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13 Reasons Why

Sabe aquela série que a Netflix lança sem muito marketing, com uma levada meio anos 80/90 e que te trás um monte de referências da adolescência?

Pelo jeito a Netflix entendeu o resultado (e o hype) de "Stranger Things" ao lançar "13 Reasons Why"! É exatamente a mesma estratégia e o resultado tende a ser bem similar!!! Aproveite o final de semana e assista, você vai me agradecer! A série conta a história de uma adolescente que se suicidou, mas que antes criou um espécie de "ARG" (alternate reality game) para contar o motivo do seu suicídio para as pessoas que, de alguma forma, foram responsáveis por essa atitude!!! Cada episódio (são 13) é narrado pela protagonista a partir de uma gravação de fita-cassete, ou seja, cada lado da fita, um episódio!!! É muito original o formato da série, e, mesmo se passando nos dias de hoje, trás muito do conceito narrativo de séries clássicas (adolescentes) dos anos 90, mas sem ser piegas! Vale muito a pena. Confira o trailer:

Assim que acabei o episódio final de "13 Reasons Why" tive a certeza de que era uma das coisas mais bacanas que eu assisti na vida! É um episódio realmente especial e que fecha com chave de ouro um arco muito bem construído. É um episódio difícil, duro, profundo, bem feito, bem dirigido, bem interpretado, mas principalmente bem fundamentado! Os produtores e criadores da série foram precisos ao abordar o assunto "suicídio" com uma linguagem correta e verdadeira para os jovens e, indiscutivelmente, para os pais desses jovens - nos faz refletir (e muito)!

"13 Reasons Why" traz aquilo que eu acredito ser um conteúdo perfeito: é um ótimo entretenimento, sem dúvida, mas traz assuntos tão difíceis quanto necessários de serem retratados de uma forma muito inteligente! Se você em algum momento achar que uma ou outra situação está forçando uma barra, eu te aconselho a assistir o documentário "The Hunting Ground" e você vai ver que tudo aquilo realmente existe e que muita gente prefere fechar os olhos do que tirar de uma Universidade o principal jogador de futebol americano que vai fazer com que a cidade e a instituição fiquem famosos por ganhar um campeonato - isso aconteceu, inclusive, com um jogador que hoje ganha milhões na NFL. Revoltante!!!

Vale muito a pena!

Up Date: a série tem mais duas temporadas disponíveis, mas que infelizmente não seguiram a qualidade da primeira!

Assista Agora

Sabe aquela série que a Netflix lança sem muito marketing, com uma levada meio anos 80/90 e que te trás um monte de referências da adolescência?

Pelo jeito a Netflix entendeu o resultado (e o hype) de "Stranger Things" ao lançar "13 Reasons Why"! É exatamente a mesma estratégia e o resultado tende a ser bem similar!!! Aproveite o final de semana e assista, você vai me agradecer! A série conta a história de uma adolescente que se suicidou, mas que antes criou um espécie de "ARG" (alternate reality game) para contar o motivo do seu suicídio para as pessoas que, de alguma forma, foram responsáveis por essa atitude!!! Cada episódio (são 13) é narrado pela protagonista a partir de uma gravação de fita-cassete, ou seja, cada lado da fita, um episódio!!! É muito original o formato da série, e, mesmo se passando nos dias de hoje, trás muito do conceito narrativo de séries clássicas (adolescentes) dos anos 90, mas sem ser piegas! Vale muito a pena. Confira o trailer:

Assim que acabei o episódio final de "13 Reasons Why" tive a certeza de que era uma das coisas mais bacanas que eu assisti na vida! É um episódio realmente especial e que fecha com chave de ouro um arco muito bem construído. É um episódio difícil, duro, profundo, bem feito, bem dirigido, bem interpretado, mas principalmente bem fundamentado! Os produtores e criadores da série foram precisos ao abordar o assunto "suicídio" com uma linguagem correta e verdadeira para os jovens e, indiscutivelmente, para os pais desses jovens - nos faz refletir (e muito)!

"13 Reasons Why" traz aquilo que eu acredito ser um conteúdo perfeito: é um ótimo entretenimento, sem dúvida, mas traz assuntos tão difíceis quanto necessários de serem retratados de uma forma muito inteligente! Se você em algum momento achar que uma ou outra situação está forçando uma barra, eu te aconselho a assistir o documentário "The Hunting Ground" e você vai ver que tudo aquilo realmente existe e que muita gente prefere fechar os olhos do que tirar de uma Universidade o principal jogador de futebol americano que vai fazer com que a cidade e a instituição fiquem famosos por ganhar um campeonato - isso aconteceu, inclusive, com um jogador que hoje ganha milhões na NFL. Revoltante!!!

Vale muito a pena!

Up Date: a série tem mais duas temporadas disponíveis, mas que infelizmente não seguiram a qualidade da primeira!

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A Vida Depois

"A Vida Depois" machuca pela imprevisibilidade e por dar a exata noção de como não temos controle, muito menos certeza do que pode acontecer com quem amamos. A profundidade da discussão deixa claro nos primeiros minutos que não se trata de um filme dinâmico, mas certamente é um mergulho dos mais interessantes no universo de alguns adolescentes que sofreram um enorme trauma e precisam continuar seu caminho como se esse impacto fosse "apenas" passageiro.

"The Fallout" (no original) acompanha a colegial Vada (Jenna Ortega) em sua jornada por uma difícil crise emocional após vivenciar uma tragédia escolar. Seu relacionamento com família e amigos, assim como sua visão do mundo, são alterados para sempre e ela precisa aprender a lidar com isso antes que seja tarde. Confira o trailer:

Vencedor dos dois principais prêmios no SXSW Film Festival de 2021 (Melhor Filme pelo Júri e pela Audiência), "A Vida Depois" é intenso, marcante e extremamente introspectivo - e se você já tiver filhos, a experiência será ainda mais reflexiva. Muito bem conduzido pela atriz canadense e agora diretora Megan Park, o filme tem um cuidado e uma sensibilidade para tocar em assuntos delicados, mas que ao mesmo tempo são necessários para que a trama ganhe força. Se no prólogo, Park sugestiona uma situação de maneira criativa e corajosa, em inúmeras outras cenas ela faz questão de focar apenas no impacto emocional da personagem e, claro, nos reflexos dessas atitudes na relação com sua família e com amigos. Veja, Park não floreia, mas também não perde a mão - tudo é muito mais interiorizado do que exposto, mesmo que o imediatismo esteja ali.

Essas escolhas conceituais da diretora deixam o filme bastante cadenciado. Ao lado da fotógrafa e estreante na função, Kristen Correll, Park faz a câmera praticamente flutuar nos pensamentos de Vada, usando e abusando de planos fechados de extremo bom gosto. Apoiada em uma trilha sonora belíssima, muitas vezes tive a impressão de estar assistido a um dos bons episódios de "Euphoria" - a própria  Jenna Ortega parece seguir os passos de Zendaya, e entrega uma performance segura, madura e muito inspirada. Aliás, todo o elenco funciona muito bem e aqui eu destaco uma linda cena entre Vada e seu pai Carlos Cavell (John Ortiz) onde ambos gritam seus sentimentos em um local reservado como se ali fosse uma espécie de rito, de recomeço, de reconexão, mas, principalmente, de amor - a cena é emocionante e muito sincera.

"A Vida Depois" sofre com a pressa de ter que estabelecer o caos emocional da protagonista, deixando de lado ótimas histórias e muitas possibilidade de identificação com a audiência (a relação com a irmã e com a mãe são só dois exemplos) - o que, certamente, em uma série ou minissérie só engrandeceria a trama. O filme tem o mérito de ser simples ao mesmo tempo em que é eficiente no que se propõe: discutir os efeitos impensáveis de um profundo trauma na cabeça (e na vida) de um adolescente. Embora a abordagem seja, de fato, cuidadosa, a forma como o silêncio é trabalhado dá o exato tom da seriedade e densidade do assunto - talvez tenha faltado um pouco mais de coragem para o arco de Mia Reed (Maddie Ziegler), cúmplice e amiga de Vada, mas com aquele final, tudo passou a fazer muito sentido - principalmente no que diz respeito as marcas e as consequências de uma realidade que não pede licença para acontecer.

Vale muito seu play!

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"A Vida Depois" machuca pela imprevisibilidade e por dar a exata noção de como não temos controle, muito menos certeza do que pode acontecer com quem amamos. A profundidade da discussão deixa claro nos primeiros minutos que não se trata de um filme dinâmico, mas certamente é um mergulho dos mais interessantes no universo de alguns adolescentes que sofreram um enorme trauma e precisam continuar seu caminho como se esse impacto fosse "apenas" passageiro.

"The Fallout" (no original) acompanha a colegial Vada (Jenna Ortega) em sua jornada por uma difícil crise emocional após vivenciar uma tragédia escolar. Seu relacionamento com família e amigos, assim como sua visão do mundo, são alterados para sempre e ela precisa aprender a lidar com isso antes que seja tarde. Confira o trailer:

Vencedor dos dois principais prêmios no SXSW Film Festival de 2021 (Melhor Filme pelo Júri e pela Audiência), "A Vida Depois" é intenso, marcante e extremamente introspectivo - e se você já tiver filhos, a experiência será ainda mais reflexiva. Muito bem conduzido pela atriz canadense e agora diretora Megan Park, o filme tem um cuidado e uma sensibilidade para tocar em assuntos delicados, mas que ao mesmo tempo são necessários para que a trama ganhe força. Se no prólogo, Park sugestiona uma situação de maneira criativa e corajosa, em inúmeras outras cenas ela faz questão de focar apenas no impacto emocional da personagem e, claro, nos reflexos dessas atitudes na relação com sua família e com amigos. Veja, Park não floreia, mas também não perde a mão - tudo é muito mais interiorizado do que exposto, mesmo que o imediatismo esteja ali.

Essas escolhas conceituais da diretora deixam o filme bastante cadenciado. Ao lado da fotógrafa e estreante na função, Kristen Correll, Park faz a câmera praticamente flutuar nos pensamentos de Vada, usando e abusando de planos fechados de extremo bom gosto. Apoiada em uma trilha sonora belíssima, muitas vezes tive a impressão de estar assistido a um dos bons episódios de "Euphoria" - a própria  Jenna Ortega parece seguir os passos de Zendaya, e entrega uma performance segura, madura e muito inspirada. Aliás, todo o elenco funciona muito bem e aqui eu destaco uma linda cena entre Vada e seu pai Carlos Cavell (John Ortiz) onde ambos gritam seus sentimentos em um local reservado como se ali fosse uma espécie de rito, de recomeço, de reconexão, mas, principalmente, de amor - a cena é emocionante e muito sincera.

"A Vida Depois" sofre com a pressa de ter que estabelecer o caos emocional da protagonista, deixando de lado ótimas histórias e muitas possibilidade de identificação com a audiência (a relação com a irmã e com a mãe são só dois exemplos) - o que, certamente, em uma série ou minissérie só engrandeceria a trama. O filme tem o mérito de ser simples ao mesmo tempo em que é eficiente no que se propõe: discutir os efeitos impensáveis de um profundo trauma na cabeça (e na vida) de um adolescente. Embora a abordagem seja, de fato, cuidadosa, a forma como o silêncio é trabalhado dá o exato tom da seriedade e densidade do assunto - talvez tenha faltado um pouco mais de coragem para o arco de Mia Reed (Maddie Ziegler), cúmplice e amiga de Vada, mas com aquele final, tudo passou a fazer muito sentido - principalmente no que diz respeito as marcas e as consequências de uma realidade que não pede licença para acontecer.

Vale muito seu play!

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Areia Movediça

Desde o primeiro trailer de "Areia Movediça" algo me chamou muito a atenção, embora o "mistério" desse o tom daquela narrativa. Uma minissérie original sueca, produzida pela Netflix, com 6 episódios de 40 minutos cada, baseada em um best-seller, certamente viria com muito potencial!!! O livro de autor Malin Persson Giolito foi publicado em mais de 20 países e foi eleito o melhor romance nórdico de crimes de 2016. Depois de tudo que eu vi e li sobre a minissérie, eu só precisava confirmar se minhas expectativas iriam se comprovar e, posso te garantir: de fato, a história é muito interessante, envolvente e misteriosa! Típico projeto que tem tudo para agradar, mas as pessoas ainda precisam descobrir a enorme qualidade da produção sueca e tudo que envolve essa história.

Então vamos lá: a história é contada em duas linhas temporais diferentes. No presente Maja Norberg, uma jovem e linda estudante pré-vestibular, é acusada de matar seus colegas de escola à tiros, em plena sala de aula. No passado recente, vemos a mesma personagem envolvida com os estudos, se relacionando com a família e com os amigos da melhor forma possível, até que conhece o jovem Sebastian Fagerman - um garoto educado, bem nascido e apaixonado por ela. A primeira dúvida que surge é: como uma jovem tão educada e amorosa foi capaz de matar seus colegas de classe com tanto sangue frio?

Olha, é impossível não se envolver com a história logo de cara, pois "Areia Movediça" trás elementos de dois outros grandes sucessos da Netflix "The Sinner" e "13 Reasons Why"!!! A minissérie transita muito bem no universo dos jovens ao mesmo tempo que trás o mistério da transformação humana e as razões que nos fariam cometer loucuras. Me lembrou quando assisti "Breaking Bad" pela primeira vez - não entendia como um cara como Walter White poderia se transformar em um assassino (ou um traficante) como Heisenberg. Se "Areia Movediça" não tem a genialidade (e profundidade) de "Breaking Bad", merece elogios pela coragem de tocar em assuntos delicados como tiroteio nas escolas, estupro, relacionamento abusivo em vários níveis e o uso de drogas. Tenha em mente que, como o bom cinema sueco exige, é preciso ter estômago!

A Produção é excelente. As locações na Suécia e na França são incríveis. A minissérie é muito bem fotografada, muito bem dirigida e os atores que interpretam a Maja Norberg e o Sebastian Fagerman, respectivamente Hanna Ardéhn e Felix Sandman, dão um verdadeiro show: a maneira como eles vão se desconstruindo durante os episódios vale o "ingresso"! Em muitos momentos o diretor Per-Olav Sørensen usa de técnicas documentais para humanizar ainda mais as situações. Com as câmeras mais soltas e um trabalho genial com o zoom, o diretor trás uma realidade muito interessante para essa ficção que nos faz refletir se aquilo tudo não foi baseado em fatos reais... Poderia!!! 

"Areia Movediça" é um ótima surpresa que ainda não caiu nas graças da audiência por puro desconhecimento, pois é impossível não se relacionar com todas as situações que o roteiro propõe!!! Vale muito o play!!!!

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Desde o primeiro trailer de "Areia Movediça" algo me chamou muito a atenção, embora o "mistério" desse o tom daquela narrativa. Uma minissérie original sueca, produzida pela Netflix, com 6 episódios de 40 minutos cada, baseada em um best-seller, certamente viria com muito potencial!!! O livro de autor Malin Persson Giolito foi publicado em mais de 20 países e foi eleito o melhor romance nórdico de crimes de 2016. Depois de tudo que eu vi e li sobre a minissérie, eu só precisava confirmar se minhas expectativas iriam se comprovar e, posso te garantir: de fato, a história é muito interessante, envolvente e misteriosa! Típico projeto que tem tudo para agradar, mas as pessoas ainda precisam descobrir a enorme qualidade da produção sueca e tudo que envolve essa história.

Então vamos lá: a história é contada em duas linhas temporais diferentes. No presente Maja Norberg, uma jovem e linda estudante pré-vestibular, é acusada de matar seus colegas de escola à tiros, em plena sala de aula. No passado recente, vemos a mesma personagem envolvida com os estudos, se relacionando com a família e com os amigos da melhor forma possível, até que conhece o jovem Sebastian Fagerman - um garoto educado, bem nascido e apaixonado por ela. A primeira dúvida que surge é: como uma jovem tão educada e amorosa foi capaz de matar seus colegas de classe com tanto sangue frio?

Olha, é impossível não se envolver com a história logo de cara, pois "Areia Movediça" trás elementos de dois outros grandes sucessos da Netflix "The Sinner" e "13 Reasons Why"!!! A minissérie transita muito bem no universo dos jovens ao mesmo tempo que trás o mistério da transformação humana e as razões que nos fariam cometer loucuras. Me lembrou quando assisti "Breaking Bad" pela primeira vez - não entendia como um cara como Walter White poderia se transformar em um assassino (ou um traficante) como Heisenberg. Se "Areia Movediça" não tem a genialidade (e profundidade) de "Breaking Bad", merece elogios pela coragem de tocar em assuntos delicados como tiroteio nas escolas, estupro, relacionamento abusivo em vários níveis e o uso de drogas. Tenha em mente que, como o bom cinema sueco exige, é preciso ter estômago!

A Produção é excelente. As locações na Suécia e na França são incríveis. A minissérie é muito bem fotografada, muito bem dirigida e os atores que interpretam a Maja Norberg e o Sebastian Fagerman, respectivamente Hanna Ardéhn e Felix Sandman, dão um verdadeiro show: a maneira como eles vão se desconstruindo durante os episódios vale o "ingresso"! Em muitos momentos o diretor Per-Olav Sørensen usa de técnicas documentais para humanizar ainda mais as situações. Com as câmeras mais soltas e um trabalho genial com o zoom, o diretor trás uma realidade muito interessante para essa ficção que nos faz refletir se aquilo tudo não foi baseado em fatos reais... Poderia!!! 

"Areia Movediça" é um ótima surpresa que ainda não caiu nas graças da audiência por puro desconhecimento, pois é impossível não se relacionar com todas as situações que o roteiro propõe!!! Vale muito o play!!!!

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As Vantagens de Ser Invisível

A adolescência é a fase mais complicada e difícil na vida de uma pessoa. Nesta época passamos por um turbilhão de mudanças - psicológicas, hormonais, sociais e comportamentais - que irão moldar o nosso caráter e definir o nosso lugar no mundo! “As Vantagens de Ser Invisível" aborda este universo de maneira simples e, ao mesmo tempo, profunda. Lida, principalmente, com dois problemas muito sérios que afligem a juventude: a depressão e o suicídio. Apesar dos temas pesados, há uma leveza na condução do enredo que torna a experiência de acompanhar a história muito prazerosa.

A trama é ambientada nos anos 90 e apresenta muitas referências literárias e musicais da época, o que garante um charme especial à produção. O protagonista é Charlie (Logan Lerman), um jovem retraído que possui bastante dificuldade em fazer novas amizades. Tudo muda, quando ele conhece dois veteranos, a descolada Sam (Emma Watson) e seu meio-irmão Patrick (Ezra Miller), que o ajudam a viver novas experiências. Embora esteja feliz nessa nova fase, Charlie possui traumas do passado que o impedem de seguir a sua vida de maneira plena e saudável. Confira o trailer:

Dirigido por Stephen Chbosky (de "Extraordinário"), fica fácil perceber a razão de todos os personagens serem bastante reais e cativantes - a ponto de você se identificar com as suas histórias e questões emocionais. E o enredo vai mais longe, apresentando ainda outros temas importantes, como virgindade, drogas, violência contra a mulher, bullying, assédio de menores e homofobia. Destaco ainda o excelente roteiro (do próprio Chbosky) e o ótimo trabalho do elenco jovem, em especial da atriz Emma Watson que está não menos que perfeita!

Por fim, preciso confessar que The Perks of Being a Wallflower (no original) foi uma surpresa muito agradável. Gostei tanto, que a produção entra fácil numa lista com as melhores produções sobre os dramas da juventude. Portanto, recomendo que não deixem de assistir, principalmente se você gosta deste universo teen, mas está cansado de produções que retratam os jovens de maneira rasa e sem conteúdo.

Aliás, “As Vantagens de Ser Invisível" recebeu mais de 50 indicações e recebeu inúmeros prêmios em festivais de cinema como "Film Independent Spirit Awards", "Hollywood Film Awards" e até no "People's Choice Awards" de 2013.

Vale muito o seu play!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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A adolescência é a fase mais complicada e difícil na vida de uma pessoa. Nesta época passamos por um turbilhão de mudanças - psicológicas, hormonais, sociais e comportamentais - que irão moldar o nosso caráter e definir o nosso lugar no mundo! “As Vantagens de Ser Invisível" aborda este universo de maneira simples e, ao mesmo tempo, profunda. Lida, principalmente, com dois problemas muito sérios que afligem a juventude: a depressão e o suicídio. Apesar dos temas pesados, há uma leveza na condução do enredo que torna a experiência de acompanhar a história muito prazerosa.

A trama é ambientada nos anos 90 e apresenta muitas referências literárias e musicais da época, o que garante um charme especial à produção. O protagonista é Charlie (Logan Lerman), um jovem retraído que possui bastante dificuldade em fazer novas amizades. Tudo muda, quando ele conhece dois veteranos, a descolada Sam (Emma Watson) e seu meio-irmão Patrick (Ezra Miller), que o ajudam a viver novas experiências. Embora esteja feliz nessa nova fase, Charlie possui traumas do passado que o impedem de seguir a sua vida de maneira plena e saudável. Confira o trailer:

Dirigido por Stephen Chbosky (de "Extraordinário"), fica fácil perceber a razão de todos os personagens serem bastante reais e cativantes - a ponto de você se identificar com as suas histórias e questões emocionais. E o enredo vai mais longe, apresentando ainda outros temas importantes, como virgindade, drogas, violência contra a mulher, bullying, assédio de menores e homofobia. Destaco ainda o excelente roteiro (do próprio Chbosky) e o ótimo trabalho do elenco jovem, em especial da atriz Emma Watson que está não menos que perfeita!

Por fim, preciso confessar que The Perks of Being a Wallflower (no original) foi uma surpresa muito agradável. Gostei tanto, que a produção entra fácil numa lista com as melhores produções sobre os dramas da juventude. Portanto, recomendo que não deixem de assistir, principalmente se você gosta deste universo teen, mas está cansado de produções que retratam os jovens de maneira rasa e sem conteúdo.

Aliás, “As Vantagens de Ser Invisível" recebeu mais de 50 indicações e recebeu inúmeros prêmios em festivais de cinema como "Film Independent Spirit Awards", "Hollywood Film Awards" e até no "People's Choice Awards" de 2013.

Vale muito o seu play!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Atypical

Atypical

"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:

O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!

Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.

 "Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!

Vale muito a pena!

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"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:

O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!

Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.

 "Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!

Vale muito a pena!

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Close

Um filme lindo, mas que machuca profundamente! "Close" é uma raridade que vai além da nossa compreensão como audiência que está sempre em busca do "algo mais"! Sim, essa produção belga que concorreu ao Oscar de "Melhor Filme Internacional" em 2023 chega cheia de simbolismo, de honestidade, de sensibilidade - esse é um filme que sinceramente está longe de ser um entretenimento usual, eu diria até que, mais do que assistir, "Close" merece ser sentido! Dirigido pelo jovem e talentoso Lukas Dhont (de "Girl - O Florescer de Uma Garota"), "Close" nos presenteia com uma história de amizade verdadeira pela perspectiva de um olhar mais íntimo, apoiado na delicadeza das nuances não-ditas em uma atmosfera de emoções que transita perfeitamente entre a felicidade e a dor de uma maneira que dificilmente encontramos retratadas com tanta veracidade e respeito, nas telas.

Basicamente, o filme gira em trono de Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele), dois garotos de 13 anos que, unidos por um laço até então inquebrável, veem sua relação abalada após um evento inexplicavelmente trágico, deixando marcas que nunca mais poderão ser esquecidas. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Ao assistir "Close" você vai entender perfeitamente o verdadeiro poder do silêncio como forma de comunicação. O exercício cinematográfico que Dhont impõe para o seu elenco é de se aplaudir de pé - pela proposta e pelo seu impressionante resultado. A performance do elenco está tão alinhada ao conceito narrativo sugerido pelo diretor, que temos a exata impressão de estarmos mergulhando em um complexo universo de sentimentos e sensações, onde a dor da perda se entrelaça com a beleza da saudade e a angústia da busca por respostas. Mais do que um filme sobre amizade adolescente, "Close" é um estudo honesto sobre masculinidade (e o preconceito) em suas mais diversas camadas, explorando temas como a repressão emocional, o bullying, a homofobia e a dificuldade de lidar com o luto.

Visualmente poético, a fotografia do veterano Frank van den Eeden (de 'Animals") captura a beleza pulsante da juventude com a mesma classe com que usa certos tons melancólicos e etéreos para retratar os eventos marcantes do roteiro. Veja, Eeden sabe o valor do simbolismo como estilo visual e não por acaso ele evoca, com o equilíbrio entre as lentes mais abertas e os super close-ups, o desfocado das paisagens em segundo plano com os personagens lindamente enquadrados em primeiro, os movimentos de câmera lineares de um lado e os nervosos do outro, "As flores do mal" de Charles Baudelaire - é como se aquele teor metafísico trouxesse a musicalidade para a alienação social ou o rigor formal criasse um caráter mais sinestésico para o filme. Reparem como seus planos são como uma pintura que utiliza cores vivas para se apropriar de uma temática mais onírica. enquanto a trilha sonora composta por Valentin Hadjadj emoldura perfeitamente cada cena com uma melodia, de fato, tocante. 

Por tudo isso classifico "Close" como uma jornada sensorial e emocional que nos provoca refletir sobre os laços que nos unem, a fragilidade da vida e a importância de lidar com a dor de forma honesta e autêntica. Se as atuações de Dambrine e De Waele são arrebatadoras, transbordando química e emoção a cada cena, o que dizer do trabalho irretocável de Émilie Dequenne como a mãe Rémi? Nada em "Close" merece ser deixado de lado, seja na proposta de explorar as dores da adolescência de uma maneira bastante realista ou até como o filme traz para os holofotes os desafios e cuidados para com os jovens que reprimem suas emoções e acabam não suportando essa pressão!

Se prepare uma obra em que gestos, cores e silêncios falam mais alto do que as próprias palavras. Vale muito o seu play!

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Um filme lindo, mas que machuca profundamente! "Close" é uma raridade que vai além da nossa compreensão como audiência que está sempre em busca do "algo mais"! Sim, essa produção belga que concorreu ao Oscar de "Melhor Filme Internacional" em 2023 chega cheia de simbolismo, de honestidade, de sensibilidade - esse é um filme que sinceramente está longe de ser um entretenimento usual, eu diria até que, mais do que assistir, "Close" merece ser sentido! Dirigido pelo jovem e talentoso Lukas Dhont (de "Girl - O Florescer de Uma Garota"), "Close" nos presenteia com uma história de amizade verdadeira pela perspectiva de um olhar mais íntimo, apoiado na delicadeza das nuances não-ditas em uma atmosfera de emoções que transita perfeitamente entre a felicidade e a dor de uma maneira que dificilmente encontramos retratadas com tanta veracidade e respeito, nas telas.

Basicamente, o filme gira em trono de Léo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele), dois garotos de 13 anos que, unidos por um laço até então inquebrável, veem sua relação abalada após um evento inexplicavelmente trágico, deixando marcas que nunca mais poderão ser esquecidas. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Ao assistir "Close" você vai entender perfeitamente o verdadeiro poder do silêncio como forma de comunicação. O exercício cinematográfico que Dhont impõe para o seu elenco é de se aplaudir de pé - pela proposta e pelo seu impressionante resultado. A performance do elenco está tão alinhada ao conceito narrativo sugerido pelo diretor, que temos a exata impressão de estarmos mergulhando em um complexo universo de sentimentos e sensações, onde a dor da perda se entrelaça com a beleza da saudade e a angústia da busca por respostas. Mais do que um filme sobre amizade adolescente, "Close" é um estudo honesto sobre masculinidade (e o preconceito) em suas mais diversas camadas, explorando temas como a repressão emocional, o bullying, a homofobia e a dificuldade de lidar com o luto.

Visualmente poético, a fotografia do veterano Frank van den Eeden (de 'Animals") captura a beleza pulsante da juventude com a mesma classe com que usa certos tons melancólicos e etéreos para retratar os eventos marcantes do roteiro. Veja, Eeden sabe o valor do simbolismo como estilo visual e não por acaso ele evoca, com o equilíbrio entre as lentes mais abertas e os super close-ups, o desfocado das paisagens em segundo plano com os personagens lindamente enquadrados em primeiro, os movimentos de câmera lineares de um lado e os nervosos do outro, "As flores do mal" de Charles Baudelaire - é como se aquele teor metafísico trouxesse a musicalidade para a alienação social ou o rigor formal criasse um caráter mais sinestésico para o filme. Reparem como seus planos são como uma pintura que utiliza cores vivas para se apropriar de uma temática mais onírica. enquanto a trilha sonora composta por Valentin Hadjadj emoldura perfeitamente cada cena com uma melodia, de fato, tocante. 

Por tudo isso classifico "Close" como uma jornada sensorial e emocional que nos provoca refletir sobre os laços que nos unem, a fragilidade da vida e a importância de lidar com a dor de forma honesta e autêntica. Se as atuações de Dambrine e De Waele são arrebatadoras, transbordando química e emoção a cada cena, o que dizer do trabalho irretocável de Émilie Dequenne como a mãe Rémi? Nada em "Close" merece ser deixado de lado, seja na proposta de explorar as dores da adolescência de uma maneira bastante realista ou até como o filme traz para os holofotes os desafios e cuidados para com os jovens que reprimem suas emoções e acabam não suportando essa pressão!

Se prepare uma obra em que gestos, cores e silêncios falam mais alto do que as próprias palavras. Vale muito o seu play!

Assista Agora

Crescendo Juntas

Sabe aquele tipo de filme que você assiste com um leve sorriso no rosto? Pois é, "Crescendo Juntas" talvez seja a melhor definição de filme "que te abraça" - principalmente se você tiver uma filha menina (meu caso). Essa é o tipo de adaptação cinematográfica que não pode passar despercebida, "Are You There God? It's Me, Margaret" (no original) transcende as barreiras do drama trazendo uma leveza impressionante para discutir assuntos, digamos, cotidianos da vida de uma pré-adolescente, oferecendo assim uma experiência cativante, envolvente e muito reflexiva. Aliás, pela resposta do público e da crítica, o filme faz jus ao sucesso da obra de Judy Blume - o que já não seria uma tarefa fácil.

Margaret (Abby Ryder Fortson), de 11 anos, muda-se para uma nova cidade e começa a contemplar tudo que a vida, a amizade e a adolescência têm para oferecer - é um período de descobertas, mas também de muita insegurança. Ela conta com a mãe, católica, Bárbara (Rachel McAdams), que oferece um apoio amoroso, e com a avó, judia, Sylvia (Kathy Bates), que está tentando encontrar a felicidade mesmo longe da neta. Questões de identidade, do lugar de cada um no mundo e do que dá sentido à vida rapidamente os aproximam mais do que nunca, mas ainda existe um ponto a ser discutido: que religião seguir? Confira o trailer:

Os elementos que tornam "Crescendo Juntas" imperdível, me parece, vão além da trama, ou seja, naturalmente passa pela nossa identificação com os personagens. Semelhante a outras obras que exploraram a complexidade da adolescência, como "Lady Bird" e até "As Vantagens de Ser Invisível", aqui temos um olhar verdadeiro sobre a jornada de aceitação perante o novo - e a metáfora da mudança de cidade e da dúvida sobre qual religião pertencer se encaixam perfeitamente na bola de neve que se transforma a vida da protagonista quando ela é confrontada com os desafios que todas as meninas enfrentam nessa fase: de aprender a usar um sutiã, passando pelo entendimento das mudanças do corpo e a chegada da menstruação, até a importância ou o tabu de dar o primeiro beijo.

A direção sensível de Kelly Fremon Craig (do elogiado "Quase 18") merece aplausos, pois ela não apenas captura a essência do livro, como adiciona camadas emocionais à narrativa que nos deixam encantados - e aqui é preciso que se diga: muito dessa percepção de realidade passa pela performance impressionante de Abby Ryder Fortson. Reparem como ela explora a vulnerabilidade e autodescoberta de sua personagem de maneira autêntica, contribuindo para que as relações construídas ao longo da trama façam total sentido dentro de um contexto emocional tão caótico - olha, eu não me surpreenderia se Craig recebesse uma indicação ao Oscar. Outro detalhe que merece sua atenção: a escolha da fotografia, com seus tons suaves e nostálgicos, nos leva para um mergulho profundo na atmosfera da década de 70 - não por acaso, mérito do diretor Tim Ives, indicado duas vezes ao Emmy por "Stranger Things".  

Para finalizar, preciso reforçar que "Crescendo Juntas"  é realmente mais do que uma simples adaptação; é uma celebração da juventude, da busca pela identidade e pelo entendimento da complexidade das relações humanas. Craig inteligentemente coloca a obra da premiada Judy Blume em outro patamar, oferecendo um filme intimista que ressoa com o público de todas as idades, que aquece o coração ao mesmo tempo que provoca ótimas discussões - é um olhar honesto sobre uma fase onde tudo ganha uma dimensão muito maior do que os fatos em si, mas que por outro lado ajuda a construir autonomia e uma percepção de vida onde nem tudo é simples!

Vale muito o seu play!

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Sabe aquele tipo de filme que você assiste com um leve sorriso no rosto? Pois é, "Crescendo Juntas" talvez seja a melhor definição de filme "que te abraça" - principalmente se você tiver uma filha menina (meu caso). Essa é o tipo de adaptação cinematográfica que não pode passar despercebida, "Are You There God? It's Me, Margaret" (no original) transcende as barreiras do drama trazendo uma leveza impressionante para discutir assuntos, digamos, cotidianos da vida de uma pré-adolescente, oferecendo assim uma experiência cativante, envolvente e muito reflexiva. Aliás, pela resposta do público e da crítica, o filme faz jus ao sucesso da obra de Judy Blume - o que já não seria uma tarefa fácil.

Margaret (Abby Ryder Fortson), de 11 anos, muda-se para uma nova cidade e começa a contemplar tudo que a vida, a amizade e a adolescência têm para oferecer - é um período de descobertas, mas também de muita insegurança. Ela conta com a mãe, católica, Bárbara (Rachel McAdams), que oferece um apoio amoroso, e com a avó, judia, Sylvia (Kathy Bates), que está tentando encontrar a felicidade mesmo longe da neta. Questões de identidade, do lugar de cada um no mundo e do que dá sentido à vida rapidamente os aproximam mais do que nunca, mas ainda existe um ponto a ser discutido: que religião seguir? Confira o trailer:

Os elementos que tornam "Crescendo Juntas" imperdível, me parece, vão além da trama, ou seja, naturalmente passa pela nossa identificação com os personagens. Semelhante a outras obras que exploraram a complexidade da adolescência, como "Lady Bird" e até "As Vantagens de Ser Invisível", aqui temos um olhar verdadeiro sobre a jornada de aceitação perante o novo - e a metáfora da mudança de cidade e da dúvida sobre qual religião pertencer se encaixam perfeitamente na bola de neve que se transforma a vida da protagonista quando ela é confrontada com os desafios que todas as meninas enfrentam nessa fase: de aprender a usar um sutiã, passando pelo entendimento das mudanças do corpo e a chegada da menstruação, até a importância ou o tabu de dar o primeiro beijo.

A direção sensível de Kelly Fremon Craig (do elogiado "Quase 18") merece aplausos, pois ela não apenas captura a essência do livro, como adiciona camadas emocionais à narrativa que nos deixam encantados - e aqui é preciso que se diga: muito dessa percepção de realidade passa pela performance impressionante de Abby Ryder Fortson. Reparem como ela explora a vulnerabilidade e autodescoberta de sua personagem de maneira autêntica, contribuindo para que as relações construídas ao longo da trama façam total sentido dentro de um contexto emocional tão caótico - olha, eu não me surpreenderia se Craig recebesse uma indicação ao Oscar. Outro detalhe que merece sua atenção: a escolha da fotografia, com seus tons suaves e nostálgicos, nos leva para um mergulho profundo na atmosfera da década de 70 - não por acaso, mérito do diretor Tim Ives, indicado duas vezes ao Emmy por "Stranger Things".  

Para finalizar, preciso reforçar que "Crescendo Juntas"  é realmente mais do que uma simples adaptação; é uma celebração da juventude, da busca pela identidade e pelo entendimento da complexidade das relações humanas. Craig inteligentemente coloca a obra da premiada Judy Blume em outro patamar, oferecendo um filme intimista que ressoa com o público de todas as idades, que aquece o coração ao mesmo tempo que provoca ótimas discussões - é um olhar honesto sobre uma fase onde tudo ganha uma dimensão muito maior do que os fatos em si, mas que por outro lado ajuda a construir autonomia e uma percepção de vida onde nem tudo é simples!

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Euphoria

"Euphoria" faz qualquer outra série adolescente parecer um episódio da "Galinha Pintadinha"! Dito isso, sem nenhum exagero, toda aquela discussão que envolveu "13 Reasons Why"depois de seu lançamento pela Netflix, certamente, vai alcançar outro patamar porque essa série da HBO traz um realismo tão chocante que nos faz refletir sobre a própria criação que devemos (ou conseguimos) dar para os nossos filhos!

Depois de assistir alguns episódios da série, a sensação que tive (com um pouco mais de 40 anos) foi a mesma quando assisti "Eu, Christiane F." pela primeira vez, há pelo menos 30 anos atrás. Sem qualquer tipo de comparação entre as duas obras ou o que elas podem representar para uma geração, "Euphoria" tem "cenas que são explícitas, difíceis de assistir e que podem ser gatilhos" - como bem definiu Zendaya, protagonista da série. Zendaya, aliás, nada se faz lembrar dos seus tempos de Disney - ela está impecável no papel da drogada Rue Bennett. É preciso dizer também que em um único episódio você vai encontrar uma adolescente tendo overdose, um pai de família tendo relações sexuais com uma adolescente trans, sexo com estrangulamento, muito bullying e até o drama de ter imagens intimas compartilhadas por WhatsApp! Parece chocante e realmente é, por mais que o criador da série, Sam Levinson, diga que não, que é apenas um retrato do jovem americano dos dias de hoje! Ok, esse retrato é chocante, fica mais um aviso!

"Euphoria" tem uma qualidade técnica e artística muito acima da média. A direção de atores é excelente, mesmo se apoiando em alguns esteriótipos. A fotografia e os movimentos de câmera são bem inventivos, provocadores como o roteiro que mistura loucura com realidade em muitas passagens... o fato é que fica tudo muito alinhado, redondinho! A pegada documental também está presente, o que trás veracidade para aquela ficção - seja por uma camera mais solta, por vários planos mais fechados (intimistas até) e pelos offs da protagonista que servem para costurar toda a história. "13 Reasons Why" trouxe muito desse conceito, mas como comentei anteriormente: "Euphoria" elevou o nível também na sua realização!

É certo que ainda é muito cedo para dizer se "Euphoria" vai funcionar como série. Às vezes a realidade choca demais e o público, normalmente, usa seu momento de lazer para fugir dela, mas não dá para negar que a qualidade narrativa da série, sua produção nível HBO e os assuntos bastante espinhosos criam uma curiosidade que a série vai ter como bancar em todos os episódios até o final da temporada. Na hora de colocar na balança, se muito do que for mostrado tiver um propósito, sua chance de sucesso aumenta, se cair no erro de querer chocar mais do que entreter ou provocar uma discussão, assino o cancelamento já na primeira temporada - pessoalmente eu acho muito difícil que aconteça!

Vale o play? Com certeza, mas esteja preparado para, ao abrir essa janela, enxergar uma realidade nada confortável!

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"Euphoria" faz qualquer outra série adolescente parecer um episódio da "Galinha Pintadinha"! Dito isso, sem nenhum exagero, toda aquela discussão que envolveu "13 Reasons Why"depois de seu lançamento pela Netflix, certamente, vai alcançar outro patamar porque essa série da HBO traz um realismo tão chocante que nos faz refletir sobre a própria criação que devemos (ou conseguimos) dar para os nossos filhos!

Depois de assistir alguns episódios da série, a sensação que tive (com um pouco mais de 40 anos) foi a mesma quando assisti "Eu, Christiane F." pela primeira vez, há pelo menos 30 anos atrás. Sem qualquer tipo de comparação entre as duas obras ou o que elas podem representar para uma geração, "Euphoria" tem "cenas que são explícitas, difíceis de assistir e que podem ser gatilhos" - como bem definiu Zendaya, protagonista da série. Zendaya, aliás, nada se faz lembrar dos seus tempos de Disney - ela está impecável no papel da drogada Rue Bennett. É preciso dizer também que em um único episódio você vai encontrar uma adolescente tendo overdose, um pai de família tendo relações sexuais com uma adolescente trans, sexo com estrangulamento, muito bullying e até o drama de ter imagens intimas compartilhadas por WhatsApp! Parece chocante e realmente é, por mais que o criador da série, Sam Levinson, diga que não, que é apenas um retrato do jovem americano dos dias de hoje! Ok, esse retrato é chocante, fica mais um aviso!

"Euphoria" tem uma qualidade técnica e artística muito acima da média. A direção de atores é excelente, mesmo se apoiando em alguns esteriótipos. A fotografia e os movimentos de câmera são bem inventivos, provocadores como o roteiro que mistura loucura com realidade em muitas passagens... o fato é que fica tudo muito alinhado, redondinho! A pegada documental também está presente, o que trás veracidade para aquela ficção - seja por uma camera mais solta, por vários planos mais fechados (intimistas até) e pelos offs da protagonista que servem para costurar toda a história. "13 Reasons Why" trouxe muito desse conceito, mas como comentei anteriormente: "Euphoria" elevou o nível também na sua realização!

É certo que ainda é muito cedo para dizer se "Euphoria" vai funcionar como série. Às vezes a realidade choca demais e o público, normalmente, usa seu momento de lazer para fugir dela, mas não dá para negar que a qualidade narrativa da série, sua produção nível HBO e os assuntos bastante espinhosos criam uma curiosidade que a série vai ter como bancar em todos os episódios até o final da temporada. Na hora de colocar na balança, se muito do que for mostrado tiver um propósito, sua chance de sucesso aumenta, se cair no erro de querer chocar mais do que entreter ou provocar uma discussão, assino o cancelamento já na primeira temporada - pessoalmente eu acho muito difícil que aconteça!

Vale o play? Com certeza, mas esteja preparado para, ao abrir essa janela, enxergar uma realidade nada confortável!

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Girl

"Girl", que por aqui ganhou o sugestivo título de "O Florescer de Uma Garota", é um filme que precisa ser levado muito a sério e que certamente vai te exigir alguma reflexão, além de muita (mas, muita) empatia - e olha, não será uma jornada fácil! É inegável que essa obra dirigida pelo Lukas Dhont (o mesmo de "Close") se destaca não apenas pela delicadeza com que trata o tema da transição de gênero, como também pela intensidade de sua narrativa extremamente realista, profunda e visceral! A obra é uma verdadeira joia escondida no catálogo do streaming, capaz de capturar a complexidade de uma jovem bailarina em sua busca por identidade e aceitação - é de cortar a alma! Premiado com a "Camera d'Or" de Melhor Diretor, com o prêmio "FIPRESCI", com o "Victor Polster e com "Queer Palm", todos no Festival de Cannes de 2018, esse filme de fato se sobressai perante outras produções menos sensíveis sobre a experiência trans, por justamente se apoiar em uma abordagem única e corajosa de um assunto tão importante!

A trama segue Lara (Polster) uma garota de 16 anos que se dedica ao balé enquanto enfrenta a difícil jornada de sua transição de gênero. Ao lado de seu pai, Mathias (Arieh Worthalter), ela navega pelas complexidades emocionais e físicas do processo, enquanto se esforça para se relacionar normalmente com suas amigas adolescentes e com sua paixão pela dança. Essa história é um retrato íntimo e angustiante de Lara, que luta não só contra a disforia de gênero, mas também contra o preconceito e o auto-julgamento. Confira o trailer (com legendas em inglês):

De uma forma muito inteligente, Lukas Dhont combina a intensidade física da dedicação de Lara pelo balé com a sua dolorosa experiência em se aceitar - essa dinâmica narrativa cria uma sensação de angústia absurda que realmente chama nossa atenção. A câmera do fotógrafo Frank van den Eeden (também de "Close"), com seus closes inquietantes e longas tomadas, enfatiza ainda mais esse conceito ao focar na fisicalidade extrema da dança de um lado e nos desafios pessoais de Lara do outro, tornando palpável o esforço titânico da personagem em um jogo de simbologias dos mais interessantes. O balé, aqui, além de retratado como uma paixão da protagonista, também funciona como um campo de batalha onde cada movimento e cada ensaio se tornam um reflexo de sua luta diária por identidade. A precisão dessa conexão entre a semiose e a semiótica é poderoso e serve de contexto para explorar a necessidade de Lara em se adaptar a um mundo em movimento que constantemente testa e desafia sua alma de várias formas.

A performance de Victor Polster é impecável - chega a ser surpreendente como ele não foi indicado ao Oscar de 2019, especialmente quando lembramos que o vencedor daquele ano foi Rami Malek. Com pouca experiência até aquele momento, Polster entrega uma performance surpreendentemente madura e autêntica, trabalhando a vulnerabilidade e a determinação de Lara de maneira que transcende a tela e realmente nos toca fundo. Sua interpretação, combinada com a abordagem sensível do roteiro, evita estereótipos, mergulhando na psicologia do personagem como raramente vemos - repare nos olhares, nos momentos de silêncio, na respiração pausada. Embora seja uma performance que exige empatia e oferece uma janela indigesta para a realidade de uma jovem em transição, é incrível como seu trabalho reforça a sensação de humanidade de Lara sem reduzi-la a um símbolo ou um arquétipo.

A escolha de uma narrativa que não se esquiva de momentos dolorosos e desconfortáveis é um dos pontos altos de "Girl". As sequências em que Lara enfrenta seus próprios limites em um vestiário feminino ou na casa de uma de suas amigas do balé são particularmente impactantes. E esses são só dois rápidos exemplos da atmosfera emocional que o filme representa - um misto de angústia e esperança que nos acompanha durante toda jornada. Então, para aqueles que apreciam histórias duras, difíceis e que desafiam (e provocam) reflexões, esta é realmente uma obra que merece ser vista e discutida com um olhar mais humano. Impressionante!

Dê o play e embarque nessa experiência sem receios!

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"Girl", que por aqui ganhou o sugestivo título de "O Florescer de Uma Garota", é um filme que precisa ser levado muito a sério e que certamente vai te exigir alguma reflexão, além de muita (mas, muita) empatia - e olha, não será uma jornada fácil! É inegável que essa obra dirigida pelo Lukas Dhont (o mesmo de "Close") se destaca não apenas pela delicadeza com que trata o tema da transição de gênero, como também pela intensidade de sua narrativa extremamente realista, profunda e visceral! A obra é uma verdadeira joia escondida no catálogo do streaming, capaz de capturar a complexidade de uma jovem bailarina em sua busca por identidade e aceitação - é de cortar a alma! Premiado com a "Camera d'Or" de Melhor Diretor, com o prêmio "FIPRESCI", com o "Victor Polster e com "Queer Palm", todos no Festival de Cannes de 2018, esse filme de fato se sobressai perante outras produções menos sensíveis sobre a experiência trans, por justamente se apoiar em uma abordagem única e corajosa de um assunto tão importante!

A trama segue Lara (Polster) uma garota de 16 anos que se dedica ao balé enquanto enfrenta a difícil jornada de sua transição de gênero. Ao lado de seu pai, Mathias (Arieh Worthalter), ela navega pelas complexidades emocionais e físicas do processo, enquanto se esforça para se relacionar normalmente com suas amigas adolescentes e com sua paixão pela dança. Essa história é um retrato íntimo e angustiante de Lara, que luta não só contra a disforia de gênero, mas também contra o preconceito e o auto-julgamento. Confira o trailer (com legendas em inglês):

De uma forma muito inteligente, Lukas Dhont combina a intensidade física da dedicação de Lara pelo balé com a sua dolorosa experiência em se aceitar - essa dinâmica narrativa cria uma sensação de angústia absurda que realmente chama nossa atenção. A câmera do fotógrafo Frank van den Eeden (também de "Close"), com seus closes inquietantes e longas tomadas, enfatiza ainda mais esse conceito ao focar na fisicalidade extrema da dança de um lado e nos desafios pessoais de Lara do outro, tornando palpável o esforço titânico da personagem em um jogo de simbologias dos mais interessantes. O balé, aqui, além de retratado como uma paixão da protagonista, também funciona como um campo de batalha onde cada movimento e cada ensaio se tornam um reflexo de sua luta diária por identidade. A precisão dessa conexão entre a semiose e a semiótica é poderoso e serve de contexto para explorar a necessidade de Lara em se adaptar a um mundo em movimento que constantemente testa e desafia sua alma de várias formas.

A performance de Victor Polster é impecável - chega a ser surpreendente como ele não foi indicado ao Oscar de 2019, especialmente quando lembramos que o vencedor daquele ano foi Rami Malek. Com pouca experiência até aquele momento, Polster entrega uma performance surpreendentemente madura e autêntica, trabalhando a vulnerabilidade e a determinação de Lara de maneira que transcende a tela e realmente nos toca fundo. Sua interpretação, combinada com a abordagem sensível do roteiro, evita estereótipos, mergulhando na psicologia do personagem como raramente vemos - repare nos olhares, nos momentos de silêncio, na respiração pausada. Embora seja uma performance que exige empatia e oferece uma janela indigesta para a realidade de uma jovem em transição, é incrível como seu trabalho reforça a sensação de humanidade de Lara sem reduzi-la a um símbolo ou um arquétipo.

A escolha de uma narrativa que não se esquiva de momentos dolorosos e desconfortáveis é um dos pontos altos de "Girl". As sequências em que Lara enfrenta seus próprios limites em um vestiário feminino ou na casa de uma de suas amigas do balé são particularmente impactantes. E esses são só dois rápidos exemplos da atmosfera emocional que o filme representa - um misto de angústia e esperança que nos acompanha durante toda jornada. Então, para aqueles que apreciam histórias duras, difíceis e que desafiam (e provocam) reflexões, esta é realmente uma obra que merece ser vista e discutida com um olhar mais humano. Impressionante!

Dê o play e embarque nessa experiência sem receios!

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Heartstopper

Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Jovem e Bela

"Jovem e Bela" é um excelente drama francês sobre as dores da adolescência pelo ponto de vista de uma jovem de 17 anos que está descobrindo o sexo. Foi a partir dessa premissa que o diretor François Ozon (dos ótimos "O Amante Duplo"e "Dentro da Casa") construiu uma história de amadurecimento usando as quatro estações do ano de forma quase poética, que conquistou o Festival de San Sebastián e o fez concorrer à Palma de Ouro de Cannes em 2013.

No filme conhecemos a jovem Isabelle (Marine Vacth) que durante uma viagem de verão com a família, vive a sua primeira experiência sexual. Ao voltar para casa, em Paris, ela divide o seu tempo entre a escola e um novo trabalho que coloca a relação com sua mãe divorciada, Sylvie (Géraldine Pailhas), em cheque.

Antes de assistir o trailer, é preciso dizer que quanto menos você souber sobre o filme, mais impactante será sua experiência - mas a escolha é sua!

Se inicialmente "Jovem e Bela" pode parecer uma trama jovem sobre os amores de um verão de descobertas e suas consequências na relação com os pais como "Julho Agosto", basta assistir 20 minutos de filme para se surpreender com o caminho escolhido por Ozon para discutir as dores da adolescência. Claramente referenciado por Stanley Kubrick e a linha narrativa tênue entre o valor da imagem em contra-ponto com a riqueza do íntimo que o diretor gostava de imprimir em seus filmes de relação, Ozon chega a brincar com nossa percepção sobre o poder da escolha - principalmente no que diz respeito a hipocrisia do olhar "adulto" sobre o assunto.

Como de costume, o roteiro do próprio Ozon se apoia no jogo de palavras e de situações bem particulares (nem sempre inéditas) para nos conduzir em uma espécie de mergulho pela psiquê de Isabelle - de onde, aliás, conseguimos poucas respostas, mas muitas reflexões. Ao nos provocar, "Jovem e Bela" ganha nossa atenção por diversos motivos: o apelo sexual está presente, mas o entorno acaba sendo mais envolvente - algo como "De Olhos bem Fechados" ou "Lolita", mas com um leve toque de humor e ironia, graças a ótima participação de Frédéric Pierrot como o padrasto da protagonista. A escolha de Marine Vacth certamente foi a decisão mais acertada de Ozon - sua performance é também impecável: hipnotizante pela sua beleza e provocadora pela sua postura quase neutra em relação aos seus dramas.

Segmentado em quatro capítulos (representadas pelas estações do ano) e pontuado pelas músicas de Françoise Hardy, cantora francesa dos anos 1960/70 que, como Isabelle, transmite uma certa melancolia introspectiva e até enigmática, "Jovem e Bela" se apropria de "L’amour d'un garçon" (de 1963), "À quoi ça sert" (de 1969), "Première rencontre" (de 1973) e "Je suis moi" (de 1974) para entregar uma jornada de infinitas possibilidades que percorrem a adolescência de uma jovem impactada pelas suas escolhas e pelas escolhas das pessoas que a cercam em uma leitura que nos direciona para inegáveis julgamentos morais, brilhantemente ilustrado no roteiro pelo poema "Ninguém é sério aos 17 anos" de Arthur Rimbaud.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"Jovem e Bela" é um excelente drama francês sobre as dores da adolescência pelo ponto de vista de uma jovem de 17 anos que está descobrindo o sexo. Foi a partir dessa premissa que o diretor François Ozon (dos ótimos "O Amante Duplo"e "Dentro da Casa") construiu uma história de amadurecimento usando as quatro estações do ano de forma quase poética, que conquistou o Festival de San Sebastián e o fez concorrer à Palma de Ouro de Cannes em 2013.

No filme conhecemos a jovem Isabelle (Marine Vacth) que durante uma viagem de verão com a família, vive a sua primeira experiência sexual. Ao voltar para casa, em Paris, ela divide o seu tempo entre a escola e um novo trabalho que coloca a relação com sua mãe divorciada, Sylvie (Géraldine Pailhas), em cheque.

Antes de assistir o trailer, é preciso dizer que quanto menos você souber sobre o filme, mais impactante será sua experiência - mas a escolha é sua!

Se inicialmente "Jovem e Bela" pode parecer uma trama jovem sobre os amores de um verão de descobertas e suas consequências na relação com os pais como "Julho Agosto", basta assistir 20 minutos de filme para se surpreender com o caminho escolhido por Ozon para discutir as dores da adolescência. Claramente referenciado por Stanley Kubrick e a linha narrativa tênue entre o valor da imagem em contra-ponto com a riqueza do íntimo que o diretor gostava de imprimir em seus filmes de relação, Ozon chega a brincar com nossa percepção sobre o poder da escolha - principalmente no que diz respeito a hipocrisia do olhar "adulto" sobre o assunto.

Como de costume, o roteiro do próprio Ozon se apoia no jogo de palavras e de situações bem particulares (nem sempre inéditas) para nos conduzir em uma espécie de mergulho pela psiquê de Isabelle - de onde, aliás, conseguimos poucas respostas, mas muitas reflexões. Ao nos provocar, "Jovem e Bela" ganha nossa atenção por diversos motivos: o apelo sexual está presente, mas o entorno acaba sendo mais envolvente - algo como "De Olhos bem Fechados" ou "Lolita", mas com um leve toque de humor e ironia, graças a ótima participação de Frédéric Pierrot como o padrasto da protagonista. A escolha de Marine Vacth certamente foi a decisão mais acertada de Ozon - sua performance é também impecável: hipnotizante pela sua beleza e provocadora pela sua postura quase neutra em relação aos seus dramas.

Segmentado em quatro capítulos (representadas pelas estações do ano) e pontuado pelas músicas de Françoise Hardy, cantora francesa dos anos 1960/70 que, como Isabelle, transmite uma certa melancolia introspectiva e até enigmática, "Jovem e Bela" se apropria de "L’amour d'un garçon" (de 1963), "À quoi ça sert" (de 1969), "Première rencontre" (de 1973) e "Je suis moi" (de 1974) para entregar uma jornada de infinitas possibilidades que percorrem a adolescência de uma jovem impactada pelas suas escolhas e pelas escolhas das pessoas que a cercam em uma leitura que nos direciona para inegáveis julgamentos morais, brilhantemente ilustrado no roteiro pelo poema "Ninguém é sério aos 17 anos" de Arthur Rimbaud.

Vale muito o seu play!

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Lady Bird

"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

Vale muito a pena!

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"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

Vale muito a pena!

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Nós somos a Onda

"Nós somos a Onda" se apoia apenas na idéia do experimento real que aconteceu em 1967 nos EUA e que, posteriormente, foi documentado no livro a “A Onda”, de Todd Strasser, e que gerou ótimas adaptações, em 1981 (para TV) e em 2008 (para o cinema). A série é uma mistura de "The Bling Ring" com "A Casa de Papel" - mas mesmo assim é preciso dizer que essa produção alemã é, sem dúvida, a melhor série feita para o público adolescente que a Netflix lançou recentemente. Para os mais exigentes, fica claro desde o início que será preciso uma boa dose de suspensão da realidade para embarcar na história, mas como entretenimento os episódios fluem muito bem e divertem.

"Nós somos a Onda" acompanha um grupo de adolescentes de uma pequena cidade alemã que criam uma espécie de movimento ativista onde o principal inimigo não é necessariamente o extremismo político ou ideológico, mas sim uma vertente do capitalismo inconsequente, opressor e, muitas vezes, até segregador... Funciona, porque existe uma linha muito clara de desenvolvimento de personagens que, de alguma forma, lida (ou lidou) com tal problema e a própria maneira como a narrativa vai apresentando "caso a caso" fica muito alinhada à forte personalidade visual da série - inclusive, essa é uma característica do cinema alemão (bem na linha de "Dark") que coloca "Nós somos a Onda" em um patamar diferente do que estamos costumados a encontrar nas recentes produções americanas para o mesmo público. Olha, como entretenimento despretensioso, vale o play.

Quando Tristan Broch (Ludwig Simon) chega a escola; Zazie (Michelle Barthel), Hagen (Daniel Friedl) e Rahim Hadad (Mohamed Issa) percebem que agora existe alguém onde eles podem se apoiar. Os três sofrem bullying diariamente por motivos distintos, mas Tristan tenta ajuda-los a lidar com esse problema, criando assim uma forte relação entre eles. Isso chama atenção de Lea Herst (Luise Befort), a garota bem nascida e popular, que resolve se aproximar do grupo rebelde quando percebe que as coisas não deveriam ser da maneira como sempre foram apresentadas para ela - é perceptível esse choque de realidades e Luise Befort não decepciona no trabalho de atriz! Grupo estabelecido, não por acaso denominado "A Onda", eles começam a atuar como uma forma de resistência contra o capitalismo que sempre ditou o rumo desses personagens - e aqui começa a surgir o diferencial da série: "Nós somos a Onda" trás uma reflexão social relevante, mas que evita cravar uma bandeira irresponsável quando, com o passar dos episódios, desmistifica o espírito aventureiro e inconsequente dos adolescentes, mostrando que para cada ação existe uma consequência real e que manter o controle sobre uma multidão de pessoas tão diferentes, é quase impossível (e como isso enfraquece uma causa legítima). Veja o trailer:

Como no filme, será natural que muitos se aproximem do discurso polarizado que vivemos no mundo de hoje; mas não acredito que isso interfira na experiência de quem se propõe a ter alguns minutos de entretenimento e diversão. O próprio roteiro suaviza as discussões reais e nos leva para ficção de uma forma bem natural - isso poderia ser um problema, mas no caso, acaba funcionando como um alivio já que fica claro se tratar de algo distante da nossa realidade - como em "A Casa de Papel" por exemplo. Aliás, o roteiro perde uma grande chance de elevar sua proposta no quinto e no sexto episódios - ele flerta com o surpreendente, mas recua em nome do romantismo barato. Uma pena! Fora isso, a produção está impecável: as locações e a trilha sonora criam um universo interessante, fortalecendo aquele ar de rebeldia da juventude alemã dos anos 80/90 apoiado em uma fotografia belíssima do Jan-Marcello Kahl com movimentos de câmera que criam agilidade, ação e envolvimento com os episódios, além dos lindos planos abertos de tirar o fôlego. A direção é dividida entre a romena Anca Miruna Lazarescu e o alemão Mark Monheim (premiado diretor com o ótimo "About the Girl" de 2014). Ah, o elenco adolescente é realmente muito bom, acima da média.

"Nós somos a Onda" talvez não tenha a profundidade de "Areia Movediça", mas é uma série interessante e merece uma chance. São 6 episódios de 50 minutos em média - daquelas ótimas para matar no final de semana chuvoso!!! Vale a pena!

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"Nós somos a Onda" se apoia apenas na idéia do experimento real que aconteceu em 1967 nos EUA e que, posteriormente, foi documentado no livro a “A Onda”, de Todd Strasser, e que gerou ótimas adaptações, em 1981 (para TV) e em 2008 (para o cinema). A série é uma mistura de "The Bling Ring" com "A Casa de Papel" - mas mesmo assim é preciso dizer que essa produção alemã é, sem dúvida, a melhor série feita para o público adolescente que a Netflix lançou recentemente. Para os mais exigentes, fica claro desde o início que será preciso uma boa dose de suspensão da realidade para embarcar na história, mas como entretenimento os episódios fluem muito bem e divertem.

"Nós somos a Onda" acompanha um grupo de adolescentes de uma pequena cidade alemã que criam uma espécie de movimento ativista onde o principal inimigo não é necessariamente o extremismo político ou ideológico, mas sim uma vertente do capitalismo inconsequente, opressor e, muitas vezes, até segregador... Funciona, porque existe uma linha muito clara de desenvolvimento de personagens que, de alguma forma, lida (ou lidou) com tal problema e a própria maneira como a narrativa vai apresentando "caso a caso" fica muito alinhada à forte personalidade visual da série - inclusive, essa é uma característica do cinema alemão (bem na linha de "Dark") que coloca "Nós somos a Onda" em um patamar diferente do que estamos costumados a encontrar nas recentes produções americanas para o mesmo público. Olha, como entretenimento despretensioso, vale o play.

Quando Tristan Broch (Ludwig Simon) chega a escola; Zazie (Michelle Barthel), Hagen (Daniel Friedl) e Rahim Hadad (Mohamed Issa) percebem que agora existe alguém onde eles podem se apoiar. Os três sofrem bullying diariamente por motivos distintos, mas Tristan tenta ajuda-los a lidar com esse problema, criando assim uma forte relação entre eles. Isso chama atenção de Lea Herst (Luise Befort), a garota bem nascida e popular, que resolve se aproximar do grupo rebelde quando percebe que as coisas não deveriam ser da maneira como sempre foram apresentadas para ela - é perceptível esse choque de realidades e Luise Befort não decepciona no trabalho de atriz! Grupo estabelecido, não por acaso denominado "A Onda", eles começam a atuar como uma forma de resistência contra o capitalismo que sempre ditou o rumo desses personagens - e aqui começa a surgir o diferencial da série: "Nós somos a Onda" trás uma reflexão social relevante, mas que evita cravar uma bandeira irresponsável quando, com o passar dos episódios, desmistifica o espírito aventureiro e inconsequente dos adolescentes, mostrando que para cada ação existe uma consequência real e que manter o controle sobre uma multidão de pessoas tão diferentes, é quase impossível (e como isso enfraquece uma causa legítima). Veja o trailer:

Como no filme, será natural que muitos se aproximem do discurso polarizado que vivemos no mundo de hoje; mas não acredito que isso interfira na experiência de quem se propõe a ter alguns minutos de entretenimento e diversão. O próprio roteiro suaviza as discussões reais e nos leva para ficção de uma forma bem natural - isso poderia ser um problema, mas no caso, acaba funcionando como um alivio já que fica claro se tratar de algo distante da nossa realidade - como em "A Casa de Papel" por exemplo. Aliás, o roteiro perde uma grande chance de elevar sua proposta no quinto e no sexto episódios - ele flerta com o surpreendente, mas recua em nome do romantismo barato. Uma pena! Fora isso, a produção está impecável: as locações e a trilha sonora criam um universo interessante, fortalecendo aquele ar de rebeldia da juventude alemã dos anos 80/90 apoiado em uma fotografia belíssima do Jan-Marcello Kahl com movimentos de câmera que criam agilidade, ação e envolvimento com os episódios, além dos lindos planos abertos de tirar o fôlego. A direção é dividida entre a romena Anca Miruna Lazarescu e o alemão Mark Monheim (premiado diretor com o ótimo "About the Girl" de 2014). Ah, o elenco adolescente é realmente muito bom, acima da média.

"Nós somos a Onda" talvez não tenha a profundidade de "Areia Movediça", mas é uma série interessante e merece uma chance. São 6 episódios de 50 minutos em média - daquelas ótimas para matar no final de semana chuvoso!!! Vale a pena!

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Nudes

"Nudes" vai te surpreender! Essa série antológica norueguesa que está disponível na Globoplay, é tão importante quanto impactante. Diferente de "Depois de Lucia" onde os reflexos das fotos (ou vídeos) vazados na internet se concentravam no ambiente em que a personagem estava inserida, tendo o bullying como principal elemento narrativo, aqui o mergulho é um pouco menos cruel, mas nem por isso fácil de digerir - as histórias giram em torno das consequências mais intimas de quem, de alguma forma, sofreu com o mesmo problema. Nessa primeira temporada, são 3 histórias contadas em 3 (ou 4) episódios sequenciais, que trazem um recorte de algumas situações em que a intimidade e a privacidade não foram respeitadas em uma era nada empática de redes sociais.

Ada (Anna Storeng Frøseth), Sofia (Lena Reinhardtsen) e Viktor (Tord Kinge) são três jovens de 14, 16 e 18 anos respectivamente, que moram em diferentes partes da Noruega, mas que acabam vivendo o mesmo drama: suas vidas se transformaram em um inferno graças a uma foto ou um vídeo íntimo que viralizou nas redes sociais. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Todas as três histórias trazem um estilo visual muito parecido com as séries inglesas da BBC e um roteiro, se não tão profundo, honesto (no sentido verdadeiro da palavra) e muito pautado na realidade de uma geração: Sofia, de 16 anos, faz sexo com um jovem em uma festa, até que uma pessoa qualquer grava tudo escondido e depois espalha o vídeo para toda escola assistir - o conflito aqui é descobrir quem foi o responsável. Já Ada, de 14, conhece um garoto no Tinder e para apimentar a relação, troca nudes com ele, porém, pouco depois, uma outra pessoa entra em contato com ela dizendo que suas fotos foram compartilhadas em vários fóruns de pornografia. Ele pode ajuda-la, mas Ida terá que pagar por isso - a chantagem move a história nesse track. E finalmente Viktor, um rapaz de 18 anos, que é acusado de pornografia infantil por um vídeo que postou no Snapchat onde uma amiga de 17 anos fazia sexo com seu parceiro. Em uma tentativa de retirar as graves acusações, Viktor precisa entender que suas ações terão enormes consequências - nessa saga, a ideia é mostrar o outro lado, de quem fez a maldade, mesmo sem pensar na gravidade do problema.

Veja, "Nudes" não tem o propósito de exaltar a morbidez da juventude, mas sim de mostrar algumas formas de lidar com essa terrível exposição - mesmo que a duras penas, e com marcas profundas na vida de cada um dos protagonistas. Não existe nada de romantismo e muito menos uma jornada do herói - a série é dura, conectada com a realidade e muito direta em sua mensagem. O fato de cada episódio ter cerca de vinte minutos, gera uma fluidez na narrativa, mas não permite maiores discussões ou desenvolvimentos dos personagens. O elenco é ótimo e isso traz grande verossimilhança para as situações - destaque para Anna Storeng Frøseth como Ada.

É impossível não pensar que cada uma das histórias que assistimos pode estar acontecendo no exato momento e com milhares de adolescentes. A ideia de posicionar a audiência respeitando uma estrutura onde em um episódio temos a apresentação, em outro o drama que os personagens vivem e no último como aquilo foi resolvido; nos dá tempo para reflexões importantes - nos colocamos no lugar de cada uma das vitimas (e em um deles, no lugar de quem cometeu o crime). Sim, o julgamento é imediato, mas a série foi muito feliz em mostrar a imaturidade dos jovens, a inconsequência, a inocência... isso deixa tudo muito palpável e machuca.

Vale a pena para os pais com seus filhos adolescentes. Essa série tem muito a ensinar!

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"Nudes" vai te surpreender! Essa série antológica norueguesa que está disponível na Globoplay, é tão importante quanto impactante. Diferente de "Depois de Lucia" onde os reflexos das fotos (ou vídeos) vazados na internet se concentravam no ambiente em que a personagem estava inserida, tendo o bullying como principal elemento narrativo, aqui o mergulho é um pouco menos cruel, mas nem por isso fácil de digerir - as histórias giram em torno das consequências mais intimas de quem, de alguma forma, sofreu com o mesmo problema. Nessa primeira temporada, são 3 histórias contadas em 3 (ou 4) episódios sequenciais, que trazem um recorte de algumas situações em que a intimidade e a privacidade não foram respeitadas em uma era nada empática de redes sociais.

Ada (Anna Storeng Frøseth), Sofia (Lena Reinhardtsen) e Viktor (Tord Kinge) são três jovens de 14, 16 e 18 anos respectivamente, que moram em diferentes partes da Noruega, mas que acabam vivendo o mesmo drama: suas vidas se transformaram em um inferno graças a uma foto ou um vídeo íntimo que viralizou nas redes sociais. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Todas as três histórias trazem um estilo visual muito parecido com as séries inglesas da BBC e um roteiro, se não tão profundo, honesto (no sentido verdadeiro da palavra) e muito pautado na realidade de uma geração: Sofia, de 16 anos, faz sexo com um jovem em uma festa, até que uma pessoa qualquer grava tudo escondido e depois espalha o vídeo para toda escola assistir - o conflito aqui é descobrir quem foi o responsável. Já Ada, de 14, conhece um garoto no Tinder e para apimentar a relação, troca nudes com ele, porém, pouco depois, uma outra pessoa entra em contato com ela dizendo que suas fotos foram compartilhadas em vários fóruns de pornografia. Ele pode ajuda-la, mas Ida terá que pagar por isso - a chantagem move a história nesse track. E finalmente Viktor, um rapaz de 18 anos, que é acusado de pornografia infantil por um vídeo que postou no Snapchat onde uma amiga de 17 anos fazia sexo com seu parceiro. Em uma tentativa de retirar as graves acusações, Viktor precisa entender que suas ações terão enormes consequências - nessa saga, a ideia é mostrar o outro lado, de quem fez a maldade, mesmo sem pensar na gravidade do problema.

Veja, "Nudes" não tem o propósito de exaltar a morbidez da juventude, mas sim de mostrar algumas formas de lidar com essa terrível exposição - mesmo que a duras penas, e com marcas profundas na vida de cada um dos protagonistas. Não existe nada de romantismo e muito menos uma jornada do herói - a série é dura, conectada com a realidade e muito direta em sua mensagem. O fato de cada episódio ter cerca de vinte minutos, gera uma fluidez na narrativa, mas não permite maiores discussões ou desenvolvimentos dos personagens. O elenco é ótimo e isso traz grande verossimilhança para as situações - destaque para Anna Storeng Frøseth como Ada.

É impossível não pensar que cada uma das histórias que assistimos pode estar acontecendo no exato momento e com milhares de adolescentes. A ideia de posicionar a audiência respeitando uma estrutura onde em um episódio temos a apresentação, em outro o drama que os personagens vivem e no último como aquilo foi resolvido; nos dá tempo para reflexões importantes - nos colocamos no lugar de cada uma das vitimas (e em um deles, no lugar de quem cometeu o crime). Sim, o julgamento é imediato, mas a série foi muito feliz em mostrar a imaturidade dos jovens, a inconsequência, a inocência... isso deixa tudo muito palpável e machuca.

Vale a pena para os pais com seus filhos adolescentes. Essa série tem muito a ensinar!

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O Acontecimento

"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.

O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:

Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.

Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.

Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).

Vale muito o seu play!

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"O Acontecimento" é um drama pesadíssimo, visceral eu diria! A jornada que começa amena, quase juvenil, vai ganhando força e brutalidade até alcançar o seu ápice no terceiro ato. Sim, durante os mais de 90 minutos de filme, em vários momentos você sentirá a dor da protagonista - e aqui eu não falo apenas da dor física, embora ela exista e seja brilhantemente retratada pela diretora Audrey Diwan (de "À Beira da Loucura "); eu falo daquela dor na alma que nos tira do eixo, que nos faz refletir sobre o outro - algo como vimos recentemente em “Pieces of a Woman”, por exemplo.

O filme conta a história de Anne (Anamaria Vartolomei), uma jovem garota que engravida e que simplesmente não quer e não pode ter aquela criança, já que seu futuro brilhante seria comprometido. No entanto, na França dos anos 1960, o direito ao aborto ainda não existia. Pelo contrário: qualquer um que praticasse o aborto, tanto a mulher quanto o médico, seria preso. Anne então precisa correr contra o tempo para encontrar uma solução antes de colocar sua própria vida em risco. Confira o trailer:

Essa produção francesa chega ao streaming chancelada pelo "Golden Lion" e pelo "FIPRESCI Prize" no Festival de Veneza em 2021. Além de uma carreira internacional de respeito, "O Acontecimento" ainda rendeu muitos elogios da crítica especializada e do público, o que coloca o filme naquela disputada prateleira de grandes surpresas do ano. E não é para menos, de fato "L'événement" (no original) impressiona ao se aprofundar de uma maneira muito cruel no realismo de uma situação tão atual que nem nos damos conta que o filme se passa na década de 60.

Graças ao aspecto 4:3 (aquele mais quadrado das TVs de tubo de antigamente) em que foi filmado, a diretora é capaz de provocar sensações das mais desagradáveis para audiência - essa escolha conceitual incomoda muito, gera uma certa percepção de angústia, de opressão, de limite. Curiosamente, a história da protagonista, ou seja, o "conteúdo" do filme, está completamente alinhado à "forma" com que presenciamos o seu sofrimento. A jornada de Anne é dura, solitária demais - chega a ser impressionante como a atriz Anamaria Vartolomei encontra o tom certo, introspectivo, para lidar com suas decisões e consequências. A cena em Anne tenta fazer o aborto por si só, por exemplo, é simplesmente desesperadora, além de impactante.

Baseado no aclamado livro de Annie Ernaux, o que vemos na tela é um adaptação extremamente autoral e de altíssima qualidade cinematográfica. "O Acontecimento" é cadenciado, sem nenhuma ação aparente, até repetitivo em alguns momentos, mas com o tempo se apropria de uma verdadeira experiência sensorial para entregar um mergulho no íntimo da mulher e na forma como ela é julgada pela sociedade. Não é uma jornada confortável da mesma forma em que se mostra necessária a discussão sobre um tema polêmico e muito importante nos dias de hoje (mesmo 60 anos depois).

Vale muito o seu play!

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