponto é visível o esforço de Gyllenhaal para transformar um roteiro mediano (por tudo que comentei acima) em um projeto 100% pessoal. Fico imaginando Gyllenhaal lendo o roteiro e pensando: esse é o meu "Touro Indomável", basta eu me transformar fisicamente como Robert De Niro, trabalhar minha enorme capacidade de atuação, equilibrando momentos de introspecção com algumas explosões emocionais (e físicas), para não exagerar no overacting,que meu Oscar está garantido! Acontece que mesmo com o bom trabalho do ator e com Fuqua impondo um bom ritmo narrativo e lutando (sem trocadilho) para encontrar uma identidade cinematográfica mais requintada, trazendo o "charme" daquela atmosfera novaiorquina do submundo do boxe; a história não se sustenta - ou melhor, não inova e não surpreende.

Essa desconexão entre a qualidade técnica dos realizadores e falta de originalidade da trama que foi desenvolvida pelo Kurt Sutter (de "Sons of Anarchy") certamente distanciou Gyllenhaal do seu objetivo maior, mas pode se dizer que não diminuiu o propósito do filme - o de entreter um público médio. A montagem mais frenética do competente John Refoua (indicado ao Oscar por "Avatar"), a trilha sonora empolgante do saudoso James Horner, repleta de hip-hop e notas de tensão (aquelas que descaradamente pontuam as emoções dos personagens), e a câmera mais nervosa do diretor de fotografia Mauro Fiore (esse sim vencedor do Oscar por "Avatar"), compõem esse cenário envolvente, em muitos momentos, vibrante, e em alguns poucos, emocionante (aliás, para quem é pai de menina, isso fará ainda mais sentido).

“Nocaute” segue a cartilha dos filmes de superação com louvor - quem gosta, gosta muito, e provavelmente vai gostar desse também! Embora não encontre forças suficientes para ser reconhecido como um filme inesquecível, algo como "Creed" (para citar o primo mais novo), podemos dizer que ele cumpre muito bem o seu papel. 

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Nyad

Essa é uma daquelas histórias que demora até acreditarmos que algo parecido seria possível - e essa dúvida vai te acompanhar enquanto sobem os créditos, provavelmente com seus olhos marejados e com o coração apertado. "Nyad" pode não ser uma superprodução com um roteiro impecável, mas a jornada em si vale cada segundo! O filme é muito mais do que apenas um relato impressionante dos incríveis desafios que a lendária nadadora de longa distância Diana Nyad precisou superar; na verdade eu diria que o filme é uma celebração da resiliência e da determinação de um ser humana que nunca deixou de acreditar na sua capacidade como atleta, mesmo depois dos 60 e isso, por si só, já merece nosso respeito!

"Nyad", basicamente, narra a extraordinária saga de Diana Nyad (Annette Bening) e de sua treinadora e amiga fiel, Bonnie Stoll (Jodie Foster), que durante anos tentou completar uma jornada épica: cruzar a nado os perigosos 170 km do Estreito da Flórida, entre Cuba e Key West. Ao enfrentar desafios inimagináveis e ultrapassando seus próprios limites físico e etário, "Nyad" acompanha os bastidores de um desafio que para muitos era classificado como mais impossível do que possível! Confira o trailer (em inglês):

Adaptado da biografia "Find a Way", escrito pela própria Diana, o filme dirigido pela dupla Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (ambos vencedores do Oscar por "Free Solo" e responsáveis pelo ótimo "De Volta ao Espaço") é, de fato, uma conquista cinematográfica notável em todos os aspectos técnicos ao unir elementos documentais em uma narrativa ficcional das mais interessantes e dinâmicas. Mesmo que notavelmente siga uma fórmula para muitos "batida" (o que não é o meu caso, que fique claro), "Nyad" compensa pela humanização de sua história e pela emoção que ela provoca. A capacidade de Chin e Vasarhelyi em nos colocar ao lado da atleta, no meio do oceano, enfrentando o desconhecido, nos remete ao estilo conceitual angustiante de "Mar Aberto", ou seja, pode se preparar para uma experiência realmente sensorial, embora maquiada como um clássico drama de superação.  

A fotografia do chileno Claudio Miranda é um espetáculo! Miranda, que já ganhou um Oscar com a "As Aventuras de Pi", constrói uma atmosfera de tirar o fôlego, capturando a solidão das vastas e muito desafiadoras paisagens do oceano com a mesma maestria com que desnuda a intimidade de Diana em momentos que teria tudo para se tornar piegas. E aqui talvez caiba uma única e pontual critica ao filme: os flashbacks ajudam a contextualizar os fantasmas da protagonista, mas a forma como essas passagens foram retratadas me soa "um caminho confortável demais". Tanto Bening como Foster se esforçam para entregar performances  emocionalmente poderosas, compartilhando suas experiências com uma autenticidade que toca o coração, mas essas quebras narrativas até o passado, realmente, não surgem com a mesma potência. 

"Nyad" tem um tom inspirador na sua proposta. Por se tratar de uma jornada de superação, determinação e força de vontade, fica fácil nos conectarmos, mesmo com algumas "frases de caminhão" perdidas no roteiro, algo como: "O diamante é apenas um pedaço de carvão que não desistiu". Isso prejudica o filme? Não, desde que você esteja disposto a mergulhar (sem trocadilhos) nesse tipo de subgênero. Para muitos, essa experiência vai significar algo muito além do que um simples entretenimento; será um lembrete poderoso de que os limites só existem para serem ultrapassados e blá, blá, blá. Para outros, serão 120 minutos de uma trama equilibrada, que emociona e que deixa o coração mais quentinho. Independente de onde você se encaixar, uma coisa eu posso te garantir: essa história merecia ser contada e Diana merece ser ainda mais conhecida!

Vale seu play! 

Assista Agora

Essa é uma daquelas histórias que demora até acreditarmos que algo parecido seria possível - e essa dúvida vai te acompanhar enquanto sobem os créditos, provavelmente com seus olhos marejados e com o coração apertado. "Nyad" pode não ser uma superprodução com um roteiro impecável, mas a jornada em si vale cada segundo! O filme é muito mais do que apenas um relato impressionante dos incríveis desafios que a lendária nadadora de longa distância Diana Nyad precisou superar; na verdade eu diria que o filme é uma celebração da resiliência e da determinação de um ser humana que nunca deixou de acreditar na sua capacidade como atleta, mesmo depois dos 60 e isso, por si só, já merece nosso respeito!

"Nyad", basicamente, narra a extraordinária saga de Diana Nyad (Annette Bening) e de sua treinadora e amiga fiel, Bonnie Stoll (Jodie Foster), que durante anos tentou completar uma jornada épica: cruzar a nado os perigosos 170 km do Estreito da Flórida, entre Cuba e Key West. Ao enfrentar desafios inimagináveis e ultrapassando seus próprios limites físico e etário, "Nyad" acompanha os bastidores de um desafio que para muitos era classificado como mais impossível do que possível! Confira o trailer (em inglês):

Adaptado da biografia "Find a Way", escrito pela própria Diana, o filme dirigido pela dupla Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (ambos vencedores do Oscar por "Free Solo" e responsáveis pelo ótimo "De Volta ao Espaço") é, de fato, uma conquista cinematográfica notável em todos os aspectos técnicos ao unir elementos documentais em uma narrativa ficcional das mais interessantes e dinâmicas. Mesmo que notavelmente siga uma fórmula para muitos "batida" (o que não é o meu caso, que fique claro), "Nyad" compensa pela humanização de sua história e pela emoção que ela provoca. A capacidade de Chin e Vasarhelyi em nos colocar ao lado da atleta, no meio do oceano, enfrentando o desconhecido, nos remete ao estilo conceitual angustiante de "Mar Aberto", ou seja, pode se preparar para uma experiência realmente sensorial, embora maquiada como um clássico drama de superação.  

A fotografia do chileno Claudio Miranda é um espetáculo! Miranda, que já ganhou um Oscar com a "As Aventuras de Pi", constrói uma atmosfera de tirar o fôlego, capturando a solidão das vastas e muito desafiadoras paisagens do oceano com a mesma maestria com que desnuda a intimidade de Diana em momentos que teria tudo para se tornar piegas. E aqui talvez caiba uma única e pontual critica ao filme: os flashbacks ajudam a contextualizar os fantasmas da protagonista, mas a forma como essas passagens foram retratadas me soa "um caminho confortável demais". Tanto Bening como Foster se esforçam para entregar performances  emocionalmente poderosas, compartilhando suas experiências com uma autenticidade que toca o coração, mas essas quebras narrativas até o passado, realmente, não surgem com a mesma potência. 

"Nyad" tem um tom inspirador na sua proposta. Por se tratar de uma jornada de superação, determinação e força de vontade, fica fácil nos conectarmos, mesmo com algumas "frases de caminhão" perdidas no roteiro, algo como: "O diamante é apenas um pedaço de carvão que não desistiu". Isso prejudica o filme? Não, desde que você esteja disposto a mergulhar (sem trocadilhos) nesse tipo de subgênero. Para muitos, essa experiência vai significar algo muito além do que um simples entretenimento; será um lembrete poderoso de que os limites só existem para serem ultrapassados e blá, blá, blá. Para outros, serão 120 minutos de uma trama equilibrada, que emociona e que deixa o coração mais quentinho. Independente de onde você se encaixar, uma coisa eu posso te garantir: essa história merecia ser contada e Diana merece ser ainda mais conhecida!

Vale seu play! 

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O Caminho de Volta

"O Caminho de Volta" não é sobre basquete ou como o esporte pode mudar a vida das pessoas. O filme dirigido pelo Gavin O'Connor (uma das mentes criativas por trás do sucesso que foi "Mare of Easttown") vai muito além, pois ele desconstrói, justamente, essa premissa; mostrando a realidade da luta diária que é combater o vício e, olhem só, mais do que isso, ele procura explorar os motivos que levam uma pessoa ao fundo poço. Eu diria que o filme é uma dura jornada sobre o divórcio, o luto, a saudade, a solidão e a dor de ter que conviver com tudo isso e não conseguir seguir em frente.

O ex-atleta e considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial, Jack Cunningham (Ben Affleck) luta contra o alcoolismo ao mesmo tempo em que encara as dificuldades de um emprego monótono. Ele então recebe a oportunidade de treinar um time de basquete e recomeçar. Na medida em que o time começa a vencer, a sua vida melhora, mas as vitórias não parecem suficientes ao ponto de salvá-lo. Confira o trailer:

Muitos críticos consideram esse trabalho de Affleck como a atuação mais sincera de toda sua carreira - e isso pode não ser por acaso dado os problemas que o ator sofreu graças ao alcoolismo. O próprio ator comentou sobre a necessidade que uma pessoa tem de entender o vício, de procurar se recompor, aprender com ele, e depois aprender um pouco mais, para aí sim tentar seguir em frente. "O Caminho de Volta" discute o assunto de uma forma muito honesta e é até surpreendente o pouco destaque que o filme teve no circuito comercial. A escolha de O'Connor para comandar o projeto imprime o que o diretor tem de melhor: sua enorme capacidade de desvendar as camadas mais intimas de um personagem e explora-las sem sensacionalismo ou necessidade de chocar a audiência visualmente ("Mare of Easttown" foi assim).

Aqui, a qualidade técnica soa invejável para um filme (de orçamento) considerado tão pequeno, quase independente. Existe de fato um cuidado estético que tanto O'Connor quanto o fotógrafo Eduard Grau (do também excelente "Meu nome é Magic Johnson") insistem em preservar. Se o roteiro de Brad Ingelsby (de “The Friend”) sugere apresentar aquela fórmula clássica de filmes esportivos, onde um time fracassado e cheio de problemas de relacionamento muda de comportamento e começa a ganhar, rapidamente entendemos que o foco gira mesmo em torno do drama que é o simples ato de ir em bar e como isso ganha outra proporção quando o protagonista é um alcoólatra. Se a decisão conceitual de paralisar a imagem no inicio de quase todos os jogos do time e imediatamente mostrar seu placar final, parece ter sido acertada, ela ganha ainda mais mérito por estabelecer que nem tudo precisa ser mostrado, discutido ou exposto - quando o diálogo não é necessário, o impacto visual ganha muito mais potência. A cena de Jack no hospital assistindo seus amigos recebendo o resultado de um exame do filho, é um ótimo exemplo que fala por si só!

“O Caminho de Volta” é sensível e dolorido, não tem receio algum de provocar muitos momentos de emoção ao som de uma trilha sonora fabulosa composta pelo Rob Simonsen ( de “Tully”). Um filme com uma direção minimalista, impecável ao meu ver, com um ótimo roteiro e uma montagem primorosa, que utiliza o esporte como pano de fundo, mas que subverte a fórmula do caminho para a redenção. Como disse: não será um jornada das mais tranquilas, mas certamente vai te surpreender.

Vale muito seu play!

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"O Caminho de Volta" não é sobre basquete ou como o esporte pode mudar a vida das pessoas. O filme dirigido pelo Gavin O'Connor (uma das mentes criativas por trás do sucesso que foi "Mare of Easttown") vai muito além, pois ele desconstrói, justamente, essa premissa; mostrando a realidade da luta diária que é combater o vício e, olhem só, mais do que isso, ele procura explorar os motivos que levam uma pessoa ao fundo poço. Eu diria que o filme é uma dura jornada sobre o divórcio, o luto, a saudade, a solidão e a dor de ter que conviver com tudo isso e não conseguir seguir em frente.

O ex-atleta e considerado um fenômeno do basquete em seus anos de colegial, Jack Cunningham (Ben Affleck) luta contra o alcoolismo ao mesmo tempo em que encara as dificuldades de um emprego monótono. Ele então recebe a oportunidade de treinar um time de basquete e recomeçar. Na medida em que o time começa a vencer, a sua vida melhora, mas as vitórias não parecem suficientes ao ponto de salvá-lo. Confira o trailer:

Muitos críticos consideram esse trabalho de Affleck como a atuação mais sincera de toda sua carreira - e isso pode não ser por acaso dado os problemas que o ator sofreu graças ao alcoolismo. O próprio ator comentou sobre a necessidade que uma pessoa tem de entender o vício, de procurar se recompor, aprender com ele, e depois aprender um pouco mais, para aí sim tentar seguir em frente. "O Caminho de Volta" discute o assunto de uma forma muito honesta e é até surpreendente o pouco destaque que o filme teve no circuito comercial. A escolha de O'Connor para comandar o projeto imprime o que o diretor tem de melhor: sua enorme capacidade de desvendar as camadas mais intimas de um personagem e explora-las sem sensacionalismo ou necessidade de chocar a audiência visualmente ("Mare of Easttown" foi assim).

Aqui, a qualidade técnica soa invejável para um filme (de orçamento) considerado tão pequeno, quase independente. Existe de fato um cuidado estético que tanto O'Connor quanto o fotógrafo Eduard Grau (do também excelente "Meu nome é Magic Johnson") insistem em preservar. Se o roteiro de Brad Ingelsby (de “The Friend”) sugere apresentar aquela fórmula clássica de filmes esportivos, onde um time fracassado e cheio de problemas de relacionamento muda de comportamento e começa a ganhar, rapidamente entendemos que o foco gira mesmo em torno do drama que é o simples ato de ir em bar e como isso ganha outra proporção quando o protagonista é um alcoólatra. Se a decisão conceitual de paralisar a imagem no inicio de quase todos os jogos do time e imediatamente mostrar seu placar final, parece ter sido acertada, ela ganha ainda mais mérito por estabelecer que nem tudo precisa ser mostrado, discutido ou exposto - quando o diálogo não é necessário, o impacto visual ganha muito mais potência. A cena de Jack no hospital assistindo seus amigos recebendo o resultado de um exame do filho, é um ótimo exemplo que fala por si só!

“O Caminho de Volta” é sensível e dolorido, não tem receio algum de provocar muitos momentos de emoção ao som de uma trilha sonora fabulosa composta pelo Rob Simonsen ( de “Tully”). Um filme com uma direção minimalista, impecável ao meu ver, com um ótimo roteiro e uma montagem primorosa, que utiliza o esporte como pano de fundo, mas que subverte a fórmula do caminho para a redenção. Como disse: não será um jornada das mais tranquilas, mas certamente vai te surpreender.

Vale muito seu play!

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O Caos Perfeito

"Neymar - O Caos Perfeito" talvez seja um dos reviews mais complicados que já escrevi até hoje e explico a razão: existe um abismo enorme entre uma obra audiovisual de extrema qualidade e a sua necessidade de encontrar uma história que agrade uma grande audiência - e aqui o documentário do diretor David Charles Rodrigues, na minha opinião, não assumiu nenhum dos lados.

Então a minissérie é ruim? Não, mas poderia ser muito melhor!

Desde o lançamento primeiro teaser, a obra prometia resgatar parte da história do jogador e ainda acompanhar sua ascensão à fama desde a época em que jogava no Santos, seus dias de glória no Barcelona e ainda toda montanha-russa que já viveu com a Seleção Brasileira e com o Paris Saint Germain. "Neymar: O Caos Perfeito" também queria revelar um lado profissional pouco explorado pela mídia, mas muito usada pelos seus críticos: a máquina de marketing por trás do jogador, comandada por seu pai, Neymar da Silva Santos, mais conhecido como Neymar Pai. Veja o trailer, antes de seguirmos com a discussão:

Embora seja um viciado em esporte e um fã declarado do Neymar, minha função aqui é analisar a minissérie da Netflix, não as razões pela qual muitos dizem que o jogador nunca será o melhor do mundo ou que não levará nossa Seleção ao título de uma Copa - afirmações, aliás, que discordo completamente. Pois bem, ao assistir os três episódios de "Neymar - O Caos Perfeito" tive a nítida impressão que a Netflix jogou fora uma oportunidade única de reconstruir a trajetória de Neymar com um aprofundamento e um cuidado que o personagem merecia. A questão que mais me incomodou foi a superficialidade como roteiro trata sobre alguns assuntos tão sensíveis como a contusão que tirou o jogador da Copa de 2014, a forma como ele quis sair do PSG antes de finalizar seu contrato ou até a acusação de estupro que o jogador sofreu em 2019.

Fazendo um comparativo, a série do Star+, "Man in the Arena" (que traz um recorte bastante interessante da vida e da carreira de Tom Brady em nove episódios) está anos luz na frente "O Caos Perfeito". Não existe a menor comparação entre as obras e muitos dirão que entre os personagens também - eu, mais uma vez, discordo. Se pegarmos a minissérie que contou a história da dupla "Sandy & Jr", para saírmos um pouco do ambiente esportivo e nos aproximarmos de uma produção 100% nacional com personagens realmente relevantes, vemos que as possibilidades seriam enormes na mão de um diretor como o Douglas Aguilar. É claro que as condições de produção devem ser levadas em consideração e que qualquer tipo de interferência não deve existir - que, pelo que vi na própria minissérie, deve ter sido enorme.

O fato é que "Neymar - O Caos Perfeito" tem tudo que sua sinopse vende, mas na verdade é muito mais um retrato superficial de várias passagens da vida e da carreira do jogador, do que um exercício em buscar algumas repostas que muitas pessoas gostariam de encontrar sobre cada uma dessas passagens. Veja, essas respostas existem e em alguns lampejos do documentário vemos isso: a relação entre o atleta e seu pai talvez seja a prova dessa tese e que não por acaso, foi o grande destaque da minissérie. Independente de julgamentos ou opniões pessoais, é claro que o tamanho do Neymar mereceria um cuidado maior da produção. Se artisticamente a minissérie é bem construída, tecnicamente deixa um pouco a desejar, principalmente no roteiro - mas o que falta mesmo é "alma" e, sinceramente, torço para que essa história ainda seja muito longa (e vitoriosa) para termos uma outra chance de mostrar um olhar mais humano sobre Neymar.

"Neymar - O Caos Perfeito" vale seu play, mas vai funcionar mais como curiosidade do que como uma obra definitiva sobre um dos maiores jogadores de todos os tempos - gostem ou não dessa afirmação!

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"Neymar - O Caos Perfeito" talvez seja um dos reviews mais complicados que já escrevi até hoje e explico a razão: existe um abismo enorme entre uma obra audiovisual de extrema qualidade e a sua necessidade de encontrar uma história que agrade uma grande audiência - e aqui o documentário do diretor David Charles Rodrigues, na minha opinião, não assumiu nenhum dos lados.

Então a minissérie é ruim? Não, mas poderia ser muito melhor!

Desde o lançamento primeiro teaser, a obra prometia resgatar parte da história do jogador e ainda acompanhar sua ascensão à fama desde a época em que jogava no Santos, seus dias de glória no Barcelona e ainda toda montanha-russa que já viveu com a Seleção Brasileira e com o Paris Saint Germain. "Neymar: O Caos Perfeito" também queria revelar um lado profissional pouco explorado pela mídia, mas muito usada pelos seus críticos: a máquina de marketing por trás do jogador, comandada por seu pai, Neymar da Silva Santos, mais conhecido como Neymar Pai. Veja o trailer, antes de seguirmos com a discussão:

Embora seja um viciado em esporte e um fã declarado do Neymar, minha função aqui é analisar a minissérie da Netflix, não as razões pela qual muitos dizem que o jogador nunca será o melhor do mundo ou que não levará nossa Seleção ao título de uma Copa - afirmações, aliás, que discordo completamente. Pois bem, ao assistir os três episódios de "Neymar - O Caos Perfeito" tive a nítida impressão que a Netflix jogou fora uma oportunidade única de reconstruir a trajetória de Neymar com um aprofundamento e um cuidado que o personagem merecia. A questão que mais me incomodou foi a superficialidade como roteiro trata sobre alguns assuntos tão sensíveis como a contusão que tirou o jogador da Copa de 2014, a forma como ele quis sair do PSG antes de finalizar seu contrato ou até a acusação de estupro que o jogador sofreu em 2019.

Fazendo um comparativo, a série do Star+, "Man in the Arena" (que traz um recorte bastante interessante da vida e da carreira de Tom Brady em nove episódios) está anos luz na frente "O Caos Perfeito". Não existe a menor comparação entre as obras e muitos dirão que entre os personagens também - eu, mais uma vez, discordo. Se pegarmos a minissérie que contou a história da dupla "Sandy & Jr", para saírmos um pouco do ambiente esportivo e nos aproximarmos de uma produção 100% nacional com personagens realmente relevantes, vemos que as possibilidades seriam enormes na mão de um diretor como o Douglas Aguilar. É claro que as condições de produção devem ser levadas em consideração e que qualquer tipo de interferência não deve existir - que, pelo que vi na própria minissérie, deve ter sido enorme.

O fato é que "Neymar - O Caos Perfeito" tem tudo que sua sinopse vende, mas na verdade é muito mais um retrato superficial de várias passagens da vida e da carreira do jogador, do que um exercício em buscar algumas repostas que muitas pessoas gostariam de encontrar sobre cada uma dessas passagens. Veja, essas respostas existem e em alguns lampejos do documentário vemos isso: a relação entre o atleta e seu pai talvez seja a prova dessa tese e que não por acaso, foi o grande destaque da minissérie. Independente de julgamentos ou opniões pessoais, é claro que o tamanho do Neymar mereceria um cuidado maior da produção. Se artisticamente a minissérie é bem construída, tecnicamente deixa um pouco a desejar, principalmente no roteiro - mas o que falta mesmo é "alma" e, sinceramente, torço para que essa história ainda seja muito longa (e vitoriosa) para termos uma outra chance de mostrar um olhar mais humano sobre Neymar.

"Neymar - O Caos Perfeito" vale seu play, mas vai funcionar mais como curiosidade do que como uma obra definitiva sobre um dos maiores jogadores de todos os tempos - gostem ou não dessa afirmação!

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O Caso Figo

O Caso Figo

Se você gostou de "Galáticos", pode dar o play aqui tranquilamente que você vai gostar ainda mais de "O Caso Figo"- na verdade essa produção da Netflix dirigida pelos especialistas em biografias esportivas, Ben Nicholas e David Tryhorn (ambos responsáveis por "Pelé" e produtores de "Tudo ou Nada: Seleção Brasileira" e de "Neymar - O Caos Perfeito"), funciona como uma espécie de spin-offda minissérie documental do Star+.

"O Caso Figo: A Transferência que Mudou o Futebol" conta todos os bastidores da maior transferência de um jogador de futebol na época e, certamente, uma das mais polêmicas de todos os tempos. A partir de uma série de entrevistas reveladoras, o documentário tenta desvendar os detalhes que levaram um dos maiores ídolos do Barcelona, Luís Figo, a se mudar para Madrid e a vestir a camisa branca merengue do arquirrival em pleno anos 2000. Confira o trailer (em espanhol):

Era julho de 2000, Figo carregava o peso da idolatria em Barcelona onde, durante cinco anos, conquistou os principais títulos pelo clube: Campeonato Espanhol, duas Copas do Rei, uma Supercopa da Espanha, uma Recopa da Europa e uma Supercopa da Europa. Líder da seleção portuguesa, Figo era referência dentro e fora do campo, daqueles jogadores raros, tão habilidosos quanto inteligentes e comprometidos. Do outro lado, porém, surgia um dirigente chamado Florentino Pérez que se candidatava para assumir a presidência do Real Madrid e iniciar um projeto que mais tarde ficou conhecido como "Galáticos". Ainda sem muito prestígio no clube, Florentino arriscou ao se comprometer com a seguinte frase: “Se eu for eleito, Figo irá jogar no (Real) Madrid na próxima temporada.” - apenas a título de comparação, era como se ele quisesse tirar o Messi, no auge do sucesso, do seu maior rival e do dia para a noite!

Estabelecido o valor e o tamanho da polêmica que envolveu essa declaração de Pérez, o roteiro do "O Caso Figo" foi muito feliz em construir uma linha narrativa extremamente coerente ao escutar tanto Figo quanto Florentino e ainda outros dois personagens importantes nessa transação: o então recém-eleito presidente do Barcelona, Joan Gaspart, e o empresário do jogador, Jose Veiga. Com isso o documentário faz um retrato bastante interessante e cheio de curiosidades sobre o caso, deixando que a própria audiência faça seus julgamentos - e te adianto: é impossível não julgar vários atos dos envolvidos.

São muitos depoimentos interessantes, como os de Pep Guardiola, um dos melhores amigos de Figo e companheiro de quarto do atleta. Guardiola, cria do Barça, enalteceu a capacidade técnica de Luís Figo e parece entender a decisão do ex-companheiro, por outro lado, as imagens e gritos de ódio da torcida catalã que ilustram o depoimento dão exatamente o tom daquele momento em uma Espanha completamente dividida - digamos que a torcida do Barcelona não engoliu os motivos que levaram seu ídolo para Madrid. Já Roberto Carlos, do Real, admite que enquanto eram adversários, "era um sofrimento marcar Figo". Porém, duas imagens de arquivo chamam a atenção: a primeira é a do jogador português declarando seu amor ao Barcelona e provocando o rival, dois anos antes de tudo isso, ao festejar o título da Liga espanhola de 97/98, cantando: "Bebês chorões de Madrid, curvem-se perante os campeões". Outra imagem emblemática (e até impactante) é apresentação de Figo no Real: enquanto Florentino comemorava, Figo parecia estar extremamente arrependido de sua decisão - era nítido!

O Fato é que "O Caso Figo: A Transferência que Mudou o Futebol" é um produto para o amante do futebol, que de alguma forma viveu aquela época e que, mesmo de longe, acompanhou a polêmica pelos noticiários esportivos. Se você se encaixa nesse perfil, pode dar o play tranquilo que o seu entretenimento estará garantido (e o assunto com os amigos no próximo churrasco, também)! 

Assista Agora

Se você gostou de "Galáticos", pode dar o play aqui tranquilamente que você vai gostar ainda mais de "O Caso Figo"- na verdade essa produção da Netflix dirigida pelos especialistas em biografias esportivas, Ben Nicholas e David Tryhorn (ambos responsáveis por "Pelé" e produtores de "Tudo ou Nada: Seleção Brasileira" e de "Neymar - O Caos Perfeito"), funciona como uma espécie de spin-offda minissérie documental do Star+.

"O Caso Figo: A Transferência que Mudou o Futebol" conta todos os bastidores da maior transferência de um jogador de futebol na época e, certamente, uma das mais polêmicas de todos os tempos. A partir de uma série de entrevistas reveladoras, o documentário tenta desvendar os detalhes que levaram um dos maiores ídolos do Barcelona, Luís Figo, a se mudar para Madrid e a vestir a camisa branca merengue do arquirrival em pleno anos 2000. Confira o trailer (em espanhol):

Era julho de 2000, Figo carregava o peso da idolatria em Barcelona onde, durante cinco anos, conquistou os principais títulos pelo clube: Campeonato Espanhol, duas Copas do Rei, uma Supercopa da Espanha, uma Recopa da Europa e uma Supercopa da Europa. Líder da seleção portuguesa, Figo era referência dentro e fora do campo, daqueles jogadores raros, tão habilidosos quanto inteligentes e comprometidos. Do outro lado, porém, surgia um dirigente chamado Florentino Pérez que se candidatava para assumir a presidência do Real Madrid e iniciar um projeto que mais tarde ficou conhecido como "Galáticos". Ainda sem muito prestígio no clube, Florentino arriscou ao se comprometer com a seguinte frase: “Se eu for eleito, Figo irá jogar no (Real) Madrid na próxima temporada.” - apenas a título de comparação, era como se ele quisesse tirar o Messi, no auge do sucesso, do seu maior rival e do dia para a noite!

Estabelecido o valor e o tamanho da polêmica que envolveu essa declaração de Pérez, o roteiro do "O Caso Figo" foi muito feliz em construir uma linha narrativa extremamente coerente ao escutar tanto Figo quanto Florentino e ainda outros dois personagens importantes nessa transação: o então recém-eleito presidente do Barcelona, Joan Gaspart, e o empresário do jogador, Jose Veiga. Com isso o documentário faz um retrato bastante interessante e cheio de curiosidades sobre o caso, deixando que a própria audiência faça seus julgamentos - e te adianto: é impossível não julgar vários atos dos envolvidos.

São muitos depoimentos interessantes, como os de Pep Guardiola, um dos melhores amigos de Figo e companheiro de quarto do atleta. Guardiola, cria do Barça, enalteceu a capacidade técnica de Luís Figo e parece entender a decisão do ex-companheiro, por outro lado, as imagens e gritos de ódio da torcida catalã que ilustram o depoimento dão exatamente o tom daquele momento em uma Espanha completamente dividida - digamos que a torcida do Barcelona não engoliu os motivos que levaram seu ídolo para Madrid. Já Roberto Carlos, do Real, admite que enquanto eram adversários, "era um sofrimento marcar Figo". Porém, duas imagens de arquivo chamam a atenção: a primeira é a do jogador português declarando seu amor ao Barcelona e provocando o rival, dois anos antes de tudo isso, ao festejar o título da Liga espanhola de 97/98, cantando: "Bebês chorões de Madrid, curvem-se perante os campeões". Outra imagem emblemática (e até impactante) é apresentação de Figo no Real: enquanto Florentino comemorava, Figo parecia estar extremamente arrependido de sua decisão - era nítido!

O Fato é que "O Caso Figo: A Transferência que Mudou o Futebol" é um produto para o amante do futebol, que de alguma forma viveu aquela época e que, mesmo de longe, acompanhou a polêmica pelos noticiários esportivos. Se você se encaixa nesse perfil, pode dar o play tranquilo que o seu entretenimento estará garantido (e o assunto com os amigos no próximo churrasco, também)! 

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O Dia que o Esporte Parou

"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.

"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):

Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.

Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".

Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"Imperdível" do ponto de vista histórico, "Essencial" pelo lado social dos acontecimentos que fizeram (ou deveriam ter feito) de 2020 um divisor de águas no que diz respeito às relações humanas. "O Dia que o Esporte Parou", dirigido pelo Antoine Fuqua (de "Dia de Treinamento") e produzido pela HBO, transcende a esfera esportiva ao mergulhar naquela atmosfera de insegurança que vivemos antes e durante a pandemia e que logo depois foi potencializada com os fatos que levaram ao movimento "Black Lives Matter" na NBA. Com uma abordagem única, o filme não apenas retrata a interrupção abrupta dos jogos, mas também examina a influência dos jogadores, especialmente de Chris Paul, na busca por segurança e justiça social. Reconhecido por sua excelência, o documentário não só cativa os amantes dos esportes, mas também todos que buscam uma compreensão mais profunda dos impactos da pandemia nos negócios e nas relações sociais em uma cultura contemporânea cheia de imperfeições.

"O Dia que o Esporte Parou" então oferece uma visão íntima dos acontecimentos que levaram à interrupção histórica das competições esportivas em 2020. A narrativa se desenrola através de entrevistas exclusivas com atletas, dirigentes e personalidades envolvidas, oferecendo uma perspectiva inédita sobre o momento em que a NBA decidiu parar como resposta à pandemia da COVID-19 e como a entidade lidou com o retorno as quadras durante a crescente necessidade de conscientização sobre a injustiça racial nos Estados Unidos. Com direção magistral de Fuqua, o documentário apresenta imagens de bastidores, testemunhos poderosos e uma análise profunda dos eventos que definiram um capítulo marcante na história do esporte. Confira o trailer (em inglês):

Ao mergulharmos na essência do documentário, nos deparamos com a maestria técnica e artística de Fuqua, cuja direção habilidosa se destaca em uma construção narrativa fluida, direta e muito inteligente. A fusão de imagens de arquivo, entrevistas e cenas inéditas proporciona uma imersão completa no contexto dos acontecimentos que começou com o receio de uma pandemia global e terminou com uma luta pelos direitos sociais dos afro-americanos. A habilidade do diretor em equilibrar a urgência dos eventos com a reflexão profunda sobre tudo que aconteceu em 2020 é notável, criando um retrato vívido e comovente do que foi viver naquele ano que nem deveria ter existido - em todos os pontos que o documentário se aprofunda.

Com uma abordagem que transcende o lado esportivo dos fatos ao destacar o ativismo dos jogadores da NBA, explorando as formas como eles usaram suas vozes para promover a justiça social é muito tocante. A interseção entre o esporte e a realidade social daqueles meses na "Bolha de Orlando" é habilmente explorada por Fuqua, enriquecendo a narrativa com uma profundidade emocional impressionante. A pesquisa minuciosa e a qualidade da produção são evidentes, elevando "O Dia que o Esporte Parou" para um patamar diferenciado - tanto que o projeto chegou a ser indicado para dois prêmios extremamente relevantes: o "Sports Emmy Awards" e o "Critics' Choice Documentary Awards".

Detalhes que poderiam passar despercebidos são trazidos à luz nessa produção, proporcionando uma compreensão mais completa dos desafios enfrentados pelos atletas e suas comunidades - a sensibilidade do documentário para capturar o zeitgeist de 2020 é notável. Dito isso fica fácil afirmar que "O Dia que o Esporte Parou" ganhará ainda mais importância com o passar dos anos, e tem tudo para se tornar obra necessária para quem busca uma compreensão mais profunda da relação entre esporte, sociedade e ativismo. Eu diria, inclusive, que a narrativa construída por Fuqua funciona como uma crônica essencial de um período que moldou não apenas o mundo do esporte, mas a sociedade como um todo!

Vale muito o seu play!

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O Gambito da Rainha

Antes de mais nada é preciso dizer que "O Gambito da Rainha" não se trata de xadrez, da mesma forma que o filme "Rocky" não se tratava de boxe - o esporte, seja ele qual for, nos conta ótimas histórias, reais ou de ficção, mas serve apenas como pano de fundo para mover o que mais nos interessa: o personagem em busca de superação, a partir de resiliência, dedicação e, acredite, fé (seja ela qual for)!

Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) é uma criança prodígio, com um passado conturbado, sem nenhuma referência familiar ou de afeto. Com a morte de sua mãe em um acidente de carro, ela é levada para um orfanato e é lá que acaba aprendendo e se apaixonando pelo xadrez. A partir daí acompanhamos sua jornada como enxadrista: dos primeiros campeonatos até a disputa do campeonato mundial, competindo com os melhores do mundo (leia-se, os soviéticos) em plena Moscou da Guerra-Fria. Confira o trailer:

Ambientada nos anos 60, em um cenário onde a tensão política entre EUA e URSS criava uma uma atmosfera competitiva entre os dois países, "O Gambito da Rainha" acerta na mosca ao usar o esporte como fio condutor para tocar em outros temas bastante relevantes atualmente, como o abandono parental, o abuso de substâncias químicas como o álcool e calmantes, o patriarcado e a até a desigualdade de gênero. Sem dúvida alguma, estamos falando de uma minissérie leve, então não espere diálogos marcantes ou cenas impactantes no desenvolvimentos desses assuntos mais espinhosos e talvez por esse motivo. tenha atraído tanta audiência e se transformado na minissérie mais assistida do serviço de streaming da história nos seus primeiros 28 dias de exibição!

"O Gambito da Rainha" é um movimento de abertura em uma partida de xadrez onde se oferece um peão para adquirir vantagem de posição, romper a posição central do adversário ou organizar um ataque mais rápido e eficiente. Você sabia disso? Pois é, eu também não! E aí talvez esteja a jogada mais genial do planejamento estratégico da Netflix: mesmo com um título tão especifico como esse (que em português é ainda mais duvidoso) e tendo um esporte pouco, digamos, emocionante em destaque; colocar Anya Taylor-Joy no papel de protagonista para gerar o mínimo de curiosidade sobre a história se mostrou um grande acerto! Taylor-Joy (de "A Bruxa", "Fragmentado" e "Os Novos Mutantes") está simplesmente sensacional - e pode separar o Emmy ou Globo de Ouro de 2021 para ela! Além de linda, ela tem um efeito que hipnotiza com seu carisma - ela fala com olhar, com a o silêncio, com a paixão! É realmente um presente de personagem!

O roteiro, baseado no livro homônimo de Walter Trevis (1983), é muito bem construído - se respeitarmos as limitações narrativas impostas pelo serviço de streaming para atingir uma maior audiência. Se pensarmos que o projeto inicialmente seria de um filme (com Ellen Page como Beth Harmon), posso garantir que saímos ganhando! Os 7 episódios cobrem muito bem o desenvolvimento da protagonista como esportista e pincela razoavelmente bem os temas que vão ajudar a compor sua personalidade - você não verá o processo de decadência de Beth Harmon, mesmo com o texto flertando em vários momentos com essa expectativa, porém a jornada é tão bem trabalhada que nem nos damos conta que para o herói conseguir seu objetivo, ele precisa cair, retornar e enfrentar seus maiores fantasmas até a vitória final!

A minissérie é muito bem dirigida pelo Scott Frank - um talento como roteirista, indicado duas vezes ao Oscar ("Logan" e "Irresistível Paixão"), e que vem se provando um promissor diretor desde "Godless". O Desenho de Produção faz uma reconstituição de época bem interessante também, embora algumas aplicações de cenários virtuais tenham ficado bem falsos, mas mesmo assim, tanto os figurinos, quanto a direção de arte em si, estão muito bonitos. Dois pontos merecem nossa atenção: a trilha sonora é cuidadosa, funciona como gatilhos emocionais em todo momento chave - da mesma forma como em "Rocky 4" para seguirmos com a comparação (mesmo que pareça esdrúxula). E a intervenções gráficas do tabuleiro de xadrez quando Harmon está sob o efeito dos calmantes, são muito legais!

Não poderia terminar essa análise sem deixar de citar Isla Johnston - a  Beth Harmon criança do primeiro episódio. Essa menina é um fenômeno - guardem o nome dela! Pois bem, "O Gambito da Rainha" não é um sucesso por acaso, como fica fácil comprovar após esse texto. Tudo que é preciso para criar uma jornada emocionante de superação está na história. Procurei não entrar em tantos detalhes narrativos para não influenciar na sua experiência, mas pode embarcar tranquilamente que serão quase sete horas de um ótimo entretenimento, mas poucas surpresas! Vale a pena ! 

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Antes de mais nada é preciso dizer que "O Gambito da Rainha" não se trata de xadrez, da mesma forma que o filme "Rocky" não se tratava de boxe - o esporte, seja ele qual for, nos conta ótimas histórias, reais ou de ficção, mas serve apenas como pano de fundo para mover o que mais nos interessa: o personagem em busca de superação, a partir de resiliência, dedicação e, acredite, fé (seja ela qual for)!

Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) é uma criança prodígio, com um passado conturbado, sem nenhuma referência familiar ou de afeto. Com a morte de sua mãe em um acidente de carro, ela é levada para um orfanato e é lá que acaba aprendendo e se apaixonando pelo xadrez. A partir daí acompanhamos sua jornada como enxadrista: dos primeiros campeonatos até a disputa do campeonato mundial, competindo com os melhores do mundo (leia-se, os soviéticos) em plena Moscou da Guerra-Fria. Confira o trailer:

Ambientada nos anos 60, em um cenário onde a tensão política entre EUA e URSS criava uma uma atmosfera competitiva entre os dois países, "O Gambito da Rainha" acerta na mosca ao usar o esporte como fio condutor para tocar em outros temas bastante relevantes atualmente, como o abandono parental, o abuso de substâncias químicas como o álcool e calmantes, o patriarcado e a até a desigualdade de gênero. Sem dúvida alguma, estamos falando de uma minissérie leve, então não espere diálogos marcantes ou cenas impactantes no desenvolvimentos desses assuntos mais espinhosos e talvez por esse motivo. tenha atraído tanta audiência e se transformado na minissérie mais assistida do serviço de streaming da história nos seus primeiros 28 dias de exibição!

"O Gambito da Rainha" é um movimento de abertura em uma partida de xadrez onde se oferece um peão para adquirir vantagem de posição, romper a posição central do adversário ou organizar um ataque mais rápido e eficiente. Você sabia disso? Pois é, eu também não! E aí talvez esteja a jogada mais genial do planejamento estratégico da Netflix: mesmo com um título tão especifico como esse (que em português é ainda mais duvidoso) e tendo um esporte pouco, digamos, emocionante em destaque; colocar Anya Taylor-Joy no papel de protagonista para gerar o mínimo de curiosidade sobre a história se mostrou um grande acerto! Taylor-Joy (de "A Bruxa", "Fragmentado" e "Os Novos Mutantes") está simplesmente sensacional - e pode separar o Emmy ou Globo de Ouro de 2021 para ela! Além de linda, ela tem um efeito que hipnotiza com seu carisma - ela fala com olhar, com a o silêncio, com a paixão! É realmente um presente de personagem!

O roteiro, baseado no livro homônimo de Walter Trevis (1983), é muito bem construído - se respeitarmos as limitações narrativas impostas pelo serviço de streaming para atingir uma maior audiência. Se pensarmos que o projeto inicialmente seria de um filme (com Ellen Page como Beth Harmon), posso garantir que saímos ganhando! Os 7 episódios cobrem muito bem o desenvolvimento da protagonista como esportista e pincela razoavelmente bem os temas que vão ajudar a compor sua personalidade - você não verá o processo de decadência de Beth Harmon, mesmo com o texto flertando em vários momentos com essa expectativa, porém a jornada é tão bem trabalhada que nem nos damos conta que para o herói conseguir seu objetivo, ele precisa cair, retornar e enfrentar seus maiores fantasmas até a vitória final!

A minissérie é muito bem dirigida pelo Scott Frank - um talento como roteirista, indicado duas vezes ao Oscar ("Logan" e "Irresistível Paixão"), e que vem se provando um promissor diretor desde "Godless". O Desenho de Produção faz uma reconstituição de época bem interessante também, embora algumas aplicações de cenários virtuais tenham ficado bem falsos, mas mesmo assim, tanto os figurinos, quanto a direção de arte em si, estão muito bonitos. Dois pontos merecem nossa atenção: a trilha sonora é cuidadosa, funciona como gatilhos emocionais em todo momento chave - da mesma forma como em "Rocky 4" para seguirmos com a comparação (mesmo que pareça esdrúxula). E a intervenções gráficas do tabuleiro de xadrez quando Harmon está sob o efeito dos calmantes, são muito legais!

Não poderia terminar essa análise sem deixar de citar Isla Johnston - a  Beth Harmon criança do primeiro episódio. Essa menina é um fenômeno - guardem o nome dela! Pois bem, "O Gambito da Rainha" não é um sucesso por acaso, como fica fácil comprovar após esse texto. Tudo que é preciso para criar uma jornada emocionante de superação está na história. Procurei não entrar em tantos detalhes narrativos para não influenciar na sua experiência, mas pode embarcar tranquilamente que serão quase sete horas de um ótimo entretenimento, mas poucas surpresas! Vale a pena ! 

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O Jogo de uma Vida

Não se trata de recordes, se trata de um time! Sim, eu sei que essa frase pode parecer batida, pretensiosa e até hipócrita se enxergarmos pelo prisma do reconhecimento individual dos dias de hoje, e talvez, justamente por isso que "O Jogo de uma Vida" mereça sua atenção. Embora seja um filme sobre esportes (mais precisamente sobre o futebol americano) e longe de ser uma superprodução (mesmo contando com atores renomados), posso afirmar que mais uma vez o "fator humano" transforma uma linha narrativa usual (para não dizer batida) de um subgênero cinematográfico com uma audiência cativa, em algo muito interessante e com uma história que, de fato, merecia ser contada.

"When the Game Stands Tall" (no original) acompanha a trajetória lendária e recordista de Bob Ladouceur (Jim Caviezel), treinador de futebol americano que assumiu o desconhecido time De La Salle High School Spartans e conduziu seus atletas da obscuridade à incrível marca de 151 jogos de invencibilidade. Baseado em uma história real, o filme não retrata a jornada de vitórias especificamente, mas como Ladouceur transformou o conceito de um programa escolar vencedor em algo que ia muito além do esporte. Confira o trailer:

Thomas Carter foi o responsável por outra obra sobre um personagem sensacional do esporte, "Coach Carter". Seguindo exatamente a mesma linha, Carter sai do basquete e vai para o futebol americano para nos entregar mais um importante filme biográfico, mas dessa vez com um peso esportivo maior na história e na narrativa. Se em "Coach Carter" o basquete era "apenas" o ponto de partida para explorar a relação entre educação e esporte, e como isso está inserido na sociedade americana, "O Jogo de uma Vida" faz o caminho contrário, mas respeitando o conceito estabelecido pelo subgênero com belíssimas cenas no campo de jogo - drama e emoção não faltam. Claro que você também vai encontrar inúmeras lições de liderança e postura perante a vida, passagens de superação e frases inspiracionais, mas o mais interessante que o fato em si, é o exemplo, o legado.

Baseado no livro de Neil Hayes, a adaptação feita pelo Scott Marshall Smith (de "A cartada final") não é um primor, eu diria até que é cheia de furos e muito superficial, mas a montagem do Scott Richter (profissional com uma interessante carreira em clipes musicais) ajuda a conectar a audiência com o que realmente importa: a construção de uma (ou várias) narrativas que convergem lindamente no terceiro ato, dando a sensação de que o filme é até mais perfeito do que realmente é. Sempre apoiado em uma trilha sonora que pauta o clima de cada cena, Richter e Carter conseguem nos provocar emocionalmente e nos prender mesmo com todas as limitações artísticas da produção. Caviezel é sempre aquilo (alguns gostam, eu acho canastrão). Já Laura Dern, como a esposa de Ladouceur (Bev), essa sim entrega uma personagem mais verdadeira e honesta com a situação em que vive. Michael Chiklis, o assistente técnico e parceiro de Bob (Terry Eidson), também brilha e transita perfeitamente entre a dramaticidade e a humanidade que Caviezel dificilmente entrega.

Tão interessante quanto o filme, são nos créditos onde entendemos o tamanho de Bob Ladouceur e de seu trabalho. São imagens raras de arquivo e entrevistas como a do lendário e inesquecível ex-treinador do Raiders, John Madden, que considerava Ladouceur o melhor técnico de futebol americano de todos os tempos - mesmo ele sendo do High School. Veja, 151 vitórias consecutivas não é um feito a ser ignorado, mas mais interessante do que se apegar as vitórias, foi no momento da derrota e na reconstrução de um time com potencial vencedor, que a trama mostrou sua força e importância como recorte histórico.

É um filme para o amante do esporte que merece ser assistido e estudado. Vale seu play!

Assista Agora

Não se trata de recordes, se trata de um time! Sim, eu sei que essa frase pode parecer batida, pretensiosa e até hipócrita se enxergarmos pelo prisma do reconhecimento individual dos dias de hoje, e talvez, justamente por isso que "O Jogo de uma Vida" mereça sua atenção. Embora seja um filme sobre esportes (mais precisamente sobre o futebol americano) e longe de ser uma superprodução (mesmo contando com atores renomados), posso afirmar que mais uma vez o "fator humano" transforma uma linha narrativa usual (para não dizer batida) de um subgênero cinematográfico com uma audiência cativa, em algo muito interessante e com uma história que, de fato, merecia ser contada.

"When the Game Stands Tall" (no original) acompanha a trajetória lendária e recordista de Bob Ladouceur (Jim Caviezel), treinador de futebol americano que assumiu o desconhecido time De La Salle High School Spartans e conduziu seus atletas da obscuridade à incrível marca de 151 jogos de invencibilidade. Baseado em uma história real, o filme não retrata a jornada de vitórias especificamente, mas como Ladouceur transformou o conceito de um programa escolar vencedor em algo que ia muito além do esporte. Confira o trailer:

Thomas Carter foi o responsável por outra obra sobre um personagem sensacional do esporte, "Coach Carter". Seguindo exatamente a mesma linha, Carter sai do basquete e vai para o futebol americano para nos entregar mais um importante filme biográfico, mas dessa vez com um peso esportivo maior na história e na narrativa. Se em "Coach Carter" o basquete era "apenas" o ponto de partida para explorar a relação entre educação e esporte, e como isso está inserido na sociedade americana, "O Jogo de uma Vida" faz o caminho contrário, mas respeitando o conceito estabelecido pelo subgênero com belíssimas cenas no campo de jogo - drama e emoção não faltam. Claro que você também vai encontrar inúmeras lições de liderança e postura perante a vida, passagens de superação e frases inspiracionais, mas o mais interessante que o fato em si, é o exemplo, o legado.

Baseado no livro de Neil Hayes, a adaptação feita pelo Scott Marshall Smith (de "A cartada final") não é um primor, eu diria até que é cheia de furos e muito superficial, mas a montagem do Scott Richter (profissional com uma interessante carreira em clipes musicais) ajuda a conectar a audiência com o que realmente importa: a construção de uma (ou várias) narrativas que convergem lindamente no terceiro ato, dando a sensação de que o filme é até mais perfeito do que realmente é. Sempre apoiado em uma trilha sonora que pauta o clima de cada cena, Richter e Carter conseguem nos provocar emocionalmente e nos prender mesmo com todas as limitações artísticas da produção. Caviezel é sempre aquilo (alguns gostam, eu acho canastrão). Já Laura Dern, como a esposa de Ladouceur (Bev), essa sim entrega uma personagem mais verdadeira e honesta com a situação em que vive. Michael Chiklis, o assistente técnico e parceiro de Bob (Terry Eidson), também brilha e transita perfeitamente entre a dramaticidade e a humanidade que Caviezel dificilmente entrega.

Tão interessante quanto o filme, são nos créditos onde entendemos o tamanho de Bob Ladouceur e de seu trabalho. São imagens raras de arquivo e entrevistas como a do lendário e inesquecível ex-treinador do Raiders, John Madden, que considerava Ladouceur o melhor técnico de futebol americano de todos os tempos - mesmo ele sendo do High School. Veja, 151 vitórias consecutivas não é um feito a ser ignorado, mas mais interessante do que se apegar as vitórias, foi no momento da derrota e na reconstrução de um time com potencial vencedor, que a trama mostrou sua força e importância como recorte histórico.

É um filme para o amante do esporte que merece ser assistido e estudado. Vale seu play!

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O Quinto Set

"O Quinto Set" é um excelente filme - principalmente se você enxergar a história além da tríade "drama x esporte x superação". Obviamente que o fã de tênis vai se conectar imediatamente com a trama e com o personagem, mas acredite: não se trata unicamente de um filme de tênis, mas sim de uma jornada de resiliência, auto-conhecimento e acordos que, em vários níveis, vai se encontrar com alguma passagem da sua vida e com as relações que você teve, seja como casal ou em família.

"Cinquième set", no original, conta a história de Thomas (Alex Lutz), um experiente jogador de tênis que viu sua vida parar após passar de "grande promessa do esporte" à "grande decepção" assim que perdeu uma semi-final (quase ganha) em Roland Garros quando ainda era jovem - a final, inclusive, seria disputada contra o brasileiro Gustavo Kuerten em 2001. Acompanhado de várias lesões no joelho e uma enorme pressão, Thomas viu seu ritmo cair e a confiança praticamente desaparecer - e aqui incluo a relação conflituosa com sua mãe Judith Edison (Kristin Scott Thomas) e com sua mulher, a também ex-tenista, Eve (Ana Girardot). Agora, aos 37 anos, e já em final de carreira, ele precisa se reinventar para buscar algumas vitórias em seu último Roland Garros e ainda provar sua capacidade como atleta de elite. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Embora o filme nos passe a clara sensação que existe mais assuntos do que tempo de tela para desenvolver todos eles, o diretor Quentin Reynaud (de "Paris-Willouby"), que também assina o roteiro, nos entrega um filme bastante competente visualmente e com uma narrativa extremamente fluída que, pouco a pouco, vai explorando o íntimo do protagonista e sua luta em busca de uma redenção final - no esporte e na vida. É muito interessante como sua vida e seu comportamento vão se transformando conforme ele avança nas qualificatórias de Roland Garros até estrear na competição principal já com os holofotes em si (e isso não é spoiler, pode ficar tranquilo). Alguns elementos dramáticos fortalecem sua jornada e acabam expondo suas fragilidades - a relação com a esposa, com a mãe, a forma de agir em quadra, com a imprensa e até com seu treinador, dizem muito sobre a personalidade de Thomas, mas principalmente em como ele lidou silenciosamente com todas as influências de anos de renúncia para se tornar atleta profissional e "falhar".

É preciso dizer que o belo conceito cinematográfico que Reynaud escolheu, junto com seu fotógrafo Vincent Mathias, para mostrar o embate nas quadras é completamente abandonado no terceiro ato para dar lugar a uma verdadeira transmissão de um jogo de tênis pela TV. Reynaud, inexplicavelmente, nos tira de dentro da quadra e nos coloca no sofá, passivamente - para quem é familiarizado com o esporte, certamente vai se divertir, mas quem não sabe nada sobre algumas regras e sobre  a pontuação dos games e sets, por exemplo, vai boiar!

Com ótimas referências para quem gosta e conhece o esporte, "O Quinto Set" surpreende pela qualidade da produção, pelo trabalho do diretor e por atuações realistas e sinceras, seguindo perfeitamente o conceito dramático da jornada do herói de "Creed 2"ou "Gambito da Rainha".  Ao mostrar uma carreira em declínio e tudo que podemos superar quando somos derrotados, o filme tem sim aquele mood motivacional que prova que é possível lutar pelos nossos sonhos, mas que sacrifícios devem ser feitos nesse processo e blá, blá, blá.

Antes de finalizar - mérito pelo final corajoso e inteligente que o diretor escolheu e que tirou a narrativa do "óbvio"!

Vale muito a pena!

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"O Quinto Set" é um excelente filme - principalmente se você enxergar a história além da tríade "drama x esporte x superação". Obviamente que o fã de tênis vai se conectar imediatamente com a trama e com o personagem, mas acredite: não se trata unicamente de um filme de tênis, mas sim de uma jornada de resiliência, auto-conhecimento e acordos que, em vários níveis, vai se encontrar com alguma passagem da sua vida e com as relações que você teve, seja como casal ou em família.

"Cinquième set", no original, conta a história de Thomas (Alex Lutz), um experiente jogador de tênis que viu sua vida parar após passar de "grande promessa do esporte" à "grande decepção" assim que perdeu uma semi-final (quase ganha) em Roland Garros quando ainda era jovem - a final, inclusive, seria disputada contra o brasileiro Gustavo Kuerten em 2001. Acompanhado de várias lesões no joelho e uma enorme pressão, Thomas viu seu ritmo cair e a confiança praticamente desaparecer - e aqui incluo a relação conflituosa com sua mãe Judith Edison (Kristin Scott Thomas) e com sua mulher, a também ex-tenista, Eve (Ana Girardot). Agora, aos 37 anos, e já em final de carreira, ele precisa se reinventar para buscar algumas vitórias em seu último Roland Garros e ainda provar sua capacidade como atleta de elite. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Embora o filme nos passe a clara sensação que existe mais assuntos do que tempo de tela para desenvolver todos eles, o diretor Quentin Reynaud (de "Paris-Willouby"), que também assina o roteiro, nos entrega um filme bastante competente visualmente e com uma narrativa extremamente fluída que, pouco a pouco, vai explorando o íntimo do protagonista e sua luta em busca de uma redenção final - no esporte e na vida. É muito interessante como sua vida e seu comportamento vão se transformando conforme ele avança nas qualificatórias de Roland Garros até estrear na competição principal já com os holofotes em si (e isso não é spoiler, pode ficar tranquilo). Alguns elementos dramáticos fortalecem sua jornada e acabam expondo suas fragilidades - a relação com a esposa, com a mãe, a forma de agir em quadra, com a imprensa e até com seu treinador, dizem muito sobre a personalidade de Thomas, mas principalmente em como ele lidou silenciosamente com todas as influências de anos de renúncia para se tornar atleta profissional e "falhar".

É preciso dizer que o belo conceito cinematográfico que Reynaud escolheu, junto com seu fotógrafo Vincent Mathias, para mostrar o embate nas quadras é completamente abandonado no terceiro ato para dar lugar a uma verdadeira transmissão de um jogo de tênis pela TV. Reynaud, inexplicavelmente, nos tira de dentro da quadra e nos coloca no sofá, passivamente - para quem é familiarizado com o esporte, certamente vai se divertir, mas quem não sabe nada sobre algumas regras e sobre  a pontuação dos games e sets, por exemplo, vai boiar!

Com ótimas referências para quem gosta e conhece o esporte, "O Quinto Set" surpreende pela qualidade da produção, pelo trabalho do diretor e por atuações realistas e sinceras, seguindo perfeitamente o conceito dramático da jornada do herói de "Creed 2"ou "Gambito da Rainha".  Ao mostrar uma carreira em declínio e tudo que podemos superar quando somos derrotados, o filme tem sim aquele mood motivacional que prova que é possível lutar pelos nossos sonhos, mas que sacrifícios devem ser feitos nesse processo e blá, blá, blá.

Antes de finalizar - mérito pelo final corajoso e inteligente que o diretor escolheu e que tirou a narrativa do "óbvio"!

Vale muito a pena!

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O Time da Redenção

Um MBA de Liderança!

Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!

Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:

Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!

Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!

"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.

Vale muito o seu play!

E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.

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Um MBA de Liderança!

Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!

Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:

Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!

Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!

"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.

Vale muito o seu play!

E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.

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O.J.: Made in America

Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

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Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

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Os Homens que venderam a Copa

Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".

Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:

Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.

DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".

De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!

Vale seu play!

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Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".

Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:

Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.

DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".

De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!

Vale seu play!

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Pistorius

Oscar Pistorius é um fenômeno! Daqueles raros atletas que estão indiscutivelmente muito acima de seus adversários - e aqui com um detalhe ainda mais impressionante, Pistorius não tem parte das duas pernas e mesmo assim disputou uma semi-final olímpica em Londres! Dono de seis medalhas de ouro paralímpicas, o ex-atleta sul-africano Oscar Pistorius é acusado de premeditar e assassinar sua então namorada, a modelo, Reeva Steenkamp em 14 de fevereiro de 2013. Ao melhor estilo "A Mente do Assassino: Aaron Hernandez" e "O.J.: Made in America", essa série documental da Prime Vídeo, destrincha não só crime, mas o seu julgamento e como o acontecimento está inserido em uma sociedade marcada pela desigualdade. Mas é preciso dizer: embora a série seja sensacional, ela é muito (mas, muito) impactante - inclusive visualmente.

Dividido em quatro partes, "Pistorius" mostra a história do velocista Oscar Pistorius, que matou a tiros sua namorada no Dia dos Namorados de 2013. Sendo um homem, branco, de classe média, que viveu inserido em uma nação destruída pelo racismo, pela violência e pela desigualdade social, o filme contextualiza os desafios, esperanças e triunfos do atleta que viu todos os seus sonhos desmoronarem após, supostamente, assassinar sua namorada deliberadamente e depois enfrentar um julgamento recheado de emoção, sob um olhar marcante de desaprovação de toda imprensa internacional. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo diretor Vaughan Sivell, série se aproveita de um rico material de apoio para expor as duas teses sobre aquela noite de 2013. A partir do segundo episódio - já que o primeiro faz um verdadeiro (e competente) resumo da vida e da carreira de Pistorius - temos acesso a documentos importantes da investigação, reconstituições em 3D, fotografias (muito impactantes) e cenas do tribunal, que na época foi transmitido ao vivo pela TV africana. Aliás, dois elementos chamam muito atenção durante os episódios: a cobertura mundial da imprensa, com diversas reportagens repercutindo o crime e tentando entender qual foi a motivação de Pistorius já o sentenciando antes mesmo do julgamento e, infelizmente, as imagens do corpo de Reeve Steenkamp, completamente ensanguentado, após ser assassinada.

Embora "Pistorius" não deixe dúvidas sobre a culpa do ex-atleta, fica claro que seu julgamento foi cercado de elementos que iam além dos fatos marcantes da noite do crime - mais ou menos como aconteceu com O.J. Simpson - e aqui não estou fazendo nenhum  julgamento de valor e muito menos inocentando ou culpando os personagens, mas relatando que o mórbido interesse que as pessoas têm em histórias que envolvam crimes e figuras famosas, sem dúvida, fazem de um julgamento sério, um circo de horrores (a própria juíza sofreu o gosto dessa postura parcial das pessoas que se baseiam em suas crenças para definir quem é o mocinho e quem é o bandido).

O fato é que  "Pistorius" vai te provocar a cada episódio, vai incentivar discussões e interpretações; mas ao mesmo tempo funciona como um ótimo entretenimento, mesmo que apoiado em uma situação de embrulhar o estômago. Vale muito a pena se você também for fã de "true crime"!

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Oscar Pistorius é um fenômeno! Daqueles raros atletas que estão indiscutivelmente muito acima de seus adversários - e aqui com um detalhe ainda mais impressionante, Pistorius não tem parte das duas pernas e mesmo assim disputou uma semi-final olímpica em Londres! Dono de seis medalhas de ouro paralímpicas, o ex-atleta sul-africano Oscar Pistorius é acusado de premeditar e assassinar sua então namorada, a modelo, Reeva Steenkamp em 14 de fevereiro de 2013. Ao melhor estilo "A Mente do Assassino: Aaron Hernandez" e "O.J.: Made in America", essa série documental da Prime Vídeo, destrincha não só crime, mas o seu julgamento e como o acontecimento está inserido em uma sociedade marcada pela desigualdade. Mas é preciso dizer: embora a série seja sensacional, ela é muito (mas, muito) impactante - inclusive visualmente.

Dividido em quatro partes, "Pistorius" mostra a história do velocista Oscar Pistorius, que matou a tiros sua namorada no Dia dos Namorados de 2013. Sendo um homem, branco, de classe média, que viveu inserido em uma nação destruída pelo racismo, pela violência e pela desigualdade social, o filme contextualiza os desafios, esperanças e triunfos do atleta que viu todos os seus sonhos desmoronarem após, supostamente, assassinar sua namorada deliberadamente e depois enfrentar um julgamento recheado de emoção, sob um olhar marcante de desaprovação de toda imprensa internacional. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo diretor Vaughan Sivell, série se aproveita de um rico material de apoio para expor as duas teses sobre aquela noite de 2013. A partir do segundo episódio - já que o primeiro faz um verdadeiro (e competente) resumo da vida e da carreira de Pistorius - temos acesso a documentos importantes da investigação, reconstituições em 3D, fotografias (muito impactantes) e cenas do tribunal, que na época foi transmitido ao vivo pela TV africana. Aliás, dois elementos chamam muito atenção durante os episódios: a cobertura mundial da imprensa, com diversas reportagens repercutindo o crime e tentando entender qual foi a motivação de Pistorius já o sentenciando antes mesmo do julgamento e, infelizmente, as imagens do corpo de Reeve Steenkamp, completamente ensanguentado, após ser assassinada.

Embora "Pistorius" não deixe dúvidas sobre a culpa do ex-atleta, fica claro que seu julgamento foi cercado de elementos que iam além dos fatos marcantes da noite do crime - mais ou menos como aconteceu com O.J. Simpson - e aqui não estou fazendo nenhum  julgamento de valor e muito menos inocentando ou culpando os personagens, mas relatando que o mórbido interesse que as pessoas têm em histórias que envolvam crimes e figuras famosas, sem dúvida, fazem de um julgamento sério, um circo de horrores (a própria juíza sofreu o gosto dessa postura parcial das pessoas que se baseiam em suas crenças para definir quem é o mocinho e quem é o bandido).

O fato é que  "Pistorius" vai te provocar a cada episódio, vai incentivar discussões e interpretações; mas ao mesmo tempo funciona como um ótimo entretenimento, mesmo que apoiado em uma situação de embrulhar o estômago. Vale muito a pena se você também for fã de "true crime"!

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Playbook

"Playbook", série documental da Netflix que recebeu o subtítulo de "Estratégias para Vencer" é uma das coisas mais bacanas que assisti em 2020! Para quem gosta de esporte ou empreendedorismo, esse material é quase indispensável - pela sua qualidade didática e, principalmente, pela forma natural como cada um dos personagens contam suas respectivas histórias e codificam os aprendizados mais marcantes da carreira até chegar ao sucesso!

Doc Rivers, técnico do Los Angels Clippers da NBA; Jill Ellis, técnica da seleção americana de futebol feminino; José Mourinho, hoje técnico do Tottenham; Patrick Mouratoglou, técnico da tenista Serena Williams e, finalmente, Dawn Staley, treinadora da seleção feminina de basquete dos EUA; contam em episódios de 30 minutos, quais foram suas principais estratégias que ajudaram colocar os times e atletas que treinaram na elite do esporte. Confira o trailer e veja o que te espera:

Desde que o técnico Bernardinho trouxe para o Brasil (ao lado da editora Sextante) a coleção "Na Vida como no Esporte" em 2009 venho acompanhando os conceitos, princípios e valores que grandes atletas e treinadores pautaram suas trajetórias, talvez por isso que "Palybook" tenha me conquistado com tanta facilidade. A série equilibra depoimentos dos treinadores com imagens de arquivo que ilustram o assunto que está sendo discutido. Como na coleção da Sextante, alguns ensinamentos são destacados e servem de fio condutor para uma narrativa dinâmica, motivadora (sem ser piegas) e, muitas vezes, emocionantes. Tenha certeza que você vai encontrar muito além do que apenas uma personalidade do esporte contando suas façanhas - é o lado humano, palpável, muitas vezes frágil, que transformam essa série em algo imperdível e, claro, irretocável!

"Playbook - Estratégias para Vencer" é mais um grande trabalho do diretor e produtor executivo John Henion - que já esteve envolvido com outro grande sucesso: "Chefs Table". Produzida pela Boardwalk Pictures, Delirio Films e SpringHill Enternaiment, a série contou com um total de 24 produtores, entre eles, LeBron James, o que notadamente imprime um valor histórico, artístico e técnico, impressionantes para a produção. O roteiro equilibra tão bem o didatismo de como cada um deles valoriza o processo de preparação, a importância do espirito de equipe, da determinação permanente, ao mesmo tempo que expõe, sem qualquer receio, as preocupações perante as armadilhas do sucesso e a forma como lidam com as derrotas mais dolorosas.

Alguns episódios traduzem exatamente o perfil midiático do treinador - é o caso do José Mourinho, por exemplo. Porém a quebra de expectativa ao mostrar o lado humano do treinador é tão grande que parece não se tratar da mesma pessoa. Essa estratégia narrativa é tão divertida como emocionante! Outro episódio que te tira o chão é o da Jill Ellis - simplesmente incrível como ela foi capaz de expor suas fragilidades ao mesmo tempo em que contava os detalhes da construção da sua trajetória como treinadora. A verdade é que a série traz a informalidade de um papo de boteco com a seriedade e profundidade de uma palestra caríssima desses mesmos treinadores.

Lições como “Nunca se faça de vítima”, “Seja verdadeiro com você mesmo”, “Algumas regras foram feitas para serem quebradas”, “Nunca tenha medo de ser demitido”, “O que está atrasado não significa que foi negado. Tenha fé”, parecem ter saído de uma obra barata de auto-ajuda, mas te garanto: todos os pontos são tão bem embasados, ilustrados e explicados que fazem todo sentido dentro do contexto que a série se propõe a entregar -  e funciona muito bem! Por isso, como já comentei, coloco "Playbook" como mais uma agradável surpresa desse ano e espero, do fundo do coração, que tenhamos muitas outras temporadas! Essa primeira, por exemplo, é para assistir em uma sentada só: são 5 episódios de 30 minutos que você nem vai sentir passar! Não perca tempo!

Assista Agora

"Playbook", série documental da Netflix que recebeu o subtítulo de "Estratégias para Vencer" é uma das coisas mais bacanas que assisti em 2020! Para quem gosta de esporte ou empreendedorismo, esse material é quase indispensável - pela sua qualidade didática e, principalmente, pela forma natural como cada um dos personagens contam suas respectivas histórias e codificam os aprendizados mais marcantes da carreira até chegar ao sucesso!

Doc Rivers, técnico do Los Angels Clippers da NBA; Jill Ellis, técnica da seleção americana de futebol feminino; José Mourinho, hoje técnico do Tottenham; Patrick Mouratoglou, técnico da tenista Serena Williams e, finalmente, Dawn Staley, treinadora da seleção feminina de basquete dos EUA; contam em episódios de 30 minutos, quais foram suas principais estratégias que ajudaram colocar os times e atletas que treinaram na elite do esporte. Confira o trailer e veja o que te espera:

Desde que o técnico Bernardinho trouxe para o Brasil (ao lado da editora Sextante) a coleção "Na Vida como no Esporte" em 2009 venho acompanhando os conceitos, princípios e valores que grandes atletas e treinadores pautaram suas trajetórias, talvez por isso que "Palybook" tenha me conquistado com tanta facilidade. A série equilibra depoimentos dos treinadores com imagens de arquivo que ilustram o assunto que está sendo discutido. Como na coleção da Sextante, alguns ensinamentos são destacados e servem de fio condutor para uma narrativa dinâmica, motivadora (sem ser piegas) e, muitas vezes, emocionantes. Tenha certeza que você vai encontrar muito além do que apenas uma personalidade do esporte contando suas façanhas - é o lado humano, palpável, muitas vezes frágil, que transformam essa série em algo imperdível e, claro, irretocável!

"Playbook - Estratégias para Vencer" é mais um grande trabalho do diretor e produtor executivo John Henion - que já esteve envolvido com outro grande sucesso: "Chefs Table". Produzida pela Boardwalk Pictures, Delirio Films e SpringHill Enternaiment, a série contou com um total de 24 produtores, entre eles, LeBron James, o que notadamente imprime um valor histórico, artístico e técnico, impressionantes para a produção. O roteiro equilibra tão bem o didatismo de como cada um deles valoriza o processo de preparação, a importância do espirito de equipe, da determinação permanente, ao mesmo tempo que expõe, sem qualquer receio, as preocupações perante as armadilhas do sucesso e a forma como lidam com as derrotas mais dolorosas.

Alguns episódios traduzem exatamente o perfil midiático do treinador - é o caso do José Mourinho, por exemplo. Porém a quebra de expectativa ao mostrar o lado humano do treinador é tão grande que parece não se tratar da mesma pessoa. Essa estratégia narrativa é tão divertida como emocionante! Outro episódio que te tira o chão é o da Jill Ellis - simplesmente incrível como ela foi capaz de expor suas fragilidades ao mesmo tempo em que contava os detalhes da construção da sua trajetória como treinadora. A verdade é que a série traz a informalidade de um papo de boteco com a seriedade e profundidade de uma palestra caríssima desses mesmos treinadores.

Lições como “Nunca se faça de vítima”, “Seja verdadeiro com você mesmo”, “Algumas regras foram feitas para serem quebradas”, “Nunca tenha medo de ser demitido”, “O que está atrasado não significa que foi negado. Tenha fé”, parecem ter saído de uma obra barata de auto-ajuda, mas te garanto: todos os pontos são tão bem embasados, ilustrados e explicados que fazem todo sentido dentro do contexto que a série se propõe a entregar -  e funciona muito bem! Por isso, como já comentei, coloco "Playbook" como mais uma agradável surpresa desse ano e espero, do fundo do coração, que tenhamos muitas outras temporadas! Essa primeira, por exemplo, é para assistir em uma sentada só: são 5 episódios de 30 minutos que você nem vai sentir passar! Não perca tempo!

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Professor Polvo

"Professor Polvo" é um filme sobre conexão, sobre a maravilhosa relação com o desconhecido e o entendimento que cada ser vivo desse planeta tem um lugar importante dentro da natureza - sim, pode parecer papo de professor de biologia, mas pare e reflita: o que de tão espectacular pode existir em um documentário sobre um homem que mergulha todo dia para se encontrar com um polvo? Pode ter certeza que essa resposta está no seu "play" - existe verdade, sensações, sentimentos e, claro, a chancela de saber que esse mesmo documentário é um dos favoritos para levar o Oscar 2021 da categoria! Mas o filme é, de fato, incrível!

“Professor Polvo” é dirigido e roteirizado por Pippa Ehrlich (em seu primeiro documentário) e por James Reed (de “Jago: Uma Vida no Mar“) e conta a jornada de Craig Foster, cineasta, amante dos oceanos e conservacionista marinho. Enquanto passava por um período de dificuldades profissionais e de depressão pessoal, Foster começou a mergulhar na costa da Cidade do Cabo, na África do Sul, em busca de isolamento e paz, foi a partir daí que ele passou acompanhar e se relacionar, por quase um ano, com um polvo. Acompanhamos essa história pelo seu próprio ponto de vista e pelas imagens que ele mesmo gravou na época. Do contato inusitado com o molusco ao longo do tempo às reflexões que essa experiência acabou provocando em Foster, percebemos com muita sensibilidade as mudanças na sua vida e como essa conexão transformou a maneira como ele encarava seus problemas. Confira o trailer:

Pelo trailer já fica fácil perceber que o primeiro elemento que salta aos olhos é a qualidade cinematográfica das imagens feitas, tanto por Craig Foster quanto por Ehrlich e Reed - principalmente as subaquáticas. São planos bem trabalhados, uma combinação de cores e texturas que impressionam pela beleza. A fotografia como um todo é de cair o queixo, reparem.

Outro ponto, claro, é o roteiro - ele amarra perfeitamente a história com motivações coerentes com a proposta e consegue criar uma conexão emocional próxima daquela que o protagonista experienciou - é impressionante como passamos a torcer e a nos angustiar com um "polvo" no fundo do mar! Embora a montagem sugira uma certa manipulação emocional, com uma linda trilha sonora de Kevin Smuts, em momento algum nos sentimos enganados por isso - o que vemos e sentimos, está de acordo com o propósito do filme e de quanto isso era importante para Foster.

Eu não sou uma pessoa tão ligado a natureza a ponto de achar “Professor Polvo” um documentário inesquecível, porém não posso deixar de ressaltar o quanto essa história me tocou! Pode acreditar, é um trabalho de uma delicadeza enorme. A força de vontade de Craig em acompanhar o polvo e de nos contar cada detalhe dessa jornada, faz parecer mentira como essa constância foi capaz de construir uma relação que nos toca de verdade - só por isso já vale muito mais do que nossa atenção.

A verdade é que “Professor Polvo” conta uma história completamente inimaginável que prova como a vida pode ser assustadoramente selvagem, profundamente sensível e capaz de impactar tantas pessoas com um sentimento que para muitos soa impossível. Olha, vale muito a pena! Faz bem para alma e para o coração! 

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"Professor Polvo" é um filme sobre conexão, sobre a maravilhosa relação com o desconhecido e o entendimento que cada ser vivo desse planeta tem um lugar importante dentro da natureza - sim, pode parecer papo de professor de biologia, mas pare e reflita: o que de tão espectacular pode existir em um documentário sobre um homem que mergulha todo dia para se encontrar com um polvo? Pode ter certeza que essa resposta está no seu "play" - existe verdade, sensações, sentimentos e, claro, a chancela de saber que esse mesmo documentário é um dos favoritos para levar o Oscar 2021 da categoria! Mas o filme é, de fato, incrível!

“Professor Polvo” é dirigido e roteirizado por Pippa Ehrlich (em seu primeiro documentário) e por James Reed (de “Jago: Uma Vida no Mar“) e conta a jornada de Craig Foster, cineasta, amante dos oceanos e conservacionista marinho. Enquanto passava por um período de dificuldades profissionais e de depressão pessoal, Foster começou a mergulhar na costa da Cidade do Cabo, na África do Sul, em busca de isolamento e paz, foi a partir daí que ele passou acompanhar e se relacionar, por quase um ano, com um polvo. Acompanhamos essa história pelo seu próprio ponto de vista e pelas imagens que ele mesmo gravou na época. Do contato inusitado com o molusco ao longo do tempo às reflexões que essa experiência acabou provocando em Foster, percebemos com muita sensibilidade as mudanças na sua vida e como essa conexão transformou a maneira como ele encarava seus problemas. Confira o trailer:

Pelo trailer já fica fácil perceber que o primeiro elemento que salta aos olhos é a qualidade cinematográfica das imagens feitas, tanto por Craig Foster quanto por Ehrlich e Reed - principalmente as subaquáticas. São planos bem trabalhados, uma combinação de cores e texturas que impressionam pela beleza. A fotografia como um todo é de cair o queixo, reparem.

Outro ponto, claro, é o roteiro - ele amarra perfeitamente a história com motivações coerentes com a proposta e consegue criar uma conexão emocional próxima daquela que o protagonista experienciou - é impressionante como passamos a torcer e a nos angustiar com um "polvo" no fundo do mar! Embora a montagem sugira uma certa manipulação emocional, com uma linda trilha sonora de Kevin Smuts, em momento algum nos sentimos enganados por isso - o que vemos e sentimos, está de acordo com o propósito do filme e de quanto isso era importante para Foster.

Eu não sou uma pessoa tão ligado a natureza a ponto de achar “Professor Polvo” um documentário inesquecível, porém não posso deixar de ressaltar o quanto essa história me tocou! Pode acreditar, é um trabalho de uma delicadeza enorme. A força de vontade de Craig em acompanhar o polvo e de nos contar cada detalhe dessa jornada, faz parecer mentira como essa constância foi capaz de construir uma relação que nos toca de verdade - só por isso já vale muito mais do que nossa atenção.

A verdade é que “Professor Polvo” conta uma história completamente inimaginável que prova como a vida pode ser assustadoramente selvagem, profundamente sensível e capaz de impactar tantas pessoas com um sentimento que para muitos soa impossível. Olha, vale muito a pena! Faz bem para alma e para o coração! 

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Quem Fizer Ganha

Futebol é coisa séria, certo? Certíssimo, mas para nós que somos brasileiros o nível de seriedade extrapola o óbvio! Já para o time de Samoa Americana e seus torcedores, futebol é apenas mais um jogo, que deve ser levado a sério, claro, mas que em hipótese alguma chancela a felicidade de um ser humano pelos seus resultados no esporte. Aliás, é assim que deveria ser, não?  Talvez mais do que pela qualidade como obra cinematográfica, "Quem Fizer Ganha" de fato tem uma história incrível, especialmente por sua importante mensagem sobre o real valor das conexões humanas, mas que aqui não tem a menor pretensão de não se deixar cair no clichê - e é aí que Taika Waititi (de "JoJo Rabbit"), literalmente, marca um golaço! Seu filme é um amontoado de clichês, mas construído de uma maneira leve, divertida e propositalmente simples; que nem por isso deixa de ser um excelente entretenimento bem ao estilo que fez de "Ted Lasso" um grande sucesso de crítica e público. O fato é que existe um caminho para contar boas histórias sobre o esporte sem precisar se apegar ao estilo documental ou ter uma estrutura dramática demais; é possível simplesmente rir e chorar sem ter que se levar tão a sério - fica a dica!

Em 2001, a seleção da Samoa Americana sofreu a maior derrota da história do futebol, perdendo por 31 a 0 para a Austrália. Dez anos depois, o técnico americano/holandês Thomas Rongen (Michael Fassbender) assume o desafio de levar a equipe à sua primeira vitória nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com um elenco excêntrico, composto por jogadores inexperientes e até mesmo a primeira jogadora de futebol transgênero do mundo, Jaiyah Saelua (Kaimana), Rongen precisa superar as diferenças culturais e as dificuldades do país para construir um time coeso e, quem sabe, competitivo. Confira o trailer:

Baseado no documentário homônimo de 2014, dirigido por Steve Jamison, "Quem Fizer Ganha" parte de uma improvável história real de superação para contar, da sua maneira, um episódio esportivo sem muita importância no cenário mundial, mas certamente inesquecível para um pequeno grupo de torcedores de um território não incorporado dos Estados Unidos situado na Polinésia, Oceania, com pouco menos de 200km de extensão. Com um humor próximo ao "pastelão", mas muito divertido pela sua proposta, o filme pontua o contraste cultural entre a ocidentalidade, de certa maneira agressiva, personificada por Rogen, e a tranquilidade e o respeito às tradições religiosas dos samoanos.

A direção de Waititi é inteligente, pois ele sabe ser sensível e bem-humorado na dose certa. Waititi se apoia no absurdo para capturar a essência da cultura de Samoa Americana, suas referências capitalistas e a paixão do seu povo pelo futebol. O roteiro, co-escrito por Waititi e Iain Morris (o mesmo de "O Que Fazemos nas Sombras") é leve, mas sempre com a preocupação de não deixar de lado os momentos dramáticos da história que dão certa veracidade para a jornada - as marcas da goleada para a Austrália e a redenção do goleiro Nicky Salapu são bons exemplos disso. Outro ponto que merece certo destaque é a trilha sonora composta por Michael Giacchino (vencedor do Oscar por "Up: Altas Aventuras") - ela é empolgante e contribui demais para a atmosfera vibrante do filme.

Embora Fassbender não tenha o carisma de Jason Sudeikis e de seu Ted Lasso, é inegável o valor da sua entrega como ator através de uma performance memorável. Ele consegue mostrar o lado humano de um técnico marcado pela vida e pela profissão - inclusive com uma cena que certamente vai te deixar de queixo caído. O elenco de apoio também é excelente, destaque para Kaimana.

"Quem Fizer Ganha" é um ótimo entretenimento, daquelesque te fará rir, chorar e vibrar com uma história real que merecia ser contada. Imperdível!

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Futebol é coisa séria, certo? Certíssimo, mas para nós que somos brasileiros o nível de seriedade extrapola o óbvio! Já para o time de Samoa Americana e seus torcedores, futebol é apenas mais um jogo, que deve ser levado a sério, claro, mas que em hipótese alguma chancela a felicidade de um ser humano pelos seus resultados no esporte. Aliás, é assim que deveria ser, não?  Talvez mais do que pela qualidade como obra cinematográfica, "Quem Fizer Ganha" de fato tem uma história incrível, especialmente por sua importante mensagem sobre o real valor das conexões humanas, mas que aqui não tem a menor pretensão de não se deixar cair no clichê - e é aí que Taika Waititi (de "JoJo Rabbit"), literalmente, marca um golaço! Seu filme é um amontoado de clichês, mas construído de uma maneira leve, divertida e propositalmente simples; que nem por isso deixa de ser um excelente entretenimento bem ao estilo que fez de "Ted Lasso" um grande sucesso de crítica e público. O fato é que existe um caminho para contar boas histórias sobre o esporte sem precisar se apegar ao estilo documental ou ter uma estrutura dramática demais; é possível simplesmente rir e chorar sem ter que se levar tão a sério - fica a dica!

Em 2001, a seleção da Samoa Americana sofreu a maior derrota da história do futebol, perdendo por 31 a 0 para a Austrália. Dez anos depois, o técnico americano/holandês Thomas Rongen (Michael Fassbender) assume o desafio de levar a equipe à sua primeira vitória nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com um elenco excêntrico, composto por jogadores inexperientes e até mesmo a primeira jogadora de futebol transgênero do mundo, Jaiyah Saelua (Kaimana), Rongen precisa superar as diferenças culturais e as dificuldades do país para construir um time coeso e, quem sabe, competitivo. Confira o trailer:

Baseado no documentário homônimo de 2014, dirigido por Steve Jamison, "Quem Fizer Ganha" parte de uma improvável história real de superação para contar, da sua maneira, um episódio esportivo sem muita importância no cenário mundial, mas certamente inesquecível para um pequeno grupo de torcedores de um território não incorporado dos Estados Unidos situado na Polinésia, Oceania, com pouco menos de 200km de extensão. Com um humor próximo ao "pastelão", mas muito divertido pela sua proposta, o filme pontua o contraste cultural entre a ocidentalidade, de certa maneira agressiva, personificada por Rogen, e a tranquilidade e o respeito às tradições religiosas dos samoanos.

A direção de Waititi é inteligente, pois ele sabe ser sensível e bem-humorado na dose certa. Waititi se apoia no absurdo para capturar a essência da cultura de Samoa Americana, suas referências capitalistas e a paixão do seu povo pelo futebol. O roteiro, co-escrito por Waititi e Iain Morris (o mesmo de "O Que Fazemos nas Sombras") é leve, mas sempre com a preocupação de não deixar de lado os momentos dramáticos da história que dão certa veracidade para a jornada - as marcas da goleada para a Austrália e a redenção do goleiro Nicky Salapu são bons exemplos disso. Outro ponto que merece certo destaque é a trilha sonora composta por Michael Giacchino (vencedor do Oscar por "Up: Altas Aventuras") - ela é empolgante e contribui demais para a atmosfera vibrante do filme.

Embora Fassbender não tenha o carisma de Jason Sudeikis e de seu Ted Lasso, é inegável o valor da sua entrega como ator através de uma performance memorável. Ele consegue mostrar o lado humano de um técnico marcado pela vida e pela profissão - inclusive com uma cena que certamente vai te deixar de queixo caído. O elenco de apoio também é excelente, destaque para Kaimana.

"Quem Fizer Ganha" é um ótimo entretenimento, daquelesque te fará rir, chorar e vibrar com uma história real que merecia ser contada. Imperdível!

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Remando para o Ouro

Essa é mais uma história do esporte que merecia ser contada e diferente do que estamos acostumados, aqui o foco é o remo! Mas não desanime, já que esse esporte pode até parecer pouco convencional para nós brasileiros, mas aqui é a jornada que importa. Dirigido pelo astro George Clooney e baseado na história real da equipe de remo da Universidade de Washington, o filme nos convida a mergulhar na década de 1930, época marcada pela Grande Depressão e pela ascensão do nazismo - embora o contexto sócio-politico, de fato, não seja o foco. Eu quero dizer é que em "Remando para o Ouro" o que realmente interessa é o drama esportivo pela perspectiva de seus atletas, da perseverança, da superação e de certa forma, do poder transformador do trabalho em equipe.

"The Boys in the Boat" (no original) basicamente retrata a história real de um grupo de jovens azarões que acabam sob os holofotes do esporte ao enfrentarem de igual para igual rivais da elite americana do remo até alcançarem o grande objetivo de disputar os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Confira o trailer (em inglês):

Se você procura originalidade pode ser que você não se conecte com "Remando para o Ouro", já que sua narrativa é extremamente linear e muito previsível. Por outro lado, o que nos encanta nesse projeto liderado por Clooney é justamente a simplicidade com que ele conta essa história - claramente esse é um daqueles filmes despretensiosos e gostosos de assistir. Para alinhar as expectavas, não espere mais do que um agradável e curioso entretenimento. Embora o roteiro do Daniel James Brown (autor do livro que deu origem ao filme) e do Mark L. Smith (de "O Regresso") não se limite a ser um mero conto de fadas sobre uma equipe de remo, eu diria que é na fórmula "importância da resiliência", "trabalho em equipe" e "busca pelos nossos sonhos" que a narrativa se apoia. Agora é preciso ressaltar: todo o contexto que a equipe de remo da Universidade de Washington estava inserida faz dessa jornada algo muito especial!

A direção de Clooney é precisa e envolvente, mas conservadora. Ele conduz a narrativa com ritmo impecável, alternando com maestria momentos de ação e tensão com cenas de profunda introspecção e emoção. A fotografia do Martin Ruhe (de "O Céu da Meia-Noite") captura com maestria a beleza das paisagens e a grandiosidade das competições de remo nos EUA e depois em Berlin - as cenas das regatas, acreditem, são excelentes! Obviamente que a trilha sonora, em um filme esportivo, é um elemento essencial para a construção das camadas emocionais da história e aqui o trabalho de Alexandre Desplat (vencedor de dois Oscars por "A Forma da Água" e "O Grande Hotel Budapeste") é simplesmente sensacional!

Embora o filme peque na construção de personagens complexos e multidimensionais, Callum Turner, ainda assim, entrega uma performance honesta. O ponto é que "Remando para o Ouro" vem com esse mood inspirador, emocionante e visualmente deslumbrante - um filme feito para te tocar com uma história improvável de jovens remadores que, contra todas as probabilidades, alcançaram a glória e provaram (e aqui me desculpe o tom auto-ajuda) que mais importante que o "destino" é o "caminho"!

Vale seu play!

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Essa é mais uma história do esporte que merecia ser contada e diferente do que estamos acostumados, aqui o foco é o remo! Mas não desanime, já que esse esporte pode até parecer pouco convencional para nós brasileiros, mas aqui é a jornada que importa. Dirigido pelo astro George Clooney e baseado na história real da equipe de remo da Universidade de Washington, o filme nos convida a mergulhar na década de 1930, época marcada pela Grande Depressão e pela ascensão do nazismo - embora o contexto sócio-politico, de fato, não seja o foco. Eu quero dizer é que em "Remando para o Ouro" o que realmente interessa é o drama esportivo pela perspectiva de seus atletas, da perseverança, da superação e de certa forma, do poder transformador do trabalho em equipe.

"The Boys in the Boat" (no original) basicamente retrata a história real de um grupo de jovens azarões que acabam sob os holofotes do esporte ao enfrentarem de igual para igual rivais da elite americana do remo até alcançarem o grande objetivo de disputar os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Confira o trailer (em inglês):

Se você procura originalidade pode ser que você não se conecte com "Remando para o Ouro", já que sua narrativa é extremamente linear e muito previsível. Por outro lado, o que nos encanta nesse projeto liderado por Clooney é justamente a simplicidade com que ele conta essa história - claramente esse é um daqueles filmes despretensiosos e gostosos de assistir. Para alinhar as expectavas, não espere mais do que um agradável e curioso entretenimento. Embora o roteiro do Daniel James Brown (autor do livro que deu origem ao filme) e do Mark L. Smith (de "O Regresso") não se limite a ser um mero conto de fadas sobre uma equipe de remo, eu diria que é na fórmula "importância da resiliência", "trabalho em equipe" e "busca pelos nossos sonhos" que a narrativa se apoia. Agora é preciso ressaltar: todo o contexto que a equipe de remo da Universidade de Washington estava inserida faz dessa jornada algo muito especial!

A direção de Clooney é precisa e envolvente, mas conservadora. Ele conduz a narrativa com ritmo impecável, alternando com maestria momentos de ação e tensão com cenas de profunda introspecção e emoção. A fotografia do Martin Ruhe (de "O Céu da Meia-Noite") captura com maestria a beleza das paisagens e a grandiosidade das competições de remo nos EUA e depois em Berlin - as cenas das regatas, acreditem, são excelentes! Obviamente que a trilha sonora, em um filme esportivo, é um elemento essencial para a construção das camadas emocionais da história e aqui o trabalho de Alexandre Desplat (vencedor de dois Oscars por "A Forma da Água" e "O Grande Hotel Budapeste") é simplesmente sensacional!

Embora o filme peque na construção de personagens complexos e multidimensionais, Callum Turner, ainda assim, entrega uma performance honesta. O ponto é que "Remando para o Ouro" vem com esse mood inspirador, emocionante e visualmente deslumbrante - um filme feito para te tocar com uma história improvável de jovens remadores que, contra todas as probabilidades, alcançaram a glória e provaram (e aqui me desculpe o tom auto-ajuda) que mais importante que o "destino" é o "caminho"!

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Rise

É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.

"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):

"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.

Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.

O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.

Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!

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É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.

"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):

"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.

Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.

O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.

Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!

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Romário, O Cara

A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!

"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:

No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..

A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!

Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!

Vale muito o seu play!

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A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!

"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:

No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..

A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!

Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!

Vale muito o seu play!

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Ronaldo, o Fenômeno

Essa era uma história que precisava ser contada da maneira que foi! Não existe adjetivos para descrever a jornada de Ronaldo Nazário entre a final da Copa do Mundo da França em 1998 e o Pentacampeonato, quatro anos depois - nem o melhor dos roteiristas seria capaz de construir uma trama tão cruel ao mesmo tempo tão espetacular como a que o destino fez questão de pontuar a cada dificuldade que o nosso "Fenômeno" precisou superar para alcançar o seu maior objetivo profissional. "Ronaldo, o Fenômeno" é emocionante e cativante, daquele tipo de documentário que assistimos com um sorriso no rosto e com aquela sensação de dó que uma hora vai acabar!

O filme dedica boa parte de sua narrativa ao desempenho do craque durante a década de 1990, época em que recebeu o primeiro título de "Melhor Jogador do Mundo". "Ronaldo, o Fenômeno" também mostra os bastidores da vida do jogador durante  a Copa de 98, o assédio da imprensa e o drama da convulsão antes da final, além de todos os detalhes sobre os momentos difíceis que isso gerou, as futuras lesões no joelho e, claro, sua redenção em 2002. Confira o trailer:

Se o excelente "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial de futebol sob a perspectiva da Seleção, essa produção da Zoom Sports e da DAZN Studios, em associação com a Beyond Films e Fifa+, para o Globoplay, foca em seu principal protagonista - o jogador que para muitos estava acabado, mas que a história fez questão de provar que esses "muitos" estava errados.

Com inúmeras imagens de arquivo e entrevistas simplesmente sensacionais, todas muito bem amarradas aos relatos do próprio Ronaldo, o documentário escrito e dirigido pelo Duncan McMath é uma aula de construção narrativa sobre a jornada do herói. A edição do Víctor M. Gros é tão competente que temos a impressão que mesmo com um recorte tão extenso da vida do jogador, tudo se encaixa perfeitamente como uma obra de ficção. Veja, ter no documentário ex-jogadores do calibre de Zidane, Romário, Roberto Carlos, Paolo Maldini, Simeone e Vieri, além, obviamente, de participações do Felipão, do Rodrigo Paiva e de seu familiares, não é para qualquer um.

"Ronaldo, o Fenômeno" é, de fato, um presente para a história esportiva pelo olhar de muitos personagens que passaram pela vida de Ronaldo e/ou estiveram nos eventos esportivos onde, de alguma forma, ele foi o protagonista. Como deve ser, o documentário foca no atleta e nos reflexos de ser a maior referência na sua modalidade, não na sua vida pessoal ou de seus negócios - e só por isso, eu já largaria tudo e daria o play, porque vale muito (mas, muito) a pena!

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Essa era uma história que precisava ser contada da maneira que foi! Não existe adjetivos para descrever a jornada de Ronaldo Nazário entre a final da Copa do Mundo da França em 1998 e o Pentacampeonato, quatro anos depois - nem o melhor dos roteiristas seria capaz de construir uma trama tão cruel ao mesmo tempo tão espetacular como a que o destino fez questão de pontuar a cada dificuldade que o nosso "Fenômeno" precisou superar para alcançar o seu maior objetivo profissional. "Ronaldo, o Fenômeno" é emocionante e cativante, daquele tipo de documentário que assistimos com um sorriso no rosto e com aquela sensação de dó que uma hora vai acabar!

O filme dedica boa parte de sua narrativa ao desempenho do craque durante a década de 1990, época em que recebeu o primeiro título de "Melhor Jogador do Mundo". "Ronaldo, o Fenômeno" também mostra os bastidores da vida do jogador durante  a Copa de 98, o assédio da imprensa e o drama da convulsão antes da final, além de todos os detalhes sobre os momentos difíceis que isso gerou, as futuras lesões no joelho e, claro, sua redenção em 2002. Confira o trailer:

Se o excelente "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial de futebol sob a perspectiva da Seleção, essa produção da Zoom Sports e da DAZN Studios, em associação com a Beyond Films e Fifa+, para o Globoplay, foca em seu principal protagonista - o jogador que para muitos estava acabado, mas que a história fez questão de provar que esses "muitos" estava errados.

Com inúmeras imagens de arquivo e entrevistas simplesmente sensacionais, todas muito bem amarradas aos relatos do próprio Ronaldo, o documentário escrito e dirigido pelo Duncan McMath é uma aula de construção narrativa sobre a jornada do herói. A edição do Víctor M. Gros é tão competente que temos a impressão que mesmo com um recorte tão extenso da vida do jogador, tudo se encaixa perfeitamente como uma obra de ficção. Veja, ter no documentário ex-jogadores do calibre de Zidane, Romário, Roberto Carlos, Paolo Maldini, Simeone e Vieri, além, obviamente, de participações do Felipão, do Rodrigo Paiva e de seu familiares, não é para qualquer um.

"Ronaldo, o Fenômeno" é, de fato, um presente para a história esportiva pelo olhar de muitos personagens que passaram pela vida de Ronaldo e/ou estiveram nos eventos esportivos onde, de alguma forma, ele foi o protagonista. Como deve ser, o documentário foca no atleta e nos reflexos de ser a maior referência na sua modalidade, não na sua vida pessoal ou de seus negócios - e só por isso, eu já largaria tudo e daria o play, porque vale muito (mas, muito) a pena!

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