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Verdade seja dita

"Truth Be Told" (título original) chegou para ser uma espécie de "Big Little Liars" (HBO) do serviço de streaming da Apple e acabou se misturando com o conceito de "The Sinner"(Netflix). Na minha opinião, o resultado dramático que a série entregou está abaixo dessas duas referências diretas - embora o final tenha até uma certa originalidade, os suspeitos de "Verdade seja dita" vão sendo eliminados precocemente, diminuindo cada vez mais o mistério até sobrar o óbvio e isso atrapalha um pouco nossa experiência se fizermos a comparação com várias outras séries do gênero.

"Verdade seja dita" é uma adaptação do romance deKathleen Barber, "Are You Sleeping", que acompanha a jornada da podcaster Poppy Parnell (Octavia Spencer) que, ao descobrir novas evidências de que Warren Cave (Aaron Paul) pode ter ido para a cadeia por engano após "supostamente" ter assassinado seu vizinho, resolve iniciar uma nova investigação que vai servir de material para uma segunda parte do podcast que a transformou em uma verdadeira sensação nacional. Para isso ela tem que encarar o homem que ela ajudou a colocar atrás das grades e todos os personagens que estavam envolvidos nesse caso há 19 anos atrás. Confira o trailer legendado:

A série é muito bem produzida e embora tenha alguns problemas de roteiro (que vamos explicar mais abaixo), o resultado é muito satisfatório para quem gosta de histórias de investigação (e mostra o tamanho do potencial que a protagonista tem). Como todas as séries da AppleTV+ que analisamos até agora, "Verdade seja dita" precisa de alguns ajustes para decolar, mas mesmo com todos os vacilos dessa primeira temporada, temos 8 episódios (de 45 minutos) dinâmicos e que nos prendem até o final.

Para começar, é preciso dizer que "Verdade seja dita" nasceu como série, mas sua estrutura é de minissérie e com isso a Apple, ao lado da produtora (queridinha dos streamings) Reese Witherspoon, transformou sua primeira temporada em uma antologia - aquelas histórias com começo, meio e fim, mas que tem uma segunda temporada focada em um determinado personagem ou conceito narrativo para criar uma unidade. Nesse caso, a próxima trama continua com Parnell (Octavia Spencer) como protagonista produzindo conteúdo para seu famoso podcast só que investigando um outro crime. Segunda temporada que, aliás, já está confirmada!

Ao se afastar do livro "Are You Sleeping" onde Warren Cave (Aaron Paul) é o protagonista e assumir que Parnell será a responsável por conduzir a série, a criadora Nichelle D. Tramble (The Good Wife) surfa na similaridade do sucesso em podcast "Serial", comandado por Sarah Koenig*, mas se perde ao querer construir uma protagonista complexa com sub tramas sem uma grande relevância nessa primeira temporada - como a relação dela com o marido e com a família, especificamente com o pai doente. Com tantas distrações, a roteiro entrega uma trama morna - a vida de Cave na prisão é completamente dispensável. Sua relação com o nazismo cria um desconforto, mas é muito mal aproveitada. Mas o pior é a forma como as resoluções vão acontecendo sem muita preparação, explicação e até sem criar uma progressão dramática que se sustente até o final. Um dos pontos fortes do roteiro, na verdade acaba enfraquecendo a história - por mais paradoxal que possa parecer: ao ter a coragem de ir eliminando alguns personagens muito rapidamente, ela acaba não se aprofundando nos seus dramas pessoais e atitudes dos suspeitos, e com isso muitas lacunas ficam abertas - aqui cabe uma observação: a criadora da série é da escola de Shonda Rhimes (Get Away with Murder) o que justifica esse padrão de escrita!

O diretor dinamarquês Mikkel Nørgaard, embora tenha dirigido 3 episódios, criou toda uma atmosfera visual, trazendo muito da escola nórdica para o projeto. Diretor do excelente "Borgen", Nørgaard liderou mais quatro diretores com maestria, entregando uma unidade estética e, principalmente, uma qualidade irretocável para a série - nível HBO, eu diria. A fotografia, também dividida entre 4 diretores, segue o mesmo nível da direção e, claro, no elenco, Octavia Spencer está irretocável. Já Aaron Paul sofre demais com os problemas do roteiro e por isso não teve chance de mostrar seu trabalho como poderia, mas duas cenas valem sua atenção: quando ele conversa com sua mãe (Elizabeth Perkins) na cadeia e quando ele confronta Lanie (Lizzy Caplan) sobre a carta que ela mandou para ele. Reparem porque vale muito a pena!

Resumindo, "Verdade seja dita" é uma série boa, mas tem espaço para melhorar muito se o roteiro for desenvolvido com mais cuidado. Tecnicamente a série é perfeita, com uma produção de altíssimo nível, como, alias, todas da AppleTV+ lançadas até o momento. Eu indico tranquilamente por uma primeira temporada bem honesta e por uma segunda que promete ajustar o ritmo e acertar na narrativa!

*No podcast, a jornalista americana investigou novamente o caso de Adnan Syed, condenado à prisão perpétua por estrangular a ex-namorada em 1999. Ele jura inocência e Koenig jogou novas luzes sobre a tragédia.

Assista Agora

"Truth Be Told" (título original) chegou para ser uma espécie de "Big Little Liars" (HBO) do serviço de streaming da Apple e acabou se misturando com o conceito de "The Sinner"(Netflix). Na minha opinião, o resultado dramático que a série entregou está abaixo dessas duas referências diretas - embora o final tenha até uma certa originalidade, os suspeitos de "Verdade seja dita" vão sendo eliminados precocemente, diminuindo cada vez mais o mistério até sobrar o óbvio e isso atrapalha um pouco nossa experiência se fizermos a comparação com várias outras séries do gênero.

"Verdade seja dita" é uma adaptação do romance deKathleen Barber, "Are You Sleeping", que acompanha a jornada da podcaster Poppy Parnell (Octavia Spencer) que, ao descobrir novas evidências de que Warren Cave (Aaron Paul) pode ter ido para a cadeia por engano após "supostamente" ter assassinado seu vizinho, resolve iniciar uma nova investigação que vai servir de material para uma segunda parte do podcast que a transformou em uma verdadeira sensação nacional. Para isso ela tem que encarar o homem que ela ajudou a colocar atrás das grades e todos os personagens que estavam envolvidos nesse caso há 19 anos atrás. Confira o trailer legendado:

A série é muito bem produzida e embora tenha alguns problemas de roteiro (que vamos explicar mais abaixo), o resultado é muito satisfatório para quem gosta de histórias de investigação (e mostra o tamanho do potencial que a protagonista tem). Como todas as séries da AppleTV+ que analisamos até agora, "Verdade seja dita" precisa de alguns ajustes para decolar, mas mesmo com todos os vacilos dessa primeira temporada, temos 8 episódios (de 45 minutos) dinâmicos e que nos prendem até o final.

Para começar, é preciso dizer que "Verdade seja dita" nasceu como série, mas sua estrutura é de minissérie e com isso a Apple, ao lado da produtora (queridinha dos streamings) Reese Witherspoon, transformou sua primeira temporada em uma antologia - aquelas histórias com começo, meio e fim, mas que tem uma segunda temporada focada em um determinado personagem ou conceito narrativo para criar uma unidade. Nesse caso, a próxima trama continua com Parnell (Octavia Spencer) como protagonista produzindo conteúdo para seu famoso podcast só que investigando um outro crime. Segunda temporada que, aliás, já está confirmada!

Ao se afastar do livro "Are You Sleeping" onde Warren Cave (Aaron Paul) é o protagonista e assumir que Parnell será a responsável por conduzir a série, a criadora Nichelle D. Tramble (The Good Wife) surfa na similaridade do sucesso em podcast "Serial", comandado por Sarah Koenig*, mas se perde ao querer construir uma protagonista complexa com sub tramas sem uma grande relevância nessa primeira temporada - como a relação dela com o marido e com a família, especificamente com o pai doente. Com tantas distrações, a roteiro entrega uma trama morna - a vida de Cave na prisão é completamente dispensável. Sua relação com o nazismo cria um desconforto, mas é muito mal aproveitada. Mas o pior é a forma como as resoluções vão acontecendo sem muita preparação, explicação e até sem criar uma progressão dramática que se sustente até o final. Um dos pontos fortes do roteiro, na verdade acaba enfraquecendo a história - por mais paradoxal que possa parecer: ao ter a coragem de ir eliminando alguns personagens muito rapidamente, ela acaba não se aprofundando nos seus dramas pessoais e atitudes dos suspeitos, e com isso muitas lacunas ficam abertas - aqui cabe uma observação: a criadora da série é da escola de Shonda Rhimes (Get Away with Murder) o que justifica esse padrão de escrita!

O diretor dinamarquês Mikkel Nørgaard, embora tenha dirigido 3 episódios, criou toda uma atmosfera visual, trazendo muito da escola nórdica para o projeto. Diretor do excelente "Borgen", Nørgaard liderou mais quatro diretores com maestria, entregando uma unidade estética e, principalmente, uma qualidade irretocável para a série - nível HBO, eu diria. A fotografia, também dividida entre 4 diretores, segue o mesmo nível da direção e, claro, no elenco, Octavia Spencer está irretocável. Já Aaron Paul sofre demais com os problemas do roteiro e por isso não teve chance de mostrar seu trabalho como poderia, mas duas cenas valem sua atenção: quando ele conversa com sua mãe (Elizabeth Perkins) na cadeia e quando ele confronta Lanie (Lizzy Caplan) sobre a carta que ela mandou para ele. Reparem porque vale muito a pena!

Resumindo, "Verdade seja dita" é uma série boa, mas tem espaço para melhorar muito se o roteiro for desenvolvido com mais cuidado. Tecnicamente a série é perfeita, com uma produção de altíssimo nível, como, alias, todas da AppleTV+ lançadas até o momento. Eu indico tranquilamente por uma primeira temporada bem honesta e por uma segunda que promete ajustar o ritmo e acertar na narrativa!

*No podcast, a jornalista americana investigou novamente o caso de Adnan Syed, condenado à prisão perpétua por estrangular a ex-namorada em 1999. Ele jura inocência e Koenig jogou novas luzes sobre a tragédia.

Assista Agora

Vice

Eu comecei assistir "Vice" com o sentimento de que teria o meu filme favorito ao Oscar 2019 assim que terminasse. Não foi o que aconteceu!!! Na verdade o filme é ótimo, não tenha a menor dúvida disso, mas não será uma unanimidade... Não espere isso!!!

"Vice" conta a história Dick Cheney, vice-presidente do governo George W. Bush e responsável, entre outras coisas, por uma das passagens mais sombrias da história recente dos EUA - a invasão do Iraque, tendo como desculpa os ataques de 11 de setembro!!!! O personagem por si só é muito controverso e o mérito do filme, na minha opinião, é contar a história sem levantar nenhuma bandeira - ele conta os fatos, expõe as motivações e deixa toda a análise crítica para quem assiste; aliás, assim se faz cinema de verdade!!! O diretor e roteirista, Adam McKay, é muito talentoso e já tinha provado isso com "A Grande Aposta", mas tenho a impressão que em "Vice" ele é ainda mais autoral, disposto arriscar no conceito estético (como diretor) e narrativo (como roteirista) - e o resultado é excelente. 

"Vice" concorreu em 8 categorias e vou usar essas indicações para analisar o filme: (1) "Edição", o filme tem um edição muito dinâmica, inteligente, provocadora e muito, mas muito, publicitária (e aqui falo sem demérito, e sim como elogio) - funciona muito bem, a favor do roteiro sem prejudicar a direção, por essa enorme qualidade, para mim, era um grande candidato a levar a estatueta!

(2) "Roteiro Original", Adam McKay domina essa parada. Já ganhou um Oscar na categoria "Roteiro Adaptado" alguns anos atrás e posso afirmar: o roteiro de "Vice" é ainda melhor que o da "A Grande Aposta"! Muito criativo, inventivo e inteligente - não é um filme fácil, mas passa a mensagem tão redonda que você sai do cinema apto a discutir sobre politica internacional com qualquer especialista.

(3) "Direção", esquece! Embora seja uma direção de qualidade, muito segura (e essa já é a segunda indicação), não dava para competir com Spike Lee e com o Cuaron naquele ano!

(4) "Melhor ator", bom, o mainstream queria o Rami Malek com a estatueta, ou até um Bradley Cooper da vida, mas bom, bom mesmo era o Christian Bale. Que trabalho sensacional!!! Era a minha melhor aposta e na época seria um pecado ele não levar, porque ele está simplesmente perfeito! O range de atuação dele é tão impressionante que você entende as razões de algumas das decisões (ou posições) esdrúxulas do personagem como inevitáveis! Claro que não eram, mas ele tem esse poder... "políticos" tem esse poder de convencimento!

(5) "Ator Coadjuvante", Sam Rockwell, como George Bush - o prêmio foi sua indicação, merecida e valeu!!!

(6) "Atriz Coadjuvante", Amy Adams - que atriz incrível! A sua primeira cena no filme já justificaria o prêmio, mas ela vai além (como sempre). Não era a favorita, mas poderia surpreender!

(7) "Maquiagem", segue a mesma linha do vencedor de 2018, "O destino de uma nação", e era a minha aposta!!!

Finalmente (8) "Melhor Filme" tinha potencial para levar, mas não acho que tinha a qualidade cinematográfica de "Roma" ou até de "Infiltrado na Klan"; só que o histórico recente credenciava o filme entre os favoritos: tinha muita chance, mas não levou!

O fato é que "Vice" vale muito a pena, mesmo a Academia tendo sido bem econômica na sua avaliação.

Up-date: "Vice" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Maquiagem e Cabelo!

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Eu comecei assistir "Vice" com o sentimento de que teria o meu filme favorito ao Oscar 2019 assim que terminasse. Não foi o que aconteceu!!! Na verdade o filme é ótimo, não tenha a menor dúvida disso, mas não será uma unanimidade... Não espere isso!!!

"Vice" conta a história Dick Cheney, vice-presidente do governo George W. Bush e responsável, entre outras coisas, por uma das passagens mais sombrias da história recente dos EUA - a invasão do Iraque, tendo como desculpa os ataques de 11 de setembro!!!! O personagem por si só é muito controverso e o mérito do filme, na minha opinião, é contar a história sem levantar nenhuma bandeira - ele conta os fatos, expõe as motivações e deixa toda a análise crítica para quem assiste; aliás, assim se faz cinema de verdade!!! O diretor e roteirista, Adam McKay, é muito talentoso e já tinha provado isso com "A Grande Aposta", mas tenho a impressão que em "Vice" ele é ainda mais autoral, disposto arriscar no conceito estético (como diretor) e narrativo (como roteirista) - e o resultado é excelente. 

"Vice" concorreu em 8 categorias e vou usar essas indicações para analisar o filme: (1) "Edição", o filme tem um edição muito dinâmica, inteligente, provocadora e muito, mas muito, publicitária (e aqui falo sem demérito, e sim como elogio) - funciona muito bem, a favor do roteiro sem prejudicar a direção, por essa enorme qualidade, para mim, era um grande candidato a levar a estatueta!

(2) "Roteiro Original", Adam McKay domina essa parada. Já ganhou um Oscar na categoria "Roteiro Adaptado" alguns anos atrás e posso afirmar: o roteiro de "Vice" é ainda melhor que o da "A Grande Aposta"! Muito criativo, inventivo e inteligente - não é um filme fácil, mas passa a mensagem tão redonda que você sai do cinema apto a discutir sobre politica internacional com qualquer especialista.

(3) "Direção", esquece! Embora seja uma direção de qualidade, muito segura (e essa já é a segunda indicação), não dava para competir com Spike Lee e com o Cuaron naquele ano!

(4) "Melhor ator", bom, o mainstream queria o Rami Malek com a estatueta, ou até um Bradley Cooper da vida, mas bom, bom mesmo era o Christian Bale. Que trabalho sensacional!!! Era a minha melhor aposta e na época seria um pecado ele não levar, porque ele está simplesmente perfeito! O range de atuação dele é tão impressionante que você entende as razões de algumas das decisões (ou posições) esdrúxulas do personagem como inevitáveis! Claro que não eram, mas ele tem esse poder... "políticos" tem esse poder de convencimento!

(5) "Ator Coadjuvante", Sam Rockwell, como George Bush - o prêmio foi sua indicação, merecida e valeu!!!

(6) "Atriz Coadjuvante", Amy Adams - que atriz incrível! A sua primeira cena no filme já justificaria o prêmio, mas ela vai além (como sempre). Não era a favorita, mas poderia surpreender!

(7) "Maquiagem", segue a mesma linha do vencedor de 2018, "O destino de uma nação", e era a minha aposta!!!

Finalmente (8) "Melhor Filme" tinha potencial para levar, mas não acho que tinha a qualidade cinematográfica de "Roma" ou até de "Infiltrado na Klan"; só que o histórico recente credenciava o filme entre os favoritos: tinha muita chance, mas não levou!

O fato é que "Vice" vale muito a pena, mesmo a Academia tendo sido bem econômica na sua avaliação.

Up-date: "Vice" ganhou em uma categoria no Oscar 2019: Melhor Maquiagem e Cabelo!

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WeCrashed

Embora a história da Elizabeth Holmes, na minha opinião, seja mais absurda pela forma como ela persuadiu (para ser elegante) os investidores durante a criação da Theranos; tenho a impressão que a jornada da WeWork e de seu fundador Adam Neumann funcione melhor como obra cinematográfica - pelo simples fato que soa mais palpável, mesmo que dentro de um universo raro que é a criação de uma "startup unicórnio". Não que "The Dropout" seja ruim como minissérie, muito pelo contrário, mas "WeCrashed" trouxe mais elegância narrativa e visual, além de dois atores (Jared Leto e Anne Hathaway) extremamente conectados com seus personagens e que, mesmo sabendo das loucuras que ambos fizeram durante muito tempo, nos fazem torcer por eles - não sei se o problema é a Amanda Seyfried ou talvez Holmes realmente não tenha o mesmo carisma de Neumann; mas acho que vale a discussão.

A minissérie original da Apple acompanha o casal Adam (Leto) e Rebekah Neumann (Hathaway), co-fundadores de uma das maiores startups do mundo, a WeWork. A trama apresenta como eles, junto com o colega Miguel Mckelvey (Kyle Marvin), conseguiram criar uma companhia multimilionária, mas que por divergências ideológicas e ganância, a empresa sofreu grandes perdas financeiramente. Adam e Rebekah rapidamente conquistaram a atenção da mídia por, supostamente, revolucionar o ambiente de trabalho de empresas mundo afora. Os dois tentaram criar uma imagem moderna e inovadora, se distanciando de modelos tradiocionais de negócios e pintando a WeWork como o futuro das startups. Mas o sonho de um negócio bem-sucedido foi por água abaixo após várias decisões equivocadas. Confira o trailer (em inglês):

Criada pelo (pouco conhecido) Drew Crevello e pelo (rocky star de "The Office") Lee Eisenberg, "WeCrashed" é mais uma minissérie que expões de uma forma até um pouco romântico, o poder de fundadores e CEOs de startups disruptivas, com suas visões muito interessantes de modelos de negócios, um mindset transformador e uma habilidade fora do comum para atrair as pessoas certas para colocarem muito (mas, muito) dinheiro em seus projetos. Bem como Steve Jobs e talvez Mark Zuckerberg, é na personificação de uma inovação que as histórias se constroem - como se a obra fosse menor que seu criador, e de fato essa co-relação é um elemento que faz os olhos da mídia brilharem. Tanto Adam Neumann quanto Rebekah tinham esse tempero e o que poderia ser um diferencial (e precisamos ser honestos em dizer que por um bom tempo foi), se transformou em algo bem próximo do caos.

É um fato que Crevello e Eisenberg em um determinado momento trouxeram o relacionamento de Adam e Rebekah para os holofotes se aproveitando para desenvolver a conexão dessa relação com a forma como a WeWork era conduzida. "The Dropout" tem um pouco disso, mas não com a mesma potência. Em "WeCrashed" também temos algumas passagens curiosas como quando Newman compra um avião muito mais pela música que tocava ao fundo do que pelo convencimento do vendedor - e sim, isso é uma alivio quase cômico para exaltar a personalidade do protagonista. É óbvio que a história não foi exatamente essa, mas quando a assistente de Newman coloca a mesma música ("Roar" de Patty Perry) para tocar toda vez que Newman chega no escritório, entendemos que aquele personagem é movido por estímulos que elevam sua auto-estima e isso tem total ressonância com a trama (e é envolvente).

"WeCrashed" pontua a história sobre a criação da WeWork, mostra seu crescimento, mas não se aprofunda sobre o que levou a empresa de uma fase para a outra - ou seja, não é um estudo de caso sobre uma jornada que tinha tudo para dar muito certo, mas naufragou. Por outro lado serve de lição se você for capaz de ler nas entrelinhas como uma condução tóxica e completamente fora da realidade podem destruir um negócio promissor. "Em seu momento de maior grandeza, tome cuidado. É nessa hora que o Diabo irá te procurar" - essa celebre frase talvez defina a ascensão e queda de Newman e é isso que a minissérie da AppleTV+ se propõe: mostrar em 8 episódios, com uma qualidade técnica e artística irretocáveis, uma história real e impactante para o universo empreendedor, mas com o claro intuito de entreter e não de documentar.

Vale muito a pena!

Assista Agora

Embora a história da Elizabeth Holmes, na minha opinião, seja mais absurda pela forma como ela persuadiu (para ser elegante) os investidores durante a criação da Theranos; tenho a impressão que a jornada da WeWork e de seu fundador Adam Neumann funcione melhor como obra cinematográfica - pelo simples fato que soa mais palpável, mesmo que dentro de um universo raro que é a criação de uma "startup unicórnio". Não que "The Dropout" seja ruim como minissérie, muito pelo contrário, mas "WeCrashed" trouxe mais elegância narrativa e visual, além de dois atores (Jared Leto e Anne Hathaway) extremamente conectados com seus personagens e que, mesmo sabendo das loucuras que ambos fizeram durante muito tempo, nos fazem torcer por eles - não sei se o problema é a Amanda Seyfried ou talvez Holmes realmente não tenha o mesmo carisma de Neumann; mas acho que vale a discussão.

A minissérie original da Apple acompanha o casal Adam (Leto) e Rebekah Neumann (Hathaway), co-fundadores de uma das maiores startups do mundo, a WeWork. A trama apresenta como eles, junto com o colega Miguel Mckelvey (Kyle Marvin), conseguiram criar uma companhia multimilionária, mas que por divergências ideológicas e ganância, a empresa sofreu grandes perdas financeiramente. Adam e Rebekah rapidamente conquistaram a atenção da mídia por, supostamente, revolucionar o ambiente de trabalho de empresas mundo afora. Os dois tentaram criar uma imagem moderna e inovadora, se distanciando de modelos tradiocionais de negócios e pintando a WeWork como o futuro das startups. Mas o sonho de um negócio bem-sucedido foi por água abaixo após várias decisões equivocadas. Confira o trailer (em inglês):

Criada pelo (pouco conhecido) Drew Crevello e pelo (rocky star de "The Office") Lee Eisenberg, "WeCrashed" é mais uma minissérie que expões de uma forma até um pouco romântico, o poder de fundadores e CEOs de startups disruptivas, com suas visões muito interessantes de modelos de negócios, um mindset transformador e uma habilidade fora do comum para atrair as pessoas certas para colocarem muito (mas, muito) dinheiro em seus projetos. Bem como Steve Jobs e talvez Mark Zuckerberg, é na personificação de uma inovação que as histórias se constroem - como se a obra fosse menor que seu criador, e de fato essa co-relação é um elemento que faz os olhos da mídia brilharem. Tanto Adam Neumann quanto Rebekah tinham esse tempero e o que poderia ser um diferencial (e precisamos ser honestos em dizer que por um bom tempo foi), se transformou em algo bem próximo do caos.

É um fato que Crevello e Eisenberg em um determinado momento trouxeram o relacionamento de Adam e Rebekah para os holofotes se aproveitando para desenvolver a conexão dessa relação com a forma como a WeWork era conduzida. "The Dropout" tem um pouco disso, mas não com a mesma potência. Em "WeCrashed" também temos algumas passagens curiosas como quando Newman compra um avião muito mais pela música que tocava ao fundo do que pelo convencimento do vendedor - e sim, isso é uma alivio quase cômico para exaltar a personalidade do protagonista. É óbvio que a história não foi exatamente essa, mas quando a assistente de Newman coloca a mesma música ("Roar" de Patty Perry) para tocar toda vez que Newman chega no escritório, entendemos que aquele personagem é movido por estímulos que elevam sua auto-estima e isso tem total ressonância com a trama (e é envolvente).

"WeCrashed" pontua a história sobre a criação da WeWork, mostra seu crescimento, mas não se aprofunda sobre o que levou a empresa de uma fase para a outra - ou seja, não é um estudo de caso sobre uma jornada que tinha tudo para dar muito certo, mas naufragou. Por outro lado serve de lição se você for capaz de ler nas entrelinhas como uma condução tóxica e completamente fora da realidade podem destruir um negócio promissor. "Em seu momento de maior grandeza, tome cuidado. É nessa hora que o Diabo irá te procurar" - essa celebre frase talvez defina a ascensão e queda de Newman e é isso que a minissérie da AppleTV+ se propõe: mostrar em 8 episódios, com uma qualidade técnica e artística irretocáveis, uma história real e impactante para o universo empreendedor, mas com o claro intuito de entreter e não de documentar.

Vale muito a pena!

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