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American Crime Story - 1ª Temporada

“American Crime Story” é uma série antológica, onde a cada temporada uma história é contada (com começo, meio e fim como uma minissérie), que derivou do grande sucesso que foi “American Horror Story”, criada pelo badalado Ryan Murphy (de “Halston”)  A diferença entre as duas, é que em "Crime Story”, como o próprio nome diz, cada temporada se baseia em um caso real, seja de assassinato ou não (tanto que o terceiro ano da série focou no escândalo envolvendo o ex presidente Bill Clinton e Mônica Lewinsky).

Nessa primeira temporada, acompanhamos o advogado Robert Shapiro (John Travolta) reunindo um time de estrelas para defender o ex-astro da NFL, OJ Simpson (Cuba Gooding Jr.). Os advogados foram chamados 13 dias depois dos assassinatos de Nicole Brown Simpson, ex-esposa de OJ e Ronald Lyle Goldman, um amigo que foi até a casa de Nicole para, supostamente, devolver um pertence da mãe dela. O interessante porém, é que depois do crime, todas as provas recolhidas pela policia não diziam outra coisa: OJ era culpado. Confira o trailer:

Embora fosse tão nítido a culpa do ex jogador de futebol americano, esse não era um caso comum - o envolvido era famoso, amado por todos e ainda era negro. A complexidade está em uma trama que conta uma história de maneira muito clara, não deixando dúvidas sobre quem foi o verdadeiro culpado, mas é na atuação de Cuba Gooding Jr., tão convincente, que por vezes você também pode ficar em dúvida se ele era realmente o assassino.

A trama frenética sempre está em movimento, afinal em um caso como esse não existiria tempo para respirar, tudo acontece muito rápido e toma proporções inimagináveis. É um turbilhão de emoções (e de discussões culturais) para todos os personagens envolvidos, e principalmente para nós como audiência. Para se ter uma ideia, uma revista foi capaz de  "embranquecer" a figura de O.J. Simpson em uma capa de revista como se isso radicasse sua inocência - é quase surreal, mas acreditem, tudo isso realmente aconteceu.

A atriz Sarah Paulson, também foi uma escolha mais que certa para interpretar a promotora de justiça Marcia Clark - ela sempre foi muito assediada pela mídia, pelos seus companheiros de trabalho, especialmente porque nunca se preocupava com a aparência como outras mulheres, e para esses homens isso era quase de outro mundo. Ao dar vida para uma mulher que não tinha uma vida fácil, nem profissional e muito menos pessoal, Paulson brilhou, carregando nuances necessárias para transmitir todas as inseguranças da personagem com muita sensibilidade - esse performance, inclusive, lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em 2016.

“American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson” é exemplar! Essa primeira temporada, responsabilidade de Scott Alexander e Larry Karaszewski, acerta em todos os quesitos possíveis: seja na adaptação do livro em que se baseou, "The Run of His Life: The People v. O.J. Simpson" de Jeffrey Toobin; na direção do próprio Ryan Murphy; no casting maravilhoso que proporcionou atuações seguras e competentes e até mesmo no ritmo que proporciona uma maratona mais que bem vinda, afinal essa história vai te prender do inicio ao fim.

PS: O documentário "O.J. Simpson Made in America", grande vencedor do Oscar de 2017, faz com que tenhamos uma percepção da série um pouco diferente, mas não por isso menos interessante. A sensação de torcer para que tudo fosse mentira quando se assiste ao documentário, dado o carisma (e a história de superação) do O.J., praticamente some na ficção, já que fica impossível não torcer para os promotores - talvez por uma visão mais romântica dos fatos e por acabar se envolvendo mais com a narrativa proposta pelo roteiro, onde o backstage do processo está mais presente, a vida dos promotores mais exposta, etc. São experiências diferentes, mas complementares. Sugiro conhecer a história pelo documentário (que também está disponível no Star+) e depois partir para o entretenimento dessa série.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

Assista Agora

“American Crime Story” é uma série antológica, onde a cada temporada uma história é contada (com começo, meio e fim como uma minissérie), que derivou do grande sucesso que foi “American Horror Story”, criada pelo badalado Ryan Murphy (de “Halston”)  A diferença entre as duas, é que em "Crime Story”, como o próprio nome diz, cada temporada se baseia em um caso real, seja de assassinato ou não (tanto que o terceiro ano da série focou no escândalo envolvendo o ex presidente Bill Clinton e Mônica Lewinsky).

Nessa primeira temporada, acompanhamos o advogado Robert Shapiro (John Travolta) reunindo um time de estrelas para defender o ex-astro da NFL, OJ Simpson (Cuba Gooding Jr.). Os advogados foram chamados 13 dias depois dos assassinatos de Nicole Brown Simpson, ex-esposa de OJ e Ronald Lyle Goldman, um amigo que foi até a casa de Nicole para, supostamente, devolver um pertence da mãe dela. O interessante porém, é que depois do crime, todas as provas recolhidas pela policia não diziam outra coisa: OJ era culpado. Confira o trailer:

Embora fosse tão nítido a culpa do ex jogador de futebol americano, esse não era um caso comum - o envolvido era famoso, amado por todos e ainda era negro. A complexidade está em uma trama que conta uma história de maneira muito clara, não deixando dúvidas sobre quem foi o verdadeiro culpado, mas é na atuação de Cuba Gooding Jr., tão convincente, que por vezes você também pode ficar em dúvida se ele era realmente o assassino.

A trama frenética sempre está em movimento, afinal em um caso como esse não existiria tempo para respirar, tudo acontece muito rápido e toma proporções inimagináveis. É um turbilhão de emoções (e de discussões culturais) para todos os personagens envolvidos, e principalmente para nós como audiência. Para se ter uma ideia, uma revista foi capaz de  "embranquecer" a figura de O.J. Simpson em uma capa de revista como se isso radicasse sua inocência - é quase surreal, mas acreditem, tudo isso realmente aconteceu.

A atriz Sarah Paulson, também foi uma escolha mais que certa para interpretar a promotora de justiça Marcia Clark - ela sempre foi muito assediada pela mídia, pelos seus companheiros de trabalho, especialmente porque nunca se preocupava com a aparência como outras mulheres, e para esses homens isso era quase de outro mundo. Ao dar vida para uma mulher que não tinha uma vida fácil, nem profissional e muito menos pessoal, Paulson brilhou, carregando nuances necessárias para transmitir todas as inseguranças da personagem com muita sensibilidade - esse performance, inclusive, lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em 2016.

“American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson” é exemplar! Essa primeira temporada, responsabilidade de Scott Alexander e Larry Karaszewski, acerta em todos os quesitos possíveis: seja na adaptação do livro em que se baseou, "The Run of His Life: The People v. O.J. Simpson" de Jeffrey Toobin; na direção do próprio Ryan Murphy; no casting maravilhoso que proporcionou atuações seguras e competentes e até mesmo no ritmo que proporciona uma maratona mais que bem vinda, afinal essa história vai te prender do inicio ao fim.

PS: O documentário "O.J. Simpson Made in America", grande vencedor do Oscar de 2017, faz com que tenhamos uma percepção da série um pouco diferente, mas não por isso menos interessante. A sensação de torcer para que tudo fosse mentira quando se assiste ao documentário, dado o carisma (e a história de superação) do O.J., praticamente some na ficção, já que fica impossível não torcer para os promotores - talvez por uma visão mais romântica dos fatos e por acabar se envolvendo mais com a narrativa proposta pelo roteiro, onde o backstage do processo está mais presente, a vida dos promotores mais exposta, etc. São experiências diferentes, mas complementares. Sugiro conhecer a história pelo documentário (que também está disponível no Star+) e depois partir para o entretenimento dessa série.

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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American Sports Story: Aaron Hernandez

A primeira temporada da nova série antológica do Disney+, "American Sports Story", é excelente - especialmente se você conhece de futebol americano e sabe quem foi Aaron Hernandez. Dito isso, o que você vai encontrar em 10 episódios é um verdadeiro manifesto de como fazer tudo errado, desde destruir uma carreira promissora até acabar na cadeia acusado de assassinato! E aqui eu deixo uma recomendação extra: independente se antes ou depois de terminar essa série, assista "A Mente do Assassino:Aaron Hernandez" da Netflix. Pois bem, criada por Stuart Zicherman (de "The Americans"), aqui temos um drama dos mais pesados que reconstitui os eventos marcantes da vida do ex-jogador do New England Patriots e fenômeno da NFL, Aaron Hernandez, mergulhando nos aspectos mais sombrios de sua carreira e nos atos que culminaram em sua condenação. Baseada no podcast "Gladiator: Aaron Hernandez and Football Inc"., produzido pelo The Boston Globe em parceria com a Wondery, a série examina a ascensão meteórica de Hernandez no esporte, sua queda dramática e os sistemas que contribuíram para seu trágico destino. Assim como "American Crime Story" a produção da FX oferece um estudo psicológico e social, mas agora com foco no impacto cultural e esportivo de sua história.

"American Sports Story: Aaron Hernandez" é centrada na dualidade da vida de Hernandez (Josh Rivera), de um atleta talentoso e carismático a um homem envolvido em crimes brutais e preso por assassinato. A série não se limita em contar os fatos mais sensacionalistas, mas também em explorar o contexto mais amplo de sua trajetória, incluindo os traumas de infância, sua relação com as drogas, sua homossexualidade, as pressões da masculinidade tóxica no ambiente familiar e esportivo, além dos efeitos devastadores da encefalopatia traumática crônica (CTE), uma condição neurológica associada a repetidos traumas cranianos em esportes de contato. Confira o teaser oficial em inglês:

É de se elogiar a forma como Stuart Zicherman conduz a narrativa com um equilíbrio delicado entre os momentos de glória de Hernandez nos campos de futebol e a escuridão de seus conflitos internos. A série utiliza de uma linha temporal linear para construir uma imagem bastante complexa do protagonista, partindo de um jovem promissor que encantou o mundo do esporte até encontrar o homem atormentado por traumas, segredos e escolhas que o levaram à ruína. Essa estrutura narrativa, embora densa e profunda, permite que o público compreenda os fatores que moldaram a vida de Hernandez, sem cair em simplificações banais ou julgamentos unilaterais. O roteiro não foge de questões delicadas, abordando temas como saúde mental, abuso de substâncias, sexualidade reprimida e os impactos do CTE - sempre contextualizando esses temas dentro da trajetória de Hernandez, especialmente quando explora a cultura do futebol americano que muitas vezes romantiza a agressividade e negligencia a saúde de todos os envolvidos em prol de resultados e dinheiro. 

Josh Rivera surpreende - ele entrega uma atuação profundamente imersiva, capturando a complexidade de um Aaron Hernandez dividido entre a adulação pública e as batalhas mais íntimas. Rivera transmite tanto o carisma magnético que tornou Hernandez uma estrela quanto sua inquietação constante que naturalmente sinalizava para o colapso iminente como ser humano. O elenco de apoio, incluindo Jaylen Barron como a esposa Shayanna Jenkins, Norbert Leo Butz como Bill Belichick e Roland Buck III como Alexander 'Sherrod' Bradley, adiciona camadas muito particulares à narrativa, mostrando os diferentes ângulos de uma história repleta de nuances e que realmente provoca reflexões por nos tirar daquela zona de conforto onde o "bem" e o "mal" estão muito bem definidos.

A série também merece elogios por sua abordagem técnica. A direção de arte recria com uma impressionante precisão os cenários do esporte profissional e os ambientes pessoais de Hernandez, oferecendo um contraste entre os dois mundos que ele habitava. A fotografia de Elie Smolkin e de Greta Zozula é tensa e introspectiva, com planos fechados que enfatizam o isolamento emocional do protagonista e com planos mais amplos em sequências muito bem coreografadas, que refletem a grandiosidade do futebol americano na Universidade e na NFL.

A grande verdade é que essa apresentação de "American Sports Story" deixa a melhor das impressões e gera certa ansiedade para saber quem será o próximo personagem a ser retratado. Sobre Hernandez, fica o gosto amargo de uma história que é ao mesmo tempo fascinante e trágica, e que sabe equilibrar emoção com uma análise mais crítica ao ponto de se colocar como uma das melhores explorações recentes sobre os lados mais sombrios do esporte e da psique humana - eu diria que é um retrato complexo e necessário de um ídolo e dos dilemas que o cercaram!

Vale muito o seu play!

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A primeira temporada da nova série antológica do Disney+, "American Sports Story", é excelente - especialmente se você conhece de futebol americano e sabe quem foi Aaron Hernandez. Dito isso, o que você vai encontrar em 10 episódios é um verdadeiro manifesto de como fazer tudo errado, desde destruir uma carreira promissora até acabar na cadeia acusado de assassinato! E aqui eu deixo uma recomendação extra: independente se antes ou depois de terminar essa série, assista "A Mente do Assassino:Aaron Hernandez" da Netflix. Pois bem, criada por Stuart Zicherman (de "The Americans"), aqui temos um drama dos mais pesados que reconstitui os eventos marcantes da vida do ex-jogador do New England Patriots e fenômeno da NFL, Aaron Hernandez, mergulhando nos aspectos mais sombrios de sua carreira e nos atos que culminaram em sua condenação. Baseada no podcast "Gladiator: Aaron Hernandez and Football Inc"., produzido pelo The Boston Globe em parceria com a Wondery, a série examina a ascensão meteórica de Hernandez no esporte, sua queda dramática e os sistemas que contribuíram para seu trágico destino. Assim como "American Crime Story" a produção da FX oferece um estudo psicológico e social, mas agora com foco no impacto cultural e esportivo de sua história.

"American Sports Story: Aaron Hernandez" é centrada na dualidade da vida de Hernandez (Josh Rivera), de um atleta talentoso e carismático a um homem envolvido em crimes brutais e preso por assassinato. A série não se limita em contar os fatos mais sensacionalistas, mas também em explorar o contexto mais amplo de sua trajetória, incluindo os traumas de infância, sua relação com as drogas, sua homossexualidade, as pressões da masculinidade tóxica no ambiente familiar e esportivo, além dos efeitos devastadores da encefalopatia traumática crônica (CTE), uma condição neurológica associada a repetidos traumas cranianos em esportes de contato. Confira o teaser oficial em inglês:

É de se elogiar a forma como Stuart Zicherman conduz a narrativa com um equilíbrio delicado entre os momentos de glória de Hernandez nos campos de futebol e a escuridão de seus conflitos internos. A série utiliza de uma linha temporal linear para construir uma imagem bastante complexa do protagonista, partindo de um jovem promissor que encantou o mundo do esporte até encontrar o homem atormentado por traumas, segredos e escolhas que o levaram à ruína. Essa estrutura narrativa, embora densa e profunda, permite que o público compreenda os fatores que moldaram a vida de Hernandez, sem cair em simplificações banais ou julgamentos unilaterais. O roteiro não foge de questões delicadas, abordando temas como saúde mental, abuso de substâncias, sexualidade reprimida e os impactos do CTE - sempre contextualizando esses temas dentro da trajetória de Hernandez, especialmente quando explora a cultura do futebol americano que muitas vezes romantiza a agressividade e negligencia a saúde de todos os envolvidos em prol de resultados e dinheiro. 

Josh Rivera surpreende - ele entrega uma atuação profundamente imersiva, capturando a complexidade de um Aaron Hernandez dividido entre a adulação pública e as batalhas mais íntimas. Rivera transmite tanto o carisma magnético que tornou Hernandez uma estrela quanto sua inquietação constante que naturalmente sinalizava para o colapso iminente como ser humano. O elenco de apoio, incluindo Jaylen Barron como a esposa Shayanna Jenkins, Norbert Leo Butz como Bill Belichick e Roland Buck III como Alexander 'Sherrod' Bradley, adiciona camadas muito particulares à narrativa, mostrando os diferentes ângulos de uma história repleta de nuances e que realmente provoca reflexões por nos tirar daquela zona de conforto onde o "bem" e o "mal" estão muito bem definidos.

A série também merece elogios por sua abordagem técnica. A direção de arte recria com uma impressionante precisão os cenários do esporte profissional e os ambientes pessoais de Hernandez, oferecendo um contraste entre os dois mundos que ele habitava. A fotografia de Elie Smolkin e de Greta Zozula é tensa e introspectiva, com planos fechados que enfatizam o isolamento emocional do protagonista e com planos mais amplos em sequências muito bem coreografadas, que refletem a grandiosidade do futebol americano na Universidade e na NFL.

A grande verdade é que essa apresentação de "American Sports Story" deixa a melhor das impressões e gera certa ansiedade para saber quem será o próximo personagem a ser retratado. Sobre Hernandez, fica o gosto amargo de uma história que é ao mesmo tempo fascinante e trágica, e que sabe equilibrar emoção com uma análise mais crítica ao ponto de se colocar como uma das melhores explorações recentes sobre os lados mais sombrios do esporte e da psique humana - eu diria que é um retrato complexo e necessário de um ídolo e dos dilemas que o cercaram!

Vale muito o seu play!

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O.J.: Made in America

Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

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Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

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Procurados - EUA: O.J. Simpson

Se você gostou de "O.J.: Made in America" e da primeira temporada de “American Crime Story”, pode ter certeza que você estará no lugar certo após clicar em "assista agora"! A Netflix retorna ao universo dos crimes reais com um surpreendente "Procurados - EUA: O.J. Simpson", uma segunda temporada da minissérie documental antológica que dessa vez revisita o caso de duplo homicídio de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman, além do subsequente julgamento de O.J. Simpson - um dos eventos mais midiáticos da história dos Estados Unidos. Dirigida por Floyd Russ (também responsável pelo "Procurados - EUA: O Atentado à Maratona de Boston"), a produção busca reexaminar o caso a partir de novas entrevistas e importantes reflexões, lançando um olhar atualizado sobre um crime que, mesmo após 30 anos, continua despertando debates sobre justiça, racismo, violência doméstica e o impacto da mídia na percepção pública. Aqui, a série investiga as camadas do "Julgamento do Século", mas se diferencia ao focar em como a narrativa do caso foi construída e manipulada ao longo das décadas, apontando, inclusive, as falhas em todas as etapas da investigação - e olha, é de embrulhar o estômago!

Dividida em quatro episódios, "Procurados - EUA: O.J. Simpson" se destaca pelo acesso a entrevistas inéditas com figuras centrais do caso. Advogados de acusação e defesa, como Carl E. Douglas e Christopher Darden, relembram a intensidade do tribunal, enquanto os primeiros policiais que chegaram na cena do crime, Tom Lange e Mark Fuhrman, oferecem novas perspectivas sobre a investigação inicial. A irmã de Ron Goldman, Kim, traz um depoimento emocionalmente impactante - um dos momentos mais doloridos da produção, segundo o próprio diretor. Outros entrevistados incluem testemunhas que nunca foram ouvidas no tribunal, o ex-agente de Simpson, Mike Gilbert, além de uma jurada do julgamento, oferecendo um olhar mais profundo sobre as forças que moldaram a decisão final. Confira o trailer (em inglês):

O documentário não apenas revisita os fatos, mas os contextualiza dentro do cenário atual, conectando o caso de O.J. Simpson a movimentos como MeToo e Black Lives Matter - o que de fato nos proporciona uma outra visão sobre alguns detalhes absurdos de toda história, do crime ao veredito. . Russ reforça que, para além da culpa ou inocência do ex-jogador, a história continua relevante porque aborda temas que ainda dominam o discurso público: a relação entre raça e justiça, o poder da mídia na construção de narrativas sensacionalistas e a negligência histórica com vítimas de violência doméstica. O impacto psicológico nos envolvidos também ganha espaço aqui, revelando que quase todos os entrevistados falam sobre "arrependimento". A passagem mais comovente, de fato, é a entrevista com Kim Goldman, que revive, diante das câmeras, sua dor de perder o irmão naquelas condições. O relato é tão intenso que o diretor chegou a comentar em entrevista que os membros da equipe de filmagem não conseguiram conter as lágrimas - um reflexo do quão profundo é o caso para aqueles que viveram de perto.

Narrativamente, a série equilibra imagens de arquivos, algumas bem pesadas (é preciso ressaltar), reconstruções visuais e gráficas bastante explicativas, além dos depoimentos. A montagem merece destaque - adotando um ritmo intenso e com seus cortes rápidos, a narrativa mistura a tensão investigativa com um estudo mais amplo do fenômeno midiático criado ao redor do julgamento. "Procurados - EUA: O.J. Simpson" exige muita atenção, ao ponto de tirar o fôlego. A perseguição policial de O.J. Simpson a bordo da famosa Ford Bronco branca , por exemplo, recebe um foco especial, destacando como aquele momento se tornou um espetáculo de proporções nacionais, consolidando o julgamento como um dos primeiros grandes reality shows jurídicos da era moderna. 

Com bastante inteligência, mas com o propósito claro de dar sua opinião, o documentário também destaca a figura enigmática de O.J. Simpson - um homem atormentado que continuou a manipular sua imagem pública até sua morte, ocorrida enquanto a série estava em fase de finalização. Outro ponto que precisa ser destacado é a decisão de não incluir a promotora Marcia Clark entre os entrevistados - é a presença de seu co-promotor Christopher Darden que ajuda a preencher essa lacuna. Clark, segundo Russ, recusou-se a participar, alegando já ter dito tudo o que precisava sobre o caso. Agora, se há uma crítica a ser feita sobre a obra, é o fato dela pode não trazer novas grandes revelações, no entanto sua abordagem cuidadosa e sua reflexão sobre os desdobramentos culturais do caso justificam seu lugar entre os melhores documentários recentes da Netflix. Mais do que um simples relato do passado, a série funciona como um espelho das tensões raciais, sociais e midiáticas que ainda moldam a sociedade americana e mundial.

"American Manhunt: O.J. Simpson" não bate "O.J.: Made in America", mas mesmo assim vale demais o seu play!

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Se você gostou de "O.J.: Made in America" e da primeira temporada de “American Crime Story”, pode ter certeza que você estará no lugar certo após clicar em "assista agora"! A Netflix retorna ao universo dos crimes reais com um surpreendente "Procurados - EUA: O.J. Simpson", uma segunda temporada da minissérie documental antológica que dessa vez revisita o caso de duplo homicídio de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman, além do subsequente julgamento de O.J. Simpson - um dos eventos mais midiáticos da história dos Estados Unidos. Dirigida por Floyd Russ (também responsável pelo "Procurados - EUA: O Atentado à Maratona de Boston"), a produção busca reexaminar o caso a partir de novas entrevistas e importantes reflexões, lançando um olhar atualizado sobre um crime que, mesmo após 30 anos, continua despertando debates sobre justiça, racismo, violência doméstica e o impacto da mídia na percepção pública. Aqui, a série investiga as camadas do "Julgamento do Século", mas se diferencia ao focar em como a narrativa do caso foi construída e manipulada ao longo das décadas, apontando, inclusive, as falhas em todas as etapas da investigação - e olha, é de embrulhar o estômago!

Dividida em quatro episódios, "Procurados - EUA: O.J. Simpson" se destaca pelo acesso a entrevistas inéditas com figuras centrais do caso. Advogados de acusação e defesa, como Carl E. Douglas e Christopher Darden, relembram a intensidade do tribunal, enquanto os primeiros policiais que chegaram na cena do crime, Tom Lange e Mark Fuhrman, oferecem novas perspectivas sobre a investigação inicial. A irmã de Ron Goldman, Kim, traz um depoimento emocionalmente impactante - um dos momentos mais doloridos da produção, segundo o próprio diretor. Outros entrevistados incluem testemunhas que nunca foram ouvidas no tribunal, o ex-agente de Simpson, Mike Gilbert, além de uma jurada do julgamento, oferecendo um olhar mais profundo sobre as forças que moldaram a decisão final. Confira o trailer (em inglês):

O documentário não apenas revisita os fatos, mas os contextualiza dentro do cenário atual, conectando o caso de O.J. Simpson a movimentos como MeToo e Black Lives Matter - o que de fato nos proporciona uma outra visão sobre alguns detalhes absurdos de toda história, do crime ao veredito. . Russ reforça que, para além da culpa ou inocência do ex-jogador, a história continua relevante porque aborda temas que ainda dominam o discurso público: a relação entre raça e justiça, o poder da mídia na construção de narrativas sensacionalistas e a negligência histórica com vítimas de violência doméstica. O impacto psicológico nos envolvidos também ganha espaço aqui, revelando que quase todos os entrevistados falam sobre "arrependimento". A passagem mais comovente, de fato, é a entrevista com Kim Goldman, que revive, diante das câmeras, sua dor de perder o irmão naquelas condições. O relato é tão intenso que o diretor chegou a comentar em entrevista que os membros da equipe de filmagem não conseguiram conter as lágrimas - um reflexo do quão profundo é o caso para aqueles que viveram de perto.

Narrativamente, a série equilibra imagens de arquivos, algumas bem pesadas (é preciso ressaltar), reconstruções visuais e gráficas bastante explicativas, além dos depoimentos. A montagem merece destaque - adotando um ritmo intenso e com seus cortes rápidos, a narrativa mistura a tensão investigativa com um estudo mais amplo do fenômeno midiático criado ao redor do julgamento. "Procurados - EUA: O.J. Simpson" exige muita atenção, ao ponto de tirar o fôlego. A perseguição policial de O.J. Simpson a bordo da famosa Ford Bronco branca , por exemplo, recebe um foco especial, destacando como aquele momento se tornou um espetáculo de proporções nacionais, consolidando o julgamento como um dos primeiros grandes reality shows jurídicos da era moderna. 

Com bastante inteligência, mas com o propósito claro de dar sua opinião, o documentário também destaca a figura enigmática de O.J. Simpson - um homem atormentado que continuou a manipular sua imagem pública até sua morte, ocorrida enquanto a série estava em fase de finalização. Outro ponto que precisa ser destacado é a decisão de não incluir a promotora Marcia Clark entre os entrevistados - é a presença de seu co-promotor Christopher Darden que ajuda a preencher essa lacuna. Clark, segundo Russ, recusou-se a participar, alegando já ter dito tudo o que precisava sobre o caso. Agora, se há uma crítica a ser feita sobre a obra, é o fato dela pode não trazer novas grandes revelações, no entanto sua abordagem cuidadosa e sua reflexão sobre os desdobramentos culturais do caso justificam seu lugar entre os melhores documentários recentes da Netflix. Mais do que um simples relato do passado, a série funciona como um espelho das tensões raciais, sociais e midiáticas que ainda moldam a sociedade americana e mundial.

"American Manhunt: O.J. Simpson" não bate "O.J.: Made in America", mas mesmo assim vale demais o seu play!

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