Existe uma linha tênue entre a genialidade de "Um Limite Entre Nós" e uma verborragia cansativa e sonolenta - quem vai definir o resultado dessa equação é o seu gosto pessoal! Partindo do principio que o filme é uma adaptação de um espetáculo teatral dos anos 80 chamado "Fences" (que também dá nome ao filme na sua versão original - algo como "Cercas"), é possível ter uma ideia de como a dinâmica narrativa está apoiada em diálogos profundos, muitas vezes longos, poucos cenários (basicamente o quintal do protagonista) e performances de cair o queixo - o que justifica a cara feia de Denzel Washington ao perder o Oscar de 2017 para Casey Affleck por "Manchester à Beira-Mar".
A premissa é até que simples: "Um Limite Entre Nós" é um filme que acompanha o casal Troy Maxson (Washington) e Rose Lee Maxson (Viola Davis), e que explora os relacionamentos entre eles, seus filhos e suas perspectivas e aspirações na vida, fazendo dos conflitos do dia-a-dia de seus personagens uma ferramenta para traçar uma poética análise sobre ciclos, culpa, rancor e, talvez, perdão. Confira ao trailer:
Ao lado de "Malcolm X", sem a menor dúvida, esse é o melhor trabalho de Denzel Washington no cinema. Infinitamente melhor que aqueles que lhe renderam o Oscar com "Tempos de Glória" e "Dia de Treinamento" - e olha que estamos falando de um ator que foi indicado 9 vezes, a última com "A Tragédia de Macbeth" que, para mim, completa o pódio de seus melhores trabalhos. Isso sem falar em Viola Davis, essa sim premiada em 2017 com o Oscar de melhor Atriz Coadjuvante! Tanto Washington quanto Davis seguram o filme em quase duas horas e meia de um drama que explora a profundidade dos personagens como poucas vezes vi. O trabalho é dificílimo, são inúmeras camadas para serem construídas e mesmo assim os dois brilham sem cair na armadilha de teatralizar a interpretação - o tom é perfeito para o cinema, mas meu amigo, o olhar, o silêncio, as nuances da respiração, das pausas, da interiorização sem querer expor nada além de um sentimento pontual, duro, sofrido; olha, uma verdadeira aula para quem aprecia essa arte!
E aqui cabe uma história interessante sobre o processo que levou Denzel Washington até a direção e produção dessa obra prima: Em meados dos anos 80, Washington foi ao teatro ver James Earl Jones (de "Star Wars") estrelar o espetáculo - sua identificação com o filho do protagonista foi imediata. Porém, o tempo passou e antes de morrer, em 2005, o autor August Wilson escreveu um roteiro que adaptava para o cinema sua peça. Este roteiro rodou Hollywood, sem sucesso. Dizem (e nunca ninguém confirmou esse fato) que havia um pedido importante feito pelo autor: o diretor deveria ser negro. Pois bem, quando esse roteiro chegou nas mãos de Denzel Washington, ele já era um ator respeitado e influente. Porém, lembrando de sua experiência no teatro, ele preferiu se manter fiel ao texto original e encenar a peça, ao invés de fazer um filme - que aliás rendeu para ele e para Viola Davis, que interpretou sua esposa também nos palcos, dois Tonys Awards, em 2010; além do troféu de Melhor Reencenação.
Em 2013, quando Washington resolveu assumir o projeto para o cinema, já era claro que o projeto despertaria a curiosidade do público e que a critica receberia a filme de braços abertos - foi o que aconteceu. Desde a fotografia de Charlotte Bruus Christensen (premiada em Cannes por "A Caça") ao desenho de produção de David Gropman (de "A Vida de Pi"), tudo funciona perfeitamente. O roteiro adaptado por Wilson é só a cereja do bolo, porque todo recheio é tão magistral que fica impossível afirmar que a história não foi feita para a telona. Denzel Washington como diretor, foi bem demais - sua capacidade como ator influenciou todo elenco, ou seja, todos estão perfeitos, inclusive Stephen Henderson que faz o melhor amigo de Maxson, o adorável Bono.
"Um Limite Entre Nós" foi indicado ao prêmio de Melhor Filme de 2016 e, na minha opinião, é muito mais profundo e sincero que o vencedor daquela noite (o ótimo, claro, mas muito mais fácil de assistir), "Moonlight: Sob a Luz do Luar".
Se você ainda não deu uma chance para "Um Limite Entre Nós", não perca tempo! Vale muito a pena!
Existe uma linha tênue entre a genialidade de "Um Limite Entre Nós" e uma verborragia cansativa e sonolenta - quem vai definir o resultado dessa equação é o seu gosto pessoal! Partindo do principio que o filme é uma adaptação de um espetáculo teatral dos anos 80 chamado "Fences" (que também dá nome ao filme na sua versão original - algo como "Cercas"), é possível ter uma ideia de como a dinâmica narrativa está apoiada em diálogos profundos, muitas vezes longos, poucos cenários (basicamente o quintal do protagonista) e performances de cair o queixo - o que justifica a cara feia de Denzel Washington ao perder o Oscar de 2017 para Casey Affleck por "Manchester à Beira-Mar".
A premissa é até que simples: "Um Limite Entre Nós" é um filme que acompanha o casal Troy Maxson (Washington) e Rose Lee Maxson (Viola Davis), e que explora os relacionamentos entre eles, seus filhos e suas perspectivas e aspirações na vida, fazendo dos conflitos do dia-a-dia de seus personagens uma ferramenta para traçar uma poética análise sobre ciclos, culpa, rancor e, talvez, perdão. Confira ao trailer:
Ao lado de "Malcolm X", sem a menor dúvida, esse é o melhor trabalho de Denzel Washington no cinema. Infinitamente melhor que aqueles que lhe renderam o Oscar com "Tempos de Glória" e "Dia de Treinamento" - e olha que estamos falando de um ator que foi indicado 9 vezes, a última com "A Tragédia de Macbeth" que, para mim, completa o pódio de seus melhores trabalhos. Isso sem falar em Viola Davis, essa sim premiada em 2017 com o Oscar de melhor Atriz Coadjuvante! Tanto Washington quanto Davis seguram o filme em quase duas horas e meia de um drama que explora a profundidade dos personagens como poucas vezes vi. O trabalho é dificílimo, são inúmeras camadas para serem construídas e mesmo assim os dois brilham sem cair na armadilha de teatralizar a interpretação - o tom é perfeito para o cinema, mas meu amigo, o olhar, o silêncio, as nuances da respiração, das pausas, da interiorização sem querer expor nada além de um sentimento pontual, duro, sofrido; olha, uma verdadeira aula para quem aprecia essa arte!
E aqui cabe uma história interessante sobre o processo que levou Denzel Washington até a direção e produção dessa obra prima: Em meados dos anos 80, Washington foi ao teatro ver James Earl Jones (de "Star Wars") estrelar o espetáculo - sua identificação com o filho do protagonista foi imediata. Porém, o tempo passou e antes de morrer, em 2005, o autor August Wilson escreveu um roteiro que adaptava para o cinema sua peça. Este roteiro rodou Hollywood, sem sucesso. Dizem (e nunca ninguém confirmou esse fato) que havia um pedido importante feito pelo autor: o diretor deveria ser negro. Pois bem, quando esse roteiro chegou nas mãos de Denzel Washington, ele já era um ator respeitado e influente. Porém, lembrando de sua experiência no teatro, ele preferiu se manter fiel ao texto original e encenar a peça, ao invés de fazer um filme - que aliás rendeu para ele e para Viola Davis, que interpretou sua esposa também nos palcos, dois Tonys Awards, em 2010; além do troféu de Melhor Reencenação.
Em 2013, quando Washington resolveu assumir o projeto para o cinema, já era claro que o projeto despertaria a curiosidade do público e que a critica receberia a filme de braços abertos - foi o que aconteceu. Desde a fotografia de Charlotte Bruus Christensen (premiada em Cannes por "A Caça") ao desenho de produção de David Gropman (de "A Vida de Pi"), tudo funciona perfeitamente. O roteiro adaptado por Wilson é só a cereja do bolo, porque todo recheio é tão magistral que fica impossível afirmar que a história não foi feita para a telona. Denzel Washington como diretor, foi bem demais - sua capacidade como ator influenciou todo elenco, ou seja, todos estão perfeitos, inclusive Stephen Henderson que faz o melhor amigo de Maxson, o adorável Bono.
"Um Limite Entre Nós" foi indicado ao prêmio de Melhor Filme de 2016 e, na minha opinião, é muito mais profundo e sincero que o vencedor daquela noite (o ótimo, claro, mas muito mais fácil de assistir), "Moonlight: Sob a Luz do Luar".
Se você ainda não deu uma chance para "Um Limite Entre Nós", não perca tempo! Vale muito a pena!
Se você está com saudade dos bons tempos de "Game of Thrones" não deixe de assistir a minissérie documental, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho"! Você vai precisar assistir apenas um episódio para entender que eu não estou exagerando - essa produção original da Globoplay, sem a menor sombra de dúvidas, é o "Game of Thrones da vida real"! Escrita e dirigida pelo jornalista Fellipe Awi (com a retaguarda de Ricardo Calil e de Gian Carlo Bellotti), a minissérie é uma verdadeira imersão na história sórdida (e fascinante) do Rio de Janeiro pela perspectiva da contravenção - ao assistir os sete episódios, não serão raras as reflexões sobre a seriedade de um país que acompanha de camarote uma verdadeira guerra, bem como fomenta a hipocrisia de uma sociedade marcada pelo crime, mas que faz vistas grossas por medo ou/e por admiração daqueles que se impõem pelo poder e pelo dinheiro.
"Vale o Escrito", basicamente, narra a ascensão e queda do jogo do bicho na Cidade Maravilhosa, entrelaçando a trajetória de duas famílias rivais, os Andrade e os Garcia, em uma guerra sangrenta pelo poder. A minissérie aborda desde seu início no século XIX, passando pela criminalização das apostas e dos jogos de azar, o investimento no carnaval pautado pelo ego até o envolvimento das milícias na conquista por territórios. Confira o trailer:
Narrado com maestria pelo Pedro Bial, que inclusive está na supervisão artística do novo projeto do "Conversa.Doc", núcleo de documentários do seu programa na TV, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho" dá uma aula de storytelling! Sua uma narrativa é envolvente, densa e eletrizante - Awi tece com muita inteligência um verdadeiro drama politico, cheio de conspirações, traições e reviravoltas, sempre apoiado em imagens de arquivo, depoimentos de figuras chave dessa história e inserções gráficas impecáveis pela qualidade técnica e artística. A forma como a linha temporal é construída pelo roteiro (e pela edição) nos dá a exata noção do tamanho e da complexidade que é o submundo do jogo no Rio de Janeiro.
De fato, "Vale o Escrito" não se contenta em apenas apresentar os fatos históricos - a minissérie vai além ao fazer uma análise profunda dos impactos sociais, políticos e culturais do jogo do bicho na sociedade carioca ao longo de décadas. É impressionante como a própria mídia se relaciona com essa dinâmica - ao ponto de um dos maiores (e mais violentos) contraventores do país ser capa de revista e símbolo sexual por muitos anos. Através de entrevistas com especialistas em segurança (muitos deles da policia civil e do BOPE), jornalistas e, acreditem, com os próprios bicheiros e seus familiares, somos confrontados por aquela incomoda sensação de impunidade. Ao entendermos, ponto a ponto, como as relações que envolve essa atividade ilegal se dão, desde sua origem até os dias atuais, temos a certeza (mais uma vez) que é impossível esse país dar certo!
Com uma estética impecável, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho" captura a beleza e a sordidez do Rio de Janeiro com sabedoria - mesmo que o viés politico ainda mostre sua cara em alguns momentos. A montagem ágil e dinâmica nos guia por essa jornada como poucas vezes você experienciou - não é fácil deixar de emendar um episódio no outro. Na linha de "Doutor Castor", aqui também existe uma atmosfera envolvente e angustiante que ao longo dos episódios nos magnetiza e, com era de se esperar, ganha força ao retratar de maneira visceral a alma de um Rio de Janeiro esquecido, revelando as entranhas do poder, da corrupção e da violência que permeiam a história da cidade - sem cortes.
Olha, é uma pancada, mas que não deixa de ser uma material importante e simplesmente imperdível! Vale muito o seu play!
Se você está com saudade dos bons tempos de "Game of Thrones" não deixe de assistir a minissérie documental, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho"! Você vai precisar assistir apenas um episódio para entender que eu não estou exagerando - essa produção original da Globoplay, sem a menor sombra de dúvidas, é o "Game of Thrones da vida real"! Escrita e dirigida pelo jornalista Fellipe Awi (com a retaguarda de Ricardo Calil e de Gian Carlo Bellotti), a minissérie é uma verdadeira imersão na história sórdida (e fascinante) do Rio de Janeiro pela perspectiva da contravenção - ao assistir os sete episódios, não serão raras as reflexões sobre a seriedade de um país que acompanha de camarote uma verdadeira guerra, bem como fomenta a hipocrisia de uma sociedade marcada pelo crime, mas que faz vistas grossas por medo ou/e por admiração daqueles que se impõem pelo poder e pelo dinheiro.
"Vale o Escrito", basicamente, narra a ascensão e queda do jogo do bicho na Cidade Maravilhosa, entrelaçando a trajetória de duas famílias rivais, os Andrade e os Garcia, em uma guerra sangrenta pelo poder. A minissérie aborda desde seu início no século XIX, passando pela criminalização das apostas e dos jogos de azar, o investimento no carnaval pautado pelo ego até o envolvimento das milícias na conquista por territórios. Confira o trailer:
Narrado com maestria pelo Pedro Bial, que inclusive está na supervisão artística do novo projeto do "Conversa.Doc", núcleo de documentários do seu programa na TV, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho" dá uma aula de storytelling! Sua uma narrativa é envolvente, densa e eletrizante - Awi tece com muita inteligência um verdadeiro drama politico, cheio de conspirações, traições e reviravoltas, sempre apoiado em imagens de arquivo, depoimentos de figuras chave dessa história e inserções gráficas impecáveis pela qualidade técnica e artística. A forma como a linha temporal é construída pelo roteiro (e pela edição) nos dá a exata noção do tamanho e da complexidade que é o submundo do jogo no Rio de Janeiro.
De fato, "Vale o Escrito" não se contenta em apenas apresentar os fatos históricos - a minissérie vai além ao fazer uma análise profunda dos impactos sociais, políticos e culturais do jogo do bicho na sociedade carioca ao longo de décadas. É impressionante como a própria mídia se relaciona com essa dinâmica - ao ponto de um dos maiores (e mais violentos) contraventores do país ser capa de revista e símbolo sexual por muitos anos. Através de entrevistas com especialistas em segurança (muitos deles da policia civil e do BOPE), jornalistas e, acreditem, com os próprios bicheiros e seus familiares, somos confrontados por aquela incomoda sensação de impunidade. Ao entendermos, ponto a ponto, como as relações que envolve essa atividade ilegal se dão, desde sua origem até os dias atuais, temos a certeza (mais uma vez) que é impossível esse país dar certo!
Com uma estética impecável, "Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho" captura a beleza e a sordidez do Rio de Janeiro com sabedoria - mesmo que o viés politico ainda mostre sua cara em alguns momentos. A montagem ágil e dinâmica nos guia por essa jornada como poucas vezes você experienciou - não é fácil deixar de emendar um episódio no outro. Na linha de "Doutor Castor", aqui também existe uma atmosfera envolvente e angustiante que ao longo dos episódios nos magnetiza e, com era de se esperar, ganha força ao retratar de maneira visceral a alma de um Rio de Janeiro esquecido, revelando as entranhas do poder, da corrupção e da violência que permeiam a história da cidade - sem cortes.
Olha, é uma pancada, mas que não deixa de ser uma material importante e simplesmente imperdível! Vale muito o seu play!
Descoberta, no início da década de 80, pelo presidente da Arista Records, a carreira de Whitney foi toda moldada para que ela fosse vista, não como uma cantora com influências da música negra norte-americana, e sim como uma cantora pop, cujo estilo musical agradasse plateias de todos os tipos e de fato isso aconteceu, porém o sucesso trouxe com um preço caro: o desprezo de sua comunidade.
Pode parecer uma situação superficial, mas soma-se a isso um série de relacionamentos tóxicos e abusivos, além de uma forte dependência de álcool e drogas! A família sempre foi totalmente dependente financeiramente de Whitney. Seu casamento com Bobby Brown nunca representou uma relação saudável. Os amigos não podiam estar mais tão próximos. Sua amiga mais fiel, Robyn Crawford, por exemplo, foi obrigada a se afastar por diversos motivos (revelados no documentário). Enfim, o roteiro estava escrito há muito tempo, mas o que choca mesmo é a forma como tudo se desenvolveu!
"Whitney: Can I be me" mostra a maneira trágica como a cantora morreu e os sinais que a vida foi lhe dando até chegar ao trágico ponto final. Se você gostou de "Amy", certamente vai perceber nesse documentário, dirigido pelo Nick Broomfield e pelo Rudi Dolezal, como os roteiros são muito parecidos, só mudando os personagens, uma ou outra situação particular e talvez a forma como o fim se aproximou - é incrível acompanhar como o ser humano se relaciona com o sucesso, com o dinheiro e com o poder, e quase sempre vai perdendo suas referências e se esquecendo que a vida é muito mais simples do que possa parecer!
É triste demais, admito, mas se trata de um documentário muito bom! Eu diria imperdível para quem admirava a cantora!
Descoberta, no início da década de 80, pelo presidente da Arista Records, a carreira de Whitney foi toda moldada para que ela fosse vista, não como uma cantora com influências da música negra norte-americana, e sim como uma cantora pop, cujo estilo musical agradasse plateias de todos os tipos e de fato isso aconteceu, porém o sucesso trouxe com um preço caro: o desprezo de sua comunidade.
Pode parecer uma situação superficial, mas soma-se a isso um série de relacionamentos tóxicos e abusivos, além de uma forte dependência de álcool e drogas! A família sempre foi totalmente dependente financeiramente de Whitney. Seu casamento com Bobby Brown nunca representou uma relação saudável. Os amigos não podiam estar mais tão próximos. Sua amiga mais fiel, Robyn Crawford, por exemplo, foi obrigada a se afastar por diversos motivos (revelados no documentário). Enfim, o roteiro estava escrito há muito tempo, mas o que choca mesmo é a forma como tudo se desenvolveu!
"Whitney: Can I be me" mostra a maneira trágica como a cantora morreu e os sinais que a vida foi lhe dando até chegar ao trágico ponto final. Se você gostou de "Amy", certamente vai perceber nesse documentário, dirigido pelo Nick Broomfield e pelo Rudi Dolezal, como os roteiros são muito parecidos, só mudando os personagens, uma ou outra situação particular e talvez a forma como o fim se aproximou - é incrível acompanhar como o ser humano se relaciona com o sucesso, com o dinheiro e com o poder, e quase sempre vai perdendo suas referências e se esquecendo que a vida é muito mais simples do que possa parecer!
É triste demais, admito, mas se trata de um documentário muito bom! Eu diria imperdível para quem admirava a cantora!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!
Certamente se você for um fã dos Beatles, a chance de identificação com "Yesterday" será maior, porém é preciso dizer que o filme vai além das referências e citações sobre quarteto de Liverpool. "Yesterday" é uma comédia romântica bem ao estilo "Notting Hill" - que aliás foi produzido pela mesma "Working Title": um amor impossível entre uma estrela e uma pessoa normal, uma mudança de perspectiva de vida da noite para o dia, um personagem sem noção para servir de alívio cômico e, claro, uma mensagem do tipo: não importa o que você tenha ou quem você é, a felicidade está nas pequenas coisas e, normalmente, está dentro de você!
Pois bem, com essa receita o também roteirista de "Notting Hill", Richard Curtis, nos apresenta a história de Jack Malik (Himesh Patel) um descendente de indianos, cantor e compositor frustrado que após um evento inexplicável (e vai continuar assim mesmo depois que o filme acabar) parece ser a única pessoa do planeta que conheceu os Beatles. Sim, é justamente esse elemento de fantasia que transforma a vida de Malik em um dos maiores astros da música moderna assim que ele resolve se apropriar da discografia dos Beatles como se fosse sua criação. Confira o trailer:
Parece um sonho, mas a fama cobra um preço e é esse o conflito do filme: Malik precisa lidar com a insegurança de uma mentira e o receio de um dia ser descoberto, além de sofrer com o afastamento das pessoas que realmente se importavam com ele, inclusive do seu grande amor Ellie (Lily James). "Yesterday" é dirigida pelo excelente Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?) e é finalista de um dos prêmios mais respeitados do cinema mundial: o espanhol Goya; porém, meu amigo, não passa de um filme bem água com açúcar, mas que é uma delicia de assistir.
Vamos lá, o que tem de muito bom no filme e que pode ter credenciado para os prêmios que ganhou? Simples, a inteligente e divertida descoberta da obra do Beatles pelos olhos (e ouvidos) de quem nunca os conheceram. Elementos que construíram o storytelling por trás da maior banda de todos os tempos é facilmente encontrado no roteiro de Curtis - dos nomes dos álbuns aos lugares que os astros frequentavam ou até as pessoas e movimentos que, de alguma forma, serviram de inspiração para algumas de suas músicas; é quase uma declaração de amor! Aqui eu destaco a participação de Ed Sheeran como ele mesmo no filme - em um determinado momento ele aconselha Malik a mudar a letra de "Hey Jude" para "Hey Dude" ou quando Malik vai até Liverpool para se "inspirar" e continuar escrevendo as músicas que ele não se recorda muito bem as letras! É bem divertido.
O que eu não gostei muito? A história de amor entre Malik e Ellie Appleton - não que não seja fofo ou que não exista química entre os atores, não é isso; mas, na minha opinião, a trama sobre a apropriação da obra dos Beatles e a forma como o Mundo recebe essa novidade é tão forte que acaba colocando de lado o romance entre os protagonistas - situação que não aconteceu em "Notting Hill" por exemplo. Aproveitando o gancho, até o "amigo sem noção" perde seu propósito por ser o elemento que humaniza essa relação - algo que Rhys Ifans fez tão bem com seu Spike e que Joel Fry tenta bravamente com o Rocky. Não sei, me deu a impressão que essas tramas paralelas se enfraqueceram com a originalidade do arco principal! Tá ok, e o evento que faz com que algumas marcas, pessoas e histórias simplesmente desapareçam do planeta? É só o elemento fantástico que dá liga ao filme e que passa despercebido pela história - e me parece propositalmente! O que eu quero dizer é que você só precisa embarcar na idéia, pois saber os motivos ou o que realmente aconteceu não vai mudar nada daquilo que o filme quer contar!
Ter Danny Boyle como diretor chega a surpreender, pois não é seu tipo de filme e o que vemos na tela não justifica seu talento. Claro que o filme é bem dirigido, que os atores estão bem (embora alguns estereotipados demais como a agente Debra Hammer, Kate McKinnon), mas seu estilo não está impresso! Se o filme tivesse sido dirigido pelo agora cultuado Todd Phillips talvez o resultado fosse exatamente o mesmo! A produção está excelente para um filme que custou apenas $26,000,000 e faturou cerca de $151,286,650 - um verdadeiro sucesso. A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é sensacional e a forma como ela pontua a história não deixa nenhum filme biografia recente se sobressair demais!
"Yesterday" é uma excelente opção de entretenimento, leve, bacana de assistir e sem a preocupação de parecer mais do que realmente entrega! Eu gostei e mesmo com uma história românica sem tanto brilho, o todo transforma a jornada em algo positivo, além do nostálgico! Vale muito a pena!