É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!
O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros!
O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.
"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena!
É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!
O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros!
O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.
"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena!
É preciso ter muito cuidado ao analisar o "O Rei da TV", pois existe uma série de escolhas criativas e artísticas bastante duvidosas e que expõem a fragilidade do roteiro e a limitação da direção - que basicamente segue a cartilha dos anos 90 e reproduz com algum surto de criatividade algumas adaptações estéticas que, aí sim, dão o exato tom do valor histórico do projeto. Por outro lado a história do Silvo Santos é, de fato, sensacional e merecia ser contada - até porquê ela se mistura com a história da televisão brasileira e mostra de uma forma bem humorada algumas curiosidades de bastidores que jamais poderíamos imaginar e que olhando em retrospectiva, faz total sentido. Talvez os mais exigentes não vão se conectar com essa produção nacional do Star+ (e é compreensível), mas eu, na posição de quem gosta do assunto, diria: dê uma chance!
"O Rei da TV" acompanha a vida e a carreira do apresentador e empresário Silvio Santos - um dos maiores ícones da televisão brasileira de todos os tempos. A produção retrata a vida de Sílvio desde sua infância no Rio de Janeiro até sua ascensão e fama como um dos maiores comunicadores do Brasil. Comerciante de rua na juventude, o apresentador sempre demonstrou talento para se comunicar com o público (e vender), engajando e divertindo as pessoas. Ele passou a participar de espetáculos circenses e rapidamente chamou atenção. Logo, Sílvio foi conquistando seu espaço na indústria do entretenimento até que resolve criar o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), sua grande paixão. Confira o trailer:
Embora o roteiro seja o "calcanhar de Aquiles" da série, é inegável que a escolha de cobrir um grande recorte da vida de Silvio Santosse apoiando na construção de duas linhas temporais paralelas, uma no inicio de sua carreira (com Mariano Mattos como protagonista) e outra já reconhecido como o grande comunicador que é (com José Rubens Chachá), foi um grande acerto - o vai e vem da história cria uma dinâmica narrativa das mais interessantes e fica muito fácil para a audiência entender algumas nuances e passagens que fatalmente seriam esquecidas fosse linear a estratégia do criador do projeto, André Barcinski (de "Zé do Caixão").
Como em "Eike", "O Rei da TV" também usa de cenários farsescos ou delírios psicológicos para cortar um caminho narrativo que resulta em um certo constrangimento visual - a bizarra recriação das pragas bíblicas do Egito, olha, é de doer. Menos realista que "Tudo ou Nada" e muito mais caricata do que outros dramas que tinham celebridades da TV como protagonistas, é o caso de "Hebe"(por exemplo), a série ganha uma certa leveza com esse tom menos pretensioso, transformando toda jornada em um grande entretenimento que acaba encontrando um certo equilíbrio com a seriedade imposta por alguns personagens como os ótimos Stanislaw (de Emílio de Mello) e Rossi (de João Campos). A direção de arte também merece elogios, pois recria de forma nostálgica e com muita eficiência estética diferentes décadas, cenários históricos da TV e figuras populares inesquecíveis, em um alinhamento conceitual primoroso de som, de fotografia e de performances (com um ou outro escorregão apenas).
É difícil construir um retrato tão marcante, cativante e divertido da cultura pop nacional sem perder o foco em uma figura por si só estereotipada como Silvio Santos, porém, nesse sentido, "O Rei da TV" não se leva tão a sério e permite que essa viagem no tempo seja marcada por um "conteúdo" rico, mas com uma "forma" que não deve agradar muita gente e que mesmo assim, ainda vai querer acompanhar a trama até o fim - principalmente se essa audiência for maior que 40 anos.
Vale o play com todas essas ressalvas!
É preciso ter muito cuidado ao analisar o "O Rei da TV", pois existe uma série de escolhas criativas e artísticas bastante duvidosas e que expõem a fragilidade do roteiro e a limitação da direção - que basicamente segue a cartilha dos anos 90 e reproduz com algum surto de criatividade algumas adaptações estéticas que, aí sim, dão o exato tom do valor histórico do projeto. Por outro lado a história do Silvo Santos é, de fato, sensacional e merecia ser contada - até porquê ela se mistura com a história da televisão brasileira e mostra de uma forma bem humorada algumas curiosidades de bastidores que jamais poderíamos imaginar e que olhando em retrospectiva, faz total sentido. Talvez os mais exigentes não vão se conectar com essa produção nacional do Star+ (e é compreensível), mas eu, na posição de quem gosta do assunto, diria: dê uma chance!
"O Rei da TV" acompanha a vida e a carreira do apresentador e empresário Silvio Santos - um dos maiores ícones da televisão brasileira de todos os tempos. A produção retrata a vida de Sílvio desde sua infância no Rio de Janeiro até sua ascensão e fama como um dos maiores comunicadores do Brasil. Comerciante de rua na juventude, o apresentador sempre demonstrou talento para se comunicar com o público (e vender), engajando e divertindo as pessoas. Ele passou a participar de espetáculos circenses e rapidamente chamou atenção. Logo, Sílvio foi conquistando seu espaço na indústria do entretenimento até que resolve criar o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), sua grande paixão. Confira o trailer:
Embora o roteiro seja o "calcanhar de Aquiles" da série, é inegável que a escolha de cobrir um grande recorte da vida de Silvio Santosse apoiando na construção de duas linhas temporais paralelas, uma no inicio de sua carreira (com Mariano Mattos como protagonista) e outra já reconhecido como o grande comunicador que é (com José Rubens Chachá), foi um grande acerto - o vai e vem da história cria uma dinâmica narrativa das mais interessantes e fica muito fácil para a audiência entender algumas nuances e passagens que fatalmente seriam esquecidas fosse linear a estratégia do criador do projeto, André Barcinski (de "Zé do Caixão").
Como em "Eike", "O Rei da TV" também usa de cenários farsescos ou delírios psicológicos para cortar um caminho narrativo que resulta em um certo constrangimento visual - a bizarra recriação das pragas bíblicas do Egito, olha, é de doer. Menos realista que "Tudo ou Nada" e muito mais caricata do que outros dramas que tinham celebridades da TV como protagonistas, é o caso de "Hebe"(por exemplo), a série ganha uma certa leveza com esse tom menos pretensioso, transformando toda jornada em um grande entretenimento que acaba encontrando um certo equilíbrio com a seriedade imposta por alguns personagens como os ótimos Stanislaw (de Emílio de Mello) e Rossi (de João Campos). A direção de arte também merece elogios, pois recria de forma nostálgica e com muita eficiência estética diferentes décadas, cenários históricos da TV e figuras populares inesquecíveis, em um alinhamento conceitual primoroso de som, de fotografia e de performances (com um ou outro escorregão apenas).
É difícil construir um retrato tão marcante, cativante e divertido da cultura pop nacional sem perder o foco em uma figura por si só estereotipada como Silvio Santos, porém, nesse sentido, "O Rei da TV" não se leva tão a sério e permite que essa viagem no tempo seja marcada por um "conteúdo" rico, mas com uma "forma" que não deve agradar muita gente e que mesmo assim, ainda vai querer acompanhar a trama até o fim - principalmente se essa audiência for maior que 40 anos.
Vale o play com todas essas ressalvas!